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A fabricante de chips e placas de vídeo, Nvidia Brasil, retomou seu perfil no Instagram na noite da última quarta-feira (23). A conta foi invadida e divulgou uma promoção falsa em suas postagens e stories. O conteúdo falso prometia o sorteio de 1.500 placas de vídeo para os usuários que seguissem os perfis marcados na postagem, mostrados como patrocinadores da ação. 

A conta explica que entrou em contato com o time global da Meta, empresa que controla o Instagram, para retomar o controle de perfil @VIDIAGEFORCEBR. Já no controle, as postagens foram excluídas. A empresa também postou um comunicado pedindo que os seguidores desconsiderem toda e qualquer tipo de comunicação sobre o sorteio de “1.500” GPUs postado previamente pelos invasores. 

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No caso da Nvidia, o ataque visava ganhar seguidores em contas no Instagram. No entanto, criminosos podem usar os perfis invadidos para induzir as vítimas a pagarem um “resgate” pelo acesso às contas. A orientação em situações como essa é desconfiar de contas que passaram a anunciar ofertas rapidamente. Se o perfil da empresa for de uma pessoa conhecida, o ideal é confirmar se o anúncio é verdadeiro por outros meios, como telefone. 

Para evitar que o perfil seja acessível para ofertas falsas, a melhor saída é ativar a autenticação em dois fatores. Assim, qualquer novo acesso à conta exigirá, além da senha, um código enviado por outro aplicativo instalado no celular.

Por Camily Maciel

 

 

 

Em nota oficial, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) cobrou nesta quinta-feira (24) um posicionamento do Brasil pelo fim das hostilidades na Ucrânia. A nota classifica o conflito como “fato de extrema gravidade” que atenta contra a soberania de um país soberano. 

O texto, assinado pela senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente do colegiado, avalia que as ações militares da Rússia violam “princípios fundamentais da Carta da ONU e do direito internacional” e põem em risco a vida de cidadãos inocentes. Segundo a parlamentar, o Brasil, especialmente pela sua representação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, deve buscar a cessação dos ataques e a resolução pacífica do conflito.  Leia a nota na íntegra. 

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NOTA OFICIAL 

Crise Ucrânia - Russia  A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado Federal considera as ações militares russas na Ucrânia fato de extrema gravidade, que viola princípios fundamentais da Carta da ONU e do direito internacional, por atentar contra a soberania e a integridade territorial de um país soberano e colocar em risco a vida de cidadãos inocentes. Em consonância com as diretrizes constitucionais que regem nossas relações internacionais, o Brasil deve, em especial em sua atuação no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, propugnar pela cessação imediata da violência e pela resolução pacífica do conflito, com respeito à autodeterminação e à integridade territorial dos Estados. 

Senadora Kátia Abreu

Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

*Da Agência Senado

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou uma nota nesta quinta-feira defendendo solução rápida e negociada para o conflito entre Rússia e Ucrânia, apontando consequências inimagináveis com a crise atual.

"Consoante a política externa brasileira, que historicamente tem-se orientado pela busca da paz e pela solução negociada dos conflitos internacionais, como presidente do Congresso Nacional e, em nome de meus pares, reafirmamos a necessidade de um diálogo amplo, pacífico e democrático com vistas a uma rápida solução negociada que contemple os legítimos interesses das partes envolvidas", diz a nota.

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A invasão da Rússia à Ucrânia motivou preocupação de líderes mundiais e cobrança por sanções, além de fuga do risco nos mercados financeiros. No Brasil, o Itamaraty pediu "suspensão imediata" das hostilidades. A Embaixada da Ucrânia, por sua vez, cobrou uma condenação clara do governo brasileiro ao ataque.

"A magnitude da atual crise e sua rápida deterioração têm potencial de impactos político, econômico e social difíceis mesmo de imaginar", diz a nota de Pacheco, manifestando expectativa de uma "solução pacífica, mutuamente acordada".

Câmara

Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu nesta quinta-feira que a Rússia e a Ucrânia busquem entendimento por meio de "caminhos diplomáticos".

"O mundo já enfrenta o luto de milhões de perdas da pandemia de Covid-19. À medida que voltamos à normalidade, assistimos uma escalada sem precedentes entre Rússia e Ucrânia", escreveu Lira, no Twitter. "Neste momento, precisamos de paz, entendimento e que as duas nações busquem os caminhos diplomáticos", acrescentou o deputado.

Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro, que fez publicações nas redes sociais hoje, ainda não se manifestou sobre o assunto. Já o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o Brasil não está neutro e não concorda com a invasão russa.

Na semana passada, Bolsonaro viajou para a Rússia e se reuniu com Putin. Na ocasião, o chefe do Executivo se disse "solidário" a Moscou, o que gerou repúdio dos Estados Unidos. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, chegou a dizer que talvez o Brasil estivesse "do lado oposto" ao da comunidade global.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional na manhã desta quinta-feira (24), na Sala de Situação da Casa Branca para discutir o desdobramento da situação na Ucrânia, disse um funcionário da Casa Branca.

Após a reunião, Biden participará de um encontro virtual com líderes do Grupo dos Sete países.

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Biden, que foi informado durante a noite por seus conselheiros de segurança nacional, chamou a invasão russa da Ucrânia de não provocada e injustificada.

Horas após a invasão russa, os supermercados de Kiev, capital da Ucrânia, já enfrentam corrida por alimentos. A reportagem do Estadão/Broadcast encontrou prateleiras vazias nesta quinta-feira (24) em um estabelecimento nas proximidades da Praça da Independência, área central da cidade, e filas nos caixas. O temor é de desabastecimento.

Os funcionários do supermercado estavam apreensivos e os clientes, apressados. A recomendação do governo local é permanecer em casa ou em ambientes seguros o máximo possível e, ao som dos alarmes de emergência, dirigir-se a bunkers instalados em estações de metrôs.

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O alarme soou no final da madrugada desta quinta-feira após a Rússia invadir a Ucrânia. Bombardeios foram registrados até mesmo em Kiev, que está a 700 quilômetros da fronteira.

Apesar da recomendação do governo, a população, com medo da guerra, tem fugido de Kiev pelas estradas e ferrovias. Congestionamentos são registrados em todas as saídas da capital.

Relações diplomáticas

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reforçou nesta quinta que o país cortou relações diplomáticas com a Rússia. No Twitter, Kuleba pediu a "todos os parceiros que façam o mesmo". "Com esse passo concreto, você demonstrará que apoia a Ucrânia e rejeita categoricamente o ato de agressão mais flagrante na Europa desde a Segunda Guerra Mundial", disse. Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também havia informado que o país rompeu as relações diplomáticas com a Rússia.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan denunciou nesta quinta-feira (24) "um golpe à paz e à estabilidade regionais" após a invasão da Ucrânia por parte do exército russo.

"Rejeitamos esta operação inaceitável", disse o chefe de Estado turco em um discurso televisionado na sede da presidência, renovando seus apelos para resolver os problemas "por meio do diálogo".

Turquia, membro da Otan, é um aliado próximo da Ucrânia, mas também está vinculada a Moscou por inúmeros acordos comerciais.

Erdogan "renovou seus apelos pra resolver os problemas mediante o diálogo, no marco dos acordos de Minsk" assinados em 2014 e 2015.

También disse que conversou com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski hoje pela manhã e "reiterou o apoio da Turquia à luta da Ucrânia para proteger sua integridade territorial".

No dia anterior ele conversou, também por telefone, com o presidente russo Vladimir Putin.

"Lamentamos muito ver como Rússia e Ucrânia se enfrentam, com quem temos estreitas relações políticas, econômicas e sociais", disse Erdogan.

"Faremos o que for preciso fazer para proteger a segurança de todos os que vivem na Ucrânia e de nossos irmãos tártaros", afirmou, em referência à minoria de língua turca da Crimeia.

Turquia, que compartilha o Mar Negro com a Rússia e Ucrânia, espera manter relações com os dois países.

O país é próximo do governo de Kiev, a quem vendeu drones militares, mas também depende em grande medida de Moscou para o fornecimento de energia e cereais e comprou um sistema russo de defesa antimísseis S-400.

Após a invasão da Ucrânia por tropas russas e enquanto a tensão bélica entre a Rússia e o país vizinho se intensifica, cresce um movimento nas redes sociais pedindo para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não se manifeste sobre o conflito. Temendo consequências diplomáticas negativas, usuários apelam para que o mandatário não escolha um lado do conflito. Na manhã desta quinta-feira (24), a quantidade de publicações desse teor passava de 60 mil. Tropas russas avançaram sobre o território ucraniano nesta madrugada. Já há registro de mortos e feridos.

Na semana passada, o chefe do Executivo foi criticado por manter sua viagem oficial à Rússia mesmo enquanto a tensão bélica envolvendo aquele país fervilhava. Durante a visita, o presidente brasileiro manifestou solidariedade à Rússia e a "todos os países que se empenham pela paz", gesto que foi mal visto pelos Estados Unidos. A Casa Branca reagiu: disse que o ato "mina a diplomacia internacional" e "não poderia ter ocorrido em momento pior".

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Agora, usuários das redes sociais temem que o chefe do Executivo dê outros passos falhos na diplomacia. "Só espero que o Bolsonaro não veja, não comente, simplesmente não reaja de forma alguma, apenas fique calado, em completo silêncio", escreveu um usuário em uma publicação com mais de três mil curtidas no Twitter. "Precisamos fazer uma corrente de oração para que o Bolsonaro fique calado pelas próximas semanas", disse outro.

"Que o Bolsonaro não invente de se meter nessa guerra entre Rússia e Ucrânia", diz uma publicação com cerca de 7 mil curtidas. "Indo dormir com esperança de acordar e não ver nenhuma notícia falando que o presidente se meteu no meio de uma guerra mundial", publicou outro usuário.

O vereador Rubinho Nunes (PSL-SP) brincou com o fato de que, há cerca de uma semana, bolsonaristas e aliados do governo tentaram emplacar a narrativa de que o presidente brasileiro teria evitado a guerra graças à sua viagem. "Poxa, mas há uma semana os bolsonaristas diziam que o Bolsonaro tinha evitado a guerra e por isso ganharia o Nobel da Paz...", ironizou.

O presidente Bolsonaro já está ativo em seus perfis oficiais na manhã desta quinta-feira, mas ainda não se manifestou sobre a invasão russa. O Itamaraty também não havia publicado nota sobre o ocorrido até a publicação desta matéria.

Horas após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciar ofensiva militar na Ucrânia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) condenou, "nos mais fortes termos possíveis", o "horripilante" ataque, que considera "inteiramente injustificado e não provocado". Em comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira, a aliança também denunciou Belarus por apoiar as ações russas.

Segundo a nota, a operação representa "grave violação" da lei internacional e constitui um ato de agressão contra um país independente e pacífico. A Organização reitera apoio às instituições e aos líderes eleitos ucranianos, incluindo o Parlamento e o presidente.

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"Sempre manteremos nosso total apoio à integridade territorial e à soberania da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, incluindo suas águas territoriais", afirma.

A Otan exorta Moscou a cessar as atividades militares e a retirar suas tropas da região. Também critica o reconhecimento da independência de regiões separatistas no leste ucraniano e afirma que seus aliados nunca aceitarão essa medida "ilegal". "Isso viola ainda mais a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e viola os acordos de Minsk, dos quais a Rússia é signatária", ressalta.

A aliança diz ainda que os líderes russos terão que suportar integral responsabilidade pelas consequências do seus atos, com um "pesado" preço político e econômico. "A Otan continuará a coordenar estreitamente com as partes interessadas relevantes e outras organizações internacionais, incluindo a UE União Europeia", pontua.

A Organização acrescenta que, desde o início da crise, buscou soluções diplomáticas, mas que os esforços não foram recíprocos e que os russos escolheram a escalada do conflito. "As ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica e terão consequências geoestratégicas", destaca.

A Otan conclui afirmando que tomará todas as medidas necessárias para garantir segurança e defesa de seus aliados e que mobilizou forças defensivas adicionais no leste da aliança.

"Decidimos, de acordo com nosso planejamento defensivo para proteger todos os aliados, tomar medidas adicionais para fortalecer ainda mais a deterrência e a defesa em toda a Aliança", pontua, acrescentando que as medidas são "preventiva, proporcional" e não visam à escalada.

O Twitter suspendeu temporariamente contas que publicaram imagens e vídeos da invasão russa à Ucrânia. A possibilidade de uma campanha de denúncias com uso de bots em benefício da Rússia foi levantada, mas a porta-voz da plataforma Elizabeth Busby afastou a suspeita.

Páginas pessoais e contas em todo mundo, como Notícias e Guerras, Neurone Intelligence e Mundo en Conflicto, foram afetadas. A rede admitiu que pode ter errado em alguns casos.

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"Estamos a monitorar, proativamente, a emergência de narrativas que violem as nossas regras de conduta e, neste caso, cometemos erros ao tomar medidas de fiscalização contra algumas contas", pontuou a porta-voz.

Uma das justificativas foi a de "violações das suas regras de conduta", mas nenhuma norma específica foi apontada. Busby também sugeriu que o mecanismo para coibir a disseminação de fake news pode explicar as suspensões e que o Twitter pretende "rever estas situações".

Após a Rússia começar o ataque contra diversas cidades ucranianas, milhares de cidadãos iniciaram uma fuga das grandes cidades e longas filas de carros foram vistas também na capital Kiev nesta quinta-feira (24).

As rotas de fuga são em direção a outros países do leste europeu e, segundo cálculos da União Europeia, mais de um milhão de pessoas podem chegar a essas nações nos próximos dias. Polônia, Romênia e Hungria já anunciaram planos para receber os ucranianos de maneira emergencial.

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A capital também foi alvo de ataques, mas focados em aeroportos e estruturas militares.

"Começou a guerra, precisamos de toda a ajuda possível. Ouço explosões em todo local e precisamos de ajuda", disse o arquiteto Anastasiya Menzhega, 25 anos, à ANSA.

As filas em postos de gasolina também estava intenso, assim como dentro dos transportes públicos. A fuga precisa ser estritamente por terra, já que o espaço aéreo ucraniano foi fechado durante a madrugada.

Quem não tem como fugir, faz uma corrida aos supermercados e às farmácias para comprar suprimentos. Longas filas também foram registradas nesses locais durante toda a manhã.

O presidente da ONG Soleterre, o italiano Damiano Rizzi, afirmou à ANSA que também já começam a serem registrados problemas nos atendimentos hospitalares. A instituição atende crianças com câncer e informou que os pacientes - tanto em Kiev como em outras cidades ucranianas - tiveram suas sessões de quimioterapia e radioterapia canceladas.

"O principal problema é que muitos profissionais hoje não se apresentaram ao trabalho. Todos estão tentando deixar suas famílias seguras e isso afetou os hospitais. Tratam-se de pessoas que podem morrer. A guerra não para os tumores", apelou Rizzi.

O italiano ainda informou que seis crianças atendidas pela ONG e seus familiares foram levados para o refúgio contra bombas de um hospital de Kiev. "A guerra adiciona mais problemas a situações já bastante complexas. O medo hoje impede de cuidar quem tem necessidade de terapias imediatas e que, se não morrerem por bombas, podem morrer por tumores", acrescentou.

Até o momento, os moradores da capital relatam ter ouvido a maior quantidade de explosões em Kiev perto da hora do amanhecer, mas o temor é que o ataque se intensifique.

O presidente do país, Volodymyr Zelensky, fez um apelo para que quem ficar e se sentir "apto" deve "pegar em armas" para defender a Ucrânia. Ele também fez um pedido para que os ucranianos doem sangue para ajudar as dezenas - e talvez centenas - de feridos nos ataques. Até o momento, Kiev confirmou cerca de 50 mortes - sendo 10 civis.

Da Ansa

Durante a madrugada, o barulho temido há vários dias acordou a capital ucraniana em pânico. Às 4h30, explosões rasgaram o céu de Kiev pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Ao amanhecer, as primeiras sirenes de alerta tocaram por vários minutos nos alto-falantes da capital.

"Acordei com o barulho das bombas, fiz as malas e saí correndo", disse à AFP Maria Kashkoska, de 29 anos, abaixada em uma estação do metrô, onde encontrou refúgio.

Abalada, a empresária afirmou que está "preparada para qualquer eventualidade".

Nas varandas, olhares preocupados e de dúvida: Foi um ataque aéreo, explosões? Que alvos foram atingidos?

Uma hora depois do despertar em pânico, ninguém tinha informações sobre a origem ou os alvos das explosões na capital e em seus arredores.

Sem esperar, os moradores de Kiev iniciaram a fuga.

As avenidas começaram a registrar trânsito intenso ainda de madrugada. Carros com famílias inteiras tentavam deixar a cidade e seguir para a região oeste, ou para áreas rurais, longe da fronteira com a Rússia.

A frente leste é a região com bombardeios mais intensos, mas nenhuma região da Ucrânia parece estar a salvo.

No outro extremo do país, na cidade costeira de Odessa e inclusive em Leópolis (Lviv), a cidade do oeste para onde Estados Unidos e outros países transferiram suas embaixadas, as sirenes, que anunciam a necessidade procurar abrigo de maneira urgente, também tocaram a cada 15 minutos.

"Mantenham a calma!", escreveu no Twitter o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov.

"Se possível, fiquem em casa. A situação está sob controle (...) Sua tranquilidade e sua confiança nas Forças Armadas ucranianas é a melhor ajuda neste momento", completou em uma mensagem à população.

- "Salvar nossas vidas" -

Muitos ucranianos não acreditaram até o último momento na guerra, que tomou a forma de ataques coordenados executados na quarta-feira à noite por Vladimir Putin contra o país vizinho.

Em Kiev, os preparativos haviam sido discretos até então.

Mas na noite de quarta-feira, após a proclamação do estado de exceção, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou a instalação de postos de controle nas principais entradas da capital e o reforço dos controles de passageiros nas estações de trem e no aeroporto.

Do lado de fora da estação de metrô da Praça Maidan, no centro de Kiev, uma mulher tentava silenciar os gritos de seu gato, que ela acabou colocando em uma mochila.

"Temos que salvar nossas vidas, e esperamos que o metrô seja suficientemente seguro, pois é subterrâneo", disse Ksenia Mitchenka à AFP, antes de entrar correndo no metrô.

Muitas famílias chegaram à entrada da estação com malas e sacolas, com os olhos grudados nos telefones celulares. Os agentes abriram as catracas e indicavam o caminho. No final das intermináveis escadas rolantes, vários grupos de pessoas estavam sentados no chão.

"Vamos ficar aqui, é mais seguro, vamos esperar aqui", explicou uma jovem, que não quis revelar o nome e que levava na mala seus documentos, carregadores e muito dinheiro, "o essencial", segundo ela, para fugir em tempos de guerra.

A Rússia iniciou, na madrugada desta quinta-feira (24), uma invasão da Ucrânia, com ataques aéreos em todo o país, incluindo na capital Kiev, e a entrada de forças terrestres ao norte, leste e sul, segundo os guardas de fronteira ucranianos, que registram suas primeiras perdas.

A ofensiva provocou clamor internacional, ao qual Moscou não deu ouvidos.

Dois dias depois de reconhecer a independência dos territórios separatistas ucranianos no Donbas, o presidente russo, Vladimir Putin, que disse que queria "defendê-los" contra a agressão ucraniana, lançou a invasão.

"Tomei a decisão de uma operação militar", declarou Putin em um discurso na madrugada. "Vamos nos esforçar para alcançar uma desmilitarizaração e uma desnazificação da Ucrânia", afirmou.

"Não temos nos nossos planos uma ocupação dos territórios ucranianos, não pretendemos impor nada pela força a ninguém", assegurou, apelando aos soldados ucranianos "a deporem as armas".

Ele repetiu suas acusações infundadas de um "genocídio" orquestrado pela Ucrânia nos territórios separatistas pró-Rússia no leste do país e utilizou como argumento o pedido de ajuda dos separatistas e a política agressiva da Otan em relação à Rússia, da qual a Ucrânia seria uma ferramenta.

Pouco depois começaram a ser ouvidas explosões em várias cidades ucranianas, da capital, Kiev, a Kharkov, a segunda cidade do país na fronteira com a Rússia, mas também em Odessa e Mariupol, às margens do Mar Negro.

Sirenes de alerta para bombardeios soam a cada 15 minutos em Lviv, a cidade para onde os Estados Unidos e vários outros países transferiram suas embaixadas, e em Odessa.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "ordenou infligir o máximo de baixas ao agressor", indicou o comandante-em-chefe das Forças Armadas ucranianas, o general Valery Zaluzni, assegurando que o Exército "reage com dignidade" aos ataques inimigos.

Os guardas de fronteira disseram que as forças terrestres russas entraram no território ucraniano pela Rússia e Belarus, informando três mortes em suas fileiras.

No metrô de Kiev, dezenas de pessoas tentavam se abrigar ou deixar a cidade, de trem ou por estrada.

"Acordei com o som de bombas, fiz as malas e fugi", contou à AFP Maria Kachkoska, de 29 anos, agachada em estado de choque no metrô.

Mesmo quando ainda era escuro, o trânsito era similar ao da hora do rush. Carros cheios de famílias corriam para fora da cidade, para o oeste ou para áreas rurais, longe da fronteira russa, a 400 km de distância.

- "Pedi que fosse embora" -

Em Chuguev, perto de Kharkiv, uma mulher e seu filho lamentavam a morte de um homem por um míssil, uma das primeiras vítimas desse ataque. "Eu pedi que ele fosse embora", repetia o filho, ao lado de um velho carro e da cratera deixada pelo projétil que caiu entre dois prédios de cinco andares.

O exército russo assegurou que visa apenas locais militares ucranianos com "armas de alta precisão". E alegou ter destruído bases aéreas ucranianas e de defesa antiaérea, enquanto Kiev declarou ter abatido cinco aviões russos e um helicóptero.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse que seu país tem como alvo "a junta governante em Kiev".

Em um vídeo postado no Facebook, o presidente ucraniano declarou lei marcial em todo o país. "Não entrem em pânico", "vamos vencer", disse.

A Ucrânia anunciou o fechamento do seu espaço aéreo para a aviação civil. Os voos foram cancelados nos aeroportos das principais cidades do sul da Rússia, perto da Ucrânia, e Moscou fechou o Mar de Azov ao transporte.

O ataque russo, após meses de tensão e esforços diplomáticos para evitar uma guerra, provocou uma torrente de condenação internacional.

"Presidente Putin, em nome da humanidade, leve suas tropas de volta à Rússia!", pediu o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, visivelmente exausto, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, denunciou um "ataque injustificado". "O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que trará perdas catastróficas de vidas e sofrimento humano", afirmou em um comunicado.

"Apenas a Rússia é responsável pela morte e a destruição que este ataque provocará", insistiu, depois de destacar que "o mundo fará com que a Rússia preste contas".

Ele também conversou com o presidente ucraniano, prometendo seu apoio.

O presidente francês, Emmanuel Macron, atual presidente do Conselho da União Europeia, pediu aos europeus "unidade" e convocou um conselho de segurança no Palácio do Eliseu.

"Os líderes russos enfrentarão um isolamento sem precedentes", alertou Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE.

Os 27 países da UE, que se reúnem em uma cúpula excepcional nesta quinta-feira à noite em Bruxelas, preparam um novo conjunto de sanções que serão "as mais severas já implementadas", acrescentou.

- Mercados em pânico -

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou um "ataque imprudente e não provocado" da Rússia.

Foi decidida uma reunião de emergência dos embaixadores da Aliança Atlântica.

A China, com relações estreitas com Moscou, disse estar acompanhando a situação "de perto" e pediu "contenção de todas as partes", mas não condenou a Rússia.

Muitos temem que a crise na Ucrânia possa levar ao conflito mais grave na Europa desde 1945. Uma intervenção russa poderia resultar em "até cinco milhões de pessoas deslocadas", alertou a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield.

Washington e seus aliados ocidentais adotaram as primeiras sanções na terça-feira em resposta ao reconhecimento dos separatistas do Donbas apoiados por Moscou, que Kiev vem lutando há oito anos, um conflito que já matou mais de 14.000 pessoas até o momento.

Os mercados mundiais foram imediatamente atingidos. Logo após o discurso de Putin, o petróleo subiu acima de US$ 100 o barril pela primeira vez em mais de sete anos, e a Bolsa de Valores de Hong Kong caiu mais de 3%.

Após uma interrupção, a Bolsa de Moscou reabriu e operava em queda de quase 14%.

Os Estados Unidos devem apresentar um projeto de resolução na mesa do Conselho de Segurança da ONU condenando a Rússia por sua "guerra" na Ucrânia.

Várias fortes explosões foram ouvidas nesta quinta-feira (24) por jornalistas da AFP no centro de Kiev e em outras cidades ucranianas pouco após o anúncio pelo presidente russo, Vladimir Putin, de uma operação militar contra a Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou Putin de iniciar uma "invasão em grande escala" contra seu país.

"Cidades ucranianas pacíficas estão sob ataque", tuitou Kuleba. "É uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá. O mundo pode e deve parar Putin. Agora é a hora de agir", acrescentou.

Pelo menos duas explosões foram ouvidas na capital, Kiev. Um pouco depois, as sirenes para alertar para bombardeios ressoaram no centro da capital.

Os moradores correram para as estações subterrâneas do trem em busca de abrigo, observaram jornalistas da AFP, e o governo decretou lei marcial.

Na cidade portuária de Mariupol, a principal metrópole controlada por Kiev perto da linha de frente no leste do país, também foram ouvidas fortes explosões, assim como em Odessa, no Mar Negro, e em Kharkov, a segunda maior cidade do país, perto da fronteira com a Rússia.

Em Kramatorsk, cidade que serve de quartel-general para as forças ucranianas, foram ouvidas pelo menos quatro fortes explosões, segundo jornalistas da AFP.

O Ministério da Infraestrutura da Ucrânia anunciou o fechamento do espaço aéreo do país "por causa do alto risco de segurança", interrompendo o tráfego civil logo após a meia-noite.

Putin anunciou na manhã desta quinta-feira, em uma mensagem televisionada, uma operação militar na Ucrânia para defender os separatistas pró-russos no país, enquanto que dezenas de milhares de soldados russos se concentravam há semanas atrás das fronteiras ucranianas.

A brasileira Letícia Vilhena Ferreira foi presa na quarta-feira, 16, em Illinois, por ter participado da invasão ao Capitólio, sede do Parlamento dos Estados Unidos. A queixa crime com mandado de prisão contra a brasileira diz que ela infringiu dois artigos do Código de Leis do país: entrada ou permanecimento conscientemente em qualquer edifício restrito ou sem autoridade legal e entrada violenta e conduta desordeira no prédio. Desde o dia do ocorrido, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI) iniciou uma força-tarefa para localizar os que estavam dentro do Capitólio. Letícia já é a terceira brasileira que terá que responder criminalmente à justiça americana pela invasão.

Segundo documento atribuído à Força-Tarefa Conjunta de Terrorismo de Chicago (JTTF), datado no dia 14 de fevereiro de 2022 e disponibilizado no CourtListener, Letícia foi identificada após uma testemunha afirmar que recebeu um vídeo gravado pela própria brasileira. Informações de código aberto revelaram que o número de telefone responsável por enviar o vídeo era de Letícia. Os dados da operadora forneceram a localização da brasileira, em Illinois.

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No dia 2 de abril de 2021, agentes do FBI entrevistaram Letícia em sua própria residência sobre seu paradeiro no dia da invasão. A brasileira afirmou que esteve em Washington para ver o presidente Donald Trump falar e acabou comparecendo à marcha. Segundo ela, incapaz de ver ou ouvir o discurso do presidente de sua localização, começou a seguir um conjunto de pessoas em direção ao Capitólio, onde continuou seguindo para dentro do prédio. Durante a conversa com os investigadores, Letícia afirmou ser cidadã do Brasil e que estava nos EUA com um visto de trabalho, o que a impedia de votar nas eleições daquele ano.

Letícia entregou as imagens que fez com o seu celular no dia, o que foi usado pelos investigadores como uma prova de que a brasileira estava no local. Além disso, com as descrições que ela ofereceu de suas vestimentas na marcha, também foi possível localizá-la nas gravações feitas pelas câmeras do prédio. Outra comprovação de sua presença na invasão foi uma busca autorizada em seu telefone no dia 26 de agosto de 2021. Em mensagens trocadas entre ela e uma outra pessoa, os investigadores encontraram a declaração de que ela estava no Capitólio.

Os vídeos mostram que a brasileira esteve presente quando manifestantes empolgados gritaram "Nossa Casa" e "Pare o Roubo". As gravações ainda indicam que Letícia não participou de agressões físicas contra os policiais.

Além de Letícia, outros dois brasileiros foram identificados na invasão: Samuel Camargo, 26, que foi localizado após publicar, em suas redes sociais, imagens de sua participação no motim, e Eliel Rosa, 53, que foi preso e, posteriormente, condenado pela justiça norte-americana.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse neste domingo (20) que a Europa pode estar em seu momento mais perigoso desde o fim da Segunda Guerra Mundial. "Já se passaram mais de 70 anos e ao longo desses 70 anos... houve paz e segurança", disse ela. "Estamos falando sobre a possibilidade real de guerra na Europa", afirmou Kamala a repórteres, durante a Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha.

A vice-presidente tentou convencer os aliados dos EUA de que a rápida escalada das tensões na fronteira da Ucrânia com a Rússia significa que a segurança europeia está sob "ameaça direta" e que deveria haver apoio unificado para sanções econômicas caso o Kremlin invada seu vizinho.

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"Estamos falando sobre o potencial de guerra na Europa. Vamos realmente tirar um momento para entender o significado do que estamos falando", afirmou Kamala antes de seu retorno a Washington.

O presidente Joe Biden deve se reunir com sua equipe de segurança nacional no fim deste domingo em Washington para discutir os desdobramentos. Kamala planeja participar enquanto estiver voando de volta da Alemanha. Antes de deixar Munique, ela e sua equipe informaram ao grupo em Washington sobre as reuniões e conversas na conferência.

Durante uma série de reuniões com líderes globais e em seu discurso na conferência, Kamala destacou se tratar de momento "definitivo" e "decisivo" para o mundo. Ela se reuniu com o presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, os líderes das três nações bálticas, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.

Biden enviou Kamala à Alemanha com ordens diretas de ampliar a preocupação de que uma invasão russa era altamente provável e deixar claro aos aliados europeus que eles devem estar prontos para impor as sanções mais duras já estabelecidas para Moscou. Ela disse a repórteres que uma invasão e sanções à Rússia provavelmente teriam também custos para os americanos. "Quando os Estados Unidos defendem princípios e todas as coisas que prezamos, às vezes é necessário que nos coloquemos lá de uma maneira que talvez incorra em algum custo", disse ela. "Nesta situação, isso pode estar relacionado aos custos de energia".

A aparição da vice-presidente em Munique foi ofuscada pela declaração de Biden da Casa Branca na sexta-feira, de que estava "convencido" de que Putin havia decidido invadir. O impacto de sua mensagem de unidade na Europa também foi superado pela declaração de Zelensky, que questionou, logo após a reunião com Kamala no sábado, por que EUA e Europa estavam esperando para impor sanções contra a Rússia. Segundo Zelensky, sanções após a ocupação de partes da Ucrânia trariam pouco conforto. Ele repetiu o desejo da Ucrânia de ingressar na Otan, enquanto Putin exige garantias de que isso não ocorrerá.

Kamala Harris disse que não opinaria sobre os "desejos" de Zelensky para o seu país e apoiou a decisão dos EUA de adiar as sanções preventivas. "O objetivo das sanções sempre foi e continua sendo dissuasão", afirmou.

Harris também ouviu de líderes de países bálticos, que temem que seus países sejam os próximos alvos da Rússia, apelos para aumentar o número de tropas dos EUA nestas regiões. O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, exortou os EUA a fazerem ainda mais e criar uma "presença permanente" na Lituânia. Atualmente, os EUA enviam um pequeno contingente de tropas para o país de forma rotativa.

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, ecoou o apelo. "Perdemos nossa independência para a Rússia uma vez e não queremos que isso aconteça novamente", disse ela. Harris não fez promessas, embora tenha previsto em seu discurso na conferência que os EUA "reforçarão ainda mais nossos aliados da Otan no flanco leste" se a Rússia invadir a Ucrânia.

(Com Associated Press)

O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse em entrevista à BBC publicada neste domingo que evidências sugerem que a Rússia está planejando "a maior guerra na Europa desde 1945". "Todos os sinais são de que o plano já começou em alguns sentidos". Segundo Johnson, as evidências apontam que um ataque é iminente.

Johnson afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, informou a líderes ocidentais que a inteligência sugeriu que as forças russas não estavam apenas planejando entrar na Ucrânia pelo leste, via Donbas, mas também por Belarus e pela área ao redor de Kiev.

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"Temo dizer que o plano que estamos vendo é para algo que pode ser realmente a maior guerra na Europa desde 1945, apenas em termos de escala", disse ele. "As pessoas precisam considerar não apenas a potencial perda de vidas de ucranianos, mas também de "jovens russos", acrescentou, falando de Munique, onde estava presente junto com outros líderes mundiais na conferência anual sobre segurança.

Conforme a reportagem da BBC, as últimas estimativas do governo dos EUA apontam que entre 169 mil e 190 mil soldados russos estão posicionados ao longo da fronteira da Ucrânia, tanto na Rússia quanto na vizinha Belarus, mas esse número também inclui rebeldes no leste da Ucrânia.

Johnson alertou que qualquer conflito pode ser "sangrento e prolongado" e que o presidente russo, Vladimir Putin, possivelmente estava "pensando de forma ilógica sobre isso", não vendo o "desastre à frente".

Em uma possível invasão russa à Ucrânia, Reino Unido e EUA trariam mais sanções contra Moscou do que as sugeridas anteriormente, indicou Johnson, incluindo a interrupção de negociações entre empresas em "libras e dólares", medida que, segundo ele, "atingiria muito, muito duramente" a Rússia. "A lição de 2014 (da tomada russa da Crimeia da Ucrânia) é que você não pode simplesmente deixar Vladimir Putin se safar", disse.

Johnson afirmou ainda que uma invasão da Ucrânia fortaleceria, em vez de enfraquecer, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual a Ucrânia não é membro. "Se (Putin) pensa que vai ter menos Otan como resultado disso, ele está totalmente errado. Ele vai conseguir mais Otan." A Rússia vem insistindo que a Ucrânia não seja autorizada a ingressar na Otan, algo visto como ameaça à sua segurança.

A reportagem lembra que, apesar de nações ocidentais acusarem a Rússia de tentar encenar uma falsa crise na fronteira com a Ucrânia e apontarem a possibilidade de forças russas estarem se preparando para invadir o país vizinho, a Rússia negou as alegações e afirmou que suas tropas estão apenas realizando exercícios militares.

Centenas de projéteis de artilharia explodiram ao longo da linha que separa soldados ucranianos e separatistas apoiados pela Rússia, levando milhares de pessoas a deixarem o leste da Ucrânia e aumentando o temor de que tensões na região podem desencadear uma invasão russa.

Líderes ocidentais alertaram que a Rússia estaria prestes a atacar o país vizinho, que está cercado em três lados por cerca de 150 mil soldados russos, aviões de guerra e equipamentos. A Rússia realizou exercícios nucleares no sábado na vizinha Belarus e tem exercícios navais em andamento na costa do Mar Negro.

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Ontem, também, líderes separatistas no leste da Ucrânia ordenaram uma mobilização militar completa e enviaram mais civis à Rússia, que emitiu cerca de 700 mil passaportes para residentes dos territórios controlados pelos rebeldes.

Os Estados Unidos e muitos países europeus alegam há meses que a Rússia está tentando criar pretextos para invadir e ameaçaram impor sanções maciças e imediatas caso isso venha a acontecer. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, que escolha um local onde os dois líderes possam se encontrar para tentar resolver a crise. A Rússia negou planos de invasão.

"A Ucrânia continuará a seguir apenas o caminho diplomático em prol de um acordo pacífico", disse Zelensky no sábado, durante a Conferência de Segurança em Munique, Alemanha. Não houve resposta imediata do Kremlin.

Também no sábado, a Rússia afirmou que ao menos dois projéteis disparados de uma área do leste da Ucrânia controlada pelo governo caíram do outro lado da fronteira. O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia reagiu dizendo que a declaração é "falsa".

Representantes de Moscou e do Ocidente continuam se comunicando. Os chefes de defesa americanos e russos falaram na sexta-feira. O presidente da França, Emmanuel Macron, tem agendado um telefonema com Putin neste domingo. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, concordaram em se reunir na próxima semana.

Autoridades da região de Rostov, na Rússia, que faz fronteira com o leste da Ucrânia, declararam estado de emergência por causa do fluxo de rebeldes ucranianos. Reportagens veiculadas no sábado reportaram longas filas de ônibus e centenas de pessoas esperando no frio por horas para serem alojadas, sem acesso a comida ou banheiros. Putin ordenou que o governo russo oferecesse 10.000 rublos (cerca de US$ 130) a cada evacuado, quantia equivalente a cerca de metade de um salário médio mensal no leste da Ucrânia.

(Com Associated Press)

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou como "especulações provocativas" as acusações de que a Rússia esté preparando uma invasão da Ucrânia, durante uma conversa neste sábado (12) com seu homólogo francês, Emmanuel Macron - informou o Kremlin em um comunicado.

"Vladimir Putin e Emmanuel Macron discutiram [...] especulações provocativas relacionadas com uma suposta 'invasão' russa da Ucrânia, que é acompanhada de entregas significativas de armamentos modernos para este país", disse a Presidência russa em comunicado.

O Kremlin considera que essas acusações e esses meios militares criam "as condições para possíveis ações agressivas das forças ucranianas em Dombass", uma região no leste da Ucrânia onde a Rússia apoia separatistas armados há oito anos.

Putin voltou a reclamar que os Estados Unidos e a OTAN se neguem a aceitar "as iniciativas russas" para diminuir as tensões, ou seja, que a Aliança Atlântica ofereça garantias de que não se expandirá para o leste, nem vai incorporará a Ucrânia, e que opere retiradas de seus meios militares na Europa Ocidental. O Kremlin também acusou Kiev, mais uma vez, de torpedear o processo de paz na guerra de Dombass.

Na conversa deste sábado, o presidente francês disse ao colega russo, por sua vez, que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada militar" na fronteira da Rússia com a Ucrânia.

Tanto Macron quanto Putin "expressaram a vontade de continuar o diálogo" para implementar os acordos de Minsk sobre a região separatista pró-russa de Dombass (leste da Ucrânia) e sobre "condições de segurança e de estabilidade na Europa", especificou o Palácio do Eliseu, após um telefonema de 1 hora e 40 minutos entre os dois líderes.

Macron ressaltou, contudo, que os ocidentais estão "decididos a reagir", se as Forças Armadas russas lançarem uma operação na Ucrânia, declarou a Presidência francesa.

Ele também "transmitiu as preocupações de seus parceiros e aliados europeus", acrescentou a mesma fonte.

A discussão entre Macron e Putin é a continuação do encontro de cinco horas entre ambos, na última segunda-feira (7), no Kremlin. No dia seguinte, o líder francês viajou para Kiev, onde se reuniu com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. Depois, Macron embarcou rumo a Berlim.

O Eliseu indicou que esta viagem diplomática atingiu seu "objetivo", ao permitir "avançar" para reduzir a tensão entre Rússia e Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, volta a conversar por telefone neste sábado (12) com seus homólogos americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, no momento em que Washington teme uma ofensiva iminente contra a Ucrânia.

O fantasma de uma guerra está fazendo muitos países ocidentais aconselharem seus cidadãos a deixarem a Ucrânia. Neste sábado, a Rússia também aumentou a preocupação internacional, ao admitir que está reduzindo seu pessoal diplomático em Kiev, devido a "provocações" da Ucrânia e de países ocidentais.

Em meio a este alerta generalizado, a diplomacia se intensifica neste fim de semana. Biden conversa hoje com Putin, depois de uma reunião de seus respectivos chefes do Estado-Maior conjunto na sexta-feira. Também está previsto um telefonema entre Putin e Macron.

Em paralelo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversa neste sábado com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"Se a Rússia estiver realmente interessada em resolver esta crise por meio da diplomacia e do diálogo, nós estamos prontos também", declarou Blinken.

"Mas tudo isto em um contexto de desescalada e, por enquanto, vimos apenas o contrário por parte de Moscou", frisou, insistindo em que este é um momento "chave".

"Estamos preparados para tudo", garantiu.

Blinken reiterou que os Estados Unidos e seus aliados vão impor sanções, "rapidamente", contra a Rússia, se ela invadir a Ucrânia, algo que, segundo o secretário, pode acontecer "a qualquer momento".

"Não sabemos se o presidente (Vladimir) Putin tomou essa decisão (...) o que sabemos é que ele se preparou para agir em um prazo muito curto", completou

Na sexta-feira, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que a ofensiva é uma "possibilidade muito, muito real", mas a Inteligência americana não sabe se o presidente russo "tomou uma decisão final", ou não.

As autoridades americanas não descartam que a Rússia tome essa decisão mesmo durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, que terminam em 20 de fevereiro.

- Manter a calma -

"Neste momento, é extremamente importante manter a calma, se consolidar fora do país, evitar atos que desestabilizem a situação e semeiam o pânico", declarou o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia em um comunicado divulgado neste sábado.

"As Forças Armadas ucranianas monitoram a situação e estão prontas para responder a qualquer agressão do território ucraniano", acrescentou.

As autoridades ucranianas disseram ainda que estão "em contato 24 horas por dia com todos os sócios-chave" e recebem rapidamente informações sobre a situação.

"Continuamos trabalhando para reduzir a tensão e contar com o apoio dos nossos sócios internacionais para manter a Rússia dentro do marco diplomático", acrescentou o Ministério ucraniano.

De Moscou, a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, criticou a "histeria" em Washington.

"A histeria da Casa Branca é mais reveladora do que nunca. Os anglo-saxões precisam de uma guerra. A qualquer custo. As provocações, a desinformação e as ameaças são o método preferido para resolver seus próprios problemas", afirmou a porta-voz no aplicativo de mensagens Telegram.

Neste sábado, a Rússia começou novas manobras navais no mar Negro para "defender a costa marítima da península da Crimeia", anexada em 2014, de potenciais ameaças.

"Mais de 30 navios da Frota do Mar Negro partiram de Sebastopol e de Novorossiisk, seguindo o plano do exercício", relatou o Ministério da Defesa.

Nos últimos dias, a Rússia também está fazendo manobras em Belarus, nas fronteiras da União Europeia e da Ucrânia. Para os países ocidentais, todos esses exercícios são particularmente preocupantes porque cercam o território da Ucrânia militarmente.

Informações da Inteligência dos Estados Unidos afirmam que a Rússia intensificou os preparativos para uma invasão em grande escala na Ucrânia e agora colocou 70% das forças que precisaria para esse ataque, segundo funcionários americanos.

A Rússia reuniu 110.000 soldados ao longo de sua fronteira com a Ucrânia, mas a Inteligência americana não determinou se o presidente Vladimir Putin realmente decidiu invadir, segundo o que disseram membros de órgãos de inteligência que nos últimos dias mantiveram reuniões informativas com legisladores e representantes dos aliados europeus.

A Inteligência americana não tem certeza, disseram, se o presidente russo Vladimir Putin está decidido a passar para a ofensiva.

Mas Putin quer ter todas as opções possíveis à sua disposição: desde uma invasão limitada da região pró-russa de Donbas na Ucrânia até uma invasão total a grande escala do país vizinho, segundo os funcionários.

A Rússia nega reiteradamente que esteja planejando invadir a Ucrânia.

Para a Inteligência americana, se a Rússia optar por um ataque em grande escala, a força invasora poderia tomar a capital Kiev e derrubar o presidente Volodymyr Zelensky em questão de 48 horas.

Tal ataque deixaria entre 25.000 e 50.000 civis mortos, junto com entre 5.000 e 25.000 soldados ucranianos e entre 3.000 e 10.000 soldados russos. Também poderia desencadear uma avalanche de refugiados de um a cinco milhões de pessoas, principalmente para a Polônia, alertaram os funcionários.

O presidente Joe Biden enviou tropas americanas à Polônia para proteger os membros da Otan, enquanto os diplomatas trabalham arduamente para tentar persuadir a Rússia a retirar suas tropas da fronteira com a Ucrânia.

O primeiro contingente de soldados americanos chegou neste sábado.

Moscou também anunciou manobras militares conjuntas com Belarus e enviou vários batalhões ao norte de Kiev e para a região de Brest, não longe da fronteira com a Polônia.

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos concluíram que a Rússia continua reunindo uma grande força militar em sua fronteira com a Ucrânia.

Há duas semanas, um total de 60 batalhões do exército russo se posicionaram ao norte, leste e sul da Ucrânia, particularmente na península da Crimeia, anexada pela Rússia depois de uma invasão em 2014.

Mas na sexta-feira já havia 80 batalhões e outros 14 estavam a caminho a partir de outras partes da Rússia, disseram funcionários americanos.

Acrescentaram que cerca de 1.500 soldados das forças especiais russas conhecidas como Spetsnaz foram enviados ao longo a fronteira com a Ucrânia há uma semana.

Uma importante força naval russa também está posicionada no Mar Negro, equipada com cinco navios de assalto anfíbio que poderiam ser usados para desembarcar tropas na costa sul da Ucrânia, disseram funcionários americanos.

Adicionalmente, acrescentaram, foram observados outros seis navios anfíbios saindo do Mar de Barents ao norte da Rússia e navegando além do Reino Unido e através do Estreito de Gibraltar, aparentemente caminho para o Mar Negro.

Além disso, a Rússia colocou aviões de combate perto da Ucrânia, assim como bombardeiros, baterias de mísseis e antiaéreas, declararam os funcionários.

Neste domingo, a Presidência ucraniana considerou que as chances de alcançar uma "solução diplomática" para a crise com a Rússia são "consideravelmente maiores" que as de uma "escalada" militar.

"As chances de encontrar uma solução diplomática para uma desescalada são consideravelmente maiores que a ameaça de uma nova escalada", declarou Myhailo Podoliak, conselheiro chefe do governo ucraniano.

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