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O surto de ebola que já matou mais de 1.000 pessoas transformou partes da África ocidental numa zona de batalha, situação que pode durar até mais seis meses, advertiu o Médicos Sem Fronteiras (MSF) nesta sexta-feira (15), mesmo dia em que um outro trabalhador humanitário, que está na Libéria, reconheceu que o número exato de mortos pela doença é desconhecido.

Tarnue Karbbar, que trabalha para o grupo Plan International no norte da Libéria, disse que as equipes de emergência simplesmente não são capazes de documentar todos os casos que surgem. Muitos dos doentes ainda são escondidos dentro de casa por parentes por terem muito medo de ir até os centros de tratamento da doença. Outros são enterrados antes que as equipes possam chegar para identificar a doença, disse ele. No últimos dias, cerca de 75 casos surgiram em apenas um distrito.

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"Nosso desafio agora é colocar em quarentena a região para interromper a transmissão com sucesso", afirmou ele, referindo-se à área de Voinjama. Os centros de tratamento para o ebola estão sendo totalmente ocupados numa velocidade maior do que são montados, prova de que o surto no oeste africano é mais grave do que mostram os números, afirmou um funcionário da Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta sexta-feira.

Nesta sexta-feira, o Médicos Sem Fronteiras comparou a situação a um estado de guerra e disse que o surto pode durar mais seis meses. "Estamos correndo atrás de um trem que segue adiante", disse Joanne Liu, presidente internacional do MSF, em Genebra na sexta-feira. "E é literalmente mais rápido do que estamos fazendo em termos de resposta."

Na quinta-feira, a OMS advertiu que a contagem oficial de 1.069 mortos e 1.975 infectados pode "estar enormemente subestimando a magnitude do surto". A agência da ONU diz que medidas extraordinárias são necessárias "numa escala enorme para conter o surto em ambientes caracterizados pela extrema pobreza, sistemas de saúde disfuncionais, uma grave escassez de médicos e medo desenfreado".

O fluxo de pacientes para cada centro de tratamento recém-aberto é a prova de que as ferramentas oficiais não estão se sustentando, disse Gregory Hartl, porta-voz da OMS, em Genebra. Hartl disse que um centro de tratamento com 80 leitos aberto na capital da Libéria nos últimos dias ficou sem vagas assim que começou a funcionar. No dia seguinte, dezenas de pessoas foram até o local em busca de tratamento.

O ebola causa febre alta, hemorragia e vômito. A doença não tem cura nem um tratamento comprovado e é fatal em pelo menos 50% dos casos, dizem especialistas em saúde. A doença costuma surgir nas regiões leste e central da África, geralmente em comunidades isoladas, onde surtos tendem a ser "autolimitantes", disse Hartl.

Mas o atual surto se espalhou rapidamente para cidades e capitais da Guiné, Libéria e Serra Leoa, o que o torna mais difícil de ser controlado. Fonte: Associated Press.

Os EUA começaram a retirar as famílias de funcionários da embaixada de Serra Leoa nesta quinta-feira (14) citando preocupação com a sobrecarga das instituições médicas. "Não há espaço para atendimentos rotineiros nas principais unidades de saúde por causa do surto de ebola", explicou a porta-voz do Departamento de Estado em nota.

O departamento já havia retirado seus diplomatas da Libéria, na semana passada. Ao mesmo tempo em que as autoridades norte-americanas dizem que as medidas representam uma "abundância de precaução", elas evidenciam a escalada da crise de saúde pública que se instala no Oeste da África.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira que 1.069 mortes causadas pelo ebola foram registradas em Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa. A doença parece estar contida no território nigeriano, mas "nos outros lugares, o surto deve continuar por algum tempo", alertou a OMS. Fonte: Dow Jones Newswires.

Diante da gravidade da epidemia de febre hemorrágica Ebola, que já deixou mais de 1.000 mortos, incluindo a terceira vítima na Nigéria, a comunidade médica internacional aprovou nesta terça-feira (12) o emprego de tratamentos ainda não testados em humanos.

Em uma reunião na segunda-feira, o Comitê de Ética da Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou o uso desses tratamentos, em primeiro lugar, nos países do oeste africano mais atingidos pela doença, no mesmo dia em que morreu um missionário espanhol repatriado da Libéria e que um terceiro morto foi registrado na Nigéria.

Jato Asihu Abdulqudir, de 36 anos, funcionário da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO), morreu em Lagos, capital nigeriana, infectado pelo Ebola, após ter tido contato com o liberiano Patrick Sawyer, morto em 25 de julho no hospital de Lagos onde estava em quarentena.

Uma enfermeira que cuidou do liberiano também morreu na semana passada. Segundo o Ministério da Saúde, foram detectados no país dez casos confirmados da doença, três deles fatais.

"Diante das circunstâncias da epidemia e sob certas condições, o comitê concluiu que é ético oferecer tratamentos - ainda que não tenham eficácia comprovada, assim como os efeitos colaterais - como potencial tratamento, ou de caráter preventivo", afirmou a OMS em nota.

Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou planos para reforçar a resposta global à epidemia de Ebola e colocá-la sob controle, ao mesmo tempo em que pediu que os governos evitem o pânico.

Ban nomeou o médico David Nabarro como coordenador da ONU para o Ebola, encarregado de supervisionar a estratégia mundial de combate à doença.

"Temos de evitar o pânico e o medo. O Ebola pode ser evitado", disse Ban a jornalistas no escritório central da ONU. "Com recursos, informação, ação precoce e vontade, as pessoas podem sobreviver à doença", frisou.

A epidemia de Ebola afeta quatro países do oeste da África desde o começo do ano. Além da Nigéria, até agora o menos afetado, Serra Leoa, Guiné e Libéria enfrentam a epidemia.

- Morte de missionário espanhol -

Até o momento não existe um tratamento de cura, ou vacina contra o Ebola, epidemia que levou a OMS a decretar emergência de saúde pública mundial.

Mas o uso do medicamento experimental ZMapp em dois americanos e em um padre espanhol - que faleceu nesta terça-feira em Madri - infectados com o vírus quando trabalhavam na África provocou um intenso debate ético.

O medicamento, do qual existe pouca quantidade, parece apresentar resultados promissores nos dois americanos, mas o religioso espanhol morreu nesta terça-feira em um hospital de Madri.

Miguel Pajares, de 75 anos, "morreu às 09H28" (04H28 de Brasília), indicou à AFP uma porta-voz do Hospital La Paz-Carlos III. Ele não resistiu à febre, apesar do tratamento experimental.

O missionário, primeiro paciente a ser repatriado à Europa, trabalhava no hospital São José de Monróvia, administrado pela ordem religiosa de São João de Deus.

Trata-se do quarto funcionário deste hospital, fechado desde 1º de agosto pelas autoridades da Libéria, a morrer em dez dias após contrair o vírus.

O comitê condicionou o uso dos tratamentos experimentais a uma "transparência absoluta sobre os cuidados, a um consentimento informado, à liberdade de escolha, à confidencialidade, ao respeito das pessoas e à preservação da dignidade e ao envolvimento das comunidades".

Também estabeleceu "a obrigação moral de obter e compartilhar as informações sobre segurança e eficácia das intervenções", que devem ser objeto de avaliação constante.

O número de mortes provocadas pelo vírus Ebola superou a barreira de mil, com 1.013 óbitos e 1.848 casos registrados (confirmados, suspeitos e prováveis) em Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria, segundo o balanço mais recente da OMS.

O vírus Ebola é transmitido pelo contato direto com o sangue e fluidos corporais humano, ou animal infectados.

Antes mesmo do anúncio da aprovação da OMS, os Estados Unidos prometeram o envio à Libéria, um dos países mais atingidos pela epidemia, do soro experimental ZMapp, disponível em pequena quantidade, para tratar os médicos atualmente infectados.

A empresa americana Mapp Biopharmaceutical, que produz o medicamento, informou na segunda-feira que enviou o estoque para o oeste da África.

Médicos de todo o mundo participaram dos debates da OMS na segunda-feira em Genebra.

De acordo com a organização, em apenas dois dias, entre 7 e 9 de agosto, 52 mortos por Ebola foram registrados, e 69 casos foram relatados.

Houve 11 novos casos e seis mortes em Guiné, 45 novos casos e 29 mortes na Libéria, nenhum novo caso ou morte na Nigéria e 13 novos casos com 17 mortes em Serra Leoa.

Os profissionais da área de saúde são os mais expostos à doença. Sete médicos e um enfermeiro chineses que trataram pacientes com Ebola foram colocados em quarentena nas últimas duas semanas em Serra Leoa, confirmou o embaixador da China em Freetown, Zhao Yanbo.

- Firmeza das autoridades africanas -

Frente a essa situação de emergência, a Libéria reforçou suas medidas de contenção da doença.

A presidente Ellen Johnson Sirleaf anunciou que a província de Lofa (norte) tinha entrado em quarentena, a terceira região abrangida por essa medida de exceção.

Lofa faz fronteira com Guiné e Serra Leoa, dois países atingidos pela epidemia.

Já Guiné-Bissau decidiu nesta terça-feira fechar a fronteira com a Guiné.

O Japão decidiu retirar os seus 24 trabalhadores humanitários que estão em Guiné, Libéria e Serra Leoa.

No Senegal, país vizinho da Guiné, o diretor do jornal "La Tribune", Felix Nzale, foi levado sob custódia policial na segunda-feira por publicar "informações falsas" sobre a presença do vírus Ebola no Senegal.

Em Ruanda, os testes determinaram que um estudante alemão que veio de Ruanda não estava contaminado com Ebola.

A epidemia de ebola que atinge a África Ocidental já matou mais de mil pessoas, de um total de 1.849 casos de infecção, segundo balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizado na noite da segunda (11). Os primeiros casos foram identificados em março, em áreas próximas a florestas do Sul da Guiné, com a morte de 59 pessoas. Especialistas não conseguiram identificar o vírus na origem do surto, cujos sintomas começaram a surgir seis semanas antes do resultados de exames, feitos na França.

Acompanhe a cronologia sobre a doença:

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Março - No dia 27, é registrado o contágio pelo vírus na cidade de Conacri, capital guineense. Quatro dias depois, a Libéria confirma os dois primeiros casos da doença no país.

Abril - No começo do mês, equipes médicas internacionais começam a chegar à Guiné. No dia 8 de abril, a OMS assume que esse surto de febre hemorrágica é o “maior desafio” para os trabalhadores da área de saúde desde que a doença mortal surgiu no Zaire, atual República Democrática do Congo, há cerca de 40 anos.

Maio - No final do mês, Serra Leoa confirma a primeira morte no país. Um mês depois, a OMS diz que a escalada do ebola em Serra Leoa, na Libéria e na Guiné se dá pela “pouca seriedade” com que foi encarado o combate ao vírus na comunidade internacional.

Junho - No dia 23, a organização Médicos sem Fronteiras afirma que o surto está “fora de controle”, com mais de 60 pontos de grande concentração de casos divididos nos três países africanos.

Julho - No início do mês, a OMS alerta que o surto pode continuar por “vários meses”. No dia 25, é registrado o primeiro caso de ebola na Nigéria, país mais populoso de África. Um cidadão proveniente da Libéria morre, em quarentena, na cidade de Lagos, capital nigeriana. A partir de então, o país coloca todos os portos e aeroportos em alerta. Dois dias depois, uma a mulher morre em Freetown, Serra Leoa.  No dia 30 de julho, a organização Médicos Sem Fronteiras alerta para o risco de contágio em outros países. A Libéria anuncia o fechamento de todas as escolas. No dia seguinte, Serra Leoa declara “estado de emergência”. No começo de agosto, autoridades de Serra Leoa, da Guiné e Libéria anunciam o isolamento do “epicentro do surto”.

Agosto - No dia 4, autoridades nigerianas informam que um médico em Lagos, no sudoeste do país, contraiu o vírus após tratar um paciente, fazendo dele o segundo caso na segunda maior cidade da África Subsaariana. Com o agravamento do surto, o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, apela aos cidadãos para combaterem o vírus em conjunto. Restaurantes, bares e outros estabelecimentos fecham as portas. No dia 5, o Banco Mundial disponibiliza cerca de US$ 200 milhões para ajudar a conter o ebola enquanto a maioria dos líderes africanos se encontra, em Washington, nos Estados Unidos. Os presidentes da Libéria e de Serra Leoa decidem não participar do encontro.

Uma missionária americana, infetada na Libéria, chega aos Estados Unidos, e é levada para o mesmo hospital onde outro norte-americano, também infetado com o vírus, recebe tratamento. Em ambos, foi administrado um medicamento experimental contra o vírus que ainda não tinha sido testado em humanos.

No dia 8, a OMS decreta o surto uma "emergência de saúde pública mundial" e pede uma "respostas internacional coordenada". Na ocasião, a Nigéria decreta estado de emergência de saúde, juntando-se à Libéria e a Serra Leoa.

No dia 7, um padre e uma freira espanhóis, infectados com o vírus na Libéria, são transportados para Madri de avião e ficam isolados no hospitaI. Dois dias depois, uma freira congolesa que trabalhava com o padre espanhol morre com ebola na Libéria.

No dia 11, oito profissionais de saúde chineses são postos em quarentena em Serra Leoa. Um dia depois, o comitê de peritos da OMS aprova o uso de tratamentos experimentais. O padre espanhol Miguel Pajares, que chegou à Espanha vindo da Libéria no dia 7, morre, após tratamento com o medicamento experimental. Hoje, foi anunciado que as reservas do medicamento experimental se esgotaram após os estoques terem sido enviados para a África Ocidental.

O Brasil entrou em contato com a produtora do medicamento experimental usado no tratamento do Ebola para avaliar a possibilidade de remessas do produto, batizado de ZMapp, serem trazidas ao Brasil. "Estamos avaliando tecnicamente se vamos adquirir o produto ou não", informou nesta terça-feira (12) o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

O medicamento, produzido pela empresa americana Mapp, teve seu uso experimental liberado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde que observadas determinadas condições. "Vamos ouvir epidemiologistas brasileiros. Mas estamos tomando todo cuidado, vamos avaliar a segurança, o risco do produto", disse. Ele observou ainda que é preciso avaliar se há produto disponível para que, numa eventual necessidade, ele seja encaminhado para o Brasil.

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Barbosa lembrou que o essencial é que o remédio esteja em locais onde há maior risco de casos na África. A empresa produtora do soro já informou, no entanto, em seu site, que os estoques do produto para uso experimental já estão esgotados e que esforços estão sendo realizados esforços para ampliar a produção.

Barbosa afirmou não haver no País até o momento nenhum caso suspeito de Ebola e que os contatos com a empresa seriam apenas uma medida de segurança. "Estamos fazendo uma avaliação. Vamos considerar se é efetivo, seguro, ter um pequeno estoque. Mas essa é apenas uma medida preventiva".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta terça-feira (12) que é ético usar medicamentos e vacinas não testados para o tratamento de ebola durante o atual surto da doença na África ocidental, contanto que haja condições corretas para isso.

O comunicado da agência da Organização das Nações Unidas (OMS) foi feito em meio a um debate mundial sobre a ética médica a respeito da epidemia de ebola, que a OMS considerou uma emergência de saúde mundial. Porém, a agência evitava questões importantes como quem deveria receber as drogas, cuja disponibilidade é limitada, e como deveria ser decidido quem seria medicado.

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A declaração foi divulgada depois de a OMS ter realizado uma teleconferência na segunda-feira para discutir a questão.

A OMS diz que 1.013 pessoas morreram até agora no surto de ebola no oeste da África e autoridades registraram 1.848 casos suspeitos ou confirmados da doença. O vírus mortal foi detectado na Guiné em março e desde então se espalhou para Serra Leoa, Libéria e possivelmente para a Nigéria.

Dois norte-americanos e um padres espanhol receberam o medicamento experimental para o tratamento de ebola, conhecido como ZMapp, que nunca havia sido testado em humanos. Uma empresa de relações públicas britânica que representa a Libéria informou que o ZMapp chegaria no prazo de 48 horas ao país, onde será administrado em dois médicos liberianos que contraíram o vírus.

Eles serão os primeiros africanos a receber a droga, embora a doença tenha matado mais de 1.000 pessoas na Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. A grande maioria das vítimas do ebola são africanos e alguns países protestam contra o fato de seus cidadãos não terem acesso a medicamentos experimentais.

A OMS concluiu que é étimo usar tratamentos e vacinas experimentais neste surto de ebola. Não há evidências de que essas drogas experimentais efetivamente ajudem a combater o ebola e existe até a possibilidade de que sejam prejudiciais. Ainda assim, a doença tem uma taxa de mortalidade muito alta, de cerca de 50%, segundo a ONU, o que acrescenta urgência na busca por um tratamento.

"Nas circunstâncias particulares deste surto e tendo em vista que certas condições sejam atendidas, o painel chegou ao consenso de que é ético oferecer intervenções que ainda não tenham provado sua eficiência e efeitos colaterais, como tratamento e prevenção em potencial", disse a agência em comunicado.

O painel disse que "análises e discussões mais detalhadas" são necessárias para decidir como chegar a uma distribuição justa em comunidades e entre os países, já que há um fornecimento extremamente limitado de drogas e vacinas experimentais.

Guiné-Bissau decidiu fechar suas fronteiras com a Guiné, um dos três países mais atingidos pela epidemia do vírus Ebola, anunciou nesta terça-feira o primeiro-ministro Domingos Simoes Pereira.

"À luz das informações fornecidas pelo ministro da Saúde, após uma série de consultas, o Governo da Guiné-Bissau decidiu fechar até nova ordem suas fronteiras com a Guiné-Conakry ", disse Pereira durante uma coletiva de imprensa.

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Sem tratamento específico e com uma taxa de mortalidade de 90% dos casos, o vírus Ebola tem causado comoção e medo de uma proliferação em nível internacional da doença. No Brasil, apesar de o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afimar que “não há risco” de uma transmissão generalizada, os estados têm se preparado para uma possível e indesejada chegada da enfermidade ao País. Em Pernambuco, no caso de suspeitas do vírus, os procedimentos já estão afinados pela unidade de referência do Estado, o Hospital Oswaldo Cruz.

Para a diretora de Controle de Doenças de Agravos da Secretaria Estadual de Saúde, Rosilene Hans, não há motivo para a população pernambucana temer, pois o risco é mínimo. “Só haveria a possibilidade de o vírus chegar aqui se alguém proveniente dos quatro países africanos – Serra Leoa, Nigéria, Libéria e Guiné – chegar e apresentar os sintomas. Caso isso aconteça, toda uma rede será acionada para atender e deslocar o paciente para o Oswaldo Cruz”, explicou Rosilene. 

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A fiscalização nos portos e aeroportos do Estado será mais rigorosa. Se chegarem pessoas vindas destes países, apenas um quadro de febre será o bastante para identificar um caso suspeito. “Acionamos o Samu [Sistema de Atendimento Móvel de Urgência] para que, com os equipamentos individuais necessários, a pessoa seja encaminhada ao Setor de Infectologia do Hospital Oswaldo Cruz, já que o Ebola é também considerada uma febre hemorrágica”. Segundo Rosilene Hans, as precauções internacionais precisam ser tomadas para o enfrentamento da epidemia. 

Entre os principais sintomas da doença, febre de início súbito, dores pelo corpo e sinais de hemorragia. A doença, de acordo com a diretora, pode ser transmitida pela exposição ao contato direto com o sangue ou fluidos dos contaminados. Na África, onde o Ebola tem sua trágica concentração, a informação é de que o vírus é transmitido por animais como morcegos e macacos. 

Mais de mil mortes já foram registradas pela Organização Mundial de Saúde e, nesta terça-feira (12), o padre espanhol Miguel Pajares se tornou a última vítima do vírus. Ele trabalhava em um hospital da Libéria. “A doença se agrava muito rápido, em questões de horas. Não há tratamento, apenas é possível fazer um tratamento de suporte, por isso os pacientes são direcionados aos setores de urgência”, afirmou Rosilene Hans. 

O missionário espanhol Miguel Pajares, repatriado na quinta-feira (6) passada da Libéria, onde contraiu o vírus ebola, morreu nesta terça-feira (12) em Madri, anunciou o hospital La Paz-Juan Carlos III.

O padre, de 75 anos, foi o primeiro religioso infectado com o vírus ebola repatriado para a Europa. Pajares havia contraído o ebola no hospital Saint Joseph de Monróvia, onde trabalhava. "Ele morreu às 9H28 (4H28 de Brasília)", afirmou um porta-voz do hospital.

Esta é a quarta morte nos últimos 10 dias de um funcionário do hospital Saint Joseph da capital da Libéria, vinculado à ordem religiosa de São João de Deus e fechado pelas liberianas desde 1 de agosto.

O missionário espanhol foi repatriado na quinta-feira passada em um avião especial, dentro de uma área isolada, acompanhado pela religiosa espanhola Juliana Bonoha, que trabalhava com Pajares mas que não foi infectada pelo vírus ebola segundo os exames.

O laboratório americano que desenvolveu um medicamento contra o vírus Ebola - ainda em fase experimental - informou nesta segunda-feira (11) o envio de todas as doses disponíveis à África ocidental, que enfrenta uma grave epidemia.

"Após atender os pedidos recebidos neste final de semana de um país da África ocidental, os estoques de ZMapp se esgotaram", revelou o laboratório Mapp Bio em seu site. "Qualquer decisão de utilizar o ZMapp deve ser tomada pela equipe médica dos pacientes", assinalou o laboratório, que entregou o medicamento "gratuitamente".

A droga experimental, desenvolvida em colaboração com uma empresa canadense, é elaborada a partir de folhas de tabaco e de difícil produção em grande escala atualmente. Segundo os últimos boletins, a epidemia de febre hemorrágica já deixou 961 mortos em Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria desde março passado.

O laboratório americano não informou os países destinatários ou o número de doses enviadas, mas segundo a presidência da Libéria, a Casa Branca e a agência americana de medicamentos e alimentos (FDA) aprovaram o envio "de doses do soro experimental para tratar os médicos liberianos atualmente infectados" pelo vírus Ebola.

O comunicado revela que o envio é resultado de um pedido direto da presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a seu colega americano, Barack Obama, no dia 8 de agosto. Monróvia informa ainda que o tratamento experimental será levado à Libéria por um emissário do governo americano durante esta semana.

Segundo o mesmo comunicado, a diretora-executiva da Organização Mundial de Saúde (OMS), doutora Margaret Chan, autorizou o envio à Libéria de doses suplementares da droga experimental para contribuir com o combate à epidemia.

O medicamento foi administrado em dois voluntários americanos que contraíram o vírus quando tratavam de pacientes infectados com o Ebola, e se mostrou promissor.

O número de mortes provocadas pelo vírus ebola chegou a 1.013, com 1.848 casos registrados, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da saúde (OMS). Cinquenta e duas mortes foram registradas entre 7 e 9 de agosto, com 69 novos casos, de acordo com os dados da OMS.

Segundo o balanço, 11 novos casos e sete mortes foram registrados na Guiné, 45 novos casos e 29 mortes na Libéria, assim como 13 novos casos e um óbito em Serra Leoa. Nenhum caso foi registrado no período na Nigéria, o quarto país afetado pelo vírus.

A fabricante da droga experimental contra ebola Zmapp, que foi aplicada nos dois norte-americanos infectados com a doença, disse nesta segunda-feira (11) que os estoques do medicamento se esgotaram após a companhia enviar doses para um país do Oeste da África.

A Mapp Biopharmaceutical Inc. informou em nota que respondeu a todas as solicitações pela Zmapp que possuíam autorização legal e regulatória. A companhia afirmou que, em todos os casos, entregou a droga sem custos.

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A empresa de San Diego não nomeou nenhum país que pediu o medicamento e não publicou detalhes adicionais. A droga ainda não havia sido testada em humanos, mas mostrou bons resultados nos estudos com macacos.

Na semana passada, a Mapp confirmou ter providenciado o medicamento para uso em dois norte-americanos infectados com o vírus do ebola na Libéria que foram enviados para tratamento em Atlanta. A empresa afirma que tem trabalhado com agências do governo dos EUA para aumentar a produção da Zmapp, que tinha estoques limitados já que ainda estava na fase de testes com animais.

Autoridades de Saúde na Libéria expressaram sua preocupação na semana passada porque o tratamento havia sido usado em dois norte-americanos, mas não nos doentes africanos. Oficiais do país disseram que tentariam conseguir doses do medicamento para seus pacientes.

Enquanto isso, a Nigéria e a Costa do Marfim suspenderam voos a países onde a epidemia de ebola se alastrou, temendo que o vírus se espalhe do Oeste da África para o mundo por meio de viagens aéreas. A Autoridade de Aviação Civil nigeriana proibiu o pouso de aviões da Gâmbia Bird Airlines, que realiza voos para Guiné, Serra Leoa e Libéria. A Costa do Marfim foi ainda além e baniu todos as viagens aéreas vindas destes três países. Fonte: Dow Jones Newswires.

Apesar do baixo risco de que uma epidemia de Ebola chegue à Europa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os maiores países do continente estão preparando suas estruturas de saúde pública para a eventualidade. O Ministério da Saúde da França confirmou nesta segunda-feira (11) ter ordenado que nove hospitais do país criem centros de acolhimento de emergência de potenciais pacientes. No Reino Unido, há suspeitos em "quarentena voluntária".

Os hospitais mobilizados na França estão nas cidades de Paris, Lille, Rennes, Bordeaux, Estrasburgo, Marselha e Lyon, além de uma base das Forças Armadas na cidade de Saint-Mandé. A informação, até então mantida sob sigilo, foi revelada pelo jornal Le Parisien. De acordo com nota do Ministério da Saúde, o risco de importação do vírus é baixo, mas não pode ser excluído. "Diante do caráter virulento dessa doença uma vigilância excepcional se impõe", justificou a autoridade sanitária.

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Todos os hospitais disporão de um serviço de doenças infecciosas, de uma central de reanimação com quartos isolados, de um laboratório preparado para garantir o confinamento do vírus e também de helipontos para o transporte de passageiros.

As medidas foram tomadas sem que nenhum paciente infectado pelo vírus tenha sido identificado na Europa, além do padre Miguel Pajares, internado em Madri em estado estável após ter sofrido o contágio na Libéria.

O governo do Reino Unido, porém, confirmou na semana passada ter "várias pessoas" em "quarentena voluntária", suspeitos de terem entrado em contato com o vírus na África. Um paciente vem sendo "monitorado de perto" em Cardiff, no País de Gales. "Há outras pessoas no Reino Unido que voltaram de países infectados e que estiveram em risco", afirmou Anna Humphries, porta-voz do Ministério da Saúde do País de Gales.

Em Londres, uma unidade, o Royal Free Hospital, foi preparado para a eventualidade de infecções em solo britânico. Como medida preventiva, a companhia aérea British Airways cancelou voos para Serra Leoa e para a Libéria.

Na sexta-feira a União Europeia elevou para € 11,9 milhões os recursos doados à OMS e a organizações não-governamentais como Médicos Sem Fronteiras (MSF), Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, que atuam na região. A preocupação na Europa cresceu depois que a OMS decretou o Ebola como "urgência de saúde pública mundial" na semana passada.

Uma das iniciativas de Bruxelas é instalar, provavelmente em Serra Leoa, um laboratório de análises clínicas especializado no vírus da doença. "Salvar vidas e fornecer mais assistência à África Ocidental é mais do que nunca uma prioridade urgente", justificou o comissário europeu de Desenvolvimento, Andris Piebalgs.

Bruxelas, no entanto, vem frisando que o risco de contágio no continente é "extremamente baixo", de acordo com o comissário de Saúde, Tonio Borg. "O risco é extremamente baixo porque poucas pessoas que passam pela Europa são suscetíveis de estarem infectadas e porque a doença só se transmite pelo contato direto com fluidos corporais de um doente", explicou.

Nesta segunda, porém, um estudante alemão foi internado em isolamento em Kigali, em Ruanda, com suspeita de Ebola após passagem pela Libéria. Um segundo caso da doença também foi confirmado na Nigéria, de uma enfermeira infectada na capital, Lagos.

Em compensação, houve um avanço no combate à doença. De acordo com o jornal The Independent, pesquisadores britânicos encontraram o ponto de origem da epidemia, que teria começado a partir da contaminação de uma criança de dois anos no vilarejo de Gueckedu, no sudeste de Guiné, morta em 6 de dezembro após apresentar sintomas da doença, entre os quais febre alta, náuseas e diarreia.

O objetivo dos infectologistas é descobrir a causa do primeiro caso - possivelmente a ingestão de carne de morcego, comum na região. A atual epidemia de Ebola na África, a mais grave desde a descoberta da doença, em 1976, já teria deixado 960 mortos, segundo a OMS, entre os 1,8 mil pacientes infectados.

A Espanha importou dos EUA um medicamento experimental contra o ebola para tratar o missionário espanhol Miguel Pajares, que estava na Libéria em uma missão para cuidar de pacientes com a doença e foi retirado do país após ser diagnosticado. O Ministério da Saúde espanhol informou nesta segunda-feira que a droga ZMapp, produzida pela Mapp Biopharmaceutical Inc., de San Diego, foi trazida de Genebra para Madri.

Pajares está internado em uma ala isolada do Hospital Carlos III, na cidade espanhola. Segundo autoridades do país, a Espanha conseguiu permissão do laboratório responsável para usar o medicamento e, com ajuda da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos Médicos sem Fronteiras, importou o Zmapp. O ministério afirmou que o uso da droga respeita a legislação, que permite a dosagem de medicamentos ainda não testados em pacientes com doenças mortais que não possam ser tratadas com outros métodos.

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Apesar da declaração do ministério espanhol, o porta-voz da OMS, Gregory Hartl, disse que a organização não ajudou a Espanha a importar a droga. Ainda não existem tratamentos licenciados contra o ebola, que matou mais de mil pessoas desde o início da propagação da epidemia no Oeste da África. A OMS chamou este surto - que começou em Guiné, em março, e já se espalhou por Libéria, Serra Leoa e, possivelmente, a Nigéria - de uma emergência de saúde internacional.

Nesta segunda-feira (11), durante teleconferência organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), especialistas em ética médica e outros peritos discutiam as questões morais envolvendo as drogas e vacinas experimentais contra o ebola. Dois norte-americanos diagnosticados com a doença na Libéria e retirados para os EUA receberam doses da droga ZMapp. Um deles, o doutor Kent Brantly, disse na semana passada que suas condições de saúde estavam melhorando gradativamente.

O uso do medicamento para tratar pacientes norte-americanos suscitou críticas reclamando que a droga não estava disponível para os doentes africanos. Na semana passada, o ministro da Saúde da Nigéria, Onyenbuchi Chukwu, disse ter questionado a oficiais dos EUA sobre como ter acesso à Zmapp, mas foi informado que a fabricante teria que concordar em enviar doses ao país. O diretor do Centro norte-americano para Controle e Prevenção de Doenças, Tom Frieden, afirmou que "não há virtualmente nenhuma dose disponível". Isso foi na semana passada, antes da Espanha informar que teria importado a droga.

Enquanto isso, autoridades de Saúde nigerianas confirmaram mais um caso de ebola, na manhã desta segunda-feira. Com essa paciente, já chegam a 10 o número de casos da doença no país. A Organização Mundial da Saúde, no entanto, ainda não confirmou os casos na Nigéria. Fonte: Associated Press.

A mensagem de alerta do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre os riscos de Ebola está sendo divulgada só em português no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Outros comunicados sanitários são feitos em inglês e espanhol, informa o jornal O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira, 11.

O jornal procurou a Anvisa para saber o motivo. A GRU Airport, que administra o aeroporto, primeiro informou que segue a determinação da Anvisa, que só lhe teria enviado o texto em português. Mais tarde informou que também estava fazendo o anúncio em inglês. A reportagem ficou das 16h10 às 18h40 de ontem no aeroporto e só ouviu o alerta em português.

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Apesar de não citar a doença, o texto recomenda que o passageiro com sintomas de febre, fraqueza, vômito, diarreia, sangramento, manchas no corpo e tosse procure atendimento médico e avisa ao profissional de saúde os países em que esteve nas últimas semanas.

Segundo o regulamento sanitário da Organização Mundial de Saúde (OMS), "meios de comunicação necessários, se possível em idioma que possam compreender" devem estar à disposição dos viajantes. Dos cinco países africanos com voo direto para Cumbica - Togo, Etiópia, África do Sul, Marrocos e Angola -, o português é falado só no último. Nenhum deles registrou caso de Ebola.

A determinação para divulgar o comunicado foi feita pelo ministério após a OMS decretar estado de emergência internacional. No Brasil, Cumbica recebe o maior número de voos da África. São 23 voos por semana - ontem foram três. O Centro de Orientação ao Viajante, da Anvisa, porém, estava fechado. Na porta, um comunicado avisava que ele funciona de segunda a sexta, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h.

Libéria. Em Monróvia, na Libéria, um dos países afetados pela doença, as igrejas ficaram lotadas ontem, desafiando os alertas do governo para que as pessoas evitassem aglomerações. No Bulevar Tubman, o Daily Talk, jornal publicado em lousa, criticava o governo do país. A manchete era: "Ebola 7 x 1 Governo". Das 961 mortos por causa do Ebola, 294 viviam na Libéria.

O Ministério da Saúde da Nigéria confirmou nesta segunda-feira (11) mais um caso de ebola do país. Trata-se de um enfermeiro (ou enfermeira) que participou do tratamento de um liberiano-americano que viajou para o país quando já estava apresentando sintomas da doença e morreu no mês passado.

O exame que provou a contaminação pelo vírus foi realizado no final de semana, informou o ministro da Saúde Onyebuchi Chukwu aos jornalistas na capital do país, Abuja. Com este caso, sobe para 10 o número de infectados pelo ebola na Nigéria, dentre eles dois pacientes que morreram: o liberiano-americano Patrick Sawyer, e outro enfermeiro. Os demais oito estão em tratamento em isolamento em Lagos. Todos os nove nigerianos que contraíram a doença foram infectados por meio de contato com Sawyer, afirmou Chukwu.

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Funcionários da saúde da Nigéria trabalham para impedir que o ebola se dissemine para outras pessoas, além das que tiveram contato com Sawyer. As autoridades nigeriana mantêm sob vigilância 177 pessoas que tiveram contato primário e secundário com Sawyer.

O homem da Arábia Saudita que faleceu na semana passada depois de retornar da Serra Leoa não estava com o vírus do Ebola, de acordo com resultados iniciais de um laboratório internacional, disse o ministro da Saúde da Arábia Saudita.

O ministro disse neste domingo que amostras submetidas ao Centro Americano de Controle e Prevenção e Doenças (U.S. Centers for Disease Control and Prevention, ou CDC, na sigla em inglês) deram negativo para o vírus Ebola e acrescentou que as amostras também foram enviadas para teste para um laboratório na Alemanha.

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O ministro disse que o CDC está conduzindo testes adicionais para confirmar o resultado negativo para Ebola e determinar se o paciente foi infectado com um vírus diferente, em Serra Leoa.

O homem de 40 anos morreu na quarta-feira em uma ala de isolamento em um hospital, na cidade litorânea de Jiddah, depois de apresentar sintomas do vírus. Fonte: Associated Press.

Os países do oeste da África intensificavam os esforços para conter a epidemia de ebola, que deixou cerca de mil mortos em oito meses, enquanto aguardam um anticorpo experimental ou uma vacina desenvolvida por laboratórios ocidentais.

A Libéria, que decretou no último dia 6 estado de emergência por 90 dias, inaugurou uma central telefônica para contribuir com a prevenção, palavra-chave na luta contra a propagação do vírus, transmitido por contato direto com o sangue ou líquidos biológicos de pessoas ou animais infectados, e que provoca uma febre hemorrágica altamente contagiosa e, frequentemente, letal.

Os operadores trabalham em um complexo chamado "centro de recursos", instalado na sede de uma agência estatal em Monróvia e criado para a "coordenação de todos os esforços" na luta contra o ebola no país, explicou à AFP a porta-voz do centro, Barkue Tubman.

En três dias, foram recebidas quase 3,5 mil chamadas sobre doentes ou casos suspeitos, ou em busca de informações. Para a assistência telefônica, "recrutamos 114 agentes, que trabalham em equipes de 30 pessoas. Funcionamos 24 horas por dia, sete dias por semana", assinalou Barkue.

No país, o Exército recebeu ordem para limitar os deslocamentos populacionais, e controlava estritamente os acessos à capital, Monróvia, procedentes de províncias afetadas pela explosão da febre, que afeta dois países vizinhos - Guiné e Serra Leoa - bem como a Nigéria.

A epidemia atual, declarada na Guiné, é a mais grave desde a descoberta do vírus ebola, em 1976, na África Central. Ela deixou mais de 960 mortos em quase 1,8 mil casos confirmados, prováveis e suspeitos, nos quatro países, principalmente Guiné, Libéria e Serra Leoa, seguidas pela Nigéria.

Um romeno que retornou da Nigéria com sintomas do vírus foi colocado em quarenta neste domingo em um hospital especializado em doenças infecciosas de Bucareste, informaram fontes médicas.

Além da Libéria, o estado de emergência foi decretado em Serra Leoa e Nigéria, que pediu a participação de voluntários, reconhecendo um déficit de funcionários da área de saúde.

- 'Operação Octopus' -

Em Serra Leoa, 1,5 mil militares e policiais estavam envolvidos na operação Octopus, para vigiar a aplicação rigorosa das medidas antiebola - fechamento de locais de lazer, restrições de deslocamento, e perturbações no transporte e na distribuição de produtos básicos -, que prejudicam a rotina e podem provocar uma crise alimentar, principalmente entre os habitantes de Kailahun e Kenema, áreas agrícolas e de mineração em quarentena desde 7 de agosto.

A Guiné anunciou neste sábado o fechamento de suas fronteiras com Libéria e Serra Leoa para tentar impedir a propagação da epidemia, mas voltou atrás e disse querer apenas evitar a multiplicação dos deslocamentos transfronteiriços clandestinos.

Nos últimos dias, vários países prometeram apoio financeiro, logístico ou de recursos humanos. Os chamados também se multiplicaram em favor de medidas excepcionais, de prevenção ou colocação à disposição de meios extraordinários, inclusive um eventual uso de tratamentos experimentais em desenvolvimento por laboratórios ocidentais.

Ainda não existe nenhum tratamento ou vacina específica contra a febre do ebola. Alguns países pediram para usar um anticorpo experimental desenvolvido nos Estados Unidos, o ZMAPP, nunca testado em seres humanos, mas administrado a dois americanos infectados na Libéria.

A OMS se reúne na semana que vem para avaliar a possibilidade de usar o ZMAPP no oeste da África. Um tratamento preventivo contra o ebola criado pelo laboratório britânico GSK poderia ser alvo de testes clínicos em setembro e estar disponível em 2015, segundo Jean-Marie Okwo Bélé, diretor do departamento de vacinas e imunização da OMS.

Com a escalada dos casos de Ebola na África, a FDA, agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, autorizou, na quarta-feira (6), o uso de um exame desenvolvido pelo Pentágono para diagnosticar a contaminação. O novo teste será o meio mais rápido e confiável disponível para detectar o vírus, totalizando quatro horas desde a coleta do sangue até o diagnóstico, de acordo com o geneticista Eduardo Castan, cientista da Thermo Fisher Scientific, empresa que forneceu os reagentes e equipamentos utilizados no teste.

Segundo Castan, o exame utiliza a técnica conhecida como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR, em inglês). "O teste utiliza uma máquina de PCR em Tempo Real, que é um equipamento bastante comum e um kit já pronto com os reagentes", disse. "O novo teste é capaz de diagnosticar o Ebola mesmo quando o vírus está incubado, ou a carga viral é muito baixa." Uma pequena amostra de sangue do paciente é colocada em um tubo com os reagentes e a máquina, por sucessivas variações de temperatura, opera várias reações.

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No início, as células presentes no sangue têm suas membranas rompidas e as moléculas de DNA e RNA ficam expostas. A partir daí, são sintetizadas moléculas de DNA complementares ao RNA do vírus, quando ele está presente.

Depois, entra em ação outro elemento do kit: cópias sintéticas de pequenos trechos do genoma do vírus - os "primers" -, que se ligam aos trechos complementares das moléculas de DNA sintetizadas. "As enzimas presentes no kit, então, começam a copiar exponencialmente esse material. Em 40 minutos, temos alguns bilhões dessas moléculas idênticas a um trecho do genoma do vírus", explicou Castan.

Um outro componente é então ativado: um agente fluorescente conhecido como sonda TaqMan. "Quando a enzima que copia o RNA encontra o agente fluorescente, ele emite luz, que é detectada pela máquina. O resultado é um gráfico que nos mostra de forma inequívoca a presença do vírus."

Segundo a FDA, o teste foi aprovado em caráter emergencial e será usado só em comunidades sob risco de exposição ao vírus nas zonas endêmicas e em militares, equipes humanitários e de emergência.

O diagnóstico precoce do Ebola é considerado fundamental para impedir que a epidemia se alastre, pois possibilita o isolamento dos infectados. Mas a tarefa é difícil: os sintomas podem ser confundidos com os de gripe, malária, ou dengue hemorrágica. Além disso, podem levar três semanas para aparecer. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

Autoridades sanitárias são unânimes em afirmar que, se existe risco da chegada do Ebola ao País, as chances de um surto são muito pequenas - principalmente em virtude de a contaminação pressupor contato com fluidos corporais do doente.

Mas cuidados já vêm sendo tomados. Na quarta-feira, via teleconferência, o médico epidemiologista Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, conversou com representantes das secretarias estaduais e diretores de hospitais de referência.

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"Nós, do ministério, participamos de um grupo da Organização Mundial de Saúde e recebemos, diariamente, relatórios com casos no mundo. São alertas, de fontes oficiais, que nos ajudam a compreender o problema", explica Barbosa. Semanalmente, um comitê formado por 15 pessoas se reúne em uma sala do bloco G da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para discutir o conteúdo desses alertas e avaliar riscos no País.

Em outra sala do ministério, um centro de informações funciona sete dias por semana, consolidando dados relevantes de saúde pública de todo o País. Ali chegam, por exemplo, todos os casos de doenças de notificação compulsória - como dengue, hanseníase, tétano e outras, que constam de uma lista elaborada pelo próprio ministério.

Portas

Há duas possibilidades de chegada do Ebola. A primeira seria um viajante internacional portador do vírus que adoeça no percurso - a doença costuma se manifestar de 2 a 21 dias após a contaminação. "Em caso de paciente com febre, vômitos ou quaisquer problemas do tipo no trajeto, a companhia aérea comunica as autoridades", lembra Barbosa. "O doente é removido para um hospital de referência - no caso de São Paulo, o Emílio Ribas -, e um grupo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entrevista os passageiros. Como o Ebola não é transmitido pelo ar, neste caso não é necessário deixar todos em quarentena."

Uma segunda possibilidade é de a pessoa viajar durante o período de incubação e só adoecer no Brasil. "Como o Ebola sempre produz casos graves, o doente inevitavelmente vai chegar a um médico", acredita Barbosa. Em ambas as situações, o Ministério da Saúde deverá ser comunicado imediatamente.

O transporte do paciente para o hospital também foi normatizado. Deve ser feito por meio das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Para tanto, além dos equipamentos que já têm, os serviços começaram a receber, na última semana, kits com macacões especiais, impermeáveis, para serem usados como segunda proteção, além de aventais.

Emílio Ribas

Esses macacões já estão disponíveis no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Mas não é a única precaução tomada pelos diretores do hospital. "Obviamente, os treinamentos são constantes", afirma o médico infectologista Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor da instituição.

No surto da gripe A H1N1, em 2009, o Emílio Ribas dividiu o acesso ao pronto-socorro em duas partes: as pessoas com suspeita da gripe não tinham como contaminar outros pacientes. Uma estratégia semelhante pode ser adotada agora.

O corpo clínico do hospital tem 120 médicos infectologistas - 50 no pronto-socorro. "Temos uma área isolada para já fazer uma primeira avaliação de qualquer paciente que chegar com suspeita de contaminação", conta o médico. Se os sintomas se manifestarem de modo agudo, o doente poderá ser removido para uma das 34 salas do hospital com pressão negativa. "Nelas, o ar que sai da sala passa por filtros, antes de ser devolvido ao meio ambiente."

Sem nenhum caso registrado, por enquanto a preocupação maior é com o controle da informação - seja para organizar as equipes ou para evitar a propagação de outra epidemia: os boatos. Para tanto, o supervisor do pronto-socorro do Emílio Ribas criou, dias atrás, um grupo no serviço de mensagens no WhatsApp. Batizado de "GP vírus hemorrágico", dele participam 15 pessoas, entre diretores do hospital, chefes do pronto-socorro e responsáveis pelo Departamento de Comunicação. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

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