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A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aborda, a cada ano, temas de ordem social, científica, cultural ou política. A prova de redação é a única parte discursiva do exame, que é composto basicamente por questões objetivas múltipla escolha. Na reta final para as provas, que serão aplicadas em todo o país nos dias 5 e 12 de novembro, a Agência Brasil reuniu todos os temas cobrados nas edições anteriores do Enem.

Na prova de redação, os estudantes precisam escrever um texto dissertativo-argumentativo. No texto devem defender um ponto de vista – uma opinião a respeito do tema proposto –, apoiada em argumentos consistentes, estruturados com coerência e coesão, formando uma unidade textual. Além disso, os candidatos precisam elaborar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto que respeite os direitos humanos.

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O texto produzido é avaliado por, pelo menos, dois professores graduados em letras ou linguística, de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro. Essa é a única prova que tem uma nota de zero a mil, Caso tire zero, o candidato é eliminado.

A cada ano, ao longo da história do Enem, o exame teve pelo menos dois temas de redação, um cobrado na aplicação regular e outro no Enem voltado para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade, o chamado Enem PPL, aplicado em data posterior ao exame regular. Também fazem essa prova os estudantes que foram prejudicados por questões logísticas no dia do Enem regular.

Em alguns anos, no entanto, houve exceções. Em 2020, houve um terceiro tema. Era a primeira aplicação do Enem Digital, que teve uma prova diferente do Enem impresso. Em 2016, houve duas aplicações regulares devido a um amplo movimento de ocupação de escolas por estudantes em várias cidades do país. Entre os motivos do protesto estava o Novo Ensino Médio, que na época acabava de ser proposto por meio de medida provisória. As ocupações de alguns locais de prova impediram a realização das provas na data regular.

Em 2014, houve também três aplicações. Nesse ano, 31 candidatos de Pernambuco não conseguiram fazer o Enem regular por conta, principalmente, de falta de energia no local de prova. Eles fariam a reaplicação junto com Enem PPL, mas o caminhão dos Correios que transportava os cartões de resposta e as provas de redação para correção foi roubado na cidade do Rio de Janeiro, o que levou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a realizar uma terceira aplicação das provas, para eles.

Já em 2009, na primeira aplicação do chamado novo Enem, quando o exame passou a ter o formato atual e a servir de porta de entrada para o ensino superior, o Enem teve apenas um tema de redação, o da aplicação regular. Isso porque o Enem PPL começou a ser aplicado apenas em 2010.

Todas as provas e os gabaritos do Enem estão disponíveis na página no Inep.

Confira os temas de redação cobrados em todas as edições do Enem:

Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional (Enem regular)

Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana (Enem regular) e Ajuda humanitária (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2011:  Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado (Enem regular) e Cultura e mudança social (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI (Enem regular) e O grupo fortalece o indivíduo? (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2013:  Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil (Enem regular) e Cooperativismo como alternativa social (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil (Enem regular), O que o fenômeno social dos “rolezinhos” representa? (Enem PPL e reaplicação), Alternativas para a escassez de água no Brasil” (Terceira aplicação)

Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira (Enem regular) e O histórico desafio de se valorizar o professor (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil (Enem regular primeira aplicação), Caminhos para combater o racismo no Brasil (Enem regular segunda aplicação) e Alternativas para a diminuição do desperdício de alimentos no Brasil (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2017: Desafios para formação educacional de surdos no Brasil (Enem regular) e Consequências da busca padrões de beleza idealizados (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet (Enem regular) e Formas de organização da sociedade para o enfrentamento de problemas econômicos no Brasil (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil (Enem regular) e Combate ao uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2020: O Estigma Associado às Doenças Mentais na Sociedade Brasileira (Enem impresso), O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil (Enem digital) e A falta de empatia nas relações sociais no Brasil (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2021: Invisibilidade e Registro Civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil (Enem regular) e Reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil (Enem PPL e reaplicação)

Enem 2022: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil (Enem regular) e Medidas para o enfrentamento da recorrência da insegurança alimentar no Brasil (Enem PPL e reaplicação)

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Com a transição do jornalismo impresso para o jornalismo on-line em grandes veículos de imprensa, o formato digital constitui, atualmente, 34% das redações no Brasil. Os dados são de um levantamento divulgado pelo Atlas da Notícia em fevereiro de 2022.

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Em Belém, as redações até então tradicionais passaram por mudanças ao longo dos anos e se tornaram integradas, com diversas áreas relacionadas com o digital. Profissionais precisaram se adequar à rotina de produção e apuração de reportagens, enquanto outros já chegam ao mercado de trabalho adaptados com as transformações da profissão.

Quem passou por esse processo de transição foi o jornalista Dilson Pimentel. Repórter há mais de 30 anos nos jornais O Liberal e Amazônia, o paraense viu de perto a redação se tornar integrada. Ele conta que a chegada da “era dos portais” tornou a distribuição de conteúdo ainda mais imediata.

Dilson destaca que essa realidade se tornou ainda mais intensa quando precisou trabalhar de home office durante o pico da pandemia de covid-19, em 2020. Sem poder ir às ruas, o processo de apuração era feito a distância, por meio da internet.

“Eu sou oriundo do jornalismo impresso. Antes, a gente produzia e escrevia uma matéria e ela era publicada na edição impressa do jornal do dia seguinte. Em tese, a gente teria um pouquinho mais de tempo para trabalhar aquele texto. Hoje, no digital, tudo é muito imediato. Tudo é muito urgente. Você acaba de produzir o material, acaba de escrever e já tem que publicar. Claro, confirmando, checando as informações na velocidade da informação. No on-line, quem publica primeiro já sai na frente. E essa velocidade me assusta. No jornalismo você precisa ter muito cuidado”, assinalou Dilson.

“Eu me adaptei bastante a essa nova realidade, esse mundo virtual. Eu continuo aprendendo e ainda tenho muita limitação tecnológica, mas acho que avancei muito. Percebi que, durante o período que eu fiquei trabalhando em casa, é que mesmo a distância eu conseguia fazer muita matéria legal. Consegui manter o padrão de qualidade e isso pra mim foi isso é muito importante”, disse Dilson.

Por outro lado, o jornalista comenta que essa realidade trouxe vantagens, como o rápido alcance das notícias pelos leitores. “A gente consegue divulgar os problemas com mais rapidez. E, com mais rapidez, as providências começam a ser adotadas. ‘Belém começa o dia com muita chuva, com muito alagamento'. Então, você já começa a postar as primeiras notícias imediatamente. Aquilo vai mobilizando as autoridades para que deem uma resposta muito rápida. Se fosse no jornal impresso, só sairia no dia seguinte”, exemplificou.

Em meio a esse fenômeno do imediatismo causado pela internet, Dilson reforça que valores como a responsabilidade social e a ética durante a apuração e redação das reportagens — que são pilares do jornalismo — se mantiveram. Princípios esses que devem guiar os jornalistas, conforme pontua o repórter. “A gente não pode esquecer esse cuidado com as pessoas que a gente retrata nas nossas matérias.  A gente usa muito esse termo personagem. Mas não são personagens. São vidas, são histórias. E esse cuidado tem que permear sempre o nosso trabalho”, declarou Dilson.

Nova geração

Camila Azevedo tem 23 anos e é jornalista e formada desde 2021. Foi contratada pelo jornal O Liberal logo que se formou e lá foi o primeiro emprego dela depois de formada. Como alguém que começou a trabalhar já em meio à influência digital no jornalismo, a profissional afirma que a experiência que teve como estagiária de redes sociais na Record TV foi fundamental para que ela tivesse um contato mais próximo com o universo digital. “Na época isso foi muito importante pra mim, tanto para eu ter o contato profissional quanto pra eu entender o que eu queria e gostava”, afirmou Camila.

Segundo ela, a influência das novas mídias e internet impactou diretamente o trabalho, pois o tornou ainda mais instantâneo. Anteriormente, o público só conseguia ter acesso a informações de forma mais tardia, diferentemente do que acontece hoje. “Tá tudo muito rápido. Se aconteceu alguma coisa agora, que a gente chama de factual, daqui [da redação] a gente [jornalistas] já consegue apurar e as outras pessoas conseguem ter acesso quase que imediatamente à informação”, revelou ela.

Outra característica significativa que a repórter aponta é o fato de trabalhar em uma redação integrada, onde o mesmo conteúdo está disponível em diversas plataformas e de formas diferentes. “É muito desafiador porque a gente precisa ter agilidade, correr contra o tempo, apurar e até dar aquela determinada informação na frente dos outros canais de comunicação, por exemplo”, contou.

Mesmo tendo nascido na época da transformação digital e ser de uma geração que tem maior facilidade com esses meios, Camila afirma que enxerga a importância de se estar constantemente se adaptando e modernizando, pois a realidade muda rapidamente. Mesmo que o cotidiano de trabalho exija essa rapidez, é importante considerar que o conteúdo não pode perder a qualidade, pontua a repórter.

“A gente ter esse cuidado de passar a informação do jeito certo é fundamental. O nosso compromisso com o leitor, com a população, para que assim a gente consiga fazer do jornalismo a função social que ele tem. Independente de novas tecnologias, a gente precisa fazer com que essa premissa básica de informar o leitor seja cumprida”, concluiu.

Por Gabriel Pires e Painah Silva (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).









 

 

 

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, na tarde desta terça-feira (6), um novo posicionamento sobre reclamações de estudantes alegando erros nas notas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), edição 2020. Segundo o órgão, foi solicitado ao Consórcio Cesgranrio-FGV, contratado para a “operacionalização do Exame”, uma nova averiguação em 100% dos textos.

De acordo com o Inep, durante “todo o feriado e fim de semana recentes”, de 1º a 4 de abril, foram feitas novas verificações nos textos. O Instituto alega que não “há inconsistências nas notas disponibilizadas na Página do Participante”. “Após análise realizada em toda a base de imagens de redações, confrontando o nome do participante com os códigos de barra impressos nas folhas de redação, não foram identificadas inconsistências e as notas apresentadas na Página do Participante correspondem à realidade da nota atribuída pelos corretores dos textos”, acrescentou a organização do Enem.

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Em seu site oficial, o Instituto deu mais detalhes a respeito da personalização das redações, assim como explicou as novas verificações por parte do Consórcio Cesgranrio-FGV.

No Enem 2020, foram registradas apenas 28 redações nota mil. O Inep também informou que mais de 80 mil candidatos zeraram a produção textual. Confira, a seguir, a nota de esclarecimento:

Em respeito a todos os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 e reforçando seu compromisso com a integridade e seriedade do exame, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) esclarece que solicitou ao Consórcio Cesgranrio-FGV, contratado para operacionalização do exame, nova averiguação de 100% das imagens de redações do Enem 2020 e reitera que não há inconsistências nas notas disponibilizadas na Página do Participante. Durante todo o feriado e fim de semana recentes, entre 1º e 4 de abril, foram feitas novas verificações e, após análise realizada em toda a base de imagens de redações, confrontando o nome do participante com os códigos de barra impressos nas folhas de redação, não foram identificadas inconsistências e as notas apresentadas na Página do Participante correspondem à realidade da nota atribuída pelos corretores dos textos. A folha de redação do Enem é personalizada e possui um código de barras atribuído individualmente a cada participante. Também são impressas nela outras informações pessoais vinculadas ao participante, como nome completo, número de inscrição no exame, CPF e data de nascimento. A partir disso, a Fundação Getulio Vargas (FGV), membro do consórcio aplicador responsável por operacionalizar as correções das redações do Enem, revisou a totalidade das imagens digitalizadas pela operação reversa do Consórcio Cesgranrio-FGV, contratado para operacionalização do Enem. A verificação ocorreu da seguinte forma:

1. Importação da imagem na aplicação do robô de verificação;

2. Identificação e separação da folha de redação de cada participante;

3. Leitura do número de inscrição, presente no código de barras impresso em cada folha, realizada por meio do reconhecimento óptico de código de barras (BCR);

4. Identificação do nome do participante impresso na folha de redação, realizada por meio do reconhecimento óptico de caracteres (OCR);

5. Execução de pesquisa de dados do participante na base oficial de inscritos, a partir da inscrição obtida com o resultado da leitura do código de barras;

6. Comparação do nome obtido a partir de pesquisa realizada na base de inscritos, com o nome existente na folha de redação.

Dessa forma, a verificação realizada pela FGV em toda a base de imagens de redações, confrontando o nome do participante extraído a partir da leitura dos códigos de barra com o nome impresso na folha de redação, não apresentou inconsistências. Novas amostras das reclamações em redes sociais e veículos de imprensa também foram verificadas em casos pontuais e não foi identificada qualquer divergência.

O Inep aproveita para reforçar que o processo de correção das redações do Enem é acompanhado em todas as suas etapas e segue rigorosamente os critérios estabelecidos pelo Instituto. Os textos dos participantes, transcritos na folha de redação, podem passar por até quatro correções para o cálculo da média final. Os corretores de redação são selecionados em um processo rigoroso e capacitados pelo consórcio aplicador. Destaca-se que os profissionais selecionados para o processo de correção atendem critérios de formação inicial (graduação em Letras e Linguística) e continuada (exigência mínima de mestrado para as funções de supervisores e subcoordenadores), além da experiência comprovada em coordenação de correção de produção textual em avaliação educacional, exames ou concursos.

Há pouco mais de dois meses para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, e com a elaboração das provas anunciada, estudantes de todo Brasil ficam ainda mais atentos aos possíveis assuntos que devem ser abordados durante as provas. Um das maiores preocupações para eles, é a proposta de tema da redação e como desenvolver o texto.

Por isso, o LeiaJá, em parceria com o Vai Cair No Enem, trouxe o professor de linguagens e redação Diogo Didier para preparar três redações com temas da atualidade que podem ser cobradas no Exame. As produções textuais, que foram comentadas pelo docente, estão estruturadas no formato padrão, iniciando pela introdução, seguida de desenvolvimento 1 e 2 e a conclusão.

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Na primeira redação, o professor aborda questões relacionadas com a problemática do assédio sexual, através da sugestão de tema “Beijo sem consentimento no Brasil”. Apesar de específico, o professor argumenta que o assunto pode ser uma proposta forte para ser debatida em uma redação, visto que até o momento só houve abordagens quanto a questões associadas à violência contra a mulher. Diogo ressalta que o texto “serve de alusão para enriquecimento de repertório”. Confira, abaixo, a redação na íntegra:

INTRODUÇÃO

“Beija Eu” é o nome de uma famosa canção da cantora Marisa Monte. O verso que dá título à música é apropriado para ser recitado na voz de uma mulher cujo gênero durante séculos foi beijado pela herança da Bela Adormecida, a qual em sua condição não teve autonomia para escolher quem tocaria seus lábios. Letra e fantasia dizem muito hoje sobre a perspectiva do consentimento no Brasil, pois, de um lado, há mulheres empoderadas ressignificando posturas patriarcais, enquanto do outro uma sociedade carente de conteúdos feministas capazes de apoiar a causa delas em prol da independência de seus corpos.

DESENVOLVIMENTO I

Antes de tudo, o beijo sem consentimento hoje já é entendido como uma prática abusiva pela sociedade. É um ganho significativo quando se leva em consideração o legado machista, influenciado pela visão católica de outrora e agora dos evangélicos infiltrados na política, que formou a nação. Contudo, da primeira onda feminista nos anos 1970 com Simone de Beauvoir até as contribuições mais recentes de Judith Butler e Djamila Ribeiro, houve mudanças expressivas nesse panorama; de modo que as mulheres, silenciadas e objetificadas há tempos, passaram a ter voz para denunciar as violências que sofrem. De fato, beijar sem a autorização da pessoa era o cartão de visita que muitos homens mais atrevidos necessitavam para cometer assédios mais graves, e passar incólumes às vistas da sociedade. A intervenção do Feminismo para deflagrar essa realidade foi, e ainda é, crucial para entender que práticas de tal natureza são invasivas bem como destrutivas para a integridade física, mental e emocional das vítimas. Foi graças a isso também que a campanha “Chega de Fiu Fiu!” se tornou possível, porque há um empoderamento entre elas.

DESENVOLVIMENTO II

Em contrapartida, a sociedade está na contramão das conquistas femininas devido a inexistência de uma educação feminista voltada a desconstruir pensamentos retrógrados em torno da independência das mulheres. Isso se dá em uma pátria onde as salas de aula foram alicerçadas no mito fundante de Eva a qual, subserviente à figura de Adão, passou a ser reproduzida como modelo imperfeito de mulher; responsável inclusive pela tentação de seu parceiro. Após receber a alcunha de vilã, a elas se recaiu um recato sobremaneira, ao ponto de serem tolhidas do direito de escolher quem as tocassem, seja com um simples beijo ou algo mais íntimo. Seus corpos passaram a ser tutelados pelo sexo oposto, primeiro romanceado por uma literatura trovadoresca da qual cavaleiros seduziam moças indefesas ao som de belas canções e, depois, idealizadas em um Romantismo que as tinham como objeto de desejo. Essa carga de conteúdos invadiu o cinema, a TV, os saberes e, por tabela, toda a sociedade, a qual passou a naturalizar abusos teoricamente simples como o beijo para em seguida banalizar outras violências tão graves quanto.

CONCLUSÃO

Dessa forma, o duelo entre empoderamento e desinformação mantém a existência do beijo não consentido no país. Para que o primeiro saia vitorioso, é preciso que mais pessoas recebam orientações feministas. Isso deve ser feito pelo MEC, instância máxima da educação brasileira, por meio da inserção nos PCN’s,- Parâmetros Curriculares Nacionais-, da obra “Como Educar Crianças Feministas”, da escritora africana Chimamanda Ngozi Adichie. Apesar da intitulação, sua obra deverá ser incluída desde as turmas mais novas até o ensino médio, nas escolas públicas e particulares do Brasil, por professores capacitados em formações específicas para cada série; com aulas dinâmicas voltadas a contextualizar os tópicos do livro respeitando os contextos dos alunos. A medida visa extirpar práticas machistas já na tenra idade, com o fito de que haja uma versão no futuro da Bela Adormecida com a trilha de Marisa Monte. 

Agora, na segunda redação, Diogo pauta na produção textual “A problemática do desmatamento no Brasil”. "É necessário que os estudantes fiquem atentos a possível proposta de tema, pois há um “destaque [na pauta ambiental], devido às queimadas no Pantanal e a destruição da Amazônia, que já acontece há algum tempo”, afirma o docente. Nesse sentido, ele ainda explica que abordagens relacionadas a “sustentabilidade” ou “economia verde” não são feitas de forma objetiva no Enem desde 2008, em que a temática foi a Amazônia. Veja, abaixo, os argumentos utilizados nas etapas da produção do texto:

INTRODUÇÃO

Prometeu é um titã na mitologia grega conhecido por ser defensor da humanidade. Seu apreço aos humanos foi tamanho que ele roubou o fogo sagrado dos deuses para dá-lo aos homens, e como punição Zeus, temendo que os mortais ficassem mais poderosos que os seres divinos, acorrentou o benfeitor numa rocha enquanto tinha seu fígado comido por toda a eternidade por uma águia. Apesar da severidade de tal pena, a grande deidade helênica previu que as chamas em mãos erradas poderiam ser destrutivas. No Brasil de hoje, a natureza materializa esse mito mediante um desmatamento regido não por crenças míticas, mas pelo deus do dinheiro.

DESENVOLVIMENTO I

Como se sabe, desmatam-se florestas no país em prol do senhor Capitalismo, o qual encontra fies abnegados em alimentar a fé desse sistema econômico em governos cuja plataforma política visa lucros a todo o custo. O Brasil tem sucessivas referências de tal postura exploratória, da Colonização que ateou as primeiras labaredas a atual postura incongruente do Ministério do Meio ambiente, mas agrário que ecológico. A mídia televisiva, por sua vez, não colabora para preservar as riquezas ecológicas nacionais, com um discurso alienante em torno do “agro é tec, agro é pop, agro é tudo”. Com isso, a sociedade, desprovida de uma retórica sustentável pelo Estado, que avança sobre a natureza, não dá o devido valor a fauna e flora da nação. Logo, o desmatamento segue destruindo ecossistemas, antes à luz da clandestinidade, porém agora habitats preservados são incendiados em prol de um progresso neoliberalista voraz; legitimado por uma governança apática para as causas ambientais. Falta por aqui atitudes como a de Chico Mendes, grande nome em prol da natureza, e vozes como a de Leonardo DiCaprio, contra a tirania do desmatamento.

DESENVOLVIMENTO II

Enquanto não há esse levante social e político para conter a devastação das matas e, consequentemente as mortes de milhares de espécies, o desmatamento continua a reduzir a faixa verde que poderia tornar o Brasil referência para outras nações. Porém, o fogaréu criminoso que transformou em brasa o Pantanal, a ação cada vez mais ousada dos madeireiros ilegais na Amazônia bem como a desapropriação das terras indígenas são consequências de uma negligência política sem precedentes. Isso já afeta a realidade climática da nação, o ciclo das águas e resvala em fenômenos como a nuvem de gafanhotos que infestou plantações diversas pelo país recentemente. Outrossim, sem uma camada florestal protegida, terras prósperas à sobrevivência tornam-se inóspitas, tanto para animais e plantas, quanto para os humanos. A animação Wall-E faz essa previsão em um mundo devastado pelo homem onde apenas robôs cuidam dos dejetos deixados, em um ambiente de lixo consumista, mas sem vestígios de elementos naturais. A sociedade vigente, do slogan nacionalista mais incoerente da história, caminha para aquele panorama irreversível.

CONCLUSÃO

Portanto, o deus do dinheiro, vulgo Capitalismo, é o grande algoz da natureza que vem sendo desmatada no país. Por se tratar de um bem antes de tudo mundial, é preciso que o Greenpeace, organização voltada ao ecologismo, denuncie o governo brasileiro, em todas as instâncias responsáveis pela proteção ambiental, para as autoridades internacionais. Isso pode ser feito mediante dossiê enviado à ONU pontuando os descasos dos líderes nacionais com a manutenção da fauna e flora, as quais são subsidiadas por nações estrangeiras para serem cuidadas, de modo a punir os acusados com embargos, sanções econômicas e bloqueios diversos. A medida visa mexer naquilo que é mais valioso para os políticos do que o ecossistema, o bolso, com o fito de, sob pressão mundial, o Estado assuma algum compromisso de fato contra o desmatamento. Assim, fará sentido o sacrifício de Prometeu.  

Por fim, no terceiro exemplo, o professor de linguagens disserta sobre um outro tema que ele considera inédito, tratado por meio do assunto: “As dificuldades para o desenvolvimento tecnológico e científico no Brasil”. De acordo com Diogo, o tema faz alusão a um dos assuntos mais comentados da atualidade, levando em consideração que “o Brasil vive, infelizmente, uma fase de negação científica, devido ao Estado mais ultraconservador”, enfatiza. 

Nesse sentido, segundo o professor, o texto poderá transitar entre questões de investimentos e relevância da ciência para a sociedade em geral, dada a importância de discutir “as bases científicas, que começam na escola e vão até a faculdade”, conclui. Confira, abaixo, o texto completo com as argumentações aplicadas:

INTRODUÇÃO

O filme “O Menino que Descobriu o Vento”, de livro homônimo, narra a história real de um garoto africano que, para superar a seca da vila onde mora, desenvolve um cata-vento gigante a partir de materiais jogados no lixo. Tamanha inventividade mostra que é possível desenvolver tecnologias em benefício da humanidade, desde que haja incentivos políticos e, consequentemente, sociais para que garotos despertem o Einstein que há em si. Porém, no Brasil, o Estado não prioriza às pesquisas científicas no âmbito educacional, tão pouco contribui para que o desenvolvimento tecnológico faça do país uma potência internacional.

DESENVOLVIMENTO I

Como se sabe, a governança não direciona políticas públicas claras destinadas a formar, da base às universidades, uma educação científica de fato. O que há, na verdade, é o tecnicismo do saber impelido pelas demandas do Capitalismo, responsável por encurtar a vida acadêmica dos indivíduos, resvalando na involução científica do país. Essa conduta de ignorância foi vista com preocupação pelo cientista Carl Sagan, o qual problematizou que “é um suicídio viver numa sociedade dependente da ciência e tecnologia e que não sabe nada de ciência e tecnologia”. Isso porque, para estar ciente da importância de ambos, em um mundo inegavelmente hiperconectado, o Estado precisaria canalizar massivos investimentos nesses setores, igual ao que foi feito, por exemplo, pelo Japão depois de Hiroshima e Nagasaki e a Alemanha após o holocausto. Esses países, deteriorados pelas guerras, conseguiram se soerguer por meio de uma educação científica em todos os níveis de ensino, de modo a torna-los mais à frente potências tecnológicas mundiais. Por aqui, contudo, o saber científico é tolhido por uma política ultraconservadora e religiosa.

DESENVOLVIMENTO II

Devido a tais agravantes, a pátria está longe de se tornar uma potência internacional no setor tecnológico. Conforme o Índice Global de Inovação (IGI), o Brasil ocupa 62º posição no ranking de países avaliados, colocação abaixo do esperado para uma nação de grande porte. Mesmo diante de fatos tão desanimadores como esse, o país segue como forte candidato estrangeiro a se destacar no ramo das tecnologias no futuro, prova disso são os investimentos de grandes “Start Up’s” em território nacional, focadas na ideia de que o Brasil ainda tem muito a oferecer. No entanto, apesar da área de telecomunicações e “delivery” terem uma expressiva melhora nos últimos anos, sobretudo com os percalços causados pela pandemia do Covid-19, há o inimigo da inclusão tecnológica a ser vencido: a desigualdade social. Esse fenômeno, além de antigo, coaduna com a tese do sociólogo Jessé de Souza, a qual categoriza de “subcidadãos” aqueles que vivem à margem da sociedade. São, na realidade, pessoas convencidas a adquirir certas tecnologias que pouco mudarão sua condição econômica, tão pouco confere credibilidade ao aparato tecnológico que possuem.

CONCLUSÃO

Portanto, falta de uma educação científica resvala na ausência de desenvolvimento tecnológico no Brasil. Urge, então, que o MEC, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, faça um trabalho nas escolas públicas e privadas, a partir das séries mais elementares ao médio, voltado a oportunizar o contato com os conteúdos científicos e tecnológicos, de acordo com a turma e a idade dos alunos. Nas aulas, a cada ano o nível de aprendizagem naqueles campos seria intensificado, por meio de aulas teóricas e práticas, professadas por educadores capacitados e ajustadas à grade curricular dos estudantes. O intuito disso é desenvolver a ciência e a tecnologia no lugar apropriado para isso, as escolas, para que se manifeste na sociedade. Assim, outros feitos inigualáveis surgirão, não do lixo, mas de materiais que facilitariam a vida do “Menino que Descobriu o Vento”.

O último domingo (3) foi marcado pela aplicação de provas de Linguagens, Ciências Humanas e redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quase 4 milhões de participantes compareceram e precisam ter suas redações corrigidas. 

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2019, 5.168 avaliadores estão sendo selecionados. Os professores que desejam participar da correção dos textos devem ser formados em letras/português ou linguística. É vedado aos candidatos estar inscrito no Enem e ter parentes de primeiro grau - pai/mãe, filho ou cônjuge - participando do Exame, mesmo que na condição de treineiro. 

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Todos os professores interessados passam por um treinamento online com nove módulos e 93 horas de duração. Durante esse treinamento, segundo o Inep, os candidatos devem responder questões sobre as competências do Enem. Os que tirarem nota zero são eliminados e os demais fazem um exercício com 30 redações para corrigir em três horas. Os textos já têm notas de referência determinadas, eliminando participantes que atribuam notas muito discrepantes às redações. 

Os candidatos com melhor desempenho são selecionados para um treinamento presencial com 16 horas de duração, quando o termo de sigilo deve ser impresso e assinado. Após o curso, os corretores fazem um último teste com 50 redações e devem atribuir notas para as cinco competências avaliadas no Enem. Essa fase é obrigatória e eliminatória. 

Quem for aprovado ao final do processo ficará apto a receber e corrigir os textos dos participantes do Enem 2019. Cada corretor pode corrigir até 200 redações por dia e deve se comprometer a avaliar mais de 150 textos a cada três dias. A cada 50 redações, o corretor recebe uma que já foi avaliada por especialistas para analisar o seu desempenho. 

Os textos de todos os alunos que fizeram o Enem são avaliados por dois professores em plataforma online, sem identificação. Os corretores avaliam a redação sem conhecer a nota atribuída pelo outro e, em caso de discrepância maior que 100 pontos na nota global ou ultrapassar 80 pontos em alguma competência, o texto segue para um terceiro professor e o resultado é a média aritmética das duas notas que mais se aproximam. 

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Surpreendente. Essa é a definição de muitos professores a respeito do tema da redação da edição 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Democratização do acesso ao cinema no Brasil” foi o assunto escolhido pela organização da prova que começou, neste domingo (3), com questões de Ciências Humanas, Linguagens, além da própria produção textual.

Em entrevista ao LeiaJá, professores de redação analisaram o tema divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os educadores Lourdes Ribeiro e Felipe Rodrigues ainda produziram sugestões de textos sobre a temática. Confira:

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Lourdes Ribeiro:

Em 2019 a obra “Bacurau” foi exibida nos cinemas do Brasil e do mundo, retratando nas telas a realidade de uma cidade interiorana que, sem razão aparente, “some do mapa”. Trazendo para a realidade, essa exclusão social é uma realidade em diversas cidades do interior do Brasil e nas partes periféricas. Nesse sentido, destacam-se a questão do acesso ao cinema e a elitização dessa arte.

Ao longo dos anos, os cinemas saíram de instalações independentes e foram transportados para shoppings, o que dificultou ainda mais a chegada de telespectadores ao espaço. Moradores de cidades do interior e de periferias não conseguem chegar a esse local e são privados do direto ao lazer que, é uma garantia existente nos Direitos Humanos. Mesmo os espaços que não se encontram em shoppings, estão nas capitais e metrópoles.

Apesar de existir o “vale cultura”, ele só é proporcionado para trabalhadores de carteira assinada. Além disso, apenas empresas vinculadas ao programa da Caixa Econômica Federal são agraciadas com tal vale. Os preços de ingressos são exorbitantes e, mesmo os valores considerados mais populares, se tornam caros para famílias de baixa renda. É importante lembrar que o cinema também é um meio de acesso à informação.

A exclusão social que é retratada no filme “Bacurau” não pode mais ser uma realidade. Portanto, medidas precisam ser tomadas para a resolução das problemáticas abordadas. A Secretaria da Educação precisa capacitar os professores a conscientizar os alunos da rede pública que o cinema também é espaço deles. O Ministério da Cultura (em parceria com empresas privadas) precisa voltar a existir para que possa tomar a frente dessa expansão do acesso ao cinema. Dessa maneira, tanto o acesso quanto a elitização seriam minimizados.

Felipe Rodrigues

O longa-metragem nacional Tatuagem, dirigido pelo cineasta Hilton Lacerda, retrata a dificuldade do acesso à cultura, sendo o teatro e drama auges, de uma narrativa censurada e exibida - em seu desfecho - para um público restrito, inclusive, num filme. No hodierno, nota-se que o diapasão do acesso ao cinema ainda é um contexto problemático, principalmente quando levado em conta o número de habitantes, salas e acesso à sétima arte. Diante disso, a estratificação social e acessibilidade são entraves para a disseminação do conteúdo audiovisual brasileiro.

Cultura, no âmbar sociológico, retrata o conjunto de saberes, tanto históricos, como, indispensavelmente, sociais. A partir disso, vê-se o cinema como uma disseminação de conhecimentos, haja vista o seu reconhecimento como arte; outrossim, ratifica-se tal afirmativa, a partir da Lei 13.006/2014, cuja insere a amostra de filmes nacionais ao ensino básico, em formato mensal. Entretanto, há uma estratificação nesse contexto, pois a valorização nacional e o conceito de arte são opostos, já que a educação não é acessível a todos, nem tampouco o aceso à exibição dos audiovisuais, formando um limbo entre a legislação e a realidade. Nesse viés, o interiorano, em voga, é uma figura cuja deve ser colocada em “cheque”, pois muitos não possuem as mínimas condições de sobrevivência, inerentes às atividades rurícolas, sendo indivíduos análogos ao direito de meia-entrada.

Ademais, pontuar outra dificuldade de acesso ao cinema é lembrar que, aproximadamente, 14% dos brasileiros possuem alguma deficiência, segundo a UNESCO. Nesse contexto, disseminar cultura é integrar uma minoria social, como também, compreender a acessibilidade como ferramenta essencial ao “status quo” estatal.  A descrição audiovisual, através de intérpretes, ainda é um conflito à contemporaneidade nacional, pois é verificado em poucos números, em projetos especiais; para além, às libras, sem dúvidas, conforme um panorama da Revista Carta Capital, deveria ser uma exaltação a uma linguagem nacional, mas, é colocada em segundo plano. O estudo de uma eficácia no processo de democratização cinematográfica do país, em síntese, deve reverberar pela sociedade inacessível, cujas devem entender isso a partir do processo educacional, sendo o primeiro passo de viabilização à sétima arte.

Portanto, a estratificação social e acessibilidade devem ser vieses reformados, quando pontuada a democratização do cinema. Em primazia, o Governo Federal, através do financiamento de projetos ligados à ANCINE, pode pluralizar o acesso ao cinema gratuito, fazendo exibições em praças e regiões interioranas, em formatos mensais, por cidade; para além, a criação de um aplicativo de acessibilidade aos filmes, voltado aos cegos, poderá advir das Universidades, havendo uma audiodescrição simultânea, a partir do início das exibições. Logo, o acesso ao cinema poderá ser pluralizado, das massas aos inacessíveis, nacionalmente.

O segundo dia do Enem será em 10 de novembro. Na ocasião os candidatos responderão questões de Ciências da Natureza e matemática.

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"No que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo inobservante à Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo." Assim começa uma das 77 redações que tiraram a nota máxima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o tema intolerância religiosa. O espelho das redações foi liberado nesta segunda-feira (11), pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação.

A autora do texto nota mil é a estudante Laryssa Cavalcanti de Barros e Silva, de 17 anos, moradora de Maceió (AL). A estudante fez o exame pela segunda vez e se preparou durante todo o 3.º ano do ensino médio. "Eu participava constantemente de simulados, provas e testes. Fiz todos que o MEC ofereceu pela Hora do Enem (plataforma de estudos)." Ela relata ter feito "mais de 80 redações" ao longo de 2016 para ganhar confiança.

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"No começo do ano, eu demorava muito para fazer. Passava em torno de duas horas em cada uma porque buscava o melhor resultado possível. Com o tempo, fui treinando a agilidade, que é imprescindível para uma boa prova", diz.

A estudante conta que sempre gostou de escrever e ler e teve preparação específica para o Enem. "Para se sair bem, acredito que é preciso compreender a prova e praticá-la."

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O texto da aluna ressaltou que, apesar de a formação do Brasil ter origem em diferentes crenças, o preconceito é constante, principalmente em relação às religiões de matriz africana. Ela defendeu a realização de protestos organizados pela sociedade civil e a criação de um programa escolar em todo o País, organizado pelo Ministério da Educação, que busque "contemplar as diferenças religiosas e o respeito a elas", com palestras e peças teatrais que abordem o tema.

A aluna destacou que, para embasar suas redações, costumava "conectar o próprio conteúdo do ensino médio, com referências a História, Filosofia, Literatura e outras áreas".

"Às vezes, eu assistia documentários no YouTube ou na Netflix", afirma. Com a nota, ela obteve uma vaga no curso de Direito da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas só começará a faculdade no segundo semestre deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da educação, Aloizio Mercadante, lançou, nesta quinta-feira (5), em Brasília, o Guia do Participante – A Redação no Enem 2013. O documento explica a metodologia da correção nas redações, bem como possui explicações acerca do que é cobrado em cada uma das competências avaliadas na prova de redação da edição deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “O guia explica de forma detalhada tudo o que os corretores esperam de uma boa redação, com dicas de como o estudante deve construir o texto, os argumentos que ele deve utilizar, o desenvolvimento do tema, o domínio da norma culta”, explicou Mercadante, conforme informações do Ministério da Educação (MEC).

Os estudantes podem consultar no guia textos que receberam pontuação máxima (nota 1.000) na edição passada do exame. De acordo com o MEC, as redações foram escolhidas porque cumpriram todas as exigências relativas às competências avaliadas. Também existem comentários sobre a estrutura, domínio da modalidade escrita formal e proposta de intervenção.

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Nesta edição do Enem, participarão 7,1 milhões de estudantes, quantidade 24% superior ao número de inscritos no ano passado. Nos dias 26 e 27 de outubro, as provas serão realizadas, com início às 13h, levando em consideração o horário de Brasília.

As redações

Segundo o MEC, 9,5 mil corretores avaliarão as redações e a previsão é que mais da metade dos textos precisem de recursos de ofício para o terceiro corretor, por consequência da redução da margem de discrepância. A diferença entre as notas dos dois corretores independentes não pode passar de 100 pontos.

Os textos que tiverem discrepâncias superiores a 80 pontos entre as competências serão reavaliados por um terceiro corretor e, se a diferença permanecer, uma banca de especialista fará a revisão. Em 2012, a prova de redação contou com a atuação de 5,6 mil corretores, 230 supervisores e 12 coordenadores.

Os “feras” precisam ficar bem atentos, uma vez que nesta edição do Enem, serão anuladas as redações que apresentarem partes do texto deliberadamente sem nexo com o tema proposto. As competências avaliadas no Enem as seguintes:

I. Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita;

II. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo;

III. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;

IV. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;

V. Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitados os direitos humanos.

Atendendo ao pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, nessa segunda-feira (19), revogou a liminar concedida pelo Juízo da 3ª Vara Federal do Ceará. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a liminar suspensa autorizava a disponibilização das provas de redação, bem como dos respectivos espelhos de correção do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) deste ano simultaneamente à publicação do resultado individual da nota correspondente.

A decisão diz que qualquer mudança no calendário, estipulado de forma prévia, vai comprometer um dos objetivos do exame, que é a utilização dos resultados individuais obtidos como mecanismo de acesso ao nível superior. Para o desembargador federal, Edilson Pereira Nobre Júnior, conforme informações do MEC, na decisão a liminar da 3ª Vara Federal (CE) “implica grave lesão à ordem pública, sob a perspectiva da ordem administrativa, na medida em que, às vésperas de realização do processo seletivo em discussão, que envolve interesse de mais de sete milhões de estudantes, impõe à Administração providência materialmente irrealizável: exibição das provas de redação e de seus respectivos espelhos de correção, simultaneamente à publicação do resultado individual”.

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O Ministério Público Federal (MPF), na semana passada, conseguiu a liminar do Juízo da 3ª Vara Federal (CE). Sendo assim, foi determinada a disponibilização dos espelhos de correção, de maneira simultânea, à divulgação das notas, já a partir deste ano, em todo o Brasil.

Segundo o MEC, o Inep, juntamente com a União, apresentou pedido de suspensão de liminar, alegando inviabilidade de atendimento do requerimento do MPF e a existência de um Termo de Ajustamento de Conduta firmado entre o MPF e o próprio Inep O termo foi homologado pelo Judiciário, por meio de sentença transitada em julgado, sem possibilidade de recurso. Conforme o acordo, em 2012 a exibição das provas seria realizadas, visando aspectos pedagógicos.

Neste sábado (3) e no domingo (4), em Brasília, 280 supervisores que irão trabalhar na correção das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, que será realizado em outubro, passarão por cursos de qualificação presencial. Segundo o Ministério da Educação (MEC), na capacitação, serão debatidos aspectos teóricos de cada uma das competências da matriz de correção das redações do exame e esclarecidos os critérios avaliados e as mudanças que ocorreram em relação ao ano passado. Já na segunda-feira (5), a formação terá continuidade na modalidade a distância, com a participação de 8,4 mil corretores.

De acordo com o MEC, para esta edição do Enem, houve um aumento da equipe que vai acompanhar a correção das redações. No total, serão 8,4 mil corretores, 280 supervisores e 35 coordenadores. Em 2012 foram 5,6 mil corretores, 230 supervisores e 12 coordenadores.

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Para este ano, a correção das redações terá mais rigor. Segundo o MEC, a discrepância entre as notas dos dois corretores independentes não pode passar de 100 pontos — em 2012, era de 200. Caso ocorre discrepância de 100 pontos, o texto será submetido a um terceiro corretor, e, caso continue, a correção ficará sob a responsabilidade de um grupo de especialistas. A correção das redações será feita levando em consideração cinco competências, que valem até 200 pontos.

A Fuvest divulgou, na manhã desta quarta-feira (8), as 27 redações que considera como "exemplos de boas redações" do vestibular de 2013. Segundo a fundação, trata-se de exemplos de textos que foram bem construídos e tiveram uma visão diferenciada. Ou seja, são redações consideradas de bom nível pela banca corretora por terem atendido, total ou parcialmente, alguns dos aspectos avaliados: tipo de texto e abordagem do tema, estrutura e expressão.

A prova de redação do vestibular da Fuvest 2013, realizada no início do ano, abordou o consumo como via de acesso "às melhores coisas da vida". Para ajudar os candidatos, a banca apresentou uma peça publicitária de um cartão de crédito que, ao fundo, trazia a imagem de um shopping center. Os estudantes tinham de discutir o sentido social do consumo e da oferta de crédito nos dias atuais. A relação completa das redações pode ser conferida no site.

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A Justiça deu mais uma decisão favorável à vista pedagógica da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Desta vez, foi a Justiça Federal no Ceará, que divulgou ontem (4) sentença referente a uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) em janeiro. O MPF pedia, na ação, que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) permitisse o acesso às imagens das redações do Enem 2012, acompanhadas de justificativas de pontuações e aos espelhos das provas, bem como abrisse prazo para interposição de recurso.

No entanto, a Justiça deu parecer favorável à Advocacia-Geral da União (AGU), que, representando o Inep e o Ministério da Educação, usou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em agosto de 2011 e homologado judicialmente, como justificativa para que fosse assegurada apenas a vista das provas aos participantes do Enem, para fins meramente pedagógicos. O acordo tem validade para as edições do exame a partir de 2012.

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Nessa quinta, a AGU divulgou que uma das alegações que fez no processo foi o planejamento do Inep para permitir a vista das provas aos candidatos. Em 2012, 4,1 milhões de redações do Enem foram corrigidas. "Os órgãos desenvolveram uma solução tecnológica exclusiva para permitir o acesso individualizado do participante, em ambiente restrito e personalizado, após digitalização dos arquivos contendo as imagens das folhas de resposta e folhas de redação".

No início deste ano, a AGU solicitou à Corregedoria Nacional do Ministério Público a abertura de sindicância para apurar a conduta do procurador que moveu a ação no Ceará, Oscar Costa Filho. Na ocasião, a AGU destacou que a maior parte das ações ajuizadas pelo procurador foi extinta, deferida ou remetida a juízos diversos. O procurador defendeu-se alegando que pedia apenas uma maior transparência no exame. Em entrevista no mês passado, o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, disse que o Enem é um exame de grande dimensão e que a disponibilização de um espelho de correção com justificativas e marcações no texto seria inviável. A questão, segundo Costa, não será debatida para a elaboração do próximo edital do exame, que deve ser lançado em maio deste ano. Além do MPF, desde a realização do exame, vários candidatos moveram ações pedindo o acesso irrestrito às correções da redação do Enem.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou nesta sexta-feira que as redações do Enem que tirarem a nota máxima (1.000 pontos) nas próximas edições da prova vão passar por mais uma banca, composta por três professores doutores. O objetivo é fazer um "pente fino" no texto.

A decisão vem depois da divulgação de redações que receberam nota máxima no último Enem, mesmo com erros graves de grafia, como "trousse" (trouxe), e de concordância verbal, como na frase "Essas providências, no entanto, não deve ser expulsão".

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Segundo Mercadante, a mudança já está sendo discutida por uma comissão de especialistas. Ele afirmou que 2.080 textos tiraram 1.000 pontos no Enem 2012.

Além dos erros gramaticais, foram revelados nesta semana textos com desvio do tema e 'brincadeiras’ que, ainda sim, obtiveram uma boa pontuação. Em um dos casos, o estudante ensinou o modo de preparo de uma receita de macarrão instantâneo. No outro, o aluno escreveu o hino do Palmeiras. As notas dos textos foram 560 e 500, respectivamente.

De acordo com Mercadante, as redações com "deboche" passarão a receber nota zero, tratadas como "inserção indevida".

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Claudio Costa, anunciou, nesta quinta-feira (21), que “inserções indevidas, como deboches e brincadeiras” devem ser punidas nas redações do próximo edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, conforme informações do Portal IG, haverá alterações no modelo de correção dos textos.

As redações, como as divulgadas esta semana, em que os candidatos escreveram 'receita de miojo' e 'hino do Palmeiras' não serão corrigidas. De acordo com Costa, é necessário que os deboches sejam punidos em respeito aos candidatos que realizam a prova de forma séria. Em depoimento ao IG, o presidente do Inep disse que a correção “vai dar mais trabalho aos corretores, claro, mas estou convencido de que será necessário”.

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Atualmente, o edital do Enem não tem como previsão a eliminação de estudantes que mantêm o raciocínio no contexto geral da redação. Segundo Costa, boa parte dos “feras” faz o exame sob pressão, e, no universo pedagógico, esquecimentos ou desvio do tema podem acontecer. “Mas o que coloca deliberadamente esse tipo de coisa tem de ser penalizado. A correção não é feita ao acaso. E elas foram tão corretas que as notas foram parecidas”, completa o presidente, conforme informações do IG. Dados do Inep mostram das 4,1 milhões de redações corrigidas, apenas 300 tiveram informações inseridas indevidamente.

Técnicos do Inep ainda farão, em trabalho conjunto com organizadores das provas do Enem, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da UnB (Cespe) e a Cesgranrio, um debate sobre a os padrões de correção das redações. Os editais do exame aceitam deslizes feitos pelos estudantes durante o texto, como por exemplo, erros de concordância ou grafia, porém, isso não desqualifica os textos bons.

Sendo assim, segundo informações do IG, casos como os divulgados pelo jornal O Globo em que textos nota 1000 (a escala varia de 0 a 1000) apresentavam erros de grafia das palavras, como “trousse”, podem ocorrer. De acordo com o Inep, somente 1,7% das redações do Enem alcançaram mais de 900 pontos, e dessas, 2 mil receberam nota máxima.

Com informações do Portal IG  



O Ministério da Educação (MEC) encaminhou nesta sexta-feira (4) recurso ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região contra a decisão liminar da Justiça Federal do Ceará de determinar que seja divulgado imediatamente a correção das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. O previsto pelo MEC é que os espelhos das redações corrigidas estejam disponíveis a partir do dia 6 de fevereiro. O ministério aguarda parecer do tribunal.

Os estudantes podem usar a nota do Enem para concorrer às vagas oferecidas em universidades e nos institutos federais de ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O Sisu abre as inscrições entre 7 e 11 de janeiro e os estudantes reclamam que terão acesso às redações após já terem se inscrito no processo.

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Nessa quinta-feira (3), a Justiça Federal no Ceará determinou que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilize de imediato para os alunos que fizeram o Enem 2012 as provas de redação corrigidas e acompanhadas das justificativas da pontuação. A decisão acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF) no Ceará e em Alagoas, que apresentou a ação motivada pelas queixas dos alunos.

O MEC informa que o recurso ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região foi apresentado levando em conta o Termo de Ajustamento de Conduta firmado com o MPF no ano passado que determina que, a partir do Enem de 2012, os candidatos passam a ter acesso à correção da redação, mas apenas para fins pedagógicos, sem o direito de pedir uma nova avaliação. O ministério ainda reitera que o edital do Enem não prevê pedidos de revisão de notas.

Na decisão, a Justiça ordenou ainda que a decisão seja cumprida no prazo de 48 horas, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil a ser paga pelo Inep, além de multa diária no valor de R$ 5 mil, a cargo do agente público que de qualquer modo dificultar a execução.

O Ministério da Educação (MEC), através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), anunciou, nessa quarta-feira (2), os números referentes à correção de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. De acordo com informações do MEC, foram corrigidas 4.113.558 redações.

Do total das corrigidas, 1,82% estavam em branco e 1,76% obtiveram nota zero. Segundo o MEC, texto insuficiente ou com cópia do texto motivador são algumas das causas para a falta de nota. Sobre os encaminhamentos das redações, para um terceiro corretor, foram encaminhados 20,10% textos, o que correspondente a 826.798. Já para a banca examinadora, o índice ficou em 2,43 % do total de redações, ou seja, 100.087.

“Os números ficaram dentro do previsto nas simulações realizadas por técnicos do Cespe/UnB (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília) e pela comissão de especialistas do Inep, composta por pesquisadores e membros da Associação Brasileira de Avaliação (Abav)”, avaliou o presidente do Inep, Luiz Claudio Costa, de acordo com o MEC.



 

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Brasília – O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou hoje (6) que 6.386 profissionais atuarão na correção das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. Desse total, 5.683 trabalharão diretamente com os 4,1 milhões de redações que serão corrigidas neste ano. O exame foi realizado no último fim de semana (dias 3 e 4) para estudantes de todo o país.

Entre os demais avaliadores, 229 atuam como supervisores, 12 como coordenadores de banca e 462 como auxiliares de supervisão. De acordo com o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, esses servidores trabalham para garantir a qualidade da correção das redações.

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A partir desta edição do Enem, os alunos terão acesso às redações corrigidas para fins pedagógicos a partir de 15 de fevereiro de 2013, no site do Inep. Entretanto, os candidatos não poderão usar esse acesso como base para recursos na comissão organizadora da prova. O resultado final do exame será divulgado três semanas antes da abertura de acesso à redação, no dia 28 de dezembro.  

“Nós estamos garantindo a ele [candidato] todos os recursos na correção para que tenha tranquilidade. E,  tendo a nota, poderá reorientar-se, porque esse é o processo educativo. Tenha ele entrado na universidade ou não”, explicou Costa.

Todos os profissionais envolvidos na correção da redação passam por um segundo treinamento presencial e a distância desde ontem (5) até a semana que vem, dia 14. Segundo Luiz Cláudio, o treinamento prepara os corretores para avaliar o tema deste ano: O Movimento Imigratório para o Brasil no Século 21. A partir do dia 15 de novembro, as redações dos candidatos já começam a ser corrigidas.

O número de corretores de redação foi ampliado em 40% para o Enem 2012. Dois professores avaliarão o desempenho dos alunos, que podem receber até 200 pontos para cada uma das cinco competências (domínio da norma padrão da língua portuguesa, compreensão e desenvolvimento do tema utilizando várias áreas do conhecimento, construção e defesa de um ponto de vista, construção de argumentação e proposta de intervenção para o problema, respeitando os direitos humanos).

Havendo divergências acima de 200 pontos em todas as competências somadas ou superior a 80 pontos em qualquer um dos cinco itens avaliados, a prova será corrigida por um terceiro avaliador. No caso, a nota final será a média aritmética das duas notas totais que mais se aproximarem.

O Inep estima que 1,2 milhão de redações passem pela terceira avaliação. Caso ainda persista a divergência de notas, outra banca composta por três professores dará a nota final do participante. Até o exame anterior, a margem para discordância era 300 pontos.

A previsão do Inep é que o corretores avaliem, no máximo, 100 redações por dia. Luiz Cláudio Costa ressaltou que os corretores serão supervisionados durante todo processo de correção das redações para garantir a qualidade da avaliação.

O avaliador que não corresponder ao padrão exigido pelo Inep poderá ser dispensado das correções. “Nós criamos um fluxo que vai dar muita segurança ao estudante”, assegurou Costa. A redação é digitalizada em Brasília pela organizadora do exame e será distribuída online aos corretores localizados em todo o país.

Desde 2009, quando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ganhou status de vestibular, o número de redações anuladas vem crescendo a cada ano. A quantidade de textos invalidados aumentou 168% entre 2009 e 2011, contra um crescimento de 59% no número de redações corrigidas. Os dados mantêm relação com mudanças nas regras de correção, com as diferentes propostas de redação a cada edição do exame e também com o perfil dos inscritos, segundo especialistas.

No último Enem, o de 2011, foram anuladas 137.161 redações - o que representa 2,5% do total de pessoas que fizeram a prova, contando quem a entregou em branco. O Estado obteve os dados das últimas cinco edições do Enem por meio da Lei de Acesso à Informação. Os números foram enviados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Enem.

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Na comparação entre 2007 e 2011, a alteração nesse panorama é ainda maior. Enquanto a variação de textos corrigidos foi de 50%, o aumento de textos anulados ficou em 661%. Em 2007, apenas 18.030 textos foram anulados. Já o número de redações entregues em branco - que inclui os faltosos - cresceu 71,5% entre 2007 e 2011.

Para o Inep, "a quantidade de redações identificadas como "anuladas/fuga ao tema" apresenta uma relação direta com o tema da redação proposto para cada edição do Enem". Mas isso não explica tudo. Segundo o professor Maurício Kleinke, coordenador do vestibular da Universidade de Campinas (Unicamp), era de se esperar que a partir de 2009 houvesse cada vez mais redações anuladas. O motivo é o uso variado do exame.

Além de vestibular, o Enem passou a ser usado após 2009 como certificação do ensino médio e de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Além de critério para bolsas no Programa Universidade Para Todos (ProUni) e financiamento estudantil.

"O Enem começou a ser mais procurado por pessoas que estão afastadas do sistema educacional", diz Kleinke. No último Enem, 46% dos inscritos tinham mais de 21 anos. O professor lembra que a realidade socioeconômica é preponderante para o desempenho na redação. "O Enem atende um público muito variado."

Essa abrangência de usos é espelhada nas regras para correção da prova, principalmente no tamanho do texto. O candidato que escrever oito linhas já garante o direito de ter nota - caso não desrespeite outros critérios. Além de não seguir o tamanho mínimo, um candidato terá zero se fugir ao tema proposto, escrever impropérios, desenhos ou outras formas propositais de anulação ou não obedecer à estrutura de texto dissertativo argumentativa.

Correção

Professor aposentado de Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rogério Chociay defende que o Enem tenha critérios de correção variados para cada perfil de candidato. "Não afasto o despreparo dos corretores, mas a falta de qualidade dos textos é a maior responsável pelas anulações. Os concluintes têm desempenho diferente de quem saiu do EJA", diz.

Chociay faz uma ressalva: o porcentual de anulações, apesar de ter crescido, é baixo. Kleinke, da Unicamp, concorda. O ex-presidente do Inep João Batista Gomes Neto vai mais longe e diz que os números expõem as falhas do ensino médio. "O problema da educação no Brasil é gravíssimo. E, dentro desse problema, o da redação é o mais grave, pois as pessoas não sabem escrever."

Rigor

Na última edição do Enem, o MEC já havia promovido alteração nos critérios da redação, com a diminuição da discrepância de notas entre os dois primeiros corretores para que o texto tivesse nova correção. Para a próxima edição, nova mudança: diminuiu ainda mais a discrepância, agora para 200 pontos. Também há limite de diferença em cada uma das cinco competências avaliadas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu nesta quinta-feira (1º) que as redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passem por mudanças no critério de correção, garantindo mais objetividade e segurança aos alunos. Conforme informou ontem o jornal "O Estado de S.Paulo", o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão que cuida do Enem, discute internamente mudanças na correção das redações. Uma das possibilidades é, no caso de discrepância das notas do primeiro e do segundo corretor, a redação ser levada a uma banca com três especialistas.

"Vamos mudar os critérios de correção, porque a redação sempre tem um caráter subjetivo. Quanto menor a dispersão das notas, quanto mais objetividade e segurança nós dermos aos alunos, melhor para a valorização do Enem. Vamos alterar o critério, sim, aguardar a comissão de especialistas que está discutindo a matéria fazer uma proposta antes de bater o martelo", disse o ministro, que participou do programa "Bom Dia, Ministro", produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

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No ano passado, o Inep foi confrontado com processos judiciais de candidatos que criticaram as notas finais. Foi o caso de uma estudante carioca que recebeu três notas diferentes: 800 (do primeiro corretor), 0 (do segundo) e 440 (do terceiro).

"Pretendemos melhorar a realização do Enem para este ano. Para o aluno não vai ter alteração: o que vale no Enem é estudar. Estudou, passa. O que vamos aprimorar é a forma de fazer o exame para evitar as dificuldades", afirmou Mercadante. As provas do Enem 2012 estão marcadas para 3 e 4 de novembro.

Salário

Quanto ao pagamento do piso nacional dos professores, que foi reajustado para R$ 1.451 por mês, Mercadante disse que o MEC sabe das dificuldades das prefeituras garantirem o pagamento desse valor, mas afirmou que isso não pode levar ao retrocesso.

"Se quisermos ter educação de qualidade no Brasil, vamos ter de continuar recuperando o piso, para que os jovens que estão na universidade se motivem a ser professores", afirmou.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (19) que não há condições tecnológicas de se conceder a cópia das correções da prova de redação aos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, como determinou a Justiça Federal no Ceará no início da semana.

“Não é só querer. Tem de se preparar tecnologicamente para o pleito e o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais] não se preparou tecnologicamente para dar vista às provas de 4 milhões de pessoas”, disse Haddad depois de participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência em parceria com a EBC Serviços.

Haddad ainda considerou “estranho” que o pedido tenha sido feito na divulgação do resultado da prova e não quando o edital foi lançado. “Vestibulares têm 30, 40 anos não estão preparados, por que o Enem, que tem três anos, estaria? É preciso um pouco de compreensão”, explicou.

Na terça-feira (17), a Justiça Federal no Ceará determinou que o Inep ofereça a todos os participantes do Enem de 2011 a cópia das correções da prova de redação. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público Federal (MPF) no estado. O Ministério da Educação (MEC) e o Inep já informaram que vão recorrer da decisão.

Segundo o ministro, a nova exigência poderá prejudicar as discussões quanto à possível realização do Enem duas vezes por ano e não uma, como é feito hoje. Entretanto, na semana passada, o ministro já havia dito que a realização de duas edições do exame por ano não estava garantida, apesar de já estar prevista em edital. A aplicação das provas seria nos dias 28 e 29 de abril.

“Não podemos colocar a máquina em fadiga. Há uma questão tecnológica a ser resolvida. É um problema novo que foi colocado e que não é tão simples assim”, disse. “Por enquanto, teremos um por ano até que tenhamos fôlego para atender às exigências. A questão está sendo discutida e pode não haver [o exame] em abril”, completou.

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