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Nesta quinta-feira (29), após o engajamento de vários artistas e influencers, a #MaceióTáAfudando figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter. 

Por conta da extração de sal-gema feita pela petroquímica Braskem, os bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto, situados em Maceió, Alagoas, se transformaram em 'bairros fantasma' por conta da evacuação causada pelas rachaduras, tremor de terra e afundamento de solo que 'engole ruas' e derruba as paredes das casas.

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Desde 2018 que esses alagoanos sofrem. A empresa paralisou toda a atividade de extração do sal-gema, que serve de matéria-prima para a produção de PVC, em maio de 2019, após o afundamento do solo dos bairros da capital alagoana. 

A empresa afirma que contratou estudos independentes, no Brasil e no exterior, para ampliar a análise dos fenômenos geológicos feita por órgãos oficiais como o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). "Para a segurança dos moradores, a Braskem propôs a criação de uma área de resguardo em torno dos poços de sal, com a desocupação de imóveis e a indenização das pessoas", diz. 

Em janeiro de 2020, foi assinado o Termo de Acordo para Apoio na Desocupação das Áreas de Risco entre a empresa e as autoridades, outros imóveis foram incluídos no Programa, com base em atualizações do mapa de risco geológico da Defesa Civil. 

Desde então, a empresa vem fazendo as desocupações e, até abril de 2021, mais de 47 mil pessoas haviam sido realocadas da área de risco. A companhia garante que o pagamento da compensação financeira vem sendo acelerado com ampliação das equipes de atendimento e aprimoramentos no Programa para facilitar e agilizar o fluxo de indenização às famílias.

Ministério Público

Na tarde desta última quarta-feira (28), a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) para o caso Pinheiro discutiu com representantes da Secretaria  Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet), da Procuradoria-Geral do Município de Maceió e da empresa Braskem sobre o projeto para recuperação ambiental da Encosta do Mutange e Jardim Alagoas, envolvendo demolição, estabilização e recomposição das áreas.

O acompanhamento por parte dos ministérios públicos Federal e Estadual sobre a Encosta do Mutange faz parte do Acordo Ambiental e Sócio Urbanístico firmado pelo MPF com a Braskem. 

Técnicos da Braskem e da Sedet relataram a situação atual das licenças ambientais e alvarás para demolição e construção necessários para execução do plano que abrange cerca de 200 mil metros quadrados e, que deverá ter início logo após a resolução da documentação pendente, devendo ser concluído até antes do início da quadra chuvosa de 2022.

Representantes da empresa informaram que a encosta encontra-se totalmente desocupada, cercada, com segurança patrimonial e sendo monitorada eletronicamente. O próximo passo é a demolição de 2.180 edificações, na sequência a estabilização da encosta, envolvendo obra de engenharia civil, drenagem da encosta desabitada e cobertura vegetal. A empresa informou que atualmente estão em fase pré-demolição, faltando as licenças ambientais e urbanísticas, mas que toda a fase logística já foi realizada.

O MPF pontua que nenhum alvará ou licença que seja concedido pelo poder público municipal importará em edificação em benefício privado da própria empresa e, muito menos, para retorno da exploração da atividade na região.

 

A força-tarefa da Operação Lava Jato quer ouvir Marcelo Odebrecht e outros dois ex-executivos da empreiteira sobre a venda da Petroquímica Triunfo, da Petrobras, para a Braskem. Os investigadores identificaram e-mails considerados suspeitos em que os empresários dizem ter acionado parlamentares aliados para barrar, na CPI da Petrobras, o depoimento de um executivo que denunciou supostas irregularidades na negociação.

As mensagens citam inclusive que o ex-senador Romero Jucá (MDB), então relator da CPI, teria confirmado que não chamaria o empresário rival. Em 2018, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um laudo da Polícia Federal no Paraná apontou que o acordo gerou prejuízo de até R$ 191 milhões aos cofres da Petrobras.

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A investigação se iniciou após representação da família Gorentzvaig, dona da Petroplastic, que era sócia da Petroquisa - subsidiária da Petrobras, na Triunfo. Eles afirmam ter feito uma proposta de R$ 350 milhões pela aquisição da Triunfo, que foi rejeitada pela Petroquisa. A subsidiária, então, aceitou uma oferta de R$ 117 milhões da Braskem.

À época, Paulo Roberto Costa - ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera -, primeiro delator da Operação Lava Jato, era diretor da Petroquisa e integrou a negociação. A Petroplastic o acusa de favorecer a Odebrecht.

Costa, que confessou ter recebido US$ 32,5 milhões em propinas da empreiteira, afirmou, por outro lado, não ter conhecimento de irregularidades na aquisição da Triunfo pela Braskem.

Sobre o negócio, os procuradores destacam que a PF conclui que "há inegável discussão sobre os métodos e parâmetros empregados para a avaliação do valor da Petroquímica Triunfo; todavia, entende que eventual subavaliação dos ativos públicos - dado que a Petrobras tinha o controle majoritário da Triunfo -, por si só, não encontra correspondência em nenhum tipo penal previsto em nosso ordenamento".

No entanto, as investigações não foram concluídas. A força-tarefa quer mais diligências para verificar se há indícios de crimes na transação. Em meio ao inquérito, os investigadores passaram a analisar os e-mails fornecidos por Marcelo Odebrecht em sua delação premiada, e entenderam haver "conversas suspeitas".

Nas mensagens, os investigadores encontraram tentativas de barrar depoimentos do empresário Boris Gorentzvaig na CPI da Petrobras, em 2009.

De acordo com os procuradores, em julho de 2009, o executivo Marcos Wilson escreveu a Marcelo: "Marcelo e Nelson: a CPI vai dar um palco para Boris Gorentzvaig. Ele, claro, deve aproveitar a grande chance de fazer denúncias que irão desde 'conluio Petrobras/Braskem' até ataques pessoais ao Dr. Emílio, no estilo do publicado pelo Estadão há uns dois anos".

"Precisamos ficar atentos em Brasília e termos um plano sinérgico (Braskem e Odebrecht) para contrabalançar o depoimento. Conversemos sobre assim que vocês puderem", completou.

Marcelo, então, respondeu: "Para nossa conversa sobre CPI veja quem pediu o requerimento do Boris".

No mesmo dia, o executivo Claudio Melo Filho enviou um e-mail a Marcelo afirmando que, "para variar, o requerimento do Boris foi apresentado pelo Senador Álvaro Dias". "Ou seja: único que não temos acesso. Vamos falar", disse Marcelo, em resposta.

Em agosto, José Carvalho Filho, também executivo da Odebrecht, e, hoje, delator, afirmou a Marcelo e outros colegas do alto escalão da empreiteira que "esteve com o relator, confirmou a posição de não convocar as construtoras, nem o Boris".

À época, o relator da CPI era o senador Romero Jucá (MDB). Atualmente, o emedebista responde a ação penal por suposta propina de R$ 150 mil para atuar em favor da Odebrecht na tramitação das Medidas Provisórias 651/2014, conhecida como "Pacote de Bondades", e da 656/2014, que trata da redução para zero da alíquota de PIS e Cofins. Ao todo, executivos da empreiteira narram repasses de R$ 5 milhões ao político.

Ele chegou a ser alvo da Operação Armistício, em novembro de 2018, que mirava pagamentos da Odebrecht a Jucá em troca de supostos benefícios à Braskem. Jucá, no entanto, não foi delatado neste negócio específico envolvendo a Triunfo.

A PF quer ouvir Marcelo, Claudio Mello, José Carvalho Filho e Marcos Wilson, da empreiteira, a respeito dos fatos investigados. Também pediu acesso aos sistemas de propinas e contabilidade paralela da empreiteira para identificar supostos pagamentos a relacionados à incorporação da Triunfo pela Braskem. O pedido foi feito no fim de novembro, e ainda não foi apreciado pela Justiça Federal no Paraná.

Como Boris Gorentzvag faleceu, seu filho, Auro, continua peticionando nas investigações. Ele reiterou as denúncias feitas pelo pai e acusa o favorecimento da Braskem na transação.

Em 2015, com a Lava Jato nas ruas, uma nova CPI da Petrobras foi instaurada no Congresso. Desta vez, o empresário Auro Gorentzvaig afirmou que sua empresa foi "expropriada" pela estatal para que a Braskem, subsidiária da Odebrecht, fosse beneficiada.

Ele chegou a acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de agir para promover o monopólio no mercado. "A família Odebrecht é dona do Brasil", declarou. Os irmãos Caio e Auro reiteram a afirmação no inquérito.

Em depoimento à PF, em 2015, Caio Gorentzvaig afirmou à PF acreditar no acerto de Lula com a empreiteira porque, em 2002, "ao se lançar candidato à Presidência da República, conheceu Emílio Odebrecht, tendo ocorrido um acerto entre os últimos no sentido de que a Odebrecht iria assumir os gastos de campanha de Lula, demandando em contrapartida que a empresa assumisse o controle do setor petroquímico do país".

Defesas

Procurada pela reportagem, a defesa do ex-presidente Lula não se manifestou. A Odebrecht disse que não iria comentar. Romero Jucá disse: "desconheço esse assunto da Triunfo". O espaço está aberto para manifestações.

Depois de anunciar acordo com autoridades para a realocação e compensação financeira de 17 mil moradores em Maceió, a Braskem terá ainda de negociar a desocupação de uma soma ainda não determinada de imóveis de grande porte nas áreas de risco de bairros da capital de Alagoas, o que poderá elevar o valor da indenização de R$ 1,7 bilhão inicialmente previsto.

Numa próxima etapa, a petroquímica terá de abrir conversas com donos de hospitais, unidades de saúde, clínicas, escolas, creches, universidades, autarquias, órgãos públicos, concessionárias e equipamentos de serviços públicos, entre outros. O acordo, anunciado na sexta-feira (3), não se aplica aos proprietários deste tipo de imóveis.

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"O valor depositado inicialmente na referida conta bancária equivale ao ponto de partida financeiro, não podendo, em hipótese alguma, ser considerado como teto para pagamento das obrigações", diz trecho do acordo. A Braskem se obrigou a transferir R$ 1,7 bilhão para uma conta específica para a implementação do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação dos moradores dos bairros de Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Além disso, a Braskem irá provisionar R$ 1 bilhão para o fechamento de determinadas minas de exploração de sal.

Responsabilidade

O acordo inicial anunciado na sexta-feira envolve 4,5 mil imóveis onde moram estimadas 17 mil pessoas. Para o pagamento das indenizações, os donos dos imóveis serão cadastrados, e uma perícia, a ser paga pela Braskem, avaliará o valor dos imóveis. No caso específico da encosta do Mutange, área que reúne habitações irregulares, a Braskem se comprometeu a oferecer um valor único de R$ 81,5 mil por imóvel.

Em maio do ano passado, o Serviço Geológico do Brasil (CPMR) apontou a atividade de mineração de sal-gema, insumo usado pela Braskem para a produção de cloro e soda, como a responsável pelo afundamento dos bairros, que reúnem ao todo mais de 40 mil moradores.

A empresa abriu 35 minas e explorou a região desde 1975. Desde março de 2018, diversas edificações no bairro de classe média de Pinheiro começaram a aparecer com danos como fissuras, trincas e rachaduras, afetando sua estrutura.

Um estudo do Instituto de Geomecânica de Leipzig (IFG), da Alemanha, feito a pedido da Braskem e entregue no fim do ano passado às autoridades, recomendou medidas de segurança diante da possibilidade de formação de fenômeno geológico conhecido como "sinkhole" (afundamento) na região das minas além de o risco de uma reação em cadeia com o colapso de um dezena de cavernas que tiveram parte de suas estruturas afetadas.

A petroquímica, controlada pela Odebrecht, afirmou que as obrigações assumidas no acordo assinado com os Ministérios Públicos e as Defensorias estaduais e federais não significam o reconhecimento de responsabilidade sobre a ocorrência dos problemas causados nos bairros.

Autorização

Na noite de sexta-feira, o juiz da 3ª Vara da Justiça Federal de Alagoas, Frederico Wildson da Silva Dantas, autorizou o desbloqueio de recursos do caixa da Braskem e a transferência de R$ 1,7 bilhão da companhia para conta a ser utilizada pelo programa de compensação e realocação de moradores. Ele também permitiu a troca do seguro garantia anterior de R$ 6,4 bilhões por outro de R$ 2 bilhões.

Diante do alegado risco iminente de desabamento de imóveis, o juiz também determinou que a Defesa Civil local faça, a partir do dia 15, a desocupação das residências ainda habitadas das áreas críticas dos bairros, "se necessário com apoio da força policial".

A Petrobras recebeu o valor aproximado de R$ 265 milhões, em decorrência de acordo de leniência da Braskem celebrado com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU).

A Braskem já havia devolvido R$ 564 milhões à Petrobras (R$ 363 milhões em 07/12/2017 e R$ 201 milhões em 08/08/2018), em razão do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF), que, somado ao valor restituído agora, totaliza cerca de R$ 829 milhões.

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"Cabe destacar que o total de recursos transferidos para a Petrobras em decorrência dos acordos de colaboração, acordos de leniência e repatriações, realizados em razão da Operação Lava Jato, ultrapassa o montante de R$ 3,5 bilhões", diz a petroleira, ressaltado que segue adotando "as medidas cabíveis, em busca do adequado ressarcimento dos prejuízos decorrentes dos ilícitos praticados".

A Justiça Federal acolheu pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato e autorizou que sejam transferidos R$ 681.043.425,20 que estavam depositados em conta judicial, decorrentes de acordo de leniência celebrado com a empresa Braskem. Do total, R$ 416.523.412,77 serão destinados à União e R$ 264.520.012,43 retornam para os cofres da Petrobras.

A informação foi publicada pelo Ministério Público Federal nesta sexta-feira, 7. As decisões são da juíza substituta Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal, e foram tomadas hoje e em 28 de maio.

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De acordo com o Ministério Público Federal, no Paraná, a destinação dos valores à União foi solicitada pela força-tarefa após a celebração de um novo acordo de leniência pela empresa com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) na última semana.

O instrumento firmado pelos órgãos reconhece o termo de leniência da Braskem com o Ministério Público Federal, homologado pela 13ª Vara Federal de Curitiba e pela 5ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria. Paralelamente, o Ministério Público Federal reconhece o acordo firmado na esfera administrativa e se valeu dos cálculos efetuados pela CGU/AGU para propor a divisão dos valores entre as entidades públicas vitimadas, União Federal e Petrobras.

Em nota, a Procuradoria registrou que, "desta forma, o acordo com a CGU e AGU consolida um modelo de leniências paralelas e complementares: a do Ministério Público Federal, que já tinha sido celebrada com a empresa, e a dos órgãos do Poder Executivo federal". Segundo a Lava Jato, neste modelo, cada acordo respeita e complementa os efeitos do outro, conferindo a necessária segurança jurídica.

"Cria-se ainda um ambiente atraente para novos proponentes, incentivando novas empresas a revelarem outras situações de corrupção de que tenham participado", informa a nota.

Na decisão, Gabriela Hardt afirma que "para dar maior segurança às empresas que pretendem celebrar acordos de leniência, reputo extremamente louvável constatar que nos presentes autos há convergências significativas entre o Ministério Público Federal, a Controladoria Geral da União e a Advocacia Geral da União para definição dos valores devidos aos entes federais lesados".

Do valor integral autorizado a ser transferido pela Justiça, serão destinados para a Petrobras R$ 264.520.012,43. Com mais esta quantia, chega a R$ 828.749.693,08 o total já pago pela Braskem S.A dentro de seu acordo de leniência com o Ministério Público Federal e que foi devolvido à estatal petrolífera. Uma das devoluções de recursos da empresa, pela Justiça, em favor da Petrobras, ocorreu em 2017 (R$ 362.949.960,81), e outra em 2018 (R$ 201.279.719,84).

"A celebração de acordos de leniência sobre sanções de improbidade administrativa foi uma inovação promovida pela força-tarefa da operação Lava Jato. Tanto os acordos de leniência como os de colaboração premiada firmados ao longo dos últimos anos pela força-tarefa da operação Lava Jato foram essenciais para a expansão das investigações e o desvelamento do maior esquema de corrupção já investigado no Brasil e um dos maiores do globo", registra a nota da Lava Jato.

"Possibilitaram ainda o ressarcimento de prejuízos causados aos cofres públicos em cifras recordes, que se encontram dentre as maiores em acordos da espécie no mundo."

Segundo a Procuradoria, a destinação aos entes públicos lesados, seja a título de multa, seja a título de ressarcimento, é a regra para os acordos de leniência celebrados pelo Ministério Público. A Lava Jato aponta que, no âmbito da operação, já foram devolvidos valores para a Petrobras e para outras vítimas.

O Ministério Público Federal afirma que o total de valores devolvidos pela Lava Jato por meio de acordos de leniência, colaboração premiada, um termo de ajustamento de conduta e uma devolução voluntária chega a R$ 3.184.422.462,96.

Fazem parte deste total os R$ 2.767.899.050,19 devolvidos para a Petrobras, os R$ 416.523.412,77 que agora serão depositados junto à União, além de outros R$ 59 milhões provenientes de um acordo de leniência pelo Ministério Público Federal que foram transferidos para o juízo da 11ª Vara da Seção Judiciária de Goiás, referentes ao Caso Valec Engenharia.

Os recursos que empresas e colaboradores já se comprometeram a restituir a entes públicos na Lava Jato ultrapassam R$ 13 bilhões, segundo a operação.

"A recuperação de todo este dinheiro é resultado de um trabalho técnico e esforçado, alavancado pela eficiência trazida pelos acordos de colaboração premiada e de leniência do Ministério Público Federal, em parceria com equipes da Polícia Federal e Receita Federal", destaca a Lava Jato.

A Procuradoria informou que iniciou tratativas com a Caixa Econômica Federal para permitir que as contas judiciais abertas para receber pagamentos decorrentes de acordos de leniência e colaboração premiada possam ser corrigidos por índices que mantenham seu valor real.

Na terça-feira, 4, a Coordenadora da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (5CCR), Subprocuradora-Geral da República Maria Iraneide Olinda Santoro Facchini, acompanhada de membros da Comissão Permanente de Assessoramento para Acordos de Leniência e Colaboração Premiada, reuniu-se com a diretoria jurídica da Caixa Econômica Federal para tratar do assunto.

Na ocasião, o banco público apresentou os fundamentos legais para a aplicação do índice atualmente utilizado (TR - Taxa Referencial calculada pelo Banco Central), assim como as possibilidades jurídicas aventadas para a utilização de outras fórmulas de correção.

A filha do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, consta como uma das advogadas das empresas OAS e Braskem, investigadas na Lava Jato, em ações junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à Justiça Federal. Letícia Ladeira Monteiro de Barros é advogada da área concorrencial.

As informações sobre a atuação de Letícia vieram à tona um dia após Janot encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de impedimento do ministro Gilmar Mendes, sob argumento de que o ministro não pode atuar em casos envolvendo o empresário Eike Batista. O argumento do procurador-geral é de que Eike tem causas defendidas pelo escritório de Sérgio Bermudes, no qual a mulher de Gilmar, Guiomar Mendes, é sócia e responsável pela filial de Brasília.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Janot já alegou suspeição em casos anteriores e que o órgão "observa de maneira inflexível" a aplicação das regras de impedimento e suspeição dos Códigos de Processos Penal e Civil.

A PGR alega ainda que não há conflito de interesses neste caso, visto que Janot não atua nas negociações envolvendo pessoa jurídica - que ficam a cargo da Justiça em primeira instância. "O que está entre as atribuições dos procuradores da República é negociar acordos de colaboração que envolvem pessoas com prerrogativa de foro. Neste caso, os executivos propõem os termos de colaboração a serem prestados, e não a empresa", diz a nota da PGR.

Atualmente, a OAS negocia acordo de delação de seus executivos com o Ministério Público Federal. A negociação foi suspensa no ano passado, por decisão de Janot, depois do vazamento de supostas informações que fizeram parte das conversas entre executivos da empresa e o MPF. A Braskem - braço petrolífero da Odebrecht - já firmou acordos de delação e de leniência.

Advogado

Nesta terça-feira, 9, após a notícia de que a filha de Janot atuava para empresas investigadas na Lava Jato, Bermudes fez críticas ao procurador-geral da República pela ação movida contra Gilmar e disse que ele própria deveria se declarar impedidos em casos em que Letícia defendia.

"Ele (Janot) desmerece a função que exerce. Leviano, inescrupuloso e irresponsável, não pode chefiar o nobre Ministério Público, hoje atuando corajosa e eficazmente contra a corrupção que tenta destruir o Brasil", disse o advogado em nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Procuradores do Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês) dos Estados Unidos informaram em uma teleconferência na tarde desta quarta-feira, 21, que a Odebrecht pode ter que pagar uma multa de até US$ 4,5 bilhões para autoridades norte-americanas, brasileiras e suíças.

Pelo acordo fechado nesta quarta, os procuradores explicaram que a Odebrecht concordou que a multa apropriada para encerrar as investigações de corrupção seria de US$ 4,5 bilhões, mas se declarou capaz de pagar ao redor de US$ 2,6 bilhões. Por isso, as autoridades dos EUA e do Brasil vão analisar a "incapacidade de pagamento" até 31 de março de 2017, com a sentença saindo até 17 de abril, de acordo com o comunicado.

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O Brasil vai ficar com 80% da multa paga pela Odebrecht para encerrar investigações de corrupção, enquanto a Justiça norte-americana e a da Suíça vão ficar com 10% cada.

Na teleconferência para comentar o acordo, a procuradora assistente do DoJ, Sung-Hee Suh, ressaltou que as investigações com a Odebrecht começaram no começo de 2016 e prosseguiram rapidamente, alcançando uma solução em meses. Na Braskem, as investigações começaram um pouco antes, há cerca de 18 meses. A advogada ressaltou em diversos momentos a cooperação das autoridades brasileiras e suíças para conseguir fechar um acordo em prazo curto sobre um esquema de corrupção tão complexo.

"A Odebrecht participou de um esquema de corrupção sem paralelos por mais de uma década", disse a procuradora, ressaltando que a construtora tinha até um departamento de propina. "Foi um acordo histórico, envolvendo duas companhias que fizeram pagamentos sistemáticos de centenas de milhões de dólares, em um esquema massivo para oficiais do governo ao redor do mundo."

Segundo a procuradora, as investigações envolveram pagamentos de propinas em esquemas sofisticados envolvendo a construtora em três continentes, incluindo países como Angola, Moçambique, Equador, México, República Dominicana, Colômbia e Venezuela, além do Brasil e da Suíça. Com isso, a construtora conseguiu assegurar contratos milionários.

Os procuradores ressaltaram que muito dos recursos irregulares passaram por bancos dos EUA, mas os nomes das instituições não foram revelados. Além disso, houve reuniões em território norte-americano para decidir pagamentos de propinas e a Odebrecht tem negócios no país, além de a Braskem ter papéis listados na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

Os procuradores afirmaram que cerca de 80 executivos vão ser processados criminalmente no Brasil em conexão com o esquema da Odebrecht. Os nomes, porém, ainda não foram revelados.

Cooperação da PF

O diretor-assistente da área de investigações criminais do FBI em Nova York, Stephen Richardson, afirmou na teleconferência que a cooperação da Polícia Federal (PF) e de procuradores do Brasil foi essencial para o avanço das investigações.

Sem a determinação da PF e destes procuradores, disse o diretor do FBI, talvez o esquema total de desvio de recursos e pagamento de propinas não chegasse a ser conhecido. Richardson ressaltou que a corrupção não pode ser tolerada e que essas práticas tiram a confiança das pessoas no governo, nos negócios e na economia.

O diretor do FBI ressaltou também que o combate à corrupção é ainda mais complicado quando ela é endêmica, entranhada no mundo dos negócios e em altos escalões do governo. Na teleconferência, Richardson ressaltou que a Odebrecht tinha até um departamento de propinas, dedicado integralmente a pagamentos irregulares para que a empresa conseguisse contratos milionários em vários países. "Havia uma equipe em tempo integral (para este departamento)", disse ele.

"O combate à corrupção toma tempo, exige coragem e recursos e mais importante, trabalho em grupo", afirmou. "Nenhum país, departamento ou agência pode lutar com a corrupção sozinho, é necessário um trabalho em grupo. Este caso (da Odebrecht) ilustra a importância da parceria", completou.

O procurador da República Deltan Dallagnol, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato, divulgou em redes sociais mensagem sobre o bilionário acordo de leniência com a Odebrecht e a Braskem. Em sua conta no Facebook ele diz que "é possível um Brasil diferente e a hora é agora".

"Se você acha que o Brasil não tem jeito e veste a camisa do complexo de vira-lata, esta mensagem é para você. É possível um Brasil diferente, e a hora é agora. A Lava Jato está fazendo a sua parte.", escreveu Dallagnol.

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Nesta quarta-feira, 21, o Ministério Público Federal informou que fechou acordo de leniência em "valores recordes" com a Odebrecht e a Braskem. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a colaboração das empresas revela "vasto caso de corrupção, nacional e internacional".

A Braskem se comprometeu a pagar valor equivalente, na data de assinatura do acordo, a R$ 3.131.434.851,37. Desse montante, aproximadamente R$ 2,3 bilhões serão devidos ao Brasil, para fins de ressarcimento das vítimas.

Já a Odebrecht se obrigou a pagar o equivalente a R$ 3,828 bilhões dos quais aproximadamente R$ 3 bilhões também serão destinados ao Brasil, para ressarcir vítimas.

"Você vê uma parte dos resultados do trabalho, que levou ao maior acordo num caso de corrupção na história mundial", escreveu Deltan. "Vou repetir: não só o maior caso de corrupção internacional no mundo foi descoberto pelas autoridades brasileiras, mas também foi alcançado o maior ressarcimento na história mundial em acordos dessa espécie."

O procurador aproveitou e pediu apoio dos seus seguidores para convencer o Congresso a aprovar o projeto 10 Medidas contra a Corrupção, de iniciativa do Ministério Público Federal a partir da Lava Jato. "Estamos fazendo o nosso melhor, e agora precisamos que você faça o seu melhor. Incentive os políticos a realizarem as reformas política e no sistema de justiça criminal que são necessárias para que os índices de corrupção diminuam."

"Precisamos tornar essa experiência 'efêmera', que é a Lava Jato, em um legado permanente para nós e para as futuras gerações. Incentive os políticos do seu Estado. Não desista. Ninguém está prometendo que será fácil, mas com perseverança chegaremos lá. Vamos, como brasileiros, alcançar o Brasil que nós merecemos, o Brasil como o país do presente e não mais apenas o país do futuro. De modo democrático e pacífico, o povo brasileiro conseguirá o que quer", destacou o procurador.

A Odebrecht pagou aproximadamente US$ 788 milhões em propina, em 12 países, incluindo Brasil, Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. A informação consta em documento do Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos, tornado público nesta quarta-feira, 21, após o anúncio do acordo de leniência da Odebrecht e da Braskem com os Ministérios Públicos brasileiro, americano e suíço. O pagamento da propina é relativo a "mais de cem projetos".

Em reais, o valor corresponde a R$ 2,6 bilhões na cotação atual.

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O DoJ menciona que o Setor de Operações Estruturadas da empresa funcionou como um departamento de propina para a Odebrecht e empresas ligadas à empreiteira.

Com o pagamento dos US$ 788 milhões em propina, a empresa recebeu benefícios de aproximadamente US$ 3,336 bilhões, em contratos de obras públicas, segundo os americanos. No câmbio atual, o valor correponde a mais de R$ 11 bilhões.

Foto: Beatriz Pasqualino/Radioagência Nacional

A Braskem comunica que se encontra em estágio avançado de negociação com autoridades competentes no Brasil e Estados Unidos e "que espera celebrar, com essas autoridades, um acordo de leniência compreendendo todos os fatos que envolveram a companhia no âmbito da operação Lava Jato".

O comunicado da Braskem foi divulgado nesta sexta-feira (2), no dia seguinte ao que 77 acionistas, executivos e ex-executivos da sua controladora, o grupo Odebrecht, assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público no âmbito da Lava Jato. A empresa fechou acordo de leniência no valor de R$ 6,8 bilhões, a ser pago em 23 anos, e dividido entre Brasil, EUA e Suíça.

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A Braskem - petroquímica da Odebrecht, em sociedade com a Petrobras - diz ter determinado apuração sobre suspeita de pagamento de propinas relacionadas ao ex-ministro Antonio Palocci. A afirmação vem em nota de esclarecimento à Superintendência de Relações com Empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que questionou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, da última semana, de que investigadores da Operação Lava Jato apuram suspeita de que a Braskem pagou parte das propinas destinadas a Palocci, via Setor de Operações Estrutura, o chamado "departamento da propina da empreiteira".

Conforme nota veiculada no Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) dia 29 de setembro e dia 30 no jornal O Estado de S.Paulo, há indícios, segundo investigadores, de que um dos destinatários finais do dinheiro seria o ex-marqueteiro do PT João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff (2014 e 2010) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006).

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"A este respeito, a Companhia informa que, tão logo tomou conhecimento das alegações mencionadas na notícia, determinou que as mesmas fossem devidamente apuradas pelos assessores externos contratados no contexto da investigação independente em curso". A companhia mantém investigações internas sobre suspeitas de ilícitos desde março de 2015.

Nesta segunda-feira, a empresa também anunciou que iniciou diálogos com o Department of Justice (DoJ) e a Securities and Exchange Commission (SEC) e "que espera resultar em negociações formais de acordo e na resolução das denúncias de irregularidades surgidas no âmbito da Operação Lava Jato".

Os investigadores da Operação Lava Jato apuram suspeita de que a Braskem - petroquímica da Odebrecht, em sociedade com a Petrobrás - pagou parte das propinas destinadas ao ex-ministro Antonio Palocci, via Setor de Operações Estrutura, o "departamento da propina da empreiteira". As suspeitas têm como base registros de pagamentos deletados dos arquivos da empreiteira, mas recuperados pela Polícia Federal.

Há indícios, segundo investigadores, de que um dos destinatários finais do dinheiro seria o ex-marqueteiro do PT João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff (2014 e 2010) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006).

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Os investigadores apontam que Palocci teria agido em favor da Braskem para aprovar leis que beneficiariam a empresa em pelo menos dois momentos: em 2009, quando era deputado federal pelo PT, e em 2013, quando atuava como consultor.

O petista foi detido temporariamente na segunda-feira, alvo da Omertà, 35.ª fase da Lava Jato, sob suspeita de ter arrecadado R$ 128 milhões da Odebrecht em propinas ao PT, entre 2008 e 2013. Ele foi ouvido na quinta-feira, 29, por cerca de 4 horas pelo delegado Filipe Hille Pace e pela procuradora Laura Tessler. O ex-ministro negou irregularidades.

Os registros identificados pela perícia da PF são de entregas de dinheiro em espécie em endereços de duas empresas de publicidade e comunicação, em São Paulo, com a Braskem como uma das fontes de recursos. Os dados deletados estavam no mesmo arquivo de pagamentos da conta "Italiano", codinome atribuído a Palocci nas planilhas da Odebrecht. Nesses mesmos locais, estão os registros de pagamentos ordenados "por Marcelo Odebrecht" efetuados a "João Santana/Mônica Moura (Feira) e outros beneficiários ainda não identificados".

O material foi cruzado com planilha obtida em março, quando duas secretárias do "departamento de propinas" foram presas.

Nessa contabilidade de valores devidos e pagos para "Italiano", em outubro de 2013 estava registrado que do montante que ele tinha a receber havia um saldo de R$ 70 milhões. Até aquele ano, o uso dos recursos foi prioritariamente destinado a pagamentos à "Feira", referentes ao tema "Evento". No dicionário de códigos usado no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Feira era João Santana (referência a Feira de Santana, na Bahia, terra do marqueteiro), e Evento, campanha eleitoral.

Mônica e Santana são réus de processo da Lava Jato, em Curitiba, e admitiram ao juiz Sérgio Moro terem recebido US$ 3 milhões da Odebrecht em conta secreta na Suíça, como pagamento de dívida da campanha presidencial do PT de 2010 - quando Dilma foi eleita pela primeira vez.

Defesa. Por meio de nota, a Braskem informou que desde 2015 contratou uma "investigação independente" e que "segue empenhada em elucidar eventuais fatos ilícitos e continuará cooperando com as autoridades competentes".

Palocci contesta ser o "Italiano" nas planilhas da Odebrecht. "A PF já atribuiu tal apelido a outros três indivíduos", afirmou por meio de nota. O ex-ministro informou ainda que a "ilação" de que ele "teria trabalhado para favorecer a conversão da MP 460 está em contradição com o fato de que o ex-ministro, quando deputado, votou contra a medida provisória". "Palocci não recebeu qualquer vantagem indevida ou ilícita."

A Odebrecht não comentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por 34 meses, a Braskem viveu uma queda de braço com a Petrobras, sua principal fornecedora e segunda maior acionista. A petroquímica tentava a todo custo costurar com a estatal um acordo de longo prazo para o fornecimento de nafta - derivado de petróleo que é a principal matéria-prima para o eteno, produto básico da cadeia do plástico. A batalha terminou em dezembro, mas com um acordo só para cinco anos.

Para reduzir sua dependência do insumo - e, consequentemente, da própria Petrobras, que fornece 70% de toda a demanda da petroquímica -, a Braskem decidiu diversificar: acaba de fechar um acordo para importar dos Estados Unidos o shale gas, o chamado gás de xisto, que revolucionou a indústria global por derrubar os custos de produção.

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O projeto exigirá um investimento de R$ 380 milhões e o produto será fornecido pela Enterprise Products, a mesma distribuidora que atende as fábricas da petroquímica brasileira nos EUA. O gás importado vai abastecer até 15% da fábrica de Camaçari, que se tornará uma unidade "flex", capaz de utilizar gás ou nafta na produção.

A definição sobre o insumo usado em uma indústria petroquímica é um tema sensível. Cerca de 75% do custo de produção do eteno, petroquímico que é a base da cadeia do plástico, vem da nafta. "A nafta perdeu competitividade em relação ao gás. Mas esperamos períodos de volatilidade no preço do insumo, e a fábrica de Camaçari terá flexibilidade para aproveitar esses momentos", afirmou o vice-presidente da unidade de petroquímicos básicos da Braskem, Marcelo Cerqueira.

Hoje, dos quatro polos produtivos da Braskem no Brasil, três são movidos a nafta. O único que utiliza gás é o de Duque de Caxias, no Rio, que responde por 15% da produção brasileira. A fábrica é abastecida com gás nacional e não opera a 100% da capacidade justamente pela falta de insumo brasileiro, explica Cerqueira. Com a parte da fábrica de Camaçari que será flex, a representação do gás poderá subir para 20% da produção nacional da Braskem.

Para o analista do Citi, Nuno Pinto, mais que reduzir custos com a troca de insumos básicos, a importação de gás poderá ser, no futuro, um instrumento de barganha entre a Braskem e a Petrobrás. "Ninguém quer estar na mão da Petrobrás. Se amanhã eles decidirem aumentar o preço da nafta, como já fizeram, a rentabilidade da Braskem pode cair de forma significativa."

O vice-presidente da Braskem, no entanto, diz que a importação de gás não reduzirá o volume de nafta comprado da Petrobrás. "Vamos substituir a nafta importada."

Competitividade

A revolução do shale gas americano mudou a indústria petroquímica global. Nos sete primeiros anos da década de 2000, produzir eteno com nafta custava até 30% menos do que usar o gás, apontam dados da consultoria IHS, que consideram o cenário nos Estados Unidos. A partir de 2006, a relação se inverteu e o gás chegou a custar até 75% mais barato do que a nafta. A diferença de custos começou a cair a partir de 2014, com a queda no preço do barril de petróleo. Ainda assim, até hoje, o gás sai na vantagem em relação à nafta.

O governo americano utilizou os benefícios do gás de xisto para fomentar a recuperação do país após a crise do subprime, em 2008. As regras proibiam a exportação do insumo, em uma tentativa de atrair novas indústrias para os Estados Unidos. Com o crescimento da produção, que tornou os EUA o maior produtor de gás do mundo, o governo flexibilizou as regras para evitar um excesso de oferta. Desde então, distribuidoras investiram em terminais de liquefação de gás, para viabilizar a sua exportação. A primeira remessa de gás exportado dos Estados Unidos saiu do país em dezembro do ano passado. "A exportação do gás de xisto é uma festa que vai começar. Temos de estar nesse jogo", disse o vice-presidente da Braskem.

Estimativas de mercado apontam que mesmo com o custo do frete marítimo, o gás importado americano custaria, em média, 50% menos que a nafta no Brasil nos últimos dois anos. Além da Braskem, a própria Petrobrás também anunciou que vai importar gás dos Estados Unidos. O produto será usado para abastecer as usinas termoelétricas da estatal.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, há uma tendência mundial de aumento da oferta de gás natural que deve manter os preços do produto em baixa, puxada por novas descobertas e por mais investimentos em liquefação de gás, que viabilizará a exportação aos mercados consumidores. "Vamos viver a era do gás natural. As petroquímicas que mantêm uma matriz de produção focada em nafta, como é o caso da Braskem hoje, vão perder competitividade internacional se não migrarem para o gás", afirmou.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, a competitividade da Braskem é fundamental para toda a cadeia. "Ela está na base da pirâmide. Se o custo dela é acima do mercado internacional, toda indústria química sente. O resultado é déficit da balança comercial de químicos."

Investimentos

Para receber o gás importado, a Braskem terá de fazer investimentos no seu terminal no Porto de Aratu (BA), em um trajeto de 30 km de dutos que ligam o porto à fábrica, e criar um sistema de regaseificação na unidade. As obras na fábrica serão feitas em outubro, quando está programada uma parada para manutenção, mas o porto só estará apto para receber o gás americano em outubro de 2017.

Segundo Cerqueira, há possibilidade de transformar até 30% da planta em um sistema "flex". A obra para dobrar essa capacidade deve ocorrer só em 2019. A adaptação de outras unidades da Braskem no Brasil para receber o gás importado é tecnicamente mais difícil, pois elas estão mais distantes do mar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de mais de dois anos de indefinições e vários contratos de curto prazo, a Petrobrás e a petroquímica Braskem chegaram a um acordo para fechar um novo contrato de longo prazo para o fornecimento de nafta - matéria-prima, derivada do petróleo, usada na fabricação de plásticos. O documento, no entanto, ainda não foi assinado.

A conclusão das negociações é esperada para ocorrer até terça-feira, data em que se encerra o mais recente aditivo assinado entre as duas empresas. Caso mantidas as tratativas em curso até o momento, a negociação trará algumas particularidades.

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A Braskem propôs que a referência de preço europeia, conhecida como ARA, deixasse de ser utilizada, mas não obteve êxito. De igual maneira, sugeriu que o intervalo do preço nafta ficasse entre 90% e 110%, proposta igualmente não aceita. Ainda assim, a companhia pode ser considerada vencedora da disputa com a Petrobrás. Tudo porque, além de o preço do petróleo ser favorável à petroquímica neste momento, a Petrobrás também não aplicará um prêmio de aproximadamente 6% sobre o preço ARA, como era desejo da estatal nos momentos de queda da cotação do petróleo.

A proposta que caminha para ser assinada é considerada o acordo possível neste momento. Ontem, o ministro de Minas e Energia Eduardo Braga revelou as condições do acerto. A Braskem pagará 102% da referência ARA pela nafta importada pela Petrobrás e 100% pelo insumo produzido localmente. Como a proporção entre nafta importada e nacional é equivalente, o preço a ser pago pela Braskem implicará em um prêmio de 1% sobre o valor praticado no mercado europeu.

Para se chegar a um consenso entre Petrobrás e a Braskem houve uma intermediação do governo por meio dos ministério de Minas e Energia (MME) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Os representantes das duas pastas estiveram ontem no Encontro Nacional da Indústria Química (Enaiq) e demonstraram otimismo em relação à assinatura do acordo. É possível que o novo contrato tenha validade de cinco anos, prorrogáveis por mais cinco anos.

Braga, do MME, fez questão de dizer que a diretoria da Petrobrás tem um compromisso com a presidência e com o próprio ministério para que o novo acordo seja assinado até o dia 15 de dezembro. O tom de cobrança tem explicação: esta não seria a primeira vez que, após o ministro afirmar que o acordo seria assinado, a Petrobrás voltou atrás na formalização do acordo.

Gatilho

Esta possibilidade ainda existe, afinal alguns pontos técnicos ainda estão em discussão. É o caso, por exemplo, da criação de uma espécie de gatilho, um mecanismo que seria acionado quando o preço do petróleo alcança determinado patamar. Nesse caso, o petróleo mais valorizado seria benéfico para a Petrobrás, mas reduziria a competitividade da Braskem em relação a petroquímicas que operam centrais petroquímicas abastecidas com gás natural. Ainda não está definido qual será o patamar para o acionamento do gatilho.

No último acordo de longo prazo, o mecanismo era representado pelo intervalo de preços estabelecido. Quando o petróleo estava mais valorizado, a Petrobrás aceitava oferecer desconto de até 7,5% sobre o preço ARA. Quando a commodity estava em queda, e o ambiente era mais propício à Braskem, era o momento em que a petroquímica pagava um prêmio de até 5% sobre o valor europeu.

O sistema de intervalo de preços será interrompido, caso as condições em discussão se mantenham, por decisão da própria Petrobrás. A estatal manteve posição firme de não receber menos do que 100% da referência ARA principalmente após as investigações da Polícia Federal apontarem irregularidades na relação entre Petrobrás e Odebrecht. A construtora é a principal acionista da Braskem, seguida pela estatal.

As negociações entre as duas partes ocorrem desde 2013, quando a estatal comunicou à Braskem que o acordo não seria prorrogado a partir de 2014. Desde então foram assinados aditivos com prazos máximos de seis meses. A incerteza sobre disponibilidade e preço da matéria-prima, contudo, levou as estrangeiras Synthos e Styrolution, duas empresas que haviam anunciado interesse em investir no Brasil, a suspenderem seus planos.

"A situação de indefinição de preço da nafta estava gerando adiamento dos investimentos. Precisamos garantir previsibilidade, sobretudo a indústrias de primeira e segunda gerações (do setor petroquímico) que dependem fundamentalmente de uma política que assegure previsibilidade e visão clara de custos", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Braskem divulgou ao mercado nesta manhã de segunda-feira (27) nota de posicionamento sobre denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra terceiros no âmbito da operação Lava Jato, que menciona supostos pagamentos indevidos em favorecimento da companhia em contratos celebrados com a Petrobras.

Para a petroquímica, a base das acusações da denúncia "é a mesma anteriormente divulgada pela mídia, sobre as quais a companhia já publicou dois fatos relevantes e comunicados".

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No documento enviado nesta manhã ao mercado, quanto aos alegados prejuízos à Petrobras decorrentes do contrato de nafta assinado em 2009, a Braskem ressalta que a própria Petrobras reconhece formalmente que a fórmula de preço era compatível com o seu custo de oportunidade para o produto e também que a necessidade de importação de nafta decorreu de sua decisão "unilateral" de destinar a produção nacional da matéria-prima já contratada para atender ao aumento de demanda do setor de combustível.

Na última sexta-feira, 24 de julho, a Justiça Federal do Paraná decretou nova prisão preventiva da cúpula da Odebrecht, controladora da petroquímica, incluindo a do presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Além disso, o executivo foi denunciado criminalmente pelo MPF.

Na própria sexta-feira a Braskem emitiu nota de esclarecimento de que a negociação do contrato de nafta em 2009 foi feita pela Petrobras simultaneamente com a petroquímica e com a sua concorrente à época, a Quattor. Segundo o comunicado, as duas empresas assinaram contratos com a Petrobras em condições idênticas e, portanto, tiveram acesso à matéria-prima nas mesmas condições. A Braskem diz ainda que "não faz nenhum sentido falar em R$ 6 bilhões de prejuízo à Petrobras a partir do conhecimento técnico do mercado de combustíveis e petroquímicos brasileiros".

A Braskem pretende vincular o novo contrato de longo prazo para a compra de nafta petroquímica da Petrobras ao preço internacional do petróleo, e não mais à cotação da nafta comercializada no mercado europeu. Esse é um dos temas que deverá ser discutido em reunião de um grupo de trabalho, liderado pelo ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, que tenta equacionar o impasse envolvendo a Petrobras e a Braskem. Desde 2013 as duas empresas buscam um consenso para a assinatura de um novo contrato de longo prazo.

Em meio a suspeitas de corrupção envolvendo a Braskem e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a nova diretoria da estatal e o novo comando diretivo da petroquímica tentam dar andamento às negociações sobre nafta, principal insumo da Braskem.

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O objetivo é a assinatura de um acordo de longo prazo, nos moldes do contrato com prazo de cinco anos, entre 2009 e 2014, e prorrogáveis por mais cinco anos. A Petrobras, contudo, optou por não prorrogar o acordo anterior e, desde o início do ano passado, a relação comercial entre as duas empresas é garantida a partir da assinatura de aditivos vinculados ao contrato original.

Um novo capítulo das negociações deve ocorrer nesta terça-feira (21). Representantes da Braskem, da Petrobras e de diferentes esferas do governo devem se reunir para analisar nova proposta apresentada pela petroquímica, segundo apurou a reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Os valores cobrados pela Petrobras, conforme esta proposta, passariam a ser atrelados à trajetória do preço internacional do petróleo. Atualmente, a relação entre as empresas considera a cotação da nafta vendida na região conhecida como ARA, formada pelos mercados de Amsterdã, Roterdã e Antuérpia.

Na mesma proposta, a petroquímica sugere a criação de dispositivos que limitem o efeito da volatilidade do petróleo. Quando o preço internacional do barril estiver baixo, como é o caso atual, a companhia pagaria proporcionalmente mais pelo insumo. Quando o petróleo voltar a patamares mais elevados, por outro lado, a elevação de custos não seria repassada integralmente à Braskem.

"No momento o cenário é mais favorável à cadeia petroquímica, mas também haverá momentos mais positivos à indústria do petróleo", afirma uma fonte com conhecimento sobre o assunto e que pediu para não ser identificada.

O cenário atual é mais favorável à Braskem porque o preço do petróleo está em baixa e, por consequência, o custo de derivados do petróleo, caso da nafta, também beneficia os compradores. Em períodos de petróleo mais valorizado, por outro lado, o custo da nafta sobe e a competitividade da Braskem em relação a petroquímicas abastecidas por gás natural encolhe.

Lava Jato

A negociação entre Petrobras e Braskem a respeito de um novo contrato de nafta ocorre em um momento no qual a relação entre as duas empresas é esmiuçada pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef já deram depoimentos nos quais acusam o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem Alexandrino de Alencar de participação em práticas ilícitas.

Na última edição de sábado, o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou o conteúdo de um relatório elaborado por uma comissão interna da Petrobras no qual são questionadas algumas condições do contrato com validade entre 2009 e 2014. O documento aponta que a Braskem teria sido favorecida nas negociações com a Petrobras, esta representada por Paulo Roberto Costa.

A Braskem, desde que foram revelados detalhes das delações feitas por Costa e Youssef, nega as irregularidades e alega que os contratos de nafta seguem "preceitos legais. Além disso, a companhia destaca que nunca foi favorecida com os contratos, os quais, por serem atrelados à cotação ARA, sempre tiveram referência em valores mais caros.

A Braskem informou que em cumprimento ao requisitado pela Polícia Federal, entregou às autoridades, nesta sexta-feira (26) todas as mensagens eletrônicas do ex-funcionário Roberto Prisco Ramos armazenadas nos servidores. "O processo de coleta foi auditado por empresa de auditoria independente e certificado com fé pública por tabelião", diz a Braskem, em nota.

A empresa apontou ainda que Ramos deixou de ser funcionário da Braskem em dezembro de 2010, quando foi transferido para outra empresa da Organização Odebrecht.

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A Polícia Federal divulgou na semana passada que um e-mail escrito em março de 2011 por Ramos por meio do seu endereço eletrônico da Braskem, para Marcelo Odebrecht, ajudou a levar o presidente do grupo à prisão. A mensagem faz referência à colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia no contrato de operação de sondas.

"O e-mail abordando as questões de sondas de óleo e gás, datado de março de 2011 e que está em posse das autoridades policiais desde novembro de 2014, não tem relacionamento com as atividades operacionais da Braskem", reiterou a petroquímica.

A Polícia Federal cumpriu mandado nesta sexta-feira (19) de busca e apreensão na sede da empresa Braskem, gigante dos setores químico e petroquímico. O doleiro Alberto Youssef afirmou em delação premiada que Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, diretor da Odebrecht, teria negociado o pagamento de propina da Odebrecht/Braskem com ele e o então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

O executivo teria acertado o pagamento de U$ 5 milhões ao ano para Youssef e Paulo Roberto em troca de a Petrobras vender para a Braskem uma cesta de serviços pelo mesmo preço praticado no mercado internacional, inferior ao cobrado pela petroleira no mercado interno. Da propina, 30% iria para Paulo Roberto e 70% para o Partido Progressistas (PP).

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O pagamento da propina seria feito no exterior e interditado pelo diretor financeiro da Odebrechet Cesar Ramos Rocha, conhecido pela alcunha de "Naruto". Reforçaram os indícios de esquema, e-mail apreendido pela PF na Odebrecht na sétima fase da Lava Jato enviado por Roberto Prisco Ramos, da Braskem, para o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrechet, e outros executivos da empresa. Na mensagem, se faz referência a colocação de um sobrepreço da ordem de 20 a 25 mil dólares por dia em contrato de operação de sondas. Alexandrino e Cesar Rocha foram presos hoje na 14a fase da Lava Jato.

A reportagem procurou a Braskem, que não retornou até a tarde desta sexta-feira.

A Braskem negou a existência de qualquer tipo de irregularidade nas negociações de compra de matéria-prima feita com a Petrobras. Em nota enviada ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a petroquímica destacou que os acordos com a estatal seguiram os preceitos legais e os preços sempre estiveram alinhados às referências internacionais. A posição é uma resposta da Braskem às acusações feitas pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de que a companhia teria obtido vantagens indevidas em acordos com a estatal.

"Todos os pagamentos e contratos da Braskem com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança das duas empresas. Além disso, é importante ressaltar que os preços praticados pela Petrobras na venda de matérias-primas nunca favoreceram a Braskem e sempre estiveram atrelados às referências internacionais", destacou a petroquímica em nota.

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A petição de nº 5.280 da Procuradoria-Geral da República (PGR), na qual constam detalhes das delações premiadas de Youssef e Costa, aponta que os contratos assinados entre a Braskem e a Petrobras também foram alvo de irregularidades, assim como outros acordos analisados no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A petroquímica teria pago, em média, US$ 5 milhões por ano a Costa e ao Partido Progressista (PP) para que as condições de compra de insumos como a nafta fossem mais atrativas à Braskem. Costa recebia o equivalente a 30% do montante e os demais 70% eram destinados ao PP, em uma transação articulada pelo ex-executivo da Petrobras, pelo falecido deputado José Janene, do PP, e por executivos da Braskem.

Segundo Youssef, o ex-vice-presidente de relações institucionais da Braskem, Alexandrino Alencar, teria negociado com Costa e Janene para que o preço pago pela petroquímica fosse "bastante inferior ao praticado no mercado interno". A Braskem rebate a acusação e alega que os valores pagos à Petrobras sempre estiveram atrelados às referências internacionais "mais caras do mundo, com notórios efeitos negativos para a competitividade da Braskem e da petroquímica nacional".

Em um segundo momento, as negociações também contariam com a presença do ex-presidente da Braskem, José Carlos Grubisich. Tais reuniões, ainda de acordo com Youssef, tiveram início em 2006 e ocorreram até 2012, ano em que Paulo Roberto Costa deixou a diretoria da Petrobras. Uma vez acordado o valor do pagamento a ser feito pela condição mais favorável do contrato, a Braskem fazia transferências de valores a contas de terceiros, utilizando-se da conta de subsidiárias no exterior.

Costa, em seu depoimento, confirmou a existência de pagamentos feitos pela Braskem em associação com a Odebrecht. O grupo industrial é, juntamente com a própria Petrobras, o controlador da Braskem.

A Braskem saiu de prejuízo no segundo trimestre de 2013 para lucro líquido de R$ 124 milhões no mesmo período deste ano. Entretanto, em comparação com o primeiro trimestre de 2014, o resultado representa uma queda de 69%, ante os R$ 396 milhões de então.

O lucro líquido de R$ 124 milhões ficou 23% abaixo da projeção média dos analistas consultados pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, (Ágora, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Santander e Votorantim Corretora), que era de R$ 161,7 milhões.

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A receita líquida da petroquímica atingiu R$ 10,853 bilhões, 11% acima do verificado no segundo trimestre de 2013, porém queda de 8% sobre o primeiro trimestre deste ano.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado soma R$ 1,130 bilhão no segundo trimestre, 6% maior do que em igual intervalo de 2013 e queda de 31% ante o dos primeiros três meses de 2014. O aumento na comparação trimestral foi positivamente influenciado pelo patamar de spreads entre os períodos e a depreciação do real, como explica a companhia em relatório de resultados. A margem Ebitda encerrou junho em 10,4%, abaixo de 13,8% no trimestre imediatamente anterior e de 10,9% há doze meses.

O Ebitda básico foi de R$ 1,132 bilhão, 9% abaixo do registrado no segundo trimestre de 2013 e 31% ante o primeiro trimestre. Em dólares, o Ebitda do trimestre atingiu US$ 507 milhões. O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 478 milhões, queda de 15% sobre os R$ 560 milhões e de 29% na comparação com o segundo trimestre de 2013. O Ebitda básico ficou em linha com o resultado esperado, de R$ 1,162 bilhão.

O Broadcast considera que o resultado está em linha com as projeções quando a variação para cima ou para baixo é de até 5%.

Utilização

A taxa média de utilização das centrais petroquímicas da Braskem no segundo trimestre foi de 84%, 1 ponto porcentual inferior ao primeiro trimestre deste ano. A queda foi influenciada pela parada programada de manutenção em uma das linhas da operação de Triunfo (RS) e pelo menor suprimento de matéria-prima para a central do Rio de Janeiro, informou a companhia em seu relatório de resultados.

As vendas da Braskem no segundo trimestre deste ano atingiram 879 mil toneladas. Na comparação com o segundo trimestre de 2013, que havia sido positivamente influenciado pela recomposição de estoques e pelo desempenho de determinados setores, como de infraestrutura, automotivo e de agronegócio, as vendas da companhia caíram 7%.

A demanda brasileira por resinas termoplásticas no segundo trimestre (PE, PP, PVC) foi de 1,311 milhão de toneladas, uma queda de 2,6% em relação ao trimestre anterior, refletindo a desaceleração da economia doméstica, acrescentou a Braskem.

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