Aos 74 anos, depois de mais de um mês internado e lutando, há 20 anos, contra uma cardiopatia, morreu o pernambucano e ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra. Formado em Direito, Lyra não exerceu a profissão porque dedicou toda a vida à política. Ele foi um dos fundadores do antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que, mais tarde, passou a se chamar PMDB, partido do atual vice-presidente da república, Michel Temer.
Fernando Lyra participou de momentos históricos da política nacional. Em 1966, foi eleito pela primeira vez para a Assembleia Legislativa de Pernambuco, mas teve o mandato interrompido dois anos depois pela repressão que naquele tempo acometia o Brasil. Em 1970, foi eleito deputado federal e reeleito por mais seis vezes, destacando-se sempre como um dos parlamentares mais atuantes do Congresso.
Toda sua vida pública foi marcada pelo destaque e pela busca da redemocratização do Brasil. Fernando Lyra foi, também, um dos criadores do Grupo dos Autênticos - formado por deputados e senadores que, dentro e fora do Congresso, faziam oposição constante à ditadura militar instalada no País em 1964. Na década de 80, Fernando percorreu o Brasil ao lado de Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Miguel Arraes. Com a vitória de Tancredo Neves a presidência do Brasil, Fernando Lyra assumiu o ministério da Justiça, onde permaneceu mesmo depois da morte de Tancredo e ao José Sarney assumir a presidência.
O nome de Fernando Lyra está marcado na história do Brasil não apenas pela sua brilhante trajetória política, por sua coragem e articulação política. Enquanto ministro, foi ele o responsável por acabar com a censura imposta pelo regime militar no Brasil. Não obstante, Lyra foi presidente da Fundação Joaquim Nabuco de 2003 a 2011, período em que conseguiu, junto ao Ministério da Educação, importantes avanços para a instituição - graças ao seu prestígio como ex-ministro da Justiça.
Em 2006, Lyra teve papel importantíssimo na campanha e vitória de Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, junto com seu irmão, João Lyra Neto, na chapa como vice-governador de Pernambuco. Da mesma forma, contribuiu para a reeleição de Eduardo Campos em 2010 numa votação histórica, com quase 83% dos votos sobre o senador e ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos.
Apaixonado pela vida, pela liberdade e pela democracia, as palavras de Dilma Rousseff, em nota oficial, resumiram quem era Fernando Lyra: “A democracia brasileira perdeu um de seus mais expressivos defensores, Fernando Lyra. Primeiro ministro da Justiça da redemocratização, Lyra foi o responsável pelo fim da censura oficial, passo fundamental na reconquista da liberdade de expressão no País. Exímio articulador político, Fernando Lyra foi um dos expoentes da formação da Aliança Democrática. Teve atuação relevante na Assembleia Nacional Constituinte e representou com brilho os eleitores de Pernambuco na Câmara dos Deputados por 28 anos”.
Fernando Lyra foi e será uma referência no Estado e no País. Nos deixa muitos ensinamentos, exemplos de coragem, de personalidade e de postura diante das adversidades. Seu legado será exemplo por muitas gerações e, sem dúvidas, se nossos representantes públicos o tomarem como exemplo, nosso País se tornará muito melhor.