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O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que esteve no centro da polêmica com o presidente Jair Bolsonaro sobre os dados que mostram alta do desmatamento da Amazônia, foi exonerado do cargo nesta sexta-feira, 2. A publicação oficial deve ser feita ainda nesta tarde.

O pesquisador estava no Inpe desde 1970 e cumpria mandato à frente do órgão até 2020. Ele deixa a direção do instituto após duas semanas de intenso bombardeio por parte do governo às informações do instituto que mostram que desde maio os alertas de desmatamento da Amazônia dispararam, atingindo em julho o número mais alto desde 2015 para um único mês. O desmatamento observado pelos alertas entre agosto do ano passado até 31 de julho é 40% maior do que o período anterior.

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A decisão foi anunciada por ele mesmo após reunião que teve com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. "Diante da maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou um constrangimento, ficou insustentável e eu serei exonerado", afirmou Galvão a jornalistas que estavam em frente ao ministério após a reunião.

O presidente Jair Bolsonaro admite que houve aumento no desmatamento da Amazônia, mas alega que não da forma como "estão dizendo". Bolsonaro defende que o crescimento é menor do que os 88% identificados por meio de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pois é preciso levar em conta falhas no sistema de monitoramento, áreas sobrepostas, ou seja, que já haviam sido identificadas anteriormente, e a recuperação vegetal ocorrida após ocorrências de desmatamento.

Questionado se está preocupado com o aumento das áreas desflorestadas, Bolsonaro disse que quer "cumprir a lei" e que não tem nada contra o "desmatamento legal". "O desmatamento sendo legal ninguém tem nada contra. As propriedades na região amazônica, por exemplo, 20% para ser desmatado. Isso faz parte. Eu quero é cumprir a lei", disse.

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"Não tenho ojeriza nem fobia ao meio ambiente, eu quero cumprir a lei. Se estiver errada a lei, a gente busca alterar no parlamento. Na minha opinião (o desmatamento) está aumentando, mas não desta forma como estão dizendo."

Em conversa com jornalistas, ao lado de Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo não nega o aumento no desmatamento como um todo. "Nosso objetivo não foi em nenhum momento esconder informação ou negar uma realidade, realidade essa do desmatamento na Amazônia que vem aumentando desde 2012 por diversas razões", afirmou Ricardo Salles.

Entre as razões, o ministro citou "pressão ilegal sobre a floresta". "Nós precisamos, a partir dessa discussão da real análise dos números tratar de maneira franca, aberta e direta quais as razões pra o desmatamento ilegal e de que forma dar alternativas de dinamismo econômico para aqueles que vivem na região."

Salles também declarou que a questão do desmatamento é "apolítica" e que não é o objetivo do atual governo "alocar" os números em outra gestão. "Essa questão do desmatamento é apolítica. Não se trata de alocar números em um governo, neste ou em outro. Simplesmente dizer que não aconteceu em junho de 2019 e que o salto de 88% está equivocado. Isso deveria ser computado e a fragilidade do sistema não permitiu", declarou.

As chamadas multas contra a flora aplicadas pelo Ibama caíram 23% no 1º semestre do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo utilizando dados públicos de multas do Ibama.

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No total, foram 5.826 multas este ano. O índice dos seis primeiros meses de 2019 é o mais baixo do últimos 5 anos. Esse tipo de multa é aplicada sobre infrações como desmatamento, incêndios e comércio de madeira.

O governo Bolsonaro mantém uma retórica crítica à atuação do Ibama e organizações ambientais, que para ele agem de forma enviesada. O presidente fez declarações recentes contra o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), afirmando que não confia nos dados da organização. O INPE aponta que o desmatamento tem crescido em relação em 2018.

A publicação do jornal também aponta que, além da retórica do governo, mudanças no quadro de funcionários do Ibama podem ter contribuído para a queda.

Da Sputnik Brasil

Jair Bolsonaro caminha para entrar na história como o chefe de governo mais inconsequente que o Brasil já teve. A afirmação foi feita pelo líder do PSB na Câmara dos Deputados, Tadeu Alencar, ao comentar as declarações do presidente sobre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entidade de capacidade reconhecida no mundo inteiro e que vem sofrendo ataques pesados por parte do governo federal.

“Bolsonaro pôs sob suspeita os relatórios do Inpe referentes ao desmatamento da Amazônia, fato que provocou revolta em vários países para quem o modelo adotado pelo Brasil é, hoje, uma referência”, afirmou o parlamentar para quem o presidente estimula a falta de transparência em uma área que precisa ser aberta, como é o caso do meio ambiente e da sustentabilidade.

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Outro ponto muito criticado foi a quantidade de atos e discursos “desastrados” emitidos pelo presidente nos últimos dias. Para Tadeu, Bolsonaro, ao produzir situações que não condizem com a função de mais alto mandatário da Nação, se aproveita desses destemperos para esconder da população temas mais delicados.

“Do presidente da República, nos últimos seis meses, a gente já viu de tudo. O Congresso tem se comportado à altura de uma agenda que ele próprio colocou, que nós discordamos na forma e no conteúdo, mas achamos importante discutir. O problema é que todas as semanas, quase todos os dias, o presidente cria uma crise nova. Alguns acham até que se trata de umas manobra diversionista para encobrir pautas duras para a população”, afirmou. E deu o exemplo da reforma da Previdência, que atinge tão duramente milhões de pessoas, e a população, “anestesiada, parece que não é com ela”.

Tadeu Alencar citou a briga mais recente de Bolsonaro, com os governadores do Nordeste, quando,preconceituosamente, chamou a todos de “paraíbas” e anunciou publicamente uma retaliação a quem considera inimigos. “Ele usou uma expressão redutora. Não usou o sentido altivo e libertário da Paraíba que tem uma atitude positiva no ‘Négo’ de sua bandeira. Mas usou (o nome do Estado) com discriminação e com preconceito”. acrescentou.

O parlamentar citou, entre outras ações agressivas de Jair Bolsonaro a exclusão de 13 representes da sociedade civil do Conselho Nacional de Políticas Anti-Drogas; o esvaziamento da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mediante o esvaziamento financeiro das instituição e a censura à sua produção, através da adoção de filtros temáticos. “Ele (Bolsonaro) não é dono do Brasil. É apenas o presidente eleito”, concluiu o líder socialista.

*Da Assessoria de Imprensa 

 

A Rede Sustentabilidade, partido da ex-candidata à Presidência da República Marina Silva, emitiu uma nota de repúdio ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a forma de lidar com o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com a sigla, há uma campanha difamatória e intimidatória por parte do governo. “A Rede Sustentabilidade repudia a campanha difamatória e intimidatória que vem sendo feita pelo governo Bolsonaro contra o Instituto de Pesquisas Espaciais-INPE. Após escalar prepostos como o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional General Augusto Heleno, o próprio Presidente Jair Bolsonaro decidiu partir para o ataque frontal, desferindo golpes verbais mentirosos contra a honra daquela instituição pública, dos seus servidores e dos seus dirigentes”, pontua o partido

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O INPE surgiu nos anos 1960 e é considerado uma das mais importantes instituições científicas do Brasil, mas nos últimos dias virou alvo de críticas do presidente Bolsonaro. Segundo ele, o diretor do instituto estaria "a serviço de alguma ONG", e questionou a metodologia do órgão. Além disso, Bolsonaro denunciou reflexos negativos que o monitoramento do desmatamento na Amazônia causaria à imagem do Brasil.

“Afirmar que o Instituto produz dados mentirosos sobre o desmatamento da Amazônia e acusar o diretor do Instituto, Dr. Ricardo Magnus Osório Galvão, um dos mais respeitados cientistas do país, de ‘estar a serviço de alguma ONG’ é absolutamente inaceitável! O INPE é uma instituição civil que se pauta pela transparência e é submetida a forte controle da sociedade, imprensa e da comunidade científica. É um magnífico exemplo de instituição pública na acepção constitucional mais límpida!”, complementa a Rede. 

A ambientalista Marina Silva (Rede) repercutiu nesta terça-feira (23) recentes medidas do presidente Jair Bolsonaro (PSL), principalmente no tocante aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) sobre o desmatamento da Amazônia.

“O governo inventou uma nova forma para lidar com sua incompetência: negar os dados que atestam os fatos. O presidente reforça uma postura pouco afeita à democracia, atacando as instituições do Estado brasileiro. O discurso irresponsável de atacar uma instituição, reconhecida pela comunidade científica internacional, prejudica ainda mais a reputação do país e a instituição presidência da República”, opinou.

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Marina, que foi candidata à Presidência da República nas eleições de 2018, também falou que o presidente deveria se preocupar em enfrentar a questão desmatamento no país. “O governo, ao invés de suspeitar da veracidade e qualidade dos dados produzidos pelo INPE, deveria enfrentar o problema do desmatamento na Amazônia. A gravidade, como diz o diretor do INPE, Ricardo Galvão, é que o presidente ‘já disse que os dados do INPE não estavam corretos segundo a avaliação dele, como se ele tivesse qualidade ou qualificação pra fazer qualquer análise de dados’”, avaliou.

 “O presidente e o ministro da Ciência e Tecnologia poderiam sanar suas dúvidas fazendo um sobrevoo nas regiões diagnosticadas com problema, assim poderiam verificar se os dados condizem ou não com a realidade. Como foi feito, aliás, durante a minha gestão no MMA: quando foram lançadas dúvidas sobre os dados do INPE e do IBAMA, nós desafiamos quem estava desqualificando os dados e provamos in loco que os dados eram verdadeiros. O problema é que o compromisso com a verdade parece não ser o forte desse governo”, finalizou Marina Silva.

O presidente Jair Bolsonaro questionou novamente nesta segunda-feira, 22, a divulgação de dados do monitoramento de desmatamento pelo Inpe. Segundo ele, os números são muito altos e é necessário ter "mais responsabilidade" na divulgação dos dados. "O chefe do Inpe será ouvido pelos ministros, para conversar com ele para que isso não continue acontecendo", disse, completando: "É o mesmo que um cabo passar uma notícia sem passar pelo capitão, coronel ou brigadeiro. Não está certo isso aí".

Bolsonaro questionou a interpretação dos dados: "Quando você pega os dados, a pessoa conduz para aquele lado". Segundo ele, "o mundo inteiro leva em conta" a questão ambiental e a divulgação de dados como esse pode prejudicar negociações bilaterais e do Mercosul. (colaborou Bárbara Nascimento)

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Acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de agir "a serviço de alguma ONG", o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, disse em entrevista ao Estado que a atitude foi "pusilânime e covarde" e as declarações parecem mais "conversa de botequim".

Galvão, que dirige o instituto ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações desde setembro de 2016, manifestou-se ontem sobre os comentários feitos na sexta (19) por Bolsonaro em café da manhã com a imprensa estrangeira. O presidente questionou os dados fornecidos pelo Inpe sobre as taxas de desmatamento da Amazônia e disse que são mentirosos.

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"Se toda essa devastação que vocês nos acusam que estamos fazendo e que já foi feita no passado (sic), a Amazônia já teria sido extinta", disse Bolsonaro. "A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos", afirmou. "Até mandei ver quem é o cara que está à frente do Inpe para vir explicar aqui em Brasília esses dados aí que passaram para a imprensa. No nosso sentimento, isso não condiz com a realidade. Até parece que ele está a serviço de alguma ONG."

Procurado pela reportagem, o Planalto disse que não se pronunciaria sobre as afirmações de Galvão. As declarações do presidente ocorreram um dia após a imprensa destacar que o sistema Deter-B, do Inpe, que faz alertas em tempo real de focos de desmatamento para orientar a fiscalização, aponta para uma alta da perda florestal neste ano. Até sexta, o sistema registrava para julho um corte de 1.209 km2, o valor mais alto de desmatamento em um mês desde 2015. É também 102% maior do que o observado em julho de 2018. Confira os principais trechos da entrevista:

Como o sr. responde às críticas do presidente?

O sr. Jair Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim. Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse País. Ele disse estar convicto de que os dados do Inpe são mentirosos. Mais do que ofensivo a mim, isso foi muito ofensivo à instituição.

Qual é o papel do Inpe hoje no Brasil?

O Inpe permitiu ao Brasil ser o terceiro país do mundo a receber imagens de satélite para monitoramento de desmatamento, do Landsat. Começamos isso em meados da década de 1970. Íamos a reuniões internacionais que só tinham Brasil, Canadá e Estados Unidos. O Inpe tem credibilidade internacional inatacável. O presidente não entende que não somos nós que fornecemos os nossos dados para a imprensa. Os nossos alertas de desmatamento são fornecidos ao Ibama. Isso começou ainda na gestão da ministra Marina Silva (2003-2008) por demanda do Ministério do Meio Ambiente. Os dados são acessados pelo Ibama na nossa página na internet. Estão abertos para todo mundo poder verificar. São publicados em revistas científicas internacionais. Então chamar de manipulação é uma ofensa inaceitável. Quanto a mim, fiquei realmente aborrecido, porque acho que ele fez comigo o mesmo jogo que fez com Joaquim Levy (que pediu demissão do BNDES após também ser criticado em público por Bolsonaro). Ele tomou uma atitude pusilânime, covarde, talvez esperando que eu peça demissão, mas não vou. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos. Eu sou um senhor de 71 anos, membro da Academia Brasileira de Ciências, não vou aceitar uma ofensa dessas. Ele que tenha coragem de, frente a frente, justificar o que está fazendo.

Não é a primeira vez que os dados do Inpe são questionados. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já tinha dito isso. O governo buscou entender como o Inpe funciona?

Eles nunca fizeram uma crítica objetiva apresentando dados. Eu entendia que o ministro Ricardo Salles fazia essas críticas por falta de conhecimento. Há três semanas mandei um ofício para o Ministério da Ciência e Tecnologia falando que polêmicas não ajudavam em nada o Brasil, inclusive com relação à repercussão internacional, e propus ao ministro Marcos Pontes abrir um canal de comunicação para explicar o que fazemos, oferecer ferramentas para entenderem melhor os nossos dados e tentar arrefecer esse clima de disputa. Mandei para o ministro Marcos Pontes, mas acho que ele estava viajando. Porque quero tirar dessa polêmica algo que ele sempre declarou, que a questão (dos dados) do desmatamento da Amazônia é científica e não política e ele sempre demonstrou confiança nos dados do Inpe.

O Deter está apontando para uma alta neste ano?

O Deter é um sistema de alerta. E uma vez por ano divulgamos os dados do Prodes, esses sim são os dados realmente consolidados do desmatamento. Mas a margem de acerto do Deter é de 95%. Quando o Deter anuncia o crescimento do desmatamento, provavelmente o Prodes vai mostrar que foi isso mesmo que ocorreu.

O presidente insinuou que o sr. poderia estar a serviço de ONGs. O que diz sobre isso?

Como sou um cientista, não respondo. Um grande prêmio Nobel em Física uma vez falou que certas respostas não devem ser dadas porque são tão absurdas que não estão na natureza. Não vou responder e ele que me chame pessoalmente e tenha coragem de me dizer cara a cara isso.

Desafio

O presidente Jair Bolsonaro voltou a sugerir nesta sexta-feira que líderes europeus façam um voo entre Boa Vista e Manaus para verem que não existe, de acordo com o presidente, um problema de desmatamento no Brasil.

No começo do mês ele já tinha dito a deputados que tinha lançado o desafio à primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e ao presidente francês, Emmanuel Macron, no G-20, em Osaka, Japão, no final de junho, depois que os dois se mostraram preocupados com a proteção da Amazônia. "Se eles (Merkel e Macron) encontrarem 1 km2 de desmatamento entre Boa Vista e Manaus concordaria com eles na questão ambiental", disse, sobre as críticas que recebeu.

A equipe do Mapbiomas - rede que envolve universidades, empresas de tecnologia e ONGs na análise de imagens de satélite e na produção de mapas sobre a cobertura e o uso da terra do Brasil - aceitou o desafio e fez um voo virtual sobre o trajeto.

O cruzamento de vários dados como os do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Censipam - monitoramento feito pelo Ministério da Defesa, mostrou que entre janeiro e junho deste ano houve um desmatamento de 213 km2 na região. A análise foi feita por pesquisadores liderados pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo.

"Um sobrevoo de Boa Vista a Manaus com o Google Earth mostra todos os desmatamentos que ocorreram no governo Bolsonaro. E foi bem mais do que apenas 1 km2", disse Azevedo. O mapa com os pontos de 2,3 mil alertas do período pode ser visto no blog Ambiente-se, no portal estadao.com.br. O Planalto não quis se manifestar.

A região, inclusive, vem sendo alvo de ações da Polícia Federal para desarticular um esquema de exploração ilegal de madeira. A operação Florestas de Papel, deflagrada no ultimo dia 12, teve como alvo 22 madeireiras que teriam regularizado, mediante fraude, 91 mil m3 de madeira, que carregariam 8 mil caminhões. As ações aconteceram em Roraima, Mato Grosso, Amazonas, Maranhão e Pará.

A questão ambiental pode vir a ser um entrave no acordo econômico entre Mercosul e União Europeia fechado no final de junho. O tratado incluiu uma cláusula de "princípio da precaução", que poderia ser usada para levantar barreiras em caso de dano ao ambiente, mesmo sem comprovação. /

Dados ajudam na fiscalização

O desmatamento da Amazônia é calculado oficialmente pelo Inpe. Para isso são usados principalmente dois sistemas de monitoramento: um é o Deter, que detecta o desmatamento em tempo real e produz dados diariamente que servem para orientar a fiscalização do Ibama e o combate aos crimes ambientais. Esses alertas foram fundamentais para as ações que conseguiram reduzir a taxa de desmatamento em 80% de 2005 a 2012.

O outro é o Prodes, que fornece dados consolidados sobre o que desapareceu da floresta com corte raso entre agosto de um ano a julho do ano seguinte. É o sistema que oferece a taxa oficial de desmatamento da Amazônia desde 1989. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na grande sala de integração de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um grupo de engenheiros brasileiros e chineses se aglomera ao redor do corpo metálico e ainda nu do novo Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, o CBERS 4A. Vestindo jaleco, touca e sapatos especiais, eles examinam e testam cada um dos equipamentos que planejam enviar ao espaço.

Previsto para ser lançado em dezembro de 2018, mas já adiado para meados de 2019, o CBERS 4A é uma das vítimas mais ilustres da crise de recursos humanos e financeiros que ameaça paralisar projetos e serviços essenciais do Inpe. Entre eles, o monitoramento da Amazônia e as "previsões numéricas" do tempo, que são a base de toda a meteorologia nacional.

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"A situação é terrível", diz o diretor do instituto, Ricardo Galvão. O orçamento real do Inpe encolheu quase 70% nos últimos sete anos, de R$ 326 milhões, em 2010, para R$ 108 milhões, em 2017, segundo dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo e corrigidos pela inflação. Já o quadro de funcionários encolheu quase 25% em dez anos.

Para 2018, a tendência é piorar. A proposta do governo é cortar 39% do orçamento de todos os institutos e autarquias ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, incluindo o Inpe e a Agência Espacial Brasileira. "Esse corte certamente implicará a descontinuidade de alguns programas de grande relevância no instituto", alerta Galvão. "Tenho sérias dúvidas se vamos conseguir renovar essa colaboração com a China."

O CBERS 4A (pronunciado "cibers", na sigla em inglês) é o sexto satélite produzido em parceria pelos dois países. Dotados de câmeras que escaneiam continuamente a superfície terrestre, eles produzem imagens essenciais para o planejamento e monitoramento de safras, gestão de recursos hídricos, planejamento urbano, controle do desmatamento e outras aplicações. As imagens são distribuídas gratuitamente online para milhares de usuários, principalmente do setor agrícola.

Cegueira espacial - Já existe a intenção de renovar a parceria para a construção de mais dois satélites, mas o CBERS 4, que é o único ainda operacional em órbita, dificilmente viverá o suficiente para isso - sua expectativa de vida útil se encerra agora, em dezembro. A partir daí, ele pode parar de funcionar a qualquer momento, deixando o Brasil "cego" no espaço.

"O CBERS 4A foi concebido para preencher essa lacuna entre o fim da vida do CBERS 4 e a concepção da próxima geração de satélites", diz o coordenador do Segmento Espacial do programa, Antonio Carlos Pereira Junior. O projeto do 4A é quase idêntico ao dos CBERS 3 e 4, aproveitando peças sobressalentes para encurtar ao máximo o tempo necessário para colocá-lo em órbita. Ainda assim, os entraves burocráticos, jurídicos e financeiros são muitos, diz Pereira Junior.

Para voar em dezembro de 2018, diz ele, o contrato de lançamento deveria ter sido assinado em junho - com 18 meses de antecedência, pelo menos, por causa de todos os preparativos necessários. A dúvida agora é se haverá recursos suficientes nas contas do ano que vem para lançá-lo em 2019. "Corremos o risco de ter o satélite pronto e não conseguir lançá-lo."

O orçamento aprovado para o programa CBERS neste ano foi de R$ 70 milhões. Em meio a cortes e contingenciamentos, porém, o Inpe recebeu menos da metade disso: R$ 31,5 milhões. O custo do lançamento é de US$ 15 milhões para cada país (cerca de R$ 50 milhões, pela cotação do dólar).

Impactos - Outro projeto ameaçado pelo aperto fiscal é o do Amazonia 1, primeiro satélite de observação da Terra 100% brasileiro, que está em construção no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Inpe.

A meta é ter o satélite pronto em janeiro de 2019, mas contratos e licitações que precisam ser feitos com antecedência estão caindo em atraso. Dos R$ 58 milhões previstos no orçamento deste ano, o projeto recebeu só R$ 15 milhões.

Tanto o CBERS quanto o Amazonia são considerados essenciais para que o Brasil não dependa exclusivamente de satélites estrangeiros para monitorar seu território. O Inpe gasta US$ 250 mil por ano comprando imagens dos satélites Landsat (americano) e Resourcesat (indiano), indispensáveis para o monitoramento do desmatamento na Amazônia - complementadas pelo CBERS 4.

Mas até para isso o Inpe está sem recursos, afirma Galvão. "Não paguei o contrato do Landsat este ano, e não sei como vou pagar no ano que vem." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O clima quente e seco, a estiagem e a vegetação seca em muitas regiões do País fizeram com que os primeiros 22 dias de setembro batessem o recorde de incêndio para um mês. Foram 95.046 pontos de incêndio em todo o Brasil, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o maior número da série histórica, começada em 1999. Até então, o maior número era de 94.516, registrado em setembro de 2007.

O pesquisador Alberto Setzer, encarregado das pesquisas de monitoramento de queimadas no Inpe, disse que 2017 deve ser o pior dos últimos 15 anos em termos de queimadas. Mas ressalta que o motivo pelo número elevado de incêndios não é apenas o clima, que cria as condições para propagação do fogo. "A responsabilidade pelo início dos incêndios é das pessoas, seja por ação proposital ou descuido, e ela está mais ativa este ano", diz.

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No total deste ano, são 185.343 focos de incêndio ao redor do País. A quantidade já supera anos como 2013, 2011, 2009 e 2008. Por enquanto, o ano com maior número de queimadas é 2004, com pouco mais de 270 mil focos. Os Estados com mais queimadas no ano são Pará, com 40.303, Mato Grosso, com 34.731 e Maranhão, com 20.352. Sozinhos, respondem por 51,4% dos focos neste ano.

São Paulo

No Estado de São Paulo, o número de focos também bateu recorde neste mês. Foram 2.478 focos - o máximo era de 1.674, em 2010. No Estado, as 10 principais cidades com focos de incêndio neste ano foram Ituverava, Morro Agudo, Tambaú, Olímpia, Pereira Barreto, Atibaia, Ribeirão Preto, Casa Branca, Mogi das Cruzes e Araras.

Pesquisadores do Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), anunciaram o desenvolvimento de um combustível de foguetes e satélites à base de etanol. “É uma tecnologia nossa, o apelo é estratégico”, diz Ricardo Vieira, chefe do LCP.

O novo combustível tem a vantagem de ser mais barato: um litro custa, em média, R$ 20. Importar a mesma quantidade do combustível mais comum no setor espacial sai até 50 vezes mais caro. Além do etanol, o produto conta com peróxido de hidrogênio e etalonamina, substância muito utilizada em cosméticos.

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Esses compostos químicos não agridem a saúde e nem o meio ambiente, ao contrário dos importados, que são tóxicos e cancerígenos.

Vieira afirma que o Inpe pretende patentear a fórmula. “A Agência Espacial Brasileira já demonstrou interesse em desenvolver um motor para satélite”, conclui.

Em reunião de Análise e Previsão Climática ocorreu no INPE/CPTEC foram analisadas as condições da pluviometria ocorrida nos meses até julho e, através desses dados, a previsão dos próximos três meses de 2016 foram traçadas. 

Na ocasião, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) observou que, de acordo com a configuração da atmosfera e oceano, a média de chuvas acumuladas no próximo trimestre será abaixo da média no Agreste, Região Metropolitana do Recife e Zona da Mata. Ainda segundo dados da Apac, o período de chuvas no Sertão foi encerrado no mês de abril, com isso, devido à diminuição das chuvas e também da pouca nebulosidade, as temperaturas devem ter uma maior amplitude térmica diária, com temperatura máximas maiores que o normal e temperaturas mínimas menores que o normal. 

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A Agência também alerta que os próximos meses consistem em um período em que os ventos têm maior intensidade no Litoral, com isso, ventos considerados moderados a forte poderão acontecer. 

A partir do próximo verão, o Brasil terá um sistema inédito de previsão de raios. Lançado nesta sexta, 4, o novo sistema, desenvolvido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), permitirá prever a incidência de raios com antecedência de 24 horas.

De acordo com o coordenador do Elat, Osmar Pinto Júnior, o Brasil é o país com maior incidência de raios no planeta, com 50 milhões de descargas por ano, 80% delas durante o verão. Em média, os raios matam 110 pessoas por ano no País.

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"O sistema permitirá reduzir o número de mortes em acidentes com raios. Mais de 80% desses acidentes poderiam ser evitados. Para isso, é preciso ter um sistema eficiente de previsão de raios e orientar a população para medidas de proteção", disse Pinto Júnior ao jornal O Estado de S.Paulo.

Segundo o coordenador, embora o sistema envolva uma complexa combinação de observação de satélite, observação de superfície e modelos matemáticos, as previsões serão apresentadas em um formato simples e claro, gerando diariamente um mapa indicando, em todas as regiões do Brasil, as áreas onde haverá maior probabilidade de raios.

"A ideia é que a previsão de raios seja divulgada pela imprensa, como acontece hoje com a previsão do tempo. O sistema não indica a quantidade de descargas, mas aponta diariamente as regiões com potencial de descarga dentro de 24 horas. Isso permitirá que as pessoas se protejam e evitem, nessas regiões, atividades a céu aberto, como alpinismo, ou ir à praia", explicou Pinto Júnior.

Segundo ele, embora as tempestades sempre tenham chuva, nem todas as nuvens de chuva geram raios. "Os raios estão associados a um tipo específico de tempestades. O sistema leva isso em conta e consegue prever onde haverá esse tipo de tempestade e, consequentemente, a incidência de raios", disse.

Os cientistas do Inpe realizaram pesquisas por cinco anos para criar o novo sistema. De acordo com Pinto Júnior, desde o verão passado ele está sendo testado internamente. Os testes mostraram que o nível de acerto das previsões é de 85%. Em comparação, os sistemas de previsão do tempo utilizados atualmente têm nível de acerto de cerca de 75%, segundo o coordenador.

"A precisão do sistema é da ordem de 10 quilômetros. Isso significa que, de modo geral, teremos uma previsão precisa para cada município. Em uma cidade grande como São Paulo, poderemos mesmo prever a incidência de raios especificamente na Zona Sul, ou na Zona Norte, por exemplo", explicou Pinto Júnior.

Nuvens de tempestade

Para elaborar o novo sistema, os cientistas utilizaram dados de satélites e observações de solo - que também são utilizadas na previsão do tempo -, mas agregaram a isso dados obtidos com modelos matemáticos e ferramentas estatísticas.

"As tempestades em cada região do País têm características muito diferentes. Como vivemos em um país continental, foi preciso estudar as especificidades de cada uma delas para desenvolver o sistema", disse.

De acordo com Pinto Júnior, em outros países há outros centros de pesquisa que estudam raios e estratégias de previsão. Mas o Inpe terá o primeiro sistema operacional de previsão de raios para divulgação ampla. "O desenvolvimento do sistema foi possível graças ao conhecimento. O Inpe estuda raios há 35 anos, o que nos deu essa capacidade", declarou.

Segundo o Elat, o fato de o Brasil ter a maior incidência de raios do mundo tem uma explicação geográfica: é o maior País da chamada zona tropical do planeta, onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades.

Um levantamento recente realizado pelo Elat mostrou que o número de vítimas fatais de raios no Brasil é maior que o número de vítimas de enchentes e deslizamentos. De 1991 a 2010, 2640 pessoas morreram atingidas por raios. No mesmo período, 2475 pessoas morreram por causa de enchentes e deslizamentos.

Embora seja o recordista de raios, o Brasil é o sétimo país com mais vítimas fatais. Os raios matam, anualmente, 700 pessoas na China, 450 na Índia, 400 na Nigéria, 220 no México, 150 na África do Sul, 150 na Malásia e 110 no Brasil.

"Esperamos que o novo sistema de previsão permita reduzir as mortes evitáveis em decorrência de descargas elétricas", disse Pinto Júnior.

O número de pessoas mortas por raios no Brasil chegou a 98 no ano passado, uma a menos do que o registrado em 2013, informa levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), baseado em informações da imprensa, da Defesa Civil e do Ministério da Saúde.

A maior parte das mortes por raios, 17, foi em São Paulo. No Maranhão, houve 16 registros de mortes; no Piauí, sete; no Amazonas, seis; e, no Pará, também seis. Os números de São Paulo se destacam pelas  mortes que ocorreram no segundo semestre do ano passado: em 7 de novembro morreram três moradores de rua, atingidos simultaneamente por um raio; e em 29 de dezembro, quatro banhistas receberam descarga atmosférica em Praia Grande, no litoral.

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As cidades que tiveram maior número de vítimas em 2014 foram: São Paulo, com cinco; Praia Grande, no litoral paulista, quatro vítimas; Pauini, no Amazonas, Wanderley, na Bahia, e Igarapé Grande, no Maranhão, com duas vítimas, cada. Entre as vítimas, 56% viviam na zona rural.

O desmatamento na Amazônia aumentou 117% entre os meses de agosto, setembro e outubro de 2014, em relação ao mesmo período no ano anterior, segundo dados oficiais medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A área total devastada no período foi de 1.924 km², ante 886 km² nos mesmos meses de 2013. Em agosto, foram estimados 890 km² de alertas de corte raso. Em setembro, a estimativa atingiu 736 km² e, em outubro, 298 km².

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Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) - que realiza um monitoramento não oficial operado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) -, o desmatamento foi de 437 km² em agosto, 402 km² em setembro e 244 km² em outubro, totalizando 1.083 km² de área devastada.

Embora a área seja menor do que a estimada pelo Deter, o SAD detectou um aumento maior do desmate (de 227%) em relação ao mesmo trimestre de 2013, quando teriam sido destruídos 331 km². O SAD usa imagens do mesmo sensor e do mesmo satélite empregados pelo Deter, mas faz os cálculos com metodologia diferente. De acordo com o pesquisador sênior do Imazon Carlos Souza Júnior, embora exista disparidade entre os números dos dois sistemas, os dados do Deter demonstram que o desmatamento realmente cresceu. "A ordem de grandeza varia, mas a tendência não muda. O desmatamento está aumentando na Amazônia."

Divulgação

Desde setembro, o Inpe não divulgava os dados do Deter. Na ocasião, os números referentes a junho e julho indicavam aumento de 195% no desmatamento, em relação ao mesmo período de 2013.

Em 7 de novembro, o jornal Folha de S.Paulo obteve os números de agosto e setembro que mostravam crescimento de 122%, em relação aos mesmos meses em 2013. Segundo a reportagem, o governo federal já conhecia os dados antes do segundo turno da eleição presidencial, realizado em 26 de outubro, mas decidiu adiar a divulgação para depois do pleito.

O Inpe, porém, divulgou nota alegando que o atraso na divulgação tinha o objetivo de garantir ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o uso exclusivo dos dados, a fim de obter vantagem em suas atividades de fiscalização.

De acordo com o instituto, a divulgação dos dados do Deter era feita com 30 dias de atraso para garantir essa vantagem, mas o Ibama solicitou ao Inpe uma alteração no cronograma, porque os inquéritos sobre o desmatamento ilegal levam mais de um mês para serem concluídos.

"O Ibama percebeu que os dados do Deter estavam sendo usados pelos agentes que realizam desmatamentos ilegais para se prevenir contra os inquéritos", informou a nota.

A Amazônia Legal perdeu 3.036 km2 de floresta entre agosto de 2013 e julho de 2014, conforme dados divulgados na segunda-feira, 01, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O desmatamento foi 9,8% maior que o registrado em igual período anterior. A área desmatada equivale a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo. O desmatamento está relacionado principalmente às atividades agrícolas.

Os dados do Inpe consideram o desmatamento parcial, em que apenas parte da floresta permanece em pé, geralmente relacionado com a atividade madeireira, e o corte raso, com a supressão total da mata para implantação de lavoura e pecuária. A Amazônia Legal inclui todos os Estados da Região Norte, além de parte do Mato Grosso e do Maranhão.

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Os números se baseiam no rastreamento realizado pelo Deter, serviço de detecção de desmatamento realizado em tempo real pelo Inpe, com base em imagens de satélites de alta frequência. Nos meses de junho e julho, de maior incidência, 1.264 km2 de áreas em alerta de desmatamento e degradação foram identificados pelo Deter na Amazônia.

O alerta possibilita ação rápida dos órgãos de fiscalização para reprimir a ação dos desmatadores. Os Estados que mais desmataram foram o Pará, com 532 km2, seguido pelo Mato Grosso, com 268 km2 e Rondônia, com 263 km2. O Estado de Amazonas aparece em quarto lugar com 167 km2. Queimadas e atividades agropecuárias estão entre as principais causas da degradação.

No caso do Amazonas, os desmatamentos ocorreram no extremo sul do Estado, nova fronteira agrícola do país. O Deter identifica áreas degradadas com mais de 25 hectares, mas nem todas as áreas são registradas devido à ocorrência de nuvens. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), operações realizadas na região resultaram na prisão de uma grande quadrilha de desmatadores no sul do Pará. A expectativa é de que os números caiam nos próximos meses.

Aguardado como a solução a curto prazo para amenizar a crise hídrica na Grande São Paulo e em parte do interior do Estado, o volume de água que chegará aos mananciais paulistas ainda é uma incógnita para pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que reúne as melhores informações da área no País.

"Não tem nada que indique um atraso nas chuvas no Sudeste, porém, não temos nenhuma evidência que a próxima estação chuvosa seja abundante. Ainda assim, precisaria ser muito abundante para ajudar a recuperar os mananciais. Infelizmente, a previsibilidade para esta região ainda é baixa e precisamos aguardar novos modelos de previsão climática", explicou José Marengo, pesquisador do Inpe, durante reunião climática do CPTEC, realizada na semana passada.

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Tradicionalmente, a estação chuvosa no Sudeste tem início em outubro e vai até abril. Segundo Marengo, no caso da região onde ficam das represas do Sistema Cantareira, o problema que culminou na atual crise hídrica não foi o atraso das chuvas em 2013, mas a baixa pluviometria registrada entre dezembro e fevereiro, meses que concentram 40% da chuva de todo o ano. "Ainda temos de esperar como vai evoluir padrão climático. Realmente, é muito difícil dizer hoje quando vai chover."

Diante desse cenário, o CPTEC indica que a probabilidade de chover abaixo, dentro e acima da média entre setembro e novembro no Sudeste é a mesma. Já para a temperatura, os dados apontam uma probabilidade maior para que ela fique acima do normal na região.

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pelo abastecimento de água em 364 dos 645 municípios paulistas, quanto maior a temperatura, maior o consumo. Para a estatal, foi a combinação de temperaturas recordes no último verão com a pluviometria mais baixa da história que levou à atual crise da água.

Quanto ao fenômeno climático El Niño, que provoca seca no Norte do País e chuvas intensas no Sul, Marengo disse que seu impacto no Sudeste "é difuso". Segundo o CPTEC, os dados indicam o estabelecimento da condição do El Niño no Brasil com intensidade de fraca a moderada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou através do Diário Oficial da União (DOU), desta quarta-feira (25), o resultado final do concurso público. O certame foi aberto em março deste ano. Ao todo, 68 vagas são oferecidas para cargos de pesquisa em ciência e tecnologia. Os selecionados atuarão nas cidades de Cachoeira Paulista (SP) e São José dos Campos (SP). 

Confira o resultado final do certame no Diário Oficial

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou através do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (7) a abertura de dois certames para provimento de 14 vagas em cargos de nível superior da carreira de pesquisa em ciência e tecnologia. Também há 54 oportunidades para tecnologistas júnior. Os selecionados atuarão nas cidades de Cachoeira Paulista (SP) e São José dos Campos (SP). 

A remuneração para os cargos de pesquisador varia entre R$ 4.544,05 e R$ 9.828,05. Já para os cargos de tecnologista o salário é de R$ 4.004,56, acrescido de benefícios e retribuição por titulação, podendo chegar a R$ 8.705,56. Em ambos os casos a jornada de trabalho é de 40 horas semanais.

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O período de inscrição é de 3 a 25 de abril, e deve ser feita através do preenchimento do formulário disponível no site da instituição, e entrega do mesmo juntamente com os documentos solicitados no edital, à Sede do Inpe, localizada na Avenida dos Astronautas, 1.758, Jardim da Granja, São José dos Campos (SP) (Prédio da Administração - Divisão de Gestão de Pessoas - sala 4); ou na Unidade Regional de Cachoeira Paulista (SP), situada na Rodovia Presidente Dutra, km 40, (Prédio da Administração - sala RH). A taxa de inscrição é de R$ 110.

Outras informações podem ser obtidas através do edital de abertura do certame.

A falta de chuvas em pleno verão se tornará cada vez mais frequente no Brasil nos próximos anos, alertou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espacial (INPE), Gilvan Sampaio. A razão é o aumento da temperatura em todo o globo terrestre, o que tende a potencializar a intensidade dos eventos climáticos no futuro. "Os extremos climáticos se tornarão muito mais frequentes daqui para frente", afirmou Sampaio.

O especialista participou na semana passada de um evento organizado pela Coppe/UFRJ sobre o impacto dos extremos climáticos para o setor elétrico. Como o sistema elétrico brasileiro é predominantemente hidroelétrico, o pesquisador chamou atenção para a importância de o setor estar preparado para lidar com as mudanças climáticas. "Como o setor vai conviver com maior variabilidade climática? Os extremos climáticos serão mais frequentes. Quando chove, chove com maior intensidade. O período seco será mais prolongado e intenso. Essas questões precisam ser incorporadas na operação das hidrelétricas brasileiras", afirmou.

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O aumento das temperaturas tem colocado em xeque uma máxima conhecida entre os especialistas em meteorologia, de que no Brasil o verão é chuvoso e o inverno, seco. Em 2014, tem ocorrido o oposto, com o verão extremamente seco. A causa é um bloqueio atmosférico formado por uma massa de ar quente e seca, que tem impedido o avanço das frentes frias causadoras das chuvas.

Sampaio explicou que, normalmente, esse sistema de alta pressão se forma no meio do oceano Atlântico. Porém, essa massa se posicionou mais próxima ao continente desta vez. Além de impedir as chuvas, o sistema de alta pressão se caracteriza por temperaturas elevadas, como pode ser observado nos sucessivos recordes de temperaturas registrados nas principais cidades brasileiras nas últimas semanas, o que tem impulsionado o uso de ar-condicionado.

A ocorrência desse fenômeno gera o aumento da temperatura dos oceanos, intensificando o processo de evaporação. Com isso, nuvens mais profundas são formadas e, uma vez "furado" o bloqueio atmosférico, chuvas mais intensas ocorrem. No fim de semana passado, uma frente fria conseguiu superar a massa de ar quente e seca, ocasionando chuvas no Sul e no Sudeste. Em alguns municípios no interior de São Paulo, as chuvas foram tão fortes que pontos de alagamentos foram registrados, obrigando famílias a deixarem as suas casas.

Contudo, o especialista afirmou que a massa de ar quente e seca voltará a ganhar força nas duas próximas semanas, elevando novamente as temperaturas. "A expectativa é que, em março, o bloqueio atmosférico se dissipe. Mas aí só estará restando um mês de chuvas", afirmou. A falta de chuvas, aliada ao consumo elevado de energia, contribuiu para reduzir significativamente o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o maior e mais importante do País, operam com 35,5% da capacidade, menor nível desde 2001.

O pesquisador do Inpe disse que os modelos meteorológicos mostram uma mudança no comportamento das chuvas. Em termos de volume, não há nenhuma alteração significativa, exceto no possível aumento das precipitações na região Sul (especialmente no Rio de Grande do Sul). Contudo, o que se projeta são chuvas cada vez mais intensas e concentradas, com longos períodos sem chuvas e temperaturas mais altas. "Episódios o como do Espírito Santo no fim do ano passado ou de Petrópolis há dois anos se tornarão cada vez mais comuns", comentou.

Sampaio afirmou que, com o aumento de temperatura, em regiões do País com alta disponibilidade hídrica, as chuvas tendem a ser cada vez mais fortes, tendo em vista a intensificação do processo de evaporação. Em regiões com menor disponibilidade hídrica, o movimento é o inverso e a tendência é de as secas se tornarem cada vez mais severas. "Além disso, observa-se que a frequência de dias e noites mais frias está diminuindo, enquanto está aumentando a frequência de dias e noites mais quentes", explicou.

O aumento de temperatura também favorece a formação de bloqueios atmosféricos, como o observado atualmente. "A frequência de bloqueios como o atual pode aumentar, mas não sabemos qual o período de recorrência. Em vez de ocorrer, por exemplo, a cada 40 anos, isso pode ocorrer a cada 30 anos, 20 anos ou 10 anos. Não sabemos exatamente", argumentou o pesquisador do Inpe.

Sobre a situação atual, Sampaio afirmou que os dados meteorológicos não apontam para a formação da chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul, caracterizada por chuvas intensas e constantes. "Apostar que em março irá chover em nível suficiente para compensar a falta de chuvas em janeiro e em fevereiro é bastante arriscado. Não há nenhuma indicação de que está sendo formada essa zona de convergência, que faria chover por seis ou sete dias seguidos", afirmou.

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