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O Ministério Público de Contas, que atua no Tribunal de Contas da União (TCU), pediu que a corte aplique multas de até R$ 45 mil e afaste de funções públicas, por cinco a oito anos, o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, o ex-presidente do Banco Central Alexandre Tombini, recém-anunciado representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), e o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio José Lenti Maciel, por irregularidades referentes às "pedaladas fiscais" em 2014.

Em parecer obtido pelo Estado, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira sustenta que no total são 11 os responsáveis pela "gravíssima fraude" que permitiu a expansão de gastos "sem sustentação" e a maquiagem das finanças públicas no governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

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O documento é um dos relatórios técnicos que subsidiarão o julgamento de autoridades da equipe econômica pelas manobras nas contas de 2014, cuja data ainda não foi marcada. As pedaladas consistiram no atraso de repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos custearem despesas de programas sociais e empréstimos subsidiados. Para o TCU, esses atrasos foram operações de crédito ilegais contraídas pela União com as instituições. Em processos distintos, o tribunal ainda avalia as práticas fiscais de 2015, que embasam o processo de impeachment.

O TCU vai apreciar em plenário a conduta de integrantes da gestão Dilma em 2014. Em manifestação anterior, os auditores da corte haviam proposto que cinco pessoas fossem inabilitadas de cargos em comissão ou funções de confiança por cinco a oito anos, entre elas representantes do Tesouro Nacional e os ex-titulares da Fazenda Guido Mantega e Nelson Barbosa. Eles isentaram integrantes do BC e ex-presidentes de bancos. No caso de Dyogo, sugeriram apenas o pagamento de multa.

Agora, o MP de Contas considerou que a lista de responsáveis deve ser ampliada. Além de multas, pediu a inabilitação de Dyogo, Tombini e Maciel. Requereu as mesmas punições também ao ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho; do ex-presidente da Caixa Jorge Fontes Hereda; e do ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine.

O relatório foi enviado ontem ao ministro José Múcio Monteiro, relator do processo, que vai elaborar um voto a ser levado ao plenário no dia do julgamento. O pedido do MP de Contas complica a situação do ministro interino do Planejamento, cuja permanência já não é certa. Ele é investigado na Operação Zelotes, que apura a suposta "venda" de medidas provisórias no governo federal. Está na posição de interino desde o mês passado, quando o titular da pasta, Romero Jucá (PMDB-RR), deixou o cargo com a divulgação de gravações nas quais tramava contra a Operação Lava Jato.

Dyogo era ministro da Fazenda interino no primeiro mandato de Dilma, quando assinou uma das portarias que autorizaram o governo a retardar repasses do Tesouro para o BNDES. Para o procurador no TCU, como consequência dessas portarias, não houve a transferência dos recursos pactuados pelo governo com o banco para subsidiar empréstimos em 2012, 2013 e no primeiro semestre de 2014. No fim daquele ano, o "débito" da União com a instituição financeira era de R$ 21 bilhões. "Trata-se, pois, de clara operação de crédito obtida com abuso do poder de controle da União", classifica.

O procurador sustenta que os ex-presidentes dos bancos públicos "compactuaram com as operações de crédito ilegais contraídas pela União" e não tomaram medidas para que os valores fossem pagos. "Sem sua negligente complacência, jamais as dívidas da União junto aos bancos por eles presididos teriam alcançado as cifras bilionárias acima expostas", escreveu.

Diferentemente dos auditores do TCU, o procurador entendeu que a cúpula do Banco Central contrariou regras internas e maquiou as contas públicas ao deixar de registrar as "pedaladas" como passivos na Dívida Líquida do Setor Público. Para ele, a "omissão" foi peça fundamental na "fraude fiscal perpetrada pelo governo para ampliar o gasto público em ano eleitoral e melhorar artificialmente os resultados primários anteriores a 2015".

"A se entender, por absurdo, que o presidente do BC não tem nenhuma responsabilidade sobre a fidedignidade das estatísticas fiscais e sobre o registro dos passivos da União, estar-se-á chancelando o conveniente argumento de afastamento de suas responsabilidades pela delegação de competências aos seus subordinados. O Brasil seria o único país no mundo em que as autoridades públicas nunca seriam responsáveis por nada de errado, sempre seus subordinados", afirmou Julio Marcelo.

Em nota, o Ministério do Planejamento informou que o único ato questionado pelo TCU ocorreu quando Dyogo substituía o então titular da Fazenda. "Ocorreu em período de interinidade e consistiu na mera republicação de portaria já existente, sem inovar ou acrescentar qualquer conteúdo questionado pelo tribunal. Esperamos que a corte de contas, ao analisar detidamente o caso, não deverá imputar qualquer responsabilidade ao ministro", acrescentou o ministério, em nota.

O Banco Central alegou que os pronunciamentos das áreas técnicas do TCU "opinaram não haver razão para a aplicação de qualquer penalidade às autoridades do BC". "Desse modo, o BC tem convicção de que, ao final, o tribunal considerará a posição unânime de suas áreas técnicas e reconhecerá que não há razão para responsabilizar os gestores desta autarquia", afirmou, em nota. O banco argumentou que o pronunciamento do procurador "é uma manifestação meramente opinativa no processo, baseada no seu livre convencimento, própria de seu papel de acusador, que não necessariamente reflete, com exatidão, as provas dos autos".

Luciano Coutinho disse, em nota, que o pedido do procurador "não procede porque não ocorreu, em nenhuma hipótese, operação de crédito entre o BNDES e a União". "Ademais, todas as pendências foram liquidadas ao final de 2015. Não há fundamento que justifique a solicitação do procurador", afirmou, acrescentando estar traquilo e à disposição para esclarecimentos.

Hereda, procurado por meio de uma assessora, não respondeu o contato do Estado. Bendine não foi localizado. (Fábio Fabrini)

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que dará lugar a Ilan Goldfajn em seu cargo, divulgou nesta terça-feira (17) uma nota de apoio à indicação do economista. De acordo com Tombini, Ilan é um profissional reconhecido, com larga experiência no setor financeiro brasileiro e ampla visão da economia nacional e internacional.

Tombini ressaltou o fato de Ilan já ter passagem pela diretoria colegiada do BC, já que exerceu o cargo de diretor de Política Econômica entre 2000 e 2003, durante a gestão de Armínio Fraga. "Suas qualidades e sua formação o credenciam a uma bem sucedida gestão frente à autoridade monetária brasileira", afirmou.

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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, se afastará do País no período de 12 a 18 de abril, com destino a Washington (Estados Unidos), para participar da reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. A informação está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 11.

Durante a viagem, Tombini, ainda participará da reunião de ministros de Fazenda e de presidentes de Bancos Centrais do G-20, da reunião do Economic Consultative Committee, da reunião de ministros de Fazenda e presidentes de Bancos Centrais dos Brics, do 2016 International Capital Markets and Emerging Markets Roundtable e também de reuniões com investidores.

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O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta quinta-feira, 7, que o País tem desafios de equilíbrio fiscal, mas que a maior dificuldade é construir consenso em torno das políticas para que o Brasil supere os problemas atuais.

"Os desafios no Brasil são conhecidos e não serão superados da noite para o dia. Espero que o conflito político seja resolvido dentro das regras", afirmou o ministro, durante evento sobre macroeconomia, nesta manhã, promovido pelo Itaú Unibanco.

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Barbosa observou ainda que no campo político, há discursos polarizados, "beirando o religioso e messiânico". "Esse momento fiscal e monetário precisa ser feito em bases mais duradoras. Precisamos evitar abordagens simplistas e ideológicas", avaliou.

O compromisso da Fazenda, conforme o ministro, é construir reformas estruturais para resolver os problemas atuais. Ele lembrou também que o governo brasileiro superou o período de presidência imperial e que no passado o orçamento era alterado via medida provisória.

"Reformas estruturais levam tempo para sempre aprovadas e congresso tem grande papel. E também é importante obter consenso político para aprová-las", ressaltou Barbosa. "Vivemos democracia mais avançada, com papel muito importante do Congresso. Democracia demora, mas resolve. Estamos exatamente neste momento", acrescentou.

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, trocou farpas com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O tema do embate foi a Caixa Econômica Federal.

Após pergunta do parlamentar sobre a contabilidade e a taxa de inadimplência na Caixa, Tombini respondeu que não fala sobre instituições específicas, mas que o Banco Central tem equipes voltadas para acompanhar instituições desse porte e que avalia tais instituições constantemente.

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Jereissati então rebateu, insistindo e perguntando se haveria motivo para se preocupar com o banco. Tombini então respondeu que o tema é de responsabilidade do BC, que cuida pessoalmente disso.

O senador também questionou Tombini sobre o eventual risco sistêmico que a Petrobras constitui para o Sistema Financeiro Nacional (SFN), após prejuízo recorde. "Não há dúvida de que ela tem esse caráter sistêmico para o sistema financeiro nacional", disse o presidente do BC.

Serra

Último senador inscrito na audiência pública com Tombini na CAE, José Serra (PSDB-SP) apresentou uma série de questionamentos a Tombini. "Parece que o presidente vê com bons olhos o nosso projeto de fixação de teto de endividamento público", citou. Ele também tocou nos temas redução dos juros e "explosão" do risco Brasil. "Somos, de longe, os campeões de taxas de juros mais elevadas", afirmou o senador.

Juntando política e economia, Serra afirmou não estar dizendo que a saída da presidente Dilma Rousseff resolveria o problema econômico do País. Serra também falou sobre a deterioração fiscal e voltou a criticar o diretor de assuntos internacionais do BC, Tony Volpon, ainda que não tenha citado seu nome. Esta não é a primeira vez que houve um embate entre os dois. "Uma parte da diretoria sabe de economia e outra parte não sabe", alfinetou, de forma indireta, o senador. Volpon está em evento no Japão.

Serra diz que os votos minoritários do Copom (Volpon e Sidnei Marques, que têm mantido posição sobre alta dos juros) são equivocados e que espera uma mudança dessa tendência. Para o senador, a inflação ainda está alta por causa do fator inercial e da indexação da economia brasileira. "O que estou falando é sobre a necessidade de atuar sobre esses fatores, e não só usando juros", argumentou.

O dólar opera com forte alta, em meio à informação de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, pode deixar o governo. Fontes disseram ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) na terça-feira (15) que Tombini sairia do BC, caso se confirmasse o ingresso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo Dilma, acompanhada de mudança na política econômica mais à esquerda.

O ex-presidente chegou nesta quarta-feira (16) ao Palácio do Planalto para um café da manhã com Dilma, do qual deve participar o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e pode anunciar no mesmo dia se aceita ser ministro no atual governo. A presidente já se reuniu com os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Casa Civil, Jaques Wagner.

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O compasso de espera no mercado se justifica ainda pelo julgamento, que ocorre à tarde, dos embargos de declaração do rito do impeachment pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apresentados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), previsto para esta quarta.

Cunha disse que, independentemente da decisão do STF, na quinta-feira (17), haverá eleição para a comissão processante na Casa. Desse modo, Cunha desvia a atenção dele próprio, disse um operador, citando a decisão do ministro Teori Zavascki, de mandar para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o processo na Lava Jato contra Cláudia Cruz e Danielle Dytz, mulher e filha do deputado.

Do lado externo, o clima também é de cautela antes do anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve, que sai às 15 horas, e será seguida de entrevista da presidente da instituição, Janet Yellen, às 15h30. As bolsas internacionais exibem sinais mistos e o dólar oscila com viés de alta frente a moedas principais e divisas emergentes e ligadas a commodities.

Às 9h26, o dólar à vista subia 1,60%, a R$ 3,8212, após tocar na máxima de R$ 3,8264 (+1,73%). O dólar para abril avançava 1,19%, a R$ 3,8330.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negou nesta terça-feira (15) que a crise econômica brasileira seja uma "crise importada". Em reposta a senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ele disse que é preciso avaliar a evolução do quadro internacional, mas também as complexidades do Brasil.

"Precisamos colocar de volta essas métricas fiscais numa trajetória de estabilização e depois de declínio", avaliou. "No quadro econômico, precisamos demonstrar nossas convicções com relação ao tamanho do Estado na economia", acrescentou.

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Tombini voltou a dizer que o BC tem que continuar o trabalho de redução de inflação e fazer com que a alta de preços convirja para meta. O presidente do BC repetiu que a política monetária não busca compensar a sucessão de choques de custos que fizeram a inflação de curto prazo subir, mas sim conter a propagação disso.

Ele respondeu ainda aos senadores que o Banco Central não tem como objetivo estabilizar a relação dívida/PIB, mas sim fazer com que a inflação convirja para a meta. "Ha uma separação entre a função fiscal e a função monetária, e tem que ser assim. A taxa de juro de curto prazo quem deve controlar é o BC, a não ser que se mude o regime", afirmou.

Tombini negou que a autoridade monetária atue no mercado para controlar o câmbio, que é flutuante. Segundo ele, o objetivo da atuação do BC é a estabilidade financeira. "O câmbio tem flutuado ao longo do tempo, tanto na apreciação como na desvalorização. O que temos feito é criar um colchão para que Brasil não fique à mercê das vicissitudes do mercado internacional.

O presidente do BC reafirmou que o Brasil deve continuar o esforço para desindexar a economia e citou o Chile como um país com nível de desindexação elevado no qual a alta de preços está controlada. "Há muita indexação no setor privado, nos preços administrados, transportes, saúde e aluguéis. Mas outros países com maior indexação têm inflação baixa", argumentou.

Vazamento

Tombini respondeu ainda ao senador José Serra (PSDB-SP), que fez críticas a alguns membros do Copom, que teriam "vazado" informações ao mercado financeiro sobre suas atuações no colegiado de forma prévia. "Eu aqui hoje já mandei algumas mensagens importantes para o mercado, para os formadores de preços", argumentou Tombini. "Nossa comunicação não é só por meio da ata ou do Relatório Trimestral de Inflação", acrescentou.

Ele lembrou que recentemente ficou famosa a frase de um integrante do Federal Reserve que atribuiu a mais de 90% o papel da comunicação de um banco central no processo de condução da política monetária. "Toda vez que houver ideia nova, a orientação, a determinação é passar para todos ao mesmo tempo", explicou Tombini, citando que há, inclusive, a recomendação de um paper que possa ser publicado ou acessado por vários agentes ao mesmo tempo.

EUA

O presidente do Banco Central disse que a depreciação do câmbio em 2015 já prepara para a economia brasileira para uma eventual decisão do Fed em elevar os juros dos Estados Unidos amanhã. "O câmbio é a primeira linha de defesa", avaliou.

Segundo ele, o BC está avaliando "no detalhe" a repercussão que a decisão do Fed terá nos mercados nesta quarta-feira, 16. "Está no nosso radar", reforçou. Segundo ele, a comunicação da autoridade monetária dos Estados Unidos será muito importante neste momento, uma vez que o mercado americano não vê um aumento de juros desde 2006.

"O mundo vem de uma crise financeira de grandes proporções, que levou à injeção de muitos estímulos. O início da reversão desses estímulos de liquidez gera impacto de expectativas. Mais do que o cuidado na comunicação das autoridades monetárias, sempre conta nessas horas como os mercados vão reagir", completou.

Volpon

Tombini também evitou entrar na discussão entre Serra e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon. "Não respondo por ninguém individualmente, respondo pela instituição", disse.

Sem citar nominalmente Volpon, Serra fez a Tombini uma série de críticas a um diretor da instituição. "Vossa excelência tem um integrante (na diretoria) que sofre de muita tagarelice e exibicionismo", disse Serra.

Primeiro, o senador botou em xeque a defesa feita em Nova York pelo diretor de se usar as reservas internacionais em relação à dívida líquida como um parâmetro para medir nível de comprometimento do País com a dívida. "O referido diretor é muito falante e pode não ter falado em nome do BC", ressaltou Serra.

O senador também voltou ao episódio em que, durante evento em São Paulo, Volpon afirmou que se houvesse aumento da inflação, o BC atuaria aumentando juros. "Esse mesmo diretor disse que o BC subiria os juros", lembrou. A ofensiva de Serra contra o diretor não é nova. Em artigo no jornal Folha de S. Paulo, ele fez uma coluna com o título "Vuvuzela no Copom?".

Em decorrência desse episódio, Volpon, que passou a integrar oficialmente os quadros do Comitê de Política Monetária (Copom) em abril, preferiu não participar do segundo dia de reuniões do Copom de julho. Com isso, evitou que se alegasse que seu voto teria sido antecipado. Na ocasião, o colegiado decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 14,25% ao ano.

"Estou muito desconfortável com vazamentos de integrantes do Copom com a opinião pública", disse Serra. "Não sei por que essa compulsão de ficar passando recado ao mercado", continuou. O senador disse ainda sempre se perguntar o que está errado nas comunicações do BC e do Copom.

Para Serra, esses integrantes passariam informações ao mercado com algumas indicações que mexem nos ativos e depois as profecias que se autorrealizam. "Se a autoridade monetária tem um erro de comunicação complicado, é melhor reconhecer rapidamente", sugeriu.

O Banco Central (BC) vem tentando salvar o que pode da política monetária, em meio à devastação que essa sofre com o caos político e fiscal. O endurecimento do tom do presidente Alexandre Tombini, em recente pronunciamento, faz parte dessa estratégia.

Outro dos seus elementos foram os recentes relatos, na imprensa, baseados em fontes da equipe econômica, dando conta de que o BC esperava uma surpresa positiva na inflação de preços administrados. Foi um tiro na água em termos de expectativas. Desde meados de novembro, a projeção mediana do mercado para a inflação de administrados em 2016 saltou de 6,9% para 7,35%. Na verdade, já há alguns analistas projetando 8% ou até bem mais. Já as expectativas para o IPCA cheio em 2016 ultrapassaram o teto do intervalo de tolerância da meta (6,5%) em novembro e já estão em 6,7%. Há analistas respeitados trabalhando com projeções em torno de 7% ou mais.

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Nesse cenário, o BC tenta evitar a desancoragem total das expectativas, o que inevitavelmente só pode ser feito com a sinalização de novas altas da Selic. "Eu acho que o BC quer deixar a inflação em 2016 minimamente ancorada, e se dará por contente se conseguir evitar que ela fure o teto ou talvez mesmo que apenas fique abaixo de 7%", diz Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX. Ela, como vários outros profissionais do mercado, espera um ciclo de alta da Selic a se iniciar na próxima reunião em janeiro, que elevaria a taxa básica em torno de 2 pontos porcentuais, podendo ser um pouco mais ou um pouco menos. Há consenso de que isto seria só o suficiente para restabelecer o juro real, em torno de 8%, de quando a Selic atingiu 14,25% no final de julho.

Solange acha que a sorte do BC, nesse cenário, estará quase que inteiramente condicionada a um mínimo de estabilidade política e de avanço na agenda fiscal, que permitam estabilizar o câmbio e evitar novos estirões de depreciação. "Se o real apreciar e o ambiente externo ajudar, até poderiam entrar num ciclo de queda ainda no ano que vem", diz, mas deixando claro que isso é uma mera hipótese, não um cenário provável.

José Júlio Senna, diretor do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, nota que o recente discurso de Tombini teve uma pequena novidade - o fato de o presidente do BC dizer, negando a tese de dominância fiscal, que o desequilíbrio das contas públicas atrapalha, mas o Copom não deixará de agir. "É um fato novo e sugestivo de que o BC considera a hipótese de fazer um ajuste da taxa nominal nos primeiros meses do ano", comenta o economista.

José Márcio Camargo, economista-chefe da gestora Opus, tem uma visão diferente. Prevê que o ciclo de alta da Selic vai ser de 2 a 2,5 pontos porcentuais, mas acha que o BC deveria fazer mais. Quanto à queda da atividade, ele diz que "a única coisa que deveria afetar a decisão do Copom é a inflação - se a inflação está se acelerando, é sinal de que a recessão ainda não foi suficiente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ano de 2016 será mais um exercício desafiador, mas a "fortaleza" das instituições bancárias possibilitará enfrentar e solucionar os desafios presentes, de acordo com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. "2015 foi um ano difícil com grandes desafios na política e economia e as projeções indicam que 2016 será outro ano desafiador", avaliou ele, em discurso, durante almoço de fim de ano da instituição.

Segundo Portugal, o setor bancário se sobressai neste momento como fator de solidez e segurança. Afirmou ainda que o crédito pode ser uma alavanca "muito poderosa" desde que ofertado de forma consciente tanto para melhorar a vida das pessoas como também viabilizar o crescimento das empresas.

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"Diferentemente de outros lugares no mundo, bancos são parte da solução e não do problema", avaliou Portugal, lembrando que o crédito tem crescido em ritmo superior ao do PIB nos últimos anos.

O presidente da Febraban disse ainda que o setor bancário compreende o momento difícil e até mesmo a adoção de medidas que afetam o segmento, como o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) que passou de 15% para 20%.

Portugal afirmou que o Brasil atravessa agora o pior momento da inflação, mas que em 2016 poderá haver uma redução importante do indicador. "A convergência da meta da inflação virá a seguir", resumiu ele, sem citar o prazo para que a meta seja alcançada.

Portugal destacou ainda que o segmento sempre manifestou apoio ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo o presidente da Febraban, Levy com "persistência e inteligência" obteve "êxitos importantes" à frente da pasta, citando, por exemplo, a correção dos preços administrados, entre outros.

Portugal mencionou ainda o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. "Com a administração de Tombini no Banco Central, houve avanços", disse ele.

Para concluir, o presidente da Febraban ressaltou que o mercado está preparado para apoiar a retomada do crescimento do Brasil. "Temos compromisso forte com o futuro do Brasil", afirmou Portugal.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quinta-feira (8) que não lamenta ter aceitado o convite da presidente Dilma Rousseff para ser ministro. "Não é ruim trabalhar para seu país quando você tem um objetivo claro, que é preparar uma economia para passar pelos ajustes e para o caminho do crescimento", disse, ao ser questionado por um jornalista se ele se arrepende de ter ido para Brasília. O ministro fez as declarações em evento durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Lima.

Em outro momento, Levy foi questionado se o Brasil está preparado para enfrentar uma eventual fuga de capital por conta de mudanças que ocorrem na economia mundial. Ele disse que não espera ver fuga de recursos do País neste momento. "Não há razões para saída maior de capital do Brasil neste momento", afirmou, destacando que o Brasil passa por um reequilíbrio este ano. "Se permitirem o ajuste, a economia vai se ajustar", disse.

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Emergentes

Levy também afirmou que o Brasil e os emergentes estão melhor preparados para lidar com os desafios que as mudanças na China e a elevação dos juros nos Estados Unidos devem trazer para a economia mundial. "Estamos de muitas formas preparados para enfrentar estas mudanças."

"As mudanças na China são importantes, mas quando você olha em muitos mercados emergentes, em particular na América Latina, a força da economia está muito diferente agora do que era há 15 anos", disse ele. O ministro afirmou ainda que muitos países emergentes não têm bolhas de ativos, problemas financeiros ou alavancagem financeira excessiva. "Isso nos dá uma condição de lidar com o novo ambiente."

Levy reconheceu que a baixa confiança dos agentes tem tido impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com as pessoas adiando decisões. "O Brasil é uma economia ampla e tem muita flexibilidade para responder às mudanças", disse ele, destacando que a desvalorização do real tem permitido que o setor industrial se recupere.

"Todo mundo que tem um choque real está em recessão", disse Levy, ao ser questionando pelo moderador do evento, o apresentador da CNN, Richard Quest, por que o Brasil está com a economia em forte contração neste momento. "Muitos de nós agora temos colchões em termos de reservas internacionais que podem ser amortecedores como não tínhamos antes", disse o ministro.

O Brasil e outros emergentes, de acordo com Levy, têm procurado avançar na agenda de investimentos estruturais. Ele mencionou que o dinheiro para financiar estes projetos deve vir especialmente do setor privado.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, viajam na quarta-feira (7) para Lima (Peru) para participar da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial e da reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20. A informação está publicada em despacho no Diário Oficial da União.

Tanto Levy quanto Tombini ficarão afastados do País para os eventos até o dia 11 de outubro, próximo domingo. Durante a viagem, Tombini ainda irá proferir palestras e participar de reuniões com investidores.

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O dólar recuou nesta sexta-feira (14) durante praticamente todo o dia ante o real, devolvendo boa parte do avanço visto ontem. Comentários do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre as reservas cambiais e as operações de swap reforçaram entre os investidores a leitura de que a instituição está atenta às cotações e pode, se preciso, atuar para conter a volatilidade.

O dólar à vista de balcão encerrou hoje em baixa de 0,66%, aos R$ 3,4850. Na semana, recuou 0,71% e, no mês, acumula alta de 1,99%. Na máxima vista nesta sexta-feira, na primeira cotação do dia, o dólar marcou R$ 3,510 (+0,06%) e, na mínima, às 11h43, atingiu R$ 3,460 (-1,37%). Da mínima para a máxima, a oscilação foi de -1,42%. O giro à vista era bastante contido, de apenas US$ 328,8 milhões perto das 16 horas. No mercado futuro, o dólar para setembro, que encerra apenas às 18 horas, caía à tarde 1,02%, aos R$ 3,5035.

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Pela manhã, o presidente do BC afirmou durante seminário que, no contexto de recuperação da economia mundial, o Brasil enfrentou desafios, sobretudo com mecanismos de "defesas para o enfrentamento de situações de maior volatilidade". Ele destacou o "significativo volume de reservas internacionais e o uso de instrumentos derivativos, como os swaps cambiais, que têm contribuído para promover a estabilidade financeira no Brasil".

Na visão do mercado financeiro, Tombini reforçou - em um dia de poucas notícias e agenda relativamente tranquila - a ideia de que, se for necessário, o BC tem ferramentas para conter a disparada do dólar. Aliás, desde que elevou no dia 6 para 100% a rolagem dos contratos de swap que vencem em setembro, não têm havido espaço para a disparada do dólar. A moeda sobe em uma sessão, como ontem, mas cai em outra, como hoje.

À tarde, porém, o mercado de câmbio no Brasil ficou mais vazio e o ímpeto de venda de moeda arrefeceu. Mesmo porque, no domingo ocorrem as manifestações com o governo Dilma Rousseff. Mais do que os atos em si, os investidores aguardam para avaliar o tamanho da adesão e as possíveis consequências para os negócios na semana que vem. Na dúvida, melhor não reduzir tanto as posições em dólar.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou neste domingo (18), em um debate no Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre política fiscal, que o Brasil está tomando decisões difíceis e fazendo um ajuste das contas públicas de modo a garantir uma base para o crescimento. "O Brasil está tomando decisões difíceis porque as pessoas confiam. Tivemos que colocar o ajuste fiscal em prática de modo que você tenha uma base sólida para alcançar o crescimento. As pessoas entenderam isso, o Congresso entendeu. Há legitimidade, há transparência", afirmou o ministro.

"Muitos vezes as pessoas pobres pagam um preço alto por um alto déficit - pela inflação ou pela política fiscal", disse o ministro respondendo uma pergunta da plateia sobre os efeitos da política fiscal para os mais pobres. "Ter uma responsabilidade fiscal é muito bom, uma proteção para as pessoas pobres", afirmou.

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Levy afirmou que, no pós-crise financeira de 2008, o Brasil tomou medidas anticíclicas que, em seguida, se esgotaram. "O País mudou para políticas menos acomodatícias", disse durante o debate.

O ministro ressaltou a necessidade de os fundos de pensão investirem mais em ativos reais e não apenas em dívida. E muitos desses ativos reais podem estar no exterior, disse o ministro, ressaltando também o papel do mercado de capitais de mobilizar recursos para financiar a infraestrutura.

Ainda no debate, Levy afirmou que é preciso ter um arcabouço sobre como gastar o dinheiro público e discutir sempre o tema com a sociedade. "É preciso desenvolver métricas para medir os resultados", destacou.

Tombini

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o Brasil está dando continuidade ao fortalecimento do arcabouço de políticas econômicas na preparação para o momento em que os Estados Unidos elevarem os juros. Essa foi uma das mensagens que Tombini deu a investidores e economistas durante os encontros da reunião de primavera do FMI, que terminou neste domingo, de acordo com informações da assessoria de imprensa do BC.

Um dos pontos para o fortalecimento do arcabouço de política econômica é a ancoragem das expectativas de inflação, ressalta o BC. Tombini deixou claro nos encontros que a intenção é que a inflação possa convergir para a meta oficial de 4,5% em dezembro de 2016.

Tombini ficou três dias em Washington e se reuniu nesse período com um conjunto de 150 pessoas, entre investidores estrangeiros e brasileiros e reuniões bilaterais. O último encontro foi neste domingo, com o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner.

Depois de ouvir duras críticas em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reagiu e disse que a "posição firme" da instituição é de que opera com autonomia de fato para decidir sobre os juros. A independência, disse ele, depende de aprovação do Congresso.

Tombini afirmou que não há improvisação em relação à autonomia operacional pelo BC. Com informações técnicas sobre a comunicação oficial do BC, Tombini rebateu os ataques do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) de que o Copom, durante as eleições presidenciais do ano passado, se reuniu para decidir sobre a taxa de juros "monitorado" pelo Palácio do Planalto.

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Caiado acusou o BC de não agir com independência. "O BC passou a ser o elemento ligado à campanha de reeleição da presidente Dilma", criticou Caiado. Para o senador, o BC não está preocupado em resguardar a moeda brasileira da inflação e das taxas de juros.

Em reposta aos ataques do senador de que o Copom não elevou os juros por conta das eleições, o presidente Tombini afirmou que BC "não mudou". "O que mudaram foram as circunstâncias", disse ele. Ele citou a elevação do dólar frente ao real. Por isso, destacou o presidente do BC, a estratégia de política monetária teve que ser ajustada. Para ele, não houve "surpresas" do BC depois das eleições ao elevar a taxa de juros.

Na defesa da ação do Copom durante o período eleitoral, o presidente do BC destacou que a política monetária atua com defasagem de três a quatro trimestres para chegar a sua "força máxima".

"A política monetária opera com defasagem. Não é subir a os juros e cai a inflação", destacou Tombini. O presidente do BC lembrou que o Copom, no período de abril de 2013 a abril de 2104, subiu a taxa Selic em 3,75 pontos porcentuais. "Olhando o prazo de defasagens, o impacto máximo se daria no segundo semestre do ano passado", ponderou .

Na sua avaliação, se o BC não tivesse trabalhado com autonomia operacional, jamais teria subido os juros nesse período, cujos efeitos máximos incidiria justamente nos terceiros e quatro trimestres de 2014, entre o primeiro e segundo turnos das eleições.

Tombini também fez questão de ressaltar que durante a reunião anual do FMI, em outubro do ano passado, fez comentários que foram entendidos pelo mercado financeiro de que o Copom estaria na iminência de naquela época de elevar a taxa de juros. "Isso foi entre o primeiro e segundo turnos", argumentou Tombini.

Depois de criticar Tombini, Caiado foi confrontado pela ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acusou o senador da oposição de falta de educação com Tombini. "Se tem uma coisa que eu sou é educado", rebateu Caiado. Ele disse que não estava ali para ter aula da senadora.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MT) destacou que a contração da inflação não está acontecendo. "A inflação superou o teto da meta mesmo com aumento da taxa de juros, e queria uma explicação sobre isso. Temo pelo desenvolvimento da economia", disse. Ele enfatizou que o ideal é ter os seguintes três itens: juro menor, alta do PIB e inflação controlada. "Mas terminamos 2014 com PIB zero, juro alto e inflação descontrolada, o pior cenário que poderia existir", concluiu. De forma irônica, o senador disse que a atual equipe econômica vai "ajudar muito mais" Tombini no comando do BC.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira, 24, que a economia global continua em recuperação gradual impulsionada pelos Estados Unidos, o que tem contribuindo para a valorização do dólar americano frente a varias moedas.

"O EUA se consolidam como principal motor da economia mundial no momento", afirmou, durante apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Segundo ele, o conjunto de indicadores econômicos daquele País dá suporte para eventual aumento da taxa de juros americana que, "quando ocorrer deverá ser gradual".

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Sobre a economia europeia, Tombini avaliou que os indicadores mais recentes do continente mostram um cenário melhor do que expectativas feitas há alguns meses, mas a situação da Grécia ainda gera preocupação. A China continua trajetória de desaceleração moderada, acrescentou.

"Já as economias emergentes tem apresentado perda de dinamismo, afetadas pelo processo de normalização das condições monetárias nos EUA desde 2013 e a queda no preços das commodities", disse Tombini. "A queda dos preços das commodities é uma nítida tendência desde 2011. Começou com as agrícolas e metálicas, e desde meados de 2014 também no petróleo", completou.

Segundo o presidente do BC, os preços das commodities desses três grupos se retraíram entre 40% e 60% em relação ao pico observado nos últimos anos pós-crise financeira global. "Isso impacta economias emergentes que em geral são exportadoras de commodities", acrescentou.

De acordo com Tombini, assim como a economia mundial se encontra em recuperação desigual, a condução das politicas monetárias também tem sido desigual. "A Europa e o Japão estão ampliando estímulos monetários, o que deve suavizar efeitos da política americana", avaliou.

Para ele, um movimento que chama atenção é fortalecimento do dólar, que tem ocorrido contra varias moedas, alcançando maior patamar nos últimos 12 anos. "O Dólar Index teve valorização de 21% nos últimos 12 meses. A valorização do dólar é global e tem impacto inclusive nos EUA", completou.

Swap

O presidente do BC disse ainda que as condições da atual política da autoridade monetária de realização de operações de swap cambial no montante de US$$ 100 milhões por dia, as chamadas "rações diárias", "não ensejam qualquer necessidade de reversão das posições".

"Temos condições de renovar as operações no curto e médio e prazo. O estoque até o momento já atende a demanda por proteção cambial da economia brasileira", afirmou. Tombini avaliou que o programa de swaps cambiais do BC tem atingido "plenamente" seu objetivo.

"Em funcionamento desde agosto de 2013, o programa tem oferecido proteção contra mudanças abruptas na taxa de câmbio", afirmou. No início, a autoridade monetária ofertava US$ 2 bilhões em contratos de swap por semana.

Segundo ele, monitoramento realizado pelo BC para verificar para onde está canalizada essa proteção cambial mostra que mais de 80% dela está alocada por empresas não financeiras e por investidores não residentes no País. O restante está com instituições financeiras ou fundos de investimentos, relatou.

"O programa tem importante papel no âmbito da estabilidade financeira num momento de normalização das condições monetárias nos EUA e suas repercussões na economia global", disse Tombini. "Os US$ 114 bilhões em contratos de swap até agora correspondem a 30% das reservas internacionais do Pais. Dentro dos parâmetros de risco e retorno, representa também um instrumento de suavização dos efeitos decorrentes dos movimentos de cambio no balanço do Banco Central. Os swaps não representam comprometimento das reservas, uma vez que são liquidados em reais", explicou.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, lamentou por meio de nota o bate-boca travado entre o Banco Central (BC) e o ex-presidente da instituição Afonso Celso Pastore, por causa de críticas à atuação do BC. Tombini "lamentou o episódio" e "reiterou seu respeito pelas opiniões e o trabalho do economista". "Tombini ressalta que ambos, assim como todos os demais dirigentes da instituição, enfrentaram dificuldades e desafios durante suas gestões, mas sempre trabalharam com o objetivo comum em prol da sociedade brasileira", diz a nota.

Durante seminário em Ribeirão Preto na última quinta-feira, 19, Pastore criticou a condução da política monetária pelo BC e a trajetória de alta da inflação. Duas horas depois de os comentários serem noticiados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o BC reagiu de maneira pouco comum: soltou uma nota para criticar a gestão de Pastore à frente do BC entre 1983 e 1985.

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Esta não é a primeira vez que o BC se indispõe com um antigo membro da casa que atua agora no setor privado. Em agosto do ano passado, a instituição moveu uma ação contra o economista Alexandre Schwartsman, que já foi diretor do BC. A queixa-crime ocorreu após duas entrevistas concedidas por Schwartsman sobre a atuação do BC, em que usava expressões como "incompetente", "subserviente" e "frouxo".

Schwartsman recebeu apoio de outros economistas nas redes sociais e o ato do BC acabou fazendo com que fosse iniciado um abaixo-assinado. Em setembro, o BC decidiu não levar o caso adiante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou nesta quarta-feira (18) que o BC trabalha com política monetária que "está e continua vigilante", cujo o objetivo é levar a inflação para a meta de 4,5% no próximo ano. "Há fatores que indicam ser factível a convergência da inflação para o centro (da meta) em 2016. Quero deixar claro nosso compromisso de convergência da inflação à meta", comentou Tombini, em palestra realizada pelo banco Goldman Sachs para executivos financeiros, investidores e clientes do banco.

Tombini apontou que o realinhamento de preços relativos, como administrados e câmbio, provocam uma inflação elevada no começo do ano, mas a autoridade monetária acredita que este movimento deverá ficar "circunscrito" basicamente ao primeiro trimestre. Acrescentou que o governo está adotando amplo conjunto de medidas fiscais e parafiscais que visam a convergência da inflação "no horizonte relevante da política monetária". "Política fiscal consistente contribui para elevar a potência da política monetária", afirmou.

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O presidente do BC avalia que economia está crescendo abaixo do potencial", sob quaisquer formas que possam aferir qual seria o ritmo de expansão do PIB sem causar pressões excessivas sobre a inflação.

Ele fez um relato da visão da instituição sobre a economia global, que na sua avaliação está em processo de recuperação, porém de forma desigual. E mencionou a queda dos preços das commodities, que tem impactado as economias emergentes, ressaltando que, atualmente, os Estados Unidos continuam sendo a locomotiva da economia mundial.

Para Tombini, o que mais chama a atenção no momento é o fortalecimento do dólar americano. "O 'dollar index' valorizou-se 25% nos últimos 12 meses", disse, destacando que a valorização é um fenômeno global.

Sobre a manutenção do programa de swap cambial (operações equivalentes à venda de dólar no mercado futuro), que deveria se encerrar no final deste mês, o presidente do BC afirmou que uma decisão deve sair "nas próximas semanas". Ele destacou que o "programa visa oferecer proteção", para o setor privado, inclusive em momentos de variação do dólar, como ocorreu recentemente. "Estamos tranquilos em relação ao objetivo do programa, que tem tamanho significativo para oferecer proteção", destacou.

O dólar abriu com volatilidade nesta sexta-feira, 19, com o mercado reagindo a declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que na noite de quinta-feira, 18, afirmou em entrevista à Globo News que a valorização do câmbio deve ter um impacto de 5% a 6% na inflação em 12 meses e que as condições do programa de swap cambial em 2015 ainda serão decididas. Enquanto isso, o sinal que vem do exterior é de alta.

Às 9h25, o dólar à vista no balcão subia 0,04%, a R$ 2,6550, enquanto o dólar para janeiro recuava 0,36%, a R$ 2,6590. A moeda norte-americana também avançava ante outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities, como o rand sul-africano (+0,65%), a rupia indiana (+0,51%) e o peso mexicano (+0,13%). O índice ICE Dollar, que pesa a moeda norte-americana ante uma cesta de seis principais rivais, tinha valorização de 0,18%.

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Na noite de ontem, Tombini afirmou que apenas quando passar o período de realinhamento de preços será possível levar a inflação para 4,5%. Ele citou a perspectiva de reajuste de preços administrados na faixa de 6% em 2015 ou "talvez um pouco mais" e que, com o fortalecimento mais recente do dólar, visto "de abril até outubro", o impacto nos preços domésticos corresponde a 5% ou 6% no horizonte de 12 meses. Agora precisamos apertar um pouco mais a política (monetária)", concluiu. O presidente do BC lembrou ainda que o movimento do dólar ante o real reflete o cenário internacional, influenciado, entre outros fatores, pelo crescimento nos EUA e a perspectiva de alta de juros no país.

O IBGE informou na manhã desta sexta-feira, 19, que o IPCA-15 registrou alta de 0,79% em dezembro, após subir 0,38% em novembro, informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado na leitura mensal ficou dentro do intervalo de estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo AE Projeções, que esperavam inflação entre 0,60% e 0,85%, mas acima da mediana, de 0,75%.

Já o desemprego ficou em 4,8% em novembro, interrompendo uma série de recordes firmados nos últimos meses, em que as taxas de desocupação atingiram os menores patamares para cada mês desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em março de 2002.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o "Banco Central manteve a inflação sob controle nos últimos anos, em que pese ventos contrários". Ele ressaltou que, de um lado, a conjuntura internacional foi uma das mais complexas numa perspectiva histórica, "reflexo da crise que emergiu em 2008 e da recidiva verificada em 2011", apontou. De outro lado, destacou, houve a "ocorrência de choques de preços desfavoráveis no âmbito doméstico, a exemplo dos decorrentes de condições climáticas das mais adversas, também numa perspectiva histórica". Os comentários foram feitos durante discurso no almoço de confraternização de fim de ano realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Na avaliação do presidente do BC, nos últimos anos ocorreu "expansão moderada do crédito", mercado que seguiu "evoluindo em ritmo compatível com o nível de atividade econômica. Isso ocorreu, segundo ele, pela colaboração de um sistema financeiro sólido, bem capitalizado, e com índices de inadimplência historicamente reduzidos. "Nesses últimos anos, temos observado expansão moderada do crédito, após uma década de crescimento acentuado, impulsionado pela ascensão social de parcela expressiva da população, pelo processo de inclusão financeira e pelos avanços no mercado de trabalho", comentou.

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De acordo com Tombini, é esperada uma recuperação gradual do nível de atividade no Brasil, com melhora progressiva dos níveis de confiança dos consumidores e empresários. "Devo destacar que, a despeito do crescimento modesto esperado para 2014 e 2015, a perspectiva é de que ocorram mudanças na composição da demanda e da oferta agregadas que favoreçam o crescimento potencial", apontou.

Déficit em transações correntes

Tombini também afirmou que o déficit em transações correntes do Brasil tem sido financiado em boa parte por Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) há vários anos. Na avaliação dele, a redução das cotações mundiais de mercadorias importantes às exportações nacionais tem ajudado na diminuição "do superávit comercial e manutenção do déficit em transações correntes em nível superior a 3,5% do PIB", como ocorreu em 2013. "No entanto, esse déficit corrente, reflexo também da necessária complementação da poupança externa à poupança doméstica, tem sido mais que integralmente financiado pelos investimentos estrangeiros direcionados ao País, em especial os Investimentos Estrangeiros Diretos, que permanecem ingressando em montante significativo, acima dos US$ 60 bilhões por ano, e de forma disseminada entre os diversos setores da economia brasileira", disse.

Na avaliação do presidente do BC, as perspectivas para o setor externo em 2015 "são favoráveis" e se sustentam "na expectativa de maior crescimento global, na depreciação observada do real e na ampliação da produção interna de petróleo". Para ele, esses fatores devem contribuir para o melhor desempenho da balança comercial em 2015. "No próximo ano, o balanço de pagamentos brasileiro permanecerá integralmente financiado pelos fluxos de capitais de longo prazo, principalmente IED."

A alta dos juros nos Estados Unidos, que deve ocorrer em 2015, deve aumentar a volatilidade no mercado financeiro internacional, mas o Brasil está preparado para enfrentar esse movimento com certa tranquilidade, afirmou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em rápida entrevista a jornalistas neste sábado.

O dirigente destacou que a elevação de juros nos EUA, que estão com taxas próximas de zero desde 2008, deve trazer mais volatilidade ao mercado "do que experimentamos no nos últimos 12 meses". "O Brasil tem se preparado para esse movimento, tem regime de câmbio flutuante, acumulou reservas e tem uma política monetária hoje que está em posição diferente do que estava há 12, 14, 18 meses atrás", disse o dirigente. "Temos capacidade de enfrentar esse período de transição com uma certa tranquilidade."

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Além disso, Tombini citou o programa bem sucedido de intervenção do BC no mercado de câmbio por meio de swap. O presidente do BC destacou que o processo de normalização da política monetária nos EUA, é positivo, pois é decorrente da maior economia do mundo crescendo mais rapidamente. "Isso será bom para o comércio internacional."

Sobre a economia brasileira, Tombini frisou que o país apresenta sinais de recuperação. "Foi o caso do terceiro trimestre. Indicadores do Banco Central mostram uma reação moderada neste terceiro trimestre que deve ser a tônica no quarto trimestre", afirmou.

Tombini ressaltou que, apesar do crescimento ter desacelerado nos últimos anos, o País está bem próximo do que seria o pleno emprego. "A receita para crescer, que de fato já está sendo adotada no Brasil é a recuperação dos investimentos, em particular dos investimentos em infraestrutura", afirmou o presidente do BC.

"Olhando pra frente, já estamos fazendo um programa robusto de investimento em infraestrutura, que tem um impacto na produtividade dos diversos segmentos da economia", disse Tombini. "É isso que o Brasil precisa para subir o crescimento potencial." O tema, aliás, foi um dos principais da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da reunião do G-20, grupo formado pelas economias mais ricas do mundo, que termina neste domingo em Washington.

"O crescimento potencial das economias emergentes e avançadas caiu. Nossa agenda está alinhada com esses desafios e naturalmente estas coisas não acontecem rapidamente, mas temos que insistir com essa agenda, porque é ela que vai levar a um maior crescimento não inflacionário no caso do Brasil", disse ele.

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