Tópicos | antipetismo

O ex-governador do Ceará e novamente pré-candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), lançou, nesta segunda-feira (11), o episódio de número 16 da série "Da alma para o coração". Com tom de campanha para as Eleições 2022, o novo vídeo do quadro voltou a apresentar o teor antipetista, com críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o seu governo no passado. Com a chamada "Lula com os mesmos de sempre", Gomes diz que o petista não pediu desculpa pelos seus erros e induz o eleitor à reflexão sobre a governabilidade do petista.

"Se você pensa em apoiar Lula por causa do que ele fez no passado, talvez fosse o caso de refletir mais profundamente. Você acha que ele terá condições de governar bem nos dias de hoje? Lembre que o Brasil mudou muito e Lula não renovou as ideias. Será que ele se corrigiu e não vai repetir os erros terríveis que você só descobriu depois? O pior é que você nunca viu ele pedir perdão pelos erros e está vendo ele se juntar, de novo, às mesmas pessoas”, disse.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

O patrono do Partido dos Trabalhadores tem o período de pré-campanha marcado por encontros dentro e fora do seu espectro político, por ter adotado um discurso que envolve não apenas a vitória nas eleições, mas "chance de governar sem impasses"; além do interesse em formar uma frente ampla antibolsonarista. Em maio deste ano, o sindicalista teve encontros com o tucano Fernando Henrique Cardoso, e até mesmo com o clã dos Sarney, para viabilizar diálogo com o MDB.

De acordo com a pesquisa mais recente do Genial/Quaest para as presidenciais, Lula segue liderando as intenções de voto, em todas as simulações, com 45% da preferência na média espontânea. O presidente Jair Bolsonaro surge em seguida, com estáveis 26%, e Ciro Gomes subiu 2% no índice, saindo dos 8% para 11%.

Nova pesquisa do Instituto Ipec, divulgada nesta segunda-feira (28), revela dados comparativos sobre eleitores de 2018 e suas preferências de voto para as presidenciais de 2022. Segundo os resultados, um terço (34%) dos eleitores de Jair Bolsonaro nas últimas eleições está arrependido e afirma que não votará nele de jeito nenhum no ano que vem. Outros 18% dizem que poderão vir a fazê-lo.

Em contrapartida, o antipetismo entre bolsonaristas apresentou queda e esse declínio também tem refletido na escolha: um em cada quatro (25%) dos eleitores de Bolsonaro em 2018 afirma agora que “com certeza” votará em Lula, enquanto 13% admitem a possibilidade de fazê-lo. Ou seja, 38% dos que votaram em Bolsonaro veem agora o seu principal rival com alguma simpatia.

##RECOMENDA##

Entre os que optaram pelo PT em 2018, o número de arrependidos dispostos a aderir ao bolsonarismo é de 4%. Essa parcela de eleitores do petista Fernando Haddad agora diz que votaria com certeza ou poderia votar em Bolsonaro. Para 93% deles, não há nenhuma chance de apoiar a reeleição do atual presidente. Em resumo, os números mostram que, do lado do PT, o antibolsonarismo continua acirrado. Mas, entre os bolsonaristas de 2018, o antipetismo já não é um tema unificador.

Ainda entre bolsonaristas, 59% dizem que não votariam em Lula de jeito nenhum. Outros políticos têm níveis de rejeição similares. É o caso do tucano João Doria, também com 59%, e de Ciro Gomes, do PDT, com 57%.

Já no lado que optou por Haddad, a rejeição está bem mais concentrada em Bolsonaro. Apenas 41% desses eleitores afirmam que não votariam em Ciro Gomes de jeito nenhum, por exemplo. A taxa de recusa a Ciro é 52 pontos percentuais menor que a de Bolsonaro.

Não apenas entre os eleitores de Bolsonaro há arrependidos. No contingente que votou nulo ou em branco no segundo turno de 2018, metade agora afirma que “com certeza” votará em Lula, e apenas 6% dizem que seguramente optarão por Bolsonaro.

Nos números gerais, divulgados na sexta-feira, 25, a pesquisa Ipec mostrou Lula com 49% das intenções de voto, e Bolsonaro com 23%. Ciro teve 7%, Doria, 5%, e Henrique Mandetta, do DEM, 3%.

Seguindo protocolos de segurança contra o coronavírus, o Ipec entrevistou, presencialmente, 2.002 eleitores em 141 municípios brasileiros. A pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 21 de junho de 2021. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O Ipec foi criado por ex-executivos do Ibope e segue a mesma metodologia do antigo instituto.

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), avalia que atualmente o país vive a onda do antibolsonarismo mais forte do que o antipetismo - um dos fatores que colaborou para a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) como presidente da República.

Ao UOL, Haddad, que também disputou a presidência em 2018, afirma que a gestão Bolsonaro "foi o maior erro da história da República. Daqui a cem anos nós vamos lembrar o erro que nós cometemos", disse.

##RECOMENDA##

O petista assegura ser um "escândalo" o Brasil ser presidido por uma pessoa "da qualidade" de Jair Bolsonaro. 

Sobre quem do PT deve disputar a presidência em 2022, Haddad diz que o seu candidato é o ex-presidente Lula (PT). Essa declaração acontece depois que o próprio ex-prefeito de São Paulo ter afirmado que o ex-presidente havia pedido para ele colocar o "bloco na rua". 

O resultado das eleições municipais deste ano fortaleceram os partidos que compõem o Centrão, que a partir de 2021 vai comandar 2,4 mil cidades do país, o que corresponde a 45% dos municípios brasileiros. Mesmo sendo o sustentáculo do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, esse resultado não se dá por conta de apoios ou trabalhos políticos por parte do chefe do Executivo, que viu seus apadrinhados perderem as eleições nos municípios, muitos já no primeiro turno.

A cientista política Priscila Lapa aponta que o presidente Bolsonaro pode ter aprendido algumas questões em relação a eleição municipal, como por exemplo a falta que uma estrutura partidária faz. Priscila diz que a partir de agora, o presidente pode ter um custo político maior para atrair aliados para a sua base.

##RECOMENDA##

“Ele poderia ter angariado algumas alianças na eleição que facilitassem esse caminho em direção a reeleição dele em 2022. Quem sofre uma derrota são as eleições para os extremos de discurso radical, a ideologia fazendo toda a modelagem”, explica. 

O cientista político e professor da Faculdade Damas, Elton Gomes, explica que Bolsonaro, assim como o ex-presidente Lula, principal líder da esquerda brasileira, enfrentam uma rejeição no país e foram maus cabos eleitorais desse processo político eleitoral de 2020. 

O Centrão, que fez uma grande quantidade de prefeituras e que elegeu a maior parte dos legisladores municipais, que são os vereadores, tornou-se mais importante e hoje, Bolsonaro que se elegeu criticando o Centrão, é cada vez mais dependente dele para sobreviver no cargo, aprovar legislação do interesse do Executivo e para executar a reeleição em 2022. 

O cientista aponta que, muito embora exista uma rejeição ao bolsonarismo verificado nas principais praças do Brasil, isso precisa ser contextualizado. 

“Inicialmente, a gente pode dizer que o presidente da República se prejudicou enormemente pelo fato de não possuir uma legenda, que é algo inédito na história política brasileira. Muito mal assessorado e extremamente inabilidoso do ponto de vista da arena política mais complexa, porque ele vinha de um setor do baixo clero, de um nicho de deputados que lhe permitiu sucessivas eleições, mas nunca fez parte do grande acordo nacional, nunca fez parte do sistema de barganhas e trocas que caracteriza para valer o sistema de presidencialismo de coalizão brasileiro”, diz Elton.

“O outro ponto é que o antipetismo continua com uma força muito expressiva no Brasil. O PT não elegeu nenhum prefeito nas capitais”, complementa.

No entanto, o professor acentua que a rejeição é um dos fenômenos mais importantes das democracias contemporâneas que passam por essa crise de representatividade. “Tome por exemplo o que aconteceu recentemente nos Estados Unidos. A vitória de Joe Biden se deveu, em grande medida, a enorme rejeição a figura polêmica do presidente Donald Trump, que permitiu uma aliança entre todas as forças de esquerda dos EUA. Você tem aqui no Brasil a rejeição sendo um determinante para você saber quem é que vai ser eleito, principalmente em cargos majoritários”, aponta. 

Elton reforça que as redes sociais são um canal para poder compartilhar o ódio e poder manifestar as insatisfações, neste caso do universo político, e isso potencializa o fenômeno da rejeição no Brasil e no mundo.

“Em geral, têm sido eleito no Brasil e no mundo o candidato menos rejeitado, aquele que consegue fazer da sua campanha um instrumento para poder aumentar a rejeição contra o seu adversário e para poder atenuar a rejeição contra si. Isso aconteceu aqui em Recife, com a candidatura de João Campos instrumentalizando a rejeição ao lulopetismo para poder impedir a virada de Marília, que já vinha acontecendo, no segundo turno”, pontua.

Nitidamente fragmentada em Pernambuco, a esquerda conseguiu eleger o prefeito do Recife, João Campos (PSB), neste domingo (29), mas sofrerá as consequências da disputa. O resultado definiu o racha ideológico, já exposto durante a campanha. Antes aliado, o PT perdeu seu protagonismo em todos os recortes, o que lhe impôs o papel de oposição à atual gestão.

Embora as pesquisas dividissem as intenções de voto em 50%, a cientista política Priscila Lapa entende que o resultado no Recife não surpreendeu, visto que o PT acumulou derrotas nas capitais do país. "Isso não foi surpresa, sabe? Ele já vinha nesse movimento de perda de estrutura política e de capital eleitoral desde 2016, passou pela derrota em 2018 e agora ele sequer conseguiu ter candidatos competitivos nos grandes centros urbanos", afirmou, ao apontar que a legenda impôs concorrência apenas em Pernambuco e no Espírito Santo.  

##RECOMENDA##

Na visão da especialista, o enfraquecimento ainda é reflexo dos desgastantes casos de corrupção e da tentativa de se reafirmar sem coligações. Tal condição permitiu que partidos "menos radicais" da ala ideológica, como o PDT, PDB e PSOL, adotassem o discurso antipetista. "O PT perdeu uma conexão com a agenda da sociedade e o voto da classe C. Ele trabalhou políticas de inclusão no processo produtivo, nas universidades e achou que para sempre haveria uma fidelidade desse eleitor", analisou.

Para o cientista político Arthur Leandro, "a campanha de 2020 no Recife pode ter gerado sequelas que inviabilizam a renovação da chapa PT/PSB, que reelegeu Paulo Câmara em 2018". Dessa forma, a 'oficialização' do racha foi evidenciada, por isso ele espera que o PT entregue os cargos dentro do Governo do Estado, visto que a própria candidata Marília Arraes indicou uma nova oposição em Pernambuco.

Considerado o principal reduto da esquerda no Nordeste, a vitória no Recife representa uma sobrevida ao candidato vencedor. "O PSB dependia totalmente da eleição de João Campos no Recife para tentar não ser rebaixado à 'terceira divisão da política nacional'. Digamos que era o jogo do rebaixamento para o PSB", comparou o especialista.

Implodido no cenário local e nacional, o PT catalisou o sentimento de revolta e cansaço do eleitorado. Neste cenário, as urnas favoreceram aos candidatos do Centrão, composto por partidos sem grande inclinação ideológica, "indicando que a tradicional divisão em esquerda e direita tem se mostrado insuficiente para explicar a dinâmica eleitoral do Brasil", assegurou o cientista político.

Frente ao sucesso da aliança PDT/PSB /PCdoB, Leandro indica que possivelmente haverá mais de uma candidatura da esquerda nas eleições presidenciais de 2022. Ele aponta que, embora derrotado, Guilherme Boulos (PSOL) conseguiu mobilizar o eleitorado de São Paulo e ganhou visibilidade como porta-voz contra o bolsonarismo. Por isso, "existe a possibilidade do PSOL ser uma alternativa competitiva nas eleições", complementou.

O antipetismo supera o petismo como força política na cidade de São Paulo. Nada menos que 36% dos moradores não votariam de jeito nenhum no partido - mas, paradoxalmente, a legenda também é a que tem mais simpatizantes na capital (23%), segundo a pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo.

Isso significa que o candidato a prefeito do PT, Jilmar Tatto, tem potencial de crescimento, mas também tem um teto que limita esse avanço. Ele teve apenas 1% na pesquisa Ibope.

##RECOMENDA##

Os antipetistas se concentram mais nas áreas não periféricas da cidade, onde a renda e os níveis de escolaridade são maiores. Quase metade (44%) dos eleitores que se definem como brancos não votariam de jeito nenhum no partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já entre os negros, essa taxa cai para 29%. Na divisão do eleitorado por religião, os evangélicos são marcadamente mais antipetistas que os católicos. No primeiro grupo, 45% rejeitam a hipótese de votar no PT. No segundo, são 34%.

Em nenhum segmento do eleitorado o sentimento anti-PT é tão forte como no bolsonarismo. No universo dos paulistanos que avaliam de forma positiva o governo do presidente Jair Bolsonaro, seis em cada 10 eleitores afirmam que não votariam no partido em nenhuma hipótese.

Na eleição presidencial de 2018, o então candidato Bolsonaro atropelou o PSDB - que por mais de 25 anos havia polarizado a política nacional com o PT - e conquistou uma quase hegemonia no eleitorado antipetista. Às vésperas do primeiro turno, ele tinha 61% dos votos nesse segmento.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu em sua conta no Twitter, neste sábado (9), que a liberdade do ex-presidente vai provocar uma nova reunião de forças antipetistas, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP).

"A revolta e indignação da sociedade com a impunidade volta (sic) à tona novamente com a soltura de Lula. Isso vai criar uma atmosfera em que novamente deixaremos pequenas diferenças de lado e ocorrerá uma união em torno do antipetismo", escreveu Eduardo, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

##RECOMENDA##

Eduardo Bolsonaro, que líder da bancada do PSL na Câmara dos Deputados, também escreveu em sua conta no Twitter que uma eventual obstrução da pauta para pressionar pela votação da PEC 410, que traria à Constituição a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, "não faria sentido" uma vez que a PEC dificilmente seria aprovada pelo Congresso ainda este ano. A votação da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara está prevista para segunda-feira (11).

"Se a obstrução for efetiva, conte comigo na liderança do PSL. Mas o que os técnicos me dizem é que se aprovada na CCJ a PEC 410/2018 (prisão 2ª instância) precisa passar por comissão especial e cumprir prazos regimentais. Ou seja, dificilmente conseguiríamos aprová-la ainda esse ano. Assim, não faria sentido uma obstrução, pois ela não traria nenhuma celeridade para a aprovação da PEC e apenas travaria todas as demais pautas. Se for provado o contrário, mudo meu posicionamento tranquilamente", tuitou o deputado.

A obstrução em prol da PEC 410 foi proposta pelas lideranças do Podemos, Cidadania e Novo. No PSL, novamente, a bancada está dividida. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) tem anunciado em suas redes sociais que o "PSL raiz" está comprometido com a obstrução e diz que 19 deputados do partido já firmaram posição pela obstrução.

Depois de "herdar" a Prefeitura de São Paulo em 2018, com a saída de João Doria para disputar (e vencer) a eleição ao governo do Estado, Bruno Covas começa a construir uma narrativa própria para se candidatar à reeleição em 2020. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e mesmo o atual governador mantêm um discurso que recusa aproximação com a esquerda e o PT, Covas tem procurado se apresentar como moderado e conciliador. "Divirjo de atitudes que o PT teve, mas isso não significa que eu vá fazer um discurso de ódio", disse ele ao Estado. "Não faço uma carreira em cima do antipetismo." Ainda segundo ele, o PSDB não pode mais adiar uma decisão sobre o deputado Aécio Neves, réu na Lava Jato. Covas defende a expulsão do correligionário. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O sr. defendeu a expulsão de Aécio Neves do PSDB. Teme que a permanência dele no partido possa prejudicar sua campanha à reeleição no ano que vem?

##RECOMENDA##

Não tenho bola de cristal, mas prejudicou em 2018. Não tenho a menor dúvida que o resultado abaixo do esperado do PSDB foi por dois motivos. O partido não conseguiu se expressar e mostrar para a população o que pensa. O partido quer governar o País para fazer o quê? O segundo motivo foi ter enfrentado questões como a do Aécio Neves. Não sei se o que aconteceu em 2018 vai se refletir em 2020, mas o partido já apanhou por causa disso.

Mas por que só agora o pedido de expulsão?

-

Tenho falado há muito tempo. O diretório municipal do PSDB, que acabou de ser eleito, resolveu trazer o assunto. Aí o diretório do partido em Belo Horizonte resolveu dizer que eu deveria ir para o conselho de ética. Foi quando disse: ou eu ou ele (Aécio).

O PSDB-SP também pediu a saída do ex-governador Alberto Goldman e do ex-secretário Saulo de Castro. Qual sua posição?

Todo mundo que não acata a decisão partidária precisa se explicar no conselho de ética. Que ele mostre as razões pelas quais fez isso e, se julgado culpado, cumpra as punições previstas no estatuto. O pior de tudo é jogar para debaixo do tapete. Não dá mais para deixar de tomar decisão.

Há uma avaliação de que o PSDB em 2018 deveria ter focado sua narrativa no antipetismo...

Não tem como saber. No final das contas, a população viu que o (então candidato Jair) Bolsonaro estava na frente nas pesquisas e fez voto útil nele. O (Geraldo) Alckmin acabou desidratado nas últimas semanas porque a população ficou com receio de perder o voto. Não sei se bater mais ou menos no PT faria ele ter 35% em vez de 4,5% dos votos.

Como avalia a postura de Bolsonaro e de João Doria de manter o PT como antagonista?

É o estilo de cada um. Eu votei pelo impeachment da Dilma (Rousseff) e fui para a rua. Passei a defender isso dentro da bancada quando ela não tinha certeza. Mas não tenho nenhuma questão pessoal (contra o PT). Divirjo de atitudes que o PT teve, mas isso não significa que eu vá fazer um discurso de ódio. Sou contra isso.

O sr. é antipetista?

Eu diria que sim, mas isso não é um atributo positivo. É uma situação. Não faço uma carreira em cima do antipetismo.

João Doria defende uma guinada liberal e conservadora para o PSDB. Como avalia a possibilidade de uma guinada à direita?

Durante os governos Lula e Dilma, éramos considerados liberais. Agora, no governo Bolsonaro, sou chamado de marxista e comunista. Alguém sempre está à sua esquerda ou direita. A linha do PSDB é que apostamos na parceria com o setor privado. Do ponto de vista social, mantemos nosso compromisso com as políticas sociais. O próprio Doria fez isso. Montou um grande programa de privatização na cidade de São Paulo e criou 18 CTAs (Centros de Testagem e Aconselhamento) para moradores de rua.

O governador muitas vezes fala em nome do partido sem consultar instâncias partidárias.

Ele é a maior liderança do partido hoje. O resultado foi dado pelas urnas em 2018. Doria exerce o mesmo papel de influência que o (Mario) Covas, (José) Serra e Alckmin quando foram governadores.

Doria é o seu candidato à Presidência em 2022 ou deve terminar o mandato em São Paulo?

Ele é o meu candidato à Presidência da República. É o melhor nome do PSDB para 2022.

Qual deve ser a relação do PSDB com o governo Bolsonaro?

Todos que estão no governo foram convidados pessoalmente. Não houve indicação partidária ou adesão da bancada. Eles deveriam, pelo menos, se licenciar do PSDB, já que a sigla tomou decisão de independência em relação ao governo.

Qual a sua avaliação sobre o governo Bolsonaro?

As declarações não são diferentes do que ele falava na campanha. Foi por isso que no segundo turno em 2018 eu anulei meu voto para presidente. Ele foca no grupo político que representa, com discurso de ódio, segregação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assustado com os altos índices de rejeição a candidatos do partido nas eleições deste ano, especialmente em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, o PT encomendou uma ampla pesquisa nacional para identificar as causas e possíveis soluções para o antipetismo.

Ainda nesta semana, a Marissol, empresa responsável por parte das pesquisas que nortearam a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, vai apresentar uma proposta inicial de questionário. A ideia é consultar eleitores em todos os Estados do País e fazer uma bateria de pesquisas qualitativas.

##RECOMENDA##

O resultado vai servir de base para os debates da última etapa do 5º Congresso Nacional do partido, marcada para junho do ano que vem em Salvador (BA). A direção petista e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendem usar o Congresso, instância máxima de decisões do partido, para fazer uma série de reformas, com objetivo de resgatar valores históricos da legenda e reconectar o PT com setores dos quais se afastou nestes 12 anos de poder, como os movimentos sociais e a intelectualidade de esquerda.

A cúpula do PT já tem um diagnóstico primário das causas do antipetismo. Segundo dirigentes, a onda começou nos protestos de junho de 2013, quando militantes petistas foram agredidos em manifestações em São Paulo, tomou corpo durante o processo eleitoral deste ano e continuou depois das eleições, com as manifestações contra a presidente Dilma.

Corrupção

Petistas identificaram os escândalos de corrupção, principalmente o mensalão, como estopim da onda antipetista, mas acreditam que existam outros motivos de ordem ideológica e econômica que precisam ser explicados. Além disso, o PT quer saber se o fenômeno está concentrado em São Paulo ou espalhado pelo País. Existe o temor de que a amplitude das denúncias de corrupção na Petrobras, investigadas na Operação Lava Jato, fortaleça a rejeição ao partido em outros Estados.

Além do impacto eleitoral, a cúpula do partido está preocupada com casos de violência contra militantes, registrados durante e depois das eleições. Segundo dirigentes, setores da direita e da oposição incentivam, via redes sociais, o ódio e o preconceito ao PT, materializado nas manifestações pós-eleitorais. E podem servir como sustentáculo popular para pedidos de impeachment de Dilma, já alinhavados por parte da oposição.

O PT tem dificuldade de entender por que existe uma onda de "intolerância" contra o partido que, nas palavras de um dirigente, é "o que mais combateu a corrupção e mais defendeu os pobres na história do Brasil".

Orientações

Antes mesmo de ter um diagnóstico completo sobre as causas do antipetismo, a direção partidária já estuda soluções. Hoje, o partido realiza em São Paulo uma reunião com os secretários estaduais de Organização da legenda. Uma das orientações será o aumento de filtros para novas filiações. "Temos de selecionar com cuidado", diz Florisvaldo Souza, secretário nacional de Organização do PT. "Além disso, temos que debater formas de distanciamento em relação ao governo."

O PT estuda fazer uma ampla revisão no cadastro de filiados, hoje com mais de 1 milhão de nomes, e enviar recados àqueles que pensam em usar o partido como trampolim para projetos pessoais. No Legislativo, as bancadas serão avisadas que a norma que limita em três mandatos consecutivos a atuação parlamentar será posta em prática.

O questionário da Marissol será apresentado na reunião do diretório nacional do PT, na sexta-feira, 28, e no sábado, 29, em Fortaleza (CE). Além da pesquisa, a direção petista vai definir critérios e aprovar o calendário de debates para a última etapa do Congresso do partido. Com objetivo de aproveitar a onda de militância voluntária, que reapareceu no segundo turno da disputa presidencial, pela primeira vez os debates preparatórios para o Congresso serão abertos a não filiados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando