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Fechada desde 2020, a sede da Cinemateca Brasileira reabre suas portas, nesta sexta-feira (13), em São Paulo, para uma mostra dedicada ao falecido cineasta José Mojica Marins, famoso pelo personagem “Zé do Caixão” (1936-2020). A Cinemateca estava fechada desde agosto de 2020 e, nesse período, enfrentou um incêndio no galpão com o acervo da companhia, na zona oeste da capital paulista. Os ingressos para a mostra são gratuitos e distribuídos ao público uma hora antes das sessões.

 Com sessões nos dias 13, 14 e 15 de maio, a mostra “O Cinema Sem Medo de Mojica” começa nesta sexta-feira com a exibição de um filme inédito do ator de Zé do Caixão. O média-metragem “A Praga” (1980) foi restaurado e finalizado pelo produtor Eugenio Puppo. Ele encontrou as latas do filme perdidas no escritório do cineasta falecido, quando organizava, em 2007, uma retrospectiva de Mojica, que foi o autor do primeiro filme de terror brasileiro: “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1964).  

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“Os filmes do Mojica, neste momento, passam por trabalho de recuperação, sob coordenação do Paulo Sacramento, também parceiro da instituição. A obra foi preservada ao longo de anos, então poder abrir com esse recorte filmográfico e tendo como mote a apresentação do filme que foi resgatado, passando por longo processo de recuperação, tem tudo a ver com este momento da Cinemateca”, afirmou a diretora técnica, Gabriela de Souza Queiroz. Ao longo do final de semana, os filmes “pouco exibidos” de Mojica serão parte da mostra. 

Em novembro de 2021, a Secretaria Especial da Cultura, do Ministério do Turismo, selecionou a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) em edital para celebração de contrato de gestão da instituição. A companhia é responsável pela execução de atividades de guarda, preservação, documentação e difusão do conjunto audiovisual da produção nacional por meio da gestão, operação e manutenção da Cinemateca. A nova diretora do espaço é a professora titular aposentada da Escola de Comunicações e Artes da Universidade São Paulo (USP), Maria Dora Mourão. 

Por Camily Maciel

 

 

 

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) entrou com uma representação, na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, contra o secretário especial da Cultura, Mario Frias, por omissão em relação à Cinemateca Brasileira.

A ação do parlamentar acontece após o incêndio que atingiu o local no dia 29 de julho. Para Túlio, "é clara a inércia da União na condução e gestão dos espaços culturais brasileiros".

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Túlio acentua que o Ministério Público já havia alertado o governo sobre os riscos de incêndio no prédio da Cinemateca em razão da falta de manutenção.

"Mas a União menosprezou os apelos e preferiu continuar verbalizando que a cultura é um instrumento de manipulação ideológica", disse o secretário. Além disso, Túlio acentua que Mario não direcionou esforços para "quantificar os danos do incêndio e iniciar os trabalhos de Cultura de Bolsonaro" e manifestou-se culpando o governo anterior pelo desastre.

O parlamentar ressalta que o governo Bolsonaro está no terceiro ano de mandato. Portanto, já deveria ter agido em prol da preservação do local. O pedetista acredita que o descaso evidencia a prática de ato de improbidade administrativa. A representação requer diligências para propositura de possíveis processos, caso seja comprovada a omissão por parte do secretário de Cultura.

 

O Estado de São Paulo apresentará uma proposta ao governo federal para a transferência da gestão da Cinemateca Brasileira ao governo estadual na segunda-feira, 2. O espaço teve parte do acervo atingido por um incêndio na quinta-feira, 29, em um galpão na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista.

"Poderemos cuidar de tudo, financiar a recuperação da Cinemateca, garantir a sua operacionalidade e, principalmente, os seus valores, da memória cinematográfica brasileira", disse o governador João Doria (PSDB) neste sábado, 31, durante a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa.

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"A Cinemateca há muito tempo já deveria ter sido transferida para a gestão do Município ou do Estado", afirmou. Ele destacou que a ideia é fazer a gestão em parceria com a prefeitura da cidade de São Paulo, o que lembrou ter sido "um sonho" do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), que havia manifestado a intenção de realizar a transferência de gestão no ano passado.

"Temos a experiência aqui (no Museu da Língua Portuguesa) real, de ter vivido uma situação trágica, difícil, de um incêndio que consumiu o interior deste museu. Fizemos a recuperação com o setor privado", emendou. "Aqui, eu posso assegurar, nós cuidamos muito melhor da cultura do que o governo federal."

Segundo ele, o pedido será formalizado pelo secretário estadual da Cultura, Sérgio Sá Leitão, ao Ministério do Turismo, que engloba a Secretaria Especial da Cultura. Pelo menos três salas do 1º andar do galpão da Cinema (duas de filmes históricos e uma de material impresso e documentos) foram consumidas pelo fogo.

Já o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou ter pedido à secretária municipal de Segurança Urbana, Elza Paulina de Souza, para que a Defesa Civil faça vistorias no galpão (na Vila Leopoldina) e na sede da Cinemateca (na Vila Clementino), a fim de identificar possíveis riscos à manutenção dos acervos. "Devo receber o relatório nos próximos dias."

Após o incêndio, a Secretaria Especial da Cultura publicou um edital para seleção de entidade privada sem fins lucrativos para gerir as atividades da Cinemateca pelos próximos cinco anos. A entidade pode ser uma organização social já qualificada ou a ser qualificada, com um contrato que prevê o aporte de R$ 10 milhões anuais.

O contrato de gestão da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), que comandava a Cinemateca, foi finalizado em 31 de dezembro de 2019. Por meio da Secretaria do Audiovisual, o Ministério do Turismo assumiu oficialmente a instituição em novembro do ano passado.

Incêndio era 'crime anunciado', segundo funcionários

Os problemas da atual gestão da Cinemateca Brasileira já eram conhecidos e alertados. No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública contra a União, pelo o que considerava um abandono da instituição cultural e na qual chegou a requerer medidas liminares emergenciais (negadas pela Justiça Federal em primeira instância, mas deferidas parcialmente em dezembro).

Para a Procuradoria, os problemas de infraestrutura enfrentados pelo espaço se deram por conta da "má transição de gestão" de 2019 a 2020. "Encerrou-se o contrato de gestão da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), sem que a União desse continuidade aos trabalhos técnicos internos da Cinemateca, assumindo-os diretamente ou por outro ente gestor. Tal transição está sendo finalmente implementada pela União, dentro de procedimento judicial de conciliação, com prazos e diretrizes estabelecidos por consenso e coordenados pelo juiz da causa", declarou em nota.

Os funcionários da Cinemateca Brasileira também divulgaram um manifesto, no qual chamaram o incêndio de "crime anunciado". Eles também indicaram o possível inventário de perdas de itens do acervo documental, como arquivos de órgãos extintos do audiovisual, como parte do Arquivo Embrafilme (1969-1990), parte do Arquivo do Instituto Nacional do Cinema (1966-1975) e Concine - Conselho Nacional de Cinema (1976-1990), além de documentos de arquivo ainda em processo de incorporação.

Do material audiovisual, estima-se que parte do acervo da distribuidora Pandora Filmes possa ter sido queimada no incêndio. Segundo o documento, uma parcela do acervo já havia sido parcialmente afetada pela enchente do ano passado. E ainda: parte do acervo da ECA/USP e da produção discente em 16mm e 35mm e itens do acervo de vídeo do jornalista Goulart de Andrade, dentre outros.

Equipamentos e mobiliário de cinema, fotografia e processamento laboratorial também estão na lista das perdas. "Além do seu valor museológico, muitos desses objetos eram fundamentais para consertos de equipamentos em uso corrente, pois, para exibir ou mesmo duplicar materiais em película ou vídeo, é necessário maquinário já obsoleto e sem reposição no mercado", explicaram na nota.

Sem lamentar oficialmente a destruição do galpão da Cinemateca Brasileira na noite da última quinta-feira (29), na Zona Oeste de São Paulo, o secretário Especial de Cultura, Mario Frias, colocou a culpa do incêndio no PT. O representante do Governo Federal indicou que já solicitou investigação à Polícia Federal para apurar as causas das chamas.

Em seu perfil no Twitter, o ex-protagonista de Malhação levantou suspeitas sobre uma possível ação criminosa e acusou o PT de abandonar o acervo nas gestões passadas.

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"O estado que recebemos a Cinemateca é uma das heranças malditas do governo apocalíptico do petismo, que destruiu todo o estado para rapinar o dinheiro público e sustentar uma imensa quadrilha de corrupção e sujeira criminosa", disse Frias para rebater críticas do ex-líder da bancada petista na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Ao descrever sua percepção sobre o que considera negligência do "Bolsonarismo", o parlamentar da oposição apontou que o arquivo da sétima Arte nacional na Vila Leopoldina estava sendo destruído enquanto o secretário está na Itália, em Roma.

Em junho, o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) advertiu o Governo Federal sobre o risco de incêndio, principalmente, pelo armazenamento de filmes de nitrato no acervo de aproximadamente quatro toneladas da história do Cinema brasileiro.

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A estratégia de culpabilizar gestões anteriores foi endossada pelo ministro do Turismo, Gilson Machado. Em sua conta, ele também descreveu sua percepção do "Petismo" e afirmou que a ala culpa quem tenta resolver problemas deixados pela sigla.

O sanfoneiro reiterou as acusações de corrupção contra o partido para justificar a destruição da Cinemateca. "Quantas Cinematecas seriam criadas com os bilhões que foram judicialmente DEVOLVIDOS no Mensalão e na Lava Jato? Afinal, no Bolsonarismo não temos presidente ex-presidiário", sugeriu.

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Frias informou que já solicitou investigação e se mostrou preocupado com o prejuízo à Cultura. No entanto, realinhou sua preocupação ao governador de São Paulo, João Dória (PSDB), para criticar a intenção do gestor em derrubar o decreto que altera o texto da Lei Rouanet por 'irregularidades e ilegalidades'.

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Senadores lamentaram o incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, na última quinta-feira (29). Parlamentares lembraram que o governo federal foi alertado em diversas ocasiões sobre o risco que corria o acervo da instituição e afirmaram que a tragédia é um exemplo do descaso com a cultura.

Filmes, material impresso e documentos foram consumidos pelo fogo. Segundo o Corpo dos Bombeiros, as chamas começaram após a manutenção de um ar-condicionado em uma sala da instituição. Não houve vítimas.

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“É muito triste ver parte do importantíssimo acervo da Cinemateca pegando fogo. Pior ainda é saber que o MPF-SP já havia alertado o governo federal, que é o responsável pelo órgão, para risco de incêndio. É inadmissível tamanho desprezo à nossa cultura”, lamentou José Serra (PSDB-SP).

Para a senadora Leila Barros (PSB-DF), era uma “tragédia anunciada”. Ela também reforçou que, em audiência no último dia 20, o Ministério Público Federal de São Paulo alertou o governo federal, responsável pela Cinemateca Brasileira, para o risco de incêndio. 

“A tragédia anunciada se concretizou. Parte da memória do cinema nacional brasileiro foi destruída em um incêndio na Cinemateca. Apesar do alerta feito pelo MPF sobre os riscos, nada foi feito. O que já não vinha bem em virtude de um governo que enxerga a cultura como um instrumento de manipulação ideológica, degringolou de vez com a pandemia e a crise econômica”, apontou.

Líder do PT, Paulo Rocha (PA) cobrou profunda investigação, mas apontou o governo Bolsonaro como responsável. 

“O legado do governo Bolsonaro para o Brasil na cultura é a completa falta de gestão e suas consequências graves. O incêndio da Cinemateca Brasileira, como se poderia imaginar, é um crime anunciado. Exigimos investigação total dessa perda irreparável”, afirmou. 

Assim como Paulo Rocha, outros senadores petistas avaliaram que o incêndio é resultado do descaso do governo federal com a cultura. “ Mais um crime contra a história e a cultura brasileira”, escreveu Jaques Wagner (PT-BA). “O governo comete mais um crime de prevaricação ao ignorar os alertas”, avaliou Rogério Carvalho (PT-SE). “Essa destruição não é um acidente. É uma política de governo”, apontou Humberto Costa (PT-PE).

Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) recordou outras tragédias recentes:

“Museu da Língua Portuguesa, Museu Nacional e, agora, a Cinemateca: o abandono criminoso do patrimônio cultural é uma política de governo e a memória do povo brasileiro lamentavelmente se consome, mais uma vez, em chamas. Até quando teremos essas tragédias?”, indagou. 

Izalci Lucas (PSDB-DF) cobrou maior cuidado com a cultura:

“ É a história de nossa gente, quem fomos e o que somos. Vamos continuar ajudando a cultura e nossa história”, afirmou. 

*Da Agência Senado

Por meio de nota divulgada em suas redes sociais nesta sexta (30), o Festival de Cinema de Locarno, na Suíça - uma das principais premiações do audiovisual em todo o mundo-, lamentou o incêndio ocorrido na Cinemateca Brasileira, na última quinta. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas atingiram entre 300 e 400 metros da estrutura, localizada na cidade de São Paulo.

“Estamos profundamente chocados e tristes com a horrível notícia do incêndio que arrasou um dos galpões da Cinemateca Brasileira, localizada na Vila Leopoldina. Estamos enlutados com a indústria cinematográfica brasileira pela indescritível perda de tamanha quantidade de documentos, fotos e documentos impressos. Esta tragédia atinge a toda a comunidade cinematográfica em todo o mundo”, lamenta trecho da nota.

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O festival também cobra “ações e respostas” do poder público acerca do destino da Cinemateca. O governo federal é responsável pela administração do órgão desde o dia 7 de agosto de 2020, quando cancelou o contrato com a Acerp, até então responsável pela gestão, e cortou o repasse de recursos para a instituição. Apenas nesta sexta, um dia depois do incêndio e com dois anos de atraso, o governo federal abriu um edital para o “chamamento público” de uma “entidade privada sem fins lucrativos” para gerir a instituição por cinco anos.

“O patrimônio cinematográfico brasileiro precisa ser protegido para o bem maior das gerações futuras. Estamos com todo o cinema brasileiro e todos aqueles que se importam e se preocupam com o futuro da Cinemateca Brasileira”, acrescenta o posicionamento do Festival de Locarno.

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Samantha Schmütz voltou a criticar nesta sexta-feira (30) o governo Bolsonaro e as personalidades famosas que seguem sem se pronunciar sobre questões políticas que tem impacto na sociedade brasileira. O foco, obviamente, foi o incêndio na Cinemateca Brasileira.

Em suas redes sociais, a atriz disse que artistas, que apoiaram Bolsonaro em 2018 e não falaram ainda sobre o incêndio dessa quinta (29), não deveriam mais fazer cinema.

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“'Artistas' que ajudaram a eleger esse monstro e não se manifestam em relação ao incêndio criminoso da cinemateca, deveriam proibidos de pisar num (sic) set para o resto da vida", disparou Samantha.

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Nesta sexta-feira (30), um dia depois de um incêndio atingir um dos galpões da Cinemateca Brasileira, na cidade de São Paulo, o governo federal abriu um edital para o “chamamento público” de uma “entidade privada sem fins lucrativos” para gerir a instituição por cinco anos. A convocação, publicada no Diário Oficial, ocorre com dois anos de atraso. Isso porque no dia 7 de agosto de 2020 a Secretaria de Cultura cancelou o contrato firmado com a Acerp, até então responsável pela administração da Cinemateca, cancelou os repasses financeiros e assumiu a gestão do órgão.

Segundo o novo edital, a instituição selecionada ficará responsável por “atividades de guarda, preservação, documentação e difusão do acervo audiovisual da produção nacional por meio da gestão, operação e manutenção da Cinemateca Brasileira”.

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O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), já havia manifestado o interesse em gerir a Cinemateca, quando ainda era prefeito da capital do estado. "Se São Paulo cuidar da Cinemateca, certamente vai cuidar melhor que o governo federal. O governo federal não cuida bem da cultura, despreza a cultura do Brasil e lamentavelmente o incêndio na Cinemateca mostra isso", declarou. 

Prejuízo incalculável

Fundada em 1940, a Cinemateca Brasileira é responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira. Seu acervo inclui cerca de 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas consumiram entre 300 e 400 metros quadrados. “São três salas, de arquivo histórico, duas delas de arquivo de filmes, uma delas, segundo informações do efetivo que trabalha na Cinemateca, de arquivo impresso, também histórico. Não sabemos se isso tem cópia. Uma parte foi queimada e estamos tentando levantar o que é possível resgatar”, afirmou a tenente porta-voz dos Bombeiros à CNN.

O Corpo de Bombeiros de São Paulo divulgou, nesta sexta-feira (30), uma série de fotos do incêndio que ocorreu no galpão da Cinemateca Brasileira, na Zona Oeste de São Paulo. O fogo tomou conta do local na noite dessa quinta-feira (29). As imagens registradas pelos bombeiros mostram rolos de filmes encontrados em uma das salas onde estava o acervo histórico da Cinemateca.

Veja as imagens:

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--> Famosos sobre incêndio na Cinemateca: 'negligência'

--> Incêndio atinge galpão da Cinemateca em São Paulo

Quem quiser conhecer mais sobre o Ciclo do Recife (1923-1931), pode acessar a mostra que a Cinemateca Pernambucana disponibiliza de forma gratuita no seu portal on-line. São cinco filmes do ciclo, quatro documentários e uma ficção sobre um dos mais importantes períodos do cinema pernambucano. "A ideia dessas mostras que estamos montando a partir do nosso acervo é de levar ao público um maior conhecimento sobre a história, riqueza e diversidade do cinema produzido em Pernambuco", explica Ana Farache, Coordenadora do Cinema e da Cinemateca Pernambucana da Fundação Joaquim Nabuco.

Para ela, é gratificante poder oferecer filmes de qualidade e que contam os primórdios do cinema feito no Estado, para as pessoas assistirem  na segurança de casa, durante este período duro da pandemia pela Covid-19. A programação da mostra conta com dois clássicos completos, Aitaré da Praia (1925) e A Filha do Advogado (1926), além de Retribuição (1924), Jurando Vingar (1925) e Revezes (1927), com versões incompletas, já que não existem mais a versão original toda recuperada.

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A seleção disponibiliza ainda quatro documentários com depoimentos e histórias do Ciclo, além de uma ficção poética sobre o período. 

O Ciclo do Recife

O ourives Edson Chagas, o gravador Gentil Roiz e o estudante de engenharia Luís de França Rosa (que adotaria o nome artístico de Ary Severo), fãs do cinema americano, se conhecem e fundam a Aurora Film, na rua de São João, 485, no bairro de São José. Nascia então, em 1923, o Ciclo do Recife que produziria treze longas. O Ciclo acaba em 1931 com a chegada do cinema falado, com os filmes americanos de som sincrônico, técnica ainda não dominada pelos realizadores pernambucanos na época.

Da assessoria

Recentemente, Mario Frias foi convidado para participar de uma entrevista na rádio Jovem Pan. Durante a conversa, o atual secretário especial de Cultura disse que vai criar um cargo para Regina Duarte na Cinemateca Brasileira. Mario deixou bem claro na conversa que o pedido partiu do presidente Jair Bolsonaro.

"O trabalho da atriz Regina Duarte é um patrimônio. A Regina é um ícone e merece todo respeito. É um pedido pessoal do presidente da República, então existe a possibilidade de criarmos uma secretaria para que ela cuide da Cinemateca. É um pedido do presidente, ele respeita muito ela e eu também. Vamos resolver isso, e assim que esse imbróglio se revolver, a Regina terá o lugar de destaque na Cinemateca", explicou.

Após assumir o cargo no governo de Bolsonaro, consequentemente substituindo a ex-atriz da Globo, Mario declarou que visitou a Cinemateca. Ele falou um pouco sobre a polêmica que o órgão vem enfrentando por não ter o contrato renovado: "Há um imbróglio jurídico e lamento o fato de as pessoas não estarem pensando no acervo. Não podemos intervir nesse momento e após a minha visita técnica, mandamos um corpo técnico que foi impedido de entrar".

Aguardando um parecer da Justiça, o secretário especial de Cultura garantiu que pretender fazer muito pela Cinemateca. "Tenho vontade de fazer o bem, devemos aproveitar os filmes que estão lá", contou.

Funcionários da Cinemateca Brasileira realizaram, na tarde de hoje (19), um ato em defesa da instituição, que tem o maior acervo audiovisual da América do Sul e enfrenta, atualmente, uma crise de gestão, capaz de resultar, segundo eles, em perdas irreversíveis para o patrimônio cultural do país. A mobilização também teve como propósito a reivindicação de direitos dos trabalhadores, já que os salários estão atrasados há três meses.

Empregados já haviam deflagrado greve nesta quinta-feira (18), a fim de pressionar a administração a colocar os pagamentos em dia. Inicialmente, a paralisação está prevista para durar, no mínimo, até o dia 26, data em que está marcada a próxima reunião do Conselho Administrativo da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), que firmou acordo, em 2018, com o governo federal, para gerir o espaço até 2021.

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Em dezembro de 2019, porém, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, encerrou o contrato com a Acerp, afetando a Cinemateca Brasileira, a TV Escola e a TV Ines, que produzia conteúdos para pessoas com deficiência auditiva.

Acervo

O rombo no orçamento e a insegurança causada na estrutura da Cinemateca também têm ameaçado a preservação do acervo, que é composto por mais de 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de volumes que documentam a história do cinema nacional. Atualmente, a instituição tem uma dívida de R$ 450 mil com a Enel, companhia que fornece energia elétrica em São Paulo.

A empresa deu um prazo até a próxima quinta-feira (25) para que a Cinemateca quite o débito. Caso a conta não seja paga, a energia será cortada, o que irá impedir o sistema de ar-condicionado do acervo de continuar funcionando. Conforme destaca a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que ontem realizou uma reunião para discutir a crise da Cinemateca Brasileira, por iniciativa da Comissão da Educação, Cultura e Esportes, sem climatização apropriada e sem supervisão constantes, os filmes de nitrato de celulose, usados pela indústria cinematográfica até os anos 1950, ficam sujeitos à autocombustão. Ou seja, há perigo de incêndio no local, o que já aconteceu em décadas anteriores.

Diante dos problemas vivenciados pela Cinemateca Brasileira, instituições e membros da sociedade civil articularam uma rede para apoiar a valorização da entidade e de seu quadro de funcionários. O apoio surge de parlamentares da Alesp, na forma da Frente Ampla pela Cinemateca Brasileira, e de coletivos como o Mariana em Movimento, que atua no bairro Vila Mariana.

Procurada pela Agência Brasil para se posicionar sobre a manifestação, o Ministério do Turismo, ao qual a Secretaria Especial da Cultura está subordinada, disse em nota "que segue trabalhando para alinhar as ações e definir, dentro das competências institucionais, a forma ideal para reincorporação da Cinemateca à União". A Agência Brasil procurou a direção da Acerp, mas não teve retorno até a publicação desta matéria. A reportagem também buscou um posicionamento da Cinemateca Brasileira e não teve resposta.

O mês de maio foi bastante agitado na vida de Regina Duarte. Depois que deixou a secretaria especial da Cultura, a mando do presidente Jair Bolsonaro, a ex-atriz da TV Globo assumiu em São Paulo a 'Cinemateca'. Nessa sexta-feira (29), para discutir os rumos do órgão, foi realizada em Brasília uma reunião entre representantes da secretaria da Cultura e Audiovisual e da direção da Fundação Roquette Pinto. 

Segundo informações do colunista Ricardo Feltrin, do Uol, foi proposto pelo governo o fechamento da Cinemateca. Funcionários já temem o fim da pasta. Foi levantado que o órgão, gerido pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), tivesse o seu contrato rompido. Após o encontro, a Acerp não recebeu bem a ideia e acionou o conselho administrativo para tomar medidas judiciais. Teoricamente, o contrato só acaba no ano que vem.

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Caso o fechamento da Cinemateca se concretize, mais de 150 pessoas poderão ser demitidas. O que pode acontecer com a decisão é que todo o acervo corre o risco de ser destruído. Confira uma carta que foi divulgada pelos trabalhadores e grupos trabalhistas:

"Salvem a Comunicação Educativa e a Cinemateca Brasileira

Nós, trabalhadores da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), através de nossos sindicatos, vimos através desta solicitar a imediata resolução deste grave imbróglio, que, mais do que nossas famílias, atinge diretamente os arquivos históricos da cultura nacional e o desenvolvimento da educação em nosso país.

Como é de conhecimento público, o contrato de gestão da TV Escola, firmado entre o Ministério da Educação e a Acerp foi rescindido unilateralmente pelo Ministério, sem qualquer precedente desde a criação do canal. 

Esse rompimento acarretou na suspensão da entrada de verba para a gestão, não obstante as atividades da TV Escola terem sido mantidas. Igualmente importante é o contrato de gestão da Cinemateca Brasileira, aditivo do contrato de gestão da TV Escola, também afetado pela referida rescisão.

Até o presente momento, o Governo Federal não realizou o repasse à Acerp de cerca de R$ 12 milhões referentes à gestão da Cinemateca no ano de 2019. Esse repasse deveria ter sido feito ano passado.

A direção da Acerp tem nos pedido paciência na promessa de que tudo se resolverá através de um novo contrato firmado com a Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo.

Entretanto, já se passaram quase seis meses e o pior aconteceu: colegas de trabalho que ousaram cobrar e questionar foram demitidos, salários, serviços e demais benefícios deixaram de ser pagos e, em meio a pandemia que assola nosso país, podemos ficar sem plano de saúde.

Os trabalhadores e prestadores de serviço seguem desempenhando suas funções sem receber para tanto. Sem falar no risco de outros tantos trabalhadores de empresas que dependem da Acerp de perderem seus empregos e serem colocados na mesma situação.

Mas, para além de nossos problemas pessoais, gostaríamos de compreender qual objeção teria um governo com um projeto de comunicação educativa e com a preservação de nosso patrimônio cultural?

A TV Escola tem 25 anos de relevantes e reconhecidos serviços prestados à educação. Ela faz parte da Associação de Televisão Latino-americana e recebeu, ao longo desse tempo, prestigiosos prêmios no Brasil e no exterior. Além dos programas que transmite, gera conteúdo para ações educativas nas redes sociais. A TV Escola é a herdeira e continuadora do sonho centenário do grande educador Edgard Roquette-Pinto e produz ferramentas importantes para a formação de alunos, professores e profissionais da educação.

Importância esta reconhecida pelos próprios técnicos do Ministério da Educação, quando no ano passado atribuíram nota 9,7 de média para a TV e deram, por escrito, o aval para a renovação do contrato com o Ministério, o que foi ignorado pelo atual titular da pasta.

A atitude de cortar unilateralmente o contrato, inclusive ignorando cláusula contratual de aviso prévio, sacramentou a falência da instituição e condenou centenas de famílias a ficarem sem seu sustento.

A TV Ines é a primeira webTV em Libras (Língua Brasileira de Sinais), com legendas e locução —o que a torna única na proposta de integrar os públicos surdo e ouvinte numa grade de programação bilíngue, já que Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa e tem gramática, sintaxe e léxico próprios.

Já a criação da Cinemateca Brasileira remonta ao Clube de Cinema de São Paulo, da década de 1940. Nos seus mais de 70 anos de lutas por aprimoramento e reconhecimento, foi dirigida por Paulo Emílio Sales Gomes, seu principal fundador e defensor até os anos 1970.

Vinculada à Secretaria do Audiovisual em 2003, o descaso do próprio governo federal em 2013 trouxe impactos diretos, ocasionando o quarto incêndio de sua história, em 2016.

Reconhecida internacionalmente, a Cinemateca abriga e preserva um patrimônio audiovisual imprescindível para a compreensão da nossa cultura e história dos últimos 120 anos. E que sobrevive para a sociedade brasileira, e para o mundo, graças a um quadro de trabalhadores já bastante reduzido, mas com inquestionável expertise voltada para a própria instituição.

A não renovação do Contrato de Gestão implicará tanto a descontinuidade desses profissionais, como dos serviços essenciais de manutenção, segurança, limpeza e brigadista; corte de energia e prejuízos irreversíveis para o acervo e equipamentos, ocasionando a interrupção imediata das atividades da Cinemateca.

Somos profissionais —contratados por regime CLT e com contratos de prestação de serviços— e compreendemos a importância do nosso trabalho para a efetiva cidadania brasileira.

O que explica, inclusive, o nosso compromisso e esforço em manter a TV Escola e a Cinemateca funcionando nos últimos dois meses, mesmo com os pagamentos atrasados. A TV Ines, embora esteja com os salários em dia, também corre grave risco de extinção se a Acerp acabar.

Trabalhamos para uma Organização Social sem fins lucrativos, fundada em 1995, com uma missão inconteste: promover a inclusão na educação e cultura brasileira e gerar valor agregado para a sociedade. Pelo que lhes é intrínseco, a TV Escola,a TV Ines e a Cinemateca Brasileira nunca tiveram sua relevância questionada por qualquer governo. Como pode o Governo Federal ignorar algo tão relevante?

Pelo que lhes é intrínseco, a TV Escola,a TV Ines e a Cinemateca Brasileira nunca tiveram sua relevância questionada por qualquer governo. Como pode o Governo Federal ignorar algo tão relevante?

Vale ressaltar, que ao suscitar rescindir contratos ou dar calote na Acerp, o Governo também joga fora todo o patrimônio, tangível e intangível, construído até aqui, em mais de décadas, com dinheiro público.

Dito tudo isto, apelamos para que os contratos sejam imediatamente regularizados, trabalhadores readmitidos, salários e benefícios postos em dia e que assim possamos voltar a construir inclusão em nosso país.

Atenciosamente,

Sindicato dos Trabalhadores em Rádio e TV do Rio de Janeiro

Sindicato dos Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

Federação Nacional dos Radialistas - Fitert

Central Única dos Trabalhadores - CUT

Intersindical - Instrumento de luta da classe trabalhadora."

Depois de se oferecer para trabalhar no governo Bolsonaro e depois ser convidado pelo presidente, o ator e apresentador Mario Frias aceitou o convite para se tornar o novo secretário Especial de Cultura e deve ser oficializado no lugar de Regina Duarte, que deixou o cargo nesta quarta-feira (20), alegando - segundo Bolsonaro - saudades da família.

A atriz, inclusive, deve assumir a Cinemateca, em São Paulo. Segundo o R7, Mario almoçou no Palácio do Planalto com Bolsonaro nesta última terça-feira (19), antes de Regina oficializar a sua saída da pasta. Foi neste encontro que o convite foi oficializado - a nomeação deve acontecer nos próximos dias.

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Para comemorar os 80 anos de um dos maiores nomes da dramaturgia e do cinema brasileiro, o ator Antonio Pitanga, a Cinemateca Brasileira exibe de hoje (1º) até 11 de agosto 14 filmes da trajetória do artista. A programação será composta pelos mais importantes trabalhos do artista baiano, como "Bahia de Todos os Santos" (1960), "Ganga Zumba" (1963), "A Grande Cidade" (1966) e "Barravento" (1969). Os ingressos são gratuitos.

Entre os destaques da "Mostra Antonio Pitanga – 80 Anos" estão filmes dirigidos por José Trigueirinho Netto (1931-2018), Cacá Diegues, Roberto Pires (1934-2001) e Glauber Rocha (1939-1981). Na programação estão também raridades como "Êsse Mundo é Meu" (1963) e "Juliana do Amor Perdido (1971)", dirigidos por Sérgio Ricardo, além de "Chico Rei" (1985), do cineasta Walter Lima Jr. Outra atração da mostra é o documentário "Pitanga" (2017), dirigido por Camila Pitanga, filha do ator, e Beto Brant.

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Antonio Pitanga nasceu em Salvador (BA), em 13 de junho de 1939 e esteve presente em momentos marcantes do cinema nacional sendo uma das referências do movimento Cinema Novo, além de ter ficado marcado com sua presença no Cinema Marginal em produções da Empresa Brasileira de Filmes S.A (Embrafilme).

Os ingressos da "Mostra Antonio Pitanga – 80 Anos" estarão disponíveis na bilheteria da Cinemateca Brasileira uma hora antes de cada sessão.

Serviço

"Mostra Antonio Pitanga – 80 Anos"

Quando: de 1º a 11 de agosto

Endereço: Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, São Paulo - SP

Ingressos: Grátis. Sujeito à lotação

Programação completa em http://cinemateca.org.br/antonio-pitanga-80-anos/

O Ministério da Cultura voltou atrás e divulgou que não vai mais exonerar a presidente da Cinemateca Brasileira, Olga Futemma, e tampouco os outros quatro servidores da cúpula da instituição que haviam sido demitidos na última terça-feira (26). A coluna Direto da Fonte, do Estado, de Sonia Racy revelou no sábado (30) que o ministro Marcelo Calero já vinha avaliando essa ideia. O MinC informou por meio de nota que tornará sem efeito a exoneração por Olga ter "se destacado na gestão deste imprescindível órgão de preservação da memória de nosso audiovisual". Ela é servidora de carreira aposentada do ministério.

Segundo a nota, os outros quatro técnicos também serão reconduzidos. Calero havia nomeado Oswaldo Massaini Filho para a diretoria, o que gerou uma reação negativa do setor porque Massaini, ligado ao mercado financeiro, não tem experiência reconhecida na área de preservação cultural.

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Na terça-feira, o Diário Oficial da União publicou a exoneração de 81 funcionários do ministério, Olga entre eles. Na ocasião, o órgão afirmou que a medida fazia "parte da reestruturação da pasta e do plano de valorização dos servidores de carreira".

O Ministério da Cultura voltou atrás e divulgou que não vai mais exonerar a presidente da Cinemateca Brasileira, Olga Futemma, e tampouco os outros quatro servidores da cúpula da instituição que haviam sido demitidos na última terça-feira, 26. A coluna Direto da Fonte, do jornal O Estado de S. Paulo, de Sonia Racy revelou no sábado, 30, que o ministro Marcelo Calero já vinha avaliando essa ideia. O MinC informou por meio de nota que tornará sem efeito a exoneração por Olga ter "se destacado na gestão deste imprescindível órgão de preservação da memória de nosso audiovisual". Ela é servidora de carreira aposentada do ministério.

Segundo a nota, os outros quatro técnicos também serão reconduzidos. Calero havia nomeado Oswaldo Massaini Filho para a diretoria, o que gerou uma reação negativa do setor porque Massaini, ligado ao mercado financeiro, não tem experiência reconhecida na área de preservação cultural.

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Na terça-feira, o Diário Oficial da União publicou a exoneração de 81 funcionários do ministério, Olga entre eles. Na ocasião, o órgão afirmou que a medida fazia "parte da reestruturação da pasta e do plano de valorização dos servidores de carreira". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Lisandro Nogueira pediu demissão do cargo de diretor da Cinemateca Brasileira nessa terça-feira, 4. Há um ano no posto, ele alegou "razões familiares".

Professor de cinema da Universidade Federal de Goiás, Nogueira foi indicado pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, em outubro do ano passado e assumiu no mês seguinte com a intenção de conter uma crise que rondava a instituição, que, à época, foi obrigada a cortar 43% de sua equipe. A Cinemateca é responsável pela guarda de cerca de 44 mil títulos.

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Críticos e teóricos como André Bazin - cujo livro O Que É o Cinema?, compilação de textos escritos há 60 anos, está saindo agora no País - sempre vincularam os filmes ao princípio da realidade. Faz parte do anedotário cinematográfico. O cinema nasceu no finalzinho de 1895 com aquela projeção que os irmãos Lumière fizeram de seu invento, o cinematógrafo, no Grand Café de Paris. Os primeiros filmes eram imagens - registros - arrancados à realidade. A chegada do trem à estação, a saída dos operários da fábrica. Atraído pelas imagens em movimento, um mágico, Georges Méliès, começou a sonhar com a utilização do cinematógrafo para ampliar o repertório de truques dos seus shows. Ele bateu à porta dos Lumière, que tentaram demovê-lo. Achavam que seu invento 'não tinha futuro'. Méliès perseverou, fez Viagem à Lua em 1902 e o resto todo mundo sabe.

Há um cinema realista e outro que sonha, que cria mágicas, truques, efeitos. Ambos formaram a base do sistema industrial instituído em Hollywood e difundido pelo mundo. Hoje, até um grande da diversão - Michael Bay, da série Transformers - ironiza (a piada está logo no começo de A Era da Extinção, que estreia nesta quinta-feira, 17) que as sequências e remakes estão destruindo o cinema. Mas quando diz isso, Bay cita, como 'clássico', um grande filme que se integra numa série - Eldorado, de Howard Hawks, com John Wayne, o episódio intermediário entre Rio Bravo/Onde Começa o Inferno e Rio Lobo, e os três compõem variações sobre um mesmo tema. Os psicanalistas gostam de lembrar que o cinema é contemporâneo da interpretação dos sonhos do dr. Freud e até dizem que, no cinema, o espectador sonha acordado. A partir daí, só louco para duvidar de que a fantasia pode ser, ou é, uma ferramenta para se investigar a realidade.

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Na Sala Cinemateca, começa nesta quinta-feira, 17, uma mostra de arquivos da casa, que vai exibir, só em versões película, grandes filmes que fazem parte da história do cinema. A programação começa com Band Wagon, Na Roda da Fortuna, de Vincente Minnelli, que tem a cena antológica em que Fred Astaire e Cyd Charisse caminham no Central Park, em Nova York, e de repente eles estão dançando e a câmera, inebriada, dança com eles. Era o filme preferido de Santiago, o mordomo da família Salles, e você, cinéfilo, se lembra das imagens no documentário que João Moreira Salles dedicou ao personagem. Minnelli, hoje, e toda a obra minnelliana é uma reflexão sobre personagens que vivem o sonho como se fosse realidade - artistas, visionários - e isso muitas vezes é fonte de tragédia para eles.

Nesta sexta-feira, 18, passa O Morro dos Ventos Uivantes, a adaptação de William Wyler, com Laurence Olivier e Merle Oberon. O romance de Emily Bronte sobre o amor louco entre Cathy e Heathcliff virou obra de referência para os surrealistas, mas Wyler era um realista que buscava, no plano sequência, o tempo real. André Bazin faz de muitos filmes de Wyler o emblema de suas teorias. E neste filme de 1939 você vai ver que o fotógrafo Greg Tolland já usava o foco total para realçar a profundidade de campo, invenção atribuída a Orson Welles em Cidadão Kane, também fotografado por Tolland, dois anos depois.

E a programação sobre a fantasia no cinema tem Luis Buñuel com seu filme manifesto, L'Age d'Or, a Idade de Ouro, que será exibido como complemento de A Lei do Desejo, um dos grandes filmes do começo da carreira de Pedro Almodóvar.

Tem também Federico Fellini, com seu falso documentário Roma e o filme é uma imensa fantasia, com cenas como o desfile de modas no Vaticano e a descoberta dos afrescos no metrô da cidade chamada de 'eterna'. Como complemento de Roma, a Cinemateca propõe aquele documentário em que Fellini confessa que é um grande mentiroso, e que é belíssimo, muito melhor do que o de Ettore Scola sobre o grande Federico. A retrospectiva da Cinemateca tem muita coisa mais, mas só esses filmes já bastam para atiçar seu interesse nos primeiros dias. Grandes filmes - para se sonhar acordado e refletir sobre o mistério desse cinema que todo mundo quer enquadrar, dizendo que é isso ou aquilo, mas, na verdade, está sempre nos surpreendendo pela diversidade de seus grandes artistas.

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, o presidente do Conselho da Cinemateca Brasileira, Ismail Xavier, e o presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca, Leopold Nosek, se encontraram, na segunda-feira (1º), em audiência em Brasília para discutir os rumos da Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

Um dos mais importantes do setor cinematográfico do País, o órgão teve seu presidente, Carlos Magalhães, exonerado do cargo em janeiro, pelo novo secretário do Audiovisual, Leopoldo Nunes. Com a saída de Magalhães, se iniciou um processo de auditoria para analisar irregularidades nas contas do órgão nos dez anos de mandato de Magalhães.

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Uma nova forma de gestão e contratação de funcionários deverá ser apresentada em breve pelo ministério. Segundo funcionários, a medida, que também trouxe corte de verbas, tem causado retrocesso institucional.

"Nossa capacidade está super reduzida e não há datas para a resolução. Estamos com um quadro funcional de 20 anos atrás. A biblioteca não presta mais atendimento aos sábados. E há uma sala que já está fechada", disse um funcionário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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