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O governo Bolsonaro divulgou no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 22, a exoneração da secretária nacional de atenção à primeira infância, Luciana Siqueira Lira de Miranda. A servidora foi acusada de praticar assédio moral contra outros funcionários. Segundo eles, após a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a secretária enviou mensagens afirmando que quem votou no petista foi responsável por fazer com que "nosso trabalho desça pelo ralo".

A exoneração de Luciana foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

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Segundo apuração da GloboNews, no dia seguinte ao segundo turno, Luciana convocou uma reunião em que afirmou "saber exatamente quem não votou no presidente". A então secretária ainda declarou que essas pessoas pagariam "pela Justiça divina".

Ainda segundo a emissora de TV, os servidores afirmaram que Luciana reclamou da "falta de lealdade de alguns da equipe" e comparou a situação com a traição de Judas a Jesus. Os funcionários ainda denunciaram que a secretária teria afirmado "infernizar todos os dias da próxima gestão e que o inferno não vai vencer o céu".

A Polícia Militar (PM) de Mato Grosso prendeu, nessa segunda-feira (21), dois homens - identificados como Olair, 41 anos, e Daniel, 27 - sob suspeita de atearem fogo em caminhões no município de Sinop, a cerca de 480 quilômetros de Cuiabá. Junto dos presos, a PM encontrou combustível, estopa, isqueiro, facas, facões e estilingue. Segundo informações da Polícia Federal (PF), Danilo portava uma arma quando foi preso e tem passagem por homicídio.

Ambos foram encaminhados à PF, onde foram ouvidos. Na oitiva, eles optaram por não responder aos questionamentos dos agentes, informou a corporação. Depois, seguiram para o presídio Ferrugem. Ainda vão passar por audiência de custódia.

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Os investigadores suspeitam que os dois presos estejam ligados com um bloqueio de rodovia registrado em Sinop, próximo ao corpo de Bombeiros da cidade. A PF investiga se eles estariam queimando veículos para dar força às interdições.

Também nesta segunda-feira (21), em Mato Grosso foi registrada uma outra ocorrência em que caminhões foram incendiados. Segundo a PF, um grupo de pessoas encapuzadas ateou fogo em dois caminhões em Itaúba. Segundo a PF, os envolvidos ainda não foram identificados.

A corporação indicou que a ação dos suspeitos teve início quando foram abordados por um funcionário da Concessionária Brasil, que estava iniciando uma inspeção. O homem viu dois carros parados no acostamento e uma pessoa acenando e entendeu que se tratava de um pedido de ajuda.

Após parar o carro, um dos suspeitos apontou a arma para o funcionário da concessionária, pediu que ele descesse do carro e entregasse o uniforme da empresa. O homem que empunhava a arma então vestiu as roupas da concessionária, entrou no carro, dirigiu por cerca de dois quilômetros e então parou as duas pistas da rodovia.

Ainda de acordo com a PF, no momento em que a via foi interditada, pessoas encapuzadas atearam fogo em dois caminhões. Elas teriam abordado os caminhoneiros, pedindo que descessem e em seguida atearam fogo nos veículos.

Enquanto os caminhões estavam em chamas, houve um disparo, indicou a Polícia Federal. Depois, os envolvidos fugiram em oito carros que estavam à margem do rio. Segundo os caminhoneiros, a ação foi ‘muito rápida’.

Após a ocorrência, o suspeito que roubou o veículo da concessionária, "pegou o funcionário" que foi vítima inicial da ocorrência e levou ele "até um local próximo a Sinop", informou ainda a PF.

Não só os comandantes das Forças Armadas se manifestaram sobre os protestos contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as urnas eletrônicas e as decisões judiciais que excluíram das redes sociais perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que questionaram o resultado da eleição. Outros militares da ativa fizeram ou compartilharam publicações de caráter político-partidário em redes sociais.

Um dos mais ativos é o coronel Alberto Ono Horita, que comandou o 20.º Batalhão de Logística Paraquedista do Exército, foi adido militar nos Emirados Árabes e hoje dirige o Colégio Militar de Curitiba. Em 2019, o general Edson Leal Pujol fez publicar portaria na qual disciplinava o uso das redes sociais. Desde então, a conta do coronel no Twitter registrava pouquíssimas publicações. Isso mudou em 17 de setembro.

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Na conta, agora sob o nome de Patriota_PQD (abreviação de paraquedista), apareceu naquele dia mensagem compartilhada sobre uma bolsonarista infiltrada em uma manifestação do "nine". Nine é uma alusão a Lula, que teve um dedo amputado em uma prensa quando era torneiro mecânico.

Seguem-se 13 publicações de caráter político-partidário até 30 de outubro, quando a conta do coronel registra o desabafo: "Vergonha! A mentira prevalece! O crime compensa! Esse é o Brasil!". No dia seguinte à derrota de Bolsonaro, o coronel retuitou publicação com foto do presidente: "Jair Bolsonaro é um líder espetacular, independente do que aconteça, devemos respeitá-lo por resgatar nosso patriotismo e nos dar a chance de lutar. Obrigado, capitão".

Nos dias seguintes, há mais 39 publicações partidárias. Em uma delas, o presidente eleito e futuro comandante em chefe das Forças Armadas é chamado de "ladrão". Há ainda acusações sem provas de fraude nas urnas e ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal.

Contra Alexandre de Moraes, a conta do coronel diz ao compartilhar um vídeo sobre as urnas: "Que beleza, Xandão! Fez tudo para colocar seu amigo Chuchu!!!!" Xandão é uma referência a Moraes e Chuchu, ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

Generais

O perfil do coronel não foi o único no Exército que fez publicações críticas a Moraes. O comandante de uma Divisão de Exército retuitou um artigo para explicitar a "censura sob a qual o Brasil vive". Era 24 de outubro. O mesmo fez outro general de divisão, subchefe de uma estrutura militar em Brasília, ao compartilhar publicação sobre a "censura" à rádio Jovem Pan. Era 20 de outubro.

São casos menos intensos do que o do coronel. O TSE havia derrubado contas de políticos bolsonaristas porque divulgariam fake news contra as urnas e agira contra a Jovem Pan, impondo multa a comentaristas. Um perfil de um terceiro general de divisão, um engenheiro militar, compartilhou publicações em solidariedade à rádio. Em uma delas, porém, faz menção ao PT: "Um bom teste para todos os comentaristas compartilharem essa imagem. Quem se recusar veste mais a camisa do PT do que a da JP". A publicação é de 19 de outubro.

O Estadão procurou o coronel, mas não conseguiu localizá-lo até a publicação deste texto. A reportagem também procurou o Exército, mas o comando não se manifestou.

O ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), protocolou, nesta segunda-feira (21), um pedido de afastamento das funções por motivos médicos. A licença temporária se dará após o vazamento de um áudio em que ele alimenta a teoria de que militares estariam preparando um golpe para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A gravação foi publicada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

O áudio foi enviado a representantes do setor do agronegócio. Nardes cita uma suposta conversa com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e diz que "em questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso (haverá) um desenlace bastante forte na nação, imprevisíveis, imprevisíveis". Afirma, ainda, que tem "muitas informações" sobre um "movimento forte nas casernas".

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Depois da divulgação, o ministro publicou uma nota minimizando o fato. No texto, disse que "lamenta profundamente a interpretação que foi dada sobre um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos".

As declarações causaram mal estar internamente. Outros ministros do TCU avaliam que caberá a Augusto Nardes dar explicações ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Deputados do PT protocolaram, nesta segunda-feira (21), uma notícia-crime no STF contra Nardes.

Aliado de Jair Bolsonaro, ele era filiado ao PP quando foi indicado ao cargo de ministro do TCU, em 2005. Foi nomeado pelo então presidente Lula. Na Corte de Contas, foi o relator do processo que analisou as contas presidenciais da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e indicou as pedaladas fiscais que serviram de base para o impeachment em 2016.

O ministro do TCU foi alvo de inquérito sobre o pagamento de propina a integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), vinculado ao Ministério da Fazenda. Em 2019, esse inquérito foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Anteriormente, o procurador-geral da República, Augusto Aras, já havia se posicionado pelo arquivamento.

O nome de Nardes também foi citado em uma delação premiada da Operação Lava Jato. Em 2018, o ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso afirmou que o ministro girou R$ 1,2 milhão na corretora Advalor, alvo da investigação. O irmão do ex-subsecretário, Juscelino Gil Velloso, também delator, contou que pagou 'mensalidade escolar' a Nardes e revelou entrega de dinheiro em Brasília.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais cobrar explicações do ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes, que em um áudio vazado nesse domingo (20), fala sobre um suposto "movimento forte nas casernas". Na postagem, Gleisi escreveu: "estamos aguardando explicações públicas de Augusto Nardes sobre o áudio do golpismo. Grave que ministro do TCU se envolva nesse tipo de coisa. Qual a intenção dessa fala?".

O deputado federal e um dos responsáveis pela estratégia de redes sociais da campanha de Lula, André Janones (Avante/MG), usou o Twitter para comunicar que vai protocolar "requerimento para que o Ministro do Tribunal de Contas da União, Senhor João Augusto Ribeiro Nardes, compareça à Câmara para prestar esclarecimentos sobre suas declarações de cunho golpista". A postagem foi feita também nesta segunda-feira (21).

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No áudio, o ministro afirma que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e insinua que militares estariam preparando um golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro afirma, na mesma gravação, que "em questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso (haverá) um desenlace bastante forte na nação, imprevisíveis, imprevisíveis". Conforme outros ministros do TCU ouvidos pelo Estadão, o áudio encaminhado por Nardes a um grupo de representantes do agronegócio é "blefe puro".

Em nota encaminhada ao jornal, a assessoria de comunicação do TCU afirma que Nardes lamenta a interpretação de áudio "despretensioso gravado apressadamente" para um grupo de amigos e que o ministro repudia "manifestações de natureza antidemocrática e golpistas".

Leia a íntegra da nota divulgada pelo TCU

"O Ministro Augusto Nardes lamenta profundamente a interpretação que foi dada sobre um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos. Para que não pairem dúvidas, esclarece que repudia peremptoriamente manifestações de natureza antidemocrática e golpistas, e reitera sua defesa da legalidade e das Instituições republicanas."

"Blefe puro". É assim que ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) consideraram as ameaças feitas pelo ministro Augusto Nardes em mensagem de áudio enviada por WhatsApp a representantes do agronegócio, como revelou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Na Corte de Contas a avaliação entre ministros ouvidos pelo Estadão é que Nardes terá que se explicar ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das fake news e dos atos antidemocráticas no Supremo Tribunal Federal (STF), além de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Colegas chegaram a usar palavras de baixa calão a se referir ao áudio de Nardes.

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No áudio, o ministro afirma que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e alimenta teorias de que os militares estariam preparando um golpe para impedir a posse do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro alerta que "em questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso (haverá) um desenlace bastante forte na nação, imprevisíveis, imprevisíveis". Afirma, ainda, que tem "muitas informações" e cita um "movimento forte nas casernas".

Nardes é apoiador de Bolsonaro e nos quatro anos de governo teve acesso livre ao presidente. Procurado pelo Estadão, não ligou de volta.

Desde a derrota nas urnas, bolsonaristas têm compartilhado mensagens, algumas cifradas, de estímulo à que manifestantes sigam nas portas de quartéis defendendo um golpe de estado. Já se prestaram a esse papel o general Braga Neto, que foi vice na chapa de Bolsonaro, o general Augusto Heleno, ministro do GSI, e o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, insinuou que algumas urnas estariam com problemas, o que justificaria um pedido de providências ao TSE.

Ao contrário do que diz o presidente do partido de Bolsonaro, o próprio TCU e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) atestaram a segurança das urnas eletrônicas e a veracidade do resultado das eleições presidenciais.

Como mostrou o Estadão, o Alto Comando do Exército acatou o resultado das urnas. O ministério da Defesa, contudo, loteado por bolsonaristas, também atua para manter a esperança dos manifestantes.

Em uma publicação no Twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT) afirmou que protocolará um pedido de convocação para que o ministro Augusto Nardes explique suas declarações, que se enquadrariam em "conspiração golpista".

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) expressou pelo Twitter que o número de bloqueios totais de rodovias pelo Brasil caiu de 18 para 9. Segundo a PRF, contudo, subiu de 9 para 20 as interdições parciais em estradas, enquanto que aumentou de 1173 para 1180 as manifestações desfeitas por apoiadores do atual presidente da República.

Segundo a PRF, os bloqueios ocorrem nos seguintes municípios: União da Vitória (PR), Sorriso (MT), Itaituba (PA), Novo Progresso (PA), Campo Novo do Parecis (MT), Sapezal (MT) e Sinop (MT).

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Caminhoneiros bolsonaristas organizam greve e novas interdições em estradas, nesta sexta-feira (18), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar o bloqueio de contas de empresários suspeitos de financiar os atos antidemocráticos do início de novembro. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa que novamente há obstruções em rodovias federais. Até o momento, há 6 vias com fluxo totalmente interrompido. Rondônia é o Estado que mais concentra bloqueios. Em Mato Grosso, há três pontos de interdição parcial.

Áudios que circulam em grupos bolsonaristas dão conta de caminhoneiros que sugerem "trancar" as rodovias e, inclusive, resistir à ação policial. Uma pessoa não identificada afirma que pode não desistir do ato mesmo se levar tiros de borracha. Os áudios sugerem obstruir vias em municípios de Mato Grosso, como Sinop e Campo Novo do Parecis, a partir do meio-dia desta sexta-feira.

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O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotivos (Abrava), Wallace Landim (conhecido como Chorão), afirmou ao Estadão que a categoria não apoia os bloqueios, que, segundo ele, são planejados por uma pequena parcela de caminhoneiros. "Não é um movimento dos caminhoneiros, é uma ala extremista (...) está sendo cometido um crime", disse.

Há, ainda, a suspeita de que os bloqueios estejam sendo encorajados pelos empregadores desses motoristas, no caso daqueles que trabalham para as empresas que tiveram suas contas bloqueadas pelo STF. Se confirmada, a prática caracteriza locaute e prevê responsabilização legal.

A Abrava admitiu acionar a Justiça para pedir indenização aos caminhoneiros autônomos que sejam impedidos de circular pelas rodovias. "Eu já ouvi caminhoneiro autônomo falando que ‘vai passar por cima’, isso é perigoso", afirmou Chorão.

Na primeira semana de novembro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) foram responsáveis por bloquear total ou parcialmente mais de mil trechos de rodovias federais e estaduais. Também tem sido comum que manifestantes façam protestos na entrada de comandos militares. Os atos são contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas e pedem que haja uma "intervenção federal" para impedir a posse do petista.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ao Banco Central que bloqueie contas de dez pessoas e 33 empresas diante da possibilidade de financiamento de "atos ilícitos e antidemocráticos" que bloquearam rodovias em todo o País após a derrota do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), nas urnas para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o magistrado, a medida era "adequada e urgente" e tem o objetivo de "interromper a lesão ou ameaça a direito".

Alexandre de Moraes ainda determinou que a Polícia Federal colha os depoimentos de todos os listados no despacho em até dez dias. Os investigadores também deverão apontar as diligências que entenderem necessárias para aprofundar as apurações.

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No despacho, o ministro do Supremo relata que informações prestadas pela Polícia Rodoviária Federal indicam que empresários estariam financiando os atos considerados antidemocráticos "com fornecimento de estrutura completa (refeições, banheiros, barracas, etc…) para a manutenção do abuso do direito de reunião, além do fornecimento de diversos caminhões para o reforço da manifestação criminosa".

Alexandre entendeu que o "potencial danoso" dos atos ilícitos foi "potencializado" em razão da condição financeira dos empresários apontados como envolvidos. Segundo o ministro, eles possuem "vultosas quantias de dinheiro" e comandam empresas de grande porte, com milhares de empregados.

"Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas", escreveu o magistrado.

O relator do caso apontou "abuso reiterado do direito de reunião, direcionado, ilícita e criminosamente, para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção".

"Efetivamente, o deslocamento inautêntico e coordenado de caminhões para Brasília/DF, para ilícita reunião nos arredores do Quartel General do Exército, com fins de rompimento da ordem constitucional - inclusive com pedidos de "intervenção federal", mediante interpretação absurda do art. 142 da Constituição Federal - pode configurar o crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)", alertou.

O despacho é datado do último sábado (12) e consta dos autos de uma petição derivada do inquérito 4879, que se debruça sobre a organização de manifestações antidemocráticas no dia da Independência em 2021.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o diretor-geral da Polícia Rodoviária, Federal Silvinei Vaques, requereu relatórios detalhados com identificação de veículos envolvidos em bloqueios de rodovias após observar que o modo de agir identificado na investigação citada é semelhante à dos atos registrados após a proclamação do resultado das eleições deste ano, com a derrota de Bolsonaro.

A informação é reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que indicou que a petição em questão foi aberta "em razão da ocorrência, após a proclamação do resultado das Eleições Gerais de 2022 pelo Tribunal Superior Eleitoral, de diversos atos antidemocráticos, nos quais grupos de caminhoneiros, insatisfeitos com o resultado do pleito, passaram a bloquear o tráfego em diversas rodovias do país, em modus operandi semelhante ao verificado nestes autos (o inquérito 4879), nos Feriados da Independência de 2021 e 2022".

Veja a lista dos alvos do bloqueio:

Agritex Comercial Agricola Ltda

Agrosyn Comercio e Rep. de Insumos Agric

Airton Willers

Alexandro Lermen

Argino Bedin

Arraia Transportes Ltda

Assis Claudio Tirloni

Banco Rodobens S.A.

Berrante de Outo Tranportes Ltda

Cairo Garcia Pereira

Carrocerias Nova Prata Ltda

Castro Mendes Fabrica de Peças Agricolas

Ceramica Nova Bela Vista Ltda

Comando Diesel Transp e Logistica Ltda

Dalila Lermen Eireli

Diomar Pedrassani

Drelafe Transportes de Carga Ltda

Edilson Antonio Piaia

Fermap Transportes Ltda

Fuhr Transportes Eireli

Gape Serviços de Tranportes Ltda

J R Novello

Kadre Artefatos de Concreto e Construção

KNC Materiais de Construção Ltda

Leonardo Antonio Navarini & Ltda

LLG Tranportadora Ltda

M R Rodo Iguaçu Transportes Eireli

Muriana Transportes Ltda

MZ Tranportes de Cargas Ltda

P A Rezende e Cia Ltda

Potrich Transportes - Ltda

Rafael Bedin

Roberta Bedin

Sergio Bedin

Sinar Costa Beber

Sipal Industria e Comercio Ltda

Tirloni E Tirloni Ltda-Me

Transportadora Adrij Ltda Me

Transportadora Chico Ltda

Transportadora Lermen Ltda - Epp

Transportadora Rovaris Ltda

Trr Rio Bonito T. R. R. Petr. Ltda

Vape Transportes Ltda

A Polícia Civil de São Paulo entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um dossiê de 168 páginas com informações e identificação de líderes e patrocinadores de atos considerados antidemocráticos. O documento cita políticos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e indica até chaves Pix que teriam sido usadas para financiar bloqueios de rodovias.

O relatório foi levado à Corte por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Os agentes apontaram um grupo do Telegram batizado "Resistência Civil", no qual o representante de um "movimento" chamado "Brasil nas Ruas" pede, em vídeo, doações para manter os atos em Brasília.

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Segundo a corporação, o grupo foi identificado durante "ações de coleta de dados em fontes abertas e redes sociais com o objetivo de identificar financiadores de atos antidemocráticos no entorno de instalações militares do Exército". As manifestações começaram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Polícia Civil simulou uma transferência para a chave Pix citada na gravação publicada no grupo "Resistência Civil", chegando a uma empresa de nome Goiás Entretenimento. Os agentes ainda citam um website do suposto grupo, ligado a Leandro Muniz Ribeiro, "político conhecido como Leandro Fox, ligado ao partido Democracia Cristã".

Em Bauru, os agentes que monitoraram grupos do WhatsApp sobre o bloqueio na Rodovia Marechal Rondon destacaram uma foto na qual "pode constar dados de pessoa que poderia estar coordenando/financiando a manifestação". A imagem registra um cartaz com a inscrição "Brasil Colaboração", uma chave Pix e o nome Michele Gomes.

No relatório, a Polícia Civil, sob comando do delegado-geral Osvaldo Nico Gonçalves, apresenta também políticos do interior. Como mostrou o Estadão, documentos indicam na liderança dos atos políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro.

A reportagem buscou contato com os citados, mas não obteve resposta.

Relatórios enviados pelas polícias Militar, Civil e Federal e pelo Ministério Público nos Estados ao Supremo Tribunal Federal (STF) indicam o perfil dos líderes e financiadores dos protestos com mensagens antidemocráticas que resultaram em bloqueios de estradas após as eleições e concentrações próximas a instalações das Forças Armadas pelo País.

Os documentos foram produzidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes e reúnem fotos, levantamentos sobre os alvos e detalhes a respeito do trabalho em curso para desmobilizar as manifestações. As primeiras informações foram divulgadas pelo site SBT News. A reportagem do Estadão teve acesso aos documentos encaminhados pelos órgãos de segurança ao STF.

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Os relatórios citam políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro. Eles não são acusados de crimes, mas poderão ser investigados criminalmente.

Os relatórios com base em dados colhidos nos pontos de manifestação citam o protagonismo dos líderes, identificam os donos de veículos usados para bloquear vias e os responsáveis por alugar banheiros químicos e carros de som. Os investigadores também buscaram dados nas redes sociais, em que algumas pessoas se identificaram como lideranças ao divulgar os protestos.

Desde o resultado do segundo turno das eleições, manifestações convocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) questionam o resultado das urnas. Concentrações mantidas nas sedes de comandos militares foram engrossadas ontem, no feriado de Proclamação da República. Os manifestantes defendem ações contra o STF e fazem pedidos de intervenção federal.

'Extremistas'

Na noite de segunda-feira, 14, após ser alvo de manifestantes em Nova York, Moraes publicou no Twitter que "o povo se manifestou livremente e a democracia venceu!". "O Brasil merece paz, serenidade, desenvolvimento e igualdade social. E os extremistas antidemocráticos merecem e terão a aplicação da lei penal."

Relatório de inteligência da PM do Acre aponta, por exemplo, que dois fazendeiros locais estariam entre os financiadores dos atos em defesa de intervenção das Forças Armadas contra o resultado da eleição.

Em Goiás, empresários donos de uma panificadora, um ex-vereador de São Miguel do Araguaia, um corretor e candidato derrotado a prefeito da cidade em 2020 são citados pela Polícia Civil como líderes de bloqueios na zona rural.

No Maranhão, dois candidatos a deputado estadual - um investigador de polícia lotado na Secretaria de Segurança Pública do Estado e um líder do movimento Patriotas do Asfalto SLZ - foram apontados como responsáveis pelas manifestações em frente ao quartel do 24.º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em São Luís.

Um dos líderes do Movimento Direita BH e um comerciante foram os principais articuladores dos atos em Minais, diz o relatório. Empresários são citados como líderes e organizadores, fornecendo alimento e água para os manifestantes no Paraná.

No Rio Grande do Sul, o documento da Polícia Civil do Estado cita um PM aposentado, um representante do movimento Direita RS, um deputado federal eleito e uma agente penitenciária como organizadores e incentivadores de protestos no Estado. A Polícia Civil também monitorou as redes sociais de agentes públicos que, segundo o documento, tiveram "intensa atividade".

Em Santa Catarina, um empresário, dono de uma produtora de erva-mate, é apontado como um dos financiadores dos protestos locais, segundo o documento enviado ao STF.

Mobilização

Nesta terça, 15, o feriado de Proclamação da República fez com que aumentasse o número de apoiadores de Bolsonaro que protestam contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo e o Comando Militar do Sudeste, na capital paulista.

Às 15h, o grupo aderiu ao ato conjunto organizado em diferentes cidades do País e fez uma oração conjunta. Centenas de pessoas se ajoelharam em frente ao portão do comando e proferiram preces cristãs.

Em Brasília, manifestantes se reuniram em frente ao Quartel-General do Exército. Com carro de som, faixas e cartazes, eles clamaram por intervenção das Forças Armadas no poder, o que é inconstitucional, e declararam plano de "impedir a posse" de Lula. Jornalistas do grupo Jovem Pan foram hostilizados e deixaram o local.

Ao menos 30 caminhões sem caçambas foram usados para fechar em alguns momentos todas as 16 faixas da Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. O protesto ocorreu em frente ao Comando Militar do Leste. (COLABORARAM ANANDA MÜLLER, FELIPE FRAZÃO, WILTON JUNIOR, PEDRO KIRILOS, VINICIUS NEDER E CARLOS EDUARDO CHEREM)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O general da reserva Eduardo Villas Bôas saiu em defesa das manifestações que estão sendo realizadas pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo que as demandas dos militantes, que não reconhecem o resultado das urnas, sejam antidemocráticas, o general defende que os atos são contra os "atentados à democracia".

Na nota, divulgada em suas redes sociais, Villas Bôas diz que as pessoas que hoje se encontram reunidas em frente de quartéis pedindo uma "intervenção federal", após a vitória de Luiz Inácio da Lula (PT), lutam pela independência dos poderes, as ameaças à liberdade, e devido às "dúvidas sobre o processo eleitoral".

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Segundo Villas Bôas, a população tem pedido "socorro" às Forças Armadas. O general também criticou a imprensa por tentar "ignorar" as manifestações.

"Com incrível persistência, mas com ânimo absolutamente pacífico, pessoas de todas as idades, identificadas com o verde e o amarelo que orgulhosamente ostentam, protestam contra os atentados à democracia, à independência dos Poderes, ameaças à liberdade e as dúvidas sobre o processo eleitoral", diz a mensagem.

O texto também destaca o trabalho das Forças Armadas, com elogios à fiscalização realizada pelos militares no processo eleitoral - que não encontrou nenhum indício de fraude na disputa -, e aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, que, segundo ele, demonstraram "apego aos princípios e valores militares, bem como ao texto constitucional".

Os comandantes assinaram uma nota conjunta na qual defendiam a garantia de manifestações pacíficas e condenaram "restrições a direitos por parte de agentes públicos" e "excessos cometidos" em atos pelo País.

Villas Bôas foi o centro de uma polêmica em 2018, quando fez uma postagem no Twitter sobre impunidade no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava um pedido de habeas corpus de Lula. A publicação foi interpretada em tom de ameaça.

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) pediu o afastamento imediato do diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, por 90 dias. O órgão afirma que ele fez uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O documento cita a "intenção clara" de promover "verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais".

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O MPF lista entrevistas e discursos do chefe da Polícia Rodoviária Federal em eventos oficiais que, na avaliação do procurador Eduardo Benones, associaram a imagem dele à "instituição PRF" e ao presidente no período eleitoral. A ação cita ainda o uso "símbolos" e da imagem da corporação para favorecer a campanha bolsonarista.

A Procuradoria do Rio lembra que Vasques chegou a pedir votos para Bolsonaro nas redes sociais na véspera do segundo turno. O órgão defende que o episódio não pode ser "dissociado" do "clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE".

"Os sucessivos atos praticados pelo requerido, sobretudo o pedido de 'Vote 22 - Bolsonaro Presidente' na véspera do segundo turno da eleição, para além de configurar ilícito eleitoral, importa no reconhecimento do uso ilícito do mais importante cargo da hierarquia da Polícia Rodoviária Federal, para favorecer determinado candidato, violando de morte os princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade", diz um trecho da ação de improbidade administrativa por suposta violação dos princípios da legalidade e da impessoalidade.

A PRF abordou veículos no dia do segundo turno, mesmo após a Justiça Eleitoral proibir operações relacionadas ao transporte de eleitores, o que levou o Ministério Público Federal a abrir um inquérito para apurar a conduta de Vasques. A investigação também vai analisar se houve demora deliberada para desmobilizar os protestos bolsonaristas nas rodovias que bloquearam as estradas federais após a derrota de Bolsonaro.

COM A PALAVRA, A PRF

A reportagem entrou em contato com a corporação em busca de um posicionamento do diretor-geral e ainda aguardava resposta até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação.

O feriado em comemoração à Proclamação da República, nesta terça-feira, 15, fez com que aumentasse o número de apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que protestam contra a vitória nas eleições presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Avenida Srg. Mario Kozel Filho, entre o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo e o Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista.

Os manifestantes bolsonaristas ocupam o local desde a divulgação do resultado do segundo turno da eleição presidencial.

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O fluxo de pessoas varia conforme o dia e o horário e cresceu nesta terça-feira, devido ao feriado. "Nação brasileira implora por socorro. SOS Forças Armadas", diz uma das faixas, enquanto manifestantes gritam "SOS Forças Armadas".

Apoiadores de Bolsonaro dizem não reconhecer o resultado das urnas. Muitos alegam fraude eleitoral e pedem intervenção militar.

Após Bolsonaro publicar um vídeo em que pedia a desobstrução de estradas na semana retrasada, apoiadores tomaram o discurso como um pedido para trocar as rodovias pela porta dos quartéis.

No Rio, os manifestantes estão reunidos em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste (CML), responsável pelo Exército Brasileiro no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo, na Avenida Presidente Vargas, no Centro da cidade.

Em Brasília, o governo do Distrito Federal impediu o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios e mantém bloqueado o acesso de pedestres à Praça dos Três Poderes, onde fica a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Corte é o principal alvo dos ataques de manifestantes bolsonaristas. O bloqueio, evita que caminhões que estão estacionados ao lado do Quartel General do Exército consigam se deslocar para as imediações do STF.

Manifestantes bolsonaristas prepararam uma espécie de manual para evitar que sejam acusados de "golpistas" durante os atos convocados para este feriado, de 15 de novembro, em frente aos quartéis do Exército. A estratégia é desvincular o movimento de um ato criminoso.

Em Brasília, há um acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército. O grupo é formado por apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições presidenciais, e defende a intervenção militar para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é inconstitucional.

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Os manifestantes, contudo, resolveram defender publicamente pautas mais genéricas, como o apoio à "liberdade de expressão", ao poder soberano do povo e pedidos de "socorro" às Forças Armadas. Em frente ao QG também há faixas com mensagens como "SOS Forças Armadas" ou "Exército nos salve".

Em grupos que organizam as manifestações, há mensagens orientando como deve ser o protesto. Eles alertam para possíveis infiltrados e até para a presença da imprensa no acampamento.

Os organizadores pedem para que as declarações fiquem claras: não à censura; ilegitimidade nas urnas; justiça; e não à corrupção.

Apesar dos questionamentos bolsonaristas ao resultado da eleição, a Justiça Eleitoral atestou a segurança do processo e a transição de governo está em curso.

A palavra "intervenção" tem sido evitada. Apesar disso, todos os atos se dirigem aos militares e o acampamento em Brasília está montada numa praça em frente ao QG do Exército.

Outra mensagem enviada aos manifestantes traz um "ponto a ponto" com orientações, como não sair de frente dos quartéis, não ir para a frente do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e "não fazer baderna".

O governo do Distrito Federal vai impedir o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios e manterá bloqueado o acesso de pedestres à Praça dos Três Poderes, onde fica a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os manifestantes bolsonaristas também tentam desvincular os atos da influência do presidente Jair Bolsonaro, e pedem para que imagens e temas da campanha de Bolsonaro não fiquem expostos.

A futura primeira-dama do Brasil Rosângela da Silva, a Janja, avalia a possibilidade de "ressignificar o conteúdo do que é ser uma primeira-dama". Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, a mulher do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou a intenção de ser ativa durante o próximo governo, com um "papel mais de articulação com a sociedade civil".

Durante a entrevista, que será veiculada pelo Fantástico na noite deste domingo, Janja comentou os desafios da campanha e o relacionamento que teve com Lula enquanto o ex-presidente estava preso.

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Como mostrou o Estadão, Janja e Lula se conhecem desde a década de 1990, nos tempos das Caravanas da Cidadania, quando o petista percorria o País para discutir políticas públicas. Mas, o namoro começou oficialmente quando o petista já estava preso na Polícia Federal de Curitiba. Segundo ela, na entrevista deste domingo, esse foi um período de "esperança e muito amor".

"Tem muitas cartas muito felizes e tem muitas cartas muito tristes, porque realmente teve momentos muito difíceis desses 580 dias", relata a socióloga. Lula e Janja casaram-se em maio, em uma cerimônia com amigos e familiares durante a pré-campanha do ex-presidente.

Na conversa com as jornalistas, a futura primeira-dama também se emocionou lembrando da morte da mãe por covid-19 e falou sobre a programação para a posse de Lula, em 1º de janeiro. "Eu vou estar feliz e, com certeza, eu vou cantar."

O Estadão já mostrou que a futura primeira-dama planeja uma posse pouco convencional, com o presidente eleito subindo a rampa do Palácio do Planalto ao lado de "Resistência", a vira-lata que passou os 580 dias da prisão do petista em vigília diante da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. A socióloga pensa, também, em contar com pessoas comuns, sem cargos, para entregarem a faixa presidencial para Lula, no Parlatório do Planalto.

Logo depois da entrevista, Janja recebeu uma ligação de Lula e brincou com as jornalistas. "Ele estava mais nervoso do que eu", disse.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estendeu para todo o País, a ordem para que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as Polícias Militares dos Estados desobstruam vias em todo País bloqueadas por bolsonaristas inconformados com o resultado das urnas. O ministro viu 'persistência de atos criminosos, contrários à democracia, ao Estado de Direito, às Instituições e à proclamação do resultado das eleições'.

A decisão estabelece que todos os veículos utilizados nos atos, em todo território nacional, sejam identificados e multados em R$100 mil por hora, conforme a decisão chancelada pelo STF. O magistrado ainda determinou a identificação de empresas e pessoas que conferem apoio logístico e financeiro aos atos que seguem interditando vias.

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No despacho, Alexandre diz ter levado em consideração diversa informações juntadas aos autos no processo no qual o Supremo, por unanimidade, determinou à PRF, à PF e às PMs que adotassem todas as medidas necessárias para desobstruir vias tomadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. No bojo do processo, Alexandre tem recebido petições de órgãos de diferentes Estados noticiando bloqueios verificados mesmo após a decisão da Corte máxima.

No Acre, por exemplo, o ministro atendeu pedido do Ministério Público estadual e determinou a liberação de vias que circundam o quartel do Exército em Rio Branco e ainda multou fazendeiros que estariam bancando churrasco para os manifestantes. Já no Distrito Federal, determinou a desobstrução de vias após a notícia de que 115 caminhões estavam se dirigindo a Brasília para 'reforçar os atos antidemocráticos'.

Assim como em tais decisões, Alexandre apontou no despacho assinado nesta sexta-feira, 11, que a atuação das polícias deve 'resguardar a ordem no entorno e,

principalmente, a segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento ilegal que porventura venham a se posicionar em locais inapropriados em vias públicas ou no entorno de prédios públicos'.

Ao final do documento, Alexandre ainda determinou que sejam juntados aos autos do processo sobre os bloqueios bolsonaristas informações prestadas pelos procuradores-gerais de Justiça de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. Segundo o ministro, os dados dos chefes dos Ministérios Públicos estaduais 'identificam pessoas jurídicas e físicas que, ilicitamente, vem financiando a ocorrência de atos criminosos e antidemocráticos'.

A seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil começou nesta quinta, 10, a notificar extrajudicialmente pessoas que repassaram listas de boicote a advogados por motivações ideológico-partidárias após o segundo turno das eleições presidenciais.

De acordo com o vice-presidente da instituição, Leonardo Sica, caso a pessoa notificada não interrompa a conduta, poderá ser processada pela Ordem.

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A medida faz parte de uma articulação da entidade para prestar apoio jurídico a profissionais que estejam sendo prejudicados por essas listagens.

Até o momento, ele revela que algumas dezenas de notificações já foram enviadas e que a maioria dos casos tem acontecido em cidades menores, no interior de São Paulo. Há relatos de Mirandópolis, Araçatuba, Barretos, Taubaté, Jaboticabal, Sorocaba e Santa Rita do Passa Quatro.

Apesar das listas de boicote circularem a respeito de diversas categorias profissionais, 'avaliamos que o risco para a atividade profissional do advogado é maior. No final do dia, quem passa na frente de uma padaria não vai de deixar comprar pão por causa de uma lista ideológica. Já o advogado tem um vínculo de confiança com o cliente', explica o vice-presidente. "Nós vimos que há um ilícito civil - um dano moral e um material."

Contudo, Sica explica que o propósito das notificações é que as listagens parem de circular e que seus autores ou disseminadores 'eventualmente se retratem'.

"Nossa intenção não é judicializar e nem punir. Só queremos que pare. Criticar uma pessoa por causa da posição política é liberdade de crítica. Mas pedir que ela não seja contratada profissionalmente é algo que passou do limite", conclui o vice-presidente.

VEJA COM EXCLUSIVIDADE O CONTEÚDO DA NOTIFICAÇÃO DA OAB/SÃO PAULO

A seccional paulista da OAB compartilhou com exclusividade com o Estadão o conteúdo da notificação que está sendo enviada aos transmissores das listagens de boicote. Confira:

"Repúdio a respeito do compartilhamento de lista e tentativas de boicotes a escritórios, advogadas e advogados que estão sendo assinalados por motivos ideológicos partidários

Como se sabe, é finalidade legal da Ordem dos Advogados do Brasil a defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito, da boa aplicação das leis, do aperfeiçoamento das instituições jurídicas, bem como a proteção dos advogados em toda a República (Art. 44, I e II da Lei nº 8.906/94), além da representação e amparo, em juízo e fora dele, dos interesses coletivos ou individuais dos advogados (Art. 54, inciso II, do mesmo diploma legal) e de suas prerrogativas (Art. 54, inciso III, da mesma lei).

Os fatos narrados corroboram em clara violação aos ditames do artigo 5º, inciso XIII e art.170, parágrafo único da Constituição da República/88, que ofendem o livre exercício profissional ou a livre iniciativa ou concorrência, que devem se dar nos termos da lei.

Ademais, os referidos compartilhamentos possuem os pressupostos necessários à responsabilização civil, na medida em que propiciaram, incentivaram e mesmo deram causa às insinuações e citações depreciativas conferidas aos profissionais do direito, isto porque, ferem o direito da personalidade dos profissionais citados, caracterizando danos extrapatrimoniais, na modalidade de dano moral, sujeitos a reparação integral, sem prejuízo da responsabilidade por lucros cessantes e danos materiais, que possam ser caracterizados por eventual perda de clientes, ocasionadas diretamente pelas injúrias/difamações identificadas.

O compartilhamento ainda, ocasiona o ressarcimento dos danos morais coletivos sofridos, diante do evidente dano causado à sociedade e à classe dos advogados, como medida necessária a fim de, mais que reparar o dano causado, coibir a prática do ato ilícito.

Assim, aguarda-se a imediata cessação do compartilhamento das referidas listas, de todos meios de comunicação, sob pena de identificação e responsabilização dos envolvidos, com atuação desta Entidade."

A pedido do Ministério Público Federal, a Polícia Federal abriu um inquérito, na quinta-feira (10), para investigar o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. O chefe da corporação entrou na mira da Procuradoria sob suspeita de prevaricação, violência política e omissão. A investigação será conduzida pela Superintendência da PF no Distrito Federal.

A investigação vai se debruçar sobre a conduta de Silvinei em meio à desmobilização de atos que bloquearam estradas federais após a derrota do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), nas urnas. Além disso, vai analisar a atuação do chefe da PRF diante das abordagens da corporação no segundo turno no pleito sob o pretexto de transporte irregular de eleitores.

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O Tribunal Superior Eleitoral proibiu operações relacionadas ao transporte público de eleitores no dia do pleito, mas a PRF fez ao menos 560 operações, com foco no Nordeste. Os casos foram denunciados por eleitores nas redes sociais.

A investigação sobre o diretor-geral da PRF foi requisitada a pedido de membros da 2.ª e da 7.ª Câmaras da Procuradoria Geral da República (PGR), compostas por subprocuradores-gerais da República. Eles apontaram "má conduta" na gestão da corporação e possível desvio de finalidade visando "interferir no processo eleitoral".

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Silvinei Vasques pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais na véspera do segundo turno. A publicação foi apagada após a repercussão na imprensa.

Em Casca, cidade no interior do Rio Grande do Sul, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a estimular comerciantes que supostamente tenham votado em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a identificar seus estabelecimentos com estrelas vermelhas nas fachadas. A ideia remete ao boicote a estabelecimentos de judeus promovido pelo nazismo na Alemanha e está sendo difundida nas redes sociais e por grupos de WhatsApp.

Além de um modelo de estrela com a sigla do PT, estão sendo repassadas na cidade listas com os nomes dos empresários que teriam votado no ex-presidente. O caso chegou ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, que está analisando a denúncia na Promotoria Eleitoral.

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A advogada Marciana Tonial Radin está entre os nomes que figuram na lista que circula em Casca. Agora, ela presta auxílio jurídico para outros empresários. "Estou orientando a registrar boletim de ocorrência. Muitas pessoas que estão na lista são eleitores do Bolsonaro. Só que como não participaram de manifestações a favor dele, estão pensando que são petistas", afirma.

Além de identificar as lojas de supostos eleitores do PT, apoiadores de Bolsonaro pedem que a população compre apenas em locais que "pensem como você".

Casca fica a 227 quilômetros de Porto Alegre. Bolsonaro teve na cidade 72,28% dos 6.305 votos válidos no segundo turno.

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