No último sábado (18), candidatos realizaram a segunda etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). Aplicado em várias capitais brasileiras, o exame foi marcado por problemas logísticos. Em entrevista ao LeiaJá, a candidata F.L, como prefere ser identificada, relatou os problemas enfrentados pelos participantes da segunda fase em Salvador, Bahia.
À reportagem, ela conta que a prova, prevista para durar 50 minutos, chegou a se estender por quase 12 horas. Além disso, F.L relembra que os candidatos foram impedidos de usar os banheiros e foi necessário reclamações para que os participantes fossem liberados do local de provas. "Não podíamos usar os banheiros, não tinha comida, não tinha água. Tivemos que sair da sala, mesmo com os fiscais querendo impedir, para que fôssemos liberados. Chegamos ao limite do esgotamento físico e psicológico", conta.
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A participante fala que tudo nesta etapa do processo não contou com organização. “O edital saiu com quase um mês para a segunda fase, as notas de corte e locais de provas foram divulgados três dias antes do exame, inclusive, as notas de corte foram aumentadas”, aponta.
Moradora de Roraima, ela expõe que os problemas de logísticas do Revalida, que é de responsabilidade do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Cebraspe, refletiram na organização do deslocamento até a capital baiana. “Faltando poucos dias para o exame, eu não sabia onde faria a prova. Precisava dessa informação para providenciar hospedagem, entre outras coisas. Ainda bem que consegui me hospedar em um lugar próximo ao local da avaliação”, conta.
F.L comenta que iniciou o exame por volta das 9h30 e só conseguiu sair do local após às 23h. Mesmo previsto no edital que os candidatos podiam levar, em uma embalagem transparente, água e alimentos, devido ao excesso de tempo de avaliação, os itens não foram suficientes.
Falta de instrução e ausência de resposta
Na segunda etapa do Revalida, a presença de atores ajudam os candidatos, a partir de simulações, a solucionar as questões da prova prática. No entanto, F.L destaca que não houve instruções suficientes, por parte do Inep, direcionadas aos atores e atrizes. “As atuações não foram boas e ficou nítido que faltou instrução para eles”, explica F.L. “Fomos mantidos na sala. Os atores passaram mal devido à falta de água e comida. Uma atriz chegou a desmaiar de fome”, denuncia.
Ao LeiaJá, ela diz que todos os problemas relatados refletiram no desempenho no Revalida. “Nós pagamos R$ 3330,00 por essa prova. É um valor bastante significativo para passar por isso, enfrentar todos esses problemas para revalidar o nosso diploma”, desabafa.
Ela salienta que, na ocasião, os candidatos foram instruídos a direcionar as reclamações para o coordenador do local de provas, mas, segundo ela, o responsável se negou a falar. Ademais, até o momento, os candidatos, que fizeram o Revalida em Salvador não tiveram uma explicação por parte do Inep.
A reportagem também tentou contato com o instituto, por meio de e-mail, solicitando esclarecimentos ou nota sobre o caso, no entanto, até a finalização desta matéria, não tivemos retorno do órgão. Vale salinetar que problemas de logísticas durante a realização do Revalida também foram apontados em Porto Alegre e Belo Horizonte.