Nesta quinta-feira (27), o Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR participou da terceira reunião de conciliação com a Urbana-PE, que representa os empresários do transporte público do estado. Assim como nos encontros anteriores, um acordo não foi selado. Segundo o desembargador Fábio Farias, do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), as partes têm opiniões “muito consistentes” sobre as próprias exigências.
“Quando uma pessoa pede 100% de ticket, 500% do auxílio ao empregado e 10% do salário, torna a negociação inviável. Tem que ir pra uma realidade de inflação baixa no Brasil, então 10% é um absurdo. No momento, a realidade é a de queda de demanda e crise no setor; nada pode ser dado além da inflação”, defendeu um representante dos empresários após a reunião.
##RECOMENDA##Aldo Lima, presidente do sindicato dos rodoviários, alegou que a reunião foi rápida e que a Urbana não ofereceu uma nova contraproposta. Assim, a conciliação perdeu sentido para as duas partes e foi encerrada.
“Nossa pauta inicial pede o reajuste de salário, inflação, e mais um complemento que totalize 10% [de aumento]. Pedimos também o ticket de alimentação no valor de R$ 600 e uma ajuda para o trabalhador que exerce dupla função, através de gratificação no valor de R$ 500. A inflação é um direito do trabalhador e obrigação das empresas”, explica Aldo Lima.
Nessa quarta-feira (26), o TRT-6 determinou o retorno de 60% da frota de ônibus na Região Metropolitana do Recife em horários de pico e 40% nos demais períodos. Em caso de descumprimento, o Sindicato dos Rodoviários está sujeito a multa diária de R$ 30 mil. Nesta quinta-feira (27), a medida foi cumprida, mas o estado de greve se mantém por tempo indeterminado.
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Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários, fala sobre continuidade da greve
Vídeo: Victor Gouveia/LeiaJá
Motoristas impedem tráfego em pontos da capital
Os rodoviários impediram a passagem de ônibus em dois trechos do Recife, a Avenida Guararapes, no Centro da cidade, e as vias no entorno da Praça do Derby. A greve da categoria, que acontece simultaneamente à greve dos metroviários, completou 24h à meia noite desta quinta-feira (27).
"Estamos dando continuidade ao que se iniciou, dentro da legalidade, deflagrado 72h antes e cumprindo o protocolo. A gente esperava que hoje pela manhã, durante a reunião no TRT, se chegasse em algum tipo de acordo com a Urbana. Infelizmente, a Urbana apresentou o mesmo percentual de outrora, de 3%, e R$ 7 de aumento no ticket, o que dá R$ 0,25 por dia e não dá pra nada. Não tem dia certo para que haja o julgamento do dissídio coletivo de greve, só o tribunal dirá o percentual correto", informou Roberto Carlos, presidente da Associação Beneficente Independente dos Rodoviários de Pernambuco (Abirpe), que comandava uma paralisação no Derby.
"A gente sabe que a sociedade passa por algumas dificuldades de deslocamento. Claro que, no período da manhã, houve o que a Justiça determinou de 60% da frota na rua, mas essas mobilizações nas ruas são legais e eles não passarão o dia todo aqui. Temos a consciência de que, nos horários de pico, os carros estejam rodando para levar o pessoal em casa", acrescentou.
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