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A Fundação dos Economiários Federais (Funcef), um dos maiores fundos de pensão do País, requereu ao juiz federal Sérgio Moro uma reparação pelos 'danos sofridos' pela Sete Brasil. O Ministério Público Federal, do Paraná, se manifestou, em 2 de outubro, contra o pagamento de ressarcimento ao fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal.

A Sete Brasil foi criada em 2010. A empresa, intermediadora da contratação de estaleiros com a Petrobras, é controlada pela estatal (5%) e pelo Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Sondas (95%). A Funcef faz parte do FIP Sondas.

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Em 31 de julho, o fundo de pensão enviou um requerimento a Moro, alegando que 'os prejuízos causados pelo esquema instaurado por agentes e prepostos da Petrobras foram suportados por estes investidores'.

"A Funcef, assim como os demais investidores que aportaram recursos no chamado "Projeto Sondas", não tinha conhecimento na intenção de prepostas da Petrobras de replicar na Sete Brasil o mesmo esquema de corrupção que já contaminava as atividades da Petrobras. A Funcef aportou o correspondente 19,2% das cotas do FIP Sondas, que controlava, com 95% das ações, a Sete Brasil", informa o parecer.

Na manifestação, o fundo de pensão cita a sentença do juiz Moro de fevereiro deste ano. O magistrado condenou os marqueteiros João Santana e Monica Moura pelos crimes de lavagem de dinheiro.

A denúncia do Ministério Público Federal apontou que o uso da Sete Brasil permitiu a extensão do sistema de corrupção já implementado na Petrobras.

As investigações apontaram contratos firmados entre empresas do Grupo Keppel Fels, representada pelo operador de propinas Zwi Skornicki, e a estatal petrolífera, com pagamentos indevidos nas plataformas P-51, P-52, P-56 e P-58 e contratação de estaleiros. Segundo a Lava Jato, houve lavagem de ativos por meio de transferências de Zwi para Mônica Moura e João Santana, a partir de contas no exterior em nome de offshores não declaradas.

A Moro, a Funcef narrou que o magistrado determinou o valor mínimo de indenização em cerca de US$ 185 milhões. A quantia 'equivalente a 0,9% do valor de contratos da Sete Brasil e Petrobras pago com propina pelo Estaleiro Brasfels a prepostos da Petrobras'.

"A revelação do amplo esquema de corrupção instituído na Sete Brasil por prepostos da Petrobras resultou na ruína do Projeto Sondas e na redução do valor econômico da Sete Brasil a zero (ou mesmo a valor negativo), causando um prejuízo bilionário à Funcef, a seus participantes e assistidos", afirma o fundo de pensão.

"É inevitável a conclusão de que a Sete Brasil foi mecanismo jurídico concebido pela Petrobras, por meio de seus prepostos, para operacionalizar o esquema de desvio de recursos investidos por partes privadas, incluindo a Funcef."

No requerimento, o fundo relata que está movendo uma ação privada de ressarcimento contra a Petrobras.

"A Funcef requer que este juízo determine o valor mínimo para reparação dos danos sofridos pela Funcef em decorrência do crime, sem prejuízo da ação privada de ressarcimento por meio de procedimento arbitral instaurado pela Funcef em face da Petrobras."

O Ministério Público Federal alega que a ação penal já foi julgada.

"Considerando que a ação penal se encontra em fase de recurso, ainda que esse MM. Juízo tivesse reconhecido a possibilidade de fixar a reparação mínima para os danos, tem-se que a pretensão da Funcef foi tardiamente deduzida, não podendo ser examinada na fase de recurso, sob pena de supressão da instância", afirma a força-tarefa.

"Requer o Ministério Público Federal seja desacolhido o pedido veiculado pela Funcef, sem prejuízo de que tal tema seja tratado em ação própria."

Presidente da Sete Brasil e ex-presidente da OSX, empresa de Eike Batista, o executivo Luiz Eduardo Carneiro chegou às 9h30 desta quinta feira (22) à Superintendência da Polícia Federal no Rio, na zona portuária. Após condução coercitiva, o executivo chegou acompanhado por quatro policiais, que carregavam malotes. Carneiro carregava uma mochila.

Carneiro foi um dos alvos da 34ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Arquivo X, que investiga fatos relacionados à contratação, pela Petrobras, de empresas para a construção de duas plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal.

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As equipes policiais cumprem 49 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão temporária e oito mandados de condução coercitiva. Aproximadamente 180 policiais federais e 30 auditores fiscais estão cumprindo as determinações judiciais em cidades nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.

O presidente da empresa de operação de sondas Sete Brasil, Luiz Eduardo Carneiro, recebeu pela manhã agentes da Polícia Federal e, segundo sua assessoria de imprensa, colaborou na entrega de documentos para a Operação Greenfield, que investiga desvios de recursos de fundos de pensão de estatais. Na sede da Sete Brasil, na zona sul do Rio de Janeiro, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão. Não houve condução coercitiva ou prisão temporária, informou a empresa.

A Sete Brasil é controlada pelo Fundo de Investimento em Participações (FIP) Sondas, dono de 95% do negócio. Entre os sócios do fundo estão as principais fundações de estatais - Petros, da Petrobras; Funcef, da Caixa Econômica; e Previ, do Banco do Brasil. Além desses, participa o Valia, da mineradora Vale.

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A empresa foi criada para construir sondas que seriam usadas no pré-sal pela Petrobras. Em crise financeira, porém, a estatal suspendeu as contratações. Agora, com uma dívida bilionária, a Sete Brasil tenta chegar a um acordo com credores e com a Petrobras para reduzir o rombo dos investidores, que colocaram bilhões no projeto. Considerada um negócio de risco, a Sete Brasil foi incluída na lista de investimentos temerários nos quais os fundos estatais se envolveram nos últimos anos, alvo de investigação da Polícia Federal.

O ex-presidente da Sete Brasil e também delator na Lava Jato João Medeiros Ferraz afirmou em seu primeiro depoimento ao juiz federal Sérgio Moro nesta terça-feira, 19, que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ambos presos e condenados pela Lava Jato, pediram em um jantar em São Paulo para ele aumentar a porcentagem de propina nos contratos da empresa - incluindo também os sócios da Sete Brasil responsáveis por operar as sondas do pré-sal.

A Lava Jato aponta que o esquema de corrupção na Petrobras teria se reproduzido na Sete, empresa de capital misto criada em 2010 para a instalação de sondas de exploração do pré-sal, com os estaleiros contratados por ela para construir as sondas.

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Ao juiz Sérgio Moro, Ferraz não apenas confirmou o esquema, que rendia propinas de 0,9% nos contratos para a produção das estruturas de exploração, como também revelou que o "apetite" de Vaccari e Duque pela propina era ainda maior.

"Bem depois que cheguei na Sete, em um dado momento o Pedro Barusco (que também era diretor da Sete Brasil) falou que o João Vaccari queria me conhecer. Ai ele organizou um jantar em São Paulo", conta o ex-executivo. No encontro estavam presentes ele, Barusco, Duque e Vaccari e, segundo relatou, em determinado momento houve a cobrança 'extra'.

"Em um dado momento eles falaram sobre a comissão dos estaleiros e que tinham desejo de aumentar ainda mais essas comissões, de que não só que os estaleiros contratados pagassem, mas também os operadores de sonda", relatou.

"Ai eu falei, 'de jeito nenhum’', isso não vai acontecer, não aceito esse tipo de situação. Já foi muito difícil celebrar esses acordos com esse tipo de empresa (os operadores de sondas sócios da Sete). Então foi ali (no jantar) que conheci o João Vaccari", seguiu Ferraz em seu depoimento.

Apesar de sua rejeição à proposta, Ferraz admitiu ao juiz Sérgio Moro que não sabe dizer se esta estrutura de cobrança de propinas foi implementada ou não. "Pode ter sido (implementada) sem o meu conhecimento".

Com uma trajetória técnica na Petrobras, Ferraz assumiu a presidência da Sete - que foi idealizada por ele e Barusco - em maio de 2011 a convite do diretor de Finanças da Petrobras Almir Barbassa e do gerente-executivo da área Pedro Bonésio. Ele conta que só tomou conhecimento do esquema de corrupção na empresa ao entrar em contato com Barusco na Sete, segundo ele o responsável por "espelhar" na Sete Brasil o esquema de corrupção que ocorria na Petrobras.

Ferraz confirmou que os estaleiros responsáveis por produzir as sondas pagaram propinas para ele, Renato Duque, Pedro Barusco e João Vaccari na proporção apontada na denúncia do Ministério Público Federal. Segundo a Lava Jato, teria havido o pagamento de propinas de 0,9% nos valores dos contratos da Sete com a Keppel Fels (responsável pelo estaleiro BrasFels) para a produção de quatro sondas de exploração de pré-sal.

O valor destas propinas seria de R$ 185 milhões, dividida um terço para os funcionários da Petrobras (Duque) e da Sete (o então presidente João Ferraz, Pedro Barusco que também era diretor de operações da empresa e Eduardo Musa que além de gerente na Petrobras era diretor de participações da Sete) e dois terços para o PT (via João Vaccari). Além disso, aponta o MPF, uma parcela dos pagamentos ao partido teria sido destinada ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura no exterior por meio do operador Zwi Skornicki.

Foi nesta ação penal da Lava Jato que João Ferraz depôs nesta terça-feira. Ao todo, a Sete Brasil chegou a firmar contratos com cinco estaleiros para a produção de 29 sondas. Além disso, a empresa fez sociedade com seis grandes companhias que iriam atuar como operadoras das sondas.

A força-tarefa da Operação Lava Jato acredita que a Sete Brasil foi criada para majorar preços e fraudar as licitações do bilionário mercado de navios e plataformas, criado a partir da descoberta do pré-sal, em 2007. "Temos fortes indicativos que as empresas que compunham a Sete Brasil atuavam em cartel", afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato. Ele concede entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, quando foram denunciados 17 alvos, entre eles o marqueteiro do PT João Santana e a mulher dele, Monica Moura, que está fazendo delação premiada.

Parte dos recursos que teriam pago as campanhas lideradas por Santana para o PT, sustenta a denúncia, saíram da propina de contratação do estaleiro Keppel Fels pela Sete Brasil, para fornecimento de plataformas à Petrobras. O intermediador desses valores seria o operador de propinas Zwi Skornicki, também denunciado pelo MPF, que atuava como lobista do estaleiro no Brasil.

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A Procuradoria denuncia pela primeira vez um dos pacotes de contratos da Sete Brasil, criada em 2010 para fornecimento de navios-sondas e plataformas para a Petrobrás. "É uma licitação de cartas marcadas, para a Sete Brasil", afirmou Dallagnol, ao apontar que o contrato de fornecimento para a estatal petrolífera foi fraudado.

O crime, no entanto, ainda não é parte da acusação criminal desta quinta-feira. Desta vez está sendo imputada a lavagem de dinheiro da corrupção na Petrobras envolvendo o PT, por meio do marqueteiro João Santana. Preso desde fevereiro, em Curitiba, João Santana foi o marqueteiro da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006).

Conta secreta do marqueteiro e sua mulher, Mônica Moura, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance, recebeu US$ 4,5 milhões do operador de propinas do estaleiro Keppel Fels.

O procurador Dallagnol explicou que a fraude na licitação para contratação da Sete Brasil e o cartel das empreiteiras e estaleiros no esquema ainda será alvo de outras acusações. Ao todo, seis estaleiros foram contratados para fornecimento de 28 navios-sondas no total de US$ 23 bilhões. "Para cada contrato era paga propina de 1%", disse. A Sete Brasil é uma empresa que atua como intermediária entre a Petrobras e os estaleiros contratados para desenvolver as embarcações e fornecê-las à estatal.

Um e-mail entre executivos indica, segundo o procurador, que "antes de se saber formalmente quem ganharia a licitação, já se sabia que a Sete Brasil venceria e que estava negociando com os estaleiros contratados".

A Sete Brasil, empresa de capital nacional criada para construir e afretar sondas e plataformas para exploração de petróleo em alto-mar, inicia o ano com o desafio de convencer a diretoria da Petrobras da sua capacidade financeira e técnica para fechar os contratos de 15 sondas destinadas ao pré-sal. O problema é que, segundo uma fonte da estatal envolvida nas negociações, a Sete Brasil tem hoje a garantia de contratação de apenas seis embarcações.

A empresa nasceu com a missão de construir 28 embarcações para a Petrobras, sua única cliente e sócia minoritária, mas foi atingida tanto pela crise da estatal quanto por denúncias de corrupção, após ter o nome envolvido nas investigações da Operação Lava Jato.

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Além de frustrar o plano do governo de usar a empresa como âncora da indústria naval brasileira, o que levou à quebradeira de estaleiros e demissões, a derrocada da Sete Brasil poderá provocar ainda um rombo nas contas de seus sócios - bancos e fundos de pensão de estatais, uma mistura de dinheiro público e privado. Juntos, eles já aplicaram R$ 8,3 bilhões no projeto. E a empresa ainda deve US$ 3,6 bilhões ao Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander. Desses, apenas o Itaú e o BB não são sócios.

Orçamento

Com limitações de caixa, a Petrobras cortou de 28 para 15 o número de sondas que vai afretar. Dessas, garante a contratação só das unidades que estão em construção. Nove plataformas, que ainda estão em fase de projeto, poderão ser adquiridas no mercado internacional, mesmo que, com isso, a Petrobras transgrida a regra de conteúdo local, que obriga a aquisição de um porcentual mínimo de bens e serviços no Brasil.

Por causa da Lava Jato, a Sete Brasil enfrenta uma crise de credibilidade. Alguns dos estaleiros com os quais se associou são controlados por empreiteiras também investigadas pela Polícia Federal.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja promessa de financiar a construção das sondas era um dos pilares do projeto, já não cogita liberar o dinheiro para os projetos. E as taxas de aluguel cobradas pela Sete Brasil ainda são superiores às do mercado internacional.

A diferença, para mais, entre os preços externos e internos sempre existiu. Esse não chegava a ser um impeditivo à contratação da fornecedora. Com a crise na indústria petroleira mundial, porém, a diferença entre as taxas de afretamento se ampliou. E, do lado da Petrobras, já não há a mesma disponibilidade em atuar como âncora da indústria nacional, até por causa do caixa apertado e das dívidas.

A Petrobras avalia que é possível economizar recorrendo ao mercado externo. "É uma conta a se fazer", disse um executivo da estatal ao Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado.

A prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, em novembro, dificultou ainda mais as negociações, afirmou o executivo. O BTG é o principal sócio privado da Sete Brasil - em junho de 2014, o banqueiro reconheceu que o investimento foi um "fiasco". Além disso, "a Petrobras não tem pressa" em fechar os contratos de afretamento das sondas com a Sete Brasil.

Condições

Após longo período de conversas, em novembro, a estatal resolveu condicionar a continuidade das negociações à apresentação de um plano de reestruturação pela Sete Brasil. Os valores dos contratos também voltaram a ser discutidos.

Entre os executivos da Sete Brasil, a percepção é que o acordo não vai sair. Fonte da empresa fornecedora afirma que "a cada avanço apresentado pela Sete Brasil, a estatal responde com duas novas exigências".

Segundo a fonte, um grupo de executivos da Petrobras resistente à Sete Brasil acredita que a fornecedora foi criada para o desvio de dinheiro público.

Oficialmente, nenhuma das empresas se posiciona. A Sete Brasil disse que "desconhece" informação sobre o plano de reestruturação ou que a estatal exija, por exemplo, a redução de tarifa. A Petrobras não respondeu aos questionamentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A indefinição sobre o futuro da Sete Brasil, responsável pela construção de sondas de perfuração para a Petrobras, provoca uma nova onda de demissões na indústria naval com o desligamento de dois mil funcionários até dezembro no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. É o segundo a reduzir a operação à espera de pagamentos da empresa, que há mais de um ano parou de repassar verbas para a construção de sondas já em andamento. A decisão do estaleiro agrava a desconfiança quanto à salvação da empresa, já afetada pela prisão, na quarta-feira, 25, do banqueiro André Esteves, ex-presidente do BTG Pactual e principal articulador de um acordo entre os credores de US$ 3,6 bilhões em dívidas da Sete Brasil.

As demissões foram anunciadas pelo estaleiro ao Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis na quarta-feira. Cerca de 230 funcionários já foram demitidos e os demais serão desligados até a primeira quinzena de dezembro. As demissões reduzem em um terço a capacidade de trabalho do estaleiro, contratado pela Sete Brasil para construir seis sondas para a Petrobras - duas em fase intermediária e uma com 90% de avanço físico, que teve as obras suspensas.

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Segundo o presidente do sindicato, Manoel Sales, a direção do estaleiro sinalizou que a folha de funcionários estava "insustentável" após um ano sem aportes da Sete Brasil. A empresa teria indicado ao estaleiro que não há previsão para regularizar os pagamentos. "As demissões vão ter efeito na cidade, no comércio. Angra 3 (usina nuclear) já mandou embora mais de 1,5 mil trabalhadores. É muita demissão ao mesmo tempo", disse o sindicalista.

No início do ano, o estaleiro Enseada, da Odebrecht, na Bahia, também fechou as operações e demitiu mais de seis mil trabalhadores também por conta do calote da Sete Brasil. O estaleiro desistiu do contrato com a empresa, que depende de uma reestruturação em discussão na Petrobras desde janeiro. A crise na estatal, a retração dos investimentos no setor de óleo e gás e os efeitos da operação Lava Jato sobre empreiteiras já provocou a demissão de 20 mil pessoas na indústria naval somente em 2015.

A Sete Brasil e seus ex-diretores também são citados no esquema de formação de cartel e desvio de recursos para pagamento de propinas, o que desencadeou a grave crise na empresa, que também já demitiu cerca de 25% de seu quadro de funcionários e só tem caixa para operar até o primeiro trimestre do próximo ano mesmo sem realizar os pagamentos aos estaleiros. Em nota, a empresa informou que "depende da aprovação do plano de reestruturação para regularizar o cronograma de pagamentos", e disse que não comentaria as demissões.

Apesar dos atrasos, os estaleiros tinham acordado manter as operações na espera de um acordo com a Petrobras. Investidores também tinham concordado em adiar dívidas vencidas em outubro, após uma articulação liderada pelo BTG Pactual, um dos principais sócios na Sete Brasil. Com a decisão do Brasfels e a prisão de André Esteves, há apreensão quanto à manutenção do acordo e mesmo a salvação da empresa. Petrobras e o fundo de pensão Petros já registraram perdas com o investimento na companhia, e outros sócios também sinalizaram que vão rever o valor do ativo.

O entrave para a empresa é a reestruturação de seu contrato com a Petrobras. Inicialmente, o contrato previa a construção de 28 sondas, com diferentes empresas operadoras. Agora, está em negociação a construção de apenas 18 ou até menos, com apenas três grupos operadores, entre eles a própria Sete Brasil. A medida visaria recuperar a receita perdida com a redução do número de sondas. O acordo também prevê que dois novos sócios façam aportes de R$ 2 bilhões no projeto, e um deles assumirá a construção e a propriedade de quatro sondas.

Apesar de o esboço do acordo ter passado por um pente fino pela área jurídica da estatal, ainda há resistências. Executivos da área técnica avaliam que a contratação da Sete é inviável diante do avanço da Operação Lava Jato. Já entre executivos ligados ao governo, entretanto, a percepção é que abandonar o projeto ampliaria o desgaste político. A expectativa entre os investidores era que o conselho de administração da Petrobras analisasse o novo modelo proposto para a Sete Brasil em reunião que ocorre nesta sexta-feira, 27, mas o tema não está previsto na pauta.

Dois ex-executivos da Sete Brasil - empresa criada pela Petrobras para fornecimento de navios-sonda - concordaram em devolver aos cofres públicos R$ 7,5 milhões e repatriar US$ 5,1 milhões ocultos em contas secretas fora do País, em seus acordos de delação premiada fechados com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Ferraz foi presidente da Sete Brasil, empresa criada em 2011 pela Petrobras em parceria com a fundos de pensão da Petros, Previ e Funcef e os bancos Santander, Bradesco e o BTG Pactual para fornecimento de 28 navios-sonda para exploração de petróleo em alto mar nos campos do pré-sal. Contrato de US$ 22 bilhões.

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Musa era ex-gerente-geral da Diretoria de Internacional da Petrobras e foi diretor de Operações da Sete Brasil. Ferraz se comprometeu R$ 3 milhões e repatriar US$ 1,9 milhão mantidos em contas secretas. Musa admitiu devolver R$ 4,5 milhões e repatriar US$ 3,2 milhões ao Brasil.

"O perdimento do produtor do crime com a devolução integral dos valores mantidos no exterior, recebidos a título de pagamento de vantagem indevida, sendo no mínimo (de acordo com o relato do próprio colaborar) de USD 3,2 milhões", diz o contrato de delação de Musa.

O valor de R$ 4,5 milhões diz respeito a multa civil compensatória, que pode ser usada para ressarcimento mínimo das empresas lesadas. Os valores devem ser pagos em três parcelas. "1ª parcela de R$ 1,5 milhão em até 30 dias da homologação do acordo; 2ª parcela de R$ 1,5 milhão até seis meses após a homologação do acordo; 3ª parcela de R$ 1,5 milhão a ser paga até 12 meses após a homologação."

Contrato bilionário

O acordo com os dois ex-executivos e ex-funcionários da Petrobras foi assinado no dia 7 de agosto, com os procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba. Além de revelar o envolvimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na contratação de navio-sonda pela Diretoria Internacional, as delações dos dois ex-executivos aprofundam os dados sobre o esquema de corrupção no setor do pré-sal.

O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco, que atuou diretamente na criação e na gestão da Sete Brasil, foi o primeiro a confessar propina nos contratos bilionários da empresa - subcontratada da estatal.

Barusco disse em depoimento a propina paga foi de 1% do valor dos contratos, dos quais dois terços seriam destinados para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, dentro da cota do partido, e um terço para ele mesmo e para Ferraz e Musa.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão ouve, na próxima quinta-feira (17), o ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz. A empresa de sondas de perfuração enfrenta uma crise após ter sido envolvida na operação Lava Jato, que identificou dois ex-diretores como beneficiários de propina. Fundos de pensão que investiram na empresa tiveram prejuízos. O presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-PB), quer esclarecimentos de Ferraz sobre o período dessas operações.

"Foi o presidente que, na época, fez a gestão junto aos fundos de pensão para poder obter recursos de cerca de R$ 3 bilhões da Funcef, da Petros e da Previ. Vamos saber como o senhor João Carlos Ferraz teve esse poder de convencimento junto aos fundos de pensão”, destacou Efraim Filho.

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Representantes de aposentados e pensionistas da Petrobras, dos Correios, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal denunciaram à CPI a existência de influência política nas decisões tomadas pelos conselhos de gestão dos fundos de previdência complementar de funcionários dessas estatais.

Nesta terça-feira (15), às 14h30, a CPI ouvirá também Milton Pascowitch, que foi preso pela Lava Jato sob a acusação de intermediar pagamento de propina de empresas contratadas pela Petrobras, como a Engevix, para diretores da estatal. O deputado Efraim Filho quer saber se há ligação entre Pascowitch e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e se Dirceu influenciou decisões de investimentos dos fundos. 

No limite do prazo para concluir seu processo de reestruturação, a Sete Brasil obteve acordo com a Petrobras em um dos pontos mais sensíveis para a viabilidade da construção de sondas de perfuração. A estatal concordou em habilitar a própria Sete como operadora das sondas, além de outras seis empresas. Agora, as duas empresas discutem qual a quantidade de sondas que terá a operação sob responsabilidade da Sete Brasil.

Criada em 2010 com o propósito de gerenciar os contratos de construção e operação das sondas, a Sete busca gerar receita também com a prestação do serviço de operação, de modo a garantir a viabilidade do negócio e o retorno aos acionistas. A Sete Brasil quer operar sete embarcações, mas a Petrobras quer limitar a operação a no máximo cinco sondas.

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Originalmente, as sondas seriam operadas por empresas com experiência técnica na área, que integrariam o capital da Sete Brasil na condição de sócias operadoras. Entre elas estavam a Odebrecht Óleo e Gás e a Queiroz Galvão Óleo e Gás, que ficaram de fora do novo modelo por estarem bloqueadas de novas contratações pela Petrobras, em consequência da Operação Lava Jato.

Entre as empresas habilitadas pela estatal para a operação das sondas estão as nacionais Petroserv e Etesco, que figuravam como sócias da Sete Brasil na formatação original do projeto, em 2010, mas sinalizaram intenção de deixar o negócio no início da crise, em outubro.

Também foi aprovada a participação das empresas americanas Transocean e Diamond Offshore. Completam a lista as norueguesas Odfjell e Seadrill. Esta última, negocia se tornar sócia da Sete, com aporte de US$ 1,2 bilhões.

Atualmente, a Sete Brasil corre para aprovar mudanças na estrutura de financiamento, com dívidas superiores a US$ 3,8 bilhões com estaleiros e bancos, que ameaçam ir à justiça.

A Sete Brasil enfrenta uma crise desde 2014, quando foi citada nas investigações de corrupção em contratos da estatal. Dois ex-diretores foram citados entre os beneficiários das propinas. As denúncias restringiram o crédito da empresa, que culminou na dívida com estaleiros e bancos estimada em US$ 4 bilhões. A Sete Brasil está inadimplente com os estaleiros desde março, e parte das obras já foi suspensa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a contratação de plataformas para exploração do pré-sal pela Petrobras, está pedindo na Justiça que ex-executivos da empresa devolvam as propinas que teriam recebido dos estaleiros contratados para a construção de 28 sondas. A acusação foi feita por Pedro Barusco, em acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato.

O próprio Barusco, que foi diretor da Sete Brasil, Eduardo Musa, também ex-diretor, e João Carlos Ferraz, ex-presidente da empresa, teriam participado do esquema que envolveu um total de US$ 224 milhões. A empresa pede ainda que os três devolvam mais de R$ 30 milhões que receberam em bônus pelas suas atividades na companhia.

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Os processos judiciais contra os três ex-executivos correm na Justiça do Rio e a empresa diz que não vai comentar o assunto porque está em "segredo de Justiça". O pedido de segredo foi feito em função dos contratos de bônus assinados com os ex-executivos e que previam cláusulas confidenciais.

De acordo com os processos, Ferraz, Barusco e Musa receberam quatro tipos de bônus da Sete. Segundo alguns acionistas ouvidos pelo Estado, o mais polêmico deles foi o bônus de sucesso, que era o mais polpudo e deveria ser pago depois que a empresa já tivesse feito o lançamento de ações no mercado de capitais. Mas a empresa, na época, resolveu pagar mesmo sem o lançamento de ações.

Ainda segundo os processos judiciais, os acionistas da empresa consideraram que os três tinham feito bom trabalho e mereciam os bônus. Mas, diante agora das acusações de envolvimentos dos três em supostos subornos nos contratos com os estaleiros, entendem que foram enganados e pedem de volta os pagamentos.

Um dos reforços do argumento foi dado pelo ex-presidente da Sete que, ao ser questionado, em um passo anterior ao do início do processo judicial, sobre o pagamento das propinas, confessou ao conselho de acionistas que recebeu quase US$ 2 milhões em propinas. Segundo alguns advogados, isso teria sido feito para tentar um acordo com a empresa e os acionistas.

A empresa tem entre seus principais acionistas os bancos BTG Pactual, Santander e Bradesco, os fundos de pensão da Caixa e da Petrobrás e a própria Petrobrás. São ainda acionistas os fundos de pensão do Banco do Brasil, da Vale, o FI-FGTS e alguns investidores independentes como Lakeshore, LuceVenture e EIG.

Polêmica

A história em torno dos bônus de Ferraz foi controversa desde o começo da empresa. Segundo conta um acionista, Ferraz foi indicado por meio de uma lista tríplice feita pela Petrobrás para a presidência da Sete e, na negociação de salário, teria pedido um bônus de fundador de cerca de R$ 20 milhões.

Mas, depois, ficaram definidos quatro bônus, entre eles o bônus de sucesso, vinculado ao lançamento de ações. Ao fim do mandato de três anos de Ferraz, no início do ano passado, a Petrobrás não apoiou a recondução do executivo e enviou ao conselho uma nova lista tríplice. Entre os nomes estava Luis Eduardo Carneiro, agora presidente da empresa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira (5), na Comissão de Minas e Energia, que a presidenta Dilma Rousseff é uma pessoa “honrada, séria e intransigente” em relação às regras e legislação.

A declaração foi uma resposta ao deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS). Segundo o deputado, a presidenta Dilma teria participado da indicação de nomes para a composição da Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a construção das sondas a serem usadas pela Petrobras na exploração do pré-sal.  O ministro participa de audiência na comissão para tratar da crise na indústria naval em decorrência das investigações da Operação Lava Jato. A Sete Brasil foi criada em 2011 pela Petrobras para construir sondas de perfuração que antes eram compradas no exterior. A empresa é investigada pelo pagamento de propina em contratos.

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“No caso do [ex-gerente da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil] Barusco, ele começou a ter ganhos indevidos nos anos 1990, arrendando plataforma. Era um funcionário de carreira e só foi possível descobrir tudo o que aconteceu com a delação premiada. Às vezes, o gestor não tem como saber desse tipo de prática”, afirmou Mercadante.

O Sindicato da Indústria Naval informou, recentemente, que, em janeiro, 3 mil postos de trabalho foram fechados, por causa da "situação crítica" enfrentada por estaleiros que tinham contratos com a Sete Brasil.

Mais cedo, Mercadante disse, na comissão, que a Sete Brasil venceu um processo de licitação aberto para a construção de sondas. Segundo ele, a empresa é importante para as atividades do pré-sal e está enfrentando dificuldades para financiar suas operações em função de estar entre as empresas investigadas pela Polícia Federal (PF).

O ministro disse que a Sete Brasil está se organizando para uma reestruturação que vai incluir, por exemplo, a redução da meta de sondas a serem construídas, de 28 para 19, priorizando a produção dos projetos mais adiantados.

Mais um depoente ficou em silêncio diante da CPI da Petrobras. A atitude, que virou rotina, frustrou mais uma vez os deputados, que esperavam ouvir nesta terça-feira (16), o ex-presidente da empresa Sete Brasil, João Carlos de Medeiros Ferraz. Ele é suspeito de participação no esquema de corrupção na estatal.

Com direito de permanecer calado para não se autoincriminar, o executivo não fez uso da palavra nem em discurso inicial. A cada pergunta feita pelos parlamentares, a resposta era a mesma: “por orientação dos meus advogados, eu vou exercer o direito de permanecer em silêncio”. Como ele foi convocado na condição de testemunha, Ferraz não foi dispensado pelo colegiado.

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A empresa está sendo investigada por suposta participação no esquema de superfaturamento de contratos com a estatal e pagamento de propina. O ex-gerente da área de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, disse que a propina representava 1% dos contratos e era dividida em favor do PT (cujo representante era o então tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto) e de executivos (neste caso, Barusco, Ferraz e o então diretor de Participações, Eduardo Musa). Os contratos somaram US$ 800 milhões.

A Sete Brasil é uma empresa privada, criada por iniciativa da própria Petrobras em 2011 para construir sondas de perfuração. O objetivo na época era reunir acionistas, como bancos e a própria Petrobras, para viabilizar financeiramente o projeto de adicionar conteúdo nacional aos equipamentos, até então comprados no exterior. O sub-relator da CPI, André Moura (PSC-SE), suspeita que a empresa tenha sido criada para dificultar fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito dos recursos públicos envolvidos na operação.

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ouve, na próxima terça-feira (16), às 9h30, o presidente do Conselho Administrativo da Sete Brasil, Newton Carneiro da Cunha, e o ex-presidente da empresa, João Carlos de Medeiros Ferraz.

A Sete Brasil é uma empresa privada criada pela Petrobras em 2011 para construir 28 sondas de perfuração para exploração do petróleo do pré-sal. Os contratos de operação entre a Sete Brasil e a Petrobras eram de 500 mil dólares por dia de operação para as primeiras sete sondas e de 530 mil dólares para as outras 21. O total era de 22 bilhões de dólares.

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Em depoimento à CPI em maio, o presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, afirmou que cada plataforma custa 800 milhões de dólares. Para Guimarães, se houve pagamento de propina, isso não se deu por meio dos contratos, mas fora da Sete Brasil. 

O diretor de Operações e Participações Sete Brasil, Renato Sanches Rodrigues, também já foi ouvido pela CPI. Ele disse aos deputados que passou a integrar a diretoria da empresa apenas em junho do ano passado e repetiu várias vezes, durante o depoimento, que não sabia de detalhes da criação da empresa nem dos contratos da Petrobras com empresas acusadas de formação de cartel.

O depoimento de Newton Carneiro da Cunha foi proposto pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA). Já João Carlos de Medeiros Ferraz foi convidado a pedido dos deputados Altineu Côrtes (PR-RJ) e André Moura (PSC-SE), sub-relatores da CPI.

*Com informações da Agência Câmara

Os bancos credores vão injetar entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões na Sete Brasil, empresa criada para construir e administrar as sondas da Petrobras no pré-sal. Os recursos serão desembolsados em financiamentos de longo prazo, em substituição ao que seria liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A informação de que haveria um aporte foi noticiada pelo jornal Folha de S. Paulo.

A parte que ficará para cada banco ainda está em negociação e deve ser definida até o fim do mês. Nesse valor, porém, não estão incluídas as operações que serão fechadas com organismos internacionais e investidores estrangeiros.

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Trata-se da única solução para evitar a elevação das perdas para os cinco maiores bancos que concederam financiamento e estão se vendo obrigados a rolar os empréstimo-ponte (financiamento de curto prazo), de R$ 12 bilhões, uma vez que metade do valor emprestado não tem nenhum garantia.

Mesmo assim, o BNDES segue firme na posição de não desembolsar nada à Sete Brasil, assegurou ao jornal O Estado de S. Paulo fontes a par da negociação. Os bancos credores vão assumir o financiamento de longo prazo, que será usado também para abater uma parte dos empréstimos-ponte. Nada impede que as instituições busquem no BNDES os recursos necessários, mas todo o risco da operação será delas.

A garantia do financiamento do projeto, segundo fontes ligadas à operação, serão as 19 sondas que deverão ser construídas - dez a menos que o lote de 29 do modelo inicial, das quais 28 seriam alugadas à Petrobrás.

De acordo com a Sete, 17 sondas estão em fase de construção, com corte de chapa de aço, dez estão com mais de 30% de avanço nas obras e apenas duas têm mais de 80%.

Estaleiro

O Estaleiro Enseada, um dos fornecedores da Sete Brasil, decidiu conceder férias coletivas a metade de seu efetivo em Inhaúma, no Rio de Janeiro. Ao todo, duas mil pessoas estão licenciadas das funções.O estaleiro tinha contratos para conversão de quatro plataformas da Petrobras para o pré-sal e é controlado pelo consórcio formado pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e UTC. Colaborou Antonio Pita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, nessa quinta-feira (14), o diretor de Operações e Participações da empresa Sete Brasil, Renato Sanches Rodrigues, disse que a crise financeira pela qual a empresa passa foi causada em decorrência da Operação Lava Jato. "A Sete Brasil está nessa situação devido principalmente à ocorrência da Lava Jato, que retraiu o mercado financeiro e os investidores", disse Rodrigues.

Segundo ele, além do aporte de investidores estrangeiros, a empresa esperava receber empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 18 bilhões, mas que, com o início dos rumores sobre as investigações, os requisitos para conceder os financiamento foram aumentadas. "Quando estávamos próximos desse financiamento começaram as notícias do envolvimento do [Pedro] Barusco, Lava Jato, e novas condições foram pedidas".

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Pedro Barusco, ex-gerente de Tecnologia da Petrobras e também ex-diretor da Sete Brasil, disse em depoimento de delação premiada que a empresa pagou propina a diretores da Petrobras nos contratos de construção de 28 sondas de perfuração. A propina seria paga sobre 1% do valor dos contratos, dos quais dois terços seriam destinados para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e um terço para Barusco e mais dois diretores da empresa, João Carlos de Medeiros Ferraz (presidente da Sete Brasil) e Eduardo Musa (diretor de Participações). "Quando estávamos próximos de conseguir [os empréstimos] houve a delação premiada do Barusco e aí os investidores se retraíram e a operação não foi possível", disse Rodrigues.

Os contratos de operação entre a Setebrasil e a Petrobras eram de US$ 500 mil por dia para as primeiras sete sondas e de US$ 530 mil para as outras 21. O total era US$ 22 bilhões. Para construir as sondas, usadas na prospecção e perfuração de poços de petróleo, a Sete Brasil contratou, em 2011, os estaleiros Jurong Aracruz (ES), Estaleiro Atlântico Sul (PE), BrasFels (RJ), Estaleiro Rio Grande (RS) e Estaleiro Enseada Paraguaçu (BA). Segundo Rodrigues, está sendo montado um plano de reestruturação para alavancar a empresa e retomar a construção das sondas.

Marcado para a semana passada, o depoimento de Rodrigues na CPI foi adiado após ele ter alegado problemas de saúde. Indicado para diretor da Sete Brasil em junho de 2014, ele disse não ter ligações com as denúncias investigadas na Operação Lava Jato. Aos deputados ele negou ter relações de amizade com Pedro Barusco ou Renato Duque, apenas contatos profissionais esporádicos.

A sub-relatoria para investigação de irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da Petrobras na África, da CPI da Petrobras, realiza, na quinta-feira (14), oitiva com o diretor de Operações e Participações da Sete Brasil, Renato Sanches Rodrigues. A audiência, marcada para as 9h30, atende ao requerimento do deputado André Moura (PSC/SE).

Na semana passada, o presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, negou que a empresa tenha contratos irregulares. Ele disse também que a companhia busca sua reestruturação para dar seguimento aos projetos, que a empresa foi vítima da corrupção e que não teve envolvimento direto com o caso apurado na Operação Lava Jato.

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Nesta segunda-feira (11), os deputados estão em Curitiba para colher depoimentos de 13 presos pela Operação Lava Jato. Entre eles estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró e os ex-deputados Luiz Argôlo, André Vargas e Pedro Corrêa. O trabalho pode continuar até quarta (13).

Em depoimento à CPI da Petrobras, o presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, disse que foram contratados escritórios de auditoria para averiguar todos os contratos da companhia logo que aconteceu a Operação Lava Jato. "A conclusão é que não foi encontrada nenhuma irregularidade nos contratos da Sete", declarou. Ele informou que o balanço da empresa foi aprovado pela PricewaterhouseCoopers (PwC).

"A Sete é uma coisa real e está acontecendo, gerando milhares de empregos", destacou. Quando as investigações começaram, a empresa estava pronta para assinar contratos de financiamento com o BNDES e os valores seriam, segundo ele, superiores aos recursos do banco à Usina de Belo Monte. Até o momento, nenhum aporte financeiro à Sete foi feito pelo banco público.

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Na oitiva, Carneiro disse que a companhia busca sua reestruturação para dar seguimento aos projetos. Ele, no entanto, admitiu que, desde novembro, a empresa não paga os estaleiros. Aos deputados, o executivo disse que ao assumir a Sete Brasil, há um ano, não imaginava que teria de lidar com uma investigação policial da envergadura da Lava Jato.

O presidente da Sete Brasil disse também que a companhia foi "vítima" da corrupção e não teve envolvimento direto com o caso apurado na Operação Lava Jato. "Na minha opinião, a Sete Brasil não teve envolvimento nessa corrupção. Pessoas da Sete Brasil que ocupavam posições de diretoria se envolveram, mas não a Sete Brasil (...). Entendo que a Sete Brasil é vítima de todo esse processo. Ela não participou desse processo", enfatizou.

Para ele, o ex-diretor de Operações da Sete Brasil, Pedro Barusco, e o ex-presidente da companhia, João Carlos Ferraz, não foram "bons" executivos em suas funções. Barusco renunciou ao cargo por motivos de doença e Ferraz não foi reconduzido ao mandato.

Carneiro anunciou que a Sete Brasil deve voltar a operar plenamente a partir do plano de reestruturação financeira, o que deve acontecer no segundo semestre. "A situação da Sete (hoje) é que ela não tem condições de pagar os estaleiros até a reestruturação financeira", declarou.

O executivo contou que os acionistas da Sete Brasil deixaram de aportar recursos desde as investigações da Operação Lava Jato. "Isso gerou um clima de preocupação e incerteza, até que se entendesse melhor a extensão (da Lava Jato) dentro da Sete", explicou.

Na sua opinião, não se pode dizer que os acionistas - entre eles os bancos BTG Pactual, Santander e Bradesco - perderam dinheiro, porque o projeto ainda está em implantação. "Este é um momento transitório de falta de recursos e acredito que vamos superar o problema", afirmou.

Ao voltar a falar sobre a auditoria feita na Sete Brasil, Carneiro contou que até e-mails e celulares dos funcionários da companhia foram copiados e que nada foi encontrado de irregular pelos auditores. "Em todas as auditorias que fizemos, nada pegamos de errado nos contratos, nada pegamos de errado em todos os e-mails das pessoas que hoje estão na Sete Brasil", pontuou. Mencionando os depoimentos divulgados dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, o executivo disse que os acertos teriam sido feitos fora da empresa, e não internamente.

Pressão

Carneiro já depõe há mais de duas horas aos parlamentares e vem sendo questionado sobre sua participação em outras empresas. Apesar de depor na condição de testemunha, e não de investigado, os deputados mantêm a estratégia de pressão, na expectativa de apontar contradições em sua fala. Carneiro vem insistindo que só está na companhia há um ano.

Em tom de ironia, o sub-relator André Moura (PSC-SE) questionou a competência profissional do executivo quando ele revelou que trabalhou na OGX, cujas ações valeriam hoje centavos de reais. "Meu trabalho foi feito com muita competência e não tenho do que me envergonhar desse período", respondeu o executivo, constrangido.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a instituição não contratou e não desembolsou nenhum valor para a Sete Brasil. Ele explicou que um grupo de bancos está trabalhando com a empresa um plano de negócios para que ela possa voltar a operar plenamente.

Petrobras

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Coutinho disse ainda que ficará à frente do conselho de administração da Petrobras por curto período e que será feita uma reunião em breve para eleger novo presidente. "Estou na presidência do conselho da Petrobras por um período transitório", afirmou.

Coutinho ressaltou ainda que a BNDESpar, braço de participações do banco, teve "alguns poucos insucessos", dá lucro e tem uma carteira de qualidade.

Os seis bancos credores da Sete Brasil, empresa criada para administrar as sondas da Petrobrás no pré-sal, devem executar as garantias de R$ 4,5 bilhões dadas pelo Fundo Garantidor da Construção Naval (FGCN) no empréstimo à empresa. Essa é uma forma de reduzir os prejuízos dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú BBA, Santander e Standard Chartered com o empréstimo de R$ 12 bilhões dado à companhia.

Além disso, a execução das garantias também é uma forma de pressionar o governo para que o BNDES libere o financiamento de longo prazo para a Sete Brasil, travado desde o ano passado por causa da Operação Lava Jato. Isso porque, mesmo executando as garantias do Fundo Garantidor, os bancos ainda ficariam com um prejuízo de R$ 7,5 bilhões, emprestados à Sete sem garantias.

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Nenhum dos bancos quis comentar o assunto, alegando o sigilo bancário de clientes. O Fundo Garantidor usou o mesmo argumento. Mas, segundo algumas fontes próximas às instituições, a decisão de executar o FGCN vai na esteira do Standard Chartered, que nesta semana foi o primeiro a notificar o Fundo.

O movimento do Standard praticamente obriga os outros bancos a fazer o mesmo, segundo comenta um executivo de uma das instituições. Um dos motivos é que os primeiros a exigir as garantias do Fundo Garantidor recebem um porcentual maior. O rateio da garantia só será igualitário se todos os bancos a executarem ao mesmo tempo, ou seja, o banco que ficar para trás vai receber menos.

Outro motivo é que, ao executar as garantias, o Standard assume que a Sete Brasil não pagou o que devia e então passam a valer as cláusulas de "cross default" estabelecidas na concessão do financiamento. As cláusulas preveem que, caso a empresa deixe de pagar parte de um empréstimo, todo o resto pode ser cobrado imediatamente.

Um dos acionistas da Sete Brasil diz que a situação da empresa tem se deteriorado sem que o governo tenha escutado os donos da empresa sobre uma possível solução para o impasse. O BNDES chegou a propor liberar o financiamento via bancos credores, o que na prática o levava a assumir o risco também desse empréstimo. A solução não agradou as instituições. Alguns executivos dizem que quando entraram no negócio o governo alegava que era um projeto importante para o País e agora está entregando o problema para os bancos.

Dos R$ 12 bilhões concedidos, o Standard Chartered tem a menor participação, de US$ 250 milhões. O maior financiador foi o Banco do Brasil, segundo informa um dos acionistas, com empréstimos que superariam R$ 3 bilhões. Bradesco, Itaú BBA e Santander teriam emprestado valores superiores a R$ 2 bilhões cada um e a Caixa teria uma participação menor, de R$ 1,5 bilhão.

Delação. A situação da Sete Brasil vem se deteriorando desde outubro do ano passado, quando um de seus ex-diretores e ex-gerente da Petrobrás, Pedro Barusco, assinou acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Sem ter como afirmar se a companhia tinha indícios de corrupção, ficou difícil acertar o financiamento de longo prazo sem que antes a empresa passasse por uma auditoria interna. Além disso, a situação foi agravada com o fato de a Petrobrás ter tentado cancelar a contratação de sete sondas.

Quando as partes chegaram a um acordo, em fevereiro, veio a público a delação premiada de Barusco que implicou os estaleiros e ex-executivos do banco. E assim o BNDES travou de vez o financiamento, que resolveria toda o problema.

Em meio a esse imbróglio, a Sete deixou de pagar os estaleiros que contratou para construir as 29 sondas que seriam usadas no pré-sal. Já são mais de R$ 2,5 bilhões em atraso, que deixaram também os estaleiros em situação difícil. Sem o financiamento de longo prazo, a Sete Brasil pode se tornar inviável e deixar um rastro bilionário de prejuízos. Os acionistas investiram R$ 8,3 bilhões no negócio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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