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Um ato contra a política econômica do governo Jair Bolsonaro foi organizado na manhã desta quarta-feira (13), no centro de São Paulo, por nove centrais sindicais (CUT, CTB, CSP- Conlutas, Força Sindical, UGT, CSB, CGTB, Nova Central, Intersindical). O protesto reuniu poucos participantes, segundo fotos e vídeos publicados nas redes sociais das próprias centrais.

O objetivo da ação era "alertar a população sobre as medidas do governo de Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, que sempre beneficiam os empresários e prejudicam os trabalhadores e trabalhadoras", escreveu a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em seu site.

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As centrais anunciaram também a apresentação de um Plano Emergencial "para conter a crise, o desemprego, a fome e a tragédia social".

O plano será divulgado no próximo dia 18.

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu em evento em Belo Horizonte na noite desta segunda-feira as críticas aos resultados da política econômica até agora, mas ressaltou que vê avanços desde a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao poder.

"Reclamar que em cinco, seis meses, não houve entrega, que o Brasil não está crescendo. Nós estamos tentando reanimar a baleia. Dá um tempinho para a gente. Ficaram furando a baleia por 40 anos", disse, ao fazer analogia do animal com a economia brasileira.

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De acordo com o ministro, a economia já está "começando a andar mais rápido neste semestre" e que ano que vem "vai andar mais rápido ainda". "Dá um tempo, um apoio", pediu.

Ele voltou a esboçar um quadro de recuperação econômica. "O primeiro ano é de sacrifício. No segundo, a economia está se movendo melhor. No terceiro, decolar. E no quarto estará em velocidade de cruzeiro", argumentou. "Estamos absolutamente seguros que estamos fazendo a coisa certa."

Guedes disse ainda que o Congresso é parceiro nas reformas e que elas estão "começando a andar". Ele ressaltou também que a equipe não quer "cair no erro da Argentina", que optou pelo gradualismo no processo de ajuste.

Imediatamente, porém, ele evitou continuar as críticas à economia do país vizinho. "Quando falei de outro país da outra vez, andei falando besteira, fiz comentários inadequados", afirmou, ao fazer uma alusão aos comentários que fez sobre a primeira-dama da França, Brigitte Macron.

O impacto negativo da não aprovação da reforma da Previdência é de 0,15 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, afirmou nesta quinta-feira (14) o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk. Pelas projeções oficiais, a economia deve crescer 3% no ano que vem (antes, a estimativa era expansão de 2%). Se as novas regras para se aposentar no País não forem aprovadas, o crescimento seria de 2,85%.

Com a aprovação da reforma, o impacto positivo é de 0,3 ponto porcentual - ou seja, o crescimento iria a 3,3%. "O mercado coloca que a probabilidade de aprovar a Previdência neste governo é de um terço", disse Kanczuk, citando cálculos do Ministério da Fazenda. "Se a Previdência for aprovada, o choque positivo é mais forte do que o negativo, caso ela não seja aprovada", afirmou.

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Para este ano, a projeção oficial de crescimento do PIB foi elevada de 0,5% para 1,1%. O Orçamento do próximo ano, aprovado na quinta-feira pelo Congresso, já considerava uma alta de 2,5% no PIB no ano que vem. No Focus, boletim divulgado pelo Banco Central, os economistas preveem um crescimento de 2,62% em 2018.

"Essa projeção está um pouco acima da média das estimativas dos analistas, mas achamos que é uma previsão bastante conservadora e sólida. Revisão é produtos de reformas, e já houve um aumento muito grande da confiança, do investimento e do consumo", argumentou Meirelles. "Temos uma conjugação de fatores positivos."

Expectativa. Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, até a última quarta-feira, quando o senador Romero Jucá (PMDB-RR) declarou que os presidentes do Senado e da Câmara haviam feito um acordo para adiar a votação da reforma para o ano que vem, o mercado via uma janela de possibilidade de aprovação ainda este ano. Zeina não conta que a reforma seja aprovada em 2018.

"O governo tem mantido essa 'cenoura' para atrair o mercado, mas isso também é perigoso, porque o investidor vai se cansando. Se o governo não acredita na aprovação da reforma, é melhor não prometê-la."

Na avaliação do economista Mauro Schneider, da MCM, o que ainda pode jogar a favor da reforma é a consolidação da recuperação da economia. "Avançar nessa agenda de reformas é uma parte das melhoras."

"Pior do que não passar em 2018 é não passar nem em 2019. Seria mortal para a evolução da economia. O impacto maior no ano que vem viria dos preços de ativos, que ficariam mais voláteis, e com as agências de classificação de risco baixando a nota do Brasil. Se eu estivesse nas agências, baixaria duas notas, para sinalizar o que significa não mudar a Previdência", diz Sergio Vale, da MB Associados.

Vale lembra que a não aprovação do texto comprometeria a estrutura de gastos públicos. "É uma pena que os congressistas ainda não entenderam que não é uma questão eleitoral. É um tiro de metralhadora no pé." Confirmada ou não a perspectiva de um crescimento menor do País no ano que vem, caso a reforma não seja aprovada, 2018 será um ano de forte oscilação na Bolsa, avalia Thiago Xavier, da Tendências Consultoria. "O ano deve ser de turbulência, tanto pela eleição quanto pelo adiamento da reforma. A medida em que o ciclo eleitoral se aproxima, mais difícil fica." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente afastada, Dilma Rousseff, fez um leve elogio pessoal ao ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles, mas não poupou críticas à política econômica do governo em exercício. Em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo, a petista reivindicou para si a baixa da inflação e disse crer em uma derrota do processo de impeachment no Senado.

Perguntada sobre o porquê de ela não ter indicado o economista para o ministério da Fazenda, como foi amplamente sugerido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por integrantes do então governo petista, Dilma foi econômica e se limitou a dizer que Meirelles "é uma pessoa competente na área dele". "Eu não considero que Henrique Meirelles representa este governo como um todo", complementou.

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Dilma, no entanto, criticou propostas de redução de gastos com saúde e educação e disse que o governo Temer está tratando a meta fiscal de 2016, que prevê déficit de até R$ 170,5 bilhões, como um "cheque em branco". "Se sabe que o déficit não era deste tamanho", disse a presidente afastada.

A presidente afastada disse ainda observar que a inflação está abrandando e que isso ocorre por causa da ação do governo dela. "As condições para a inflação cair foram sendo construídas durante meu governo", afirmou, dizendo crer que o arrefecimento dos preços abre a possibilidade de corte de juros.

Na longa entrevista, Dilma repetiu parte do script de conversas anteriores com a imprensa. Voltou a falar em crise internacional, a condenar o que chama de "golpe" e a tecer uma série de críticas ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável pela abertura do impeachment contra ela.

"Eu tenho divergências com Cunha desde quando ele assumiu a liderança do PMDB no meu primeiro mandato, por não concordarmos em vários projetos, como no caso do marco regulatório dos portos", afirmou.

Dilma repetiu ainda que o impeachment contra ela teria sido fruto de uma "vingança pessoal" do deputado fluminense e que a saída dele da presidência da Câmara vai diminuir o poder do grupo de aliados do parlamentar, que teriam uma pauta conservadora própria.

A presidente afastada disse ainda crer que vai reverter o placar do impeachment no Senado e que vai voltar à presidência no final de agosto. "Quando voltar, vou ter de enxugar muita coisa, tem muita coisa errada sendo feita", afirmou, em referência às propostas de cortes de recursos para a educação e a saúde. "Tenho uma obrigação e missão, porque o Brasil passou por uma ruptura democrática e sou responsável por colar isto de volta", finalizou a petista.

Proposta de resolução política preparada pela ala majoritária do PT defende mudanças na atual política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff. No documento, eles afirmam que a mudança é ponto chave para "derrotar a escalada golpista, isolar a oposição de direita e recuperar as condições plenas de governabilidade". O documento ainda será discutido na reunião do Diretório Nacional do partido nesta quinta-feira (29) e poderá sofrer alterações.

Na proposta, o partido afirma que mudanças na política econômica podem "reagrupar as forças populares e democráticas" ao redor de um "programa de desenvolvimento sustentado pela expansão do mercado interno, pela ampliação dos investimentos estatais, pela defesa do emprego e a majoração contínua da renda dos trabalhadores". "Cortes nos gastos sociais ou nos investimentos públicos, posição defendida por porta-vozes do capital financeiro, são incapazes de enfrentar o problema central dos cofres estatais", diz o texto.

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O documento defende que a recuperação fiscal deve ser encaminhada por meio de medidas que aumentem a tributação sobre a renda, a riqueza e a propriedade dos extratos mais abastados da sociedade. "Ao mesmo tempo em que o governo reduza seus gastos financeiros, através do rebaixamento paulatino da taxa de juros", acrescenta. Na proposta, o Diretório Nacional diz considerar "extremamente positiva" a proposta de recriação da CPMF.

No texto, o Diretório elogia documento da Fundação Perseu Abramo que defende mudanças na política econômica. "A direção partidária também saúda, por retomar a melhor tradição do debate econômico e colaborar para enfrentar a dominância do pensamento conservador, o documento 'Por um Brasil Justo e Democrático', elaborado sob a coordenação da Fundação Perseu Abramo e outras entidades", afirma. Em nenhum trecho o documento cita o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Na primeira conversa com a presidente Dilma Rousseff após a divulgação do pacote fiscal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a ela que faça uma reforma ministerial mais ampla, para garantir sustentação política no Congresso e evitar o processo de impeachment. Lula disse a Dilma, na quinta-feira, 17, que ela precisa aumentar o espaço dos aliados fiéis e diminuir os cargos dos traidores, porque somente assim conseguirá aprovar o ajuste e barrar iniciativas para afastá-la do Planalto.

Na lista dos partidos que comandam ministérios e votaram contra medidas propostas pela equipe econômica na primeira fase do ajuste estão o PR, que controla os Transportes; o PDT, no Trabalho; e o PRB, no Esporte. A avaliação é de que tudo tem de ser feito para impedir que um pedido de impeachment seja aceito na Câmara comandada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) porque, se isso ocorrer, será muito difícil deter sua tramitação com a pressão das ruas.

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Apesar de defender mudanças na política econômica e achar que Dilma deveria ter adotado outro caminho para reequilibrar o Orçamento, Lula disse que é necessário "pôr no Ministério quem ajuda o governo no Congresso" para aprovar o quanto antes o pacote fiscal, mesmo se houver recuos estratégicos, como um prazo menor de vigência da CPMF.

Depois de se encontrar com Dilma, Lula jantou com ministros do PT e considerou a situação "gravíssima". Na conversa, o diagnóstico foi que outra derrota de Dilma no Congresso, neste momento, pode ser fatal para ela.

"Nós precisamos nos unir. Mesmo quem não concorda com um ponto aqui, outro acolá, tem de apoiar nossa companheira", disse Lula, segundo relato de um dos participantes do encontro. "Mas nós também precisamos dar uma notícia boa para a população. Não dá para só falar em desemprego, recessão, imposto e corte."

Embora faça reparos ao endurecimento do ajuste, Lula garantiu que não renovará as críticas à equipe econômica nem atacará as medidas em público. Para ele, a presidente deve dar uma "chacoalhada" no governo e mudar a articulação política, inclusive a Casa Civil, além de se reaproximar do vice Michel Temer, que comanda o PMDB.

Até agora, porém, Dilma resiste a tirar Aloizio Mercadante da Casa Civil e avisou que não cederá às pressões. O nome da ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), chegou a ser cogitado para a pasta, mas ela não tem apoio integral do PMDB. Lula também disse, ontem, que não aprovaria a troca. Na sua opinião, o mais indicado para substituir Mercadante seria Jaques Wagner, titular da Defesa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reunido com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. Antes de encontrar com a presidente, Lula fez questão de buscar informações sobre as relações do governo no Congresso com um grupo de parlamentares petistas que foram ao hotel onde ele está hospedado.

A conversa entre Lula e Dilma começou pouco depois das 18h e acontece num momento cercado de especulações sobre o descontentamento do ex-presidente e do PT em relação à condução da política econômica e das articulações políticas do governo Dilma. O governo corre sério risco de ver barradas pelo Congresso medidas importantes do ajuste fiscal.

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Nesta quarta-feira, 16, o rumor mais forte em Brasília girava em torno da substituição de Aloizio Mercadante por Kátia Abreu na Casa Civil. Os rumores foram tão fortes que a ministra da Agricultura foi uma das ausências mais notadas nesta quinta-feira, 17, na cerimônia de recondução de Rodrigo Janot à PGR. Segundo fontes, Kátia Abreu preferiu se manter distante da imprensa e de novas especulações.

A reforma ministerial foi prometida pela presidente Dilma para acontecer até quarta-feira da próxima semana.

Nesta terça-feira, 28, dia da primeira parte da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) escolheu o Ministério da Fazenda para protestar contra a política econômica do governo federal. Desde de cedo, manifestantes da Central estão na sede da pasta reivindicando mecanismos que garantam maior poder de consumo à população.

De acordo com o presidente da Executiva Nacional da CUT, Júlio Turra, a escolha do local foi feita porque a CUT critica os rumos da política econômica adotada pelo ministro Joaquim Levy. Segundo ele, essa política tira o poder de compra da sociedade e não tem controlado a inflação. Para Turra, uma das maiores preocupações é que a CUT "não vê luz no fim do túnel".

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Segundo a entidade, cerca de 2 mil manifestantes fazem parte do protesto. Porém, nas contas da Polícia Militar, o número de pessoas no local chega a apenas 350.

Além da Fazenda, os manifestantes da CUT farão outro protesto nesta terça-feira, em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal.

A corrente Mensagem ao Partido, segunda maior força interna no PT, quer que o 5º Congresso da legenda, de 11 a 14 de junho, em Salvador, aprove uma resolução cobrando mudanças na política econômica do governo Dilma Rousseff.

Integrada pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, a tendência vai pedir a "reorientação imediata" dos rumos da economia, redução da taxa básica de juros e manutenção dos programas sociais que sofreram corte no Orçamento.

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A posição mais dura da corrente - que também conta com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - tem como parâmetro um documento aprovado na etapa gaúcha do 5.º Congresso do PT, realizada no sábado em Porto Alegre. O texto vê contradições entre as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o programa de Dilma, e chega a apontar "golpismo" no plano econômico.

"Se um equilíbrio orçamentário exige correções pontuais, elas devem ser direcionadas às camadas mais favorecidas da sociedade e não podem servir de pretexto para mudar o rumo da política econômica e vergá-la aos interesses financistas", diz o documento da Mensagem. "O 5.º Congresso conclama os militantes, parlamentares e dirigentes do PT a unirem-se às demais forças dos movimentos sociais, da esquerda (…) para barrar o golpismo em todas as suas dimensões, inclusive no plano econômico."

O presidente do PT, Rui Falcão, é contra a radicalização do documento final do congresso, que vai nortear os próximos passos do partido. Com o aval do Palácio do Planalto e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que integra a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), Falcão tenta mapear as divergências e construir um acordo com as outras correntes, para que a resolução reflita o "pós-ajuste", momento em que o governo procura reagir à crise, imprimindo uma agenda positiva.

"Não quero uma resolução que fique fazendo juízo de valor contra o governo", disse Falcão, ontem à tarde, após reunião da Executiva Nacional petista, em Brasília.

Apesar de contrário a uma crítica frontal na direção da equipe econômica, o presidente do PT defendeu posições que contrastam com as de Levy. Nessa lista estão a volta da CPMF, o imposto do cheque, e a sanção sem veto da proposta aprovada pelo Senado que flexibiliza o fator previdenciário, mecanismo criado no governo Fernando Henrique para reduzir o valor da aposentadoria em até 30%.

"O mais simples seria isso, mas não me parece ser intenção do governo sancionar (o texto) como está", afirmou Falcão. "O partido é uma coisa e o governo, outra. Muitas vezes o governo toma iniciativas que, pela conjuntura, é melhor para nós não opinar, para não jogar água no moinho dos adversários." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou nesta quinta-feira (4) que a crise mundial está chegando ao fim e disse que praticamente não houve crise para a população brasileira de média e baixa renda. "Creio que estamos chegando perto do fim dessa crise mundial", disse, acrescentando que o processo será mais rápido quando países europeus "deixarem o imobilismo" e tomarem medidas eficazes para gerar empregos necessários. "Com o mundo melhorando nos próximos anos, o Brasil tem plena condição de engatar novo ciclo de crescimento", afirmou. O ministro fez uma defesa da política econômica nos últimos anos, enquanto esteve à frente da pasta.

"Meu grande orgulho é ter liderado a economia brasileira na mais grave crise brasileira em 80 anos", afirmou, acrescentando que entregará a economia mais sólida do que recebeu. "É um grande orgulho para nós dizer que para a população brasileira média e baixa renda praticamente não houve crise."

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"Quando a crise de 2008 começou, estávamos preparados para enfrentá-la", disse. O ministro argumentou que situação fiscal era sólida e o mercado interno era vigoroso. "Pela primeira vez em muitas décadas o Brasil não tombou diante de crise internacional", disse. "Enquanto países cortaram investimentos e geraram desemprego, fizemos corajosa política anticíclica."

O ministro comparou mais uma vez a situação do mercado de trabalho no Brasil e em outros países e elogiou a situação do emprego no Brasil. "Nesse longo período no governo, tenho certeza que fomos bem-sucedidos na missão de desenvolver nossa economia", disse.

No início do discurso, Mantega adiantou que faria uma avaliação do que foi o período dele no governo petista. "Nesses anos, o Brasil avançou muito em todas as áreas, deixando de ser economia frágil para se tornar a sétima economia do mundo", disse. O ministro disse que, apesar dos anos de crise mundial, há um "saldo positivo de transformação".

"Nos anos 2000, entramos no governo com economia abalada. As reservas mal davam para pagar dois meses de importação. Naquela época, o Brasil estava de pires na mão, pedindo empréstimos e as bênçãos do FMI". Mantega afirmou que, hoje, as reservas são maiores que a divida externa.

O ministro fez várias comparações com o governo de Fernando Henrique Cardoso, anterior ao período petista no poder. "Naquela época, faltava emprego e os jovens tinham poucas expectativas de trabalho. Arregaçamos as mangas e implementamos projeto que acelerou crescimento, gerou empregos com carteira assinada e criou condições mais humanas". Mantega destacou as transformações sociais e disse, mais uma vez, que a renda do brasileiro subiu nos últimos anos e, portanto, a pobreza caiu.

O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa afirmou em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que o "Brasil tem amplas condições de crescer de 3% a 3,5% em 2018". Para que isso ocorra, é importante um aumento substancial da produtividade total de fatores da economia e aumento da taxa de participação dos brasileiros no mercado de trabalho. "E, para isso, são fundamentais as políticas sociais, pois darão mais condições às famílias, inclusive para o aumento da participação das mulheres", disse.

De acordo com Barbosa, para que a taxa de juros, que está em 11,25% ao ano, volte para um dígito é importante o ajuste da política fiscal, aumento da produtividade na economia e elevação da participação do crédito livre como proporção do PIB. Ele fez os comentários depois de participar em evento em Campinas realizado pelo IBE-FGV.

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Barbosa afirmou ainda que o ajuste fiscal que o governo deverá adotar pode ter superávit primário crescente, mas destacou que não é possível saber qual será o nível que será registrado já em 2015.

"Um dos desafios fiscais é recuperar a capacidade do governo de produzir resultados primários em bases recorrentes, num nível que estabilize a dívida pública", comentou Barbosa.

Segundo ele, primeiro é preciso estabilizar o passivo mobiliário federal em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), que está subindo. Depois, é necessário voltar a baixar essa relação dívida/PIB, o que é um processo que levaria de dois a três anos, até porque, para que isso ocorra de forma duradoura, as decisões vão envolver medidas que necessitam da aprovação do Congresso Nacional. Barbosa destacou que eventuais medidas poderão ser submetidas ao parlamento em fevereiro e, devido à questão da anualidade e direitos adquiridos, se aprovadas só passariam a valer em 2016.

O Brasil deve apresentar um saldo negativo nas contas públicas deste ano e terá que passar por uma nova rodada de aumento na carga tributária durante o próximo governo, afirmou Samuel Pessôa, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e um dos responsáveis pela agenda econômica do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB). Em teleconferência promovida pela GO Associados, Pessôa projetou um déficit no resultado primário de 0,5% a 1,0% do Produto Interno Bruto (PIB) em termos recorrentes, isso é, excluindo itens extraordinários como receitas de Refis, dividendos e bônus de concessões. "A grande dúvida do próximo governo é como reconstruir o resultado primário", disse.

Nesse contexto, Pessôa disse acreditar em mais uma rodada de aumento de carga tributária e a devolução de algumas desonerações promovidas pelo atual governo. Na cesta básica não há motivo para mexer nas desonerações, acrescentou. "Se não fizermos isso acho que vamos perder o grau de investimento no próximo ano", justificou.

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Ao mesmo tempo, Pessôa defende uma reforma tributária para simplificar o sistema e se disse otimista com esse processo, uma vez que os três principais candidatos à Presidência defendem esse tema.

Isso seria necessário para que o gasto público pare de crescer acima do PIB, afirmou. Pessôa, que é um dos responsáveis pela agenda econômica de Aécio, acrescentou que historicamente a sociedade não tem se mostrado contra o aumento de imposto. "Acredito que há evidências de que o sistema político brasileiro funciona bem, que consegue funcionar como uma correia de transmissão da preferência do eleitor para a formulação de políticas públicas, e até hoje a sociedade não vetou esse processo (de elevação da carga tributária)", disse durante a teleconferência.

Pessôa lembrou que o gasto público tem subido significativamente desde os anos 1990 para financiar a expansão do Estado, mas ele reconheceu que isso reflete um desejo da sociedade de construir um Estado de bem estar social padrão europeu continental. "Não vejo espaço para que isso seja mudado. Esse sistema não está em discussão na campanha", disse.

No entanto, ele criticou a Nova Matriz Econômica, adotada pelo governo de Dilma Rousseff. "Se houver uma mudança política, a nova matriz vai ser revertida, vamos voltar a um regime de política econômica mais liberal, a questão social é um outro item", afirmou. Para ele, essa mudança possibilitaria à economia brasileira crescer de 3,5% a 4% ao ano.

"Se a Dilma for reeleita, não sei como vai ficar a formulação da política econômica. Todos os associados a ela atribuem os problemas à economia internacional, e não está claro o quanto isso é discurso de campanha ou entendimento genuíno desse grupo político", afirmou. Para ele, se for de fato um entendimento do governo, o Brasil pode perder o grau de investimento "rapidamente". No entanto, se for apenas um discurso de campanha, ele acredita que o recuo maior do governo ocorrerá na área macroeconômica, e não na microeconômica, que envolve manter a economia fechada.

Mesmo assim, independentemente de quem for eleito neste mês, Pessôa lembrou que a economia brasileira permanecerá estagnada neste ano e apresentará alguma recuperação no próximo. "Com a solução do processo eleitoral, tira um enorme ponto de interrogação, as expectativas ficam mais claras e os empresários tiram os investimentos da gaveta", avaliou.

A primeira medida do próximo governo, na visão de Pessôa, seria melhorar a transparência da política fiscal. Ele ainda sugeriu alguma melhora em termos regulatórios para evitar, no futuro, o que ficou conhecido como "contabilidade criativa".

Pressionada a adotar uma estratégia mais amigável ao mercado, mas sem renunciar ao "apetite" desenvolvimentista, a presidente Dilma Rousseff já começou a definir os direcionamentos da política econômica para um eventual segundo mandato. O Estado apurou que ajustes importantes serão feitos na condução da economia no campo fiscal, de infraestrutura e cambial. Depois de 8 anos e 6 meses de Guido Mantega, o Ministério da Fazenda trocará de mãos, como já antecipou a presidente. Embora Dilma proíba qualquer discussão na campanha quanto a nomes de substituto, o próprio governo avalia algumas propostas. Uma delas seria a colocação de um empresário para comandar a Fazenda, num plano que seria amarrado com a elevação do Ministério do Planejamento para a linha de frente macroeconômica. "Dividir um pouco o poder e colocar duas vozes com força para defender a economia", segundo um auxiliar presidencial afirmou, em entrevista gravada.

A política fiscal vai mudar. No Palácio do Planalto e também no Ministério da Fazenda há um consenso de que devem ser terminadas as operações chamadas nos bastidores de "duvidosas", como os atrasos nos repasses de recursos do Tesouro Nacional à Caixa e à Eletrobras promovidos para melhorar pontualmente as despesas federais.

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Há na campanha presidencial, no Planalto e também na Fazenda uma visão de que o governo deve apresentar em 2015 um esforço de recursos muito inferior no ano que vem, na faixa de 1% a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa meta seria considerada "realista", diante do quadro atual: as receitas estão em baixa e o PIB está saindo de uma recessão. "Se não conseguimos chegar a 1,9% do PIB em 2014, como aumentar em 2015? É preciso ser realista", disse fonte graduada do governo.

Questionado sobre o assunto para esta reportagem, Mantega afirmou que não concorda com a definição de uma meta fiscal menor para o ano que vem. "Não concordo. O caminho agora é de um aperto fiscal maior no ano que vem, como forma de abrir espaço para o corte de juros", disse. Mas o ministro não fará parte de um eventual segundo mandato de Dilma.

Segundo o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, que esteve com Dilma na quarta-feira em Campinas, o debate sobre a política fiscal "está distorcido" na campanha presidencial. "Parece que é fácil fazer um superávit fiscal com economia crescendo a zero. A austeridade não resolve o problema do crescimento, mas agrava, como vemos na Europa. O momento é outro. Quando a economia voltar a crescer, é claro, o esforço fiscal deve aumentar mesmo", disse.

Câmbio

Segundo outro conselheiro presidencial, Dilma entende que o real deve se desvalorizar mais para poder trazer competitividade para a indústria brasileira. No entanto, tendo a mudança de política do Fed (o banco central dos EUA) colocada para 2015, a presidente pode aguardar os reflexos disso no Brasil para promover a desvalorização desejada apenas aproveitando a "janela de oportunidade".

Quando o Fed voltar a elevar os juros nos Estados Unidos, o fluxo de capitais hoje concentrado nos países emergentes, como o Brasil, deve se inverter e fluir para os EUA, provocando uma desvalorização das moedas. Foi o que ocorreu no fim de 2013, quando o Fed começou a sinalizar este cenário.

Antes disso, entre o fim de 2011 e o início de 2013, o próprio governo Dilma perseguiu uma desvalorização da moeda brasileira. De acordo com Mantega, é "arriscado fazer ajustes muito fortes em 2015, porque a indústria também importa insumos e pode ser impactada com uma desvalorização maior".

Propostas

Estuda-se no governo a separação entre a Receita Federal e a Aduana. A ideia tem sido defendida internamente por Alessandro Teixeira, um dos coordenadores do programa do PT na eleição presidencial. Homem de confiança de Dilma, ele foi secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento nos dois primeiros anos de mandato, antes de assumir cargo no Planalto.

A proposta é que, fora do guarda-chuva da Receita, os técnicos da Aduana poderiam ganhar mais autonomia e atuar mais fortemente na defesa dos exportadores brasileiros. Ao mesmo tempo, a Receita poderia ficar focada na arrecadação tributária, área onde a presidente Dilma Rousseff entende ser possível modernizar, para tornar o Fisco mais "amigável" e ágil no trato com o contribuinte. Ainda há resistências quanto a esta separação.

Na área de infraestrutura, o governo já tem definido que, se consórcios privados manifestarem interesse, os aeroportos de Salvador (BA), Recife (PE), Vitória (ES) e Curitiba (PR) podem ter seu controle transferido das mãos da Infraero. No máximo dois entre esses 4 terminais seriam leiloados. O governo avalia abrir a licitação ainda no fim de 2015, de forma a colher resultados no fim do próximo mandato.

O governo também garante ter sinal verde dos bancos privados quanto ao modelo de financiamento e operacionalização das concessões de ferrovias. De acordo com uma fonte, a presidente pode anunciar os primeiros leilões ainda em novembro, em caso de vitória nas eleições.

Na área de portos, o Planalto mantém o tom de indignação com o TCU que, segundo um auxiliar presidencial, "travou totalmente" o setor por dois anos. "Passadas as eleições, o TCU haverá de liberar, porque a razão da trava terá acabado."

O governo teme as consequências de uma mudança na política monetária nos Estados Unidos, que provavelmente ocorrerá em 2015. As concessões de infraestrutura, na visão do governo, devem "voar" justamente para criar um canal paralelo de entrada de dólares no Brasil. "A insegurança de cenário será em 2015. Quando o mercado se estabilizar quanto ao Fed, o quadro deve ser outro a partir de 2016", disse um economista que já participou do governo federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nessa terça-feira (16), durante debate promovido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição pela coligação Com a força do povo, voltou a afirmar ser contra a independência do Banco Central. A candidata também falou sobre os planos para o segundo mandato, caso vença as eleições em outubro.

A discussão sobre a política econômica e a atuação do BC, inclusive, tem sido foco das discussões desde o início do período eleitoral. A questão, inclusive, é motivo de trocas de críticas entre a petista e Marina Silva (PSB), que defende a autonomia do banco. Para Dilma, isso seria um erro. “É um equívoco. O Banco Central tem que ter autonomia operacional, capaz de perseguir as metas da inflação”, frisou ela.

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A petista também negou que o Brasil esteja passando por uma recessão. “O orçamento do Brasil é de R$ 5 trilhões e nós estamos entre os países que têm a menor dívida líquida em relação ao PIB: 34%. O Brasil não está quebrando, pelo contrário”, afirmou. “Agora estamos entre as 20 economias mais avançadas no mundo”, disparou, em outro momento.

Confiante, Dilma disse que “quem vai ganhar essas eleições é quem mudou o Brasil. Quem combateu a fome e a miséria, quem reduziu a desigualdade social e quem combateu essa crise e defendeu o país, não deixando que houvesse desemprego nem redução de salários”. Ela também falou dos planos para o segundo mandato. “O país tem no horizonte um grande caminho a percorrer, de um novo ciclo de crescimento, mais moderno, inclusivo e produtivo, focado na educação. De fato, a educação é o caminho pelo qual iremos nos introduzir numa sociedade moderna, como um país de classe média”.

A candidata também discursou sobre outros temas durante o debate:

Combate à fome

“Hoje é um dia muito feliz para mim e para o Brasil. Saímos do mapa da fome. Somos um entre 37 países do mundo que não sofrem com esse mal profundo que é a fome”, disse Dilma, ao fazer referência ao estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), da ONU.

Saúde

A petista voltou a defender o programa Mais Médicos, que trouxe ao país mais de 14 mil profissionais para atuarem na atenção básica em regiões onde o atendimento era precário, e falou sobre a ampliação da iniciativa, através do programa Mais Especialidades. “É o reconhecimento de que as pessoas estavam esperando por exames ou consultas com especialistas. O Mais Especialidades é a criação de uma rede que integra laboratórios e especialistas”, explicou.

Reforma política

 

“O Brasil precisa muito desta reforma para tornar as práticas mais transparentes, para reforçar as instituições políticas do Brasil. Precisamos de uma profunda reforma política baseada na participação popular, por meio de plebiscito. Respeito e apoio a proposta da CNBB e das 100 entidades; e concordo com os quatro pontos básicos: o fim do financiamento empresarial das campanhas, participação proporcional e paritária de homens e mulheres, o voto em lista partidária em dois turnos e o fim das coligações proporcionais".

Esperado para 2015, o ajuste da política econômica já começou. A ideia foi defendida nesta segunda-feira (16), pelo economista Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, em seminário no Rio. E recebeu aval de Samuel Pessôa, um dos assessores econômicos da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. "Vai ter Copa e o ajuste já começou", disse Barbosa, ao término do seminário, numa paródia do bordão "Não vai ter Copa", repetido nos protestos contra a realização do Mundial no País.

Um ajuste na política econômica tem sido citado por analistas como essencial para tirar a economia brasileira do quadro de baixo crescimento e inflação pressionada. No entanto, como 2014 é ano eleitoral, a maioria dos cenários aponta 2015 como o ano dos ajustes.

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Para Barbosa, esse processo foi antecipado em várias dimensões. Apenas a política fiscal e o setor externo ainda não passaram por ajustes, segundo resumo feito pelo economista no encerramento do Seminário de Análise Conjuntural do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), no Rio.

"O ajuste já começou, ainda que incipiente. Quanto mais for feito este ano, menos será preciso fazer no ano que vem", afirmou Barbosa, em sua apresentação.

Algumas evidências do início do ajuste são a desaceleração do crescimento do PIB (de 2,5%, em 2013, para 1,6% este ano, conforme a projeção do Ibre/FGV); a descompressão dos preços administrados na inflação (subiram apenas 1,5% no IPCA de 2013, mas deverão registrar avanço de 5,8% neste ano, segundo o Ibre/FGV); e a piora do mercado de trabalho, com desaceleração no crescimento da população ocupada.

Outro forte ajuste antecipado foi a elevação da taxa básica de juros. Hoje a Selic está em 11,00%, ante 7,25% em abril do ano passado.

As exceções são a política fiscal e o setor externo. Nas projeções do Ibre/FGV (revistas no Boletim Macro Ibre deste mês, divulgado sexta-feira), a meta de superávit primário do governo, de 1,9% do PIB, não será atingida. Para Barbosa, que trabalha na FGV desde a saída do governo, a meta até pode ser atingida em termos globais (levando em conta manobras fiscais), mas o importante é que não ficará abaixo de 1,5% do PIB.

No setor externo, um ajuste no câmbio, com alta do dólar, seria necessário por causa do déficit nas transações correntes. Pessôa, pesquisador do Ibre/FGV, destacou que o cenário da economia internacional mudou do início do ano para cá, dando mais tempo para o Brasil fazer seus ajustes na economia.

A principal mudança é a sinalização, por parte do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), de que a retirada dos estímulos à economia será mais lenta. Além disso, as projeções para o crescimento econômico nos EUA foram reduzidas, apontando para uma recuperação mais lenta por lá. Com isso, a perspectiva de aumento de juros nos países desenvolvidos, com consequente fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil, para os desenvolvidos é adiada.

"O ajuste externo será muito mais lento. A questão é o quanto a retomada da atividade econômica no Brasil depende desse ajuste", disse Pessôa.

Segundo o economista, um dos pontos destacados nos debates do Ibre/FGV sobre o ajuste na política econômica são as diferenças em relação a outros momentos. Tanto em 1998 e 1999 quanto em 2002 e 2003, fortes desvalorizações no câmbio e redução do crescimento foram seguidos de períodos de avanço no PIB. "Esse ajuste é diferente dos passados. É um ajuste que será feito sem que o mundo nos obrigue", afirmou Pessôa.

O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, voltou a criticar a política econômica do atual governo, a qual classificou de "ciclotímica". "Não podemos ter uma atitude que me parece meio ciclotímica que o atual governo tem: ora bota o IOF para cima, ora para baixo. É preciso ter uma política muito mais sustentada de longo prazo do que a que hoje o País está ministrando", defendeu Campos, que se reuniu na tarde desta quarta-feira com parlamentares do PPS, com quem discutiu a participação da sigla nessa fase de pré-campanha.

O presidenciável evitou comentar entrevista do presidente nacional do PT, Rui Falcão, que declarou ontem que, num eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o governo poderia discutir controle de capitais mais rigorosos. Campos limitou-se a defender o tripé macroeconômico da economia brasileira. "A gente precisa ter os instrumentos que todas as grandes economias do mundo têm para fazer a administração do tripé macroeconômico", afirmou.

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Ele voltou a criticar a propaganda partidária do PT que foi ao ar ontem à noite em que o partido insinua uma possível "volta ao passado" nas conquistas econômicas e sociais dos últimos anos. Campos disse que não pretende pautar a campanha do PSB em cima da estratégia dos adversários e que adotará uma postura "limpa". "Lamento que no período de pré-campanha já se demonstre um tom como este", disse.

Reforçando presença em São Paulo, onde há o maior colégio eleitoral do País, os pré-candidatos à presidência da República, Eduardo Campos (PSB) e a vice, Marina Silva (PSB), participam nesta quarta-feira (30) do Seminário de Política Econômica. O evento ocorrerá no Espaço Saber com Sabor, Alto dos Pinheiros, em São Paulo, das 15h às 19h. No entanto, no intervalo da programação, ambos os políticos concederão uma coletiva de imprensa. 

O evento terá a presença de especialistas no setor de política econômica de São Paulo e é organizado pela Coordenação do Programa de Governo da aliança PSB-Rede-PPS-PPL.

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Já a conversa com os jornalistas está marcada para as 16h30 no mesmo local do evento. À noite, ambos os pré-candidatos participam do lançamento do livro de Ratton, na Livraria Cultura, Avenida Paulista, SP.

O ex-governador José Serra (PSDB) fez coro nesta quinta-feira (17), à ex-senadora Marina Silva que, recentemente, criticou a presidente Dilma Rousseff (PT) pelo que considera o afrouxamento do chamado tripé macroeconômico - sistema de metas de inflação, controle das contas públicas e câmbio flutuante - que desde a gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso e nos dois governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garantiram a estabilidade da economia brasileira. "O governo (Dilma) não anda bem neste tripé (macroeconômico)", disse o tucano, em visita surpresa, na tarde desta quinta, ao Senado Federal.

Indagado sobre a polarização entre Dilma e Marina, sobretudo no quesito econômico, que vem tomando conta deste cenário pré-eleitoral, Serra saiu em defesa da ex-senadora e disse que quem está polarizando é a presidente Dilma, já que o governo não anda bem neste tripé, garantidor da estabilidade econômica.

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Na visita surpresa ao Senado, o tucano foi ao plenário da Casa, onde cumprimentou os senadores Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB e o correligionário Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB, e conversou ainda com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que preside a sessão nesta tarde. Na chegada, Serra reafirmou que a definição sobre a candidatura presidencial do seu partido só vai ocorrer mesmo no ano que vem. Segundo ele, foi o próprio presidente do partido, o senador mineiro Aécio Neves, quem lhe disse isso, "como presidente do partido e não como pré-candidato à Presidência".

A hora de mudar a política econômica passou, apesar da "tempestade perfeita" formada pelos problemas das últimas semanas. O Palácio do Planalto e o chamado núcleo duro da equipe econômica avaliam que a turbulência no câmbio, a alta taxa de inflação e as críticas à política de gastos, que culminaram com a ameaça de rebaixamento da nota brasileira pela Standard & Poor's, não exigem uma mudança de rumos. A ordem é reforçar a "nova matriz macroeconômica", em vez de retomar a ortodoxia econômica de Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Os anúncios de pacotes vão continuar se fazendo necessários, uma vez que, na visão do governo, incentivam os investimentos ao mesmo tempo em que ajudam a reduzir a inflação. Para apertar as contas, o governo vai usar recursos das privatizações no pagamento de juros da dívida pública. Algumas travas ao câmbio, como a cobrança de Imposto sobre Operações Financeira em títulos públicos e derivativos, foram tiradas. E o Banco Central já apertou os juros um pouco mais.

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Nas últimas semanas, o governo chegou mais perto do botão de pânico com a série de notícias negativas na economia. Ao crescimento pífio do primeiro trimestre, somou-se a admissão de que o BC precisava apertar mais os juros, o que trava ainda mais a economia.

A tempestade não abateu apenas a economia. Pesquisas de opinião passaram a captar perda de apoio ao governo entre a população. O noticiário também ficou tomado por protestos de indígenas, em Brasília, contra eventuais mudanças na política de demarcação de terras, e de manifestantes em cidades como São Paulo e Rio contra a alta de tarifas de ônibus.

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"Vai ter um ou outro ajuste pequeno, mas agora os dados estão lançados", disse um interlocutor da presidente. Ou seja, a ordem parece seguir nas medidas a conta-gotas para problemas específicos. Não vem, por exemplo, um ajuste forte nas contas públicas, como defendeu o ex-ministro Delfim Netto.

Uma fonte petista explicou que, de fato, ninguém está satisfeito com os rumos da economia. Mas, a essa altura, não há mais tempo para uma guinada. Primeiro, porque seria admitir o fracasso da "nova matriz macroeconômica". Segundo, porque os resultados de um ajuste mais estrutural - como a flutuação total do real, a elevação do esforço fiscal ou a redução da meta de inflação - demorariam a surtir efeito, e as campanhas eleitorais estarão na rua em 12 meses. "Estamos numa corrida de Fórmula 1, na frente, faltando dez voltas, e já não entra mais a quinta marcha, a sexta marcha", comparou o petista. "Agora é administrar a vantagem no braço e tentar chegar na frente."

Em Brasília, a visão é de que o segundo semestre de 2013 será o mais importante do governo. Segundo os cronogramas das concessões ao setor privado de rodovias, portos, ferrovias e aeroportos, as licitações ocorrerão entre julho e dezembro. Caso elas efetivamente saiam do papel, a taxa de investimentos na economia vai começar a aumentar a um ritmo acelerado. Ao mesmo tempo, a inflação deve, enfim, iniciar trajetória de queda, como resultado das medidas de aperto do BC.

Neste período será importante, também, atuar de forma mais "suave" no Congresso Nacional, para evitar que os parlamentares aprovem o Orçamento "impositivo". Na visão do Planalto, este é o maior risco no horizonte de 2013. Um primeiro sinal será dado com o anúncio do novo Código de Mineração, previsto para terça-feira. Em vez de adotar o expediente das medidas provisórias, o governo vai enviar ao Congresso um projeto de lei. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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