Entre as alfinetadas expostas pela vereadora do Recife, Marília Arraes (PSB), na manhã desta sexta-feira (6), em coletiva de imprensa no Recife, a parlamentar alegou não concordar com o processo de formação da chapa majoritária realizada pelo PSB em Pernambuco. A socialista também revelou que não sabe ainda se participará do processo eleitoral no Estado, retirou sua pré-candidatura à deputada federal e ainda criticou a aliança com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
De acordo com Arraes, a postura que ela terá daqui por diante ainda será analisada e só depois de alguns dias é que deverá se posicionar sobre seu comportamento em relação à chapa majoritária no Estado. “A gente nem sabe se vai ter participação no processo político desse ano, até porque, eu nem fui orientada pelo meu próprio partido neste sentido. Então, nós vamos passar por um período de reflexão, não sou eu, mas todas as pessoas que estão com a gente”, ressaltou.
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Mesmo com a decisão neutra até então, a socialista garantiu não haver possibilidade de apoiar a chapa encabeçada pelo senador Armando Monteiro (PTB). “Não existe (possibilidades). Isso jamais passou pela nossa cabeça, nós vamos refletir como participaremos do processo eleitoral neste ano”, ratificou.
Questionada se a escolha do nome do pré-candidato ao Governo do Estado, Paulo Câmara (PSB) era bom para Pernambuco, à vereadora não respondeu de forma direta, mas frisou claramente não ser a favor. “Se é bom ou não para Pernambuco quem decide é o povo, mas eu expressei aqui no meu texto que não é bom para o partido e para a democracia que as coisas sejam escolhidas desta maneira”, destacou, referindo-se ao texto lido para imprensa onde expressou sua decisão de desistência de candidatura e fez críticas a falta de processos democráticos dentro da legenda.
A vereadora contou não ter sido orientada para nada dentro da legenda, nem mesmo pelo líder do PSB. “Eu nunca recebi nenhum tipo de orientação direta de Eduardo Campos, nem de imposição, mas eu me refiro à cúpula do partido, porque muitas vezes a gente sabe que a maioria das decisões não são tomadas por uma pessoa só”, ressaltou tentando dividir a culpa de Campos.
Confirmando a existência de imposição dentro do PSB, a parlamentar preferiu não citar nomes, mas confirmou haver comandos fortes direcionando as decisões. “A atmosfera que a gente sente é de que existe sim um comando. A gente não sabe exatamente de onde vem, de quem ele é, mas sempre tem algum ruído, alguma coisa que a gente escuta e diz que fulano tem que fazer isso, cicrano tem que fazer aquilo”, revelou.
Marília Arraes também não temeu em dizer publicamente que a chapa composta por Câmara, o ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o deputado federal, Raul Henry (PMDB), não lhe representa. “Acho que temos que lembrar que ainda existe ideologia, que o partido existe com essa finalidade de juntar pessoas e essa chapa que está formada na majoritária não me representa ideologicamente. Então, como é que eu posso dá suporte a essa chapa? Ao contrário do que dizem, e que está sendo visto como natural, que é tratar votos como fatia de pizzas é: não tem mais votos para Marília porque já foi distribuído, isso não existe. Isso é um dos maiores absurdos e pior ainda, é ser tratado naturalmente por companheiro de partido como pela própria imprensa, como se isso fosse normal”, disparou.
Motivos de desistência- Ao ser indagada se a desistência da vaga na Câmara dos Deputados tinha haver com cooptação de nomes e escolhas, ela garantiu existir uma orientação que vem de cima, mas disse que os motivos foram outros. “Eu não desisti por causa disso, essa forma de fazer política não é eficaz porque 100% das pessoas que estavam comigo e que foram contactadas para votar em outra pessoa disseram que iam votar, mas com certeza ia ter furo naquela base e iam votar em mim porque estavam comigo”, desabafou.
Desfiliação – Depois de todas as revelações da parlamentar, ele confirmou permanecer no partido. Para ela, a alerta exposta em coletiva nesta sexta tem o intuito de que o partido melhore. “Não (sair do PSB). Como eu falei aqui no texto, eu estou tentando fazer críticas para que haja um reconhecimento e uma melhora e foi o que aconteceu segunda-feira (2) e terminou se tomando a atitude mais coerente (desistência de João Campos ao comando da JSB)”, alegou.
Pretextos anteriores – Como fez questão de revelar que o processo para a escolha do novo presidente da Juventude Socialista Brasileira (JSB) foi a “gota d’água” para anunciar sua postura hoje, a vereadora foi questionada sobre os primeiros aborrecimentos até então. “A gente faz as análises do dia a dia. Não foram essas questões isoladas, é a forma de operar, e pior ainda, é a forma com que companheiros com cargos ou não, acham natural que isso aconteça e isso para mim é um grande prejuízo para todos nós”, destacou pontuando posteriormente a falta de diálogo com o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes. “Conversei com Sileno pela última vez no beija mão der Geraldo (no último dia 17 de março)”, relembrou.
Aliança com Jarbas – As parcerias com o PMDB do senador Jarbas Vasconcelos e o DEM do deputado federal Mendonça Filho também não foram bem aceitas pela socialista, principalmente porque o peemedebista disputará a vaga pleiteada por ela. “O senador Jarbas Vasconcelos é candidato, e como é que eu vou ser candidata com uma pessoa que eu combati a vida inteira? E vai estar lá, e todos os votos são proporcionais, vocês sabem disso. Eu ganhando ou não, meus votos vão contribuir para a eleição de todos”, protestou Arraes.