O diretor e produtor Alfred Hitchcock (13 de agosto de 1899 – 29 de abril de 1980) é uma das figuras mais influentes da indústria do cinema e até hoje, o seu trabalho influencia diversos cineastas pelo mundo, que buscam referências únicas, contidas nas obras de Hitchcock. Para celebrar a data de nascimento do chamado "mestre do suspense", o LeiaJá conversou com uma especialista em cinema, que falou sobre o legado do diretor e deu dicas de filmes para quem quer conhecer - ou relembrar - a obra desse genial cineasta.
Demorou muito para que Hitchcock tivesse seu trabalho reconhecido, pois em sua época havia um preconceito com o gênero suspense, tanto por parte do público geral quanto pelos críticos.
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“A maioria dos críticos norte-americanos de sua época nunca o levaram a sério, considerando-o no máximo um artesão, não um artista maior, como ele era”, conta a crítica de cinema Neusa Barbosa.
O cineasta François Truffaut (1932 – 1984), em seu livro “Hitchcock/Truffaut – Entrevistas” definiu Hitchcock como “o homem que, melhor do que qualquer outro, filmou o medo”.
Graças ao seu perfeccionismo, o diretor era capaz de elevar o sentimento de medo para um patamar superior e causar intensas emoções ao seu público. “Sua qualidade pode ser demonstrada, também, por sua sobrevivência no coração do público de outras eras, posteriores, como a nossa. A maior parte da obra de Hitchcock continua sendo tão atraente para nós, hoje, quanto era no período de sua realização, 70, 80 anos atrás. Isto é marca de talento, de visão”, afirma Neusa.
Hitchcock se destacava por calcular com excelência suas cenas, efeitos de som e luz, tudo sem exagero. “Também foi essencial a parceria com mestres como Bernard Herrmann (1911 - 1975), autor de suas trilhas mais famosas”, destaca a crítica.
A simplicidade era um dos aspectos de suas obras, não havia muitas explicações ou sentimentalismo, não havia espaço para sobras ou faltas. “É como se ele fosse esculpindo a atmosfera do filme, jogando pouco a pouco seus ingredientes numa receita em que ele nunca perdia o controle, nunca perdia de vista onde queria chegar”, analisa.
Outra característica é que seus personagens são sempre pessoas comuns, onde a narrativa os leva a situações extremas. “A noção de responsabilidade e de culpa é muito forte na obra de Hitchcock. Por isso é que somos capazes de nos identificar tanto com suas histórias”, aponta.
Dicas
Em meio a tantas obras, Neusa indica ao leitor cinco filmes do diretor, que podem servir de porta de entrada para aqueles que desejam conhecer o trabalho de Hitchcock. Seguem as dicas em ordem de lançamento.
“Rebecca, a mulher inesquecível” (1940)
Primeiro grande trabalho de Hitchcock no Estados Unidos, vencedor do Oscar de Melhor Filme na época em que saiu. O longa-metragem conta a história de uma jovem (Joan Fontaine, 1917 – 2013) que se casa com um nobre inglês (Laurence Olivier, 1907 – 1989). Ao longo da narrativa, a jovem começa a descobrir segredos que assolam o passado do marido.
“Festim Diabólico” (1948)
Após Brandon (John Dall, 1920 - 1971) e Philip (Farley Granger, 1925 – 2011) assassinarem o amigo em comum David Kentley (Dick Hogan, 1917 - 1995), eles convidam a família da vítima para uma reunião. Na situação, a comida é servida em cima de um baú, onde os assassinos esconderam o corpo de Philip.
“Pacto sinistro” (1951)
Ao se conhecerem, o tenista Guy Haines (Farley Granger, 1925 – 2011) e o aristocrata Bruno Anthony (Robert Walker, 1918 - 1951) discutem a teoria de “troca de assassinato”, onde cada um mataria uma pessoa de quem o outro quer se livrar. Anthony sabe que o tenista quer se divorciar da esposa Miriam (Kasey Rogers, 1925 - 2006) e se dispõe a matá-la. Em troca disso, Haines mataria o pai do aristocrata.
“Um Corpo que cai” (1958)
O detetive aposentado John Ferguson (James Stewart, 1908 - 1997) é encarregado de cuidar da esposa de um antigo colega de faculdade. Ferguson tem medo de altura, mas Madeleine Elster (Kim Novak) demonstra uma certa predileção por lugares altos e, ao longo da história, o detetive começa a perceber estranhas tendências na esposa de seu amigo.
“Psicose” (1960)
A secretária Marion Crane (Janet Leigh, 1927 - 2004) rouba a quantia de 40 mil dólares da imobiliária em que trabalhava, com a intenção de iniciar uma vida nova. Em meio a sua fuga, Madeleine se perde e encontra um hotel, administrado por Norman Bates (Anthony Perkins, 1932 - 1992). De maneira inocente, Marion decide passar a noite no local, sem saber que está em grande perigo.