Tópicos | tarifa zero

Não há cobrador ou cartão de transporte nos ônibus de Vargem Grande Paulista. Há três anos, o município da Grande São Paulo adotou a tarifa zero no transporte coletivo em meio a conflitos com a empresa que prestava o serviço. A mudança permaneceu e chamou a atenção de outras cidades, até mesmo da capital paulista, que se reuniu na semana passada com a cidade vizinha para tratar sobre o passe livre, que o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) cogita implementar, caso um estudo aponte a viabilidade econômica, financeira e jurídica.

O prefeito de Vargem Grande Paulista, Josué Ramos (PL), defende que o modelo é replicável, até em nível estadual, e ressalta que dobrou a média de passageiros na cidade, afetando o consumo local, a geração de empregos e o acesso da população mais periférica a serviços básicos.

##RECOMENDA##

A mudança foi a principal plataforma do seu primeiro ano de gestão, do qual saiu reeleito. A principal base de financiamento é uma taxa a empresas, considerada ilegal em decisão recente da Justiça.

A tarifa zero é elogiada por parte da população da cidade (de 54,3 mil habitantes). Em visita do jornal O Estado de S. Paulo à cidade, moradores comentaram que a gratuidade faz diferença no orçamento doméstico.

Outros também apontaram mudanças que consideram necessárias, como ampliar o horário de funcionamento (até 19h ou 20h, a depender da linha, nos dias úteis, e reduzido no fim de semana) e a qualidade dos veículos.

Em dezembro de 2020, um vereador abriu uma moção para que o ônibus funcionasse até as 22 horas, para atender trabalhadores no fim do expediente.

Sobre as críticas, o prefeito diz que os trajetos e os horários das linhas foram desenhados com base na demanda, com um trabalho que incluiu uma empresa de consultoria especializada, e que estão em constante adaptação.

Os ônibus operam com seis linhas, duas circulares. Não há presença de cobrador e tampouco é exigida a apresentação de cartão de transporte. Basta passar pela catraca. O entendimento da prefeitura é de que um eventual sistema de controle eletrônico aumentaria o custo operacional.

A empresa contratada é paga pelo serviço, calculado a partir do quilômetro rodado, não do número de passageiros.

Segundo o prefeito, esse modelo dá liberdade ao município para realizar ajustes. Ele também destaca que não precisa mais lidar com imprevisibilidades de contratos de dez ou mais anos, em que eventuais mudanças no preço do combustível, número de usuários e desvalorização da frota precisam entrar no cálculo do custo. "Hoje, com dois anos de contrato, já se discute aumento da tarifa ou do subsídio."

Taxa

Vargem Grande Paulista mantém a operação da tarifa zero por meio de um fundo municipal, no qual cerca de 70% dos recursos são provenientes de uma taxa a empresas locais, criada em 2019. O restante é subsidiado, mas há intenção de que seja complementado com propaganda e outras fontes.

Com a mudança, em vez de fornecer o vale-transporte, as empresas pagam R$ 39,20 mensais, por funcionário.

A nova taxa foi bem recebida por boa parte dos empresários, mas não por todos. Ao menos uma empresa do município conseguiu barrar o pagamento na Justiça, que entendeu a taxação como ilegal e inconstitucional. Parecer anterior da promotoria de Vargem Grande Paulista já havia apontado a ilegalidade.

Sobre o caso, o prefeito Josué Ramos alega que é uma exceção e a maioria das empresas locais apoia a cobrança. Isso porque, segundo ele, esse valor é às vezes mais baixo do que uma contribuição para o vale-transporte de um trabalhador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A decisão do governo de zerar o imposto de importação de etanol, café, margarina, queijo, macarrão e óleo de soja e de reduzir em 10% as alíquotas de importação sobre itens de informática e bens de capital terá impacto limitado para conter a alta de preços e segurar a inflação, segundo economistas ouvidos pelo Estadão.

Mesmo com essa medida, eles mantêm as previsões para o ano do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) na faixa de 7%. Na prática, a zeragem do imposto tem muito mais um caráter populista, no sentido de o governo demonstrar preocupação com a inflação em ano eleitoral, do que equacionar a forte pressão inflacionária, que mantém os índices em 12 meses em dois dígitos.

##RECOMENDA##

Nas contas de André Braz, coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), o etanol e os alimentos, cujas alíquotas estão zeradas até o final do ano, representam menos de 3% do orçamento familiar. "Eles pesam menos do que a conta de luz, que responde por 5% do IPCA", compara.

Além de o peso desse grupo de itens ser pequeno na inflação, como os preços são livres e o momento atual é de muita volatilidade, a isenção do imposto não necessariamente se traduz em preços menores ao consumidor, diz o economista. A decisão pode, no máximo, impedir um aumento maior no preço final, observa.

O motivo é que as cotações das commodities, como soja, trigo, milho, petróleo, seguem muito pressionadas no mercado internacional por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. "Parece que essa decisão está na conta de medidas em torno das eleições, do interesse do governo de se posicionar melhor na corrida eleitoral."

O economista Fábio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, concorda com Braz. "O anúncio desse pacote tem um caráter populista e eleitoreiro." Ele diz que a desaceleração da inflação no segundo semestre já é prevista por causa de outros fatores e que o efeito da zeragem do imposto é muito pequeno. "Não é isso que vai conter preços."

Entre os fatores que devem levar a uma desaceleração da inflação no segundo semestre, apesar de a sua projeção do IPCA para o ano continuar na faixa de 7% por causa da disparada de preços do primeiro semestre, o economista aponta a alta dos juros no mundo, especialmente nos Estados Unidos. "A subida dos juros dos títulos do Tesouro americano reduz os movimentos especulativos de fundos que apostam em commodities e impulsionam os preços", explica.

Outro fator apontado por Silveira é a entrada, no segundo semestre, das safras de grãos no mercado internacional, o que amplia a oferta de produtos e segura os preços. Além disso, a valorização do dólar em relação ao real deve limitar a alta da inflação no Brasil.

CÂMBIO

"Se o câmbio continuar se valorizando, ele terá impacto muito mais importante para segurar a inflação do que essas reduções de impostos", afirma o economista Guilherme Moreira, Tcoordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.

Moreira pondera que toda a redução de imposto é bem-vinda, mas destaca que o problema da inflação neste momento é muito maior do que os itens nos quais o governo decidiu zerar ou reduzir o imposto de importação. "A inflação está muito espalhada."

No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, o último dado disponível, 74,8% dos 377 itens que compõem o indicador registraram aumento de preços, um recorde histórico, aponta levantamento da LCA Consultores.

Fabio Romão, economista da LCA, diz que a decisão do governo pouco vai influir na inflação. No caso do etanol, ele observa que o produto importado respondeu por apenas 3,8% da oferta no mercado interno no ano passado. "É muito pouco, não tem oferta", argumenta. Além disso, o etanol importado é produzido a partir do milho, que está em alta no mercado internacional. "Não deve ter um efeito relevante para o preço da gasolina", afirma. O economista não alterou a previsão de alta de 10% para a gasolina neste ano e de um IPCA de 6,7%.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A medida que cancela o benefício da tarifa zero para idosos entre 60 e 64 anos nos ônibus da capital paulista deve atingir mais de 186 mil usuários a partir de 1º de fevereiro. Além dos coletivos que circulam na cidade, pessoas que ainda não completaram 65 anos também voltam a pagar passagem nas composições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e no Metrô.

A lei que garantia a gratuidade para os idosos no transporte público passou a vigorar em 2013, durante a administração do então governador Geraldo Alckmin (PSDB) e da prefeitura comandada à época por Fernando Haddad (PT). A justificativa das atuais gestões de João Doria e Bruno Covas, ambos do PSDB, é de que mudanças direcionadas à categoria dos idosos, como a reforma da previdência (que estendeu o prazo para mulheres se aposentarem com 62 e homens com 65 anos) e a alteração no limite de idade para aposentadoria no serviço público (de 70 para 75 anos), forçaram os chefes do executivo a reconsiderarem os direitos dados aos cidadãos.

##RECOMENDA##

Além da perda do benefício, o público alvo da mudança terá que refazer o cartão do Bilhete Único, utilizado para circular nos ônibus, Metrô e CPTM com integrações que garantem desconto nas viagens. O atual magnético, gratuito, terá validade até 31 de janeiro.

Para utilizar o transporte público a partir de 1º de fevereiro, os idosos que ainda não completaram 65 anos devem fazer o pagamento em dinheiro ou emitir o Bilhete Único Comum, que assegura o pagamento reduzido das tarifas integradas. As orientações para emissão do novo modelo de cartão estão no portal da SpTrans, bilheteunico.sptrans.com.br.

O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, negou na segunda-feira (3) que tenha pedido ao governo brasileiro para derrubar tarifas de importação do etanol americano para ajudar a reeleição de Donald Trump. O Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, controlada pelos democratas, pediu explicações ao diplomata sobre medidas comerciais adotadas pelo Brasil que poderiam ajudar a campanha do presidente.

"Qualquer interpretação de que minha defesa de longa data dos interesses comerciais, durante um ano eleitoral, foi uma tentativa para beneficiar um candidato presidencial específico é simplesmente incorreta", afirmou Chapman, em nota publicada ontem pela embaixada americana.

##RECOMENDA##

Hoje, o Brasil dá isenção na importação de até 750 milhões de litros de etanol por ano - a partir daí a tarifa é de 20%.

Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, no O Globo, e reportagem do Estadão/Broadcast, o diplomata teria pedido, em encontro com membros do governo, que as tarifas fossem reduzidas a zero e indicado a importância para Jair Bolsonaro de manter Trump na presidência. O embaixador nega ter pedido ajuda.

"Em nenhum momento solicitei aos brasileiros que tomassem quaisquer medidas em apoio a qualquer candidato presidencial. Como diplomata de carreira, com quase 30 anos de serviço público, tive o prazer de servir ao governo dos EUA sob ambos os partidos", afirmou Chapman.

Em carta à embaixada dos EUA em Brasília, enviada no fim de semana, o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, o democrata Eliot Engel, disse que um eventual pedido de Chapman de apoio a Trump seria "completamente inapropriado" para um embaixador e contra a lei.

O Estadão reitera a apuração sobre as conversas entre Chapman e representantes do governo brasileiro. No caso do etanol, uma mudança na cota poderia ser explorada politicamente por Trump junto aos agricultores do Meio-Oeste, base do eleitorado republicano. O etanol americano é produzido do milho, com subsídios. A pandemia reduziu a demanda, derrubando os preços dos combustíveis e agravando a situação dos produtores.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Preocupado com as eleições presidenciais dos EUA, o embaixador Todd Chapman pediu a integrantes do governo brasileiro para que as tarifas de importação do etanol americano sejam reduzidas a zero. Atualmente, há isenção para até 750 milhões de litros por ano, mas a partir daí a tarifa é de 20%. Entre os argumentos usados por Chapman está a importância para o governo Bolsonaro da manutenção de Donald Trump na presidência americana.

De acordo com fontes do governo, o assunto foi abordado ontem durante reunião entre os ministros Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

##RECOMENDA##

A informação foi revelada pela coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, e confirmada pelo Estadão/Broadcast. Procurados, o Palácio do Planalto, o Itamaraty e o MME não se manifestaram.

No encontro, segundo um participante do encontro, foi avaliado que o pedido do embaixador dos EUA "não tem cabimento" e é tratado como algo "impossível" dentro do governo. A mesma fonte afirmou que o governo deve defender o interesse dos brasileiros, e não atender a um pleito que beneficia, com interesses eleitorais, outro país.

O etanol americano vem do milho, cuja produção já é mais barata que o brasileiro, da cana-de-açúcar, e ainda recebe subsídios. A pandemia reduziu a demanda e, consequentemente, os preços de gasolina e etanol. O atendimento à demanda seria uma forma de obter apoio dos agricultores do Meio-Oeste dos Estados Unidos, um grupo que é importante base de apoio de Trump e que está revoltado com a ajuda anunciada pelo governo às refinarias.

Reeleição difícil

As eleições presidenciais estão marcadas para 3 de novembro, e as pesquisas mostram que Trump terá dificuldades para se reeleger em meio à pandemia da covid-19, que já registra 4,450 milhões de casos confirmados e 151 mil mortes no país, ranking liderado pelos EUA em ambos os casos. Seu adversário, o democrata Joe Biden, tem conquistado apoio mesmo de Estados historicamente ligados aos republicanos.

O Brasil importou 810,9,2 milhões de litros de etanol dos Estados Unidos neste ano. No ano passado, foram 1,443 bilhão de litros, mas os números vem caindo ano a ano desde 2017, quando as importações atingiram a marca de 1,8 bilhão.

A produção média de etanol nos EUA atingiu a marca de 931 mil barris por dia no início de julho. No ano passado, os americanos exportaram 5,59 bilhões de litros, queda de 14% ante 2018, quando houve recorde de 6,47 bilhões de litros. Foi a primeira queda desde 2015.

O atendimento à demanda americana teria forte impacto sobre os produtores brasileiros, principalmente os do Nordeste. O preço médio de exportação de etanol nos EUA foi de US$ 410 por litro em junho, o menor entre todos os produtores mundiais.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Movimento Passe Livre (MPL) faz um ato na noite desta quinta-feira (29) no centro de São Paulo, para reivindicar tarifa zero no transporte público de São Paulo. Três manifestantes foram detidos pela Polícia Militar por porte de "artefatos perigosos".

Às 18h40, antes mesmo de começar a passeata, policiais cercaram, abordaram, revistaram e anotaram o nome de 17 jovens na Rua Barão de Itapetininga, nas proximidades do Teatro Municipal. Dois deles foram detidos e levados de viatura para o 78° DP (Jardins). Segundo a PM, eles portavam "um martelo, uma mixa e uma garrafa simulando coquetel Molotov".

##RECOMENDA##

O clima ficou tenso e manifestantes começaram a gritar contra a polícia, mas não houve tumulto. Às 19 horas, cerca de 200 pessoas saíram do Teatro Municipal, dando início ao ato. O objetivo era percorrer ruas do centro. Policiais da Força Tática acompanhavam o grupo. Pelas 19h15, mais uma pessoa foi detido por portar um soco inglês, informou a PM.

O movimento chegou na frente da sede da Prefeitura, no Viaduto do Chá, às 19h50. Ali, colocaram fogo em quatro catracas, como fazem tradicionalmente antes de encerrar seus atos.

De acordo com o MPL, a manifestação faz referência ao Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre, em 26 de outubro - data da aprovação da tarifa zero para estudantes em Florianópolis, em 2004.

"O MPL defende um transporte cuja prioridade não seja o lucro dos empresários, mas as necessidades, segurança e conforto dos usuários. Um transporte realmente público, que não tenha tarifa e, por isso, não exclua ninguém", afirma o movimento em sua página no Facebook.

O Movimento Passe Livre (MPL), entidade que luta pela gratuitade do transporte público em todo o País e protagonizou os protestos de junho de 2013, publicou nota nesta sexta-feira, 19, criticando a "tarifa zero" no transporte aos estudantes carentes de São Paulo. A medida foi aprovada na Câmara nesta semana e poderá tornar gratuitas as viagens de ônibus a todos os estudantes de escola pública, além dos alunos de escola privada de baixa renda.

"Sem dúvidas essa medida é mais um resultado da luta da população da cidade, que tomou as ruas em junho de 2013. Mas é insuficiente", afirmou o texto, divulgado à noite no site do MPL.

##RECOMENDA##

Para o movimento, não basta garantir passagens para a escola ou a universidade, já que a educação "não se limita à experiência escolar. Educação também significa ir a espaços culturais, conhecer bairros diferentes dos nossos e, fundamentalmente, experimentar a liberdade e a responsabilidade de poder ir para onde quisermos".

Quando falou pela primeira vez sobre a medida, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) fez menção ao MPL ao dizer que "o movimento não precisa fazer" perguntas sobre a origem do dinheiro que custeará as passagens.

"Tudo bem que o movimento não precisa fazer (esta pergunta), mas o gestor público tem que responder, da onde ele vai tirar os recursos para aumentar o subsidio à tarifa".

Veja a íntegra da nota do MPL:

Desde meados de novembro circulam rumores sobre uma nova tentativa de aumento na tarifa de ônibus na cidade, que poderia chegar a R$ 3,50. Há poucos dias, a imprensa divulgou que o aumento poderia ser aplicado só no pagamento em dinheiro e que viria acompanhado de um "pacote de bondades", incluindo uma "tarifa zero" para estudantes de baixa renda. Na calada da noite desta quinta (18), a Câmara Municipal aprovou um projeto de lei que prevê essa "tarifa zero", mas sem especificar do que se trata, quem será considerado de baixa renda e quais as burocracias que estudantes terão de enfrentar para ter o benefício. Sem dúvidas essa medida é mais um resultado da luta da população da cidade, que tomou as ruas em junho de 2013. Mas é insuficiente.

As declarações de Haddad sugerem que essa "tarifa zero" para estudantes de baixa renda será, na verdade, um passe livre estudantil, com número de viagens limitado ao trajeto casa-escola-casa. O próprio prefeito declarou que pagar para ir à escola "colide" com o princípio de que a educação deve ser pública - por isso mesmo não faz sentido restringir a um grupo o direito de todas e todos a um transporte público de verdade. Isso é transformar esse direito em mais um benefício, concedido pelo governo com critérios ainda muito vagos.

E, como ex-ministro da educação, o prefeito sabe que ela não se limita à experiência escolar. Educação também significa ir a espaços culturais, conhecer bairros diferentes dos nossos e, fundamentalmente, experimentar a liberdade e a responsabilidade de poder ir para onde quisermos. Para ser "tarifa zero", esse passe estudantil terá que ser irrestrito, para quantas viagens se fizerem necessárias.

Mais do que isso: assim como a cobrança de tarifa no transporte colide com a noção de educação pública de verdade, ela colide também com a saúde pública, a cultura para todos, com parques públicos, com uma cidade que exista para quem a constrói todos os dias. Afinal, uma cidade só existe para quem pode se movimentar por ela.

Um novo aumento irá excluir ainda mais gente do transporte coletivo - e da cidade. E não é porque um trabalhador recebe vale-transporte que ele não sentirá o impacto: o aumento restringe ainda mais a sua mobilidade à ida e vinda do trabalho e fecha as portas da cidade para qualquer outra atividade. Mas na visão dos patrões, que se supõem donos da cidade, bem representada pelas declarações do prefeito, ninguém tem que sair da periferia se não for para trabalhar ou, se tiver dinheiro, para consumir.

Se a tarifa aumentar apenas para os pagamentos em dinheiro, o que vai acontecer quando o Bilhete Único estiver "sem sistema"? Teremos que pagar a tarifa mais cara, com aumento? Ou o governo nos garante que, havendo queda de sistema, as catracas serão liberadas? O aumento da tarifa em dinheiro é o aumento da exclusão das pessoas mais pobres, aquelas que não conseguem arcar com os custos e a burocracia de comprar o Bilhete e mantê-lo carregado. São elas que pagariam a tarifa mais cara em dinheiro?

Os jornais afirmam, com a maior naturalidade, que o aumento irá acompanhar a inflação do período. Mas um direito pode ser medido pela inflação? Se os custos de operação do transporte acompanham a inflação, isso não significa que o preço da passagem tenha que fazer o mesmo. Esses custos não podem depender da cobrança de uma tarifa para quem usa o transporte coletivo. É injusto cobrar mais de quem usa mais se os ônibus, o metrô e os trens são fundamentais para toda a cidade funcionar: sem eles, como ficaria o trânsito? Como os trabalhadores chegariam no trabalho, do qual toda a sociedade depende?

Transporte não é mercadoria. E seu custo tem que ser pago pelo conjunto da sociedade de forma progressiva. Quem tem mais dinheiro deve pagar mais, quem tem menos pagar menos e quem não tem dinheiro não pagar nada.

E não precisamos perguntar de onde viria o dinheiro para uma eventual Tarifa Zero, porque essa é, antes de tudo, uma decisão política. Se o prefeito acredita que, com o vale-transporte, o subsídio pago pela prefeitura para manter a tarifa se torna um "subsídio para os empregadores", porque não cobrar uma parte dos custos do transporte diretamente dos patrões (e sem os 6% descontados do salário)? As soluções técnicas virão e poderão ser debatidas assim que a Prefeitura tiver a coragem de tomar uma decisão política.

A auditoria internacional contratada pelo governo municipal demonstrou o que todo mundo que anda de ônibus já sabia: as empresas do transporte, controladas por umas poucas famílias, lucram milhões em cima do sofrimento da população.

Faltam itens obrigatórios nos ônibus, empresários recebem por viagens não realizadas, os preços são superfaturados, os ônibus são mais velhos do que o permitido, a lotação é acima da recomendada… Segundo a SP Trans, acabar com as fraudes da máfia dos transportes e reduzir seu lucro exorbitante (que em alguns casos passa dos 50%), entre outras medidas, seria suficiente para manter o preço da tarifa - ou até reduzi-lo.

E não custa lembrar dos custos do próprio sistema de cobrança de tarifa: boa parte do que pagamos serve apenas para sustentar a existência dos cartões e das catracas, com toda a burocracia falha de cadastro e os postos de venda. Além disso, a notícia do corte de custos através da redução de funcionários nos ônibus não pode transformar-se em mais desemprego - desde o começo do ano mais de 600 trabalhadores foram demitidos. Esperamos que caso seja efetivada tal medida, todas as medidas de segurança no tráfego dos ônibus estejam plenamente garantidas, e os funcionários sejam relocados em funções melhores ou equivalentes dentro dos serviços do transporte municipal.

Talvez a Prefeitura imagine que o passe livre para estudantes de baixa renda sirva para desmobilizar a luta. Então se engana. A luta por transporte não se restringe a uma ou outra categoria: ela é de toda população trabalhadora da cidade, que depende da condução para viver e enfrenta diariamente a humilhação coletiva nos ônibus e trens. Essa nova medida é mais um resultado da pressão da luta, como foi a própria revogação dos 20 centavos, a expansão das faixas de ônibus muito além do planejado e a auditoria do lucro das empresas.

Mas ainda não se chegou ao fundamental: enquanto o transporte continuar sendo tratado como mercadoria e enquanto houver tarifa e aumentos, haverá luta da população, se organizando e resistindo em cada canto da cidade!

Não aceitaremos nenhum centavo a mais; agora é de R$ 3 para baixo, até zerar!

A luta segue até tarifa zero para todas e todos!

Contra qualquer aumento!

O prefeito Fernando Haddad (PT) obteve nA quinta-feira, 18, autorização definitiva dos vereadores para conceder tarifa zero no transporte público para estudantes de baixa renda. A solicitação, adiantada pelo jornal O Estado de s. Paulo na terça-feira, 16, foi incluída de última hora, como "contrabando", no projeto de lei que prevê a abertura de um programa de parcelamento de débitos que está na pauta desde o meio do ano. O tema passou a ser debatido às 23h30 e foi aprovado 5 minutos antes da meia-noite, por 36 votos favoráveis, 1 contrário e três abstenções.

O aval dado pela maioria dos parlamentares, incluindo representantes do PSDB, não determina quais estudantes poderão ser beneficiados pelo critério de renda. Diz apenas que a lei é dirigida a estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior, além de matriculados em cursinhos pré-vestibular. Todas as regras serão agora determinadas pelo prefeito Fernando Haddad (PT) durante o processo de regulamentação da lei.

##RECOMENDA##

Cobrador de ônibus

Além da tarifa zero e da abertura do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), que pode render R$ 1 bilhão à Prefeitura, a mesma proposta também tratou do fim da obrigatoriedade do cobrador de ônibus. Se o prefeito Haddad assim determinar, o transporte público poderá ter, no ano que vem, apenas um funcionário dentro dos coletivos.

Chamado pela oposição de "x-tudo", o projeto discutido e aprovado em menos de meia hora nesta quinta ainda concedeu isenção de Imposto sobre Serviços (ISS) a cartórios e cooperativas de cultura que atuam na capital paulista.

De acordo com o líder do governo na Câmara, vereador Arselino Tatto (PT), o "contrabando" - termo dado à inclusão de emendas que não têm relação com a proposta de lei original em debate - era perfeitamente possível neste caso, já que a emenda da tarifa zero era uma vontade do prefeito. O petista ainda refutou o termo, afirmando que "contrabando" é "caso de polícia".

Ao fim da votação, Tatto comemorou a vitória, dizendo que a Casa deu um grande passo ao aprovar os projetos do Executivo. Segundo ele, os parlamentares da base aliada se "conscientizaram" da importância das novas regras sem que fosse preciso negociar os votos mediante liberação de cargos nas subprefeituras, por exemplo.

Parcelamento

Pleiteado pelo governo municipal há cinco meses, o novo programa de parcelamento de débitos pode atingir mais de 300 mil pessoas na capital. Quem aderir terá o direito de dividir o pagamento em até 120 meses e com a vantagem de obter descontos de 50% a 85% sobre a incidência de multas e de juros cobrados no período.

A variação vai depender da quantidade de parcelas escolhidas pelo cidadão. O desconto maior é para pagamentos feitos à vista. As parcelas mínimas são de R$ 40, para pessoas físicas, e de R$ 200, para pessoas jurídicas.

O Brasil vai propor, terça-feira (29), em Caracas, na reunião dos presidentes dos cinco países-membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), a redução a zero das tarifas de importação de produtos entre o bloco e a Colômbia, o Peru e o Chile. Apesar de não pertencerem ao bloco, os três países mantêm acordos de redução de tarifas com os membros do Mercosul.

De acordo com o vice-secretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Simões, o bloco já tem acordos de redução de tarifas de importação, a chamada desgravação tarifária. A intenção do governo é antecipar a vigência da tarifa zero.

“São acordos que têm, de um lado, o Mercosul e, do outro, a Colômbia, o Peru e o Chile e existem acordos entre eles. A proposta é que, nos acordos que já existem, que foram assinados e estão em vigor – entre Mercosul e Peru, entre Mercosul e Chile e entre Mercosul e Colômbia – antecipar o final do acordo, antecipar a vigência da tarifa zero. Hoje, conforme o que foi assinado, a tarifa zero viria no final de 2019. Nós propomos antecipar para o final deste ano,” explicou o embaixador.

##RECOMENDA##

Caso os países do Mercosul concordem com a proposta, o passo seguinte será realizar uma reunião do bloco com cada um dos três países. Essa proposta, que já foi discutida anteriormente, voltará à pauta nesta reunião, disse Simões. "O Brasil levantou esses pontos e os três países já manifestaram o desejo de trabalhar na liberalização do comércio. É claro que vamos ver como fica isso para os demais países do Mercosul e depois para os demais países com os quais queremos trabalhar.”

Colômbia Peru e Chile integram a Aliança do Pacífico, bloco comercial que inclui ainda o México e a Costa Rica. A proposta é realizar uma reunião com a Aliança do Pacífico antes de dezembro. O Mercosul tem também acordos de liberalização comercial com a Bolívia e o Equador. 

Segundo o embaixador, o interesse do Brasil em antecipar a redução das tarifas explica-se pelo aumento no comércio com os três países e por envolver produtos manufaturados. “De 2002 a 2013, por exemplo, o comércio com a Colômbia aumentou 300%, com o Peru, 389%, e com o Chile, 200%", informou Simões. “É um comércio importante porque envolve produtos manufaturados. Que são de alto valor agregado, que rendem empregos com carteira assinada.”

A 46ª Cúpula do Mercosul também marca o retorno do Paraguai ao bloco regional, do qual o país tinha sido suspenso em 2012. Na época, os outros membros do Mercosul (Argentina, Brasil e Uruguai) questionaram a rapidez com que o Congresso paraguaio destituiu o então presidente Fernando Lugo, que teve apenas duas horas para se defender das acusações de mau desempenho no cargo. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Federico Franco, mas, durante dele, o Paraguai ficou sem voz e sem voto no Mercosul.

Além dos presidentes do Brasil, Dilma Roussef, da Argentina, Cristina Kirchne, do Paraguai, Horacio Cartes, do Uruguai, José Mujica, e da Venezuela, Nicolás Maduro, estará presente o presidente da Bolívia, Evo Morales, cujo país está associado ao bloco e em processo de incorporação como membro pleno.

[@#galeria#@]

No quinto dia de greve dos rodoviários na Região Metropolitana do Recife (RMR), o cenário já é mais tranquilo para os usuários de coletivos. De acordo com a Urbana-PE, sindicato das empresas de transporte de ônibus, 100% dos veículos estão circulando nesta sexta-feira (5), pelo menos nos horários de pico.

##RECOMENDA##

A informação está em harmonia com as repassadas pela Oposição Rodoviária de Verdade CSP Conlutas, que orientou nessa quinta-feira (4), que os motoristas abrissem as portas traseiras para que os passageiros entrassem sem pagar. Segundo o assessor de comunicação do movimento, Sérgio Gaspar, a adesão ao “Tarifa Zero” não foi total. “Não foi homogênea porque as empresas contrataram terceirizados e seguranças para ficar nas paradas”, relatou. No entanto, a oposição deve ter um balanço até o fim da manhã de hoje.

Ainda de acordo com Gaspar, a orientação do movimento ainda é que os motoristas deixem as portas abertas para os usuários de ônibus. Cerca de 100 mil panfletos foram impressos e estão sendo entregues em pontos de movimento, como Praça do Diário e do Derby, Avenida Cruz Cabugá e 13 de Maio, tentando buscar mais união à oposição, tanto por parte dos rodoviários, como pela população. 

Diferente dos outros dias, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) não está bloqueando pontos como o Cais de Santa Rita e vias de acesso para a Avenida Conde da Boa Vista. Eles estão nas extremidades para evitar que os motoristas estacionem os veículos na rua e serão acionados caso precisem fazer alguma intervenção, embora ainda não haja indicação para isso. 

O sindicato patronal não descarta a possibilidade de contratar funcionários se a greve não parar. A assessoria da Urbana-PE afirma que as empresas possuem cadastro de reserva, com pessoas que já passaram por treinamentos, e que algumas delas estão sendo convocadas. Já as demissões, não houve registro oficial.

Com informações de Débora Mirian e Damares Romão

Os rodoviários do Recife e Região Metropolitana, ainda em manifesto por melhores condições de trabalho e salariais, prometeram, na tarde esta quinta-feira (4), liberar a entrada de passageiros nos ônibus, sem custo. Entretanto, no início desta noite, o ato, denominado “Tarifa Zero”, não está sendo feito na Praça do Derby, uma das principais vias de mobilidade do Recife.

De acordo com a repórter do Portal LeiaJá, Nicoly Moreira, os pouquíssimos coletivos que passam para o sentido subúrbio estão com fiscais das empresas de ônibus. Ao chegar às paradas, eles descem e impedem que os passageiros subam de graça.

A maioria dos motoristas e cobradores não está se pronunciando em relação ao procedimento dos fiscais. Já os passageiros reclamam bastante, pedindo que o “Tarifa Zero” seja cumprido. Muitas pessoas resolveram ir para casa andando ou se juntam e dividem o preço de uma corrida de táxi. No sentido subúrbio/centro a quantidade de coletivos é um pouco maior.

 

##RECOMENDA##

Com informações de Nicoly Moreira

Em nota oficial, o Sindicato dos Patrões/Urbana-PE, informou que o procedimento chamado popularmente de “Catraca Livre” é ilegal e não irá aceitar o comportamento dos rodoviários. A CSP- Conlutas anunciou a Tarifa Zero, nesta quinta-feira (5), durante a coletiva de imprensa. O movimento ainda aguarda um posicionamento do governador Eduardo Campos.

A Urbana-PE explicou que tem implementado medidas como a contratação imediata de substitutos para os faltosos, para minimizar os transtornos que a população vem sofrendo, durante o período de paralisação. O sindicato confirmou que aqueles que realizarem o ato do Tarifa Zero - quando comprovada a ação, será punido com demissão por justa causa.

##RECOMENDA##

Segundo a Secretaria de Articulação Social e Regional, informou que o papel do Governo do Estado é apenas acompanhar a negociação salarial mantida entre os representantes dos empregados no transporte rodoviário de passageiros e seus empregadores.

Confira a nota:

"A Urbana-PE tem se empenhado para garantir o restabelecimento do serviço aos usuários do sistema de transporte na RMR diante da continuidade da paralisação de motoristas, cobradores e fiscais em descumprimento à determinação do Tribunal Regional do Trabalho para a volta imediata da categoria após o julgamento do dissídio coletivo. O poder judiciário já se manifestou de forma definitiva, quando determinou a imediata retomada dos serviços.

O sindicato reitera sua preocupação e propósito de minimizar os transtornos para a população que há dias está sendo prejudicada pela paralisação.

E para isso, tem implementado várias medidas, inclusive a contratação imediata de substitutos para os faltosos, convidando os integrantes do cadastro reserva das empresas.

Sobre a informação de que serão transportados passageiros sem cobrança da passagem, a Urbana-PE alerta que esse procedimento é ilegal, não será tolerado e é punível com demissão por justa causa quando for comprovada a ação.”

Em coletiva, realizada no final da manhã desta quinta-feira (4), os representantes do movimento Oposição Rodoviária de Verdade CSP Conlutas, informaram que, a partir da tarde de hoje (4), estarão liberadas as portas do meio e traseira dos coletivos para os passageiros entrarem sem pagar passagem. Essa ação, chamada pelo movimento de "Tarifa Zero", pressiona o Governo do Estado e donos das empresas de ônibus pelas negociações salarial e de condições de trabalhos. 

De acordo com o advogado do Oposição de Verdade, Rafael Baltar, eles estão abertos à discussão e esperam um contato do gestores estaduais e dos patrões. A greve dos motoristas, cobradores e fiscais iniciou na última segunda-feira (1º) em toda a Região Metropolitana do Recife (RMR), e mesmo depois de uma decisão judicial, fixando 7% de aumento, os rodoviários permanecem de braços cruzados.

##RECOMENDA##

Para o líder da oposição, Aldo Lima, essa estratégia pode pressionar o governo a negociar com a categoria. "Acho que a população é injustiçada, paga uma passagem muito alta, tem que andar um bom trecho a pé por conta dos bloqueios da CTTU e Grande Recife. Por esse motivo, eu estou pedindo que toda a categoria venha aderir a esse movimento facilitando o acesso pelas portas traseiras para tentar justificar a injustiça que está sendo feita com toda a população”, relatou. 

Lima afirma que pode haver mudança nas estratégias, mas que a liberação da 100% da frota depende do Grande Recife. "Nosso maior objetivo é tentar fazer juízo às injustiças cometidas por tanto tempo a toda a classe trabalhista como a população que independente do dia de greve sempre vem com carros lotados e condições ruins”, concluiu.

 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta de emenda constitucional (PEC) que inclui o transporte entre os direitos sociais do brasileiro. A PEC é uma das bandeiras do Movimento Passe Livre (MPL), que defende a adoção de tarifa zero no transporte público. A proposta seguirá agora para uma comissão especial antes de chegar ao plenário da Casa.

A proposta foi patrocinada pelo PSB. A autora é a deputada Luiza Erundina (SP) e o relator foi o líder da bancada, Beto Albuquerque (RS). Eles ressaltam que a proposta não institui de imediato a tarifa zero, mas obriga o Estado a elaborar políticas públicas para o setor.

##RECOMENDA##

"Ao passar a ser um direito social o poder público deixa de ser apenas um mero gestor e terá de promover políticas públicas para oferecer um transporte digno para o cidadão", disse Albuquerque. "O cidadão poderá recorrer até a Justiça pedindo o atendimento desse direito", complementa Erundina.

O líder do PSB afirmou que a Câmara deverá realizar um amplo debate em plenário na próxima semana sobre o tema. Sobre a proposta da tarifa zero, Albuquerque ressalvou que é preciso examinar com cuidado a ideia para ver sua viabilidade.

Pela Constituição atual, são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

O Movimento Passe Livre (MPL) afirma ter cerca de 30 mil assinaturas para o projeto de lei proposto pelo grupo para implementar a tarifa zero no transporte público de São Paulo. O projeto, entretanto, poderá parar no Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja aprovado pela Câmara Municipal.

O texto, com 26 artigos, assegura que o transporte seja um direito do cidadão, que pode ser usufruído sem o pagamento de tarifa, cujos custos de operação sejam custeados pelo Fundo Municipal de Transportes. Mas, diferentemente do que circula nas redes sociais, o projeto não é uma defesa da estatização do transporte público. A lei, se for aprovada, permitirá que a Prefeitura contrate empresas para gerenciar e operar a frota de ônibus, desde que as decisões sejam submetidas à administração municipal. A composição dos recursos que iriam para o Fundo Municipal de Transporte também não é descrita pelo MPL no projeto.

##RECOMENDA##

A estudante de Direito Nina Capello, integrante do MPL, afirma que a falta de um indicativo para a origem dos recursos é proposital para tornar a proposta legal. "É só o Executivo que pode propor isso. Senão, o projeto de lei poderia ser inconstitucional", afirma. Mas isso não é consenso. A lei que cria o Fundo Nacional de Moradia Popular, de 2005, foi criada em 2005 usando o mesmo mecanismo adotado pelo MPL e ainda não recebeu questionamentos. Entretanto, a Lei Orgânica do Município (LOM) diz que a gestão de recursos e a criação de órgãos é de competência reservada do prefeito. "O tema é novo e a doutrina, divergente. Não houve decisão do STF. Alguns vão aplicar a literalidade da lei. Em bancas de concursos, a resposta é que não pode a iniciativa popular", diz o advogado Pedro Lenza.

Passageiros

Os passageiros de pelo menos 14 ônibus municipais da capital paulista pagaram mais do que deviam pelo transporte público nesta segunda-feira, 24 - e, em alguns casos, também ganharam um desconto inesperado. Mesmo com a redução da tarifa, alguns passageiros desembolsaram os antigos 3,20 reais em vez de 3 reais. A maior parte dos casos aconteceu com quem pagou a passagem com o cartão do Bilhete Único e em ônibus de linhas da zona oeste. Mas dificuldades também foram relatadas em outras regiões da capital.

"Minha cunhada pegou um ônibus no Terminal Aricanduva, na zona leste, e foram debitados 3,20 reais do cartão dela e de um rapaz que passou depois. Foi aquela confusão, queriam o dinheiro de volta. Mas ninguém devolveu porque não era o cobrador que podia fazer isso", afirmou o autônomo Rafael Felício Franco.

Questionada, a São Paulo Transporte (SPTrans), empresa que gerencia os ônibus na cidade, confirmou que os coletivos da operadora Oak Tree, que atua na zona oeste, estavam com os validadores ainda na tarifa antiga. Os veículos foram recolhidos pela manhã e o erro, corrigido. À tarde, estavam de volta às ruas.

"Reiteramos que nenhum passageiro que teve a cobrança indevida será prejudicado, pois no prazo de 72 horas estaremos creditando a diferença cobrada direto nos cartões de Bilhete Único quando passarem nos validadores", afirmou a SPTrans. O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, também afirmou que haverá a devolução. "Os 20 centavos de diferença serão reembolsados", afirmou.

Outros passageiros de ônibus afirmaram que pagaram menos do que os 3 reais. Uma usuária disse ter sido debitada 2,50 reais num ônibus. No metrô, a reportagem recebeu a informação de que algumas catracas já cobravam o valor reduzido de 3 reais na noite de sábado, 22. Essa era a situação, por exemplo, na Estação Consolação, na Linha 2-Verde. Na Estação Vila Madalena, da mesma linha, na manhã de sexta-feira, 21, o valor de 3 reais já era cobrado. Oficialmente, a alteração do preço só entrou em vigor à zero hora desta segunda-feira. (Nataly Costa, Diego Zanchetta e Caio do Valle)

Em mais uma tentativa de se antecipar ao governo Dilma Rousseff numa medida com forte apelo popular, a bancada do PSB na Câmara dos Deputados decidiu patrocinar a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê a adoção da tarifa zero para todo o transporte público no País. O partido de Eduardo Campos, provável adversário de Dilma em 2014, é favorável à medida, que está na pauta de votação de hoje da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Em carta aberta à presidente, o Movimento Passe Livre (MPL), cujos representantes se reuniram com Dilma ontem, cobra uma posição em relação à PEC, de autoria da ex-prefeita de São Paulo e atual deputada federal Luiza Erundina (PSB).

##RECOMENDA##

A proposta foi apresentada por Erundina em 2011 e distribuída para a CCJ. Contudo, somente em março deste ano é que foi designado um relator para a matéria, o líder do PSB na Casa e entusiasta da candidatura presidencial de Campos, Beto Albuquerque (RS).

O líder socialista apresentou seu parecer, favorável à tramitação da PEC, em 13 de junho, quando os protestos em São Paulo na busca da tarifa zero para o transporte público terminaram em violentos confrontos entre polícia e manifestantes. "O direito ao transporte é chamado de ‘direito-meio’ porque ele influencia e condiciona o acesso aos demais direitos.

Para um cidadão ter acesso à rede pública de saúde, por exemplo, ele precisará utilizar algum meio de transporte. O mesmo se aplica ao acesso à educação, centros culturais e de lazer, liberdade de ir e vir, local de trabalho, e tantos outros direitos que necessitam de deslocamento para serem exercidos", diz o parecer de Albuquerque.

A PEC contou com apoio de 178 deputados federais para ser apresentada - para tramitar são necessárias pelo menos 171 assinaturas de parlamentares. Na lista de apoiadores da proposta estão o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e o deputado federal licenciado e atual secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto.

A PEC de Luiza Erundina é o 32.º item da pauta da CCJ de amanhã. Se aprovada, ainda terá um longo caminho a percorrer. Terá de passar ainda por uma comissão especial, pelo plenário da Casa para, depois, ser remetida ao Senado.

Royalties. Não é a primeira vez que o PSB dá apoio a uma decisão política antes de Dilma. Campos também se antecipou à presidente e sancionou no fim de abril lei estadual que destina os recursos de royalties de petróleo para a educação. Pressionada pelos protestos, Dilma usou a cadeia nacional de rádio e TV na sexta-feira para cobrar a aprovação de um projeto de lei encaminhado ao Congresso em 2 de abril com idêntica finalidade.

Os protestos nas ruas do País, que incluem de manifestações por tarifa zero a queixas contra a Copa-14, chamaram a atenção da mídia internacional. Com foco na discussão política e econômica, há uma clara dúvida sobre a motivação dos participantes.

"Dilma ya tiene sus indignados", destacou o jornal espanhol El País. A análise de Juan Arias assinala que não se trata de uma marcha contra a corrupção política ou a impunidade, mas de uma nova forma de manifestação. O diário espanhol procura medir "o risco de aumentar uma tarifa em 20 centavos" e levanta a hipótese de que os protestos tenham relação com a necessidade das pessoas de se tornarem "protagonistas" do crescimento do País, forjando um futuro menos desigual.

##RECOMENDA##

As imagens da manifestação em São Paulo se tornaram um fenômeno. Entre as notícias e imagens internacionais mais compartilhadas do francês Le Monde estavam as do protesto na capital paulista. As cenas de violência policial ganharam os sites e os jornais das grandes redes, como a CNN, e mereceram destaque até em diários políticos, como o inglês Financial Times e o americano The Wall Street Journal. Já a rede BBC destacou uma frase do governador Geraldo Alckmin, ressaltando que a ação dos policiais foi "profissional".

Papa e Copa. Mas a maior parte dos diários, em papel e em suas versões eletrônicas, preferiu não avançar sobre a motivação das manifestações. A maioria destacou, ao lado das imagens de confronto em São Paulo, o protesto contra a tarifa no Rio - sempre citando o fato de que a capital fluminense receberá neste mês a Copa das Confederações da Fifa e, em 2014, a Copa do Mundo.

O Clarín, da Argentina, por exemplo, destacou que São Paulo teve outra noite de "protestos e violência", com mais de 240 detidos e dezenas de feridos. O diário informou que "o governo da presidente Dilma Rousseff ofereceu ajuda à polícia de São Paulo por meio do ministro de Justiça, José Eduardo Cardozo". Por sua vez, o La Nación informou que "a polícia enfrentou com violência milhares de jovens que protestavam contra o aumento das tarifas de transporte, em meio a correria, gás lacrimogêneo, lixo queimado, balas de borracha e uma chuva de pedras".

Já o jornal uruguaio El País publicou em seu site que a cidade de São Paulo viveu uma "batalha campal" em suas ruas. Na internet, o periódico também frisou a proximidade de grandes eventos. "Os protestos ocorrem quando o Brasil se prepara para a visita do papa Francisco, no mês que vem." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando