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O êxodo de venezuelanos para países vizinhos se acelera. O alerta é da nova alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Em seu primeiro discurso diante do Conselho de Direitos Humanos da entidade nesta segunda-feira, 10, a ex-presidente do Chile apontou que se é necessário ajudar os países fronteiriços a acolher essa massa de pessoas, são as violações sofridas por essa população na Venezuela que devem ser sanadas para que o fluxo seja interrompido.

Na avaliação de Bachelet, assim como na Nicarágua, a Venezuela registra "sérias violações de direitos humanos". "Cerca de 2,3 milhões de pessoas deixaram o país até o dia 1 de julho, o que representa 7% do total da população, diante de falta de alimentos ou acesso a remédios e saúde, insegurança e perseguição política", disse a chilena. "Esse movimento está se acelerando", alertou.

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"Na primeira semana de agosto, mais de 4 mil venezuelanos por dia entraram no Equador, 50 mil venezuelanos chegaram na Colômbia em um período de três semanas em julho, e 800 venezuelanos por dia estão agora entrando no Brasil", disse Bachelet.

"O movimento dessa magnitude é sem precedentes na história recente das Américas e a vulnerabilidade deles que deixam o país também aumenta", afirmou, destacando para a situação difícil de idosos, mulheres grávidas e crianças.

De acordo com ela, desde que a ONU publicou seu último informe, a entidade continuou a receber informação sobre violações de direitos sociais e econômicos, tais como cases de mortes relacionadas por má nutrição, assim como violações de direitos políticos, incluindo detenções arbitrárias e restrição de liberdade de expressão. "O governo não mostrou abertura para medidas genuínas de responsabilidade", criticou.

Outro alerta feito por Bachelet se refere à situação da Nicarágua. "O número de pessoas deixando o país está aumentando de forma exponencial como resultado da atual crise no país, incluindo a deterioração de direitos humanos", disse. Seu escritório já denunciou o uso desproporcional da força pela polícia, assassinatos extrajudiciais, desaparecimentos e outros crimes.

"Cerca de 400 pessoas foram mortas e pelo menos 2 mil foram feridos", disse. "Lamentamos a decisão do governo de expulsar nossa equipe e apelo ao Conselho para fortalecer o monitoramento sobre o país", pediu Bachelet aos governos na ONU.

Ela, porém, fez questão de alertar aos países que recebem refugiados a não fechar suas fronteiras e criticou grupos políticos que têm usado o medo como instrumento para ganhar apoio popular. Sua avaliação é de que muros, políticas que promovem o medo, separação de famílias e outras medidas dessa natureza não representam "soluções de longo prazo para ninguém" e "apenas ampliam a miséria e sofrimento". Bachelet pediu que políticas sejam estabelecidas com base "na realidade, e não em pânico".

Refugiados

A ex-presidente do Chile também criticou as barreiras impostas por países ricos ao fluxo de refugiados e imigrantes. Ela atacou a lei aprovada na Hungria que permite que a polícia prenda e denuncie como crime a presença de advogados e voluntários em locais de fronteira. Bachelet também acusa o governo de não distribuir alimentos que estão em armazéns aos refugiados detidos nas fronteiras.

Outro ataque foi dirigido aos EUA, acusados pela chilena de não terem lidado ainda com os 500 menores que foram retirados de seus pais em locais de fronteira. Ela ainda se diz preocupada diante da decisão do governo americano de manter a detenção de migrantes por mais de 20 dias.

Bachelet ainda criticou as políticas europeias para migração, alertando que o bloco precisa garantir que a proteção aos direitos humanos seja mantida. "O governo da Itália tem negado a entrada de barcos de resgate de ONGs", disse. "Esse tipo de postura política tem consequências devastadoras para muitas pessoas já vulneráveis", alertou.

Ela lembra que, apesar de o número de migrantes ter caído pelo Mediterrâneo, a taxa de fatalidade é a maior já registrada. A chilena ainda concluiu seu informe com um alerta sobre o fortalecimento de discursos de ódio e atos racistas pelas Europa.

A ONU afirmou nesta quarta-feira, 5, que está "preocupada" com a militarização das fronteiras com a Venezuela, além dos incidentes de xenofobia contra os migrantes e refugiados que, fugindo do regime de Nicolás Maduro, passaram a criar tensão em cidades de países vizinhos.

Nas últimas semanas, governos de Brasil, Peru e Equador incrementaram a presença de militares na região, o que causou alarme na ONU. A violência em cidades de fronteira, como no caso de Roraima, também foram recebidos como um alerta de que a situação pode sair do controle.

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Em declaração conjunta, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e diversos comitês da ONU alertam que a América do Sul "deve adotar uma resposta coordenada, com base nos direitos humanos e no princípio da responsabilidade compartilhada".

De acordo com a ONU, estima-se que em junho 2,3 milhões de venezuelanos tenham saído do país, principalmente com destino a Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Chile. Em uma lista de 16 recomendações, a ONU pede que sejam implementadas medidas para prevenir a discriminação contra venezuelanos e campanhas educativas que combatam a xenofobia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As forças da ordem francesas começaram, nesta quinta-feira (6), a evacuar um acampamento de migrantes perto da cidade de Dunkerque, onde centenas de pessoas vivem em condições precárias com a esperança de chegar ao Reino Unido.

"É uma operação para desmantelar o acampamento de Grande-Synthe", disse à AFP uma porta-voz da prefeitura do departamento do Norte.

Entre 500 e 800 migrantes, essencialmente curdos iraquianos, acampam nesta cidade do litoral, com a esperança de embarcar rumo à Grã-Bretanha.

A retirada acontece sem incidentes, disse à AFP o subprefeito de Dunkerque, Eric Etienne.

Etienne explicou que o governo quer evitar que se constituam "novos pontos de instalação", que depois acabam se transformando em "favelas" no litoral do mar do Norte.

A presença policial se reforçou na zona desde que se desmantelou, em 2016, a chamada "Selva", perto de Calais, onde viviam cerca de 10.000 migrantes.

O acampamento de Grande-Synthe já havia sido evacuado várias vezes. Os imigrantes que foram desalojados hoje terão a possibilidade de solicitar asilo na França, ou serão levados para os centros policiais para serem identificados.

No mês passado, a França aprovou uma nova lei sobre imigração que acelera o procedimento de asilo e, ao mesmo tempo, de expulsão dos que tiverem seu pedido rejeitado, uma medida denunciada por seus críticos como uma tentativa de limitar as chegadas.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez nesta terça-feira (28) um chamado para que pessoas que fugiram para outros países por causa da crise voltem para suas casas.

Segundo o mandatário, os migrantes venezuelanos viraram vítimas da "escravidão", da "perseguição" e do "desprezo" a que são submetidos nos "países de direita". "Deixem de lavar privadas no exterior e venham viver na pátria e amar a Venezuela", disse.

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As declarações foram dadas durante uma cerimônia no Palácio de Miraflores, em Caracas, por ocasião do retorno de 89 pessoas que haviam fugido para o Peru. A iniciativa faz parte do "Plano Volta à Pátria", que é patrocinado pelo governo.

Maduro ainda afirmou que muitos venezuelanos escutaram o "canto da sereia para viver no meio da guerra econômica" e só conseguiram "racismo, desprezo e perseguição". "Aqui nunca houve campanha xenófoba. Aqui não perseguimos colombianos nas ruas, como fazem as oligarquias colombianas e de Lima", acrescentou.

Desde 2015, mais de 1,6 milhão de venezuelanos fugiram para países da região, como Colômbia, Equador, Peru e Brasil, gerando a mais grave crise humanitária deste século na América do Sul. A situação já é comparada pelas Nações Unidas à emergência migratória no Mediterrâneo.

Da Ansa

A maioria dos moradores qualifica Pacaraima como uma cidade pacata e receptiva com migrantes de qualquer origem. Fora das comunidades indígenas, é difícil achar um pacaraimense de nascimento. Moradores de diferentes cidades e histórias escolheram a sede do município pela tranquilidade do lugar, por razões familiares, pela oportunidade de empreender no comércio ou para atuar na área pública.

É o caso do professor Agamenon Santos, nascido no Maranhão, onde se formou em pedagogia, e morador de Pacaraima há 19 anos. Ele chegou à cidade para trabalhar na rede de ensino.
 “Vim pra Pacaraima recém-formado. Sou professor concursado. Aqui construí minha família. O município me ofereceu oportunidades e eu vi a cidade crescer”, informou Agamenon, hoje secretário municipal de Educação.

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Pároco da cidade, padre Jesus Lopes Fernandez Bobadilla vive há nove anos em Pacaraima. Por ser da Espanha, ele escolheu o local pela facilidade da língua, já que se fala muito espanhol no município.

“Pacaraima é uma cidade com gente muito boa, gente de bem. Não é uma cidade amaldiçoada pela violência como alguns dizem. É um povo trabalhador, um povo bom, uma cidade super tranquila e amena”, afirmou o padre.

Socorro Maria Lopes é natural de Manaus (AM) e também vive em Pacaraima desde 2009, atraída pela qualidade de vida. Desde que chegou, atuou no serviço público como secretária municipal de Assistência Social e assessora pedagógica na Secretaria de Educação.

Segunda ela, a cidade sempre foi muito tranquila. “Até três, quatro anos atrás a gente andava na cidade a qualquer hora. Podíamos sair de madrugadinha, caminhando e chegar tarde. Dormíamos com portas e janelas abertas”, acrescentou.

Os moradores também revelam que a relação com Santa Elena de Uairen, primeira cidade venezuelana depois da fronteira, sempre foi de parceria e dependência. A cidade vizinha é destino comum dos brasileiros para abastecer veículos com combustível mais barato e fazer compras de produtos importados com menos incidência de impostos.

“Pacaraima e Santa Elena sempre foram cidades que se ajudaram. Problema de crise lá se ajuda aqui. Problema aqui se ajuda lá. Era uma região de fronteira normal. São duas comunidades fortemente ligadas e costumavam se proteger e se resguardar. Era uma coisa só. A gente só via divisão quando passava pelas bandeiras da fronteira”, destacou Socorro Maria Lopes, formada em letras e línguas aplicadas.

Integração

De Santa Elena também saem muitos venezuelanos todos os dias para utilizar o comércio ou serviços públicos de Pacaraima, principalmente a educação. Na Escola Estadual Cícero Vieira Neto, a única de ensino médio em Pacaraima, de 900 alunos matriculados, 230 são venezuelanos. Muitos deles vivem em Santa Elena e cruzam diariamente a fronteira para estudar.

Mariangel Del Carmen Polido Carvajal, 16 anos, estuda em Pacaraima há um ano e meio. “Penso que a educação aqui é melhor que lá. O índice de estudo é mais alto, porque tem professores e um conteúdo mais avançado que nossa educação”, comentou a estudante.

Filha de um brasileiro com uma venezuelana, Gabriela Olinda Lima estuda em Pacaraima desde a creche e quer continuar no país. “Sempre morei em Santa Elena e estudei no Brasil. Provavelmente, vou estudar medicina em Boa Vista.”

Segundo o diretor administrativo da escola, coronel Júlio César, os alunos venezuelanos estão bem adaptados, porque essa relação existe há muito tempo. “Com exceção de alguns venezuelanos que chegaram agora com o fluxo migratório, a maioria está bem adaptada e fala bem o português. Não existe um choque cultural, porque essa adaptação não é de hoje.”

Diretora pedagógica da escola, Maria de Jesus disse que o atendimento a alunos estrangeiros ocorre desde que a escola foi inaugurada, em 2001. “As salas de aula são heterogêneas. A língua estrangeira da escola é o espanhol. Temos dois ônibus que fazem o transporte desses alunos. Eles são tratados de igual para igual, tanto que nunca tivemos conflitos dentro da escola”.

Muitos dos alunos venezuelanos não foram às aulas na última semana, depois da repercussão dos conflitos envolvendo brasileiros e imigrantes. A intenção da maioria dos alunos da Venezuela é construir a carreira no Brasil, pelo menos enquanto durar a crise no país vizinho.

Este é o desejo de Elian Eduardo Guadarismo, 16 anos. Sua família tem um restaurante em Santa Elena, mas o movimento caiu muito depois da crise venezuelana. Seus pais só não se mudaram ainda para o Brasil por medo do preconceito. Entretanto, Elian já está decidido a continuar por aqui. “Quero estudar direito no Brasil. Na Venezuela não tenho futuro”, concluiu o jovem.

O funcionário de um abrigo para menores migrantes nos Estados Unidos enfrenta acusações de abuso sexual contra oito adolescentes reclusos ali há dois anos.

Levian Pacheco, que é HIV positivo, foi acusado de ter mantido contato sexual abusivo e cometido abuso sexual contra os adolescentes com idades entre 15 e 17 anos.

"As acusações incluem que o acusado tocou seis das vítimas nos genitais e que fez sexo oral em duas das vítimas, assim como tentou colocar o pênis de uma das vítimas dentro do seu ânus. Alega-se que ele cometeu estas agressões com intenção sexual", destaca um documento jurídico ao qual a AFP teve acesso nesta sexta-feira (3).

Os abusos foram praticados entre 29 de agosto de 2016 e 24 de junho de 2017, quando Pacheco trabalhava como cuidador juvenil na Casa Kokopelli da companhia Southwest Key em Mesa, no Arizona, onde estes jovens, que chegaram desacompanhados aos Estados Unidos, foram detidos.

"As vítimas estavam sob a custódia, a supervisão e a disciplina do acusado", indicou a promotoria.

Pacheco, de 25 anos, nega as acusações.

"Qualquer funcionário acusado de abuso é imediatamente suspenso e as autoridades são contatadas. Foi o que aconteceu neste caso", disse à AFP Jeff Eller, porta-voz da Southwest Key, por e-mail.

Segundo o site de notícias ProPublica, que revelou o caso, outro funcionário da Southwest Key, Fernando Magaz Negrete, de 32 anos, foi detido esta semana sob suspeita de ter abusado de uma menina de 14 anos, segundo a imprensa local.

Magaz, que trabalhava em um abrigo em Phoenix, Arizona, foi acusado de tocar sobre a roupa a região dos seios e a parte interna da perna da vítima no dormitório que compartilhava com outros menores.

Outro funcionário da mesma companhia foi condenado em 2015, também por um caso de abuso sexual.

"Nosso foco será sempre a segurança e os melhores interesses de cada criança", disse uma porta-voz do escritório de crianças e famílias do Departamento de Saúde e Serviço Social.

Segundo o ProPublica, a Southwest Key, sediada no Texas, recebeu 1,3 bilhão de dólares nos últimos cinco anos, incluindo mais de US$ 500 milhões para este ano.

Vários de seus abrigos receberam os milhares de menores que foram separados de seus familiares ao cruzar a fronteira com os Estados Unidos, como parte da política de "tolerância zero" do governo do presidente Donald Trump.

Desde que um bote inflável foi resgatado no Mediterrâneo, na sexta-feira, Glenn Alban não tem dormido direito no porto de Algeciras, uma cidade do sul da Espanha na primeira linha da onda migratória dos últimos meses.

Este rapaz camaronês de 18 anos conta que só recebe duas refeições ao dia: leite e biscoitos no café da manhã, suco e sanduíche para jantar. Está esperando que a Polícia o identifique e lhe permita sair deste porto, um dos maiores da Europa e a poucos quilômetros da África.

"As coisas são difíceis. E faz muito calor", disse à AFP na segunda-feira, apontando para o lugar onde dorme: papelões no chão, protegidos do sol abrasador por uma manta da Cruz Vermelha amarrada como um toldo.

"Não esperava ficar tanto tempo assim. Estou chocado, não posso acreditar", acrescenta Alban, que viveu dois anos no Marrocos antes de viajar para a Espanha, e esperava uma acolhida mais organizada na Europa.

Como ele, milhares de jovens africanos chegaram por mar à Espanha a partir do norte da África, no que se tornou um desafio para as forças de segurança e equipes de salvamento marítimo do governo espanhol.

Recentemente a Espanha ultrapassou a Itália como primeiro ponto de entrada por via marítima de imigrantes irregulares na Europa. Para isso contribuíram a política anti-imigrantes do governo de Roma e a maior vigilância das autoridades líbias.

Em 2018, 22.858 pessoas chegaram por mar à Espanha - mais que durante todo o ano passado - e 307 morreram na tentativa, segundo cifras divulgadas nesta terça-feira pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Só desde sexta-feira, mais de 1.500 migrantes desembarcaram na província andaluza de Cádiz, a maioria delas em Algeciras.

Dezenas de migrantes foram filmados ao chegarem na sexta a uma praia de Tarifa, perto de Algeciras. Aparecem deixando um barco e correndo entre os banhistas, alguns deles nus, a caminho de um pinhal.

- Falta de recursos -

Nos últimos dias, as delegacias de polícia e os centros de acolhimento improvisados em ginásios da província de Cádiz estiveram cheios. Muitos migrantes se viram assim abrigados a dormir em uma pequena embarcação dos guarda-costeiros, ou no cais do porto.

Em uma visita a Algeciras no sábado, o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, negou que haja um "colapso" no sistema de recepção de migrantes, e afirmou que a situação está "absolutamente controlada" e é "controlável".

Enquanto isso, a polícia e as ONGs que trabalham com os migrantes denunciam uma falta de meios humanos e materiais e de financiamento.

"São números de migrantes muito significativos, com uma falta de meios muito significativa também", disse à AFP a representante em Cádiz do Sindicato Unificado de Polícia (SUP), Carmen Velayos.

Ela explicou que não há agentes suficientes para fazer os trâmites dos migrantes nas primeiras 72 horas após sua chegada, como estabelece a lei. E isso apesar de que alguns policiais foram trasladados de outros serviços, e de que em certos casos estiveram trabalhando todos os dias durante um mês.

Prova das dificuldades da polícia é que 62 migrantes escaparam no domingo de um armazém de Barbate, na província de Cádiz, que havia sido transformado em abrigo temporário.

- Sobrecarregados -

Nos últimos dias, as autoridades não tiveram mantas, colchões e comida suficientes para os migrantes, explica Ana Rosado, ativista da Associação Pró-Direitos Humanos de Andaluzia (APDHA), que facilita ajuda aos resgatados.

Em alguns casos, acrescenta, as autoridades tiveram que pedir aos moradores que deem água e comida aos migrantes. "Estão completamente sobrecarregados", aponta.

A imigração se tornou um tema político desde que o socialista Pedro Sánchez chegou ao poder, em junho, e em um de seus primeiros gestos, decidiu aceitar mais de 600 migrantes rejeitados pela Itália.

O conservador Partido Popular (PP), principal formação opositora, o acusa de criar um "efeito de chamada".

Mas o atual executivo socialista destaca que o aumento de chegadas começou há mais de um ano, e acusa o governo anterior de direita de não se preparar, apesar dos alertas da agência europeia de vigilância de fronteiras exteriores, Frontex.

O ministro do Interior disse que o governo está correndo contra o tempo para abrir um novo centro de recepção de migrantes perto de Algeciras, com capacidade para 600 pessoas.

Os serviços de resgate da Espanha anunciaram neste domingo o resgate de 211 migrantes que se encontravam em embarcações à deriva no Mediterrâneo, enquanto o ministro do Interior espanhol viajava até a Mauritânia para promover a cooperação na luta contra a imigração ilegal.

O serviço de salvamento marítimo resgatou os migrantes a bordo de 21 barcos nos arredores do Estreito de Gibraltar, que separa a Espanha do Marrocos, segundo um porta-voz. Os migrantes serão levados para o porto de Algeciras, sudoeste da Espanha, assinalou.

Estas últimas chegadas acontecem depois que o serviço de socorro resgatou, nos últimos dias, mais de 1,2 mil pessoas que tentavam o perigoso cruzamento do Marrocos para a Espanha, país que supera a Itália como destino mais procurado pelos migrantes que cruzam o Mediterrâneo de barco, após a política migratória que começou a ser aplicada por Roma.

O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, irá se reunir amanhã com o colega da Mauritânia em Nouakchott, capital do país africano, para "fortalecer a cooperação em assuntos migratórios e a luta contra o terrorismo".

As autoridades tunisianas decidiram, "por razões humanitárias", acolher os 40 migrantes resgatados por um navio comercial, sem acesso para atracar na costa de Zarzis há duas semanas.

"Por razões humanitárias, acolheremos os 40 migrantes", anunciou neste sábado à noite o primeiro-ministro Youssef Chahed, em plenária no Parlamento dedicada a uma moção de confiança dirigida ao ministro do Interior.

O "Sarost 5", um navio de abastecimento com bandeira tunisiana, espera há duas semanas perto de Zarzis.

"Apesar do atraso na hora de tomar a decisão, estamos contentes e aliviados", reagiu o capitão da embarcação, Ali Hajji, acrescentando que os migrantes - entre eles duas grávidas - "estão muito cansados e querem chegar à Tunísia".

O capitão ainda não recebeu a autorização para atracar no porto de Zarzi, mas "isso não vai demorar, após o anúncio do chefe de governo".

Oriundos da África Subsaariana e do Egito, os migrantes partiram da Líbia a bordo de um bote inflável, mas ficaram perdidos no mar por cinco dias até que o navio "Caroline III", enviado pelo centro de socorro de Malta, encontrasse o grupo.

O navio entrou em contato com as Guardas Costeiras da Itália, da França e de Malta, que "se recusaram a acolher os resgatados, alegando que os portos mais próximos estavam na Tunísia", lamentaram várias ONGs tunisianas em um comunicado.

O ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, pediu neste sábado (28), na Andaluzia, uma "solução europeia" para o "problema da imigração", depois que a Guarda Costeira espanhola auxiliou mais de 1.200 migrantes no mar em dois dias.

"Viemos aqui para ver no terreno os problemas que existem, o problema da imigração, que é um problema da Europa, que precisa de uma solução europeia", declarou à imprensa o ministro Grande-Marlaska, membro do novo governo do socialista Pedro Sánchez, ao visitar a província de Cádiz, segundo uma gravação enviada pela delegação oficial.

O ministro foi a Algeciras para constatar como os migrantes estão sendo atendidos pelas forças de segurança e pela Cruz Vermelha.

Em sua conta no Twitter, o serviço público de Salvamento Marítimo anunciou neste sábado que 334 pessoas recém-chegadas de 17 embarcações improvisadas receberam ajuda hoje.

Na sexta, a Guarda Costeira socorreu 888 pessoas em um único dia.

Este ano, a Espanha se tornou a primeira porta de entrada de migrantes irregulares à Europa, à frente da Itália.

"Isso era de se esperar", afirmou o ministro, acusando o governo anterior, do conservador Marino Rajoy, de "um pouquinho de imprevisão", depois de as chegadas pelo mar terem começado a disparar no ano passado.

"Estamos abrindo um centro no [...] porto de Algeciras", com capacidade para mais de 600 lugares, declarou, afirmando que se trabalha "contra o relógio".

Mais de 20.992 migrantes em situação irregular chegaram à Espanha pelo mar desde o início do ano, e 304 morreram durante a travessia, segundo um registro da Organização Internacional para as Migrações (OIM), com data de 25 de julho.

Até então, a Itália contava com 18.130 chegadas e 1.111 mortos, enquanto a Grécia contabilizava 15.528 chegadas e 89 óbitos.

Cerca de 600 migrantes subsaarianos entraram nesta quinta-feira (26) no enclave espanhol de Ceuta, no norte da África, após pularem a cerca dupla de metal que protege o território, provocando confrontos.

Munidos de cal, pedras, paus e excrementos, parte dos migrantes atacou a polícia, indicaram as autoridades deste enclave.

A entrada desta quinta-feira é a de maior número em Ceuta desde fevereiro de 2017, quando, em quatro dias, mais de 850 migrantes entraram nesse território pelo Marrocos.

Os migrantes conseguiram saltar a cerca por volta das 6h30 locais (1h30, horário de Brasília), indicou à AFP um porta-voz da Guarda Civil em Ceuta.

Segundo ele, saltaram "de uma vez, com grande violência", e alguns atacaram os guardas com a cal que levavam em tubos e garrafas.

As autoridades interceptaram mais de 100 migrantes. Alguns já foram devolvidos ao Marrocos.

A Guarda Civil lamentou o uso "de meios violentos", já que, segundo um comunicado, os migrantes lançaram contra os agentes "recipientes de plástico com excrementos e cal, frascos de spray como lança-chamas, pedras e paus".

Quinze guardas civis ficaram feridos, e cinco precisaram receber atendimento médico por queimaduras no rosto e nos braços.

A porta-voz da Cruz Vermelha, Isabel Brasero, disse que tiveram que prestar atendimento médico a 30 migrantes com ferimentos e contusões em sua maioria ocasionadas no momento que pulavam a cerca. Dezesseis foram levados para o hospital, e os 586 demais foram conduzidos ao centro de tratamento de estrangeiros (CETI) da cidade.

Nas imagens publicadas na página on-line do jornal "El Faro de Ceuta", podia-se ver alguns dos migrantes, jovens, mostrando sorridentes suas mãos ensanguentadas e as calças rasgadas.

De acordo com Isabel Brasero, depois de pularem o duplo muro, os migrantes correram para o CETI.

No mês passado, pouco depois de chegar ao poder, o governo socialista anunciou que pretendia retirar a cerca de arame farpado.

A Espanha tem em Ceuta e em seu outro enclave norte-africano, Melilla, as únicas fronteiras terrestres entre África e União Europeia. A vigilância fronteiriça é feita em conjunto por Espanha e Marrocos.

Além desses dois encraves, a Espanha está recebendo uma crescente pressão migratória pelo mar.

O país já é a primeira via de entrada de migrantes irregulares pelo mar na UE, à frente da Itália. Foram mais de 19.500 chegadas desde o início do ano, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) divulgados em 22 de julho.

Mas, nos últimos meses, o governo italiano e seu ministro do Interior, Matteo Salvini, propuseram fechar a via migratória marítima, alegando que o país está sobrecarregado, mesmo com a queda em 80% do número de chegadas de migrantes.

"Está claro que a Itália fechou esta via de maneira discutível", negando-se a receber os migrantes resgatados por ONGs no Mediterrâneo central, comentou na quarta-feira o ministro espanhol das Relações Exteriores, Josep Borrel.

Ele observou que, "se o trânsito pelo Mediterrâneo central é fechado, mas o fluxo nos países de origem continua", o que precisamente está acontecendo, "o fluxo vai se desviar para o Mediterrâneo ocidental, como já ocorre".

Os serviços de resgate da Espanha anunciaram nesta terça-feira (24) terem resgatado no Mediterrâneo quase 500 pessoas que tentavam chegar à costa espanhola a bordo de 30 barcos.

O Salvamento Marítimo informou no Twitter que socorreu 484 pessoas no estreito de Gibraltar e no Mar de Alborão, entre Espanha e Marrocos.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 18.653 imigrantes chegaram à costa da Espanha entre o início do ano e 18 de julho passado.

Os emigrantes procediam especialmente dos países da África subsaariana, como Guiné, Mali e Mauritânia, além do Marrocos.

Ao menos 294 pessoas morreram tentando chegar à Espanha este ano, do total de 1.489 óbitos no Mar Mediterrâneo, segundo a OIM.

A Espanha aceitou em junho acolher 630 imigrantes que chegaram a bordo de três navios, entre eles o barco humanitário 'Aquarius', que Itália e Malta haviam rejeitado.

No dia 4 de julho, um barco da ONG espanhola Proactiva Open Arms atracou em Barcelona com 60 emigrantes resgatados diante da costa líbia, após a Itália se negar a aceitá-los.

O Serviço de Resgate Marítimo da Espanha informou que pelo menos 479 pessoas, incluindo mais de 100 crianças, foram resgatadas durante o fim de semana enquanto tentavam atravessar uma estreita faixa do Mar Mediterrâneo no norte da África.

O serviço disse que 330 migrantes foram resgatados no sábado, a maioria deles na área do estreito de Gibraltar e um pouco mais a leste, em uma parte do Mediterrâneo conhecida como o Mar de Alborão.

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Eles incluíram cerca de 100 menores que foram apanhados por um navio da Guarda Civil Espanhola e um marroquino que foi encontrado à deriva em um material inflável originado em um pneu de caminhão. O serviço de resgate diz que outras 149 pessoas foram resgatadas hoje.

A Organização Internacional para as Migrações da Organização das Nações Unidas (ONU) informou em 11 de julho que mais de 16.900 migrantes chegaram à Espanha até agora este ano, número próximo ao número de chegadas na Itália. Quase 2.900 pessoas chegaram ao território espanhol atravessando os dois enclaves do país no norte da África. Fonte: Associated Press.

A Espanha resgatou mais de 340 migrantes no Mediterrâneo neste sábado, entre eles um norte-africano que tentava cruzar o mar em um pneu de caminhão, informaram as autoridades.

O Salvamento Marítimo informou que resgatou 240 pessoas em 12 botes, 10 dos quais no estreito de Gibraltar, no mar de Alborão, a parte mais ocidental do Mediterrâneo, e outro homem que flutuava em um pneu de caminhão.

Um porta-voz acrescentou que a Guarda Civil também salvou 100 migrantes no Mediterrâneo.

A Espanha está substituindo a Itália como país de chegada escolhido pelos imigrantes.

Cerca de 16.902 pessoas chegaram a Espanha neste ano, segundo cálculos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), e 294 morreram na tentativa.

No total, mais de 1.400 migrantes perderam a vida este ano no Mediterrâneo, acrescentou.

No mês passado, a Espanha aceitou receber 630 migrantes que chegaram em três navios, entre eles o "Aquarius", de uma ONG francesa.

O "Aquarius" resgatou os migrantes perto das costas líbias em 9 de junho, mas o novo governo italiano, assim como o de Malta, rejeitou recebê-los, e a Espanha aceitou ajudar.

Em 4 de julho, um barco pertencente à ONG espanhola Proactiva Open Arms atracou em Barcelona com 60 migrantes resgatados em águas líbias, depois de que a Itália se negou a recebê-los.

O barco humanitário "Lifeline", com 233 migrantes a bordo, entrou nesta quarta-feira (27) no porto de La Valeta, após uma semana de espera no Mediterrâneo, segundo imagens ao vivo da AFP-TV.

O navio, fretado pela ONG alemã de mesmo nome, atracou em um dos cais deste porto da capital maltesa, onde tem autorização para desembarcar os 233 migantes resgatados em frente à costa líbia há uma semana.

Estes serão depois distribuídos entre oito países europeus dispostos a recebê-los: Malta, Itália, França, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Bélgica e Holanda.

No cais há um importante dispositivo de segurança e as autoridades maltesas poderão começar os exames médicos e as formalidades necessárias com os migrantes, que passaram parte da semana a bordo do "Lifeline" em condições sanitárias muito deficientes.

A Guatemala solicitou aos Estados Unidos o Status de Proteção Temporária (TPS) para seus migrantes devido à catástrofe provocada pela erupção do Vulcão de Fogo, que deixou pelo menos 112 mortos e mais de 50 feridos no país.

Desde que o presidente Jimmy Morales assumiu o poder em 2016, foram realizados quatro pedidos de TPS para os estrangeiros que vivem nos Estados Unidos. Há quase 3 milhões de guatemaltecos morando irregularmente no país norte-americano e o governo da Guatemala nunca recebeu uma resposta positiva dos EUA.

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A porta voz do governo guatemalteco, Marta larra, afirmou que é necessário enfrentar as "sequelas" da erupção e que o pedido ao governo americano tem como objetivo beneficiar os cidadãos que vivem nos Estados Unidos com uma possível licença de trabalho que evite a deportação.

A solicitação foi realizada em meio a execução das medidas de “tolerância zero”, implementadas em abril pelo governo do presidente Donald Trump, que causaram a separação de mais de 2 mil menores – 462 guatemaltecos – de suas famílias.

Na Itália, 40.944 pessoas, entre migrantes e refugiados, chegaram ao país em busca de abrigo no primeiro semestre de 2018. O número divulgado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), corresponde a menos da metade do registrado no mesmo período do ano passado (84.675) e 18,9% da movimentação estimada em 2016 (215.997).

O levantamento aponta uma diminuição no fluxo migratório na Itália, que se encontra na chamada rota do centro do Mediterrâneo, que liga o continente europeu ao oeste asiático, onde se localizam os países Israel, Líbano e Síria.

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 Ao comparar os primeiros 171 dias deste ano com o mesmo período de 2017, a OIM concluiu que o tráfego de pessoas nos portos italianos caiu 78%. Os ingressos no país foram, respectivamente, de 11.690 e 2.798 migrantes. Um fenômeno visto pelos autores do estudo como “uma reviravolta notável”, uma vez que a Itália tem acolhido anualmente cerca de 156 mil migrantes.

A queda no índice de migrantes pode ser explicada pelo aumento no rigor das medidas de admissão de pessoas que pretendem permanecer na Itália. Somente em abril de 2018, por exemplo, 12.689 migrantes e refugiados que chegaram ao país foram transferidos, a pedido do governo, para outros países. Ao verificar a circulação entre 1° de janeiro e 20 de junho, a agência da ONU contou 16.228 migrantes, entre homens, mulheres e crianças, sendo que no mesmo intervalo do ano anterior, o país recebeu 71.798 pessoas.

O número de migrantes que chegam pelo Mar Mediterrâneo supera o de pessoas que acessam o país por terra. Segundo os pesquisadores, em junho, 3.993 pessoas usaram trajetos marítimos e apenas 219 foram transportadas por via terrestre.

Às vésperas de uma reunião de cúpula europeia sobre a crise migratória, 769 migrantes irregulares foram resgatados neste sábado na costa da Espanha, onde continuava o fluxo de chegadas, após a ancoragem do navio humanitário Aquarius há seis dias.

Conforme relatado no Twitter pelo Salvamento Marítimo, órgão ligado ao governo espanhol, 298 pessoas foram resgatadas na área do Estreito de Gibraltar a bordo de 17 embarcações.

Participaram da operação o dispositivo europeu Frontex de vigilância de fronteiras, e os resgatados desembarcaram nos portos andaluzes de Tarifa, Barbate e Algeciras.

Outros 342 migrantes foram resgatados no Mediterrâneo, entre o sul da Espanha e o norte do Marrocos, e 129 mais na costa da ilha de Gran Canaria, no Atlântico.

Os resgatados eram, em grande maioria, do Magreb e subsaarianos, embora também houvesse asiáticos, informou à AFP um porta-voz do Salvamento Marítimo. Entre eles havia menores, mulheres e bebês.

As chegadas de migrantes à Espanha a partir do norte da África continuavam, seis dias após a chegada a Valencia, no leste do país, das 630 pessoas socorridas em alto-mar pelo navio humanitário Aquarius, que tanto a Itália quanto Malta se recusaram a receber.

O caso Aquarius sacudiu diplomaticamente a Europa em relação à questão migratória. A Itália tem um novo governo, cujo ministro do Interior, o xenófobo de extrema direita Matteo Salvini, insiste em que os demais países da União Europeia devem cumprir seus compromissos de acolhida.

A fim de coordenar os esforços sobre este assunto e evitar novos transtornos, uma minirreunião de cúpula em Bruxelas foi convocada com urgência para o domingo, na qual 16 países devem participar.

Entre eles estão Itália, França, Alemanha, Áustria, Grécia, Malta e Espanha, com o seu novo primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, que tomou a iniciativa de acolher os imigrantes do Aquarius.

- Terceira porta de entrada pelo mar na União Europeia -

Para preparar a reunião, Sánchez reuniu-se hoje em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, em sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo, em 2 de junho.

Juntamente com Sánchez, Macron anunciou que propôs criar "centros fechados" em solo europeu onde "examinar rapidamente a situação" dos migrantes que chegarem, para saber quais podem "ter direito ao asilo" na UE e quais estarão sujeitos a serem devolvidos a seu país de origem.

Atualmente, a Espanha é a terceira porta de entrada para imigrantes ilegais por via marítima na União Europeia. A primeira entrada continua sendo a Itália e a segunda, a Grécia, com uma pequena margem sobre a Espanha.

De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) sobre o Mar Mediterrâneo, até agora este ano o número global de chegadas à UE caiu pela metade em comparação com o mesmo período de 2017.

Enquanto na Itália o fluxo caiu consideravelmente, triplicou na Espanha, onde 12.155 imigrantes em situação irregular chegaram entre 1º de janeiro e 20 de junho, segundo a OIM.

No mesmo período, um total de 292 imigrantes morreram em sua tentativa de alcançar a costa espanhola. O total no Mediterrâneo até 20 de junho foi de 960 mortos, menos da metade do registrado no mesmo período do ano passado (2.133).

Melania Trump surpreendeu o mundo ao visitar crianças migrantes na fronteira entre os Estados Unidos e o México nesta quinta-feira (21), mas foi a escolha da roupa que vestiu para a ocasião que abalou a Internet: uma jaqueta estampada com a frase "Eu realmente não me importo, você se importa?" (I really don't care, do you?).

Uma decisão impensada ou uma mensagem subliminar da primeira-dama? E se for, para quem?

As imagens de Melania Trump vestida com a jaqueta verde oliva enquanto embarcava no voo para o Texas - que imediatamente viralizou - apareceu enquanto a Casa Branca se esforçava para acalmar a ira internacional pela ação de separar crianças migrantes de seus pais.

Questionada sobre a jaqueta em estilo militar com grandes letras pintadas em branco - aparentemente vendida na loja Zara por 39 dólares, de acordo com o Daily Mail, o primeiro a notar a singular escolha -, a porta-voz da primeira-dama, Stephanie Grisham, disse "que não havia mensagem subliminar".

"É uma jaqueta", declarou Grisham. "Depois da importante visita de hoje ao Texas, eu espero que a mídia não escolha focar em seu guarda-roupa".

"#ElaSeImporta #ÉSóUmaJaqueta", tuitou Grisham posteriormente, enquanto a especulação circulava na Internet.

Mas o presidente Trump deu uma versão diferente do significado da comentada frase nas costas de sua esposa.

"'EU REALMENTE NÃO ME IMPORTO, VOCÊ SE IMPORTA?' escrito na parte de trás da jaqueta de Melania se refere aos meios de comunicação de notícias falsas", tuitou o presidente pouco depois do retorno de sua esposa.

"Melania aprendeu o quão desonestos são, e verdadeiramente ela já não se importa!", acrescentou.

Ao chegar em McAllen, no Texas, a primeira-dama trocou a polêmica peça por uma jaqueta creme estilo safári.

A viagem não anunciada de Melania Trump a um abrigo de migrantes e a um centro de triagem da patrulha de fronteira ocorreu um dia após o presidente Donald Trump tomar a repentina decisão de acabar com a prática de dividir famílias de imigrantes deixando mais de 2.300 menores separados de seus pais ou responsáveis.

Fotos e vídeos de crianças aflitas mantidas em recintos semelhantes a jaulas provocaram a fúria do mundo.

A própria primeira-dama exigiu um compromisso político para acabar com a separação de filhos de seus pais, o resultado da política de "tolerância zero" do governo Trump contra travessias ilegais da fronteira, em vigor desde maio.

Esta não é a primeira vez que Melania Trump espanta as pessoas com suas escolhas da moda: no ano passado, ela usou sapatos com salto agulha em visita a locais devastados pelo furacão Harvey.

Mais de 12 abrigos para onde o governo dos Estados Unidos enviou crianças migrantes foram acusados de violar padrões de atendimento, indicou um relatório independente, em meio à polêmica sobre a política migratória do presidente Donald Trump.

A investigação revelada na quarta-feira, quando Trump ordenou o fim de sua questionada política de separar pais e filhos menores de idade que cruzam ilegalmente a fronteira, foi feita pelo site de informação Texas Tribune e pelo Center for Investigative Reporting (CIR), conhecido por revelar injustiças e abusos.

O relatório reporta acusações de abusos físico e sexual, bem como violações de normas de segurança e cuidado das crianças ocorridos em abrigos privados.

Entre as infrações citadas por inspetores do estado do Texas estão a falta de atendimento médico a lesões e doenças, além de erros na administração de medicamentos.

Segundo o relatório, mais de 70 entidades privadas, em sua maioria grupos religiosos e sem fins lucrativos, foram contratados pelo Escritório de Realocação de Refugiados (ERR), dependente do governo federal, para cuidar das crianças migrantes chegadas aos Estados Unidos sem seus pais, ou separadas deles pelas autoridades migratórias.

Desde 2014, 13 operadores de abrigos enfrentaram graves denúncias, mas somente dois perderam seus contratos com o ERR, indicou o relatório.

As acusações de violações e práticas ruins remontam há duas décadas, antes de o ERR contratar os abrigos, mas também ao mês passado.

Entre as entidades identificadas está a Southwest Key Programs of Texas, que se define como "uma organização nacional sem fins lucrativos fundada em 1987 para melhorar as vidas das crianças e de suas famílias".

Esta instituição opera no abrigo Casa Padre, que funciona em Brownsville (Texas), no que era um supermercado Walmart e que recentemente apareceu muito nos meios de comunicação americanos por acolher 1.500 imigrantes separados de seus pais em cumprimento da política de "tolerância zero" com a imigração ilegal anunciada por Trump no início de maio.

O relatório diz que os inspetores do Texas encontraram 246 violações em outras instalações dessa organização.

Em um comunicado, a companhia disse que foram encontradas deficiências em menos de 1% dos padrões avaliados.

"Levamos a sério cada uma das deficiências", assegurou a empresa. "Quando chamaram nossa atenção, a equipe foi demitida ou recapacitada enquanto continuávamos nos esforçando pela excelência nos serviços que fornecemos às crianças confiadas ao nosso cuidado".

Outra empresa com sede no Texas, International Educational Services, foi uma das duas operadoras de abrigos cujos contratos com o ERR não foram renovados.

O relatório menciona mais de 100 deficiências em nove de suas instalações, incluindo "contato sexual inapropriado entre a equipe e as crianças, punições rígidas e falhas no atendimento médico".

O ERR não respondeu a uma solicitação de comentário feita pela AFP.

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