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A nova subvariante da Ômicron, a XBB.1.5, está se expandindo pelos Estados Unidos e já representa cerca de 40% dos casos de Covid-19 no país, ante 20% na semana passada. Em regiões como Nova York, já é responsável por 75% das infecções. Os Centros de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) alertam que a subvariante "pode ser mais transmissível do que outras variantes", mas ainda não sabem se ela tem efeitos "mais graves".

Especialistas americanos apontam também que a XBB.1.5 pode ser mais difícil de neutralizar por anticorpos. Com todas essas características, ela ganhou o apelido de Kraken (monstro marinho da mitologia escandinava).

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Os hospitais dos EUA têm registrado um aumento nas internações no último mês no país, embora a área noroeste do país, que tem altos números para essa subvariante, não tenha visto elevação desproporcional nas internações em comparação com outras regiões.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu na quarta-feira (4) sobre o aumento de casos da XBB.1.5 na Europa e nos Estados Unidos. "A XBB.1.5, uma recombinação das sublinhagens BA.2, está aumentando na Europa e nos Estados Unidos, foi identificada em mais de 25 países e a OMS está monitorando de perto", disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Professor da Universidade Feevale, o virologista Fernando Spilki disse ao Estadão que a variante "mãe" da XBB.1.5, a XBB, surgiu muito provavelmente na Ásia, onde causou recrudescimento de casos no outono. Ela tem, diz ele, uma mutação que proporciona maior escape imune tanto da vacina quanto de infecções anteriores.

Flávio Guimarães da Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) e professor do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que a XBB, no entanto, era "menos infecciosa", pois havia perdido um pouco da capacidade de se ligar às células. "A XBB.1.5 é uma correção desse defeito, porque ela sofreu mutação em um outro ponto que voltou a deixar esse vírus capaz de infectar com muita eficiência as células durante uma infecção."

Spilki acrescenta que a expansão dos casos nos EUA tem também um componente social, com festas de final de ano e o comportamento no inverno (de as pessoas se reunirem em locais fechados).

"Vamos avaliar o risco da subvariante e agir em conformidade", comentou Tedros Adhanom, da OMS. Ele também alertou que nas últimas semanas houve aumento das internações e da pressão hospitalar no Hemisfério Norte, não apenas por causa da Covid-19, mas também por outras doenças respiratórias, incluindo a gripe.

O aumento de casos, no entanto, é significativamente menor do que há um ano, no início do avanço da Ômicron "original", quando quase 25 milhões de diagnósticos positivos semanais foram registrados globalmente, sete vezes mais do que os níveis atuais (embora agora menos testes estão sendo realizados devido à predominância de casos leves).

O surgimento da Kraken coincide com o relaxamento da política de "covid zero" na China, o que tem feito a quantidade de infecções explodir no país asiático. A escalada de casos é explicada pelo baixo contato prévio dos chineses com a doença, as lacunas na cobertura das doses de reforço e ainda a não aplicação de vacinas de outras tecnologias, como a de RNA, presente nos produtos das farmacêuticas Pfizer e Moderna.

Especialistas afirmam, porém, que há grande subnotificação de casos na China, o que dificulta saber com clareza o ritmo de avanço da doença. As autoridades chinesas declaram que as cepas BA.5.2 e BF.7 são as variantes dominantes na China e representam mais de 80% dos casos na gigante asiática.

Kraken deve chegar ao Brasil e pode causar nova onda, dizem cientistas

Fernando Spilki destaca que é "quase impossível" que a nova subvariante não chegue ao País. "A gente já teve a circulação de XBB, e vamos encontrar esse processo (de circulação da XXB.1.5) mais adiante. Os efeitos são o que mais nos importa", diz. Flávio Guimarães da Fonseca acrescenta que não é uma questão de "se", mas sim se "quando" vai chegar.

Nesse sentido, o coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, comenta que o Brasil não tem feito nada que impeça a variante de chegar no País. Ele pondera que ela pode sim causar uma nova onda de casos, mas destaca que não há clareza sobre as dimensões que pode tomar.

Nos EUA, conta, desde a chegada da Kraken, o número de internações em UTI por covid dobraram e os óbitos estão em curva ascendente, mas os casos não parecem crescer na mesma medida. "É um sinal de que as pessoas não estão se testando".

Pelo histórico da covid no País, Spilki comenta que uma nova onda no Brasil já estava no horizonte, mesmo sem o surgimento da XBB.1.5. Ele comenta que, em geral, após as festas de fim de ano, no período de verão e de retomada de atividades entre fevereiro e março, ocorre um dos principais volume de casos do ano. "A XBB, em especial a XXB.1.5, pode influenciar (essa nova onda), especialmente se ela conseguir se disseminar bem em populações nas quais previamente circulavam linhagens anteriores, especialmente a BQ.1 (que causou onda de casos no Brasil em novembro)."

É difícil anteciparmos o tamanho de uma possível nova onda, dizem os especialistas. "Se criarmos oportunidades para o vírus circular, pode ter certeza que ele vai aproveitá-las, e podemos nos encontrar em situações mais complicadas", pondera Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e professora da escola de saúde da Unisinos.

Embora não acreditem que a possível nova onda atinja as proporções vistas com a Ômicron original, no ano passado, os especialistas destacam que a alta circulação nunca é isenta de riscos. O aumento de casos, comentam, é acompanhado pela expansão de óbitos e internações. Além disso, alertam que a taxa de vacinação de reforço em jovens e adultos está baixa.

Com esse cenário, destacam que é preciso avançar na vacinação, principalmente nas doses de reforço. O uso da das injeções atualizadas (bivalentes) também ganha ainda mais importância. "Dados iniciais sugerem que os anticorpos neutralizantes induzidos pelas vacinas atualizadas bivalentes são capazes de oferecer proteção maior contra essas versões circulantes da Ômicron, mesmo considerando que essas variantes tenham um grande escape parcial das defesas", diz Mellanie, acrescentando que "os reforços de vacinas não atualizadas (também) seguem conferindo boa proteção contra a doença".

Os especialistas destacam também que está na hora de se criar uma "cultura da higiene respiratória" no Brasil, com uso de máscara em locais fechados e em aglomerações. O mesmo vale para aqueles que apresentem qualquer sintoma respiratório. Pessoas com comorbidade, idosos e não vacinados precisam redobrar cuidados.

Spilki faz um apelo para que as pessoas com sintomas, mesmo que brandos, busquem a testagem. "Não basta vacinar, não basta tomar outros cuidados. A gente tem de testar, saber quando precisa se isolar."

(Com agências)

A variante XBB.1.5 do coronavírus, conhecida como Kraken, foi detectada pela primeira vez no Brasil nesta quinta-feira (5). A paciente é uma mulher de 54 anos moradora do município de Indaiatuba, interior de São Paulo. Nesta quarta-feira (4), a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia feito um alerta sobre o aumento de casos da XBB.1.5 na Europa e nos Estados Unidos e afirmado que a subvariante derivada da Ômicron é a versão mais transmissível da Covid-19 identificada até o momento.

A identificação no Brasil foi feita pela rede de saúde integrada, Dasa. O virologista José Eduardo Levi, responsável pelo projeto científico Genov, que faz a vigilância genômica das variantes da Covid-19 na empresa, explica que a amostra da paciente veio junto com uma sequência de 1.332 amostras positivas de coronavírus da variante Ômicron, sendo 33 da subvariante XBB, que já existia no País. Não foram divulgadas informações sobre o estado de saúde da mulher.

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"Aqui as características são de não ter uma nova onda. A gente tem visto a proporção de XBB aumentar em um cenário de queda do número de casos e incidência. É claro que o efeito réveillon começa a aparecer daqui a algumas semanas. Hoje é muito precoce falar disso, mas se tivesse uma onda de Natal a gente estaria vendo agora, então não houve", avalia.

De acordo com o pesquisador, dentro de uma análise em larga escala nas amostras, ou seja, sem sequenciamento genético, é possível ver que houve diminuição da variante que dominava o Brasil, a BA.5, e suas derivadas.

Em contramão, houve um aumento de outra variante ainda desconhecida, mas que possui características de XBB. "Eu estimo que hoje nós estamos entre 20 a 30% de XBB. Se é a XBB.1.5 ou se vai virar a gente ainda não sabe, apenas o sequenciamento poderia dizer", afirma.

Qual a diferença entre a subvariante XBB e a XBB.1.5 ?

As variantes mudam de nome de acordo com as alterações adicionais que vão desenvolvendo, como a transmissibilidade, ou mudanças em pontos-chaves que fazem com que o vírus escape da resposta imunológica ou do uso de anticorpos no tratamento. A Organização Mundial da Saúde afirmou por meio do diretor geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que a XBB.1.5 já foi encontrada em mais de 25 países.

"A XBB.1.5, uma recombinação das sublinhagens BA.2, está aumentando na Europa e nos Estados Unidos, foi identificada em mais de 25 países e a OMS está monitorando de perto", disse Tedros.

O Brasil, segundo o virologista, ainda tem um número alto de casos para dar brecha para as "evoluções" do vírus. "Quanto mais vacinada a população, quanto mais imunizada naturalmente, você vai fechando o gargalo para o coronavírus até o momento que ele não consegue ter mutações", afirma.

No que diz respeito aos sintomas, não há mudanças significativas com a nova subvariante, segundo o virologista. Ele explica que vírus se adaptou para ficar no trato respiratório alto, e não no pulmão, que leva à pneumonia, como era o caso da versão anterior à Ômicron. "O medo é que surja uma nova variante que seja 'muito boa' de transmitir e também desça para o trato respiratório com facilidade. Isso ainda não aconteceu", afirma.

No mês de novembro, o Brasil negociou com a Pfizer 34 milhões de vacinas bivalentes contra covid-19 que protegem contra a cepa original e contra as variantes BA.1, BA.4 e BA.5. As remessas finais devem chegar até o fim de janeiro.

De acordo com José Eduardo Levi, a atualização das vacinas não acompanha as variações, o que causa um "atraso", mas ainda sim imunizantes disponíveis conseguem proteger contra as novas versões. "No final, todas elas que têm Ômicron no esqueleto são melhores do que o que a gente tinha", explica.

O Ministério da Saúde passou nesta quarta (4) a recomendar a aplicação de dose de reforço da vacina contra Covid-19 para todas as crianças entre 5 e 11 anos. O intervalo entre a segunda dose e a complementar deve ser de ao menos quatro meses.

A imunização complementar nessa faixa deve ser feita com a vacina pediátrica da Pfizer, mesmo em crianças que receberam primeira e segunda doses da Coronavac (que é aplicada em pequenos a partir dos 3 anos).

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A recomendação foi baseada em pesquisas que mostraram o aumento dos níveis de anticorpos após o reforço. "No estudo clínico, as crianças avaliadas apresentaram aumento de seis vezes no número de anticorpos após a dose de reforço. Em outro estudo, o reforço da vacina da Pfizer se mostrou eficaz contra a variante Ômicron, com aumento de 36 vezes na produção de anticorpos nessa faixa etária", disse a pasta em nota.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia liberado a dose de reforço da Pfizer para crianças a partir dos 5 anos no início de dezembro. Adolescentes de 12 a 17 anos se tornaram elegíveis para a vacina complementar em maio do ano passado, com publicação de nota técnica da Saúde.

Calendário

O Ministério da Saúde aprovou também uma resolução para incorporar a vacinação contra a Covid-19 ao calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A ideia é aplicar doses de reforço anuais em todos os mesmos grupos prioritários para a gripe, como idosos, profissionais da saúde e imunocomprometidos.

A decisão da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização prevê a utilização da vacina bivalente desenvolvida pela Pfizer com eficácia comprovada contra a variante Ômicron original e a cepa BA1 do coronavírus.

O imunizante foi aprovado em novembro pela Anvisa e o primeiro lote, com quantidade suficiente para 1,4 milhão de aplicações, chegou ao Brasil no início de dezembro.

"Até o momento, a efetividade da vacina ainda protege contra doenças graves, mas precisamos fazer essa proteção contra os grupos prioritários", afirma Ethel Maciel, recém-nomeada secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, ao Estadão. Ela explica ainda que o Ministério da Saúde continua a monitorar o surgimento de novas cepas da Covid-19 e fará qualquer alteração que se torne necessária.

Na última sexta-feira (30) a pasta fechou um contrato complementar com a farmacêutica Pfizer que prevê a entrega de 50 milhões de doses adicionais das vacinas contra a Covid-19.

Ao todo, foram encomendadas 150 milhões de doses da farmacêutica, das quais 69 milhões serão entregues até o fim do segundo trimestre deste ano.

Grupos

Os grupos considerados prioritários na vacinação contra a gripe e que devem se repetir na dose de reforço anual para o coronavírus, segundo o Ministério da Saúde, são aqueles compostos de crianças de seis meses a cinco anos, gestantes, puérperas, profissionais da saúde, além de pessoas de povos indígenas.

Entre os prioritários, aparecem ainda as pessoas com 60 anos ou mais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, além da população e funcionários do sistema prisional, pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cerca de 69 milhões de brasileiros ainda não receberam a dose de reforço da vacina contra a covid-19. A Rede Nacional de Dados em Saúde mostra ainda que mais de 30 milhões de pessoas não receberam a segunda dose do reforço, enquanto 19 milhões de pessoas não buscaram sequer a segunda dose do esquema vacinal primário.

Esta semana, a recém-empossada ministra da Saúde, Nísia Trindade, lembrou que a pandemia não acabou e reforçou a importância de se completar o esquema vacinal contra a doença.

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“A pandemia mostrou a nossa vulnerabilidade. O rei está nu. Precisamos afirmar, sem nenhuma tergiversação, e superar essa condição”, disse, ao destacar que o país responde por 11% das mortes por Covid-19 no mundo, apesar de representar 2,7% da população global.

Segundo a pasta, estudos científicos revelam que a proteção vacinal desenvolvida contra a Covid-19 é mais alta nos primeiros meses, mas pode apresentar redução. Com a dose de reforço, a proteção contra o vírus volta a ficar elevada. Por isso, a proteção adicional é considerada indispensável.

“Neste cenário, o Ministério da Saúde ressalta que é fundamental buscar uma unidade de saúde mais próxima para atualizar a caderneta de vacinação contra a Covid-19 e outras doenças.”

Cobertura vacinal

Até o momento, 163 milhões de pessoas tomaram a segunda dose ou a dose única da vacina contra a covid-19, o que representa 79% da população. Quanto à primeira dose de reforço, 102,5 milhões foram aplicadas. Já a segunda dose de reforço - ou dose adicional - soma 45,2 milhões de aplicações.

O governo de Pequim criticou, nesta terça-feira (3), a imposição de testes de Covid-19 em vários países a viajantes provenientes da China, que enfrenta uma onda de casos sem precedentes.

"Alguns países estabeleceram restrições de entrada visando apenas viajantes chineses. Isso não tem base científica e algumas práticas são inaceitáveis", denunciou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Neste contexto, a China poderia "adotar contramedidas, de acordo com o princípio da reciprocidade", alertou.

Em 7 de dezembro, as autoridades chinesas levantaram as rígidas restrições sanitárias de sua estratégia de "covid zero", decisão que provocou uma avalanche de doentes nos hospitais e vítimas da covid nos crematórios.

A partir de domingo, Pequim não vai mais impor quarentena às pessoas que chegam do exterior, mas continuará exigindo um teste de PCR negativo para os viajantes.

O país não emite visto de turismo há quase três anos.

Uma dezena de países impôs testes de covid a passageiros da China nos últimos dias, diante da preocupação com a falta de transparência sobre os números de infectados e por medo do aparecimento de novas variantes.

Em Xangai, dois terços dos residentes podem ter contraído covid nas últimas semanas, segundo um funcionário de um dos principais hospitais da cidade.

"Atualmente, o surto em Xangai é muito grande e pode ter afetado 70% da população, o que é entre 20 e 30 vezes mais" do que o surto anterior no início de 2022, declarou nesta terça-feira Chen Erzhen, vice-presidente do hospital Ruijin, a um blog publicado pelo Diário do Povo.

A cidade de 25 milhões de habitantes, capital econômica da China, foi colocada sob estrito confinamento por dois meses a partir de abril. Muitos habitantes foram transferidos para centros de quarentena.

Agora, a variante ômicron se espalha muito rapidamente.

- 100 ambulâncias -

Em outras grandes cidades chinesas, como Pequim, Tianjin (norte), Chongqing (sudoeste) e Guangzhou (sul), as autoridades sanitárias acreditam que o pico já passou.

Chen, que também é membro do Conselho de Especialistas em Covid de Xangai, informou que seu hospital recebe 1.600 admissões de emergência por dia - o dobro do número antes do levantamento das restrições - 80% das quais são pacientes com covid.

"Todos os dias chegam mais de 100 ambulâncias ao hospital", explica, apontando que metade dos doentes tem mais de 65 anos e, por isso, são mais vulneráveis.

Repórteres da AFP no hospital Tongren de Xangai observaram nesta terça-feira pacientes recebendo tratamento de emergência do lado de fora do prédio, sobrecarregado com o fluxo de pacientes.

Os corredores estavam cheios de idosos deitados em leitos recebendo soro. Alguns usavam máscaras de oxigênio.

Em outro hospital de Xangai, a AFP testemunhou uma discussão. "Cheguei primeiro", gritou um paciente a outro paciente.

A onda de casos de covid nas grandes cidades deve chegar em breve às zonas rurais na China, para onde milhões de pessoas devem retornar para celebrar o Ano Novo Lunar a partir de 21 de janeiro.

Nessas áreas, os serviços de saúde estão em piores condições do que nas cidades.

Jiao Yahui, funcionário da Comissão Nacional de Saúde (CNS), reconheceu na segunda-feira em entrevista à televisão estatal CCTV que a previsão para o interior representa um "enorme desafio".

A um dia do fim do governo Jair Bolsonaro (PL), o Ministério da Saúde anunciou a compra de mais 50 milhões de doses da vacina contra a covid-19 para o público acima de 6 meses de idade. O acordo fechado com a farmacêutica Pfizer prevê a entrega dos imunizantes até o segundo trimestre de 2023 - entre abril e junho do ano que vem.

A compra de vacinas contra a covid-19 para o ano que vem havia sido criticada pela equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em novembro. O coordenador do grupo responsável pela área da Saúde, Arthur Chioro, disse, na ocasião, que o ministério não havia formalizado a aquisição de todas as doses necessárias.

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Durante a pandemia, Bolsonaro promoveu aglomerações e atuou contra medidas de proteção, como o isolamento e o uso de máscaras. O presidente diz não ter se vacinado contra a covid e chegou a associar o imunizante ao risco de desenvolver o vírus da aids. Nesta quarta-feira, 28, a Polícia Federal (PF) disse ter visto crime na fala de Bolsonaro.

O novo acordo da Saúde com a Pfizer estabelece que serão compradas vacinas bivalentes para pessoas acima de 12 anos e doses monovalentes para as faixas etárias de 6 meses a 11 anos. Segundo o contrato, a farmacêutica poderá entregar imunizantes adaptados a novas variantes que venham a ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo o Ministério da Saúde, com esta compra o número total de doses adquiridas chega a 150 milhões. Ao longo de 2022, 81 milhões de doses foram entregues ao Brasil. As 69 milhões de doses remanescentes do acordo serão entregues até o segundo trimestre de 2023.

A Saúde informou que para a faixa etária de 6 meses a 4 anos de idade estão previstas duas entregas em 2023: a primeira, com 16 milhões de doses, no primeiro trimestre e a segunda, com 6,68 milhões de doses, no segundo trimestre.

A Pfizer fará duas entregas para o público de 5 a 11 anos. Uma, com 11 milhões de doses, até o primeiro trimestre e outra, com 6,57 milhões, no segundo trimestre. Já para o público adulto, está prevista uma entrega de 9,7 milhões de doses da vacina bivalente BA.4/BA.5 até junho.

O governo dos Estados Unidos se uniu ao número crescente de países que adotam restrições aos viajantes procedentes da China, depois que Pequim suspendeu de maneira repentina as limitações às viagens internacionais, apesar da onda local de contágios.

Hospitais de toda a China estão sobrecarregados com a explosão de casos de coronavírus após o fim da política de "covid zero", que conseguiu controlar as infecções, mas afetou gravemente a economia e provocou muitos protestos.

O país anunciou na segunda-feira o fim da exigência de quarentena par as pessoas que chegam do exterior, o que motivou milhares de chineses a planejar viagens internacionais.

Em resposta, vários países, incluindo Estados Unidos, passaram a exigir a apresentação de exames com resultado negativo de Covid-19 para admitir a entrada de visitantes procedentes da China.

"O rápido aumento recente da transmissão de covid-19 na China aumenta a possibilidade do surgimento de novas variantes", afirmou uma fonte do Departamento de Saúde americano à imprensa.

Pequim divulgou informações limitadas sobre as variantes que circulam na China, de acordo com a mesma fonte. Os testes e relatórios sobre novos casos também diminuíram.

Itália, Japão, Índia e Malásia também anunciaram medidas restritivas para tentar impedir a importação de variantes a partir da China.

O governo chinês criticou o que chamou de "exagero, difamação e manipulação política" da imprensa ocidental sobre a situação do coronavírus no país.

"O atual desenvolvimento da situação epidemiológica chinesa é previsível e está sob controle", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, na quarta-feira.

A China ainda não permite a entrada de visitantes estrangeiros e mantém a suspensão de emissão de vistos para turistas e estudantes internacionais.

Mas a o fim da quarentena obrigatória provocou um enorme interesse entre os habitantes da China por viagens ao exterior, depois de um longo confinamento no país desde que Pequim determinou restrições em março de 2020.

O ministro da Saúde da Itália, Orazio Schillaci, afirmou que exigir exames aos visitantes procedentes da China é "essencial para assegurar a vigilância e identificação de variantes do vírus para proteger a população italiana.

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu "medidas adequadas para proteger" a população e afirmou que o governo monitora a "evolução da situação na China".

A Comissão Europeia deve ter uma reunião nesta quinta-feira para discutir "possíveis medidas para uma abordagem coordenada" da União Europeia aos contágios na China.

- Hospitais lotados -

Os hospitais chineses lutam para enfrentar o aumento de contágios, que afetam em particular os idosos e pessoas vulneráveis.

Em Tianjin, 140 quilômetros ao sudoeste de Pequim, a AFP visitou duas emergências de hospitais lotadas de pacientes com o vírus.

Um médico afirmou que os profissionais de saúde foram convocados a trabalhar mesmo quando estão infectados.

A AFP observou mais de 20 pacientes, a maioria idosos, deitados em macas em locais abertos das emergências e pelo menos um corpo em um quarto.

"A fila de espera para uma consulta com um médico é de quatro horas", disse um funcionário a um idoso que afirmou estar com covid-19. "Há 300 pessoas antes do senhor", explicou.

A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou na semana passada o fim da publicação do balanço diário de mortes por coronavírus.

Mas com o fim dos testes em larga escala e a decisão chinesa de alterar a definição de mortes por covid, os números não eram mais confiáveis para alguns analistas.

Na China, em hospitais saturados pela pior onda de Covid-19 que o país já viveu, médicos infectados trabalham sem trégua no tratamento de pacientes idosos.

Três anos após a detecção dos primeiros casos de coronavírus em Wuhan (centro), o país enfrenta uma explosão de contágios, desde o fim súbito da maioria das restrições de saúde no início de dezembro.

As autoridades já admitiram que a extensão da epidemia atualmente é "impossível" de determinar: os testes não são mais obrigatórios e os dados fragmentados.

Em pouco tempo, o sistema de saúde se viu sobrecarregado, as farmácias ficaram sem medicamentos contra a febre, enquanto os crematórios enfrentam um grande fluxo de corpos.

No hospital Nankai de Tianjin (norte), cidade portuária localizada a 140 quilômetros de Pequim, a AFP contabilizou 20 idosos deitados em macas no serviço de emergência.

A maioria recebe medicação intravenosa, outros apresentam grande dificuldade respiratória, enquanto alguns parecem meio ou totalmente inconscientes.

"Todos têm covid", disse um médico à AFP, enquanto um colega lamentava a falta de leitos disponíveis.

O serviço de emergência está mais congestionado do que o habitual "por causa da epidemia", ressalta outro médico.

Depois de testar positivo para o coronavírus, ele precisa continuar trabalhando, como "quase todos".

Apesar de uma onda de contaminação em escala sem precedentes, as autoridades de saúde chinesas acabaram com a publicação diária dos números da covid.

Com o fim dos testes generalizados e a decisão das autoridades de alterar a definição de morte por coronavírus, as estatísticas parecem estar totalmente desfasadas da realidade.

Em um departamento específico para pacientes com febre, médicos se esforçam para supervisionar quase 30 pacientes por vez, a maioria idosos.

De seu leito, uma senhora idosa geme. "Tente não se mexer muito", sussurra um homem a ela.

- "Quatro horas de espera" -

Em um hospital próximo, a AFP observou uma pessoa morta sendo retirada do ambulatório.

Mais de 25 pessoas, também de idade avançada, estavam deitadas em leitos improvisados nos corredores estreitos do pronto-socorro.

Entre elas, pacientes em soro ou inerte. Mas também pessoas tremendo de frio, apesar de seus gorros de lã e cobertores grossos.

Alguns sufocam um ataque de tosse em suas máscaras. Cilindros de oxigênio azuis são visíveis.

Os enfermeiros movimentam os pacientes em macas ou cadeiras de rodas, tentando não esbarrar em outros pacientes.

Na sala de reanimação, os médicos estão ocupados ao redor de um paciente idoso, conectado a máquinas que medem seus sinais de vida.

Seguranças garantem do lado de fora que a espera por uma consulta ocorra em paz.

Um funcionário do hospital confirmou à AFP que a maioria dos pacientes internados no pronto-socorro desenvolveu complicações relacionadas à covid.

Num canto, um homem passa um chumaço de algodão embebido em água nos lábios ressecados de uma senhora idosa. Deitada numa maca, ela respira com dificuldade.

No meio do incessante balé de ambulâncias, um idoso, que diz estar com covid, apresenta-se à entrada do hospital.

"Há uma espera de quatro horas para consultar um médico", responde um funcionário. À sua frente, já aguardam "300 pessoas", aponta.

As cenas estão longe de serem casos isolados. A AFP testemunhou situações semelhantes em Xangai, a capital econômica, assim como em Chongqing, uma grande cidade-metrópole no sudoeste da China, onde o fluxo de pacientes também está sobrecarregando o sistema de saúde.

Os Estados Unidos exigirão que todos os passageiros vindos da China por via aérea entrem no país com testes negativos de Covid-19, alegando que Pequim não compartilha informações suficientes sobre o aumento dos casos de novo coronavírus no gigante asiático, anunciou uma autoridade federal de saúde nesta quarta-feira (28).

A partir de 5 de janeiro, "todos os passageiros aéreos com dois anos de idade ou mais provenientes da China serão obrigados a fazer um teste no máximo dois dias antes da partida da China, Hong Kong e Macau, e apresentar um resultado negativo às companhias aéreas no momento da partida", disse o funcionário.

"O rápido aumento recente da transmissão de covid-19 na China aumenta a possibilidade do surgimento de novas variantes", acrescentou.

Segundo o funcionário, Pequim fornece dados limitados sobre as variantes que circulam na China às bases de dados globais. Os testes e relatórios sobre novos casos também diminuíram.

"Com base nessa falta de disponibilidade de dados, é mais difícil para as autoridades de saúde pública dos Estados Unidos identificar novas variantes que estão se espalhando" para o país norte-americano, explicou.

O requisito do teste se aplica a passageiros de transporte aéreo, independentemente de sua nacionalidade e status de vacinação, e inclui pessoas que viajam da China para os Estados Unidos via outros países, bem como aquelas que fazem escala em qualquer aeroporto americano.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou na terça-feira (27) que o Japão reforçará os controles fronteiriços contra a Covid-19 e exigirá testes negativos de todos os visitantes vindos da China a partir de sexta-feira (30), como medida de emergência temporária ante o aumento de contágios em solo chinês.

O anúncio é feito dias após a Organização Mundial de Saúde (OMS) se dizer muito preocupada com a alta de casos graves na China, após o país abandonar sua política de "covid zero".

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O teste de antígenos será obrigatório no Japão para todos os que cheguem da China continental. Quem tiver teste positivo terá de fazer quarentena durante sete dias, em locais designados por autoridades japonesas, e suas amostras serão utilizadas para a análise do genoma. A medida entra em vigor na sexta-feira, quando o Japão se prepara para férias de fim de ano e Ano Novo e espera alta nos contágios.

Falta de transparência

Kishida disse que a falta de informação e transparência da China sobre as infecções dificulta a avaliação e a determinação das medidas de segurança. Há enormes divergências entre as informações das autoridades federais e municipais, e entre o governo e as organizações privadas, acrescentou. Segundo Kishida, a intenção é "evitar um rápido aumento dos contágios", sem frear a mobilidade global de pessoas. Fonte: Associated Press.

A pandemia de covid-19 deixou 40.830 crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil até o final de 2021, conforme mostrou estudo de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado na revista científica Archives of Public Health. Cientistas alertam para "desfechos adversos" da orfandade.

O levantamento levou em consideração os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2020 e 2021, e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), entre 2003 e 2020. Uma das limitações da pesquisa é que as informações de mortes de 2021 são preliminares.

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No artigo, os pesquisadores alertam que a morte de um "progenitor", especialmente da mãe, está ligada a "desfechos adversos ao longo da vida e tem graves consequências para o bem-estar da família".

"A experiência da epidemia do HIV/SIDA tem demonstrado que as crianças órfãs são particularmente vulneráveis a nível emocional e comportamental, exigindo programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da perda de um dos progenitores", escreveram.

Em nota, o coordenador do Observa Infância, da Fiocruz, Cristiano Boccolini, um dos autores do estudo, defendeu que o País precisa adotar urgentemente "políticas públicas intersetoriais de proteção à infância".

"Considerando a crise sanitária e econômica instalada no País, com a volta da fome, o aumento da insegurança alimentar, o crescimento do desemprego, a intensificação da precarização do trabalho e a crescente fila para o ingresso nos programas sociais, é urgente a mobilização da sociedade para proteção da infância."

Boccolini destacou também que a pesquisa mostrou que a covid foi "responsável por um terço de todas as mortes relacionadas a complicações no parto e no nascimento entre mulheres jovens". "O que representa um aumento de 37% nas taxas de mortalidade materna no Brasil, em relação a 2019, quando ela já era alta. A cada mil bebês nascidos vivos, uma mãe morreu no Brasil durante os dois primeiros anos da pandemia", apontou.

Desigualdades

O estudo revela que nos dois primeiros anos da pandemia, a covid foi responsável por um quinto das mortes registradas no País (19%). No entanto, não afetou a todos igualmente. Os pesquisadores mostraram que os menos escolarizados foram afetados desproporcionalmente pela doença.

A taxa geral de mortalidade pela doença foi de 14,8 óbitos para cada 10 mil habitantes. Quando observados apenas os analfabetos, ela foi de 38,8 para cada 10 mil, três vezes maior do que a taxa entre pessoas com educação superior (13/10 mil).

Uma das hipóteses dos pesquisadores para explicar o resultado é que indivíduos de baixa escolaridade ficaram mais expostos à infecção pela necessidade de trabalhar fora de casa, sem a possibilidade de parar de trabalhar durante a pandemia.

Eles também apontam que a população urbana de baixo nível socioeconômico está concentrada em favelas nas grandes metrópoles brasileiras, "impedindo o cumprimento das medidas de distanciamento social e isolamento dos casos diagnosticados".

"A desigualdade socioeconômica acarreta iniquidades no acesso aos serviços de saúde e, consequentemente, dificuldades no diagnóstico oportuno e no tratamento dos casos", destacou Wanessa da Silva de Almeida, uma das autoras da pesquisa, em nota.

As mortes causadas pela pandemia de Covid-19 deixaram 40.830 crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil, segundo estudo publicado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para os autores da pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (26) pela Fiocruz, houve atraso na adoção de medidas necessárias para o controle da doença, e isso provocou grande número de mortes evitáveis.

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Os resultados obtidos pelos pesquisadores podem ser consultados em artigo publicado em inglês, em 19 de dezembro. As fontes de dados utilizadas foram o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2020 e 2021, e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) entre 2003 e 2020.

Coordenador do Observatório de Saúde na Infância, iniciativa da Fiocruz com a Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), Cristiano Boccolini alerta que essas crianças e adolescentes necessitam, com urgência, da adoção de políticas públicas intersetoriais de proteção.

"Considerando a crise sanitária e econômica instalada no país, com a volta da fome, o aumento da insegurança alimentar, o crescimento do desemprego, a intensificação da precarização do trabalho e a crescente fila para o ingresso nos programas sociais, é urgente a mobilização da sociedade para proteção da infância, com atenção prioritária a este grupo de 40.830 crianças e adolescentes que perderam suas mães em decorrência da covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia", afirma o pesquisador, que é um dos autores da pesquisa.

A morte de um dos pais, e em particular da mãe, está ligada a desfechos adversos ao longo da vida e tem graves consequências para o bem-estar da família, acrescenta a pesquisadora do Laboratório de Informação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Celia Landmann Szwarcwald. 

"As crianças órfãs são mais vulneráveis a problemas emocionais e comportamentais, o que exige programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da orfandade."

O dado sobre órfãos é uma parte da análise dos pesquisadores sobre a mortalidade causada pela pandemia de covid-19 em toda a população. Outro ponto destacado pelo estudo é que a covid-19 foi responsável por mais que um terço de todas as mortes de mulheres relacionadas a complicações no parto e no nascimento.

Os pesquisadores calculam que, em 2020 e 2021, a covid-19 foi responsável por quase um quinto (19%) de todas as mortes registradas no Brasil. Durante o pico da pandemia, em março de 2021, o país chegou a contabilizar quase 4 mil óbitos pela doença por dia, número que supera a média diária de mortes por todas as causas em 2019, que foi de 3,7 mil.

Desigualdades

O estudo indica ainda que a mortalidade entre analfabetos chegou a ser de 38,8 mortes a cada 10 mil pessoas, enquanto a média da população brasileira foi de 14,8 mortes para cada 10 mil pessoas.

Para estimar o impacto da escolaridade na mortalidade por covid-19, os pesquisadores utilizaram dados de óbitos pela doença e a distribuição da população brasileira por nível de escolaridade da Pesquisa Nacional de Saúde. Os resultados mostram que entre adultos analfabetos a mortalidade por covid-19 foi três vezes maior que entre aqueles que concluíram o ensino superior.

A pesquisadora da Fiocruz Wanessa da Silva de Almeida lembra que a escolaridade e outras características socioeconômicas afetam o prognóstico da covid-19 e outras doenças. "A desigualdade socioeconômica acarreta iniquidades no acesso aos serviços de saúde e, consequentemente, dificuldades no diagnóstico oportuno e no tratamento dos casos."

Os autores do estudo destacam que o maior peso da mortalidade nos indivíduos de menor escolaridade reflete o impacto desigual da epidemia nas famílias brasileiras socialmente desfavorecidas, sendo ainda maior entre as crianças e adolescentes que se tornaram órfãs e perderam um dos provedores do sustento da família. 

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) atualizou, nesta segunda-feira (26), os números da pandemia do coronavírus em Pernambuco, com dados acumulados do final de semana. Foram confirmados 1.066 novos casos da Covid-19, além de três óbitos.

Dos novos registros, 15 são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 1.051 são leves. Pernambuco totaliza 1.118.075 casos confirmados da doença, sendo 60.560 graves e 1.057.515 leves.

No boletim de hoje também constam três mortes, ocorridas entre os dias 24 de novembro deste ano e 4 de dezembro. Com isso, o Estado totaliza 22.560 mortes pela Covid-19.

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A Comissão Nacional de Saúde da China, que tem status de ministério, anunciou neste domingo (25) que não publicará mais os números diários de casos e mortes por covid, como acontecia desde o início de 2020.

A instituição não divulgou nenhuma explicação para a medida, mas os dados já não refletiam a onda de contágios sem precedentes que afeta a China desde 7 de dezembro, data em que o governo flexibilizou as severas medidas de saúde da política de "covid zero".

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Antes, os exames PCR, que eram quase obrigatórios, permitiam monitorar com segurança a tendência da epidemia.

Atualmente, as pessoas infectadas fazem testes em casa e normalmente não comunicam os resultados às autoridades, o que impossibilita a compilação de números confiáveis.

"A partir de hoje, não publicaremos mais os dados diários sobre a epidemia", afirmou a Comissão Nacional de Saúde.

A comissão acrescentou que o Centro Chinês para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) publicará informações sobre a epidemia, para possibilitar referências e pesquisas, mas sem especificar quais dados serão divulgados ou a frequência dos balanços.

Os chineses, que constataram a discrepância entre o nível de contágios e as estatísticas, receberam o anúncio com sarcasmo.

"Finalmente acordaram e perceberam que não podem enganar as pessoas com números subestimados", escreveu um cidadão na rede social Weibo.

Outra pessoa comemorou a notícia ao afirmar que a comissão "era o maior escritório de fabricação de estatísticas falsas do país".

Um terceiro perguntou sobre os funcionários dos crematórios. "Eles estão sobrecarregados? Eles podem falar?".

Muitos funcionários de crematórios entrevistados nos últimos dias pela AFP relataram um aumento expressivo do número de cadáveres. Uma situação que foi ignorada em grande medida pela imprensa chinesa.

Os meios de comunicação do país abordaram, em certa medida, a tensão nos hospitais e escassez de medicamentos contra a febre.

Outra controvérsia que desacreditou as estatísticas oficiais foi a nova metodologia imposta pelo governo: apenas as pessoas que morrem como vítimas diretas de insuficiência respiratória vinculada ao vírus são contabilizadas como óbitos por covid-19.

Desde que as restrições foram suspensas no país, as autoridades chinesas notificaram apenas seis mortes por covid.

Em Qingdao, uma cidade de 10 milhões de habitantes no leste do país, meio milhão de pessoas são infectadas diariamente com a covid, segundo uma autoridade local de saúde.

Meio milhão de pessoas são infectadas diariamente com a Covid-19 na cidade chinesa de Qingdao, informou uma autoridade local de saúde, em um raro e rapidamente censurado reconhecimento da onda de infecções que não aparece nas estatísticas oficiais.

A China começou a suspender este mês os principais elementos de sua estratégia de 'covid zero', com o fim dos confinamentos, quarentenas e restrições de viagens.

As prateleiras das farmácias em todo o país estão quase vazias, os hospitais lotados e os crematórios e funerárias mal conseguem acompanhar o surto da doença.

O fim dos testes obrigatórios impossibilita o rastreamento dos contágios. As autoridades modificaram a definição médica de morte por Covid-19, o que, segundo especialistas, reduzirá o número de óbitos atribuídos ao vírus.

Um veículo de comunicação ligado ao Partido Comunista em Qingdao, leste do país, citou na sexta-feira uma declaração do secretário municipal de Saúde, segundo a qual a cidade registra "entre 490.000 e 530.000" novos casos diários de Covid-19.

- "Rápida transmissão" -

A localidade costeira, de quase 10 milhões de habitantes, enfrenta "um período de rápida transmissão e se aproxima do pico", declarou Bo Tao. O secretário projeta a aceleração da taxa de infecção a 10% durante o fim de semana.

A informação sobre Qingdao foi compartilhada por vários meios de comunicação, mas neste sábado parecia ter sido editada para suprimir o número de contágios.

A Comissão Nacional da Saúde (CNS) informou neste sábado que o país registrou na sexta-feira 4.103 novos contágios de coronavírus, sem mortes.

Na província de Shangdong, onde fica Qingdao, as autoridades anunciaram oficialmente apenas 31 novos contágios.

O governo chinês controla a imprensa, com legiões de censores na internet que suprimem os conteúdos considerados politicamente sensíveis.

A maior parte da imprensa controlada pelo governo minimiza a gravidade da onda de contágios e ressalta uma mudança de política apontada como lógica e coordenada.

Mas o governo da província de Jiangxi (leste) anunciou nas redes sociais na sexta-feira que 80% de sua população - quase 36 milhões de pessoas - pode ser infectada até março.

Nas últimas duas semanas, até quinta-feira, mais de 18.000 pacientes foram internados em centros médicos da província, incluindo quase 500 casos graves, mas nenhuma morte foi registrada, segundo as autoridades.

- "Sem precedentes" -

Vários indícios apontam que o sistema de saúde está sob pressão, como o fato de algumas autoridades regionais terem alertado recentemente que o pior ainda está por vir.

A cidade industrial de Dongguan, sul do país, anunciou na sexta-feira que, segundo os dados recebidos, até 300.0000 novas infecções estão sendo registradas a cada dia. Além disso, o ritmo "é cada vez mais rápido".

"Muitos recursos e profissionais da saúde estão enfrentando desafios muito duros e uma pressão gigantesca, algo que não tem precedentes", destacou a secretaria de Saúde da cidade, 10,5 milhões de habitantes, em um comunicado.

A secretaria também publicou um vídeo que mostra pacientes conectados a soros, em uma fila do lado de fora de uma clínica, e um médico dormindo em sua mesa após longas jornadas de trabalho.

Uma autoridade de saúde de Hainan disse na sexta-feira que a província pode atingir o pico de infecções "em breve". Em Xangai (leste), mais de 40.000 pacientes estão sendo tratados por "febre", informou o Diário do Povo, jornal ligado ao governo, neste sábado.

Em Chongqing, cidade de de 32 milhões de habitantes, as autoridades iniciaram uma campanha para administrar vacinas inaláveis nos moradores, enquanto os hospitais estão superlotados, com muitos idosos infectados pela covid-19.

Quase metade dos municípios brasileiros registrou, na semana passada, alta incidência de Covid-19, segundo análise divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com base em dados do Ministério da Saúde. De acordo com o instituto, 2.552 cidades (de um total de 5.297 que enviaram os dados) tiveram mais de 100 casos da doença por 100 mil habitantes, o que caracteriza a alta incidência. "Nesses municípios, vivem 47% da população brasileira, e seus moradores estão expostos a elevados níveis de transmissão viral", destacou o Todos pela Saúde.

Outro levantamento, este feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado na quinta-feira (22), mostrou que há tendência de aumento de hospitalizações por Covid-19 no País. De acordo com especialistas, as duas análises acendem o alerta para aumento da transmissão durante as festas de fim de ano e possível sobrecarga dos serviços de saúde em janeiro.

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A análise do ITpS mostra que 21 das 27 unidades da federação apresentam alta incidência - somente São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Maranhão e Piauí estão fora desse grupo. As maiores taxas foram registradas no Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, todos com registros superiores a 300 casos por 100 mil habitantes na última semana.

O instituto também analisa dados de redes de laboratórios, que mostram que as taxas de positividades dos exames seguem altas - acima de 30% desde o início de novembro. Para o imunologista Jorge Kalil, diretor-presidente do ITpS, as pessoas devem manter cuidados durantes as celebrações de fim de ano, embora o cenário epidemiológico atual seja menos ameaçador do que o dos dois primeiros anos da pandemia.

"A situação não é tão confortável assim. A doença está presente e o vírus continua circulando. A grande preocupação é com as pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal com as quatro doses. Elas devem buscar a vacina o mais rápido possível. São essas pessoas que estão ficando mais graves quando infectadas", afirma o especialista.

Ele relembra que, no ano passado, as festas de fim de ano foram disseminadoras da variante Ômicron no País, causando milhões de novos casos. "Como temos mais pessoas vacinadas e com doses de reforço, uma nova onda pode não ser tão avassaladora, mas a covid-19 ainda pode matar", afirma.

A análise do instituto mostra ainda que a sublinhagem BQ.1 da variante Ômicron já é predominante do País. A alta transmissão viral favorece o surgimento de novas mutações e variantes que podem ter maior escape à vacina, dizem os especialistas.

Internações

O levantamento da Fiocruz, que monitora semanalmente as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), mostra crescimento das hospitalizações na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e estabilidade na de curto prazo (últimas três semanas). De acordo com os pesquisadores, "a desaceleração na curva nacional pode ser atribuída à queda recente nos casos de SRAG nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo".

Vinte das 27 unidades da federação apresentam crescimento moderado de SRAG na tendência de longo prazo: todas das regiões Sul e Centro-Oeste, toda a região Nordeste, com exceção da Paraíba, além de Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Rondônia e Tocantins.

Entre as capitais, 14 das 27 apresentam alta de hospitalizações no mesmo período: Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Curitiba, Goiânia, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, São Luís e Teresina.

Dicas para reduzir risco de contaminação nas festas de fim de ano

- Complete o esquema vacinal contra a covid com as duas doses regulares e as doses de reforço indicadas para a sua faixa etária

- Se for reunir a família para as festas de fim de ano, escolha um local amplo e bem ventilado. Se o tempo permitir, faça a comemoração ao ar livre, como em quintais ou terraços

- Se possível, evite beijar e abraçar sem máscara muitas pessoas diferentes, em especial se for do grupo de maior risco, como idosos e pessoas com comorbidades

- Se fizer parte dos grupos de maior risco, considere usar máscara durante as celebrações ou manter distanciamento físico dos demais participantes enquanto estiver sem a peça, como nos momentos em que for comer ou beber

- Isole-se e não participe de celebrações se estiver com sintomas respiratórios

- Faça um autoteste antes da celebração e, se testar positivo, fique em casa

Os municípios pernambucanos estão autorizados, a partir desta sexta-feira (23), a iniciar a imunização de todas as crianças de 6 meses a 2 anos (2 anos, 11 meses e 29 dias), independente de comorbidades, contra a Covid-19. A definição foi discutida e aprovada pelos membros do Comitê Técnico Estadual de Acompanhamento da Vacinação e pactuada com os representantes municipais. A estratégia de vacinação foi ampliada devido à baixa procura nos postos de vacinação e a presença de doses do imunizante nos estoques dos municípios. Em Pernambuco, 330.378 crianças estão contempladas por fazer parte desta faixa etária.

“Com um pouco mais de 1 mês do início da vacinação das crianças de 6 meses a 2 anos, mesmo com algumas especificidades dentro dessa faixa etária, foi identificada a baixa procura pela proteção ofertada pela vacina, e consequentemente, a cobertura vacinal não tem avançado em nosso território. Gestores municipais buscaram o Programa Estadual de Imunizações para solicitar uma análise quanto ao avanço da estratégia estadual em relação à vacinação infantil contra a Covid-19, e, diante do baixo número de vacinados, o Comitê Técnico analisou e decidiu ampliar para toda a população contemplada para estimular o acesso ao imunizante e proteger um contingente populacional suscetível a doença respiratória”, afirmou a superintende de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo.

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Diferentemente dos demais grupos populacionais, as crianças menores de 3 anos devem receber a proteção contra o novo coronavírus em três doses, sendo as duas primeiras com intervalo de, no mínimo, 3 semanas (21 dias), seguidas por uma terceira dose que deve ser administrada pelo menos 2 meses (8 semanas) após a segunda dose.

“A ampliação da vacinação para este público já era uma pauta de recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), porém o baixo quantitativo de doses disponíveis nos impedia de fazer grandes avanços de imediatos. Analisando nosso cenário atual, com baixa cobertura vacinal e doses disponíveis, além da circulação do vírus, se faz necessária essa ampliação do acesso para promoção da proteção dos meninos e meninas de nosso Estado”, explica o secretário estadual de Saúde, André Longo.

A única remessa do imunobiológico Pfizer Baby, encaminhada pelo Ministério da Saúde (MS) para uso exclusivo desta população, com 47 mil doses foi recebida no último mês de novembro. Anteriormente, estava autorizada em Pernambuco a vacinação de crianças de 6 meses a menores de 2 anos com comorbidades e bebês de 6 a 11 meses de idade sem comorbidades. Considerando este contexto, até esta quinta-feira (22), os municípios informaram ao Programa Estadual de Imunizações a aplicação de apenas 5.342 doses, atingindo 1,62% de cobertura vacinal para a primeira dose.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) atualizou, nesta sexta-feira (23), os números da pandemia do coronavírus em Pernambuco. Foram confirmados 1.546 novos casos da Covid-19, além de quatro óbitos.

Dos novos registros, 10 são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 1.536 são leves. Pernambuco totaliza 1.117.009 casos confirmados da doença, sendo 60.545 graves e 1.056.464 leves.

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No boletim de hoje também constam quatro mortes, ocorridas entre os dias 19 de abril de 2021 e 6 de dezembro deste ano. Com isso, o Estado totaliza 22.557 mortes pela Covid-19.

 

A venda do medicamento Lagevrio (molnupiravir), utilizado no tratamento da Covid-19, para farmácias e hospitais particulares do país foi aprovada por unanimidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A decisão, tomada nessa quinta-feira (22), autoriza o fornecimento do medicamento para o mercado privado, com a rotulagem em inglês, porém com entrega da bula e folheto informativo aos pacientes abordando as informações referentes à gravidez e lactação, em português.

A bula em português também estará disponível nos sites institucional da MSD Brasil e no global, também será possível escanear o código QR no rótulo do produto que direcionará para o site global da empresa com acesso às bulas.

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A venda em farmácias deve ser realizada, sob retenção de receita médica e uma via da Receita de Controle Especial deve ficar retida no estabelecimento, com dispensa e orientação pelo farmacêutico ao paciente sobre o uso correto do medicamento. 

“A aprovação levou em consideração a venda do medicamento ao mercado privado em outros países com autoridades internacionais de referência, como Estados Unidos, Japão e Reino Unido. A medida também considerou o cenário epidemiológico atual, com a circulação das novas subvariantes da Ômicron e o aumento de casos da doença no país”, justificou a Anvisa em nota.

Segundo a diretora relatora, Meiruze Freitas, a venda no mercado privado irá aumentar a facilidade de acesso ao tratamento da Covid-19, visto que o medicamento deve ser tomado dentro de cinco dias após o início dos sintomas. “Para ajudar a prevenir a progressão da doença, internações hospitalares e mortes, os medicamentos antivirais para infecções respiratórias agudas devem ser usados o mais cedo possível após o correto diagnóstico da infecção”, afirmou a diretora. Ela reiterou que o tratamento não substitui a vacinação.

“Reafirmo e enfatizo que os benefícios esmagadores da vacinação na proteção contra as formas graves e óbitos ocasionados pela Covid-19, superam em muito o risco das raras reações adversas relacionadas as vacinas aprovadas pela Anvisa”, acrescentou Meiruze Freitas.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) atualizou, nesta quinta-feira (22), os números da pandemia do coronavírus em Pernambuco. Foram confirmados 2.390 novos casos da Covid-19, além de cinco óbitos.

Dos novos registros, 20 são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 2.370 são leves. Pernambuco totaliza 1.115.463 casos confirmados da doença, sendo 60.535 graves e 1.054.928 leves.

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No boletim de hoje também constam três cinco, ocorridas entre 22 de novembro deste ano e o último sábado (17). Com isso, o Estado totaliza 22.553 mortes pela Covid-19.

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