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Uma história de sobrevivência e tragédia marcou as águas do litoral Sul de Santa Catarina, quando o barco de pesca Safadi Seif virou de cabeça para baixo, no dia 16 de junho, deixando os tripulantes em uma luta pela vida. Deivid Ferreira, um dos sobreviventes, compartilhou os momentos de angústia que viveu em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, no domingo (25).

Cerca de 24 horas após o naufrágio, no dia 17 de junho, cinco dos tripulantes foram resgatados com vida, em um pequeno bote. No entanto, a aflição continuou para três pescadores, que permaneceram perdidos em alto-mar. Após passar mais de 48 horas à deriva, apenas Deivid foi resgatado.

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Conforme o relato dele, o naufrágio foi desencadeado por duas ondas, que viraram o barco violentamente, lançando os dois colegas de equipe, Diego Brito e Alisson Santos, ao mar. "Quando jogou eles, eu já não vi mais. Eu os escutava gritando e fiz questão de pular", contou Deivid.

Ele saltou no mar segurando boias de salvamento, junto dos dois amigos, mas a correnteza implacável os arrastou, deixando-os perdidos no oceano. "De longe dava para ver o claro do barco e, poucos minutos depois, já não vi mais. E daí ficamos à deriva", recorda.

O mar agitado dificultou as buscas, mesmo com o auxílio de um helicóptero. A Marinha enfrentou dificuldades na busca dos homens na vastidão do mar. E com a demora para o resgate, Deivid viu o pior acontecer. "Eu perdi o Diego primeiro. Perdi no sábado, amanhecendo para o domingo. Quando foi umas 16h eu perdi o Alisson", lamenta.

Frio, medo e ansiedade para se manter vivo

Os dois tripulantes foram arrastados para longe e, desde então, não foram encontrados. Além do cansaço físico, o esgotamento mental após a perda dos amigos começou a afetar Deivid. "Eu me desesperei e comecei a nadar igual a um desnorteado, sem saber para onde ir", conta.

A derivação continuou e Deivid foi levado a uma distância de 200 quilômetros de Florianópolis. Ao ser despertado por uma onda, ele avistou um helicóptero se aproximando a cerca de 30 metros de altura. "Dei com a mão. Eles passaram por cima de mim e eu pensei: 'será que não viram?' Aí eu dei a segunda vez com a mão e eles vieram", relatou.

O terceiro sargento da Marinha, Denilson da Silva, conta que desceu do helicóptero para o resgate preocupado em retirar Deivid, colocar no cesto rapidamente, mas de forma segura. "A vítima estava debilitada, devido ao tempo prolongado que ficou ali na condição de água muito fria", relata o sargento.

Resgatado, a principal preocupação era a temperatura corporal dele. Deivid foi levado ao hospital, onde está internado sem previsão de alta devido a uma febre que continua sendo investigada. O diretor do hospital, Thiago Tomaz, destacou o pescador precisou ter "muita força física e, especialmente, força mental" para sobreviver às horas em alto-mar.

Um estudante de 13 anos que estava na sala de aula da professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, que ministrava aulas de Ciências quando o ataque começou na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, falou sobre o que viu. "Eu estava falando com ela, a professora estava fazendo chamada", afirma. Elisabeth morreu na manhã desta segunda-feira (27) após ser esfaqueada por um adolescente de 13 anos. Outras quatro pessoas, três professores e um aluno, ficaram feridas, segundo o governo de São Paulo.

Ele conta que, logo no início da manhã, o aluno que cometeu o atentado entrou na sala com uma máscara de caveira e desferiu golpes nas costas da professora. "Parecia que ele estava com uma faca de cozinha, era preta", disse. "Sabe o atentado de Columbine? Ele estava com uma máscara assim", afirmou ele se referindo ao ataque em escola dos Estados Unidos em 1999.

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Apavorados, os alunos saíram correndo para o pátio da escola e tiveram que se esconder pelos cantos, já que o portão estava fechado. "Nesse momento, eu caí e acabei machucando meu pé", afirma o aluno. Ele saiu da escola mancando e com um pé descalçado.

Pais de estudantes ouvidos pela reportagem contam que teriam ocorrido brigas entre alunos na última semana. O autor dos ataques teria sido um dos envolvidos e a professora Elisabeth, vítima do atentado, uma das que separaram os conflitos. O alvo principal do autor do atentado não foi escola nesta segunda, segundo esses relatos.

Faz dez anos nesta sexta-feira (27) que Jessica Montardo Rosado e o irmão Vinicius planejaram comemorar o aniversário de um amigo. Na verdade, a festa já havia ocorrido à tarde, mas como eram jovens, quiseram estender em uma balada. A duas quadras e meia de distância e apesar da fila gigante, a escolhida foi a Boate Kiss, local da tragédia que deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). Poderia ter sido pior se Vinicius, estudante de Educação Física e jogador de rugby, não tivesse conseguido salvar pelo menos 14 pessoas. Ele mesmo, porém, não escapou.

Jessica teve de aprender a lidar com a dor da perda do irmão. Recorreu a yoga, acunpuntura, escreveu sobre traumas nas redes sociais e também aos conselhos de outros parentes de vítimas, que se juntaram nos primeiros anos após o incêndio. "Não tem receita para viver o luto. Cada um vive a dor de uma forma. O que sempre digo para as pessoas é para que se permitam, pois sempre me permiti", diz ela, hoje com 34 anos.

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"(No dia da tragédia) A fila era gigantesca, mas não acontecia só na Kiss. Eu não tinha ideia de que as filas que faziam voltas na quadra, poderiam significar algo. Tenho certeza que ninguém imaginava isso antes da tragédia acontecer", afirma. Do grupo de 20 pessoas que foram à casa noturna para comemorar o aniversário, 11 morreram.

"Eu vi a hora que o Marcelo (de Jesus Santos, da banda Gurizada Fandangueira) colocou a luva, pegou o artefato pirotécnico e na hora do refrão, ergueu as mãos e uma faísca pegou no teto", afirma ela, que até hoje não consegue ouvir a música Amor de Chocolate, do funkeiro Naldo, que tocava na hora em que o fogo começou. Ela relata ter saído "empurrada" pela multidão, que se assustou com a fumaça. Já o irmão ficou dentro do espaço - e depois começou a ajudar outras pessoas na boate.

Logo que saiu da Kiss, Jessica entrou em contato com o pai. Eles e amigos procuraram por Vinicius a madrugada inteira e só no início da manhã descobriram que ele, de apenas 26 anos, havia morrido. "Passei muito mal durante todo o velório. Cuspia e tossia preto. Mas também foi durante aquele momento que soubemos, por capas de jornais, que o Vinícius tinha feito história", afirma ela, sobre a repercussão internacional do caso. "A gente está aqui pra relatar, mas ele que é o herói e a pessoa que fez por merecer todas as homenagens que recebeu até hoje."

Santa Maria também fez questão de preservar a memória do rapaz. O ginásio anexo "B" do Centro Desportivo Municipal Miguel Sevi Viero recebeu o nome do jovem e ele teve seu nome dado ao campeonato da segunda divisão do rugby gaúcho.

Após a perda do irmão, ela diz ter cursado Direito para entender os desdobramentos judiciais do caso. Jessica terminou o curso, mas nunca trabalhou na área e não fala do assunto. Em agosto de 2022, ninguém está preso: a Justiça anulou o júri que condenou quatro pela tragédia (dois sócios da boate, o músico que acendeu o instrumento pirotécnico que deu origem às chamas e o empresário da banda, que comprou o artefato). Recursos tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF).

Imagens se apagaram

Ezequiel Corte Real, 33 anos, multicampeão de fisiculturismo, salvou pelo menos 20 pessoas no dia da tragédia. Também estudante de Educação Física e na época com 23 anos, ele diz que muitas imagens do dia se apagaram - ele teve de buscar ajuda psicológica após o trauma.

O fato de estar na casa noturna naquele dia se deu por acaso. "Estava com alguns amigos no centro dando uma volta, mas não tínhamos intenção de ir em festa", conta. "Um homem passou de carro e disse que estava vendendo os ingressos dele porque tinha desistido de entrar na boate. Decidimos entrar."

Lá dentro, eles ficaram em frente ao palco para curtir o show. Quando a fumaça começou ele acreditou que haveria uma equipe preparada para lidar com isso, mas não foi o que ocorreu. Entre o caixa e a chapelaria do estabelecimento, ele viu duas moças caídas no chão. "Elas estavam sendo pisoteadas por outras pessoas. Só pensei em colocar uma em cada braço e tirar ali de dentro. Conforme eu ia tirando, elas iam desmaiando logo que largava na calçada."

Por sua força e tamanho, Ezequiel conseguia retornar para dentro da casa noturna e erguer pessoas que já estavam desmaiando por conta da fumaça tóxica das espumas usadas para isolamento acústico do local. O universitário ainda salvou mais pessoas, até que uma policial o interrompeu, mostrando que tudo poderia desabar. Foi aí que ele percebeu a quantidade de corpos sob lonas no estacionamento do supermercado próximo à boate. Nas semanas seguintes, ele recebeu a gratidão e a solidariedade dos parentes de quem ele ajudou - mesmo os que não resistiram depois.

"Nesses 10 anos depois, consigo ver que existe um ponto na minha vida em que ressurgi. Além de ter uma nova oportunidade, consigo sentir que a vida vai muito além do que a gente vive aqui", diz o fisiculturista. "Dou mais valor à família, minha mãe, minha avó", afirma.

Steve Bannon, que foi assessor do ex-presidente americano Donald Trump, concordou em testemunhar nas audiências no Congresso sobre o ataque contra o Capitólio, poucos dias antes de ser julgado por desafiar uma intimação do comitê que investiga as ações contra o Congresso, informou a imprensa dos Estados Unidos.

"O senhor Bannon está disposto a, e de fato prefere, testemunhar em sua audiência pública", escreveu o advogado Robert Costello em uma carta com data de sábado (9) ao Comitê do Congresso que investiga os fatos, que foi inicialmente noticiada pelo jornal britânico The Guardian e depois pela imprensa americana.

Bannon está na lista de dezenas de pessoas convocadas para testemunhar sobre o ataque contra o Capitólio em janeiro de 2021, quando uma multidão invadiu o Congresso, estimulada pelas alegações infundadas do ex-presidente Trump de que Joe Biden venceu as eleições de 2020 devido a uma fraude eleitoral.

Os investigadores acreditam que Bannon e outros conselheiros de Trump podem ter informações sobre vínculos entre a Casa Branca e a multidão que invadiu o Capitólio no dia em que a vitória de Biden na eleição seria certificada pelo Legislativo.

Embora naquele momento Bannon não fosse funcionário da Casa Branca ou assessor oficial de Trump, os advogados do ex-assessor já haviam alegado que ele estava protegido pelos privilégio atribuídos à função presidencial e não precisava cooperar com a investigação.

De acordo com a carta, Bannon afirmou ao Comitê da Câmara de Representantes que "as circunstâncias mudaram".

"O presidente Trump decidiu que seria do melhor interesse do povo americano renunciar ao privilégio do Executivo no caso de Stephen K. Bannon, para permitir ao senhor Bannon cumprir a intimação emitida pelo seu Comitê".

Em novembro do ano passado, Bannon se entregou ao FBI para enfrentar acusações de desacato ao Congresso por se recusar a testemunhar sobe o ataque ao Capitólio.

O ataque, que deixou cinco mortos, adiou por várias horas a cerimônia conjunta na qual o Senado e a Câmara de Representantes certificam oficialmente o vencedor da eleição.

A família de Vanessa Gonzaga Noronha viveu horas de angústia naquela manhã de janeiro de 2013 para ter notícias de seu irmão, Odomar Gonzaga Noronha. Ela, sua irmã e seu pai pegaram o ônibus até os hospitais de Santa Maria para ver se o encontravam, já que na noite anterior ele era uma das centenas de pessoas que estavam na boate Kiss quando houve o incêndio que marcou a história do País.

Por volta das 15h daquela tarde, depois de passar pelos hospitais sem encontrar o nome de Odomar nas longas listas de feridos, seguiram rumo ao último local para obter informações sobre as vítimas, o Centro Desportivo Municipal (CDM) da cidade. "Todo mundo que não tinha mais esperança de encontrar seus parentes, descia aquela rua. Eram muitas pessoas em silêncio descendo em direção ao CDM. Era uma descida silenciosa", relembra Vanessa.

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Odomar, então com 27 anos, foi uma das 242 pessoas que morreram na tragédia. Outras 636 ficaram feridas. Desde a última quarta-feira (1°), familiares e sobreviventes acompanham o momento aguardado desde então - o julgamento dos quatro réus que respondem pelo incêndio. "Queremos um pouco de paz, foram oito anos de luta e de perda", desabafa a irmã.

Para Vanessa, foram anos de impotência à espera de uma resposta. "Precisamos disso para acalentar nossos corações, para não deixar que isso torne a acontecer. Podemos ter esperado todo esse tempo, foi doloroso, mas chegamos até aqui", diz.

Para o psiquiatra Vitor Crestani Calegaro, coordenador do ambulatório de Psiquiatria do Centro Integrado de Atendimento às Vítimas de Acidentes, em Santa Maria, o julgamento tem um simbolismo muito importante. "Nesse momento as pessoas estão lidando com a expectativa. Quando tivermos o dado concreto, possibilita que a pessoa lide com o fato. Aí podemos entender isso, do ponto de vista individual e coletivo, e entender como serão as próximas páginas deste livro", resume.

Segundo o psiquiatra, que atende aos sobreviventes do incêndio há oito anos, o julgamento tem, também, um aspecto de encerramento de um ciclo. "Essa história da Kiss está sendo escrita no livro autobiográfico de cada pessoa envolvida. Vai ficar na memória individual tanto quanto na memória coletiva. É um acontecimento que vai ficar na história do País", pontua.

Uma cidade em luto

Vanessa havia acabado de ser aprovada para cursar Jornalismo na universidade, mas depois daquele 27 de janeiro preferiu tirar um tempo das notícias: durante nove meses, não assistia TV, não ouvia rádio e nem visitava o centro da cidade, onde ficava a boate. A cidade, em si, também se transformou, segundo Vanessa. "É bem difícil conversar com alguém em Santa Maria que não saiba de uma pessoa que tenha falecido lá", conta. "Tudo mudou. A forma como a gente vê os nossos modos de lazer, a universidade, nada ficou como era antes".

O cotidiano de Santa Maria, que era alegre e repleto de jovens universitários, deu espaço a um clima de luto coletivo. "Depois poucas pessoas saíam à noite, poucas iam se divertir, as pessoas tinham um aspecto triste. Não era só a gente, parecia que toda a população de Santa Maria tinha perdido um familiar", relembra a jornalista.

A Justiça francesa ordenou, nesta terça-feira (19), que o ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy compareça como testemunha no julgamento de cinco ex-colegas seus pelas dezenas de pesquisas encomendadas pelo Palácio Eliseu durante seu mandato.

O ex-chefe de Estado, que não está sendo julgado graças à sua imunidade presidencial, comunicou ao tribunal administrativo de Paris sua recusa a comparecer, como pedia a associação anticorrupção Anticor.

O tribunal considerou, entretanto, que "o depoimento de Nicolas Sarkozy é efetivamente (...) necessário para estabelecer a verdade" e que poderia "influenciar nos fatos atribuídos aos acusados".

O tribunal "ordenou que este testemunho seja levado a ele pela força pública para ser ouvido em 2 de novembro". Consultado sobre esta decisão, o entorno de Sarkozy rejeitou reagir "no momento".

Já condenado a um ano de prisão em março, e a outro, no final de setembro por outros casos - veredictos dos quais recorreu -, o presidente francês (2007-2012) se recusou, em 2016, a comparecer ao juiz de instrução deste caso.

O escândalo das pesquisas, que começou em 2010, revelou que o Eliseu pagou muitas sondagens de opinião sobre a popularidade do presidente, suas políticas, seus adversários e até sobre sua esposa, Carla Bruni.

Um "vício em pesquisas", denunciou em 2012 o político ambientalista Raymond Avrillier, que obteve documentos da Presidência francesa por meio da Justiça administrativa.

Durante quatro meses, o tribunal deve abordar as suspeitas de favoritismo e de malversação de fundos públicos sobre os contratos fechados pelo Eliseu, sem licitação.

Entre os acusados, estão o historiador e jornalista de extrema direita Patrick Buisson, o ex-secretário-geral da Presidência Claude Guéant e a ex-chefe de gabinete Emmanuelle Mignon.

O ex-diretor da empresa de pesquisas Ipsos, Pierre Giacometti, também está entre os processados, assim como o ex-conselheiro Julien Vaulpré.

O filho de Marco Antônio do Nascimento Silva, Hugo, faleceu de covid em 2020. Emocionado, o depoente disse ter sido doloroso ouvir o presidente Jair Bolsonaro perguntar "e daí" sobre as vítimas da doença. Quando o País ultrapassou a China na quantidade de mortos pelo coronavírus, no ano passado, o chefe do Executivo disse: "E daí? Sou Messias, mas não faço milagres".

Marco relatou ter sofrido com a hostilidade reservada pelo presidente às vítimas da covid. "Eu escutei no fundo do meu coração: 'E daí que seu filho morreu?", disse. "Acho que nós merecíamos um pedido de desculpas da maior autoridade do País", completou.

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O depoente disse ter ouvido a frase de Bolsonaro apenas três dias após a morte de seu filho. Ele também esteve presente na praia de Copacabana em 11 de junho de 2020, dia em que apoiadores do presidente invadiram e hostilizaram um protesto que colocava cruzes na areia em memória das vítimas da doença. "Era muita dor, muita tristeza. Quando vi aquela cena (de um homem derrubando as cruzes), pensei: 'será que esse cara não vê que está pisando na cova do meu filho?"

"Não admito que outros pais achem isso normal, não é normal", disse Marco. "Minha dor não é 'mimimi'".

Para Marco, o início da CPI da Covid foi um alívio. Ele relata ter sido um alento pensar que nem todas as autoridades diriam "e daí" para os óbitos em decorrência da pandemia. "O trabalho feito aqui, senhores senadores, eu tenho um grande agradecimento. Para mim, não importa o partido político dos senhores, o que importa é que meu Hugo não volta mais, mas tenho outros filhos e quatro netinhos".

Com a voz embargada, Márcio narrou os últimos dias de vida de seu filho, quando ele começou a sentir cansaço e falta de ar. Ele disse ter acompanhado Hugo no hospital até o falecimento, e lembrou com pesar do dia em que teve de reconhecer o corpo do filho. "A última vez que o vi, ele estava dentro de um saco".

O depoente criticou a postura do presidente e a demora para a aquisição de vacinas. Segundo ele, o que dói não é apenas o luto, mas o que veio após a morte de Hugo: "o deboche, a irracionalidade das pessoas, inclusive de amigos". "Eu daria a minha vida para o meu filho ter chances de ser vacinado", disse.

O momento mais emocionante do forte depoimento da enfermeira Mayra Pires Lima à CPI da Covid foi quando ela falou sobre os cuidados que teve com a irmã, quando esteve internada em Manaus. Também quando falou sobre os sobrinhos, que ficaram órfãos após o falecimento da mãe.

"Muitas vezes eu assumia a assistência de saúde da minha irmã porque nós tínhamos cinco técnicos de enfermagem para cuidar de 80 pacientes graves", relatou Mayra aos senadores. "Só em Manaus nós temos mais de 80 órfãos da covid. Só na minha família são quatro", disse a enfermeira. "O que está se fazendo por essas crianças e por essas famílias?", questionou Mayra.

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Crianças órfãs

Após o depoimentos da enfermeira Mayra Pires Lima, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), destacou que a comissão pretende criar uma pensão especial para órfãos de vítimas do novo coronavírus. Leia mais aqui.

"Estamos fazendo um projeto aqui para amparar as crianças órfãs", disse o senador.

Em outro momento, o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), detalhou que a proposta de benefício prevista em seu parecer deve ter o valor de um salário mínimo, que a partir do ano que vem passa a ser de R$ 1.192, para os órfãos, cuja renda familiar não permita a sobrevivência até completar 21 anos de idade.

Segundo Mayra, o auxílio seria "essencial", mas "um salário mínimo não resolve muita coisa, mas já vai ajudar", disse.

Apesar de supostamente não terem seus testamentos usados no processo que Johnny Depp está movendo contra o jornal The Sun - por conta de uma matéria de 2018 em que o chamaram de espancador de mulheres -, o jornal BBC conseguiu, nesta quinta-feira, dia 16, as declarações dadas por Winona Ryder e Vanessa Paradis sobre o ator.

As duas prestaram depoimento por meio de uma videochamada, e Winona, que namorou com Depp nos anos 90, afirmou que nunca viu o ator agindo de modo violento ou abusivo com ela e com nenhuma pessoa próxima, e por isso acha difícil acreditar nas acusações de violência doméstica movidas pela ex de Johnny, Amber Heard.

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Winona disse:

- Eu entendo que é importante que eu fale da minha própria experiência, como eu não estava lá durante o casamento dele com Amber, mas, pelo meu ponto de vista, que foi completamente diferente, eu fiquei absolutamente chocada, confusa e chateada quando soube das acusações contra ele. A ideia de que ele é uma pessoa incrivelmente violenta é muito longe do Johnny que conheci e amei. Eu não posso aceitar essas acusações. Ele nunca, nunca foi violento comigo. Ele nunca foi abusivo comigo. Ele nunca foi violento ou abusivo com ninguém que eu tenha visto.

Ela ainda finalizou dizendo:

- Eu honestamente só o conheci como um homem muito bom - incrivelmente amável, extremamente carinhoso e que era muito protetor comigo e com as pessoas que amava, e eu me sentia muito segura com ele. Eu não quero chamar ninguém de mentiroso, mas pela minha experiência com Johnny, é impossível de acreditar que essas acusações horríveis são verdadeiras. Acho extremamente triste, o conhecendo do modo que conheço.

Quem também testemunhou a favor do ator foi Vanessa Paradis, com quem Depp teve um relacionamento de 14 anos - a modelo também é pai dos dois filhos de Johnny, Lily-Rose e Jack. Ela disse, no tribunal:

- Durante todos esses anos, Johnny foi um pai e ser-humano carinhoso, atencioso, generoso e não-violento. Nos sets de filmagem, os atores, diretores e toda a equipe o adoram, porque ele é humilde e respeitoso, assim como um dos melhores atores que conhecemos.

Ela ainda afirmou que as acusações de violência doméstica contra Johnny impactaram negativamente a carreira do ator.

Relação entre Johnny Depp e Amber Heard

Vale dizer que, recentemente, inúmeros relatos bombásticos vêm surgindo sobre o casamento de Johnny com Amber Heard. A ex-assistente dela, por exemplo, falou a favor do ator no tribunal, dizendo que Amber roubou sua história de abuso sexual.

De acordo com o site Just Jared, Kate James, que trabalhou com Amber entre 2012 e 2015, contou que certa vez disse pra Amber que foi estuprada no Brasil décadas atrás. A atriz, então, teria usado esse relato em uma declaração de testemunha contra Depp.

- Ela se referiu diretamente a um estupro violento que me ocorreu há 26 anos e o transformou em sua própria história, disse Kate no tribunal.

- Eu sou uma sobrevivente de violência sexual e é muito, muito sério assumir essa postura, se você não for uma vítima.

Kate também contou aos tribunais sobre um incidente de anos atrás, em que Johnny e Amber foram acusados de contrabandear ilegalmente seus cães para a Austrália. A ex-assistente disse que Amber contrabandeou deliberadamente os cães para a Austrália.

- Como em várias circunstâncias que observei, era como se ela sentisse que estava acima da lei.

Por fim, Kate disse que recebia mensagens de texto incoerentes e abusivas de Amber no meio da noite regularmente.

Outro relato que também chamou a atenção foi o do segurança de Johnny Depp, que disse que Amber deu um soco em Depp durante uma das discussões acaloradas entre eles. Em depoimento no tribunal, de Depp, Sean Bett, disse que houve várias vezes em que Heard deixou ferimentos visíveis no ator. Ele afirmou que um deles ocorreu em 21 de abril de 2016, depois de uma festa no aniversário de Heard.

Nesta ocasião, segundo relatos anteriores no tribunal, ela alega que Depp a atacou porque reclamou que ele chegou atrasado para a festa. Ele nega isso e diz que ela o agrediu, dando um soco durante briga. Bett disse que levou Depp para outra casa após a discussão e tirou uma foto do rosto do ator depois que ele relatou que Heard o havia dado um soco.

Gigiani dos Santos, de 24 anos, é acompanhante de idosos e estava no Badim na noite de quinta-feira para auxiliar Maria Alice Teixeira da Costa, de 76 anos, internada desde segunda-feira, após sofrer três acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Elas estavam no terceiro andar do prédio mais antigo.

Quando Gigiani tentou fugir do incêndio usando os corredores e a escada, o fogo já havia se alastrado e a fumaça dificultava a visão. Mas na janela havia uma "teresa", como é conhecida a corda improvisada com toalhas amarradas umas às outras, e a acompanhante da idosa decidiu descer por ela. Acabou escorregando, quebrou os dois tornozelos e, ainda no chão, mandou mensagem de áudio pelo WhatsApp pedindo ajuda a amigos. "Gente, o hospital (em) que eu estava tomando conta de uma senhora está pegando fogo. Eu tentei pular do terceiro andar e estou toda quebrada no chão no Badim, aqui no Maracanã. Pelo amor de Deus, me ajuda!", clamou.

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A acompanhante de idosos foi socorrida e levada ao hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão (zona norte), onde está internada e será submetida a uma cirurgia. Maria Alice foi uma das 11 vítimas do incêndio.

As outras vítimas do fogo no complexo do Maracanã são Luzia dos Santos Melo, de 88 anos; Virgílio Claudino da Silva, de 66; Ana Almeida do Nascimento, de 95; Irene Freitas, de 83; Berta Gonçalves Berreiros Sousa, de 93; Marlene Menezes Fraga, de 85; Alayde Henrique Barbieri, de 96; Darcy da Rocha Dias, de 88; José Costa de Andrade, de 79 anos; e Ivone Cardoso, cuja idade não foi divulgada.

"Vi a morte"

Maria Costa, de 75 anos, é outra sobrevivente do incêndio. Ela estava internada e, ao constatar a gravidade da situação, decidiu sair de seu quarto em busca do caminho da saída. Maria teve a sorte de conseguir chegar à escadaria que a levou para fora do prédio. "Eu vi a morte. Se eu não levanto, eu não estava viva agora. Chegou uma hora (em) que eu não tive respiração nem voz para gritar. Fui procurando saída, mas não conhecia o hospital para descer uma escada. Aí chegou na frente e eu falei: 'Deus, Jeová'. Achei uma porta, aí eu abri a maçaneta e consegui chegar em uma escada", afirmou à TV Globo a idosa, que agora está internada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Gaffrée Guinle, na Tijuca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os relatos sobre a violência praticada pela facção Guardiões do Estado (GDE), grupo suspeito de organizar a maior chacina já registrada em Fortaleza, já se multiplicavam mesmo antes de homens armados invadirem um forró e matarem 14 pessoas. Na tarde deste domingo (28), o pedreiro Reginaldo Pereira de Oliveira, de 40 anos, contava porque seu filho foi morto pela facção, enquanto tratava da liberação do corpo de um primo, assassinado pouco depois da chacina. Ambos teriam sido mortos pelo GDE.

"Meu filho postou uma foto no Facebook com um cara que era da outra facção. Foi só isso. Aí foram em casa e mataram ele", conta o pai. O filho, Samuel Rodrigues da Costa, de 20 anos, foi executado no dia 15 de dezembro. "Falaram que tinham ido matar ele para roubar. Ele tinha juntado R$ 1 mil, e comprado camisetas. Queria multiplicar o dinheiro. Ele trabalhava em uma transportadora", conta o pai. "Só depois soube dessa foto."

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Pai e filho moravam em Maracanaú, periferia de Fortaleza. O pai conta que, de alguns anos para cá, as pessoas começaram a ouvir falar das facções. Muros começaram a ser pichados com a sigla GDE, e entre os moradores corriam boatos de que eles iriam "dominar tudo".

Samuel, que trabalhava, não tinha ligação com facções. Mas um de seus amigos, sim. Era identificado pelos vizinhos como integrante do Comando Vermelho (CV), a facção fluminense em disputa com o GDE cearense pelo domínio do tráfico na periferia da cidade.

"A coisa fugiu todo do controle. Logo, isso aqui vai virar uma guerra civil", diz Oliveira. "A facção surgiu não tem muito tempo, não. E está crescendo de uma forma terrível. Tem homem feito, de 25, 30 anos, mas tem moleque de 12 anos", conta.

Morte

O primo de Oliveira, Jefferson Silva Costa, foi assassinado no domingo, depois da chacina. Os familiares contam que oito homens entraram na casa e o executaram. Um irmão de Costa, que também estava no imóvel, fugiu por uma janela. O crime ocorreu à 1h30. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou nesta quarta-feira, 20, que soube antes da possibilidade de confronto entre traficantes na favela da Rocinha, na zona sul do Rio. Ele contou que ordenou que a polícia não interviesse, para evitar mortes de inocentes. Mas o conflito deixou três mortos e três feridos e a comunidade se mantém receosa como se vê abaixo no depoimento de Lúcia (nome fíctício).

"Desde a quinta-feira passada a gente foi avisado que a qualquer momento teria confronto. O Nem (o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, preso em Rondônia) mandou recado dizendo que o Rogério (Avelino, o Rogério 157, chefe do tráfico na comunidade) tinha de sair da Rocinha até domingo. Rogério não saiu e disse que o Nem teria de vir da cadeia até o morro, para tirá-lo".

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"No domingo, às 6 horas, começaram os fogos, para avisar que ninguém poderia sair de casa. Umas 9h30 começou o tiro, muito tiro mesmo, correria, pessoas fechando seus comércios rapidamente. A gente em casa, sem luz nem água, sem poder sair. Os PMs nem se mexiam. Os bandidos passavam por eles e gritavam: 'Fiquem quietos que não é com vocês, é entre nós'", disse Lúcia.

"Aqui, tanto bandido quanto policial pega o nosso celular para ver o que tem. O bandido quer saber se tem vídeos com imagens deles. O policial quer ver se estamos ajudando traficante. Os vídeos que filmam da janela e espalham são aterrorizantes: olho arrancado, gente queimada viva, cabeça cortada, pernas espalhadas. São cruéis dos dois lados, estão ali para matar e morrer".

"A vida ficou muito cara na Rocinha por causa do Rogério. O pessoal dele cobra R$ 90 pelo botijão de gás. Eles cobram taxa dos donos de supermercados, da água mineral. E passou a ter roubo, estupro, violência doméstica. A gente não pode reclamar com a polícia, até porque a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) não existe, fica só na rua principal".

"Como mãe, fico muito nervosa. Meu filho menor se treme todo quando tem tiro. Segunda e terça-feira não teve aula, só hoje. Trabalho com o coração apertado, com medo de o mais velho, que cuida dos menores, me ligar para dizer que o tiro voltou. A polícia entra nas casas. Imagina se entram e pegam meus três meninos lá... Tem patrão que não entende, então as pessoas se arriscam a sair, mesmo proibidas, para não serem demitidas. Na segunda-feira, tinha toque de recolher às 17 horas, e meu irmão saiu às 18 horas para o trabalho. Foi obrigado a voltar. Nessas horas, não tem o que fazer."

Dez dias após um adolescente americano ser golpeado até a morte por seus pais e vários membros de uma seita no estado de Nova York, o testemunho do irmão da vítima trouxe algumas respostas para o crime bárbaro.

Lucas Leonard, de 19 anos, morreu em decorrência dos golpes que recebeu durante duas horas na noite de 11 de outubro. Foram presos seus pais, sua meia-irmã e outros três membros da "World Christian Church", uma pequena seita instalada em uma antiga escola de New Hartford, cidade de 22.000 habitantes e 400 Km ao noroeste de Nova York.

Seu irmão de 17 anos, Christopher, que também foi espancado e que precisou ser hospitalizado, relatou na quarta-feira ante a justiça como foi golpeado com um fio elétrico. Com um tom de voz quase inaudível, ele contou que o pastor pediu que os irmãos permanecessem no local depois de um longo culto.

Seus pais, Bruce e Deborah Leonard, de 65 e 59 anos, e sua meia irmã Sarah Ferguson - mãe de quatro filhos - estavam presentes, assim como outros três membros da seita. Os pais foram acusados de homicídio e as outras quatro pessoas de agressão. Todos se declararam inocentes.

O castigo, segundo a testemunha, ocorreu porque os irmãos se recusaram a responder as perguntas sobre o que "haviam feito". O jovem não deu detalhes sobre o que eram reprovados. O chefe da polícia de New Hartford, Michael Inserra, declarou na semana passada que Lucas havia sido morto porque tinha expressado seu desejo de abandonar a seita.

A cidade está de luto por este episódio e várias vozes se levantaram pedindo o desmantelamento desta "igreja" criada na década de 1960.

Parlamentares britânicos disseram nesta segunda-feira que vão interrogar James Murdoch, filho do magnata da mídia Rupert Murdoch, sobre o caso dos grampos telefônicos no extinto tabloide News of the World, pela segunda vez no mês que vem.

James negou ter ciência da escala dos delitos quando pagou cerca de 250 mil libras (US$ 400 mil) a um repórter condenado por escutas ilegais.

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O comitê de Cultura, Mídia e Esportes da Câmara dos Comuns disse que James Murdoch deve testemunhar em 10 de novembro. Rupert Murdoch fechou o News of the World, que tinha 168 anos, em julho após as acusações de que o jornal havia grampeado ilegalmente os correios de voz de celebridades, políticos e até mesmo vítima de crimes em busca de furos jornalísticos.

Pai e filho negaram ter ciência da abrangência dos crimes quando compareceram perante o painel de legisladores também em julho.

Desde então, ex-funcionários do tabloide levantaram dúvidas sobre os testemunhos de Rupert e James. O ex-advogado da empresa, Jonathan Chapman, rejeitou a ideia de que os dois não foram informados pelos subordinados, afirmando que suas declarações continham "sérias imprecisões". As informações são da Associated Press.

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