Há quase dois mil anos, no monte Calvário, em Jerusalém, um homem chamado Jesus foi condenado e sentenciado a morte por crucificação, após ser tido como um desafeto do governo romano que dominava a Palestina naquela época. Para os cristãos, a figura de Jesus é filho e a materialização de Deus em forma humana, que veio ao mundo para salvar e libertar o mundo do pecado.
A bíblia, bem como historiadores, nos mostra que, assim como qualquer ser humano, Jesus comeu, trabalhou, dormiu e fez amigos. Confira algumas especificidades de como era o mundo na época do homem que, acredite nele você, ou não, deixou a sua marca na história.
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Religião
Na época de Jesus existiam muitas correntes religiosasna Palestina. Elas eram divididas entre:
Saduceus – Centrados no Pentateuco, desprezavam os escritos dos profetas. Negavam a ressurreição e apoiavam-se numa retribuição imediata e material. Atuavam também na política;
Zelotas – Conhecidos pela ortodoxia e pelo conservadorismo. Apoiavam-se na Lei e consideravam o Templo como instituição divina. Acreditavam que o extermínio dos ímpios tornava iminente a vinda do Messias;
Fariseus – Considerados os piores adversários de Jesus, julgavam alcançar a salvação do povo judeu por meio da vivência da lei escrita e oral, lei essa que deveria ser aprofundada para lhes proporcionar maior piedade;
Essênios – Caracterizavam-se como um grupo que buscava dedicar-se inteiramente a Deus e eram rigorosos às regras de pureza. Para eles a santidade de vida era mais importante dos que os holocaustos. Há indícios de que boa parte vivia em Qumrã;
Herodianos – Partidários da dinastia de Herodes o magno, estavam atentos a qualquer grupo messiânico que se opusesse ao poder herodiano;
Movimentos Batistas – Conhecidos como seguidores de João Batista e, também, de Jesus, já que seus discípulos também batizavam. Compreendiam que a salvação era para todos.
De acordo com o professor e historiador Mardock, a religião desempenhava um papel fundamental no contexto social da época. Segundo ele, o judaísmo era a principal religião professada pelas pessoas.
“A religião desempenhava um papel fundamental na vida das pessoas, sendo o judaísmo a religião predominante na Palestina na época de Jesus. O cristianismo ainda estava em sua infância, e a ressurreição de Jesus acabaria sendo um marco na sua história e no seu desenvolvimento”, afirmou.
Política
Em 63 a.C. Roma conquistou a Palestina, aproveitando a fragilidade da dinastia asmoneia, que governou a Judeia desde as guerras dos macabeus até a conquista dos romanos chefiados por Pompeu (de 106 a 48 a.C.).
Do ano 6 até 45 d.C., Judeia, Samaria e Indumeia passaram a ser administradas diretamente por procuradores romanos. Agripa I, neto de Herodes Magno, governou essa região entre 41 e 44 d.C. Após esse período, a administração voltou para as mãos dos procuradores, funcionários ligados diretamente ao imperador de Roma.
Mesmo sob domínio romano, as questões internas da comunidade judaica, eram resolvidas pelo sinédrio, a corte suprema religiosa de Israel, presidida pelo sumo-sacerdote e formado por 71 membros denominados como anciãos, sumos sacerdotes depostos, sacerdotes do partido dos saduceus, escribas fariseus, com sede em Jerusalém, instituído provavelmente ainda no século 4º a.C.
A instabilidade política, no entanto, era forte nesse contexto, como explica Mardock. “A ressurreição de Jesus ocorreu no século I depois de Cristo, naquela época o mundo era muito diferente do que conhecemos hoje. Na região da palestina, onde Jesus viveu e pregou, o domínio romano era forte e havia grande instabilidade política”, pontuou.
Contexto Social
As classes sociais eram bastante divididas. Na participação das celebrações, por exemplo, a divisão das pessoas era feita em: sumo-sacerdote, sacerdotes, levitas, homens, mulheres e pagãos. Em certas ocasiões, especialmente nas festas da Páscoa, de Pentecostes e das Tendas, os judeus de todas as regiões costumavam fazer peregrinações ao Templo, para comemorar os grandes feitos de Deus, libertador do seu povo.
Também de acordo com Mardock, a maioria das pessoas trabalhavam em pequenos comércios e na agricultura. “As cidades eram muito menores e muito mais simples do que as que conhecemos hoje, e a maioria das pessoas trabalhava na agricultura ou em pequenos comércios”, disse.