O sentimento de medo pelo que aconteceu no Hospital da Restauração, no centro do Recife, na última segunda-feira (2), quando um cano estourou e o gesso da unidade cedeu, permanece para alguns familiares. É o caso da cuidadora Solange Maria da Silva, 41 anos, que acompanha sua mãe há quase um mês no hospital. “Minha mãe me informou que minutos antes [do desabamento] tinham tirado ela pra varrer. Se não fosse isso, teria sido em cima da minha mãe”, contou.
A mãe de Solange deu entrada no dia sete de abril no HR após sofrer um derrame. Desde então, com um quadro delicado, ela vem sendo cuidada no hospital. Com tanto tempo acompanhando a matriarca, a cuidadora conta que já tinha visto água caindo do teto uma semana antes do ocorrido.
##RECOMENDA##“Era bem na área onde minha mãe estava, então eu conversei com a assistente social que me disse que a infiltração não era nada”, revelou. O problema é que esse “nada” afirmado anteriormente acabou resultando no rompimento na tubulação de água do hospital, que causou a queda de parte do teto da unidade.
“Na segunda-feira, quando aconteceu a situação, a gente estava aqui fora. Eles colocaram o maior guarda impedindo a gente de entrar e fecharam as portas”, lembrou Solange Maria, que só pôde ver a sua mãe por algumas horas na terça-feira (3). “Parecia que eu estava em outro setor. Vi limpeza, organização e a área mais branda. Estava tudo bem organizado”, disse.
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Paulo Câmara diz que vai redobrar cuidado
Na terça-feira (3), o governador Paulo Câmara (PSB) declarou que serão autorizados os recursos financeiros necessários para "qualquer tipo de intervenção necessária para a Saúde".
Ele garantiu que depois do desabamento começou a manter contato com a Secretaria Estadual de Saúde para verificar se havia outros pontos de fragilidade. "A gente não pode ter mais riscos como o que nós sofremos", comentou.
O que diz a Secretaria de Saúde
Sem citar o desabamento, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirmou em nota que reconhece a grande demanda das emergências de Pernambuco e que a situação do HR, maior emergência do Norte e Nordeste, "é mais grave pela complexidade e grau de especialização da unidade. No entanto, o serviço não recusa atendimento, garantindo assistência a todos os pacientes."
A SES informou ainda que o orçamento de 2022 da Secretaria de Saúde para reformas, obras e equipagem das unidades da rede estadual de saúde é de mais de R$ 200 milhões. "A requalificação do HR está em fase de projeto e também está entre as prioridades da SES. Por enquanto, a equipe de manutenção predial já foi reforçada e atua de forma permanente na unidade", acrescentou.
A nota ressalta que, no começo deste ano, o Governo de Pernambuco realizou a requisição administrativa do prédio onde hoje já funciona o Hospital de Retaguarda de Neurologia, localizado no Prado, Zona Oeste do Recife. A unidade conta atualmente com 55 leitos e está recebendo pacientes encaminhados pelo HR.