Milhares de voos foram cancelados ou saíram atrasados nos Estados Unidos, nesta quarta-feira (11), devido a uma pane informática, que obrigou o órgão regulador da aviação do país (FAA) a suspender temporariamente todas as decolagens de voos domésticos.
A pane, iniciada na noite de terça-feira, afetou um sistema de computadores crucial para pilotos e tripulações. Por enquanto, o governo descarta um ataque hacker.
"Não há sinais de que se trate de um ciberataque", disse no Twitter a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
Às 09h locais (hora da costa leste, 11h de Brasília), a FAA suspendeu a proibição que impedia a decolagem das aeronaves. A exceção foram os aeroportos de Newark Liberty (subúrbio oeste de Nova York) e Atlanta, onde foram retomados antes para evitar um forte congestionamento do tráfego aéreo.
Segundo o tuíte mais recente da agência, as operações em todo o país "estão sendo retomadas gradualmente".
Mais de 1.100 voos foram cancelados e mais de 7.300 sofreram atrasos, segundo uma contagem do site especializado Flight Aware por volta das 14h30 de Brasília.
- Causa desconhecida -
No aeroporto Ronald Reagan, localizado perto de Washington, os letreiros com as decolagens estavam repletos de bandeiras vermelhas, indicado atrasos.
"Vamos perder nossa conexão", lamentou em declarações à AFP Lisa Nho, que esperava com a filha de quase dois anos um voo para o Texas, seguido de outro para Cabo, no México. "Estávamos saindo quando recebemos uma mensagem de texto dizendo que o voo atrasaria", contou.
O voo de Vince Hamilton para Chicago atrasou duas vezes. Se perder sua conexão em St. Louis, onde deveria pegar um ônibus, planeja alugar um carro.
No aeroporto da Cidade do México vários voos com destino aos Estados Unidos também atrasaram, constatou um jornalista da AFP.
As atenções agora se voltam para a razão da pane, ainda não identificada pela FAA.
Consultado sobre o tema antes da suspensão da proibição às decolagens, o presidente americano, Joe Biden, disse ter falado com o ministro dos Transportes, Pete Buttigieg, mas que desconhecia a origem da avaria naquele momento.
Os reguladores "esperam ter uma ideia melhor em poucas horas e vão reagir no devido momento", disse.
Enquanto isso, Buttigieg disse no Twitter ter pedido uma investigação "para determinar as causas [da interrupção] e recomendar os próximos passos".
- 'Inaceitável' -
A presidente do comitê do Senado a cargo dos Transportes, Maria Cantwell, também advertiu que o colegiado vai avaliar as causas dos problemas. "O público precisa de um sistema de transporte aéreo resistente", disse ela em um comunicado.
O tráfego aéreo nos Estados Unidos já tinha sido abalado no Natal por uma onda de frio extremo, acompanhado de nevascas, que se estendeu por vários dias com cancelamentos em série da companhia aérea Southwest.
"A falha catastrófica do sistema da FAA de hoje é um sinal claro de que o sistema de transporte dos Estados Unidos precisa desesperadamente de uma melhora importante", disse a Associação de Turismo dos Estados Unidos.
Vários republicanos também criticaram duramente a FAA, como o senador Ted Cruz que, em nota à imprensa, considerou "inaceitável" a incapacidade da agência em operar um importante sistema de segurança.
A FAA não tem um diretor designado desde a renúncia de Steve Dickson, no fim de março de 2021. A Casa Branca propôs em julho substituí-lo por Phillip Washington, mas o Congresso ainda não fez sua sabatina, o que o impede de assumir o cargo.
O sistema Notice To Air Missions (NOTAM), afetado pela avaria, é usado para transmitir informações às tripulações sobre riscos, a situação dos aeroportos e outros dados importantes.
O sistema é "essencial na informação requerida nas operações terra/ar", explicou à AFP Michel Merluzeau, analista do escritório AIR.
Espera-se que decolem, nesta quarta-feira, dos Estados Unidos um total de 21.464 voos, a grande maioria domésticos, segundo a empresa especializada Juliett Alpha.
Cerca de 2 milhões de passageiros foram potencialmente afetados pelo incidente.