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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a discussão sobre o Orçamento Impositivo e sobre quem fica com a gestão de R$ 30 bilhões de emendas parlamentares, Executivo ou Legislativo, neste momento é secundária. "Essa discussão ficou menor", disse Maia em entrevista há pouco à Rádio Bandeirantes. "Governo vai ter de gastar na saúde valores muito maiores do que os R$ 5 bilhões", disse. O valor foi liberado por medida provisória editada pelo governo na sexta-feira depois de acordo fechado com o Congresso. O recurso tem origem em emendas para a saúde.

Maia lembrou que há dispositivo na lei do teto de gastos para momentos extraordinários de crise, como esse, que podem ajudar a liberar mais recursos para conter o avanço do coronavírus no Brasil. "Orçamento precisa estar todo focado no enfrentamento da crise", afirmou. "Como uma pessoa que não tem renda formal vai para quarentena? Um motorista de Uber, por exemplo. Esses são os problemas dos quais o orçamento tem de ter prioridade", avaliou.

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O presidente da Câmara disse que ainda não é possível ter noção das consequências da crise, não só na saúde, mas também na economia. Ele lembrou que na semana passada a previsão de economistas sobre o crescimento do País foi mudada rapidamente com o passar dos dias. "Nas próximas semanas, vamos ter uma noção melhor", disse. "Governo tomou algumas decisões hoje, do meu ponto de vista, corretas", afirmou.

Maia foi questionado sobre uma polêmica que circula nas redes sociais desde domingo, após ele ter criticado abertamente a atitude do presidente Jair Bolsonaro de ter participado das manifestações. Internautas pró-Bolsonaro questionam a participação de Maia na festa de inauguração da CNN Brasil, no último dia 9, na Oca em São Paulo. A festa reuniu mais de mil pessoas e diversas autoridades. "Não havia o crescimento do vírus como começou a subir na quinta e na sexta", disse.

Ainda segundo Maia, o "Congresso e Câmara continuarão funcionando" para que projetos prioritários de enfrentamento ao coronavírus sejam votados no curto prazo, "respeitando as restrições impostas pelo Ministério da Saúde". Para o deputado, entre os projetos prioritários, no médio prazo está a Reforma Tributária, cuja votação segue prevista para maio.

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional concluiu, nesta quarta-feira (11), a análise dos projetos de lei do Congresso Nacional (PLNs) que tratam da regulamentação do Orçamento Impositivo, encaminhados pelo governo federal ao Legislativo na semana passada. Os três projetos seguem para análise de deputados e senadores em sessão conjunta do Congresso.

Após dois dias de debates e impasses, a comissão aprovou os dois projetos de lei que ainda estavam pendentes de análise. Ao todo, o Executivo enviou três projetos que definem o uso de cerca de R$ 30 bilhões dos recursos do Orçamento. A medida fez parte do acordo que manteve os vetos presidenciais sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na sessão conjunta do Congresso Nacional também na semana passada.

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Nesta tarde, congressistas aprovaram a proposta do Poder Executivo (PLN 4/20) no qual o relator do Orçamento ou da comissão só poderá indicar a destinação de uma verba extra, um recurso que o Congresso acrescente ao projeto original. Ou seja, a liberdade dos parlamentares, especialmente do relator, torna-se relativa quando o assunto é indicar onde o dinheiro do Orçamento destinado a projetos de lei será aplicado. Todos os destaques ao PLN 4/20 foram rejeitados pela comissão.

A CMO também aprovou o PLN 3/20, que transforma emendas do relator-geral, no total de R$ 9,6 bilhões, em gastos discricionários do governo. Além disso, a proposta repassa crédito suplementar de R$ 6,47 bilhões ao Ministério da Saúde, mais precisamente para atender à demanda de procedimentos cirúrgicos no estado do Ceará.

Polêmica

Desde o mês passado, a polêmica sobre a derrubada de vetos gira em torno do poder de decisão sobre o uso de cerca de R$ 30 bilhões de recursos do Orçamento. Os congressistas querem ter mais poder para indicar onde verbas para projetos serão aplicadas. Um deputado, por exemplo, quer direcionar verba para construção de uma ponte no seu estado e, assim, atender seu eleitor.

O governo federal quer o poder de decidir se repassa verba para projetos aprovados pelo Congresso. Essa verba está dentro do montante de despesas discricionárias (não obrigatórias, tais como pagamento de servidores públicos e aposentadorias) e representa a menor fatia do Orçamento. Com a impositividade, o governo teria ainda menos margem de manobra para liberar recursos para ministérios que cuidam de áreas como infraestrutura e políticas públicas.

Por isso, o presidente Jair Bolsonaro vetou os dispositivos que tratavam do repasse de emendas de comissão e de bancada. Na sequência, Bolsonaro encaminhou os três PLNs regulamentando a execução do Orçamento Impositivo para discussão e votação no Congresso.

Antes do início da reunião de hoje da CMO, um grupo de parlamentares entregou ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, uma carta pedindo que o presidente retire um dos projetos de lei do Congresso Nacional que trata da recomposição de recursos no orçamento impositivo. O PLN 4/20 está em análise na CMO e tem previsão de ser votado ainda nesta quarta-feira no colegiado.

O grupo, que reúne parlamentares da base do governo, de oposição e independentes, disse que já tem quase 100 assinaturas de congressistas e espera atingir a maioria nas duas Casas.

Antes da entrega da carta, parlamentares favoráveis à retirada do projeto concederam entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a iniciativa reforça uma manifestação de Bolsonaro, que se posicionou contra a matéria. Randolfe disse que, se o presidente "considera um absurdo esse PLN", encaminhado por ele próprio, ele tem a prerrogativa de usar o Regimento Comum e pedir a retirada do projeto.

O Congresso caminha para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que aumenta o limite de renda familiar para acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). Senadores decidiram contrariamente à decisão do presidente por 45 a 14 votos. Agora, para que o veto caia, a Câmara precisa votar pela sua derrubada também.

A equipe econômica do governo, por sua vez, já como certa a derrota. O governo vê risco de impacto superior a R$ 20 bilhões em 2020 com a queda do veto, num momento de perspectiva de piora da economia e de bloqueio de recursos no Orçamento. Um gasto obrigatório maior pode agravar situação.

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A votação dos vetos acontece em um momento em que boa parte das atenções do Congresso está voltada à Comissão Mista de Orçamento que, excepcionalmente nesta quarta, funciona em paralelo ao plenário. Isso para que os projetos do Executivo que regulamentam o Orçamento impositivo seja votado.

O relator-geral do Orçamento deste ano, Domingos Neto (PSD-CE), prometeu dividir a indicação de emendas parlamentares de sua autoria com as bancadas partidárias do Congresso. A discussão dos valores seria feita na Comissão Mista de Orçamento (CMO) ao longo do ano. A sugestão é uma tentativa de diminuir resistências ao projeto que entrega nas mãos dele a definição sobre o destino de um volume entre R$ 15 e R$ 17,5 bilhões em 2020, ano de eleições municipais.

O projeto deve ser votado, nesta terça-feira (10), na CMO e depois seguirá para o plenário do Congresso Nacional. O Centrão da Câmara quer concluir a votação até quarta-feira. "Agora, a emenda de relator se torna de fato emenda de comissão. A comissão (CMO) vai fazer a publicação de beneficiários, vai aprovar isso para poder acompanhar essa fase de execução. Acreditamos que conseguimos caminhar para o que é o interesse de regulamentação do orçamento impositivo", disse Domingos Neto.

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Antes da sessão da CMO, Domingos Neto e o relator do projeto encaminhado pelo governo que garante uma parcela do Orçamento nas mãos do Congresso, Cacá Leão (PP-BA), se reuniram com o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que preparou um parecer alternativo propondo a rejeição do projeto. Cacá Leão afirmou que, após as alterações que propôs no texto, a transparência sobre as emendas de relator está garantida e as bancadas com cadeira na CMO poderão discutir o destino do montante.

O parecer de Cacá Leão determina que a CMO divulgue o destino das emendas de relator e a ordem de prioridade em que serão pagas pelo Executivo. Técnicos do Congresso, porém, avaliam que a mudança não é suficiente para diminuir as resistências ao projeto, que continuaria concentrando poder excessivo nas mãos do relator do Orçamento.

Na segunda-feira, 9, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que as manifestações convocadas para o próximo domingo, 15, poderão ser amenizadas se o Congresso abrir mão de controlar os R$ 15 bilhões do Orçamento. A declaração foi criticada até por quem é contra o projeto. "Eu tenho dificuldade em pedir para rejeitar uma coisa que eu mesmo encaminho. Se o presidente não tem essa dificuldade, ele que deve esclarecer. Eu não tenho capacidade de esclarecer o que o presidente Bolsonaro pensa sobre o tema", afirmou o senador Alessandro Vieira.

No podcast desta sexta-feira (05), o cientista político Adriano Oliveira destaca os pontos mais relevantes após uma semana tumultuada no cenário político brasileiro. Um dos principais tópicos mencionados pelo cientista foi o fato de o Presidente Jair Bolsonaro, junto ao congresso nacional, estarem cedendo ao debate a respeito do orçamento impositivo.

Além disso, Adriano destaca ainda que existe uma obrigatoriedade, claro, havendo receita, da liberação dos recursos do orçamento. No entanto, o valor exigido pelo Congresso não foi aceito pelo Presidente Jair Bolsonaro e, por tanto, houve uma negativa sobre a liberação da receita.

O podcast de Adriano Oliveira tem duas edições, nas segundas e nas sextas-feiras. Além disso, também é apresentado em formato de vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h, na fanpage do LeiaJá.

Sob pressão de manifestações previstas para o próximo dia 15, o Congresso fez um acordo com o Palácio do Planalto e manteve vetos do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei do Orçamento, que entregaria ao Legislativo o controle sobre R$ 30,1 bilhões de recursos públicos. Mesmo assim, após duas semanas de impasse, deputados e senadores saíram ganhando no jogo, pois conseguiram permanecer com uma fatia considerável desse dinheiro.

O relator do Orçamento impositivo, deputado Domingos Neto (PSD-CE), terá o poder de determinar o destino de R$ 19 bilhões em emendas. O valor inclui uma reserva de R$ 1,5 bilhão. Os trechos do projeto que haviam sido rejeitados por Bolsonaro foram mantidos com 398 votos na Câmara e apenas dois contrários. Diante desse resultado, o Senado nem precisou votar.

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As emendas ao Orçamento são tradicionalmente usadas por parlamentares para destinar recursos a seus redutos eleitorais e ficam ainda mais importantes em um ano eleitoral como este, pois em outubro haverá disputas para as prefeituras.

No Planalto houve o reconhecimento de que a manutenção dos vetos não representou uma vitória do governo, já que, para não se ver sem apoio a futuros projetos, como as reformas tributária e administrativa, Bolsonaro aceitou ceder e dividir o montante de R$ 30,1 bilhões.

Mesmo assim, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos - responsável pela articulação política com o Congresso - publicou mensagem no Twitter comemorando o resultado. "O placar de 398 a demonstrou que o Executivo e o Legislativo estão em sintonia para desenvolver o Brasil", escreveu o ministro.

Decorativo

Na outra ponta, a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), uma das que votaram pela derrubada do veto, atacou o governo. "Não sou oposição, mas acho que, pela falta de respeito do presidente com os parlamentares, a imprensa e chefes de outros Poderes, quanto mais decorativo ele for, melhor", disse ela. Seu colega Rogério Correia (PT-MG) foi o outro parlamentar que se posicionou contra. "O governo Bolsonaro é ilusionista, quer fazer mágica. Além disso, quer fazer os remanejamentos no Orçamento e jogar a culpa dos seus fracassos no Congresso", protestou.

Ainda na sessão desta quarta-feira, 4, o Congresso rejeitou vetos do presidente a outros itens do projeto e proibiu o governo de bloquear recursos em seis áreas. Esse capítulo, no entanto, também fazia parte do acordo com o Planalto. Com isso, repartições como a Embrapa e o IBGE ficarão livres do corte de verbas ao longo do ano.

As negociações pelo dinheiro do Orçamento foram marcadas por muita tensão nos últimos dias. O clima piorou depois que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro, acusou o Congresso de fazer "chantagem" com o governo. Bolsonaro também compartilhou um vídeo por WhatsApp chamando para atos em defesa do governo, no dia 15. O sinal dado pelo presidente incentivou seus apoiadores a reforçar nas redes a convocação de manifestações contra o Congresso.

A votação de ontem, porém, ainda não encerrou as discussões sobre a divisão dos recursos. O governo encaminhou três projetos com novas regras para execução orçamentária. Em conversas reservadas, auxiliares de Bolsonaro admitem que as propostas fazem parte de um acordo que vinha sendo alinhavado desde o mês passado. Mas, diante da crise provocada pelas declarações de Heleno, já não era possível anunciar o acerto sem contrariar o bolsonarismo nas redes. As propostas deverão ser votadas na próxima semana.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o conteúdo dos projetos apresentados pelo governo está "alinhado" com a agenda do Congresso. "O que defendemos desde a primeira reunião com a equipe econômica é muito próximo ao que está colocado", afirmou Maia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os únicos dois deputados que votaram para derrubar os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que entregaria o controle de fatia do orçamento nas mãos do Congresso defenderam a tese de retirar poder do governo na condução dos recursos. A deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), por exemplo, afirmou que, quanto mais decorativo o chefe do Planalto for, melhor seria.

O Congresso Nacional manteve, nesta quarta-feira, 4, vetos aos dispositivos que entregariam aos congressistas o controle sobre a destinação dos recursos das emendas parlamentares. Os vetos foram mantidos com 398 votos na Câmara - apenas dois votaram pela derrubada: Bruna Furlan (PSDB-SP) e Rogério Correia (PT-MG).

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"Eu sou uma pessoa que voto sempre a pauta econômica do governo. Não sou oposição. Mas acho que, pela falta de respeito, pelas declarações, postura dele com a imprensa, com parlamentares, com chefes de outros países, pela irresponsabilidade dele, quanto mais decorativo melhor e (precisa) deixar quem quer trabalhar, trabalhar", afirmou Bruna Furlan ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Os dois deputados fazem parte da ala insatisfeita com o conteúdo dos novos projetos encaminhados pelo governo para regulamentar o orçamento impositivo. O Congresso acabou mantendo os vetos após um acordo para votar essas novas propostas na próxima semana. O conteúdo dos textos agradou aos deputados do centrão da Câmara, aqueles que inicialmente eram os mais ávidos para derrubar os vetos.

Com as novas regras propostas pelo Palácio do Planalto, o governo continuaria ditando o ritmo de liberação das emendas e poderia bloquear os recursos se faltar dinheiro em caixa. O relator-geral do Orçamento, por outro lado, seguiria definindo quem receberá e em que ordem de prioridade os recursos de suas emendas, que somarão R$ 17,5 bilhões neste ano.

"O governo Bolsonaro é ilusionista, quer fazer mágica, quer enganar o povo. E agora faz um veto para que ele possa, através da sua prioridade, que não são as prioridades sociais, fazer os remanejamentos dentro do Orçamento e quer jogar a culpa dos seus fracassos no Congresso", afirmou o deputado Rogério Correia.

Antes mesmo de deputados e senadores decidirem se mantinham o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento Impositivo, a terça-feira (3) começou com a informação de que o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu para se livrar de colocar seu CPF nas decisões sobre ações orçamentárias, como abertura de créditos extras e remanejamento de recursos entre ministérios.

O pedido, que tinha sido feito pelo ministro há duas semanas, foi aceito pelo presidente em despacho publicado no Diário Oficial da União (DOU) justamente no dia em que o governo negociou um saída para a votação dos vetos do Orçamento que tratam do poder dado ao relator, deputado Domingos Neto (PSD-CE), o que aumentou os ruídos em torno do tema.

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No passado, era o presidente da República que tinha a competência de pedir a abertura de créditos, por decreto. A prática foi alterada ainda no governo Dilma Rousseff - em novembro de 2015, um mês antes de o Congresso abrir formalmente o processo de impeachment contra ela - e se manteve no governo de Michel Temer.

Ao longo das últimas semanas, o governo discutiu com o Tribunal de Contas da União (TCU) e consultorias da Câmara e do Senado uma forma de sair do impasse jurídico que a aprovação do chamado Orçamento Impositivo deixou para a área econômica. Com as mudanças das regras, os servidores que tocam o dia a dia do Orçamento estão com medo de dar autorizações que depois possam ser interpretadas como ilegais, como mostrou em fevereiro o Estado. Jogaram a batata quente para Bolsonaro.

A preocupação agora é com o bloqueio do Orçamento que tem que ser anunciado no próximo dia 22. Da forma como foi aprovado pelo Congresso, Guedes e equipe não sabem exatamente qual parte do bolo orçamentário pode ser contingenciada. A expectativa da equipe econômica é que os dois projetos enviados ainda ontem deem segurança jurídica para o manejo dos recursos.

A desconfiança nas relações entre a Câmara, o Senado e o Palácio do Planalto travou a discussão sobre quem irá decidir o destino de R$ 30 bilhões do Orçamento deste ano. Na tentativa de encerrar o impasse sobre a obrigatoriedade de seguir a destinação deste valor, definida pelo relator do Orçamento, o governo enviou nesta terça-feira (3), ao Legislativo o três projetos de lei sobre o assunto. Após quase quatro horas de sessão, porém, o Congresso adiou para hoje a decisão sobre o tema.

Os projetos chegaram ao Congresso por volta de 17h, e nem senadores nem deputados quiseram dar um "cheque em branco" ao presidente Jair Bolsonaro. O argumento era o de que poderia haver uma "pegadinha" nas entrelinhas das propostas que nem técnicos mais experientes haviam conseguido identificar.

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O receio aumentou depois que Bolsonaro foi ao Twitter dizer que não havia feito nenhum acordo com o Congresso. "Não houve qualquer negociação em cima dos R$ 30 bilhões", escreveu ele, numa referência ao valor de emendas parlamentares que a Câmara quer manter sob o controle do relator do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE). "Com a manutenção dos vetos está garantida a autonomia orçamentária do Poder Executivo. O PL (projeto de lei) encaminhado hoje (ontem, terça) preserva a programação original formulada pelo governo."

O post de Bolsonaro irritou os senadores, que estavam propensos a votar a favor do governo. A avaliação é que o presidente quis capitalizar o episódio com o seu eleitorado, em vez de aproveitar a oportunidade para anunciar o acordo com o Congresso. A informação, revelada pelo site BR Político, do Grupo Estado, de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia almoçado ontem com representantes dos movimentos de rua foi outro fator que azedou o humor no Congresso. No encontro, Guedes pediu que as manifestações do próximo dia 15 se transformassem em atos a favor das reformas. Esses atos estão sendo convocados para criticar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Na prática, a proposta do governo garante a obrigação de pagamento de todas as emendas parlamentares, mas o ritmo da liberação ficará a cargo do Executivo, e não do Congresso. Pelo acordo, metade dos R$ 30 bilhões previstos como emendas de relator seria "devolvida" ao governo, que ficaria responsável por definir como e onde investir os recursos. No diagnóstico do Planalto, a proposta anterior concedia poder excessivo ao relator do Orçamento.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cedeu ao apelo de colegas que pediram mais tempo para análise das propostas. "Em uma hora não dá para analisar um texto encaminhado pelo Executivo sobre a regulamentação do Orçamento impositivo", justificou ele. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o grupo Muda Senado, composto por 22 parlamentares, vai trabalhar para obstruir a votação do projeto e criticou Alcolumbre pelas tratativas com Bolsonaro. "Não se defende a democracia e as instituições com distribuição de dinheiro", protestou.

Em conversa com Bolsonaro, anteontem, Alcolumbre chegou a citar a insatisfação com o vídeo sobre as manifestações compartilhado por WhatsApp pelo presidente. Com temor de que o impasse contaminasse a votação dos vetos, o Ministério da Economia proibiu explicações oficiais sobre o acordo. A preocupação era tamanha entre os principais auxiliares de Guedes que a ordem foi manter silêncio absoluto.

Depois de ter sido criticado por Bolsonaro, Guedes mostrou a ele que o custo seria maior, inclusive para a agenda de reformas, caso não houvesse qualquer acerto com o Congresso. O ministro tem uma lista de 12 projetos que definiu como prioritários para a retomada do crescimento. A divisão dos R$ 30 bilhões de emendas de relator foi considerada pela equipe econômica como "um acordo possível". 

O grupo "Muda, Senado, Muda, Brasil", que reúne 22 senadores, calcula haver 34 votos no Senado favoráveis aos vetos do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que obriga o Executivo a pagar todas as emendas parlamentares indicadas neste ano. A sessão para análise dos vetos está marcada para as 14h desta terça-feira.

"Já asseguramos ao governo que vamos manter o veto. Basta que o governo converse com seus senadores e alguns dos seus leais apoiadores e está garantido", disse o líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR), em coletiva de imprensa.

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Os vetos são derrubados somente quando há no mínimo 257 votos na Câmara e 41 votos no Senado. Com o crescimento da quantidade de senadores favoráveis aos vetos, a derrubada, que também depende dos deputados, fica mais difícil.

O presidente Jair Bolsonaro retirou por prazo indeterminado a competência delegada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, de decidir sobre algumas ações orçamentárias, como abertura de créditos suplementares e especiais e remanejamento de recursos, "diante da necessidade de avaliação do alcance e da aplicabilidade da impositividade do orçamento". O despacho com a determinação está publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (3).

Na tarde desta terça, o Congresso Nacional se reúne em sessão conjunta para analisar vetos presidenciais, dentre eles o veto feito por Bolsonaro à proposta que torna obrigatória a execução das emendas indicadas pelo relator-geral do Orçamento, função hoje ocupada pelo deputado Domingos Neto (PSD-CE).

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A votação desse veto se arrasta desde antes do carnaval, chegou a ser pautada, mas foi adiada para esta semana para que parlamentares e governo pudessem fechar um acordo definitivo sobre o controle dos recursos do Orçamento. Se o veto for derrubado, Domingos Neto pode ser o responsável por controlar uma fatia de R$ 30,1 bilhões do Orçamento. Na avaliação do governo, se isso ocorrer o relator ficará com um poder excessivo na repartição do dinheiro de emendas parlamentares.

Pelo projeto de lei aprovado no fim do ano passado, o Legislativo teria o controle de R$ 46 bilhões do Orçamento. A proposta também previa regras mais rígidas para os pagamentos, como prazo de 90 dias nos casos de emendas de relator e punição ao governo quando não houvesse os repasses. Para o Planalto, nesse cenário o relator do Orçamento teria mais poder do que muitos ministros.

Antes do carnaval, um primeiro acordo foi feito entre as partes. O Congresso cedeu e o governo conseguiu ficar com o controle de parte desse valor, um montante de cerca de R$ 11 bilhões. Mas a solução não atendeu ao governo. Com isso, os ânimos se acirraram entre Executivo e Legislativo, que chegaram a ameaçar até ir ao Judiciário para fazer valer o objetivo de cada um.

O rateio da verba do Orçamento foi também o pano de fundo para essa tensão dos últimos dias, que atingiu o ápice após Bolsonaro compartilhar pelo WhatsApp um vídeo convocando manifestações em defesa do governo, como mostrou o BR Político, do Grupo Estado. Nas redes sociais, movimentos de direita anunciaram que os atos serão contra o Congresso. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a busca de um novo acordo com o Congresso tem o objetivo de evitar um acirramento ainda maior do impasse, às vésperas das manifestações do dia 15.

'Burocracia'

Fontes do Ministério da Economia ouvidas pela reportagem informaram que o ato se trata de "burocracia". A avaliação técnica da equipe econômica é de que o governo não pode utilizar portaria para movimentar o orçamento nas regras atuais. "Não é nada grave, apenas uma medida burocrática dado o entendimento que temos sobre o impositivo hoje", garantiu a fonte.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) rebateu, na noite do sábado (29), críticas feitas pela deputada estadual de São Paulo Janaina Paschoal (PSL) aos parlamentares que, como ele, votaram pelo Orçamento impositivo e agora são contra proposta semelhante. Em vídeo postado na sua conta do Twitter, Eduardo atacou o voto de Janaina na escolha do líder do PSL na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp): Rodrigo Gambale venceu Castello Branco por 8 votos - incluindo o de Janaina - contra 7.

"Agora, amada Janaina, explica para a gente por que você votou a favor do líder do (grupo do) Bozzella para o PSL na Alesp, já que todo mundo sabe muito bem a fama do Bozzella e o que ele quer para o nosso Brasil?", disse Eduardo, em alusão ao deputado Júnior Bozzella, presidente do PSL de São Paulo e aliado do deputado Luciano Bivar, presidente nacional da legenda, e com quem os Bolsonaro romperam. O vídeo de Eduardo não dá maiores explicações sobre Bozzella, limitando-se a informar que ele faz oposição a Bolsonaro.

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Apesar de apoiar o presidente, de quem chegou a ser cotada para ser vice, Janaina tem se mantido crítica à gestão e está cada vez mais afastada do grupo bolsonarista. No sábado à tarde, a deputada publicou uma série de mensagens no Twitter criticando a atuação de Eduardo na votação que aprovou o Orçamento impositivo. "Ele votou sim à PEC que tornou as emendas de bancada (coletivas) impositivas (9 bilhões, além das individuais). Ele faltou na votação simbólica do substitutivo que toma do pai os 30 bilhões. Ele era o líder!", escreveu na rede social.

Em entrevista à Coluna do Estadão publicada neste domingo (1º) Janaina elevou as críticas e afirmou que Eduardo "mina todo mundo que dá sustentação ao pai" com o objetivo de ser o candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Pela Constituição, filhos de presidentes são inelegíveis, exceto em caso de reeleição para o mesmo cargo. A teoria de Janaina, que é advogada constitucionalista, é a de que, se Bolsonaro não conseguir terminar o mandato, Eduardo poderá tentar a Presidência.

Procurada ontem, Janaina afirmou que Gambale era candidato desde o ano passado. "Ele retirou a candidatura no primeiro ano, em benefício de Gil (Diniz), que foi assessor de Eduardo e ainda é seu braço direito. Não seria justo sacrificá-lo novamente." De acordo com a deputada, Bozzella não pediu voto para Gambale.

"Com certeza o que eu quero para o Brasil não é a mesma coisa que o Eduardo quer", reagiu Bozzella em entrevista ao Estado. "O sonho do Eduardo é o 'sonho americano'. Sabemos o quanto ele lutou pra ser embaixador e iria renunciar aos quase 2 milhões de votos", disse.

No vídeo, Eduardo negou que esteja se contradizendo na questão do Orçamento impositivo, motivo do atual atrito entre Executivo e Legislativo e pauta das manifestações convocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para o dia 15 de março.

Eduardo reconhece, no vídeo, que votou a favor das emendas impositivas de bancada no ano passado, mas argumenta que a discussão atual, no âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias, é diferente. E afirma que é contrário à concentração de poder de decisão sobre o montante de emendas nas mãos do relator do Orçamento, o deputado Domingos Neto (PSD-CE).

"Agora, a LDO, que é outra matéria, totalmente diferente, está dando R$ 30 bilhões para uma única pessoa, que é o relator do Orçamento. E se o presidente não executá-la em 90 dias, ele incorre em crime de responsabilidade", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) negou que esteja se contradizendo na questão do Orçamento Impositivo, em um vídeo na sua página oficial no Twitter neste domingo (1). Em 2019, Eduardo votou a favor do projeto, mas agora defende os vetos do pai, o presidente Jair Bolsonaro, à proposta, que estão no centro da polêmica atual entre o Executivo e o Legislativo.

No vídeo, o deputado reconhece que votou a favor das emendas impositivas de bancada no ano passado, mas argumenta que a discussão atual, no âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), é diferente, e esclarece que é contrário à concentração de poder de decisão sobre o montante de emendas no relator do Orçamento, o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE).

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"Eu votei a favor da PEC 34, que era o chamado Orçamento impositivo das bancadas. O impacto disso é de 1% das receitas e, se o governo não tivesse dinheiro para cumprir esse orçamento das bancadas, não acontecia nada. Agora a LDO, que é outra matéria, totalmente diferente, está dando R$ 30 bilhões para uma única pessoa, que é o relator do Orçamento. E se o presidente não executá-la em 90 dias, ele incorre em crime de responsabilidade."

Eduardo Bolsonaro também faz menção à deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) no vídeo. Ontem, a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S.Paulo, publicou uma entrevista com a deputada em que ela afirma que "Eduardo mina todo mundo que dá sustentação ao pai" com o objetivo de ser o candidato ao Planalto em 2022.

"Agora, amada Janaina, explica para a gente porque você votou a favor do líder do grupo do Bozzella para o PSL na Alesp, já que todo mundo sabe muito bem a fama do Bozzella e o que ele quer para o nosso Brasil?"

A ala mais ligada a Bolsonaro perdeu a liderança da bancada na Alesp para o deputado Rodrigo Gamballe, considerado mais próximo do deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP), que é dirigente estadual do partido e braço direito de Luciano Bivar, por isso visto como traidor pelos bolsonaristas.

Em outra publicação em sua página neste domingo, Eduardo disse que nunca pensou em entrar na política, mas que depois amadureceu e percebeu a importância de participar ativamente da vida política, porque a vida de todos passa por Brasília, segundo ele. "Sempre tive aquele asco quase que natural do meio político devido ao ambiente tóxico que expõe o que os seres humanos têm de pior na disputa pelo poder."

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que a adoção do orçamento impositivo a partir do próximo ano vai facilitar a vida do governo. Segundo ele, o Executivo vai ter uma relação de mais independência em relação ao Legislativo e o Parlamento vai ter mais responsabilidade quando se tratar de despesas públicas.

O orçamento impositivo, promulgado pelo Congresso em junho e regulamentado pela Emenda Constitucional 100, determina a execução obrigatória de emendas parlamentares de bancada.

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Orçamento 2020

Ao avaliar a proposta orçamentária para o próximo ano (PLN 22/19), Maia ressaltou que o texto já traz a previsão da aprovação das PECs dos Gatilhos, que devem garantir mais investimentos e reduzir despesas.

A PEC 438/18, já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, cria gatilhos para conter as despesas públicas e preservar a regra de ouro. Já a PEC 186/19, está em análise no Senado, e tem como foco as despesas com pessoal. A ideia é permitir, por exemplo, a redução da jornada do servidor com a correspondente redução salarial.

“No orçamento do próximo ano, já tem a previsão da aprovação das PECs dos Gatilhos, isso foi base importante da sustentação do aumento das despesas de investimento discricionárias que o relator está colocando no orçamento", explicou Maia.

"No futuro, vai se abrir um espaço fiscal maior, porque com o teto de gastos é preciso reduzir o piso, precisa abrir espaço para poder aumentar a despesa discricionária”, avaliou.

O orçamento de 2020 deve ser votado pelo Congresso nesta tarde.

*Da Agência Câmara

O Congresso Nacional se reunirá em sessão solene na próxima quarta-feira (26), a partir das 11h, para promulgar a emenda constitucional que prevê a execução obrigatória de intervenções das bancadas estaduais no Orçamento da União.

Segundo a nova regra, as emendas orçamentárias apresentadas pelas representações estaduais de parlamentares deverão ser atendidas pelo Executivo até um valor-limite vinculado à receita líquida. Elas estarão sujeitas a contingenciamento de gastos.

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A emenda constitucional é originária da PEC 34/2019 (PEC 2/2015, na Câmara), do deputado Hélio Leite (DEM-PA). O texto passou pelo Plenário do Senado em abril e foi aprovado em definitivo no início deste mês, na Câmara, na forma de um substitutivo do relator no Senado, Esperidião Amin (PP-SC).

*Da Agência Senado 

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento Impositivo aprovou nesta terça-feira (4) o substitutivo apresentado pelo relator, Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO). Pela proposta, o governo federal fica obrigado a liberar a verba de emendas parlamentares de bancada para ações previstas no Orçamento. As chamadas emendas de bancada são as apresentadas por deputados e senadores de cada estado para ações específicas naquela unidade da Federação.

O substitutivo de Gaguim manteve o texto aprovado no Senado em abril, mas acrescentou novos dispositivos após acordo entre líderes partidários e o governo. A medida já foi analisada pela Câmara, mas, como foi alterada no Senado, retornou para nova análise dos deputados.

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Carlos Henrique Gaguim acrescentou ao texto alguns dispositivos para esclarecer o alcance da norma, definindo o dever de execução das programações orçamentárias. Conforme o substitutivo, as leis de diretrizes orçamentárias aprovadas pelo Congresso Nacional disciplinarão as exceções ao dever de execução, de forma a manter a eficácia dos principais instrumentos de ajuste fiscal.

Pelo texto, será aplicado percentual de 0,8% da receita corrente líquida (RCL) em 2020, em vez de 1%, como aprovado pela Câmara. Somente a partir do segundo ano (2021) após a promulgação da norma, será de 1% da RCL. Metade dos recursos será obrigatoriamente destinada a obras estruturantes. Já os compromissos de anos anteriores ainda não pagos, os chamados restos a pagar, poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução das emendas, mas agora sem limite definido – o Senado aprovou até 0,5% da RCL, mas o substitutivo da comissão especial não cita números.

“A nova abordagem do papel do orçamento público implica o compromisso de devolução à sociedade de bens e serviços, em contrapartida à tributação, cabendo sua aplicação plena às programações que integram programas temáticos ou finalísticos”, justificou o relator da proposta na Câmara.

As emendas impositivas de bancadas estaduais são amparadas desde 2016 pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que muda todos os anos. O Orçamento deste ano destinou R$ 169,7 milhões por bancada, a serem distribuídos em até seis emendas de execução obrigatória.

As emendas parlamentares são recursos do Orçamento que o Congresso direciona para obras e benfeitorias nas cidades brasileiras. Em geral, os deputados e senadores direcionam esses recursos para suas regiões de origem. Hoje as emendas individuais já são consideradas impositivas. O que a PEC faz é estender essa obrigação para as emendas das bancadas estaduais e do Distrito Federal.

O texto segue para votação no plenário da Câmara e, por se tratar de PEC, a matéria deve ser apreciada em dois turnos pelos deputados.

Emendas individuais

Também nesta terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) aprovou a admissibilidade da PEC 48/19, que autoriza deputados e senadores a repassar recursos de emendas individuais diretamente para estados e municípios, sem necessidade de nenhum tipo de convênio ou instrumento similar com um órgão público intermediário.

Apesar de obrigatória, a liberação desses recursos depende da existência de programas específicos e convênios com órgãos federais, geralmente ligados a ministérios, e é feita por meio de transferências realizadas pela Caixa Econômica Federal, que fiscaliza a execução.

A proposta será analisada por uma comissão especial, que será constituída para debater e votar a proposta. Depois, o texto seguirá para o plenário da Câmara, onde terá de ser votado em dois turnos.

 

Enquanto o governo tenta encontrar o rumo da articulação política, o Congresso impõe uma agenda própria. Na prática, foi o presidente Jair Bolsonaro quem abriu o caminho para o "empoderamento" do Legislativo ao abandonar o presidencialismo de coalizão, prática de governar dos seus antecessores. O Parlamento ocupou o espaço vazio: já são seis as iniciativas traçadas pelo Congresso para garantir maior influência e poder político.

No duelo com o Planalto, o Congresso tem usado suas armas. Em dois meses de trabalho, a Câmara aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece o orçamento impositivo, retirando do governo o poder de autorizar gastos apenas quando bem entender. O "pacote de maldades" inclui, ainda, limitar o poder do presidente de editar medidas provisórias, impor derrotas em votações de propostas de interesse do governo, priorizar projetos de autoria dos deputados e senadores em caso de temas coincidentes, atrasar a votação da reforma da Previdência e estabelecer outros interlocutores prioritários que não o Planalto.

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Antes e depois das eleições, Bolsonaro "criminalizou" o presidencialismo de coalizão. A prática, que consiste em dividir o poder - e os ministérios - com partidos aliados em troca de apoio no Congresso, é chamada por ele de "velha política". Não são poucos os escândalos envolvendo esse sistema. Compra de votos para a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mensalão, Lava Jato são os mais conhecidos. A generalização, contudo, incomoda o Congresso.

"O problema não é o presidencialismo de coalizão e sim as intenções na formação do governo", resume o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele reconhece que Bolsonaro não tem como adotar esse modelo porque seu "eleitorado raiz" reagiria. Sem alternativa, os parlamentares decidiram aproveitar o vácuo para se impor. "A decisão do presidente de priorizar a independência entre os poderes abre a possibilidade de restabelecermos as nossas prerrogativas", afirma.

Carismática

O cientista político Paulo Kramer, que colaborou com o programa de governo de Bolsonaro, recorre ao sociólogo alemão Max Weber para definir a forma Bolsonaro de governar como "carismática ou plebiscitária - em que o líder procura uma aliança direta com as massas passando por cima da cabeça dos congressistas".

"Vai ser sempre uma relação instável em que, de um lado, o presidente vai procurar não perder o capital de popularidade perante as massas - e as massas não se agradarão se ele ficar muito íntimo dos deputados e senadores - e o Congresso vai esperar que a popularidade de Bolsonaro se desgaste pra aumentar o poder de barganha", avalia.

Segundo Kramer, essa forma de governar, no entanto, deixa o presidente em uma condição mais vulnerável. "Como não organizou uma base nos moldes do presidencialismo de coalizão, Bolsonaro está pendurado na rua. O carisma de um líder é fugaz, não dura muito", diz.

Luta

A medida mais avançada do Congresso para se sobressair ao Planalto é o orçamento impositivo, que retira do governo o poder de autorizar gastos apenas quando bem entender. Era prática recorrente nos governos que antecederam Bolsonaro a liberação de recursos às vésperas de votação em troca de apoio de parlamentares para aprovar matérias.

O próximo passo será limitar a edição de medidas provisórias. A Câmara tem um projeto nesse sentido, mas o presente de grego para o governo pode vir do Senado. Na última semana, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou projeto limitando em cinco as MPs que o presidente poderá editar. Hoje não há um teto. Como tem força de lei, as MPs são usadas pelo Executivo como um drible que evita a demora do Congresso na análise das proposições.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), um governista convicto, não gosta de briga, mas está sendo pressionado a colocar a Casa na trilha do "empoderamento" e já deu sinal verde para a votação da proposta do amigo Randolfe.

Além de limitar os poderes do presidente da República, o Congresso também vai rivalizar com ele. A equipe econômica prepara uma proposta de reforma tributária, mas Maia já disse em voz alta que vai tocar a do líder do MDB, Baleia Rossi (SP).

A agenda econômica é outro motivo de medição de forças com o governo. Nesse caso, o Planalto tem batido em um muro chamado Centrão, que reúne legendas mais fisiológicas como PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade. O grupo, que dominou o Congresso com Dilma e Temer, voltou a ditar as regras na Câmara, causando sucessivas derrotas ao governo. A última foi na semana passada, quando adiou a votação da reforma da Previdência para o próximo dia 23.

Maia tem interlocução própria com o mercado financeiro. Essa ponte com empresários e banqueiros tem influenciado na agenda independente do Congresso. Empresários que conversam com Maia dizem que o orientaram a tocar um "governo paralelo", uma vez que o presidente está refém da agenda ideológica, razão pela qual ninguém espera que mergulhe de cabeça na aprovação da reforma da Previdência.

Poder limitado

Políticos experientes dizem que o empoderamento do Congresso não é uma retaliação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, mas uma forma de buscar o equilíbrio com os demais poderes. O orçamento autorizativo e as medidas provisórias, afirmam, conferem ao presidente um poder imperial.

"O Congresso, neste caso, não pratica o 'toma lá, dá cá', mas exerce a boa iniciativa de recuperar uma prerrogativa que promova o equilíbrio entre os poderes", observa o ex-deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que exerceu 11 mandatos. Ele defende o fim do presidencialismo de coalizão como outra medida que vai melhorar a imagem do Congresso. "No Brasil isso se transformou em cooptação. Se o presidente entrar nisso ele começa capitão e termina refém."

Autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita a edição, hoje ilimitada, de medidas provisórias em cinco, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também enxerga uma oportunidade para que o Congresso abandone a prática "de trocar apoio por emendas e cargos e se coloque como o principal formulador de políticas públicas".

"Quanto mais o Parlamento demonstrar que tem força, prestígio e competência para exercê-las, melhor. Esse momento é propício a isto", disse o vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), coautor do projeto que limita as MPs. Bolsonaro já editou nove.

"O Congresso está mais empoderado do que se imagina. Ele decide todas as pautas, não só em relação ao governo, mas também ao Judiciário. E esse poder veio graças à escolha do presidente de tentar montar uma base aliada com as bancadas temáticas", afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta segunda-feira (15) a constitucionalidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 34/19, que amplia o orçamento impositivo para as emendas apresentadas pelas bancadas estaduais e do Distrito Federal ao Orçamento da União. Os membros da comissão aprovaram o parecer do relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que recomendava a admissibilidade da proposta.

A PEC 34/19 segue para análise de uma comissão especial da Câmara e, depois, o texto vai para o Plenário, onde terá de ser votado em dois turnos.

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Após a aprovação da PEC do Orçamento Impositivo, os deputados concordaram em que os debates sobre a reforma da Previdência (PEC 6/19), que também constava na pauta, tivessem continuidade na sessão da CCJ convocada para esta terça-feira (16) às 10h.

A PEC aprovada na CCJ é de autoria do Senado e foi aprovada pela Câmara em março, seguindo novamente para avaliação dos senadores. No Senado, o projeto sofreu alterações e o texto retornou à Câmara para nova votação. Uma proposta de emenda à Constituição só pode ser implementada após o mesmo texto ser aprovado pelas duas casas legislativas.

A versão aprovada pelos deputados é o substitutivo apresentado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) à proposta aprovada pela Câmara. Entre as mudanças feitas no texto estão a previsão de um escalonamento na execução das emendas de bancada, que será de 0,8% da receita corrente líquida (RCL) da União do ano anterior em 2020 e 1% da RCL do ano anterior a partir do ano seguinte. Essa parte do texto foi negociada por Amin com o governo, que pediu tempo para se adaptar à mudança orçamentária.

A votação da PEC do Orçamento Impositivo foi possível após a aprovação de um requerimento de inversão de pauta, que colocou a reforma da Previdência como segundo item a ser debatido no dia de ontem.

Maia

Após reunião com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, na noite dessa segunda, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que há um bom ambiente no Congresso para a aprovação da reforma e que o governo precisa avançar no diálogo com o Legislativo. O presidente da Câmara estima que a reforma será aprovada no plenário da Câmara dos Deputados ainda no primeiro semestre deste ano “com tranquilidade”.

“[A meta é] no final de junho ter tudo aprovado na Câmara”, disse, acrescentando que nesse período o governo já terá organizado a base para votação. “Se o governo organizar uma maioria mais rápido, a gente antecipa [ a votação]”, afirmou.

Maia também defendeu uma forte atuação do governo para a aprovação da reforma.“Estou confiante, acredito que o governo vai assumir seu papel, seu protagonismo, que é natural do sistema presidencialista, mas eu não tenho dúvida também de que os parlamentares tem muita noção de que essa reforma é um divisor de água da política brasileira”, disse.

Para Maia, o presidente Jair Bolsonaro precisa dar um “segundo passo” na defesa da reforma, que é "compreender, e acho que ele já compreende, que a reforma da previdência vai garantir inclusive as aposentadorias dos militares, a pensão das viúvas e isso é um argumento para a gente defender a reforma”. Segundo Maia, a reforma vai propiciar “que ninguém amanhã fique sem receber salário e fique sem receber aposentadoria”.

 

O Senado deve votar nesta quarta-feira (3) a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 34/2019 - o chamado Orçamento impositivo - que determina a imposição da execução das emendas de bancada do Orçamento. A decisão foi tomada durante reunião do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com os líderes partidários.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve examinar e votar a matéria. Se aprovada, a proposta será enviada ao plenário do Senado – quando será submetida a votação em dois turnos.

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Para o líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP), a PEC permitirá que as emendas impositivas das bancadas não possam mais ser contingenciadas (bloqueadas) pelo governo.

Câmara

A PEC 34/2019 foi aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 26. Segundo o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), há um entendimento entre todos os partidos para que nesta semana a PEC seja votada.

De acordo com os parlamentares, Alcolumbre deverá votar a PEC 34/2019 em primeiro turno, encerrar a sessão e alguns minutos depois, reabri-la para votar novamente.

Atualmente, já é impositivo o total das emendas individuais dos parlamentares, sendo que metade do valor deve ser aplicada em saúde. O valor está sujeito ao teto dos gastos aprovado em 2016.

*Com informações da Agência Senado

Na próxima quarta-feira (3), o relatório sobre a  proposta que transforma parte das emendas orçamentárias das bancadas estaduais em despesas obrigatórias, a chamada PEC do Orçamento Impositivo (PEC 34/19), deve ser apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Mudanças

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À Agência Brasil, o relator da proposta, senador Esperidião Amin (PP-SC), adiantou que pretende “descartar” o Artigo 165 do texto aprovado em uma votação relâmpago na Câmara dos Deputados. O trecho trata especificamente do orçamento impositivo e, na avaliação de Amin, “está escrito de maneira obscura” e engessa o Orçamento.

A ideia, segundo o parlamentar, é priorizar exclusivamente às emendas coletivas de bancada e dar a elas o caráter impositivo, em um percentual que será negociado com parlamentares e com o Executivo. Mesmo defendendo a manutenção desse percentual em 1% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, o senador é cauteloso e admite que ele pode ser maior ou menor, conforme o andamento das negociações. Para Amin, o Senado vai chegar a um termo adequado, caminho do meio, que vai aumentar a responsabilidade do Legislativo, não vai agredir nem diminuir o Executivo e nem vai desconhecer as dificuldades financeiras do povo e do governo.

Emendas

De acordo com o senador, amanhã (2) o texto estará à disposição dos membros da comissão. Até lá, Amin, que na última quinta (28) esteve com o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que pretende continuar ouvindo o governo e os senadores. O relator sabe que no Senado uma quantidade significativa de emendas será apresentada ao texto. “Meu papel, na verdade, é reduzir o incêndio, transformar o texto em algo que ajude o Brasil e ajude até a fazer o acordo entre o Legislativo e Executivo nesse momento crucial”.

Tramitação

O clima no Senado é receptivo à proposta. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), prometeu interceder junto aos líderes para que a PEC seja votada com rapidez. Apesar disso, o relatório deve receber pedido de vista coletiva na CCJ, ou seja, de mais tempo para que os senadores analisem a proposta, podendo jogar os dois turnos de votação no plenário, se houver consenso, para depois da Semana Santa. Se confirmadas as modificações no texto da Câmara pelos senadores, a matéria volta à análise dos deputados.

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