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Tanto o partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PL) quanto a sigla do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciaram apoio à reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A partir das tratativas até agora, Lira possui o voto de mais de 75% dos integrantes da Casa - 387 de 513 deputados.

A eleição está marcada para 1º de fevereiro - quando são definidos não só o presidente, mas todos os integrantes da Mesa Diretora. Para ter início, o pleito precisa do quórum básico de 257 deputados federais, número mínimo também para que o presidente seja escolhido em primeiro turno. Até agora, Lira é o único candidato na disputa.

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O anúncio do PT foi feito nesta segunda-feira, 29. A federação formada pela sigla junto com o PCdoB e PV definiu aderir a Lira em bloco com o PSB, somando 94 deputados federais. A decisão do partido de Lula busca evitar repetir o mesmo erro que cometido com Eduardo Cunha, à frente Casa em 2016 e um dos "patrocinadores" do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Se a disputa fosse hoje, Lira seria eleito sem dificuldades.

O anúncio petista representa também uma mudança de postura em relação ao que era adotado por Lula durante a campanha eleitoral. Lira consolidou sua rede de apoios com o orçamento secreto, esquema de compra de apoio político revelado pelo Estadão, e fortemente criticado pelo vencedor da eleição presidencial deste ano. Em vários discursos e entrevistas, Lula classificou o orçamento secreto de "excrescência" e já chegou a reclamar do poder do deputado do PP, a quem chamou de "imperador do Japão".

Senado

Na mesma segunda-feira, o PL de Bolsonaro, que possui a maior bancada da Casa, com 99 deputados, também anunciou apoio à reeleição de Lira. A sigla lançou o nome do senador eleito Rogério Marinho (RN) na disputa pela presidência do Senado contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em fevereiro de 2021, quando foi eleito, Pacheco tinha o apoio presidente do Senado na época, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em uma articulação direta com o Palácio do Planalto. Agora, Pacheco terá o apoio da base do governo eleito, mas não do PL e dos aliados mais próximos de Bolsonaro. O comando do Senado (responsável também pela presidência do Congresso) será definido também em 1° de fevereiro.

Lista de partidos que apoiam reeleição de Lira e a quantidade de deputados federais a partir de 2023:

- PL (99 deputados)

- PT (68 deputados)

- União Brasil (59 deputados)

- PP (47)

- Republicanos (41)

- PDT (17)

- Podemos (12)

- PSC (6)

- PCdoB (6)

- PV (6)

- Patriota (4)

- Solidariedade (4)

- PROS (3)

- PTB (1)

Durante a campanha eleitoral deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou que não tinha "nada a ver" com o orçamento secreto, esquema de transferência de recursos públicos sem transparência a Estados e municípios em troca de apoio no Congresso revelado pelo Estadão. Entretanto, nesta quarta-feira (30), o chefe do Executivo mandou suspender o pagamento das emendas de relator - base do mecanismo - após seus aliados no Congresso, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), negociarem alianças com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PL).

Como mostrou o Estadão, a ordem no Palácio do Planalto é não pagar mais nada neste ano. Na prática, a medida deixa Lira sem capacidade de honrar os acordos feitos para bancar sua reeleição ao comando da Casa. Além disso, empurra para Lula o ônus de manter o esquema do toma lá, dá cá que condenou na campanha e liberar as verbas a partir de janeiro de 2023, se não quiser azedar sua relação com o Legislativo.

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O argumento oficial utilizado pelo Planalto para o fechamento da fonte do orçamento secreto foi a falta de recursos para outras áreas, com os sucessivos bloqueios que o governo precisou fazer para cumprir o teto de gastos, regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.

Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, em 2021, Bolsonaro alegou que a mídia inventou que ele teria um orçamento secreto. Na época, ele também fez referência a uma outra investigação sobre compra de leite condensado pelo Executivo.

"Inventaram que eu tenho um orçamento secreto agora. Tenho um reservatório de leite condensado, 3 milhões de latas. Eles não têm o que falar. Como um orçamento foi aprovado, discutido por meses e agora apareceu R$ 3 bilhões? Só os canalhas do Estado de S. Paulo para escrever isso aí", disse.

Revelado pelo Estadão, o orçamento secreto foi criado pelo presidente e repassou ao relator do Orçamento a decisão sobre qual deputado ou senador poderia definir o que fazer com recursos do caixa federal. Até mesmo pessoas sem mandato foram contempladas. Nos últimos anos, recursos foram distribuídos sem critérios técnicos e abasteceram prefeituras de aliados que compraram de tratores a caminhões de lixo, sem necessidade e a preços superfaturados.

Posteriormente, já em campanha eleitoral, Bolsonaro alegou que não tinha relação com o mecanismo e que teria vetado, alegando culpabilidade do Congresso Nacional. "Pelo amor de Deus, para com isso. Orçamento secreto é uma decisão do Legislativo que eu vetei, depois derrubaram o veto. Quem recuou do veto? Ah, eu desvetei? Desconheço desvetar", disse.

Entretanto, como mostrou o Estadão, essa alegação é falsa. A primeira tentativa de viabilizar o orçamento secreto foi realmente do Congresso e Bolsonaro a vetou. O presidente, porém, recuou do próprio veto logo depois e encaminhou para o Congresso o texto que criou o orçamento secreto. O projeto é assinado por Bolsonaro e a exposição de motivos que o justifica leva a assinatura do general Luiz Eduardo Ramos. Todo esse processo está documentado.

Em outubro deste ano, ao ser questionado pelo Estadão sobre ter recuado do veto ao orçamento secreto, o chefe do Executivo alegou que não tinha "nada a ver com esse orçamento secreto". Entretanto, vale ressaltar que o orçamento secreto foi gestado dentro do Palácio do Planalto, no gabinete do então ministro da Secretaria de Governo, general Ramos, que, na época, era o responsável por fazer a ponte entre o governo e o Congresso.

Além disso, apesar de o presidente jogar a responsabilidade para o Congresso, todo o pagamento é controlado pelo governo, que escolhe quando pagar e qual parlamentar será beneficiado naquele momento, tanto que, agora, foi exatamente Bolsonaro quem bloqueou o pagamento de outros R$ 7,8 bilhões ainda previstos para este ano.

PT e orçamento secreto

Embora o Lula e o PT estejam negociando a manutenção das emendas de relator, o presidente eleito já condenou duramente o esquema, classificando-o como uma forma de "extorquir prefeitos e a população" e dizendo que o mecanismo "representa a submissão de Bolsonaro ao Congresso".

Agora, apesar das tratativas, Lula ainda conta com a decisão pendente do Supremo Tribunal Federal (STF) que deverá definir ou não a continuidade do mecanismo e o modelo de prestação de contas. Na prática, a ordem original da ministra Rosa Weber, que chegou a suspender o pagamento das emendas, não foi cumprida na íntegra pelo Congresso, e o tema está nas mãos do STF. A ordem de Rosa era a de dar total transparência ao processo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) mandou suspender o pagamento das emendas do orçamento secreto após seus aliados no Congresso fecharem alianças com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A ordem no Palácio do Planalto é não pagar mais nada neste ano. Na prática, a medida deixa o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sem capacidade de honrar os acordos feitos para bancar sua reeleição ao comando da Casa. Além empurrar para Lula o ônus de ter que manter o esquema de toma lá, dá cá que condenou na campanha se quiser o apoio do Congresso para aprovar suas propostas.

A canetada de Bolsonaro ocorre um dia depois de o PT se aproximar de Lira anunciando apoio à sua recondução no comando da Câmara. O partido do presidente eleito também deve apoiar a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado. Os dois foram eleitos para o comando das Casas legislativas com o apoio de Bolsonaro e operam a distribuição do orçamento secreto.

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Revelado pelo Estadão, o esquema foi criado no governo Bolsonaro e repassou ao relator do orçamento a decisão sobre qual deputado ou senador poderia decidir o que fazer com bilhões do orçamento da União (dinheiro dos impostos). Até mesmo pessoas sem mandato foram contempladas. O relator do orçamento é indicado pelos presidentes da Câmara e do Senado, que, na prática, coloca na mão de três políticos a operação do dinheiro público. Só recebe quem votar de acordo com eles. E, como revelou o jornal, recursos foram distribuídos sem critérios técnicos e abasteceram prefeituras de aliados que compraram de tratores a caminhões de lixo sem necessidade e a preços superfaturados.

Dos R$ 16,5 bilhões reservados para o orçamento secreto neste ano, R$ 7,8 bilhões não foram liberados e estão bloqueados pelo governo federal. Líderes do Congresso agiam para destravar os recursos e pressionavam o Palácio do Planalto, mas foram pegos de surpresa por dois atos assinados por Bolsonaro nesta quarta-feira, 30, aos quais o Estadão teve acesso.

O presidente mandou suspender o pagamento do orçamento secreto com o argumento que faltam recursos para outras áreas com os sucessivos bloqueios que o governo precisou fazer para cumprir o teto de gastos, a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.

Bolsonaro assinou duas medidas nesta quarta-feira (30), para efetivar a decisão. Primeiro, enviou uma proposta ao Congresso para secar a fonte do orçamento secreto ao remanejar as verbas para outras áreas. Depois, editou um decreto autorizando a equipe do governo a fazer os cancelamentos em uma área e acrescentar em outra.

O projeto de lei tira os recursos do orçamento secreto e coloca a verba em despesas obrigatórias, entre elas o pagamento do salário de servidores públicos. Essa proposta depende de aprovação do Congresso e deixaria os parlamentares sem as emendas. O governo não divulgou os valores da movimentação, mas pode "secar" toda a fonte das emendas.

O Congresso quer agora usar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição apresentada pela equipe de Lula para liberar recursos do Orçamento neste ano e forçar o governo Bolsonaro a bancar o orçamento secreto no fechamento do ano. As verbas são tratadas como prioritárias para abastecer as campanhas de Lira e Pacheco no comando do Legislativo. Além disso, o Centrão articula alterar a PEC para incluir uma regra que tornam as emendas secretas impositivas, o que obrigaria o Executivo a fazer os pagamentos e blindaria os repasses de cortes.

Lira

O controle do orçamento secreto garantiu a Arthur Lira apoio para se reeleger ao comando da Câmara no biênio 2023-2024. Ele conseguiu o apoio de dez partidos políticos, algo inédito na disputa por essa cadeira, das mais variadas correntes do Congresso. A defesa da manutenção do orçamento secreto é a principal plataforma de campanha de Lira para seguir no cargo. Nos dois anos de orçamento secreto, o Congresso pode decidir o destino de R$ 33 bilhões.

Na campanha, Lula condenou a prática que classificou de "usurpação do poder" e prometeu revê-la. A candidata do MDB, Simone Tebet, que se aliou ao petista disse na ocasião que o orçamento secreto é "o maior processo de institucionalização da corrupção no Brasil". Após a eleição, Lula não comentou mais sobre o esquema e os petistas aceitaram apoiar Lira que tem o orçamento secreto como sua principal promessa.

A assessoria de imprensa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou em nota que a reunião entre ele e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta manhã foi "restrita aos dois" e negou que a possível desidratação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição tenha sido abordada na conversa.

"A assessoria de imprensa do presidente Arthur Lira informa que o encontro com o presidente Lula foi restrito aos dois e que as informações publicadas não condizem com a verdade", escreveu a equipe de Lira ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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A reportagem apurou que o presidente da Câmara sinalizou a Lula que a PEC, como está, não passa no Congresso e precisa de um prazo menor do que quatro anos. Ele também agradeceu o apoio do PT à sua reeleição.

De acordo com relatos, a conversa foi cordial e Lula buscou ouvir o presidente da Câmara. Lira se comprometeu a pautar a votação do texto que for aprovado no Senado, Casa onde a tramitação da PEC terá início.

O deputado federal eleito Lindbergh Farias (PT-RJ) disse nesta quarta-feira, 30, que o governo eleito não vai "terceirizar a operação política" do Executivo para o Congresso Nacional. O PT já formalizou o apoio para a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara, mas pretende ter seu próprio articulador político e uma base forte de partidos para liderar suas pautas na casa.

"O Lira, no governo Bolsonaro, era uma espécie de primeiro-ministro. Era o presidente da Câmara e o grande operador político na Câmara dos interesses do Bolsonaro. Com a gente, vai ser diferente. Ele vai ser presidente da Câmara, mas a gente não quer terceirizar a operação política, os projetos do governo Lula para o Lira. Isso é fundamental. É o novo governo. Estamos conversando com os partidos, os que vão compor o governo", disse Farias.

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O deputado eleito confirmou que o PT quer comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal comissão, onde todos os projetos e propostas são analisados previamente, antes de votações pelo plenário. Questionado sobre a possibilidade de a comissão ser assumida por algum parlamentar do PL, partido de Bolsonaro, Farias disse que não há essa possibilidade.

"Pode ter rodízio por dois anos no comando da CCJ, mas com outro partido da base. O Lira sabe disso. Seria chutar o pau da barraca em qualquer acordo. Você bota um presidente do PL ali, separa tudo. Não tem essa. Não dá entrar numa dessa, apoiar o Lira e ainda ter alguém do PL na CCJ", comentou.

O parlamentar eleito disse que "é fundamental garantir esse espaço para o governo e lutar para construir uma base" que não tenha relação com o PL. "Não queremos participar de bloco com o PL. Todo governo, quando começa, monta a sua base. Queremos montar essa base com os partidos que apoiaram a gente no segundo turno, o PSD, União Brasil, MDB. Se a gente monta essa base, é o maior bloco da Câmara, é o que vamos tentar fazer."

O deputado eleito também chamou a atenção para a necessidade de que o PT indique, logo, seus ministérios da Fazenda e da Articulação Política. "Queremos montar a base do governo na Câmara e no Senado. O operador político do governo Lula vai ser o líder do governo. Tem que ter alguém para conduzir essas negociações", declarou.

Farias insistiu na importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Bolsa Família, mas afirmou que não se trata da única solução orçamentária para o ano que vem. "Não é a PEC ou a morte. Tem outras alternativas, com consultas ao TCU (Tribunal de Contas da União) ou medida provisória de créditos extraordinários", disse.

Ontem, a federação formada por PT-PCdoB-PV e também o PSB anunciaram que vão apoiar Lira à presidência da Câmara. Os partidos, que integraram a coligação de Lula, fizeram um pronunciamento conjunto na Câmara após reunirem as bancadas. Com 94 deputados, as legendas negociam a construção de blocos parlamentares, instrumento usado para dividir cargos na Casa, como presidências de comissões e postos na Mesa Diretora.

A federação formada por PT-PCdoB-PV e também o PSB anunciaram, nessa terça-feira (29), que vão apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara. Os partidos, que integraram a coligação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fizeram um pronunciamento conjunto na Câmara após reunirem as bancadas. Com 94 deputados, as legendas negociam a construção de blocos parlamentares, instrumento usado para dividir cargos na Casa, como presidências de comissões e postos na Mesa Diretora. O PT almeja comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e indicar o relator do Orçamento.

O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), disse que a ideia é o partido formar um bloco para servir como base de Lula na Casa. O deputado disse que, além dos partidos que apoiaram o presidente eleito na campanha, há a busca por aliança com União Brasil, MDB, PSD e Podemos. "Compreendemos que é possível construir um bloco de governo, que possa dar ao País e ao presidente Lula estabilidade, governabilidade e uma base sólida para implementar aquilo que foi contratado pelo povo brasileiro nas urnas, no dia 30 de outubro", afirmou Reginaldo.

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O deputado do PT de Minas afirmou que a formação do bloco não está concluída e que ainda há conversas com os partidos. "Evidente que nós iniciaremos hoje ainda um amplo debate com um conjunto de partidos que compõem hoje a transição do governo, compõem com o presidente Lula uma futura base, aproximadamente já são 15 partidos, a possibilidade de construir um bloco de governabilidade, mas esse é um debate que ainda vamos iniciar".

A decisão do PT representa uma mudança em relação ao discurso de Lula durante a campanha eleitoral. Lira consolidou sua rede de apoios com o orçamento secreto, esquema de compra de apoio político revelado pelo Estadão. O mecanismo foi criticado várias vezes por Lula. Em vários discursos e entrevistas, ele classificou o orçamento secreto de "excrescência" e chegou a reclamar do poder do deputado do PP, a quem chamou de "imperador do Japão".

Para o líder do PT, o apoio a Lira se deve a uma tentativa de construir estabilidade política. "Estamos defendendo uma agenda política de reconstrução do Brasil. É bom lembrar, o Arthur Lira foi o primeiro a reconhecer a legitimidade da eleição do presidente Lula no voto popular e tem postura colaborativa para uma pauta de reconstrução do Brasil", afirmou. "Se ele tem convergência, concordância, quer estabilizar o País, é nosso candidato a presidente da Câmara", completou Reginaldo.

Com o endosso de Lula, o PT resolveu apoiar a recondução de Lira para não repetir o que considerou como erro na disputa da Câmara, em 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) resolveu bancar o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ). Após vencer, Cunha virou inimigo de Dilma e, no fim daquele mesmo ano, autorizou a abertura do pedido de impeachment contra ela.

Reginaldo indicou que, na divisão das comissões, o PT tem preferência por comandar a CCJ e ter a relatoria do orçamento. Uma ala do partido quer também a vice-presidência da Casa, mas a cadeira é cobiçada pelo PL. Maior partido da Câmara, com 99 deputados eleitos, o PL planeja indicar Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) para a função. Há, ainda, uma disputa pelo comando da CCJ entre o PL e o União Brasil.

Durante o anúncio de apoio a Lira, o líder do PT disse que a federação com o PCdoB e o PV vai entrar uma ação na Justiça para que os ministérios da Economia e da Educação recomponham recursos de universidades públicas que foram bloqueados nesta segunda-feira (28).

"Vamos entrar na Justiça para que o governo Bolsonaro devolva imediatamente os recursos que foram sequestrados dos cofres das universidades", afirmou o deputado.

Na tentativa de conter o protagonismo do Centrão no novo governo, dirigentes do MDB articulam blocos na Câmara e no Senado com partidos de centro-direita, como o União Brasil. O alvo principal é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), candidato à reeleição, além das comissões da Casa, por onde passam projetos de interesse do governo, como a de Constituição e Justiça e a de Orçamento.

A negociação, no entanto, sofre resistências de uma ala do União Brasil, partido que pode integrar a base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. O deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União, disse ter sido procurado por integrantes da equipe de transição e que vai discutir o apoio a Lula com as bancadas nos próximos dias. Atualmente, a legenda faz parte da base de sustentação do governo de Jair Bolsonaro (PL).

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Com o partido rachado, o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), é um dos que almejam comandar a Câmara e tem procurado a ajuda de Lula desde o primeiro turno da eleição. A sigla abriga muitos aliados de Lira, como Elmar, o vice-presidente da legenda, Antonio Rueda, e o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Celso Sabino (PA). "Ninguém está contra a reeleição de Arthur Lira. Ao contrário", disse Elmar ao Estadão.

O próprio Lula resiste a avalizar um movimento para enfrentar Lira, que é o principal líder do Centrão. Na prática, o petista avalia que, atualmente, é difícil derrotá-lo e não quer ter um inimigo no comando da Câmara, capaz de levar adiante um processo de impeachment para tirá-lo do poder, como ocorreu com a então presidente Dilma Rousseff.

Divisões

O União Brasil é fruto da fusão entre o DEM e o PSL. Passado mais de um ano após o casamento, as divergências permanecem e ficam cada vez mais evidentes entre Bivar, que também era presidente do PSL, e um grupo oriundo do DEM, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e o deputado Mendonça Filho (PE).

Outro ponto de discordância é em relação a ser ou não base de Lula. Interessado em comandar a Câmara, Bivar tem agido para que o partido faça parte da aliança do petista. Alguns integrantes do antigo DEM, no entanto, querem que a legenda seja "independente", avaliando caso a caso o alinhamento ou não com o governo.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) chegou a conversar com ACM Neto, Bivar e deputados do União Brasil, mas há queixas de dirigentes do partido de que o PT não é claro sobre qual seria o tipo de participação no futuro governo. Integrantes da Executiva Nacional do União reclamam da repetição de ex-ministros do PT em cargos importantes na equipe de transição e dizem que, se o futuro governo quiser mesmo apoio, terá de ouvir indicações do partido para cargos em ministérios.

Além do PP, o núcleo duro de apoio a Lira está no Republicanos e no PL, que também fazem parte do Centrão. O presidente da Câmara recebeu, ainda, sinais de adesão do PSD.

Mesmo assim, aliados de Lula no MDB ainda mantêm a intenção de apresentar um nome para desafiar Lira. "Por que o MDB não pode ter um candidato (a presidente da Câmara)? Vamos fazer um bloco grande e o MDB pode ter candidato, sim", afirmou ao Estadão o deputado eleito Eunício Oliveira (CE). Além de Bivar, Eunício é um dos nomes desse grupo que discute a possibilidade de lançar candidatura ao comando da Câmara.

Costura

O MDB não dirige a Câmara desde 2016, quando Eduardo Cunha, hoje no PTB, era o presidente da Casa. Adversário de Lira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) diz que os aliados de Lula precisam costurar uma "base ampla" e enfrentar o Centrão.

Há uma semana, no mesmo dia em que o presidente eleito se reuniu com Lira, Renan participou de um encontro com Bivar, ACM Neto e os líderes do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), e no Senado, Eduardo Braga (AM), para tratar da negociação sobre a aliança entre os dois partidos.

Renan disse que Lira "flertou com o fascismo" ao ter se aliado a Bolsonaro. "O objetivo é costurar uma base ampla que possibilite eleger o presidente da Câmara e do Senado, aprovar as reformas necessárias e garantir a governabilidade. Esse bloco inicialmente tentaria atrair algumas dissidências, mas não priorizaria a atração de quem flertou com o fascismo", afirmou o senador.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, teve, recentemente, uma reunião com o deputado Baleia Rossi, que comanda o MDB. Após o encontro, Baleia disse que o partido será "colaborativo" com o futuro governo Lula.

Em um sinal da aproximação do MDB com o futuro governo, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) já está na equipe de transição do petista na área de Desenvolvimento Social. Simone ficou em quarto lugar na disputa presidencial e apoiou Lula no segundo turno. A presença da senadora no Ministério é dada como certa, embora o cargo não esteja definido. Renan e o senador Jader Barbalho (MDB-PA) também estão na transição e integram o Conselho Político.

O PT ainda não decidiu como se comportará na disputa pela presidência da Câmara, mas Lula já disse que o partido não terá candidato próprio e, no último dia 9, repetiu isso ao próprio Lira. Eleito para o comando da Casa com a ajuda de Bolsonaro, em 2021, Lira não demorou para acenar ao petista.

Em 30 de outubro, minutos após a vitória de Lula, o deputado do PP fez um pronunciamento e o parabenizou, mostrando-se disposto a colaborar com o futuro governo. O deputado José Guimarães (PT-CE) foi escalado pelo presidente eleito para conversar com Lira. O deputado Neri Geller (PP-MT), que apoiou Lula desde o primeiro turno, também tem feito essa aproximação.

Eunício minimizou os sinais de Lula. "Você acha que o presidente vai ficar com o Arthur Lira ou vai ficar com um candidato da base dele? Tem que ter calma com isso", afirmou.

Renan, por sua vez, reclamou da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) negociada pelo futuro governo com o Centrão, que deve romper o teto de gastos para permitir a liberação de aproximadamente R$ 175 bilhões. O ex-presidente do Senado avalia que negociar a aprovação da PEC da Transição - como ficou conhecida a iniciativa que quer abrir espaço para pagar o novo Bolsa Família de R$ 600, além de outros benefícios sociais - é dar muito poder a Lira, que deseja manter o orçamento secreto. O esquema de compra de apoio político no Congresso foi revelado pelo Estadão.

Medida Provisória

Tanto Renan quanto Eunício já disseram que o melhor é não se comprometer com o Centrão e tentar resolver o assunto editando uma Medida Provisória. A iniciativa, de atribuição do presidente, tem validade imediata, mas é necessária a aprovação pelo Congresso, em até quatro meses, para virar permanente.

"O governo mudou. Democracia é assim: entram uns, saem outros. Não faz sentido negociar essa história do orçamento secreto até porque, pelo que eu conversei com o pessoal do grupo de orçamento do Senado, e até perguntei a algumas pessoas do TCU, não precisa de PEC para tapar esse buraco que o Bolsonaro deixou", afirmou Eunício.

No Senado, há uma aproximação do PT com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a meta é impedir que um bolsonarista seja eleito para comandar o Congresso. "Vamos costurar uma base ampla que possibilite escolher os presidentes da Câmara e do Senado, aprovar as reformas necessárias e garantir a governabilidade", disse Renan. A disputa para a escolha da cúpula do Congresso está marcada para fevereiro de 2023.

"Já conversei com o Pacheco, eu e o senador Randolfe (Rodrigues), e vamos voltar a conversar. Essa questão (de definir nome para candidatura a presidente do Senado) é um detalhe menor. O fundamental é uma frente com conteúdo político, institucional e programático para colocar no lugar desse fisiologismo, que significa a relação do atual Congresso com o governo", insistiu Renan.

O senador admitiu não haver unanimidade no MDB para o apoio a Lula, mas avaliou que, de qualquer forma, o partido estará próximo do governo. "Todos os partidos terão dissidências", justificou ele.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ter consciência de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, é seu adversário político, mas ponderou a necessidade de manter as pontes com o líder do Centrão. "Muita gente achava que eu jamais conversaria com Lira. Eu sei que ele é meu adversário, mas ele é o presidente da Câmara dos Deputados. E o presidente da República necessita conversar, dialogar", afirmou Lula em reunião com parlamentares no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição.

Ele voltou a dizer que o chefe do Executivo "não deve se intrometer" nas eleições internas da Câmara e no Senado.

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Na tentativa de formar sua governabilidade, Lula também reforçou que não vai negociar com o Centrão, mas com parlamentares eleitos. "Governo terá diálogo com o Congresso e governadores, independentemente de partidos", disse o presidente eleito, para quem o governo não pode achar que projetos do Executivo estão perfeitos, a ponto de dispensarem colaborações. Disse que vai conversar com todos, Parlamento, movimentos sociais e sindicais.

"É preciso conversar com movimentos sociais e sindicais", afirmou o petista. "Vou andar todos os Estados e não vai ter motociata, vai ter abraço e conversa".

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se na manhã desta quarta-feira, 9, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O petista passou menos de duas horas na residência oficial de Lira numa conversa que foi classificada como "abertura de diálogo" com o presidente da Câmara que pretende manter-se no cargo e controla a pauta de votações na Casa.

O deputado federal José Guimarães (PT-CE) afirmou que o encontro teve um tom "muito bom, amistoso". Deputados do PT participaram do primeiro encontro entre Lula e Lira, após as eleições. "Ótima reunião. Foi uma reunião protocolar", disse Guimarães na saída do encontro. "Abertura de diálogo na busca de entendimento com o País e votação das matérias."

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Segundo Guimarães, haverá uma reunião nesta quinta-feira, 10, com outros parlamentares. "Acho que a coisa está andando bem." Além de Lula, reuniram-se com Lira, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o coordenador técnico da equipe de transição e ex-ministro Aloizio Mercadante, e os deputados Odair Cunha e Reginaldo Lopes, ambos do PT em Minas.

Lula chegou à residência oficial de Lira por volta das 10h15. Ficou no local durante 1h40. De lá, foi até a casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Durante a tarde, o presidente eleito tem encontros agendados com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

Lula e o PT têm discutido meios de bancar o Auxílio Brasil - que voltará a ser chamado de Bolsa Família - de R$ 600 a partir de janeiro e outras despesas de interesse do novo governo. A PEC incorporaria o chamado "waiver" (licença para gastar), que tem batido nos R$ 160 bilhões, podendo chegar a R$ 200 bilhões, como defendem alguns integrantes da cúpula petista.

Na semana passada, o Centrão havia sinalizado que apoia a medida, mas exigirá condições como a manutenção do orçamento secreto e o apoio ao projeto de reeleição de Lira no comando da Câmara. Lira e Pacheco querem se reeleger para o comando das Casas Legislativas no ano que vem.

O deputado federal José Guimarães (PT-CE), uma das principais lideranças petistas no Congresso, se reuniu nesta segunda-feira, 7, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar da PEC da transição. De acordo com o parlamentar, Lira se comprometeu em "ajudar naquilo que for necessário", no âmbito dos interesses do governo eleito, desde que tenha "conhecimento prévio". Guimarães, que é um dos vice-líderes do PT na Casa, é um dos principais interlocutores do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, com Lira.

"Lira se comprometeu em ajudar naquilo que for necessário de interesse do governo, evidentemente, tendo conhecimento prévio daquilo que vai ser debatido, discutido e aprovado", disse Guimarães, a jornalistas, ao sair de uma reunião da bancada do PT na Câmara. Lula deve se reunir com Lira após chegar a Brasília, mas ainda não há um horário marcado.

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Na última quinta-feira, 3, a equipe da transição, coordenada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, acertou com o relator-geral do Orçamento do ano que vem, senador Marcelo Castro (MDB-PI), a negociação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para deixar promessas de campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, fora do teto de gastos - a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação.

O texto foi apresentado hoje a Lula. Como mostrou o Broadcast, uma ala do PT pressiona para que a proposta já traga no texto um valor fechado do "waiver" ou "licença para gastar". A intenção é, com isso, afastar o temor fiscal no mercado, de que a PEC seja um "cheque em branco" para aumentar os gastos. A decisão deve ser tomada pelo presidente eleito.

Aliados de Lula também pressionavam para que o governo eleito garantisse a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 via medida provisória (MP), com a abertura de créditos extraordinários, ao invés de negociar uma PEC com Lira. De acordo com Guimarães, contudo, a bancada do PT prefere uma emenda à Constituição. "Estamos aguardando o texto para ser entregue oficialmente ao presidente Lira e iniciarmos as tratativas para aprovação daquilo que é de interesse do governo", afirmou o deputado. Ele argumentou que a PEC traz mais segurança política e jurídica, sem sobressaltos.

"Tem um novo governo. Foi eleito em cima desta plataforma. Todo mundo quer ajudar. Depois é outra coisa, de base, mas agora é fazer aquilo que o governo vitorioso nas urnas apresentou", disse Guimarães, ao ser questionado sobre o apoio de Lira. O mais provável, de acordo com o deputado, é que a tramitação da PEC comece pelo Senado. Ele também rebateu críticas às negociações para deixar despesas fora do teto. "Não é novidade para ninguém, nem para o mercado, nem para o Brasil."

A nova correlação de forças que saiu das urnas, com o resultado das eleições para cadeiras do Congresso, deflagrou o processo de disputa pelo comando da Câmara e do Senado. Deputado mais votado em Alagoas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aumentou seu domínio e deve consolidar o favoritismo para permanecer à frente da Casa, a partir de fevereiro de 2023. No Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) vive situação delicada porque partidos do Centrão também estão de olho no seu cargo.

O núcleo duro de Lira, formado por PP, PL, União Brasil e Republicanos, conseguiu eleger quase a metade dos deputados federais que tomarão posse em fevereiro, no mesmo dia em que a Câmara escolherá seu presidente. Até lá, o tamanho das bancadas pode mudar, mas o Centrão deve continuar controlando a pauta e também o orçamento da União.

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Lira trabalha por um novo mandato para o presidente Jair Bolsonaro, mas traçou uma estratégia com o objetivo de atrair aliados de esquerda e garantir a sua própria reeleição, mesmo num cenário de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano passa pelo orçamento secreto. "Com Bolsonaro é uma realidade. Com o PT, naturalmente, seria outra, mas perseguiremos o mesmo caminho", disse o presidente em exercício do PP, deputado Claudio Cajado (BA).

Nos bastidores, a expectativa é de que Lira procure os deputados eleitos, nos próximos dias, em busca de apoio para sua recondução à presidência da Câmara. Em troca, ele conta com a verba do orçamento secreto, incluindo os R$ 7,8 bilhões que ainda não foram liberados neste ano e os R$ 19,4 bilhões reservados para 2023.

O grupo de Lula, por sua vez, ainda não tem candidato ao comando da Câmara. Nomes antes cogitados, como Marcelo Ramos (PSD-AM), que não foi reeleito, e o presidente do União Brasil, Luciano Bivar (PE), estão hoje fora do radar. O deputado obteve novo mandato, mas se juntou a Lira para negociar uma fusão do União com o PP.

No Senado, o campo da direita ampliou o espaço, especialmente com a eleição de novos nomes do PL. A partir de 2023, a sigla de Bolsonaro terá 14 senadores e se tornará a maior da Casa, tirando a hegemonia do MDB. No ano passado, Bolsonaro apoiou a eleição de Pacheco, mas agora o PL deve se unir ao Republicanos e ao PP para lançar um candidato à presidência do Senado. No total, esses três partidos terão 24 senadores em fevereiro de 2023, o que representa 40% dos votos que Pacheco conquistou quando concorreu ao cargo, há quase dois anos.

Nomes

As ex-ministras Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alves (DF-Republicanos), recém-eleitas para o Senado, são os nomes mais citados para o lugar de Pacheco, com apoio de Bolsonaro. Além delas, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01" do presidente, e o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), também são mencionados como possíveis candidatos do grupo.

Os aliados de Bolsonaro admitem ir para o embate contra Pacheco, sobretudo se o presidente for reeleito. "É natural que a presidência do Senado esteja mais alinhada e acessível ao diálogo com o Executivo, principalmente tendo a maior base no Senado", afirmou Portinho. A avaliação ali é a de que, com uma eventual eleição de Bolsonaro, o grupo ficará forte para tentar controlar a Casa. Nessa agenda também entrariam processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), alvos do atual presidente.

Após ganhar uma das vagas do Senado pelo Distrito Federal, Damares Alves defendeu a mudança da agenda legislativa. Citou como prioridade, por exemplo, a reforma do Código Penal, projeto que é relatado por Pacheco.

Damares começou a visitar gabinetes do Senado na última terça-feira, pedindo votos para presidir a Casa. "Quero ser presidente do Senado", disse a ex-ministra da Mulher, após passar pelo gabinete do senador Flávio Arns (Podemos-PR), onde ela pretende se instalar. Antes de entrar no governo Bolsonaro, Damares trabalhava na assessoria de Magno Malta (PL-ES), que agora retornará à Casa.

Numa eventual vitória de Lula, no próximo dia 30, Pacheco deve se aproximar do petista, na tentativa de manter o Senado sob seu comando. Ele decidiu ficar neutro no segundo turno da eleição, sem declarar apoio a Lula ou a Bolsonaro, para não queimar "pontes". Interlocutores de Pacheco dizem que o acordo com os partidos que o elegeram pode se manter em 2023. "Depende muito de quem será o próximo presidente da República", afirmou o senador reeleito Omar Aziz (PSD-AM).

A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep) afirmou que está "avaliando e refletindo sobre os últimos acontecimentos" e que deve lançar ainda nesta quarta-feira (5) uma nota conjunta para falar sobre as pressões governistas para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar institutos devido a discrepâncias entre levantamentos eleitorais e o resultado das urnas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem descartado a ideia, fala a favor de uma mudança legislativa para responsabilizar os institutos. Em entrevista à GloboNews, nesta segunda-feira (3), Lira discorreu sobre sua vontade de colocar para votação no Congresso um projeto de regulamentação das pesquisas eleitorais.

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"Nós tínhamos pesquisas que mostravam o Tarcísio [de Freitas, candidato do Republicanos ao governo de São Paulo] 10 pontos atrás [de Fernando Haddad (PT)] e a realidade da eleição mostra o Tarcísio na frente. As votações e expressões da população brasileira deixam claro que as empresas de pesquisa não devem ser usadas para conduzir o eleitorado", disse o presidente da Câmara.

Lira lembrou, durante a entrevista, que quando a Câmara tentou votar no código eleitoral surgiram algumas complicações como, por exemplo a forma de responsabilizar as empresas de pesquisas. "A gente tem que votar [a regulamentação] no Congresso Nacional", disse.

Como resposta às críticas, alguns institutos tem se posicionado. O Datafolha e o Ipec destacam que os institutos acertaram no quadro geral, com Lula como favorito e Bolsonaro no segundo lugar. Sobre as discrepâncias, os institutos afirmam que Bolsonaro pode ter crescido devido ao "voto útil" de eleitores que não queriam um novo mandato petista.

A prática do voto útil tão disseminada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas duas últimas semanas que antecederam a votação em primeiro turno, segundo um número considerável de cientistas e analistas políticos, pode ter se transformado em um tiro que saiu pela culatra.

A intenção era antecipar para o primeiro turno os votos de Ciro Gomes (PDT) que, eventualmente, viriam para Lula no segundo turno. Assim, se a estratégia estivesse certa, o petista fecharia a fatura já no domingo, 2. Mas os petistas não contavam com o fato de que eleitores que votariam em Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe d’Avila (Novo) pudessem fazer o voto útil em Bolsonaro.

Esse movimento do voto útil em Bolsonaro de última hora não foi captado pelos institutos de pesquisas e pode ter sido uma das explicações para o desvio entre as sondagens e o resultado das urnas.

O Ipec explicou a situação através de uma nota, como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, dizendo que "as pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas". "Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá."

Já o Datafolha escolheu lançar uma nova pesquisa, após o fim das eleições mostrando a tendência.

Na data que marca o Bicentenário de Independência do Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), celebrou a liberdade e a emancipação brasileira. Em publicação no Twitter, o parlamentar afirmou que "Brasil independente é sempre o que olha para frente".

Aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), Lira decidiu não comparecer ao desfile do 7 de setembro em Brasília.

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"Há 200 anos, começava a nascer o Brasil de hoje, com um futuro de desafios, decisões difíceis, mas necessárias e grandes conquistas a alcançar. O 7 de set de 200 anos atrás continua ecoando nas ações e nos compromissos de todos! O Brasil independente é sempre o q olha para frente.nossa história", declarou o presidente da Câmara, em publicação no Twitter. "Vamos em frente, com a mais profunda esperança de que encontraremos, juntos, um novo caminho", concluiu.

Além de Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também não participa das comemorações.

Autoridades de outros Poderes em Brasília estão evitando subir no palanque com Bolsonaro, temendo terem suas imagens vinculadas a do mandatário, sem saber qual será o tom de seu discurso na cerimônia.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), minimizou intercorrências políticas no dia 7 de setembro, data em que serão comemorados os 200 anos da independência do Brasil. O presidente Jair Bolsonaro (PL) espera reunir apoiadores em atos de rua neste dia.

"Se tivermos 7 de Setembro, vai ser festa linda, cívica, tranquila", disse Lira. O líder reforçou que manifestantes não podem ir às ruas para fazer ameaças.

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Bolsonaro afirmou no último sábado, 30, que as Forças Armadas vão participar "ao lado" de seus apoiadores dos atos governistas de 7 de setembro em Brasília e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro. Ao lançar oficialmente sua candidatura à reeleição ao Palácio do Planalto, Bolsonaro pediu aos apoiadores para irem às ruas neste dia "pela última vez".

Os atos bolsonaristas do Dia da Independência de 2021 foram um dos pontos mais altos de enfrentamento entre Bolsonaro e as instituições brasileiras. Na Avenida Paulista, o presidente declarou à época que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A pressão que o governo Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), têm feito para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o bolsa-caminhoneiro e amplia auxílios voltados à população de baixa renda atropela todo o rito legislativo que está previsto na votação de um texto do gênero.

Nos planos de Lira, a PEC será votada em dois dias, um processo que, em condições normais de consenso parlamentar, costumaria levar meses para ser concluído, pelo simples fato de a PEC ser um dos textos mais importantes do processo legislativo, ao mexer diretamente com a Constituição federal.

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No cronograma do governo, o texto deve ser submetido já nesta quarta-feira, 29, ao plenário do Senado, para seguir nesta quinta, 30, para a Câmara. Uma vez votado pelos deputados, o pacote seria promulgado pelo Congresso.

Pelo rito legislativo, qualquer PEC que seja apresentada - seja pelo presidente da República, por um terço dos deputados (171) ou por um terço dos senadores (27) - tem de ter seu texto submetido, inicialmente, à Comissão de Constituição e Justiça. É a CCJ que avalia se a proposta viola alguma cláusula pétrea prevista na Constituição.

Se o texto for aprovado na CCJ, forma-se, então, uma comissão especial para analisar o mérito dessa PEC. É o momento de discussão aprofundada do texto. A comissão tem de realizar ao menos dez sessões parlamentares para avaliar o texto e eventuais alterações na proposta original. Se for necessário, a comissão pode fazer até 40 sessões até que o texto siga para votação.

Uma vez aprovada, a proposta vai ao plenário de cada Casa. Tem de passar por dois turnos de votação, sendo que a aprovação só é confirmada com os votos favoráveis de 308 deputados e de 49 senadores, equivalentes a três quintos de cada Casa. Só após todo esse processo é que a PEC pode ser promulgada, em sessão realizada pelo Congresso Nacional.

'Amarração'

"É preciso aguardar o relatório, para entender como se fez a amarração deste conjunto de improvisos e devaneios. E também lembrar o descumprimento do acordo de manutenção de valores para Fundeb, Educação e Saúde, que foram vetados por Bolsonaro. Defendo que este é um ponto que deve ser resolvido antes de avançar em qualquer outra coisa", diz o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE).

Na avaliação de Vieira, se tudo corresse de forma acelerada, com matéria consensual, seria possível aprovar uma PEC "em algumas semanas".

O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), discorda da avaliação de atropelo do processo legislativo e cita ações de outros países, que já fizeram repasses de dinheiro à população. "O assunto é urgente. Emergência internacional. O mundo está seguindo os mesmos caminhos do Brasil, como a Espanha", disse ele. "A Espanha fez corte de impostos e benefícios na ponta. Copiando-nos, enquanto discutimos."

'Jeitinho'

"A PEC 16 é um jeitinho que estão buscando para burlar as regras que norteiam o Direito Eleitoral, e que incluem princípios e normas constitucionais. Ela (a PEC) é populista, assistencialista e fere os princípios da razoabilidade e da moralidade, na medida em que estão falindo o Estado brasileiro para financiar uma reeleição (de Bolsonaro)", diz Alexandre Rollo, doutor em Direito pela PUC/São Paulo e conselheiro estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP).

Para o advogado Acacio Miranda da Silva Filho, doutor em Direito Constitucional e professor de Direito Eleitoral, "salta aos olhos a celeridade imposta ao projeto, fato não replicado nos demais temas que tramitam no Congresso".

Debate tem 'jogo de empurra'

O governo está com dificuldade para colocar em pé a bolsa-caminhoneiro, benefício de R$ 1 mil mensais. A medida foi negociada pelo Palácio do Planalto com lideranças do Congresso sem que estivesse definido o modelo do programa, a lista dos beneficiados, como fazer a transferência do benefício e, depois, a fiscalização do uso do dinheiro. Por isso, o auxílio vem sendo chamado ironicamente pelos técnicos do governo de "Pix caminhoneiro".

É uma situação diferente em relação ao Auxílio Brasil, cujos candidatos fazem o cadastramento para se habilitar ao programa nos centros de referência de assistência social das prefeituras, os Cras, e que já estão em atividade. Um "jogo de empurra" em torno da responsabilidade pela implantação do benefício se instalou na Esplanada. O Ministério da Economia transferiu a tarefa para o Ministério da Cidadania, que a repassou para o Ministério da Infraestrutura.

Como mostrou o Estadão, o governo pretende se basear em um cadastro genérico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que inclui, até mesmo, registros de veículos menores, como kombi e furgão, podendo abrir espaço para uma série de fraudes. O cadastro tem sido ampliado.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), confirmou, nesta terça-feira (28), que a intenção do Congresso e do governo é conceder o vale-gás a famílias de baixa renda mensalmente, como antecipou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Hoje, o benefício é dado a cada dois meses. O parlamentar acompanhou o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em evento de entrega de moradias em Maceió (AL) e voltou a defender o governo.

De olho na eleição de outubro, quando Bolsonaro vai disputar um segundo mandato no comando do País, o Palácio do Planalto negociou com o Congresso incluir na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis um aumento do Auxílio Brasil, o programa social que substituiu o Bolsa Família, de R$ 400 para R$ 600, a ampliação do vale-gás a famílias de baixa renda e um voucher de R$ 1 mil por mês a caminhoneiros autônomos afetados pela alta do preço do diesel.

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"Quem recebe um botijão de gás a cada dois meses, vai receber um botijão de gás a cada mês", disse Lira.

Se aprovadas, essas medidas durariam somente até o final do ano. O governo considera, ainda, decretar estado de emergência para não esbarrar na lei eleitoral.

Na última sexta-feira (24), o relator da PEC, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), informou que o conjunto de benefícios sociais, batizado por técnicos nos bastidores de "pacote do desespero", deve ter impacto fiscal de R$ 34,8 bilhões fora do teto de gastos - regra que limita o crescimento das despesas do governo.

"A nossa luta no Congresso Nacional, ao lado do presidente Bolsonaro, é para abaixar o preço da energia, porque eu sei a agonia que ele passa naquele gabinete. Todas as vezes que a Petrobras anuncia um aumento nos preços dos combustíveis, eu chego lá no gabinete e ele está angustiado, amargurado", disse Lira.

O presidente da Câmara afirmou também que nesta semana "nasce" no Congresso a ideia de aumentar o Auxílio Brasil e que vai fazer tudo o que for possível para aprovar a PEC.

Lira exaltou ainda a aprovação do teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, já sancionado por Bolsonaro, e pediu voto para o presidente, que vai concorrer à reeleição em outubro.

"Vamos fazer de tudo para Bolsonaro ter a maior votação proporcional do Nordeste", declarou o presidente da Câmara.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), liberou aos deputados a possibilidade de votação remota nas segundas e sextas-feiras, em meio à proximidade com o período eleitoral e à ofensiva do governo e do Congresso para aprovar projetos de lei que reduzam os preços dos combustíveis. Os parlamentares também puderam votar de forma virtual nesta quinta-feira (23).

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o ritmo intenso de votações imposto por Lira tem causado desconforto aos deputados.

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Há uma avaliação de que o pleito de outubro para o Legislativo será uma espécie de "luta pela sobrevivência". Com o fim das coligações para as eleições proporcionais e o endurecimento da cláusula de barreira, muitos temem ficar de fora do Congresso em 2023.

A votação remota permitiria o aumento de quorum durante as comemorações juninas deste mês, por exemplo, que são consideradas o momento mais importante do ano para deputados do Nordeste estarem com suas bases eleitorais. Tradicionalmente, parlamentares de outras regiões do País "pegam carona" nessa ausência e também deixam Brasília. Este ano, o evento se tornou ainda mais simbólico porque é a primeira vez que é realizado depois da suspensão nos anos anteriores por causa da pandemia de Covid-19.

PECs

Segundo a assessoria do deputado, a medida de Lira teria como objetivo garantir a votação de duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC) antes do prazo para definição orçamentária do próximo ano, em meados de julho. As duas PECs citadas - 11 e 15 - foram aprovadas na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) nesta segunda-feira, 20 e estabelecem, respectivamente, piso salarial nacional para profissionais de enfermagem e benefícios para produção de biocombustíveis.

O presidente da Câmara, contudo, não abre mão de também pautar medidas do chamado "pacote de combustíveis". Depois de o Congresso aprovar o teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis e energia elétrica, os parlamentares debatem uma PEC para compensar Estados que zerarem o ICMS sobre diesel e gás de cozinha. A matéria pode incluir também um "voucher" a caminhoneiros autônomos e um aumento do número de beneficiários do vale-gás a famílias de baixa renda. Governo e Congresso negociam, ainda, alterar a Lei das Estatais, com foco na Petrobras.

Prazo

Por regimento, as sessões acontecem de segunda a sexta, mas é comum que os deputados não alcancem quórum mínimo no começo e no final da semana útil, o que impede a execução da pauta em plenário.

"A abertura de sessão é relevante por causa da contagem de prazo. O tempo na Câmara não é contado por dias úteis, mas por sessões ordinárias. Diversos instrumentos de atuação de minoria só podem ocorrer dentro do prazo regimental", apontou a cientista política Graziella Testa, professora da FGV.

Com a nova medida, por exemplo, é possível acelerar o tempo entre duas votações necessárias para aprovar uma PEC, contado em cinco sessões. Por outro lado, ela também dificulta a contestação de um despacho inicial da Mesa sobre uma proposição conclusiva dentro do prazo.

Para Testa, além de permitir a presença dos deputados nos redutos eleitorais, a decisão abre espaço para a aprovação de matérias sem um debate mais qualificado.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez novas ameaças à Petrobras neste domingo, 19, por causa da sua política de preços dos combustíveis e cobrou respeito da estatal ao povo brasileiro. Nas redes sociais, Lira afirmou que se "a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras".

"Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade", postou no Twitter.

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Em artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo, de autoria do próprio presidente da Câmara e intitulado "Chegou a hora de tirar a máscara da Petrobras", Lira escreveu que "ficou escancarada a dupla face da estatal".

"Quando quer ganhar tratamento privilegiado do Estado brasileiro, a empresa se apresenta como uma costela estatal. Mas, na hora em que lucra bilhões e bilhões em meio à maior crise da história do último século, ela grita o coro da governança e se declara uma capitalista selvagem", diz trecho do texto.

O discurso representa um novo capítulo da ofensiva por parte do governo federal e seus aliados contra a Petrobras. Na sexta-feira, 17, a estatal anunciou um novo reajuste nos preços dos combustíveis, o que levou governo, Congresso e o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), a criticarem a empresa.

O presidente Jair Bolsonaro defendeu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras. Já Lira ameaçou dobrar a taxação dos lucros da empresa e disse que a nova alta era uma retaliação do presidente demissionário da estatal, Mauro Coelho, enquanto o ministro André Mendonça, do STF, pediu explicações sobre a política de preços.

A elevação nos valores dos combustíveis é vista como um dos principais obstáculos ao projeto de reeleição do chefe do Executivo.

Lira chegou a anunciar também que reunirá nesta segunda-feira, 20, o colégio de líderes para discutir a política de preços da Petrobras e tentar reverter o lucro da empresa para a população.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reclamou nesta terça-feira, 7, da tentativa de politizar a questão do preço dos combustíveis. Ele pediu que governistas e oposição tratem com "isenção" a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) anunciada nesta segunda, 6, pelo governo federal que prevê redução de impostos federais e estaduais que incidem sobre os combustíveis.

"A gente vai ter que dar um nome carinhoso para que ela a PEC seja tratada com a isenção da polarização do momento político. Não quero saber se Zezinho vota no candidato A, que Pedrinho vota no candidato B. Todos os dois estão sofrendo. Não é justo que esse sofrimento se prolongue a ponto de isso ser vetor ou não para decisão ou não de um processo político", disse Lira durante entrevista coletiva sobre a PEC nesta tarde.

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A PEC anunciada ontem é uma espécie de acordo com os governos estaduais para reduzir a carga tributária sobre os combustíveis e, com isso, tentar frear a escalada da inflação no país. A proposta prevê, em linhas gerais, zerar o ICMS sobre diesel e o gás de cozinha; reduzir o ICMS e zerar os impostos federais sobre gasolina e etanol; e compensar os estados e o Distrito Federal.

Em discurso alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é apoiador, Lira culpou a guerra da Ucrânia e os efeitos econômicos da pandemia pela inflação.

"Inflação é vírus mundial preso nessa vertente dos combustíveis e energia ... Guerra é entre país que mais produz alimento e país que mais produz energia na Europa. Lógico que guerra na Ucrânia iria afetar o mundo e perturbar economias. ... Estamos no auge do rebote dos efeitos da pandemia sobre a economia ... Independente de quem seja próximo presidente, população vulnerável continuará a mesma", disse.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) afirmou também que será apresentada uma outra PEC, que visa "manter a competitividade" do etanol com uma possível redução do ICMS do combustível. A proposta pretende manter a mesma proporcionalidade que existe hoje entre o imposto cobrado da gasolina e o que incide no etanol.

"PEC do etanol vai regular diferencial em favor do combustível renovável. Etanol é primordial para o Brasil e para o mundo", defendeu Lira ao comentar o texto.

Sensibilidade

O presidente da Câmara ainda pediu "sensibilidade" do Senado para votar com celeridade o projeto que fixa teto de 17% na cobrança do ICMS do combustível e da energia pelos Estados. Ele disse, por outro lado, que diante das propostas em tramitação no Congresso, "não faz mais sentido" apreciar a matéria que cria a chamada conta de estabilização de combustíveis.

Contatos: brunol.santos@estadao.com; iander.porcella@estadao.com

Para saber mais sobre o Broadcast Político, entre em contato com comercial.ae@estadao.com

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira, 7, que vai buscar acordo com a oposição para que duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que podem reduzir o preço dos combustíveis sejam votadas diretamente no Plenário da Casa.

Uma delas, anunciada na segunda-feira pelo governo federal, diminui tributos federais e estaduais que incidem no diesel e no gás de cozinha.

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O outro texto, detalhado nesta terça pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) visa "manter a competitividade" do etanol com uma possível redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do combustível.

"Fiz um apelo inicialmente por acordo com a oposição. A gente tem que se desnudar de palanque de oposição e situação e ver se os projetos trazem efeitos para quem está na ponta", disse Lira, que, no entanto, ainda não haver acordo. "Quando o texto chegar, aí vamos sentar na mesa porque podem sair boas proposta da oposição para melhorar o texto."

O acordo reduz o tempo de tramitação das PECs porque elas não passariam por comissões, sendo apreciadas diretamente no Plenário das Casas Legislativas.

Ainda segundo Lira, as propostas devem ser votadas antes do recesso parlamentar.

Para ser aprovada na Câmara, uma PEC precisa de 308 votos em dois turnos.

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