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O laboratório de virologia de Wuhan, acusado de ter liberado o vírus que causou a pandemia de Covid-19, defendeu suas medidas de segurança em reportagem exibida pela televisão chinesa.

Localizado na cidade onde o vírus apareceu no final do ano passado, o laboratório P4 trabalha com cepas de vírus particularmente perigosas, e há hipóteses que sugerem que esteve na origem da pandemia.

O diretor do Laboratório Nacional de Biossegurança, Yuan Zhiming, rebateu essa ideia em uma reportagem produzida pela televisão estatal CCTV.

"Sem autorização, nenhum mosquito pode entrar no laboratório", disse Yuan na matéria que parece ter sido realizada dentro das instalações, inauguradas em 2017.

"Nenhum dos nossos técnicos de laboratório pode tirar nem uma gota de água, ou um pedaço de papel", assegurou.

Segundo o diretor, "as pessoas que imaginam que poderíamos tirar animais do laboratório para vendê-los, ou que poderiam ter escapado, não têm ideia do nosso funcionamento".

A teoria de maior consenso é que o vírus teria sua origem em um morcego, ou um pangolim, e que depois passou para o Homem.

O provável local de contaminação seria um mercado de Wuhan, onde animais selvagens eram vendidos vivos.

A epidemia já contaminou 12 milhões de pessoas no mundo, com mais de meio milhão de mortes.

Yuan Zhiming considerou "natural" seu laboratório despertar suspeita, porque é o mais próximo do epicentro da epidemia. Ele disse, porém, estar confiante de que "os rumores se dissiparão progressivamente".

"Não houve fuga de patógenos, ou contaminação humana", no laboratório, construído em colaboração com a França, frisou o diretor.

Segundo Yuan, embora pareça que o laboratório seja "uma caixa-preta secreta", na verdade, é "muito aberto e transparente" e espera receber pesquisadores estrangeiros no futuro.

Apesar dos vários pedidos, a AFP não obteve autorização para visitar o laboratório, desde o início da pandemia.

Estados Unidos e Austrália, entre outros países, acusam a China de falta de transparência e pediram uma investigação internacional sobre a origem do vírus.

A Universidade de Barcelona emitiu um comunicado nessa sexta-feira (26), onde alega que o coronavírus pode ter chegado à Espanha muito antes dos primeiros casos de Covid-19 serem confirmados pelo governo chinês, em novembro de 2019. Segundo pesquisadores, traços do vírus foram achados em amostra de esgoto coletadas em março de 2019 na capital da Catalunha. 

A publicação da instituição de ensino divulgou que os pesquisadores analisaram materiais conservados desde de 2018 após identificarem aumento da presença do vírus em águas residuais de acordo com aumento dos casos em 2020, mas nas amostras anteriores a pandemia apenas essa de março de 2019 deu positivo para a presença do vírus mesmo que em menor quantidade. 

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“Todas as amostras foram negativas para a presença de genomas de SARS-CoV-2, exceto em 12 de março de 2019, onde os níveis de SARS-CoV-2 eram muito baixos, mas claramente positivos para PCR e, em mais, usando dois alvos diferentes ", explica o pesquisador Albert Bosch.

O estudo que seguirá em curso em busca de novos resultados tem como interesse ajudar no combate ao vírus. Isso porque apesar de ser um vírus respiratório a presença do SARS-CoV-2 e a identificação do mesmo em esgotos e águas residuais pode ser uma forma de combater um possível novo surto do Covid-19. 

"Barcelona recebe muitos visitantes por motivos turísticos ou profissionais e é mais do que provável que uma situação semelhante tenha ocorrido em outras partes do mundo", diz Albert Bosch que também é presidente da Sociedade Espanhola de Virologia.

A China realizou testes de coronavírus em quase 10 milhões de pessoas em pouco mais de duas semanas em Wuhan, cidade onde começou a pandemia - informaram as autoridades nesta terça-feira (2), acrescentando que foram encontradas apenas algumas poucas centenas de casos positivos.

As autoridades chinesas afirmam terem controlado o vírus em grande parte. Com medo de uma segunda onda de infecções, porém, Wuhan lançou este programa de testagem, após o surgimento de novos casos desde que a cidade reabriu suas portas em abril, passados dois meses de confinamento.

Mais de 9,8 milhões de pessoas fizeram o teste nesta cidade de 11 milhões de habitantes, entre 14 de maio e 1° de junho, disseram as autoridades em coletiva de imprensa. Também afirmaram que os 300 resultados positivos eram de pacientes assintomáticos.

Moradores formaram filas por toda cidade em locais improvisados, instalados em tendas de campanha, estacionamentos, parques e áreas residenciais. Durante esse período, fez-se meio milhão de testes por dia.

As pessoas assintomáticas não parecem ter infectado outras pessoas, afirmou Lu Zuxun, especialista em saúde pública da Universidade de Ciência e Tecnologia de Wuhan, em Huazhong.

O vírus apareceu pela primeira vez em Wuhan, no final do ano passado, mas os casos diminuíram drasticamente desde o pico alcançado em meados de fevereiro.

O número oficial de mortos neste país de 1,4 bilhão de pessoas chegou a 4.634, a maioria em Wuhan, um total muito mais baixo do que em outros países menores.

A confiabilidade dos dados na China tem sido muito questionada, especialmente pelos Estados Unidos, que acusam o governo chinês de não ter compartilhado todas as informações sobre o vírus com a comunidade internacional.

A maratona de testes de coronavírus em Wuhan custou ao governo da cidade cerca de 900 milhões de iuanes (US$ 127 milhões), segundo o vice-prefeito Hu Yabo.

A cidade de Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros casos do novo coronavírus (Sars-CoV-2), proibiu a caça, a venda e o consumo de animais selvagens pelos próximos cinco anos.

Segundo comunicado divulgado na noite desta quarta-feira (20), as novas normas já têm efeito imediato e são estruturadas em 10 pontos principais. A ideia é que com isso seja mais difícil conseguir qualquer tipo de licença para a venda desse tipo de carne.

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Entre as justificativas para a decisão, estão a proteção da fauna selvagem em vias de extinção, a proibição da caça aos animais e o reforço de campanhas educativas e publicitárias sobre a proteção dos bichos. Só serão permitidos os abates dos animais selvagens caso a finalidade seja a "pesquisa científica, o controle da população e o monitoramento de doenças epidemiológicas".

Apesar de ainda não se saber qual animal fez o chamado "salto de espécie" do novo coronavírus, há uma grande suspeita de que a transmissão tenha ocorrido em um mercado público de Wuhan.

    Um estudo recente descartou que o pangolim, um mamífero muito consumido na Ásia, teria sido responsável pela transmissão, mas ainda há suspeitas sobre morcegos ou outros animais selvagens.

Desde fevereiro, a China vem reforçando o controle no consumo de carnes exóticas para tentar diminuir os riscos de uma nova epidemia se instalar.

Da Ansa

Eles fazem fila antes de abrir a boca para a coleta de uma amostra do fundo da garganta: preocupados, após o aparecimento de novos casos de Covid-19, os habitantes de Wuhan se submetem obedientemente a testes em massa.

Apesar da chuva, esperam em tendas médicas instaladas em estacionamentos, parques, ou ao pé de edifícios na metrópole onde o novo coronavírus apareceu no final de 2019.

"É uma maneira de ser responsável em relação aos outros e a você", explica à AFP um homem de 40 anos depois de fazer o teste.

Já testado no início de maio, disse que quis fazer um novo exame porque Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes, foi de longe a mais afetada na China. "Se você tem a oportunidade, por que não fazer?", questiona.

Depois da descoberta da transmissão entre humanos do novo coronavírus, a China decidiu em 23 de janeiro bloquear todas as entradas e saídas de Wuhan - que é um grande centro industrial e estratégico para o transporte.

Os habitantes foram forçados a permanecerem confinados em suas casas. Mais de 3.800 pessoas morreram de Covid-19 em Wuhan, de acordo com o balanço oficial - a grande maioria das mortes registrada na China.

O bloqueio da cidade foi suspenso no início de abril. Desde então, a vida tem voltado ao normal aos poucos. Esse otimismo recebeu um golpe nos últimos dias com o anúncio de seis novos casos, depois de um mês sem qualquer contágio adicional.

Por temer uma segunda onda epidêmica, a prefeitura de Wuhan lançou uma campanha de testes em massa.

Homens, mulheres, crianças e idosos, vestidos com roupas de proteção completas e equipados com viseiras de plástico, chegam a essas tendas médicas onde os profissionais da saúde enfiam um "swab" na garganta.

Alguns continuam ansiosos. "As medidas de segurança lá dentro são muito ruins. As pessoas estão muito próximas umas das outras", reclama uma mulher que não quis se identificar.

"A pessoa que faz o teste lida com muitas pessoas, mas eu não a vi lavar as mãos", diz ela. A China conteve a Covid-19 em grande parte em seu território, mas permanece em alerta.

Porque, além dos seis novos casos de Wuhan, outros focos de infecção apareceram nas últimas semanas no nordeste do país, na fronteira com a Rússia.

Em uma reunião do Partido Comunista nesta quinta-feira, o presidente chinês, Xi Jinping, pediu que "nada seja deixado ao acaso" diante da Covid-19.

"Os resultados duramente conquistados contra a epidemia não podem, em nenhum caso, ser reduzidos a nada", alertou ele, pedindo em particular pelos testes em Wuhan.

Apesar do medo de uma segunda onda, a maioria dos moradores de Wuhan retomou uma vida quase normal. Na quarta-feira à noite, no calçadão ao longo do rio Yangtze, dezenas de pessoas ouviam música tradicional de maneira despreocupada.

Casais mascarados caminhavam ao lado de uma ponte iluminada com enormes caracteres chineses: "Coragem, Wuhan". "É muito bom sair para dançar aqui fora", explica Qiu Jumei, uma camareira de 53 anos. "A atmosfera não era a mesma quando eu dançava sozinha em casa", diz ela.

Considerada berço da pandemia do novo coronavírus, Wuhan planeja realizar testes de detecção em massa na população, no momento em que surgem novos casos que aumentam o medo de um surto de contágio nesta metrópole chinesa - informou a imprensa local nesta terça-feira (12).

Cada um dos 13 distritos desta cidade de 11 milhões de pessoas tem dez dias para preparar os testes, de acordo com uma circular municipal divulgada no site do "The Paper", o centro de notícias de Xangai. A detecção será feita com ácido nucleico, diz a circular.

O prazo estabelecido para testar toda população não está claramente especificado. No domingo e na segunda-feira, a cidade registrou seis novos casos de contágio, os primeiros em mais de um mês. São pessoas idosas que vivem na mesma residência no distrito de Dongxihu.

Em quarentena por mais de dois meses desde o final de janeiro, Wuhan foi gravemente afetada pelo vírus, que infectou quase 83.000 pessoas e causou 4.633 mortes na China, segundo dados oficiais.

Somente em Wuhan, 3.869 pessoas morreram de Covid-19. A quarentena em Wuhan foi suspensa em 8 de abril, após uma drástica queda no número de casos.

Em todo país, a última morte causada pelo novo coronavírus foi registrada em meados de abril. Nesta terça, a China anunciou um único novo caso, de origem estrangeira.

A cidade de Wuhan, onde começou a pandemia do novo coronavírus, voltou a registrar um caso de Covid-19, segundo levantamento divulgado neste domingo (10) pela Comissão de Saúde da Província de Hubei. O paciente está em estado grave, conforme o relatório. É o primeiro novo caso desde 3 de abril, segundo levantamento feito pela rede de TV CNN. A cidade teve 50.334 casos e 3.869 mortes confirmados, conforme a comissão. Ainda segundo a CNN, o paciente mora em um bairro que registrou 20 casos confirmados, e o novo caso está sendo tratado como "infecção comunitária passada".

A China registrou 14 novos casos do novo coronavírus neste domingo, o primeiro aumento de dois dígitos em 10 dias. Onze dos 12 casos por contaminação doméstica ocorreram na província de Jilin, no nordeste, o que levou as autoridades a aumentar o nível de ameaça em um de seus municípios, Shulan, para alto risco, apenas alguns dias depois de rebaixar todas as regiões para baixo risco.

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Autoridades chinesas disseram que o surto de Shulan teve origem em uma mulher de 45 anos que não tinha histórico recente de viagens, mas passou o vírus para o marido, três irmãs e outros membros da família. Os serviços de trem na região foram suspensos.

"O controle e a prevenção de epidemias são um assunto sério e complicado, e as autoridades locais nunca devem ser excessivamente otimistas, cansadas da guerra ou desprevenidas", disse o secretário do Partido Comunista de Jilin, Bayin Chaolu. Jilin também tem fronteira com a Coreia do Norte, que diz não ter casos de covid-19. Com informações da Associated Press.

Os estudantes do último ano das escolas do ensino médio de Wuhan, cidade chinesa onde surgiu a epidemia de Covid-19, retornaram nesta quarta-feira (6) às aulas com medidas que incluem o uso de máscaras, detectores de temperatura e distanciamento social.

Após quatro meses com os colégios fechados, após o feriado do Ano Novo chinês e o confinamento provocado pelo coronavírus, os alunos retornaram com máscaras e foram obrigados a passar por câmeras infravermelhas para detectar uma possível febre.

"Finalmente, a escola voltou", escreveu uma aluna na rede social Weibo. "É a primeira vez que estou muito feliz de voltar às aulas, apesar de ter prova em dois dias", completou.

Os estudantes sentam em mesas individuais separadas por um metro uma da outra, de frente para os professores. As aulas presenciais foram suspensas em janeiro, com a determinação da quarentena em Wuhan e sua província, Hubei, na região central da China.

Como no restante do país, desde então os estudantes tinham aulas on-line.

Em uma demonstração do nervosismo das autoridades locais, a data de retorno das aulas para as demais séries do ensino médio, assim como para os alunos do ensino fundamental e básico, ainda não foi anunciada.

No restante do país, a retomada das aulas também é progressiva, de acordo com as regiões. Nas gigantescas metrópoles de Pequim e Xangai, apenas os estudantes do último ano do ensino médio voltaram às escolas, visando os exames finais, que foram adiados por um mês, até o início de julho.

Os casos declarados de coronavírus registraram queda expressiva na China nas últimas semanas. Nesta quarta-feira foram anunciados apenas dois contágios, ambos de origem estrangeira.

Nas últimas três semanas não foram registradas mortes. O balanço total do país indica 82.883 casos e 4.633 óbitos.

Fotos de casamento, banhos no lago, piqueniques. A vida volta devagar a Wuhan, cidade chinesa onde surgiu a epidemia de Covid-19, embora ainda seja preciso esperar para ver sua recuperação completa.

Após 76 dias isolada do mundo, esta metrópole de 11 milhões de habitantes da região central do país suspendeu seu isolamento em 8 de abril. Pouco a pouco, seus moradores começam a se arriscar fora de casa.

Às margens do lago do Leste, uma jovem com vestido de noiva posa com um largo sorriso ao lado do futuro marido para as lentes de um fotógrafo. Para a ocasião, a noiva retira por alguns instantes sua máscara de proteção.

Em um parque vizinho, um avô nina o neto, adormecido em uma rede. Ao seu lado, várias famílias com barracas e mantas para piquenique aproveitam o sol.

À beira de uma ponte que atravessa o rio Yangtsé, um jovem canta e dança enquanto ouve música e em seguida é acompanhado por alguns pedestres. Mais abaixo, nadadores corajosos entram no rio mais extenso da Ásia, apesar da temperatura baixa.

Cenas que rompem o ambiente fantasmagórico que dominava a cidade desde que foi instaurada a quarentena, no fim de janeiro, assim como com as imagens de locais públicos desertos em todo o mundo por causa da pandemia da COVID-19.

Até mesmo os engarrafamentos voltaram a aparecer em Wuhan. n"Ainda levará tempo, mas estamos em uma boa direção", explicou à AFP Bai Xue, de 24 anos, moradora da cidade. Mas Wuhan não baixa totalmente a guarda.

Embora o número de novos casos de COVID-19 tenha caído a zero na cidade há várias semanas, a população vê com preocupação pessoas assintomáticas e as que vêm do exterior.

Os usuários do metrô, por sua vez, precisam escanear com seus telefones celulares um QR Code para que possam ser localizados caso entrem em contato com alguém doente. As residências continua, verificando entradas e saídas. E barreiras de plástico ainda bloqueiam o acesso a algumas ruas.

Outra preocupação é a atividade econômica. Vendedores de mercado, donos de cafés... Muitos dizem à AFP que o fechamento de Wuhan fez as vendas desabarem e os preços dos aluguéis dispararem.

A prefeitura tenta inverter a tendência e distribuiu vales de compra no valor de 70 milhões de dólares, que os cidadãos podem usar em supermercados, grandes armazéns e restaurantes.

Mas a maioria das lojas de comida continuam fechadas. E as que estão abertas só podem vender para viagem.

"Temos muito poucos clientes", suspira Han, uma mulher de 27 anos, proprietária de um pequeno posto de venda de leite de soja. "As pessoas têm medo dos casos assintomáticos", explica.

O diretor do laboratório da cidade chinesa de Wuhan acusado por parte da imprensa americana de ser a fonte do novo coronavírus negou categoricamente as acusações.

A China é cada vez mais pressionada sobre a forma como administrou a pandemia. O governo dos Estados Unidos está tentando averiguar se o vírus teve origem em um instituto de virologia que possui um laboratório de biossegurança.

Cientistas chineses afirmaram que o vírus provavelmente foi transmitido de um animal para os humanos em um mercado que vendia animais silvestres.

Mas algumas teorias da conspiração afirmam que o germe se propagou a partir do Instituto de Virologia de Wuhan, concretamente no laboratório P4, equipado para administrar vírus perigosos.

"É impossível que este vírus venha de nós", afirmou em uma entrevista à imprensa estatal Yuan Zhiming, diretor do laboratório de Wuhan.

Nenhum funcionário foi infectado, declarou ao canal CGTN. Ele acrescentou que "todo o instituto faz pesquisas em diferentes áreas relacionadas com o coronavírus".

O instituto já rebateu as teorias em fevereiro e afirmou que compartilhou informações sobre o patógeno com a Organização Mundial da Saúde (OMS) no início de janeiro.

Mas durante a última semana, novos rumores surgiram nos Estados Unidos. O secretário de Estado Mike Pompeo afirmou que funcionários do governo americano fazem uma "investigação completa" sobre como o vírus se propagou ao mundo.

"Sabemos claramente que tipo de pesquisa acontece no instituto e como administram vírus e mostras", afirmou Yuan.

Como o laboratório P4 fica em Wuhan, "as pessoas não conseguem evitar fazer associações", lamentou, antes de acusar alguns meios de comunicação de "tentar deliberadamente enganar as pessoas com informações completamente baseadas em especulações, sem provas".

De acordo com o jornal Washington Post, a embaixada dos Estados Unidos em Pequim, após várias visitas de funcionários ao instituto, alertou o governo americano em 2018 sobre as medidas de segurança aparentemente insuficientes em um laboratório que estudava os coronavírus procedentes de morcegos.

As autoridades de Wuhan tentaram inicialmente acobertar o surto e há dúvidas sobre o balanço oficial de infecções porque o governo modificou diversas vezes o sistema de contabilização.

Durante a semana, as autoridades da cidade admitiram erros no registro de mortes e aumentaram o balanço de vítimas fatais em 50%.

Milhares de chineses comemoraram com euforia, nesta quarta-feira (8), o fim de mais de dois meses de confinamento em Wuhan, berço da pandemia de COVID-19, que não cede nos Estados Unidos e na Europa.

Em meio ao aterrador avanço do novo coronavírus, o mundo viu uma luz de esperança com as imagens de milhares de passageiros nas rodoviárias e estações de trem, alguns deles com roupas de proteção completa, em Wuhan, capital do província de Hubei, centro da China.

"Me levantei às quatro hoje. Me sinto muito bem!", comentou Hao Mei, de 39 anos e natural de Enshi, uma cidade 450 quilômetros a oeste de Wuhan, antes de embarcar em um trem para reencontrar seus dois filhos.

Por ter ficado presa em Wuhan no final de janeiro, ela teve de deixar os dois sozinhos por mais de dois meses.

Se a pandemia parece controlada na China, onde surgiu no final de dezembro, continua causando estragos nos Estados Unidos, que registrou um recorde mundial de quase 2.000 mortes nas últimas 24 horas, e na Europa, o continente mais afetado com quase 59.000 mortes e mais de 750.000 casos.

Assustados por esse inimigo invisível e confinados há semanas, os europeus assistem, desamparados, ao colapso de sua economia. Nesse quadro dramático, os governos da UE ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre um plano conjunto para lidar com a catástrofe.

Após uma noite inteira de negociações na terça-feira em Bruxelas, os países do norte continuaram a se opor aos países do sul, que pedem um esforço financeiro sem precedentes.

"Após 16 horas negociando, chegamos perto de um acordo, mas ainda não o alcançamos. Suspendi o Eurogrupo", e continuaremos "amanhã, quinta-feira", escreveu o ministro português e presidente do Eurogrupo, Mario Centeno, em sua conta no Twitter.

- PIBs afundam -

Locomotiva econômica do continente, a Alemanha espera uma contração de quase 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, algo nunca visto em sua história recente, de acordo com a projeção comum dos principais institutos econômicos divulgada nesta quarta-feira.

Para 2020, os institutos calculam uma recessão de 4,2% para a Alemanha, número um pouco menor do que as previsões do governo, e apontam que haverá um crescimento de 5,8% em 2021.

Na França, outra potência econômica do bloco, o PIB caiu 6% no primeiro trimestre deste ano, segundo um cálculo aproximado publicado nesta quarta-feira pelo Banco da França. Este é o pior resultado trimestral para a economia francesa desde 1945.

Cerca de 1,25 bilhão de trabalhadores correm o risco de serem demitidos, ou de terem seus salários cortados, anunciou a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo a organização, trabalhadores em todo mundo podem perder US$ 3,4 trilhões em renda este ano, devido à pandemia.

- Rumo aos 100.000 mortos no mundo -

Nos Estados Unidos, o governo do presidente Donald Trump iniciou novas negociações com o Congresso para liberar US$ 250 bilhões adicionais para salvar empregos em pequenas e médias empresas.

Trump também ameaçou suspender o financiamento de Washington à Organização Mundial da Saúde (OMS), acusando o organismo da ONU de não lidar de forma adequada com a pandemia e de adotar uma atitude tendenciosa, a favor de Pequim.

O estado de Nova York registrou outro recorde de mortes por COVID-19 em 24 horas, com 731 vítimas fatais (5.489 no total), embora o número de hospitalizações pareça estar se estabilizando, conforme seu governador, o democrata Andrew Cuomo.

O mundo está caminhando para o balanço simbólico de 100.000 mortos. A contagem, com base em dados oficiais, está, no entanto, abaixo da realidade, pois muitas pessoas morrem sem terem sido submetidas a testes e longe dos hospitais.

Na Espanha, as más notícias retornaram nesta quarta-feira com 757 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, número que representa o segundo aumento diário consecutivo no país, que agora contabiliza 14.555 óbitos.

Na terça-feira, a França anunciou 1.417 mortes em 24 horas, e o Reino Unido, 793. Ambos ainda estão longe da Itália, com 17.127 mortes, e da Espanha, mas a pandemia continua a avançar, sem trégua.

Na Grã-Bretanha, o primeiro-ministro Boris Johnson iniciou seu terceiro dia em terapia intensiva, onde continua sua luta pessoal contra o coronavírus.

Único líder de uma grande potência com COVID-19, Johnson se encontra com o quadro "estável, tranquilo e de bom humor", relatou o secretário de Estado da Saúde, Edward Argar.

Apesar do aumento das mortes, o número de novas hospitalizações está diminuindo em vários países europeus, alimentando a esperança de que o pico esteja sendo atingido.

"Ainda estamos na fase ascendente, embora esteja desacelerando um pouco", disse o diretor-geral da Saúde da França, Jérôme Salomon.

O braço europeu da OMS considerou, porém, que, apesar de alguns "sinais positivos", é muito cedo para reduzir as medidas de contenção.

"Não é hora de relaxar as medidas. Precisamos dobrar e triplicar nossos esforços coletivos pela eliminação (do vírus) com o apoio de toda sociedade", disse Hans Kluge, em entrevista coletiva virtual a partir de Copenhague.

A OMS Europa convoca "todos os países" a fortalecerem suas medidas em três áreas: proteção dos profissionais da saúde, manter "as pessoas em boa saúde afastadas dos casos suspeitos e prováveis" e comunicação à população.

Após o anúncio da Áustria e da Noruega de que suavizarão suas medidas de contenção, Portugal também espera voltar à normalidade em maio.

Enquanto isso, o Japão decretou estado de emergência para Tóquio e para seis outras regiões do país diante da recente aceleração no número de casos de COVID-19 no território.

Na América Latina, ainda relativamente poupada, foram registradas cerca de 1.400 mortes em mais de 36.000 casos. Mais de um terço deles foi no Brasil, com cerca de 14.000 contaminações e quase 700 mortes.

Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro ordenou a hospitalização de todos os casos no país, onde foram confirmados 166 infectados e sete mortes.

"É uma ordem que eu dou: temos que avançar para a hospitalização (de) 100% de todos os casos, 100%!", frisou, em discurso transmitido pela televisão.

As Nações Unidas distribuíram oito toneladas de suprimentos para combater a pandemia de COVID-19 na região, informou uma de suas agências.

"Está claro que o ambiente não é muito agradável", afirmou uma mulher vestida com capa, máscara, luvas e uma viseira protetora. Apesar da suspensão progressiva do confinamento, várias barreiras de plástico impedem a passagem na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da epidemia de coronavírus.

A cidade de 11 milhões de habitantes foi confinada em 23 de fevereiro para tentar conter a propagação do coronavírus no país mais populoso do planeta.

As restrições estão sendo retiradas pouco a pouco, mas as barreiras de plástico amarelo, ou azul, permanecem - um sinal de que a normalidade ainda não foi recuperada.

Erguidas para canalizar a passagem de pessoas e limitar seu número, as barreiras se tornaram um desafio para muitos habitantes de Wuhan.

Elas medem cerca de 1,8 metro de altura e são altas demais para se passar por cima. Muitos aproveitam quando ninguém está olhando para passar por baixo, ou se esgueirar em qualquer brecha.

Na rua Xangai, um homem consegue se esgueirar pela estreita abertura entre a fachada de um prédio e uma barreira. Do outro lado, uma mulher com uma sacola cheia de compras o ajuda a passar, levantando um pedaço de plástico em sua direção.

Os guardas sentados perto observam o que acontece sem reagir.

De quatro, um homem de meia idade rasteja sob a barreira, enquanto uma mulher do outro lado, que carrega uma sacola com verduras, ajuda a levantar a barreira para que ele possa passar.

Na hora do almoço, um grupo de entregadores de comida aguarda em suas motos estacionadas diante de uma pequena abertura em uma fileira de barreiras.

Logo, a mão de um funcionário de restaurante aparece pela abertura e vai entregando os pedidos a cada um deles.

"Não é muito prático. Não sei quando as coisas vão melhorar", lamenta um dos entregadores.

Com o surto sob controle, as restrições foram retiradas em Wuhan para permitir que as pessoas retornassem à cidade, mas em muitos bairros residenciais ninguém poderá sair até 8 de abril.

Em uma esquina, Wang, a mulher protegida contra o coronavírus, continua sua conversa com um amigo que está do outro lado da barreira. Ela as considera um mal menor.

"Acho que deveriam permanecer por certo tempo, porque ainda não é muito seguro", afirmou.

A cidade chinesa de Wuhan (centro), foco da epidemia de COVID-19, vai acabar com as restrições de deslocamentos em 8 de abril, depois de mais de dois meses de confinamento, anunciaram as autoridades nesta terça-feira.

A medida será aplicada ao restante da província de Hubei a partir de quarta-feira 25 de março. A princípio, apenas os moradores considerados saudáveis poderão fazer deslocamentos de maneira livre.

Esta região, com 56 milhões de habitantes, foi colocada em quarentena no fim de janeiro. Mas as restrições foram retiradas de maneira progressiva desde a visita no início do mês do presidente Xi Jinping.

O número de novos casos foi muito pequeno durante as últimas semanas em Hubei, mas nesta terça-feira o ministério da Saúde informou um contágio adicional em Wuhan.

As pessoas que desejam entrar ou sair de Hubei ou Wuhan serão autorizadas desde que apresente um código QR "verde" no smartphone. O código é emitido pelas autoridades e certifica que a pessoa não está infectada com o novo coronavírus.

As escolas permanecem fechadas na província. A nível nacional, a China informou nesta terça-feira 78 novos casos de COVID-19, 74 deles de pessoas que chegaram ao país do exterior, o que provoca o temor de uma nova onda de infecções.

Também foram registradas sete mortes, todas em Wuhan, de acordo com o ministério da Saúde. O país já registrou 427 casos importados. Quase todas as novas infecções em território chinês nos últimos dias são de pessoas que retornam ou procedem do exterior, no momento em que a epidemia parecia estar sob controle no país.

Muitas cidades adotaram regras estritas para colocar os recém-chegados em quarentena, como Pequim. Desde segunda-feira, todos os voos internacionais com destino a Pequim devem fazer uma escala em outro aeroporto chinês, onde os passageiros são submetidos a exames médicos.

As autoridades de Pequim anunciaram nesta terça-feira que qualquer pessoa que chegar à cidade será submetida a um exame de detecção biológica a partir de quarta-feira.

Com mais de 80.000 casos e 3.277 mortes registradas oficialmente, a China é o segundo país mais afetado do mundo pelo novo coronavírus, depois da Itália.

Os habitantes da cidade chinesa de Wuhan (centro), onde o novo coronavírus foi identificado em dezembro, estão sendo autorizados a voltar ao trabalho, enquanto o transporte público é retomado após dois meses de confinamento.

Esse levantamento das restrições ocorre depois que o ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira que nenhum novo caso de contaminação local foi registrado pelo quinto dia consecutivo nesta metrópole de 11 milhões de habitantes.

No entanto, 39 casos importados foram relatados em toda a China. Os moradores de Wuhan que estão em bom estado de saúde vão poder se deslocar dentro da cidade e pegar um ônibus ou metrô depois de apresentar sua identidade, explicaram as autoridades.

Também vão poder retornar aos seus locais de trabalho se tiverem uma licença emitida pelo empregador e estiverem autorizados a deixar Wuhan para viajar para outras partes da província de Hubei, da qual faz parte, se forem declarados negativos para os testes de Covid-19 e portarem um atestado médico.

A disseminação do coronavírus nesta metrópole provocou sua quarentena em 23 de janeiro. Quase todas as outras cidades de Hubei aplicaram as mesmas medidas. Até agora, a população estava proibida de sair dos limites do município de sua residência.

Embora o ministério da Saúde chinês tenha anunciado nesta segunda outras nove mortes adicionais na China - todas em Wuhan -, o número de contaminações caiu muito claramente nas últimas semanas. A maioria dos casos agora é de pessoas que chegam do exterior.

Com um total de 81.093 casos e 3.270 mortes registradas oficialmente, a China é hoje o segundo país mais afetado no mundo pela pandemia, depois da Itália.

O exemplo de Wuhan, epicentro da epidemia de coronavírus na China, onde nenhum caso de origem local foi registrado desde quinta-feira, é uma "esperança" para o mundo, disse nesta sexta-feira o diretor-geral da OMS.

"Ontem, Wuhan não registrou novos casos pela primeira vez desde o surgimento da epidemia", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus em uma coletiva de imprensa online de Genebra.

"Wuhan dá esperança ao resto do mundo, mostrando que mesmo a situação mais grave é reversível", acrescentou.

Pelo segundo dia consecutivo, a China não registrou nenhuma nova contaminação local nesta sexta-feira, embora o número de casos importados tenha atingido um recorde (39).

A Itália paga o preço mais alto e agora está à frente da China, com 41.035 casos e 3.405 mortes.

No total, a pandemia matou pelo menos 10.316 pessoas em todo o mundo desde seu surgimento em dezembro, mais da metade (5.168) na Europa, segundo uma contagem da AFP de fontes oficiais.

Mais de 246.440 casos de infecção foram detectados em 161 países e territórios.

Se a doença Covid-19 é particularmente perigosa para os idosos ou para aqueles com patologias graves, o chefe da OMS alertou os jovens que eles "não são invencíveis", pedindo também que limitem sua vida social para preservar os mais frágeis.

"Hoje tenho uma mensagem para os jovens: vocês não são invencíveis. Esse vírus pode levá-los ao hospital por semanas - e até matá-los", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Mesmo que não fiquem doentes, as escolhas que fazem podem ser uma questão de vida ou morte para outra pessoa", acrescentou.

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O governo da China declarou nesta quinta-feira (12) que o pico da epidemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) foi superado e que a situação no país continua apenas com "níveis muito baixos". De acordo com o porta-voz da Comissão Nacional de Saúde (NHC), Mi Feng, a contaminação de pessoas pelo vírus despencou nas últimas semanas e está centralizada na cidade de Wuhan, na província de Hubei, epicentro da epidemia.

Nas últimas 24 horas, foram contabilizados 15 novos casos, sendo que seis deles são importados, e 11 mortes - das quais, 10 foram em Hubei. Mi Feng ainda afirmou que a prioridade absoluta do governo é a cura daqueles que estão sob cuidados médicos, bem como a manutenção dos esforços de prevenção da epidemia. Pouco depois, o primeiro-ministro do país, Li Keqiang, admitiu que o governo não está subestimando os impactos econômicos que a epidemia está causando, mas que fará de tudo para "estabilizar" os empregos.

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No entanto, ressaltou que se houver uma pequena redução no crescimento chinês em 2020 isso "não será de grande importância" se o desemprego não aumentar. Conforme dados do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade John Hopkins, a China registrou 80.932 casos da nova doença, com 3.172 mortes confirmadas (3.056 delas em Hubei).

Da Ansa

As empresas de Wuhan, cidade chinesa onde o novo coronavírus surgiu, foram autorizadas nesta quarta-feira (11) a retomar suas atividades, um novo sinal da progressiva normalização no epicentro da epidemia.

Na terça-feira (10), o presidente Xi Jinping visitou esta cidade de 11 milhões de habitantes. Desde 23 de janeiro, é proibido entrar e sair desta localidade para impedir a propagação da doença.

Na província de Hubei, da qual Wuhan é a capital, muitas cidades também foram confinadas. A medida paralisou a atividade econômica local e as muitas fábricas dessa região industrial.

Agora, as autoridades decidiram tornar as medidas de quarentena mais flexíveis, uma vez que o número diário de novos casos caiu drasticamente. O cenário atual levou Xi Jinping a dizer que a epidemia está "praticamente contida".

Ontem, alguns habitantes da província foram autorizados a se deslocar, se cumprissem determinadas condições.

Também nesta quarta, o governo de Hubei anunciou que as empresas de Wuhan que produzem bens e serviços de primeira necessidade para a população e para os hospitais poderão voltar ao trabalho.

Esta categoria de empresas inclui companhias do setor médico (equipamentos, remédios e material de produção, por exemplo) e serviços públicos (como gás, eletricidade, aquecimento e tratamento de resíduos).

Empresas do setor de alimentos (supermercados, produção de cereais, carne, frutas, vegetais, entre outros), ou de produção agrícola (sementes, fertilizantes, pesticidas, ração animal), também poderão retornar ao trabalho.

As empresas de outros setores não serão autorizadas a retomar suas atividades até 21 de março, informou o governo da província.

A única exceção é para as empresas que têm "grande importância na cadeia produtiva nacional e global", as quais podem retornar ao trabalho, assim que obtiverem uma autorização.

Wuhan é uma cidade industrial onde grupos internacionais estão instalados, principalmente no setor automobilístico.

O grupo PSA francês possui três fábricas, e a Renault, um centro de produção e um centro de pesquisa e desenvolvimento com seu parceiro local, a Dongfeng.

Em um comunicado, a japonesa Honda disse que "alguns funcionários" voltaram para suas fábricas e que "a produção de um pequeno número de veículos" foi retomada nesta quarta-feira.

As mesmas regras se aplicam agora a áreas consideradas de "alto risco" na província de Hubei, onde empresas relacionadas à prevenção da epidemia, bens essenciais e serviços públicos podem voltar ao trabalho.

Nas outras áreas da província consideradas de "risco moderado, ou fraco", há mais empresas autorizadas a retomar suas atividades.

Já o transporte de passageiros por avião, trem, carro, barco e ônibus será "retomado progressivamente" em áreas pouco afetadas, afirmou o governo de Hubei.

Ontem, as autoridades da província já haviam anunciado a suspensão parcial de restrições para o deslocamento dos habitantes, que até agora não podiam deixar suas localidades.

À exceção de Wuhan, a maioria dos moradores agora pode se deslocar dentro de Hubei, desde que estejam saudáveis e não entrem em contato com um paciente confirmado, ou suspeito de contágio.

Esta província concentra a maioria dos casos (84%) e óbitos (96%) causados pelo novo coronavírus na China. O coronavírus contaminou mais de 81.000 pessoas em todo país, deixando mais de 3.100 mortos.

Após um café da manhã festivo de despedida, a Base Aérea de Anápolis já está preparada para a cerimônia que marcará o fim da quarentena de 14 dias para 58 brasileiros que foram resgatados em Wuhan, China, epicentro dos casos de coronavírus no país asiático.

As 58 pessoas que estavam em confinamento desde o dia 9 de fevereiro partirão neste domingo, 23, para suas casas no Brasil, após o resultado negativo para coronavírus obtido após a terceira análise, colhida na sexta-feira, 21, e concluída neste sábado, 22. Os exames foram realizados pelo Laboratório Central do Estado de Goiás e pela a Fundação Oswaldo Cruz.

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O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, participarão da cerimônia de conclusão da Operação Regresso à Pátria Amada Brasil, prevista para as 10h.

A operação trouxe de volta ao País um grupo de 34 brasileiros, entre adultos e crianças, que pediu para deixar a região que se transformou no centro de contaminações. Os repatriados estavam acompanhados por mais 24 tripulantes, entre equipes de voo, médicos e pessoal de comunicação.

Uma das pessoas que está isolada é Caleb Guerra, estudante de Literatura de 28 anos. A pedido do Estado, ele está escrevendo relatos periódicos sobre a experiência na quarentena e a sua própria história de vida em Wuhan, onde estava há nove anos.

Com o fim da quarentena, os resgatados partirão ainda pela manhã em voos da Força Aérea Brasileira (FAB) para suas cidades. Um grupo com 20 deles irá para Brasília, sendo nove repatriados, nove militares, um profissional do Ministério da Saúde e um profissional da EBC.

Dois dos passageiros para Brasília seguirão em voos comerciais para o Maranhão e o Rio Grande do Norte.

Outro grupo de 13 passageiros irá para São Paulo, com 11 repatriados, um militar e uma integrante do Ministério da Saúde. Cinco repatriados serão levados pela FAB para o Paraná, três para Minas Gerais e uma para o Pará.

Apenas um repatriado permanecerá em Anápolis, enquanto onze militares que também ficaram em quarentena irão para o Rio de Janeiro.

Hoje, no Brasil, há apenas um caso suspeito de coronavírus - no Rio de Janeiro - e 52 casos investigados já foram descartados.

Nesse sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada de 599 novos casos de coronavírus, sendo 397 na China. Balanço mais recente também divulgado pela OMS aponta que 2359 morreram em decorrência da infecção e outras 77,7 mil estão infectadas pelo vírus.

O diretor de um hospital da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do novo coronavírus, morreu nesta terça-feira vítima da epidemia COVID-19. Liu Zhiming, diretor do Hospital Wuchang - um dos mais importantes da cidade -, faleceu depois que "fracassaram todos os esforços para salvá-lo", informou a rede de televisão estatal CCTV.

A epidemia de COVID-19, que surgiu em dezembro em Wuhan - capital da província de Hubei -, já matou quase 1.900 pessoas e deixou 72.000 infectados na China continental, a grande maioria nesta região.

Um balanço divulgado na semana passada registrava as mortes de seis profissionais da área da saúde e 1.716 infectados pelo novo coronavírus.

A morte de Liu foi divulgada pela imprensa e por blogs pouco depois da meia-noite, mas a informação foi eliminada e substituída pela notícia de que os médicos ainda tentavam salvá-lo.

Depois que a informação sobre a morte foi negada, o hospital afirmou à AFP que os médicos estavam aplicando um tratamento para salvar a vida de Liu.

A morte de Liu recorda o falecimento do oftalmologista Li Wenliang, que alertou as autoridades no início da epidemia, mas que foi reprimido e acusado pela polícia de espalhar boatos.

A notícia da morte de Li provocou uma forte reação dos chineses contra as autoridades, acusadas pela maneira como administraram a crise e por uma reação demorada ao novo coronavírus.

Na rede social Weibo, muitos chineses lamentaram o falecimento de Liu e compararam a notícia à maneira como a morte de Li foi anunciada.

Nos dois casos, as mortes foram divulgadas inicialmente pela imprensa estatal, mas os textos foram apagados e os óbitos negados, antes da confirmação posterior.

"Todos esqueceram do que aconteceu com Li Wenliang? Tentaram ressuscitá-lo à força depois de sua morte", escreveu um usuário do Weibo.

Outro comentário afirma que Liu "morreu durante a noite, mas algumas pessoas gostam de de torturar cadáveres".

Muitos médicos de Wuhan tratam os pacientes sem máscaras de proteção adequadas ou são obrigados a utilizar diversas vezes o mesmo equipamento, quando deveria trocá-lo com frequência.

Embora alguns estrangeiros tenham conseguido sair de Wuhan, epicentro do novo coronavírus, muitos permanecem bloqueados na cidade chinesa, onde vivem angustiados e reclusos a milhares de quilômetros de suas casas.

"Queremos ir embora", explica Gaurab Pokhrel, estudante de medicina perguntado pela AFP em Hong Kong e que faz parte dos 200 nepaleses que não foram evacuados.

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"Não podemos mais continuar vivendo assim", acrescentou, explicando com os estudantes, chineses e estrangeiros, lotam as poucas lojas que permanecem abertas.

Mais de 60.000 pessoas foram contaminadas na China pelo novo coronavírus, das quais mais de 1.350 morreram.

Há três semanas, quase toda a província de Hubei – cuja capital é Wuhan, onde o novo coronavírus surgiu em dezembro - está de fato em quarentena.

Centenas de estrangeiros conseguiram sair em aviões enviados por seus países. Mas muitos outros, sobre os quais se desconhece a cifra exata, não tiveram tanta sorte e vivem isolados do mundo.

Segundo números da segunda-feira, há na China 27 estrangeiros entre os infectados. Um americano e um japonês morreram.

A pesquisadora paquistanesa Ruqia Shaikh, bloqueada no campus da universidade de Zhongnan, explica à AFP que a maioria dos estudantes está confinada em seus dormitórios, onde passam o dia assistindo à televisão.

A universidade oferece todos os produtos habituais, mas no dobro do preço normal.

"Estamos fartos de comer verduras e arroz cozido. A única atividade física consiste em caminhar no terraço, onde estamos expostos ao risco" de contaminação, acrescenta.

- Iemenitas e sudaneses -

Muitos paquistaneses querem ser repatriados, mas também estão preocupados com o que pode acontecer quando chegarem a seus países.

"Não sabemos como as autoridades vão nos tratar no Paquistão", explica Ruqia Shaikh. "Alguns estudantes que foram embora dizem que os funcionários os trataram muito mal".

O governo do Paquistão informou que quinhentos estudantes paquistaneses estão em Wuhan. Não foi anunciado nenhum plano de evacuação.

Ao contrário de outros países, o Paquistão manteve voos com a China e assegurou que controla se os passageiros têm febre quando chegam.

O Iêmen, por sua vez, não parece ter previsto evacuar seus 115 cidadãos em Wuhan, lamenta Fahd Al Tawili, iemenita de 31 anos em quarentena na universidade chinesa de geociências.

"Todo mundo foi evacuado, menos nós. Restam apenas os sudaneses", afirma. "Quando finalmente nos deixam sair, as poucas lojas abertas estão cheias de gente e temos que esperar muito tempo do lado de fora para não comprar quase nada".

Segundo ele, seu governo não ouve os apelos de repatriação e tampouco mandou a ajuda financeira prometida aos bolsistas.

Outro iemenita de 23 anos, estudante da universidade de ciência e tecnologia de Huazhong, assegura que os estudantes vivem "aterrorizados de ser infectados".

- Um pequeno jardim -

Na semana passada, Bangladesh evacuou 312 pessoas, a maioria estudantes, e quer evacuar outros 171. Mas os pilotos da companhia nacional Biman se recusaram a voar por medo de ser infectados.

"Nenhuma tripulação quer ir. Quem foi uma primeira vez não quer mais voltar", disse no sábado à imprensa o ministro bengalês das Relações Exteriores, AK Abdul Momen.

Seu governo tenta por enquanto sem sucesso organizar um voo com tripulação chinesa.

A França evacuou desde janeiro 279 pessoas em três voos. Um grupo de 30 a 50 franceses permaneceu em Wuhan, depois desta evacuação. Seu cônsul-geral na cidade, Olivier Guyonvarch, disse que alguns querem sair, mas Paris não tem planos de enviar outro avião.

"Não temos como tirá-los daqui", disse Guyonvarch a eles.

Outras pessoas acreditam que, paradoxalmente, ficar em Wuhan talvez seja a melhor forma de evitar o contágio.

É o caso do australiano Edwin Reese, reticente a que sua esposa deixe Wuhan. "Está ali em um pequeno jardim com frutas e verduras. É tudo de que precisa", afirma. "Para que sairia e se exporia? Teria que ser louca para fazê-lo".

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