Tópicos | Comissão Interamericana de Direitos Humanos

O Brasil vai responder como réu na Comissão Interamericana de Direitos Humanospor recusar cirurgia de afirmação de gênero a uma mulher trans de Campinas, interior de São Paulo.

Entre 1997 e 2001, a cabeleireira Luiza Melinho tentou, sem êxito, realizar o procedimento de redesignação sexual no Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas, ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao buscar assistência médica na unidade de saúde, ela foi diagnosticada com depressão e ‘transtorno de identidade sexual’. O sofrimento também motivou uma tentativa de suicídio. Com um ano de acompanhamento, em 1998, ela foi submetida a uma intervenção inicial, com a expectativa de completar os procedimentos. No entanto, mesmo após passar pelo programa de adequação sexual, em 2001, a cirurgia foi cancelada de última hora, o que agravou o estado de depressão da cabeleireira.

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"Eu estava me tratando em todas as especialidades, endócrino, psiquiatria, gineco, psicologia, otorrino. Então houve essa negação, o que para mim foi devastador. Eu vi o mundo desabando", relata Luiza.

Entre os anos de 2002 e 2008, com a ajuda do advogado Thiago Cremasco, o caso foi parar na Justiça, mas o tratamento foi negado por, pelo menos, três vezes. Diante da impossibilidade de cuidado adequado, Luiza fez um empréstimo e pagou a cirurgia por conta própria, em 2005.

Eduardo Baker, advogado e coordenador de justiça internacional da Organização Justiça Global, entidade que também passou a defender Luiza Melinho, explica que o Brasil é signatário de vários tratados internacionais de direitos humanos com obrigações que incluem o direito à saúde.

"Especificamente em relação às pessoas trans, esse direito a saúde também inclui a cirurgia de afirmação de gênero, eventuais procedimentos envolvidos. Todo esse processo de transição será contemplado no direito a saúde", explica o advogado.

O caso Luiza Melinho passou a tramitar no Sistema Interamericano de Direitos Humanos em 2009. Em decisão recente, a Comissão Interamericana concluiu que o Estado Brasileiro não garantiu acesso à saúde a Melinho ao impor obstáculos para acessar a cirurgia solicitada. O advogado da Justiça Global explica as possíveis sanções ao Brasil em caso de condenação.  

"A gente espera que essa reparação inclua também uma reformulação da politica de saúde em relação a pessoas trans para que essa cirurgia, não só a cirurgia, mas todo complexo de procedimentos médicos, esteja contemplado de uma maneira célere, previsível, transparente. Que esse protocolo esteja acessível a todo mundo, que uma pessoa que entre nessa fila tenha noção de quando vai poder passar por determinado procedimento", defende Baker.

Para Luiza Melinho, após mais de duas décadas desde o início das tentativas de reafirmação de gênero pelo SUS, ainda é difícil lidar com a exposição da sua história, a primeira relacionada aos direitos de pessoas trans contra o Brasil em uma corte internacional.

Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania reconhece que a cirurgia de Luiza era a única forma de assegurar o seu direito à vida e sua integridade física. A pasta afirmou que vai cumprir as diretrizes do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

 

Por conta da obrigatoriedade da imunização dos funcionários públicos de Pernambuco e da exigência dos resultados negativos dos testes para a Covid-19 nas igrejas, deputados estaduais denunciaram o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

A denúncia foi feita na tarde desta quinta-feira (7), pelos deputados Alberto Feitosa (PSC), Joel da Harpa (PP) e Clarissa de Tércio (PSC). Para eles, a obrigatoriedade da imunização dos servidores e a apresentação dos comprovantes dos esquemas vacinais ou teste negativo para o vírus nas igrejas violam os Direitos Fundamentais e Humanos.

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Além disso, os parlamentares, que integram a ala mais conservadora e evangélica da Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe), alegam que os cristãos estão sendo perseguidos por parte do governador Paulo Câmara que, para os deputados, está ferindo os princípios constitucionais.

"Sempre deixei claro meu posicionamento favorável à vacina, mas que seja de forma espontânea. Sou contra as políticas ‘nazi-facistas’ do Governo Paulo Câmara em querer forçar as pessoas a se vacinarem contra sua vontade", pontua Alberto Feitosa.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou, nessa sexta-feira (6), uma nota condenando a ação policial em um baile funk em Paraisópolis, na capital paulista, que resultou na morte de nove pessoas no último domingo (1º). A entidade convocou ainda o Estado a reformar seus protocolos de segurança. A CIDH é um órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a promoção e proteção dos direitos humanos no continente americano.

“A comissão condena categoricamente essa ação policial e insta o Estado a iniciar, sem demora, uma investigação séria, imparcial e eficaz dos fatos, orientada a determinar a verdade, assim como a individualização, julgamento e eventual sanção dos responsáveis por esses fatos. Além disso, a comissão lembra ao Estado o seu dever de reparar às vítimas de violência e suas famílias”, diz a nota.

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Para o advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), a manifestação da OEA é “fundamental para pressionar o governo do estado para rever a atuação da polícia de São Paulo com relação aos jovens nos bairros periféricos”.

A comissão reuniu as versões, relatando-as no documento divulgado hoje. Segundo a Secretaria da Segurança do Estado de São Paulo, a ação da polícia militar ocorreu durante uma operação em Paraisópolis, quando dois homens de motocicleta dispararam contra as tropas e fugiram para o baile funk, atirando e gerando tumulto entre os frequentadores do evento.

Ainda segundo relato da comissão, vítimas e testemunhas da tragédia disseram que os policiais teriam fechado a rua onde estava ocorrendo o baile funk, utilizando gás lacrimogêneo e balas borracha contra as pessoas presentes, sem que houvesse um confronto.

“Segundo informações públicas e vídeos disponíveis, os policiais cometeram maus tratos e abusos de maneira indiscriminada contra jovens que se dispersaram na área de atividades culturais. Da mesma forma, a CIDH tomou conhecimento de que o serviço de atendimento médico de emergência que havia sido acionado para prestar atenção imediata às vítimas teria sido cancelado em seguida a pedido dos agentes do Corpo de Bombeiros, com um forte indício de omissão que deve ser rigorosamente investigado”, relatou a comissão.

Segundo a CIDH, durante sua visita ao Brasil, em novembro de 2018, a entidade havia identificado que “em um contexto de discriminação estrutural, as forças policiais também realizam operações focadas em comunidades pobres e com alta concentração de pessoas afrodescendentes sem a observância das normas internacionais de direitos humanos e sem a existência de mandados judiciais”.

A Agência Brasil solicitou posicionamento ao governo paulista sobre a declaração da CIDH, mas o estado informou que não emitiu nota sobre o caso.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou, há algumas semanas, ao Governo brasileiro que tomasse as medidas necessárias para proteger a integridade e a vida do deputado federal Jean Wyllys (PSOL). O parlamentar já contou, por meio das rede sociais, que recebeu diversas ameaças de morte. Em entrevista concedida ao El País, o psolista revelou que a situação chegou a um nível que não anda mais sem escolta.

“Não posso ir a lugar nenhum sem a escolta porque essas são as condições para me proteger, de modo que é como se eu estivesse em cárcere privado sem ter praticado crime nenhum, sendo eu a vítima. Isso tem afetado muito minha saúde física e emocional”, desabafou.

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Wyllys contou que as ameaças de morte aumentaram durante o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff e depois do assassinato da vereadora Marielle Franco. “Me obrigando a pedir escolta oficial e circular em carro blindado, restringindo meus movimentos inclusive durante a última campanha”, disse.

O ex-BBB também disse ao jornal que os opositores o difamam por meio de fake news na tentativa de destruir a sua imagem e para espalhar ódio contra ele e sua família. “Desde o início do primeiro mandato, sou alvo de fake news e campanhas difamatórias que tentam me associar à pedofilia e me colocar como ameaça para as famílias e inimigo de parte da população, particularmente dos cristãos. Para isso, atribuem a mim projetos de lei inexistentes e declarações que nunca fiz, usando vídeos editados, montagens de fotos, notícias falsas e deturpação de informações”, salientou.

Jean ainda falou que a decisão da Comissão Interamericana põe em evidência “a falta de resposta eficaz por parte do Estado brasileiro, que tem sido negligente” em relação aos ataques e ameaças que vem passando.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu um comunicado ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmando que aprovou o pedido dele e concedeu medidas cautelares exigindo que o Estado brasileiro zele por sua vida. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.

A solicitação de proteção foi feita por Jean em outubro, que justificou ter sofrido ameaças de morte. Com a decisão, a CIDH ponderou que o parlamentar está em uma situação de gravidade e urgência, “posto que seus direitos à vida e à integridade pessoal estão em grave risco”.

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“Com isso, a comunidade internacional lança um novo olhar sobre uma situação que vinha sendo ignorada ou minimizada por uns e estimulada por outros”, afirmou o deputado.

No documento em que expede as medidas cautelares, a CIDH aponta que “valora” as providências já tomadas pelo Estado e menciona que a Câmara dos Deputados cedeu carro blindado a Jean, mas o uso só poderia ser contínuo se o psolista pagasse pelo veículo.

A presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Margarette Macaulay, avaliou nesta segunda-feira (5) que seria um retrocesso se o Brasil reduzir a maioridade penal para abaixo dos 18 anos. 

Em visita ao Supremo Tribunal Federal (STF), Margarette Macauley ressaltou que pelas normas vigentes no direito internacional qualquer pessoa abaixo dos 18 anos não pode ser considerada um adulto. “Crianças não devem se encarceradas, a não ser em circunstâncias extremas”, afirmou.

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Questionada sobre se a redução da maioridade penal poderia ser considerada um retrocesso em termos de direitos humanos, ela respondeu que “definitivamente”. Margarette destacou ainda que o Brasil assinou a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, que prevê que a infância vai até os 18 anos.   

Ela lembrou, porém, que o órgão apenas comenta assuntos que tenham potencial de afetar a boa aplicação dos Direitos Humanos nas Américas e não interfere diretamente em questões políticas internas dos países. 

A redução da maioridade penal consta no plano de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, que confirmou nesta segunda-feira (5), em entrevista à TV Band, que pretende levar adiante a proposta. 

Prisões

Margarette Macauley lidera uma comitiva da CIDH que faz uma inspeção no Brasil até a próxima semana. Um relatório preliminar sobre a visita deve ser divulgado em 12 de novembro. Serão examinados diversos pontos relativos aos direitos humanos, entre eles a situação das prisões brasileiras. 

“A comissão, no geral, não está muito feliz com a situação carcerária do Brasil, está bastante insatisfeita”, afirmou a presidente da CIDH. Ela lembrou que o Brasil ficou mal avaliado no último relatório anual da CIDH e que que por esse motivo a comissão resolver realizar uma inspeção no terreno, para avaliar uma possível melhora nos indicadores avaliados pelo órgão. “Parece que pode melhorar”, avaliou ela. 

Audiências de custódia

Segundo o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, a presidente da CIDH fez perguntas específicas sobre três assuntos: o acesso à Justiça no Brasil, a implementação das audiências de custódia e a aplicação do habeas corpus coletivo concedido pela Corte às mulheres grávidas e mães de filhos até 12 anos. 

Ele disse que fornecerá à comitiva todos os dados disponíveis sobre esses assuntos que estão disponíveis no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “No que diz respeito às audiências de custódia, já foram dezenas de milhares de pessoas soltas imediatamente por não terem cometido crime ou por não serem delitos passíveis de encarceramento”, destacou Toffoli. 

Criada em 2015 pelo CNJ, a audiência de custódia prevê que qualquer preso em flagrante deva ser ouvido por um juiz em até 24 horas do encarceramento, ocasião na qual será examinada a necessidade real de detenção.

A Nicarágua convidou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a União Europeia (EU) para investigar a crise sociopolítica que atinge o país e que já deixou pelo menos 200 mortos.

O secretário executivo da CIDH, Paulo Abrão, anunciou que uma equipe técnica chegará à capital do país, Manágua, na próxima terça-feira (26). E que a comissão deverá trabalhar como coadjuvante na investigação de todas as mortes, atos de violência e na identificação de responsáveis.

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Em nota, o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos na América Central informou que a entidade recebeu a carta do governo e que está coordenando a logística para a visita ao país.

O governo nicaraguense também autorizou o acesso de uma delegação da União Europeia de defesa dos direitos humanos, para destravar o diálogo nacional. “Temos a informação de que a UE já recebeu a carta-convite, de acordo com o estabelecido no diálogo nacional”, completou o membro da Aliança e representante dos empresários nicaraguenses, José Adán Aguerri.

A Nicarágua enfrenta há 64 dias a pior crise sociopolítica desde 1980. Os protestos contra o presidente Daniel Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram no dia 18 de abril motivados pelas reformas de seguridade social e se transformaram em manifestações que pedem a renúncia do presidente, em meio a acusações de abuso e corrupção.

A ausência de mulheres e negros no gabinete de Michel Temer foi classificada como "retrocesso" pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA). Em nota divulgada nesta quarta-feira, 18, a entidade também afirmou que a redução, sem justificativa, de recursos destinados a programas sociais representa violação do "princípio da progressividade" previsto em tratado internacional ratificado pelo Brasil em 1996.

A CIDH não se posicionou de maneira explícita sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas observou que o voto e as eleições estão na base da autoridade dos ocupantes de cargos públicos.

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"A designação de um gabinete que não inclui nenhuma mulher nem afrodescendentes deixa excluídos dos mais elevados cargos de governo mais da metade da população do país", afirma a entidade. "A última vez em que o Brasil teve um gabinete sem mulheres ministras foi durante a ditadura militar."

Essa foi a primeira manifestação da CIDH sobre a atual crise política do Brasil. Antes do afastamento de Dilma Rousseff da Presidência, os membros da entidade discutiram a possibilidade de se posicionar sobre o assunto, mas não houve consenso sobre o tom a ser adotado na manifestação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a nota de quarta foi aprovada por unanimidade. A CIDH tem sete comissários, mas o brasileiro Paulo Vannuchi não se manifestou por se tratar de tema ligado a seu país de origem.

Antes do afastamento de Dilma Rousseff do cargo pelo Senado, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, havia criticado a possibilidade de impeachment. Na semana passada, ele anunciou que consultaria a Corte Interamericana de Direitos Humanos - outro organismo da OEA - sobre a legalidade do processo que tramita no Senado contra a petista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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