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Na noite deste sábado (16), os moradores do entorno da barragem Granjeiro, em Ubajara, no Ceará, foram retiradas de casa em prevenção para o risco de rompimento da represa, alertado pela Defesa Civil no dia 11 de março. Por conta das fortes chuvas na região, uma parede do reservatório cedeu, gerando uma cratera e o risco de rompimento total. O trabalho foi conduzido com a ajuda de agentes voluntários e do Corpo de Bombeiros.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o prefeito da cidade, Rene Vasconcelos, afirmou que o risco de rompimento é mínimo. "Queremos trabalhar com 0% de risco e, para isso acontecer, todos os cidadãos devem obedecer à ordem da Defesa Civil e da Agência Nacional das Águas", ressaltou o prefeito, referindo-se à ordem de evacuação.

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Enquanto uma parcela das famílias se deslocou para a casa de parentes, outros buscaram atendimento no Santuário da Mãe Rainha, no bairro São Sebastião, onde um abrigo provisório foi instalado para amparar a população.

Ainda segundo o prefeito, um novo sangradouro está sendo construído com o objetivo de diminuir a cota do açude Granjeiro, no mínimo, pela metade. Ainda não há previsão para a conclusão da obra. Estima-se que pelo menos duas mil pessoas tenham sido afetadas pelo alerta.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro deferiu nesta quinta-feira (14) liminar para soltar 13 funcionários da Vale e da empresa TUV SUD presos no curso da investigação sobre o rompimento da barragem de Brumadinho. Eles haviam sido presos na quarta-feira (13) depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ao julgar o mérito dos habeas corpus impetrados pela defesa, rejeitou os pedidos. As informações foram divulgadas pelo STJ.

Em 5 de fevereiro, a Sexta Turma do STJ havia determinado a soltura de cinco funcionários sob investigação. Na sequência, outras oito pessoas foram presas e, em 27 de fevereiro, libertadas por decisão do ministro Nefi Cordeiro. Com o julgamento de mérito do TJMG, voltou a valer a ordem de prisão da primeira instância - o que levou a defesa e impetrar dois novos pedidos de habeas corpus no STJ.

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Segundo o ministro Nefi Cordeiro, relator do caso, a decisão que embasou as prisões já foi objeto de análise anterior pelo STJ quando determinou a soltura dos funcionários.

"Não consta no acórdão do tribunal de origem nenhum apontamento que justifique a mudança da compreensão apresentada naquele writ, pois, apesar de o fato em apuração ser gravíssimo, a prisão temporária exige requisitos expressos de cautelaridade, com a indicação da necessidade da prisão para as investigações criminais", explicou o relator.

Riscos concretos

Nefi Cordeiro afirmou que é possível ter havido omissão proposital dos funcionários, em razão de interesses diversos, assumindo o risco do rompimento da Barragem B1 (Mina Córrego do Feijão).

Entretanto, segundo o ministro, a prisão temporária exige a indicação de riscos para a investigação de crimes taxativamente graves, o que não foi verificado no caso analisado. Nefi Cordeiro afirmou que tanto o juízo de primeiro grau quanto o TJMG apontam genericamente a necessidade da prisão.

"Em síntese, prende-se para genericamente investigar, ou colher depoimentos. Nada se aponta, porém, que realizassem os nominados empregados da Vale S. A. para prejudicar a investigação; nada se revela que impedisse investigar, estando os agentes soltos."

De acordo com o ministro, vários empregados já prestaram depoimento no caso, não houve fuga, não há indicação de destruição de provas ou induzimento de testemunhas - "enfim, nada se conhece ou é especificado de concreto risco à investigação".

Para o ministro, o modelo acusatório do processo penal, adotado constitucionalmente, realiza-se não apenas pela presunção de inocência, mas pela regra da liberdade durante o processo.

"É o preço que assume a sociedade democrática de punir, não por vingança, mas por culpa provada; de não prender apenas pela acusação inicial (ou pior, investigação inicial), mas como resposta estatal ante a condenação."

Nefi Cordeiro lembrou que a decisão de soltar novamente os funcionários não impede a fixação de medidas cautelares diversas da prisão, desde que devidamente fundamentadas.

Depois de o Senado instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as causas do rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também autorizou a criação de uma CPI na Casa. A tragédia ocorreu em 25 de janeiro e deixou ao menos 203 mortos e 105 desaparecidos até o momento.

O ato assinado por Maia, que foi lido nesta quinta-feira (14) pelo deputado Julio Cesar Ribeiro (PRB-DF), que presidia a sessão, informa que a presidência da Câmara "dá conhecimento ao plenário" da criação da CPI que tem o objetivo de apurar as causas do rompimento da barragem e "as responsabilidades por esse sinistro e avaliar formas de minorar os riscos da ocorrência de novos acidentes".

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Os líderes dos partidos deverão indicar os membros que irão compor a comissão na Câmara. A CPI será composta de 43 titulares e 43 suplentes. Embora não tenham poder de punir a empresa, as comissões de inquérito são instrumentos de pressão política, podem requisitar documentos, interrogar autoridades e recomendar o indiciamento de pessoas e empresas.

Convocação. No Senado, a CPI foi oficialmente instalada no início da tarde desta quarta-feira, 13. A instalação é um sinal verde para o início das atividades da comissão. Os cargos foram definidos durante a primeira reunião dos integrantes da comissão no Senado.

A primeira medida oficial adotada pela comissão foi solicitar a convocação do ex-presidente da Vale Fábio Scharvtsman e o presidente interino da mineradora, Eduardo Bartolomeo, para prestar esclarecimentos.

Os senadores Rose de Freitas (Pode-ES) e Carlos Viana (PSD-MG) foram escolhidos, por aclamação, presidente e relator da CPI de Brumadinho. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi eleito vice-presidente.

Manifestantes do Movimento Sem Terra (MST) bloquearam a passagem de um trem da Vale, nesta quinta-feira (14), em protesto contra o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) e o um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

O ato ocorreu em Sarzedo, município vizinho de Brumadinho na região metropolitana de Belo Horizonte. O trem da Vale passa diariamente pela cidade transportando minério de ferro extraído do quadrilátero ferrífero de Minas.

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Nesta quinta-feira, o número de mortos na tragédia em Brumadinho subiu para 203, informou a Defesa Civil de Minas Gerais. Outras 105 pessoas ainda estão desaparecidas.

Segundo o MST, cerca de 400 mulheres participaram do ato com objetivo de denunciar "a violência da mineração predatória contra as mulheres; a ameaça ao abastecimento de água à população gerada pelas mineradoras e sua total irresponsabilidade ambiental, além da sonegação da previdência e o não pagamento dos impostos sobre a extração mineral".

O grupo alega que a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), pago pelas mineradoras aos municípios para garantir a exploração, não corresponde ao desenvolvimento da região, tornando-a "dependente" de um "modelo de mineração estritamente vinculado à lógica capitalista".

Durante o ato, a Polícia Militar foi acionada e houve confronto com os manifestantes. De acordo com a corporação, ainda não há registro de feridos na ocorrência.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Vale e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação da companhia.

Um mês depois de ter sido criada, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que tem o objetivo de apurar as causas do rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), será instalada no Senado nesta quarta-feira (13). A tragédia ocorreu em 25 de janeiro e deixou ao menos 200 mortos e 108 desaparecidos até o momento. A instalação é um sinal verde para o início das atividades da comissão.

Nesta quarta-feira, será realizada uma reunião entre os membros que compõem a comissão. Eles irão escolher os senadores que vão presidir e relatar a CPI. São integrantes titulares da comissão os senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG), Selma Arruda (PSL-MT), Rose de Freitas (Pode-ES), Dário Berger (MDB-SC), Márcio Bittar (MDB-AC), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jorge Kajuru (PSB-GO), Telmário Mota (PROS-RR), Wellington Fagundes (PR-MT) e Otto Alencar (PSD-BA).

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Os senadores Roberto Rocha (PSDB-MA), Leila Barros (PSB-DF), Jean Paul Prates (PT-RN) e Carlos Viana (PSD-MG) são suplentes.

A intenção do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), era de criar uma comissão mista, formada por senadores e deputados. A ideia não prosperou. De acordo com ele, não houve entendimento entre Senado e Câmara. Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia também determinou que uma CPI fosse criada. Lá, ela ainda não foi instalada.

Em meio à indefinição, a bancada mineira na Câmara protocolou um pedido de criação de comissão mista para investigar a tragédia. Parlamentares defensores da comissão mista afirmavam que ela daria celeridade às apurações e economizaria recursos das Casas.

Embora não tenham poder de punir a empresa, as comissões de inquérito são instrumentos de pressão política, podem requisitar documentos, interrogar autoridades e recomendar o indiciamento de pessoas e empresas.

A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), Paula Ayres Lima, disse nessa segunda-feira (11) que a força tarefa que investiga o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, ocorrido no fim de janeiro, já tem convicção de que a tragédia poderia ter sido evitada. Em entrevista realizada em Belo Horizonte, na tarde desta segunda-feira, ela afirmou que já há convicção entre os vários órgãos que participam das apurações de que foi um crime doloso, já que havia conhecimento desde 2017 sobre a situação da barragem e nada foi feito.

"Nenhuma providência prática foi tomada. Nem o Plano de Ação Emergencial, que não teria evitado o rompimento, mas teria evitado a catástrofe humana, foi adotado", disse, lembrando que há informações sobre uma tentativa de se resolver o problema, mas que não deu certo e foi abandonada. "Tudo indica que eles teriam que parar a produção e ficou-se sempre buscando uma solução que evitasse parar a operação", completou.

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Segundo a promotora, cerca de 18 pessoas estão sendo investigadas, mas a Força-Tarefa não iniciou ainda a tipificação de todos os crimes associados ao rompimento da estrutura. O presidente afastado da companhia, Fábio Schvartsman, também não foi ouvido ainda.

"Essa investigação é um quebra-cabeça de milhões de peças e todas as peças têm se mostrado importantes. Há um conjunto de provas que está permitindo que a gente já faça algumas conclusões", disse, frisando que a tipificação legal pode levar o grupo a apontar crimes contra a fauna, a flora, além das mortes.

Para a promotora, não se pode atribuir a culpa à empresa. "A Vale é uma pessoa jurídica. O que a gente vê é que os funcionários que lidavam ali no dia a dia, principalmente aqueles que tiveram mandado de busca e apreensão, não fizeram nada", completou. "É mais que omissão isso. É uma omissão muito sabida. Eles tinham consciência que existia um risco", disse.

Procurada, a Vale ainda não se pronunciou sobre o conteúdo da entrevista.

Subiu para 186 o número de mortos pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Há ainda 122 desaparecidos, segundo informação divulgada na tarde desta quinta-feira (28) pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, as buscas pelas vítimas da tragédia seguiram, nessa quinta-feira, com 15 frentes de trabalho.

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Segundo a corporação, por causa do tempo instável e desfavorável para uso de drones, a operação segue intensa com 62 maquinários pesados nas escavações. Ao todo, trabalham no local 124 bombeiros.

O Corpo de Bombeiros informou que a operação em Brumadinho não será prejudicada em função do reforço para as operações de Carnaval, que começam a partir desta sexta-feira (1°) em todo o Estado de Minas Gerais.

A barragem 1 da mina Córrego do Feijão em Brumadinho se rompeu no dia 25 de janeiro. Os rejeitos atingiram a área administrativa, uma pousada e comunidades que moravam perto da mina.

As causas da tragédia ainda não foram esclarecidas. A principal linha de investigação sobre as causas do colapso é o acúmulo anormal de água e a falha no sistema de drenagem da barragem.

Os depoimentos dados por funcionários presos da Vale indicam que diretores da mineradora sabiam de problemas envolvendo a barragem de Brumadinho (MG), que se rompeu há um mês. Na segunda-feira, 25, quatro executivos já haviam solicitado habeas corpus preventivo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até esta terça-feira, 26, a tragédia havia deixado oficialmente 179 mortos e 129 desaparecidos.

O Jornal Nacional, da Rede Globo, relatou na noite desta segunda ter conseguido acesso aos depoimentos dados pelos oito funcionários da Vale detidos há 12 dias em Contagem. São quatro gerentes e quatro integrantes de áreas técnicas diretamente relacionados ao controle da barragem de Brumadinho.

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No depoimento, Felipe Figueiredo Rocha afirmou que os riscos de operação na chamada Barragem 1 foram discutidos em um painel interno com especialistas, do qual participaram os diretores Silmar Silva e Lúcio Cavalli. Essa declaração foi corroborada pelo gerente executivo Alexandre Campanha, que disse ainda acreditar que os relatórios finais - nos quais se apresentavam detalhamentos dos problemas - eram encaminhados para Lúcio Cavalli e demais diretores operacionais.

A mesma citação foi feita por Marilene Christina, outra detida. Ela foi além, dizendo que reportou ao diretor Silva - sobre a barragem B1 - a instalação de um DHP (drenos horizontais profundos, utilizados normalmente para a retirada de água da instalação). Na sequência, declarou ter alertado Cavalli de problemas em DHPs.

Uma das principais hipóteses investigadas pela força-tarefa formada para Brumadinho é que o excesso de água na barragem levou ao rompimento. Segundo o Jornal Nacional, um vídeo, incluído na investigação e gravado próximo da barragem depois da tragédia, mostra que havia uma tubulação de captação de água rompida, lançando água em direção à estrutura que desmoronou. As autoridades também localizaram nascentes acima da barragem e isso pode ter contribuído para a tragédia - esses eventos teriam sido acusados por piezômetros (medidores de volume de água).

STJ

Silva e Cavalli entraram com o pedido de habeas corpus preventivo, ao lado dos também diretores da Vale Peter Poppinga - cuja prisão já havia sido solicitada e negada - e Luciano Siani Pires. Seus advogados alegaram que eles "se encontram todos ameaçados de sofrer patente constrangimento ilegal ao seu direito de locomoção, em razão de ordem de prisão que está na iminência de emanar de autoridade incompetente no curso das investigações sobre o rompimento da barragem I da mina do Córrego do Feijão".

Procurada pela Globo, a Vale declarou que a diretoria está "colaborando com as autoridades para esclarecer as causas do rompimento", ressaltando que a presunção de culpa não pode decorrer apenas do posto que um executivo ocupa na empresa, e, por isso, pediu os habeas corpus para os diretores. Diz ainda que os depoimentos dos funcionários não indicam que a Vale soubesse previamente de um cenário de risco iminente de ruptura da barragem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A contaminação do Rio Paraopeba pela onda de rejeitos de minério de ferro da Vale, causada pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas, há um mês, elevou a concentração de metais pesados a níveis muito acima dos limites fixados pela legislação e do tolerável à saúde. É o que revelam os resultados das análises feitas em expedição da Fundação SOS Mata Atlântica. O relatório será apresentado nesta quarta-feira, 27, na Câmara dos Deputados.

Nos 22 pontos analisados em 305 km do rio, desde o Córrego do Feijão, em Brumadinho, até Felixlândia, no Reservatório de Retiro Baixo, todos apresentaram níveis elevados de ferro, manganês, cobre e cromo. Em altas concentrações, o cobre, por exemplo, pode causar náuseas e vômitos. O manganês está associado a rigidez muscular e tremores nas mãos.

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"São elementos que não fazem mal à saúde em pequenas quantidades, tanto que os vemos em suplementos, mas em altas concentrações podem trazem problemas à saúde humana e dos animais", afirmou a bióloga Marta Marcondes, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP), que fez as análises laboratoriais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No dia em que se completa um mês do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, cobrou por mais informações sobre outras barragens que estejam sob risco iminente de rompimento.

“Hoje muitas famílias vivem atemorizadas pelo risco de rompimento de novas barragens. É preciso que haja informações seguras a respeito disso”, disse a PGR a jornalistas após participar de um seminário sobre Segurança Pública, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

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Em seu discurso na abertura do evento - no qual estavam presentes o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro -, ela também cobrou mais informações. "Muitos temem por suas vidas, aguardam das autoridades a confirmação sobre o risco de rompimento das barragens", disse.

Na semana passada, a Agência Nacional de Mineração (ANM) publicou uma resolução determinando o fechamento de todas as barragens a montante, como a que se rompeu em Brumadinho. Segundo dados da própria agência, das 84 barragens do tipo, 43 são classificadas como de alto dano potencial.

Também na semana passada, foi registrado o risco de rompimento da barragem de Vargem Grande, também da Vale e que está localizada na cidade de Nova Lima (MG), onde sirenes foram acionadas e a rodovia BR-356 chegou a ser interditada.

No último dia 20, 75 moradores de áreas próximas a cinco barragens construídas pelo método a montante nas cidades mineiras de Ouro Preto e Nova Lima foram retirados da região para a desativação de empreendimentos “a montante”, conforme determinado pela ANM.

Segundo o balanço que a Defesa Civil de Minas Gerais divulgou na noite de ontem (24), o número de mortos confirmados na tragédia em Brumadinho chega a 176, enquanto 134 pessoas continuam desaparecidas. Além disso, as águas do rio Paraopeba continuam turvas em razão da contaminação pelos rejeitos da mineradora, que tenta conter o avanço da poluição.

Na série de reportagens "Brumadinho - O que restou depois da lama", o LeiaJá viajou pela cidade de Brumadinho ouvindo relatos de pessoas afetadas pelo rompimento da barragem.

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Letreiro fica na entrada da cidade. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Há um mês, a pacata cidade de Brumadinho se tornava palco da maior tragédia humana da história da mineração no Brasil. Era o horário do almoço para alguns moradores e para outros o momento do descanso, que só seria cessado com os gritos por todos os lados. "A barragem da Vale estourou", diziam aos prantos sem entender o que estaria acontecendo a poucos quilômetros do centro da cidade, na área urbana. O rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, no último dia 25 de janeiro durou alguns minutos e foi suficiente para devastar um município, que aos poucos busca se reinventar.

Depois do choque dos primeiros dias após o que muitos identificam como o maior "crime" da Vale na região, a lama e as perdas deixaram a população desnorteada, sem saber para onde ir. A rotina se transformou e aos 40 mil habitantes, agora se somam, centenas de bombeiros, policiais militares e muitos voluntários vindo de todas as regiões do Brasil. Pela estimativa do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, os trabalhos deverão se estender por três a quatro meses após o rompimento.

Os dados oficiais do poder público contabilizam 179 mortos já identificados e 131 pessoas desaparecidas após a tragédia. Desses, 102 corpos identificados são de funcionários da Vale, enquanto outros 77 pertencem à comunidade e empresas terceirizadas. Quanto aos desaparecidos, 29 são da Vale e outros 102 do outro grupo. O balanço foi divulgado na noite deste domingo (24) pelo tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG).

Pela estimativa do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, os trabalhos deverão se estender por três a quatro meses após o rompimento. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Já são 31 dias depois da tragédia e a força tarefa que investiga o caso ainda não chegou a uma conclusão sobre o que gerou o rompimento da barragem, apesar de já se ter o conhecimento de que alguns funcionários da Vale sabiam dos problemas. Em entrevista à imprensa, o promotor de Justiça de Brumadinho, William Garcia Pinto afirmou que a barragem rompeu com toda a sua fúria num evento que representantes da Vale insistem em afirmar que foi acidente. "Mas o Ministério Público e as polícias de Minas Gerais têm hoje a convicção de que ocorreu a prática de um crime doloso e um crime de homicídio, por meio do qual diversos atores assumiram o risco de produzir centenas de mortes".

Luto, lama e a tentativa de seguir um futuro diferente distante das atividades mineradoras. É sobre o que muitos brumadinhenses têm debatido nas últimas semanas. No último dia 12 de fevereiro, a Câmara Municipal da cidade sediou a primeira reunião oficial dos moradores para debater o futuro da cidade, levando em consideração as inúmeras consequências do tsunami de lama que manchou a história de Minas Gerais.

Falta de informações, tristeza, baixa nas vendas, incerteza sobre o futuro e soluções pensadas pelos próprios moradores colocam em dúvida se a atividade mineradora ainda será bem vinda na região. O encontro foi organizado pelo Movimento Somos Todos Atingidos de Brumadinho, Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB e a Frente Brasil Popular de Brumadinho e contou com a presença de dezenas de participantes.

Passado um mês da tragédia, o que pensam os moradores da cidade sobre o futuro?

Moradores de Brumadinho participam de reunião para pensar sobre o futuro da cidade. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Para a moradora Junia Viana, 53, a dor é grande e vai demorar a passar, mas é preciso que a gestão municipal se preocupe com o psicológico das pessoas que seguirão habitando na região. Ela destaca ainda que cidades atingidas por catástrofes têm alto índice de alcoolismo, por exemplo. "Vamos ter que pensar em dar mais qualidade de vida para a nossa população. Brumadinho necessita de praças, parques e espaços de lazer. Podemos fazer a história diferente e isso seria bom tanto para os turistas, quanto para nós, não custa caro", afirmou.

João Sérgio, 26, também acompanhou o debate e decidiu expor a opinião contra o funcionamento de mineradoras em sua cidade. "Aqui nós crescemos ouvindo que no dia que a Vale fechasse, seria um desastre em Brumadinho. Sabemos que a conta não fecha sem os impostos pagos pela mineração. Mas até quando vamos viver disso?", questionou. Ele alertou que nesse primeiro momento, as câmeras do Brasil todo estão voltadas para a cidade e, por isso, devem cobrar do poder público políticas públicas para minimizar a dependência do extrativismo.

Para o morador, o turismo é apenas um dos caminhos, já que o Instituto Inhotim, referência internacional no mundo das artes, fica localizado na cidade. "Sabemos que o turismo gerado por Inhotim é bom, mas não dá conta da cidade toda. Precisamos de mais empresas investindo aqui, temos cachoeiras e trilhas e porque não utilizamos o turismo ecológico. Não somos organizados e muitas vezes o turista nem sabe dessas outras coisas. É o momento de se reinventar porque mesmo que a barragem não tivesse estourado, em um momento esse minério vai acabar e aí o que vai acontecer?", perguntou.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a principal atividade de Brumadinho é a mineração seguida pela agricultura de pequeno porte. Dos 20,5 mil hectares de lavoura, 17 mil são de produtores individuais, que utilizam da agricultura de subsistência e comercial para alimentar a família. Avimar Barcelos (PV), prefeito da cidade, disse que sem a mineração, a cidade não conseguiria pagar pelos serviços essenciais. Ele estima que 35% da arrecadação da cidade venha dessa atividade.

Raphaela Pereira, integrante do MAB, questionou a interpretação da Vale de quem são os atingidos. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Diante dos números, Raphaela Pereira, integrante do MAB, questionou a forma como a Vale e a Prefeitura da cidade estão interpretando quem são os atingidos. Já que além das mortes, a lama também ceifou o espaço de produção de muitos agricultores, o que também afeta o comércio local. Durante a reunião, representantes da CDL local apontaram uma queda de até 70% nas vendas.

"O que é ser atingido? Como é que eles estão avaliando isso? Não existe essa afirmação de diretamente e indiretamente atingido. Todos nós tivemos um pedaço de nós levados pela lama. Isso abala a vida de todos. Precisamos parar de depender da Vale para tudo. É o momento de pensarmos no fomento de outras formas de renda e união vai ser mais que necessária", apontou a militante.

O Ministério da Saúde anunciou no último dia 18 a liberação de mais R$ 4 milhões para a cidade de Brumadinho e a região. De acordo com o ministro Henrique Mandetta, que assinou os documentos para os repasses na Cidade Administrativa, a pasta vai acompanhar por pelo menos cinco anos as consequências do desastre, com atenção especial para a saúde mental dos moradores.

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Além do dano social e psicológico, o mar de rejeitos de minério também contaminou o Rio Paraopeba, ao longo de 300 quilômetros do curso d'água. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, peixes morreram e mais de 270 hectares de vegetação nativa foram devastados. A entidade estima que o ecossistema na região levará pelo menos 300 anos para se recuperar totalmente.

O vereador do município Professor Caio fez um alerta sobre o futuro do Rio Paraopeba. Ele diz que se chover, a cidade vai alagar e será mais um transtorno para se preocupar, já que o rio está com um contingente de tóxicos alto. Se chover, a lama de rejeitos vai afetar todo o centro da cidade e poluir tudo.

"A Vale precisa acelerar isso. Temos dragas em Brumadinho e eles podem alugar esses equipamentos com facilidade. Essa limpeza deve ser feita em caráter emergencial, é uma empresa irresponsável. Essa tragédia não pode ficar impune, perdemos muito mais do que o aspecto financeiro. Eu pescava nesse rio, muitas pessoas precisavam dele para se alimentar e agora a gente nem sabe se ele está vivo. O aspecto ecológico acabou. Eles dizem que estão dando o máximo, mas a gente sabe que é mentira, mataram o nosso rio", contou.

Antônio Paulorinho afirmou que a Vale acabou com a nascente dos rios na região. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

O aposentado Antônio Paulorinho, 69, morador do Córrego Feijão também criticou a forma como a Vale subtrai os recursos da natureza e não devolve. Na ocasião, ele lamentou que não pode mais produzir seus alimentos porque as nascentes dos rios estão secando. "Trabalhei, economizei, lutei e deixei de comer bem para comprar uma terra para mim. Agora não posso mais produzir porque as minhas águas todas secaram. Estou morrendo aos poucos", contou o morador que também perdeu familiares no rompimento da barragem.

Ele criticou a falta de preocupação da empresa com o futuro dos recursos hídricos já que as hortas e as criações dependem da água. "Eles roubam as nossas águas com esses poços artesianos e não devolvem tudo de boa qualidade, extraem até a última gota. Eu não sou minerador, vou produzir o que? Se minha horta está morrendo e minha casa não chega mais água?".

O governo de Minas Gerais reiterou a proibição do uso da água do Rio Paraopeba, que abastece a região. Não foi informado por quanto tempo valerá a determinação. Em nota, divulgada pelas secretarias de Saúde, Meio Ambiente e Agricultura, o alerta é para evitar o uso em quaisquer circunstâncias. “A orientação de não se utilizar a água bruta do rio, sem tratamento, é válida para qualquer finalidade: humana, animal e atividades agrícolas”.

Para Jarbas da Silva, da Coordenação Nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, o rompimento da barragem da Vale, no dia 25 de janeiro, alertou mais uma vez a sociedade brasileira sobre a necessidade de ter mais informações acerca das Barragens de Rejeitos de Mineração que se encontram ao redor de suas casas e cidades. "Somente neste século, ocorreram oito rompimentos de barragens de rejeitos minerais no estado de Minas Gerais, isso demonstra que existe algum grande problema com o processo de extração mineral.

Governo de Minas Gerais recomenda que população não use mais a água do Rio Paraopeba. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

O ativista ressaltou ainda questionamentos de como está estruturado o setor mineral brasileiro e quais são os motivos dessas tragédias. "Não podemos negar que os rompimentos ocorridos nos últimos anos, que causaram cerca de 400 mortes de trabalhadores, contaminações de pessoas, mortes de rios e destruição da fauna e flora, nos revelou que existem graves limites nos processos de fiscalização e manutenção das barragens de rejeitos no país. Ainda assim, ocultam o verdadeiro problema que necessita ser enfrentado com muita seriedade e responsabilidade: o modelo mineral que mata, mutila, enlouquece, sonega, evade divisas, recebe incentivos de diferentes caráteres, compra parlamentares e possui uma autarquia do Estado para garantir os seus interesses", revelou Jarbas.

Após o desastre, o poder público entrou em alerta. Por conta disso, mais de 1000 pessoas já foram retiradas de casas que ficam abaixo de barragens de risco, em quatro cidades próximas a Belo Horizonte. Assim como em Brumadinho, essas famílias que residem nas cidades de Barão de Cocais, Nova Lima (em dois pontos) e Ouro Preto e Itatiaiuçu, onde há um complexo da ArcelorMittal.

No último dia 18, foi publicada resolução no Diário Oficial da União por recomendação da Agência Nacional de Mineração (ANM). O Ministério de Minas e Energia definiu uma série de medidas de precaução de acidentes nas cerca de mil barragens existentes no país, começando neste ano e prosseguindo até 2021. A medida prevê a extinção ou descaracterização das barragens chamadas "a montante", exatamente como a que se rompeu em Brumadinho, até 15 de agosto de 2021.

Confira mais reportagens clicando nas fotografias abaixo:

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais localizou 176 corpos de vítimas do rompimento da narragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Minas Gerais. Todos os corpos foram indentificados pelo Instituto Médico Legal (IML).

Segundo informações do governo de Minas Gerais, 134 pessoas estão desaparecidas, sendo 31 funcionários da mineradora Vale, além de 103 trabalhadores terceirizados e moradores da região.

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Desde ontem (20), uma equipe do Corpo de Bombeiros está fazendo buscas na área onde funcionava o almoxarifado da Vale. No local foi encontrado um corpo, removido para o IML para identificação.

O almoxarifado foi identificado pelo cruzamento de dados, de localizações georreferenciadas e de indicações do terreno. As buscas na área do almoxarifado se desenvolveram durante esta quinta-feira e continuarão amanhã (22), segundo o Corpo de Bombeiros.

O Corpo de Bombeiros trabalha em sete frentes de buscas na área da barragem que se rompeu no último dia 25 de janeiro. Nesta fase de escavações, o trabalho é mais difícil porque a lama está muito profunda. A corporação mineira atua com apoio de militares de outros estados.

A rodovia BR-356, que dá acesso a Itabirito, Ouro Preto e Mariana, na região central de Minas Gerais, continua interditada durante esta quinta-feira (21).

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, a liberação do trecho - que vai do km 35, altura da Lagoa das Codornas, ao km 50, em Nova Lima - depende de um laudo técnico sobre a situação da barragem Vargem Grande.

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O risco de rompimento da barragem mantida pela mineradora Vale, que fica em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi registrado na tarde de ontem. Quando as sirenes tocaram a rodovia foi interditada e moradores da região retirados de suas casas.

Os motoristas que seguem de Belo Horizonte para as três cidades afetadas estão usando rotas alternativas. Uma delas, segundo agentes rodoviários, é uma estrada de terra.

Com as chuvas que caem na região, motoristas têm enfrentado dificuldades e os veículos mais pesados, como caminhões, estão sendo desviados para outros trechos levando mais tempo para chegar ao destino. Um dos acessos alternativos é a Estrada Real, mais estreita e com pouco acostamento.

Nessa quarta-feira (20), 75 moradores de áreas próximas a cinco barragens construídas pelo método a montante nas cidades de Ouro Preto e Nova Lima foram retirados da região para a desativação de empreendimentos “a montante”, determinada pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

Três bombeiros que trabalham em resgate na área atingida pela barragem da Vale em Brumadinho foram diagnosticados com excesso de alumínio no sangue, conforme comunicado do governo de Minas Gerais na noite de hoje, 19. Um quarto agente teve cobre detectado no exame.

"Considerando a atividade de busca e salvamento vem sendo aplicado o protocolo de monitoramento da saúde em todos os profissionais, por meio da dosagem de metais no sangue e urina. Até o momento foram detectados três exames alterados para o parâmetro alumínio no sangue", diz o texto.

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Segundo o governo, "cabe esclarecer que a alteração nesse parâmetro não significa intoxicação aguda por esse metal e essas pessoas permanecem assintomáticas. E seguindo o protocolo de monitoramento de sua saúde. É esperado que após a interrupção da exposição, os níveis de metal no organismo sejam normalizados".

O excesso de alumínio no organismo, segundo estudos recentes, mostra correlação com doenças com Alzheimer e alguns tipos de câncer. Pode haver ainda alterações crônicas de problemas intestinais e inchaço abdominal. As operações de hoje contaram com 181 bombeiros, de Minas e outros Estados.

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais atualizou neste domingo, 17, para 169 o número de mortos em razão do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho. A corporação já havia informado no domingo que dois corpos tinham sido retirados da lama de rejeitos nos últimos dois dias e que as equipes localizaram fragmentos de cadáveres.

De acordo com boletim da Defesa Civil do Estado, todos os mortos já foram identificados. A tragédia na mina Córrego do Feijão, nos arredores da capital Belo Horizonte, deixou ainda 141 pessoas desaparecidas - entre funcionários da mineradora, terceirizados que prestavam serviços à Vale e membros da comunidade.

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As buscas seguem na cidade desde o rompimento da barragem da Vale, no dia 25 de janeiro. Os rejeitos invadiram áreas da mina Córrego do Feijão, onde a estrutura estava, e das proximidades, deixando um rastro de mortes e destruição.

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais resgatou dois novos corpos nestes sábado, 16, e domingo, 17. As vítimas foram encontradas nas regiões da instalação de tratamento de minério (ITM) e Remanso II. Três segmentos, como são chamados corpos incompletos, também foram localizados neste final de semana.

O número oficial de óbitos da tragédia que atingiu Brumadinho permanece 166. Os Bombeiros aguardam resultados de teste de DNA para atualizar a lista, já que os segmentos encontrados podem pertencer a corpos já identificados previamente.

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Neste domingo, os trabalhos estão voltados para a demolição da estrutura colapsada da instalação de tratamento de minério da barragem. A operação é realizada com ajuda de maquinário pesado e demanda cuidados, já que existem cilindros de acetileno e GLP (gás liquefeito de petróleo) no local. A corporação espera que a ação facilite a localização de corpos até então inacessíveis.

Investigações

Na sexta-feira, 15, oito funcionários da Vale foram presos em Belo Horizonte, Itabira (MG) e Rio, como parte das investigações do rompimento da barragem de Brumadinho (MG). As acusações incluem "conluio" para esconder informações sobre o reservatório.

Além disso, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, um deles na sede da empresa. Uma das linhas de apuração envolve descobrir quem detinha informações sobre a barragem antes do rompimento.

Acordo

A mineradora Vale divulgou comunicado neste sábado, 16, informando que fechou acordo parcial para atendimento emergencial às famílias e de empregados diretos ou terceirizados, vítimas do rompimento da barragem com lixo tóxico de Brumadinho (MG).

No texto, a empresa revela que pagará as despesas de funeral e verbas rescisórias das vítimas fatais. Além disso, manterá os salários dos que ainda estão desaparecidos.

Em uma próxima audiência, que já estaria agendada, embora a data não tenha sido divulgada no comunicado, a Vale irá propor indenizações por danos materiais, morais, além de planos médico, auxílio-creche, auxílio-educação, despesas de funeral, verbas rescisórias, além de atendimento psicológico e uma doação de R$ 100 mil para famílias de trabalhadores que "pereceram no rompimento" e que "não será deduzida de qualquer indenização".

Tragédia

O rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, aconteceu em uma sexta-feira, 25 de janeiro. A onda de rejeitos de minério de ferro atingiu a área administrativa da empresa e a comunidade da Vila Ferteco, deixando, até o momento, 166 mortos e 144 desaparecidos.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, esteve neste sábado (16) em Brumadinho (MG) e anunciou um repasse de R$ 62 milhões do Fundo Geral de Turismo (Fungetur) para o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) com o intuito de fortalecer o turismo no município.

O ministro disse ainda que será feito um memorial para homenagear as vítimas do rompimento da mineradora Vale, que resultou, até o momento, na morte de 166 pessoas. Há 144 desaparecidos, segundo último balanço da Defesa Civil de Minas Gerais.

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"Brumadinho terá no turismo a força que precisa para se reerguer", disse Antônio em publicação no Twitter do ministério. Prestadores de serviços que atuam na região e que estão no Cadastur, cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor, terão acesso ao crédito. A proposta é oferecer condições especiais para empreendedores do local, que terão encargos reduzidos e prazos ampliados de pagamento.

"São empreendimentos como meios de hospedagem, agências de viagem, locadoras de veículos e transportadoras turísticas que poderão impulsionar projetos de infraestrutura e comprar máquinas e equipamentos", informou o ministério. O objetivo também é reduzir a dependência da região do setor de mineração.

Memorial

Ainda durante a visita, o ministro informou que um memorial em homenagem às vítimas da tragédia deve ser erguido no local. "Como mineiro, agradeço e parabenizo pelo trabalho incansável realizado pra tentar levar um pouco de conforto às famílias. Um memorial será construído para que esse sofrimento não volte a se repetir na história do Brasil", afirmou Marcelo Álvaro Antônio, também na rede social.

Ele sobrevoou a região e foi ao Instituto Inhotim, onde participou de uma reunião com o diretor executivo do museu, Antonio Grassi, e o presidente do conselho de administração da instituição, Ricardo Gazel, para discutir medidas para desenvolver o turismo da região.

Oito funcionários da Vale foram presos na manhã desta sexta-feira (15) em Minas Gerais e Rio de Janeiro. As prisões foram em Belo Horizonte, Itabira (MG) e na capital fluminense. Ao todo, são 14 mandados de busca e apreensão, e oito de prisão. O pedido foi do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG).

Entre os presos estão quatro gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas. Segundo o MP de Minas, todos são diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem 1, em Brumadinho, rompida no dia 25 de janeiro. As prisões temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias.

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Um dos presos é Alexandre Campanha, executivo da Vale, que foi detido na região centro-sul de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Ele prestou depoimento em 7 de fevereiro à força-tarefa que investiga o rompimento da barragem 1 na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Campanha foi citado pelo engenheiro Makoto Namba, da Tüv Süd, que disse ter se sentido pressionado pelo executivo a assinar documento atestando a estabilidade da barragem que rompeu. Em depoimento, Campanha negou ter travado o diálogo com o responsável pelo laudo da barragem.

Alexandre Campanha é gerente executivo corporativo da Vale e, segundo depoimento de Namba à Polícia Federal, fez pressão para que assinasse o documento. "A Tüv Süd vai assinar ou não?", teria dito Campanha, segundo Namba.

O engenheiro, então, disse ter respondido que assinaria se a Vale adotasse recomendações que fez em revisão periódica de junho de 2018. Namba afirmou ainda ter assinado o laudo - e que se sentiu sob risco de perder o contrato.

Busca e apreensão

Segundo o Ministério Público, foram ainda alvos de busca e apreensão nesta sexta, em São Paulo e Belo Horizonte, quatro funcionários (um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo técnico) da empresa alemã TÜV SÜD, que prestou serviços para a Vale, referentes à estabilidade da barragem rompida. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão na sede da empresa no Rio de Janeiro.

A operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado de Minas Gerais e, ainda, com atuação dos Ministérios Públicos dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Todos os presos serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica.

Veja a lista dos presos:

Joaquim Pedro de Toledo

Renzo Albieri Guimarães Carvalho

Cristina Heloíza da Silva Malheiros

Artur Bastos Ribeiro

Alexandre de Paula Campanha

Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo

Hélio Márcio Lopes da Cerqueira

Felipe Figueiredo Rocha

Em uma cidade em que a principal atividade econômica é a mineração, não é de se estranhar que entre os planos de muitos jovens de Brumadinho estivesse o de conseguir um trabalho na Vale. Mas o desastre do rompimento da barragem local no dia 25, apenas três anos após a tragédia de Mariana, abala as certezas.

A lista de mortos da tragédia que eram alunos da Faculdade ASA simboliza bem a situação. Dois rapazes já funcionários da Vale tinham se matriculado no curso de Engenharia da Produção no dia anterior ao rompimento da barragem. Outros dois do mesmo curso e um da Engenharia Civil estão entre as vítimas. Também morreu a estudante de Enfermagem Letícia Mara Anizio de Almeida, de 28 anos, que tinha conseguido poucos meses antes um trabalho na mineradora. Amigos contam que a Vale era o sonho dela. Letícia deixou marido e um bebê de pouco mais de 1 ano.

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A instituição também formou, nos últimos anos, pelo menos dez turmas de técnicos. O professor Sandro Mauricio Lopes, de Mecânica e Mineração, contou pelo menos 21 ex-alunos entre as vítimas. "Parei de contar. Certamente tem mais. Cheguei a ter uma turma da Mecânica em que 90% dos alunos eram funcionários da Vale. Todos os que passam por aqui têm esse sonho", diz, emocionado.

Ele conta que quando houve o acidente em Mariana, os estudantes até se sentiram atingidos, mas não preocupados. "Aqui se achava que não havia risco. Agora vai tudo mudar." Relatos como esse são ouvidos em toda a cidade.

Jefson Pereira Soares, de 19 anos, que trabalha em uma fazenda de produção orgânica, há tempos tentava uma vaga na empresa. Tinha acabado de conseguir uma posição em uma empreiteira. Começaria em março. Apesar de ser categórico em dizer "agora, jamais", admite que o futuro é incerto. "Acho que, depois que a poeira baixar, e muita gente estiver desempregada, as pessoas vão voltar."

Opções

Soares trabalha em uma fazenda, de Marcia Cambraia Godoy, que tem uma das mais antigas lojas de orgânicos de Belo Horizonte, a João Caipira. Diante do desastre, ela agora espera poder ajudar na reconstrução da cidade com uma nova perspectiva. Diz esperar que a agricultura possa surgir como um "tratamento" para as feridas da mineração.

Outra atividade que espera conseguir se apresentar como alternativa econômica forte para a região é o turismo. O atrativo principal para isso já existe e já movimenta esse lado da cidade: o Instituto Inhotim, que reabriu as portas no sábado. "Hoje, praticamente todo jovem busca seu primeiro emprego aqui", afirmou na reabertura o diretor do Jardim Botânico, Lucas Sigefredo.

A condutora-guia Eduarda Ribeiro, de 20 anos, é uma dessas jovens. Mas tão logo foi aprovada em Ciências Contábeis, no início do ano, admite que pensou em "conseguir estágio na Vale". Vários de seus amigos, diz, tinham como meta trabalhar lá - e alguns morreram, assim como quatro primos. "Apesar de tudo, é um emprego que todo mundo queria." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Vale informou que deu início nesta segunda-feira, 11, ao processo de registro para doação a moradores, produtores rurais e comerciantes atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). A doação é um tipo de apoio financeiro com fins humanitários e não se trata de indenização, como explica a Vale em nota à imprensa.

Podem receber o valor de R$ 50 mil os moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) numa extensão de até 10 km, definida no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

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A doação é única por imóvel. O valor para produtor rural é de R$ 15 mil por núcleo familiar e mesmo valor para comerciante com estabelecimento comercial na área ou pequena atividade industrial.

A Vale informa que o valor da doação poderá ser cumulativo, caso uma mesma pessoa se enquadre em mais de uma categoria (residência, atividade produtiva rural ou estabelecimento comercial).

O atendimento é feito na Estação do Conhecimento, de segunda a sexta-feira, das 9 horas às 18 horas.

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