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Próximo a duas avenidas movimentadas do Centro do Recife está a Praça do Sebe. O espaço, que existe há mais de 40 anos, resiste ao tempo e segue atraindo pessoas em busca de livros novos ou usados com preço acessível. Neste mês de janeiro, período em que há uma maior busca por materiais escolares, os boxes que fazem parte do local têm um aumento considerável de clientes, como afirma Cátia Sales, que, há 25 anos, trabalha no sebo.

“Por conta da época escola, da procura por livros escolares, há um aumento de pessoas por aqui. O pessoal vem atrás no período que vai de dezembro a março, a procura é maior. Quando passa essa época, a gente fica [com as vendas] na literatura em geral e livros de faculdade”, explica.

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No box de Cátia há livros didáticos usados e em bom estado de conservação a partir de R$ 80 (do 6º ao 9º ano e ensino médio). No local, os clientes também podem encontrar livros novos da educação infantil. À reportagem, ela conta que além do sistema habitual de compra e vende, há a possibilidade de troca e receber livros usados como parte do valor dos itens buscados.

“O pessoal traz o livro tanto para trocar, como traz para vender. É assim que a gente trabalha. Para que isso acontecer, a gente avalia coisas como conservação do livro, sem riscos ou marcas de caneta ou marca texto, edição da obra, porque o livro didático tem edições, ele não pode ser um livro muito antigo porque as escolas não adotam essas edições antigas”, ressalta.

Cátia trabalha há 25 anos no sebo. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Em busca dos melhores preços

Ao lado da filha Alice, de 10 anos, Gerlane Diniz buscas livros com valores acessíveis. Em entrevista ao LeiaJá, ela afirma que, mesmo no início das pesquisas, percebeu que os preços ainda não estão ideias. "Mesmo razoáveis [preços], mas ainda sai mais vantagem do que comprar um livro novo. Principalmente um livro que você vai usar, mas não vai escrever. Então, fica mais fácil a gente comprar pelo sebo". 

Gerlane observa que é vantajoso realizar a compra de livros no local do que, por exemplo, em uma livraria. "Na livraria, a gente paga pelo 'luxo' que eles vendem. No sebo não. Aqui a gente tem essa vantagem de conseguir livros baratos, com descontos. Isso faz toda diferença no orçamento porque tem os outros materiais [escolares], tem uma lista enorme que são [a escola] e a gente podendo economizar nos livros já ajuda muito e cuidado do livro para repassar, melhor ainda", frisa.

Pela primeira vez no sebo, Alice Diniz, que vai iniciar o 6º ano do ensino fundamental, mostrou-se entusiasmada. "Eu estou achando tudo muito interessante. Aqui tem muitos livros diferentes, livros com títulos interessantes que podem ter histórias legais. Diferente da livraria, aqui, a gente pode achar um livro usado, mas bem inteirinho (sic) por um preço menor. Já na livraria, o mesmo livro, está com um preço maior", disse. 

 

Alice e Gerlane Diniz. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Encontro de gerações 

A história de Augusto Silva se confunde com a da Praça do Sebo. No ramo há mais de quatro décadas, 42 nas contas dele, o sebista reúne diversos títulos no local, que fala ao LeiaJá com orgulho. "Estou aqui desde o início. Antes, a gente vendia em uma banca de táboa. Esse terreno aqui era local de despejo de lixo dos prédios e estacionamento de carros. Em 1981, a gente foi transferido para cá", relembra. À reportagem, Seu Augusto, como é conhecido na Praça do Sebo, contou que iniciou na área por acaso. "Eu comecei no sebo e me apeguei", ressalta. 

Com as transformações e período de pandemia, ele expõe que, mesmo com uma boa movimentação neste mês, ainda é menor do que em anos anteriores. "Era mais movimentado", afirma. Com certo pesar, Seu Augusto conta que a crise sanitária modificou a relação das pessoas com o sebo. "Eu não gosto nem de falar o nome [pandemia], que chega dá uma tristeza. Fiquei muito tempo em casa, onde tenho mais livros e me contentei com eles. O movimento ainda está engatinhando, está voltando. As pessoas se habituaram a comprar pela internet, ficar em casa e receber. Muitos se acomodaram e não estão vindo mais". 

O sebista fala que ainda não tem planos de iniciar vendas na internet, mas que é algo no campo das ideias. "Falei com meu filho [sobre vender na internet] e ele disse que a gente iria ver. Mas, o que eu gosto mesmo é do povo, eu gosto de falar, do contato, pessoa a pessoa (...) meus clientes mais antigos não deixam de vir aqui, trazem os filhos, os netos. É outra geração que alcanço, vou renovando". 

Augusto Silva está no sebo há 42 anos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Espaço simples, improvisado em uma parada de ônibus nas proximidades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com sacolas de alimento para animais como proteção: é assim que o senhor Eduardo Moura Pinto, de 62 anos, monta seu sebo de livros, desde 1980, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife.

De infância humilde e sem muitos recursos, a relação de Eduardo com as obras literárias começou através de sua mãe, que era semianalfabeta. Enfrentou dificuldades para começar a ler e sofria com a violência do pai, que não acreditava no desenvolvimento da leitura do filho e lhe batia sempre que um erro da junção das letras acontecia.

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“Meu pai, certa vez, questionou o porquê de minha mãe gastar dinheiro comprando livros para mim. Sempre que ele me pedia para juntar sílabas, por exemplo, e eu errava, ele me batia e sempre dizia que eu nunca iria aprender a ler. Até jogava, meus livros fora”, relata Eduardo. “Minha mãe, por outro lado, sempre me defendia com o amor simples dela, sempre me dizia que eu seria capaz de aprender”, completa.

Eduardo Moura já leu quase todos os livros que vende em seu sebo improvisado (Foto: João Velozo/LeiaJá Imagens)

Um currículo de leitura

De Kamala a Chico Xavier, o autodidata também garante também ler em espanhol, “mais fácil, quase português”, e inglês. Segundo ele, seu acervo conta atualmente com mais 1.500 livros.

O livreiro, que também consome o conteúdo que comercializa, ressalta que, ao ler a biografia do físico Albert Einstein, por exemplo, soube que ele também tinha dificuldades na infância para aprender. “Os professores também não entendiam ele”, fazendo uma relação com a sua própria história. 

Apelidado de Gandhi, referência ao pacifista hindu que lutou contra a colonização inglesa, o maior sonho de Eduardo é conseguir um ponto físico para comercializar os livros que adquire através de doações de conhecidos e moradores do bairro.

Além de colecionador de livros, Eduardo também coleciona vários sonhos, alguns para si, outros em prol de ajudar pessoas em situação de rua e animais desabrigados. “Eu gostaria de ter uma banca de verdade para trabalhar, com um estabelecimento fixo, e quero construir um abrigo para cachorros e gatos de rua. Também quero todos os dias poder dar um sopão para as pessoas de rua que sempre me pedem ajuda”.

Religião como parte da vida

Religião também sempre foi um tema que seduziu Eduardo Moura. Começou na umbanda. No Lar de Ita, no Vasco da Gama, na Zona Norte da capital pernambucana, descobriu que em outras vidas teria sido cigano, índio, judeu e até nazista. Praticamente uma vida para cada religião a qual já aderiu.

“Comecei na Umbanda, fui testemunha de Jeová, católico e da Assembleia de Deus por um ano. Agora, já faz um tempo que frequento o espiritismo kardecista”, diz, julgando-se “ecumênico, de crença só minha”. 

Acervo completo

Eduardo é dono de um vasto acervo de leitura dos mais diversos gêneros. De segunda a sexta-feira ele comercializa as obras literárias com os mais variados preços. Segundo ele, em média, consegue apurar entre R$ 10 e R$ 20. R$ 50 em dias bons. Por isso, todos os dias ele se compromete a montar seu espaço de trabalho, debaixo de sol ou chuva, para levar o ganha-pão diário.

Mesmo durante as férias dos alunos da UFPE, ele não deixa de expor seus livros aos passageiros que frequentam a parada ônibus e aos transeuntes, que mesmo diante da correria para pegar o transporte público ou resolver problemas, param para apreciar o seu trabalho.

Eduardo é facilmente reconhecido por quem frequenta a Várzea. Há 42 anos, o senhor é praticamente patrimônio do bairro por estar há tanto tempo fielmente com seus companheiros de vida e de trabalho, os livros.

Segundo um levantamento feito pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, apenas pouco mais da metade dos brasileiros têm o hábito da leitura: 52%. A pesquisa apontou, inclusive, uma diminuição desse percentual entre 2015 e 2019, período em que o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores. O estudo foi realizado em 208 municípios de 26 estados entre outubro de 2019 e janeiro de 2020.

Os números podem até não impressionar dado o senso comum de que brasileiros não gostam de ler, somado a um outro que estigmatiza os livros como artigos de luxo caros, sendo assim, inacessível para grande parte da população. No entanto, uma breve volta pelo centro do Recife, pode servir de  alento aos que preferem desacreditar em tais  teorias. 

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Ladeando determinado ponto da Avenida Dantas Barreto, dois pontos tradicionais agregam livreiros de rua. Um deles, batizado de Praça do Sebo, conta até com a escultura de um célebre escritor; Mauro Mota, jornalista, poeta, ensaísta e membro da Academia Brasileira de Letras, falecido em 1984. Seguindo pela Avenida Guararapes, no coração do centro da capital pernambucana, é preciso desviar dos livros de diversos vendedores que montam seus sebos nas calçadas mesmo. 

São pessoas como Crisgibe, que há dois anos vende gibis e livros de diversos gêneros em uma dessas calçadas, ocupando a cidade de maneira tal que já tornou-se parte do visual dela. A história de Cris e de outros profissionais, tem sido documentada pelo pernambucano Elizeu Espíndola, ele próprio um livreiro de rua, proprietário do Seborreia. 

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Crisgibe é uma das sebistas que ocupam o centro do Recife. 

Elizeu transformou sua paixão por livros e sebos em trabalho há cerca de dois anos. Educador Social de profissão, acostumado às mais diversas vivências encontradas pelas ruas da metrópole, ele conta que foi preciso uma certa dose de “coragem” para colocar o seu sebo na rua. “O livreiro de rua é uma espécie de ambulante, de comércio informal, eu precisei vencer essa etapa do medo”, contou o sebista em entrevista ao LeiaJá. 

Até o dia em que ele colocou “uma canga da companheira” na bolsa, mais alguns livros, e desembarcou na Estação Recife de metrô, no Bairro de São José, área central da cidade A partir dali, a experiência acumulada em suas próprias andanças e relações construídas com os livreiros do centro, aliadas à vontade de promover uma “ocupação literária” daqueles espaços, deram vida ao Seborreia. “A cidade sempre foi palco de experiências encantadoras, então ocupar aquele local era fundamental”, afirma.

O Seborreia começou no Pátio de São Pedro, passou pela Casa da Cultura - antiga casa de detenção transformada em equipamento cultural -, e passou um tempo na Avenida Guararapes, em frente ao prédio dos Correios. Elizeu conta que seu estímulo sempre foi o de oportunizar a livre circulação de informação e promover uma “libertação” através dos livros, usando-os como munição contra a violência urbana e a precarização da educação no país. A ideia era “armar” as pessoas com esse “novo arsenal” e assim “contribuir com a formação de jovens”. 

Elizeu, idealizador do Seborreia e  condutor do "trem bala", como ele chama o sebo. Foto: Reprodução/Instagram

O acervo do Seborreia passa por uma fina curadoria que atende a um eixo central: cultura e ciências humanas. Garimpando em outros sebos e fazendo parcerias com livreiros, escritores e outros clientes, Elizeu disponibiliza obras de história, política, filosofia, diferentes linguagens artísticas e poesia, entre outros temas correlatos. O diferencial não é obra do acaso, o propósito do sebista é expandir os conhecimentos existentes em tais livros para além dos espaços acadêmicos. “É uma realidade que a princípio nos é dada, não sei se é pra nos colocar no lugar da comodidade, a gente sai da escola pública, sobretudo quem vem da periferia e é ligado a uma classe mais trabalhadora, e a leitura vira algo de luxo. A escolaridade deve cumprir a função básica para lhe deixar apto ao trabalho e às vezes a gente frustra uma experiência potencialmente rica.  Isso mais atrapalha do que ajuda nesse processo de dar às pessoas esse acesso ao conhecimento. Onde você vai ser provocado fora da universidade a ter contato com isso?”

Para além dessas questões educacionais, o livreiro exalta a possibilidade das trocas de experiências, vivências e histórias somente possíveis no convívio com o cotidiano da própria cidade e seus frequentadores. Os transeuntes acabam virando compradores, amigos, parceiros e multiplicadores de “experiências concretas”, como ele próprio chama. Tudo isso sem contar na carga afetiva contida apenas nos livros usados, instrumentos de resistência não só ao hábito da leitura - ao qual teimamos em acreditar não fazer parte do nosso povo -, como à magia e riqueza contida nos sebos de rua.

Resistência

O Seborreia passou cerca de dois anos ocupando uma ds calçadas da Avenida Guararapes, no centro do Recife. Foto: Reprodução/Instagram

Resistir é a palavra de ordem para sebistas, sobretudo aos que trabalham nas ruas da cidade. A pandemia do novo coronavírus trouxe um desafio ainda maior à sobrevivência de todos eles. O próprio Seborreia passou a investir mais no trabalho via redes sociais para continuar na ativa. A presença no meio virtual trouxe mais leitores e estabeleceu novas conexões, mas é na rua mesmo que o sebo existe de forma plena.

Sendo assim, Elizeu levou seu acervo para um novo ponto no centro do Recife. O Seborreia está funcionando em um espaço compartilhado com o Bazar da Cidadania, promovido pela Ação Cidadania, na Rua Imperatriz, no Pátio da Matriz da Boa Vista, bairro da Boa Vista. Um lugar que, para ele, faz todo “sentido” pelo “arsenal cultural e pela ideia do consumo consciente”. O sebo funciona às segundas, quartas e sextas, das 14h às 17h.  

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Quem transita diariamente pela avenida Pedro Miranda, entre as travessas do Chaco e Curuzu, em Belém, já deve ter se perguntado sobre uma pequena livraria, localizada entre um bar e uma ótica, que chama atenção pelas pilhas de livros amontoados. É a livraria Belém-Pará Cultural, do professor aposentado Luís Fernando da Silva, de 74 anos.

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Os sebos se mantêm vivos na capital paraense. Há quatro anos, o professor Luís Fernando comercializa livros novos e usados, no bairro da Pedreira. É um senhor simples e espirituoso. Para ele, “os livros são como filhos”.

A paixão de Luís Fernando pela leitura começou na universidade e continua viva. Aos 12 anos, ele foi morar na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou em uma livraria por mais de um ano. Foi daí que nasceu o desejo de abrir seu próprio estabelecimento. “No Rio, eu trabalhei na livraria Freitas Bastos, que também era uma editora. Depois, fui seguindo minha trajetória. Já agora, depois que me aposentei, para não ficar na ociosidade eu criei essa livraria”, disse seu Fernando.

Das 8h30 até às 19h30 ele usufrui da companhia de poucos visitantes e compradores. “Eu passo o dia aqui trabalhando, arrumando. Não é fácil, é difícil. Tenho que pegar (os livros) e colocar cada um no lugar”, relata.

A quantidade chega a mais de cinco mil livros guardados no sebo. Para conseguir chegar a esse número, Fernando revela que comprou e ganhou boa parte do acervo. São livros de literatura, filosofia, história, matemática, ciências, psicologia, autoajuda, livros religiosos e muito mais.

Apesar dessa infinidade de textos, temas, assuntos, Fernando recomenda duas leituras, segundo ele excepcionais. Uma delas é o livro “O universo numa casca de noz”, do físico Stephen Hawking. “Ele guiará o leitor através do microcosmo quântico e do macrocosmo universal, discutindo as extraordinárias leis que regem o cosmos e as principais teorias hoje debatidas — o que também conta a saga de Hawking e dos físicos mais importantes de todos os tempos atrás do grande objetivo da ciência: a Teoria de Tudo. Para isso, serão apresentados conceitos caros à física teórica, como a supergravidade, a teoria quântica, a teoria-M, a holografia e a dualidade”, informa a sinopse.

A outra dica são os livros da escritora Helena Blavatsky. “É um conhecimento muito grande. Além de ser um livro difícil, você precisa ficar procurando no dicionário. Tem termos filosóficos, altamente secretos, que não são do conhecimento popular. Você precisa ter um certo conhecimento para poder compreender”, falou o livreiro.

O médico José Macedo Filho, 70 anos, que frequenta o espaço, já realizou várias compras. “Para quem gosta de ler, esse lugar é importante demais. Nesse tipo de livraria a gente encontra muita coisa boa, desde que procure”, comentou.

Nesses tempos em que muitas livrarias estão fechando por falência, ou amargando grave crise financeira, os pequenos sebos resistem. Segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL), a última pesquisa sobre o comportamento do varejo do mercado no Brasil registrou uma “retração”, no período de 2019, em comparação com 2018.

Para o livreiro Luís Fernando, a crise nas vendas de livros e incentivo à leitura está ligada à irresponsabilidade do governo. “A educação no país, aqui no Pará principalmente, está falida. Lamentavelmente os governantes falharam com a educação. Enquanto não se investir em educação vai continuar desse jeito”, desabafou.

Por Sandy Brito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A compra de livros didáticos costuma ser motivo de preocupação para a maioria dos pais ou responsáveis por crianças e adolescentes em idade escolar, diante dos gastos de Natal, ano novo, material escolar e matrícula já causarem “danos” ao orçamento, além do alto custo que esses livros costumam ter. Nesse cenário, os sebos, que costumam vender livros usados (e até novos) por preços mais baixos costumam atrair quem quer trocar, comprar ou vender livros didáticos economizando. O LeiaJá foi até a Praça do Sebo, que fica no centro do Recife, para saber se nesses lugares os preços são realmente melhores do que nos colégios e livrarias tradicionais. Confira:

Comodidade versus Economia

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Flávia Regina tem um filho de 11 anos e veio pela primeira vez aos sebos, pois costumava comprar os livros escolares na própria escola, obtendo um desconto ao fechar o valor inteiro junto com a matrícula. No entanto, para 2018, o colégio não dispunha do material necessário para o ano em que o menino está. Assim, Flávia decidiu procurar o material em sebos por ter percebido, segundo ela, que é possível conseguir fazer uma economia grande em relação aos valores cobrados em livrarias. Segundo ela, “a diferença é muito grande, pelo que pesquisei e com os preços que estou vendo aqui, espero conseguir uma economia de cerca de 50 a 70% no valor total, de todos os livros que meu filho precisa”, disse ela.

Apesar de estar contente com a economia, Flávia também diz que a necessidade de deslocamento para chegar aos sebos e para fazer pesquisas de preços envolve um custo com combustível ou passagem de ônibus. Ela também destaca que a comodidade, a rapidez e a praticidade de fazer a compra do material na escola no mesmo momento da matrícula é um ponto positivo.

Cuidados com o estado dos livros

Ana Cláudia, que tem uma filha que fará o 6º ano do ensino fundamental neste ano de 2018, estava procurando os livros da menina em sebos pelo segundo ano consecutivo e enxerga a diferença de preços como um fator decisivo. Apesar disso, ela se diz cuidadosa e, enquanto falava com a nossa equipe, olhava atentamente os livros que comprava página por página. Ana Cláudia explicou que em 2017 comprou os livros no sebo, mas todos eram novos. Optando pelo material de segunda mão desta vez para economizar mais, ela afirmou que “tem que olhar tudo direitinho para não comprar o livro danificado nem muito riscado, se não a criança pode reclamar e se sentir desestimulada a estudar”, explicou a mãe.

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Comprador experiente

Genideibson Xavier tem dois filhos, um no 1º e outro no 4º ano do ensino fundamental e sempre faz compras nos sebos não só para a os estudos dos meninos mas também para toda a família. Frequentador de sebos há cerca de cinco anos, ele explica que consegue economizar bastante tanto nos livros didáticos quanto com outros tipos de leitura como, por exemplo, material para estudar para provas de concursos públicos ou romances. Genideibson destaca a diferença de preço, que ele afirma perceber em cerca de 50%, como um fator determinante para que ele opte pelos sebos.

Trocar no sebo ou no colégio?

Maria Das Graças tem um filho que vai cursar o 7º ano do ensino fundamental em 2018. Com dois livros didáticos do 6º ano que desejava trocar pelos que o menino precisará em este ano, ela encontrou ofertas para troca, mas que não estava satisfeita com os valores. Sua próxima tentativa, explicou ela, seria recorrer a outros pais e familiares de alunos da escola de seu filho para buscar um bom negócio.

20 anos de sebo

Cátia Sales é vendedora da praça do sebo há 20 anos e trabalha junto com sua nora e alguns dos seus cinco filhos. Antes dela, o seu pai, que já faleceu, já tinha uma banca de sebo há muito mais tempo, antes mesmo do espaço da praça ser destinado aos comerciantes de livros. A tradição familiar, segundo ela, fez muito bem à educação de suas filhas, que adquiriram o hábito da leitura desde pequenas, seguem gostando de livros e tirando boas notas.

Cátia explica que os bons preços, a possibilidade de trocas, de parcelamento do valor e a variedade de títulos e gêneros de livros faz com que ela tanto tenha clientes fidelizados que começaram comprando livros para seus filhos na escola e hoje adquirem o material deles para a universidade. Além de cultivar clientes, segundo ela, as facilidades e oportunidades de economia que os sebos oferecem também vêm atraindo mais pessoas ao longo dos últimos anos.

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Os adeptos do "sebo", espaços que comercializam livros a preços baratos, vão poder contar agora também com a Livraria Cultura. A empresa, que foi uma das primeiras a comercializar livros pela internet, divulgou, recentemente, que também vai vender obras usadas na plataforma online. 

De acordo com a empresa, o cliente poderá garimpar produtos praticamente novos em uma sessão de oportunidades. As ofertas são renovadas diariamente e os descontos vão de 30% a 60%. “Estamos inovando mais uma vez, introduzindo um conceito diferente, que reúne o melhor de tudo: valoriza o produto e a experiência do sebo. Você garimpa um livro, encontra uma boa oportunidade e compra um produto praticamente zero”, explica Sergio Herz, CEO da Livraria Cultura. Herz destaca que a companhia também disponibiliza um programa de recompra de livros usados, o + Leitores.

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Para entrar no + Leitores, basta ser participante do programa de fidelidade, o + cultura, ter adquirido o livro há não mais que seis meses, e passar na avaliação das condições do produto feitas nas lojas. O valor da recompra é revertido em créditos no Programa + cultura. As vendas dos livros usados são realizadas exclusivamente na loja do site.

 

 

 

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Quanto mais velho melhor. Alguns usam a frase para descrever vinhos. Outros, para definir games. Em tempos de PlayStation 4 e Xbox One, muitos jogadores ainda preferem deixar a modernidade de lado e sentir a nostalgia de jogar títulos como Chrono Trigger, Donkey Kong, Golden Axe e Super Mario Bros. E engana-se quem acha que não existe mercado para este tipo de jogo. Segundo uma pesquisa divulgada neste mês pelo Mercado Livre, a procura por consoles que fizeram sucesso nas décadas de 80 e 90 cresceu neste primeiro semestre.

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A procura pelo portátil Game Gear, de 1990, por exemplo, aumentou 61,5% na comparação com o mesmo período de 2014. Para atender este público, lojas especializadas comercializam consoles, fitas e joysticks. Em Pernambuco, uma transversal da movimentada avenida Dantas Barreto, no Centro do Recife, faz a alegria dos fãs de videogames antigos.

Por lá, é possível encontrar uma variedade de fitas e consoles. O acervo possui títulos mais populares como Super Mario World, Zelda e Star Fox, até games como Phantasy Star, San Francisco Rush e Altered Beast. No box do comerciante Giovani Barbosa, que trabalha no local há 19 anos, cada cartucho do Super Nintendo custa cerca de R$ 15. Alguns jogos mais difíceis de encontrar, como Zelda, podem sair por até R$ 120.

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Giovani, que estava jogando uma partida de International Superstar Soccer ao ser abordado para entrevista, explica que apesar de peculiar, o mercado de jogos antigos é gratificante. “Muitos garotos que viram seus pais jogarem vêm me procurar. Outros pais gostam de trazer seus filhos para escolher um game”, ressalta.

Em outro box, ali por perto, José Antônio da Silva também comercializa cartuchos e consoles antigos. O mais procurado é o Super Nintendo, que é vendido por cerca de R$ 150. O Nintendo 64 também faz sucesso, principalmente por causa de jogos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time e 007 - Golden Eye. Ele sai por R$ 130. Como todos os videogames estão fora de linha, é oferecido também um serviço de assistência técnica no local.

Segundo o comerciante, a freguesia é fiel. “Pessoas de todas as idades me procuram, de 15 a 30 anos. São jogadores que querem matar a saudade dos velhos tempos e não medem esforços para isso”, explica. E apesar de alguns itens à venda aparentarem muito tempo de uso, seu Antônio garante o funcionamento. “Não tenha dúvidas. Basta ligar na TV de casa e aproveitar”, complementa.

Onde comprar

Quem teve saudades das horas perdidas tentando terminar Sonic The Hedgehog, Contra ou Nosferatu pode visitar o sebo de games antigos na Rua Infante Dom Henrique, próxima à Avenida Dantas Barreto, no bairro de Santo Antônio, sempre das 9h às 18h nos dias de semana e das 9h ao 12h nos sábados.

"Eu estava em uma loja de vinis em São Paulo e durante os cinco minutos em que estive lá três vitrolas foram vendidas". Conta, em tom de surpresa, Rafael Cortes, fundador da Assustado Discos, empresa do Recife que trabalha com a produção e o resgate de gravações musicais em LP (long plays). De acordo com dados da empresa Conversion, a principal fábrica produtora de LPs da América Latina, a Polysom, localizada no Rio de Janeiro, registrou aumento de 126% nas vendas de discos entre março e abril de 2014. 

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Em pleno século 21, com o avanço tecnológico e a 'onda' dos downloads de CDs no formato de mp3 na internet, além da facilidade dos serviços de streaming (Spotify, Rdio e Deezer), comprar vinil já não é mais um hábito exclusivo dos colecionadores de bolachas, como são conhecidos os discos. Atualmente, o vinil deixou as estantes empoeiradas e voltou ao seu lugar de origem: as vitrolas.

Historicamente, o dia da vitrola é celebrado nesta sexta-feira (21) porque há 137 anos atrás, em 1877, Thomas Edison, inventor da vitrola, fez a primeira exibição pública do objeto musical que até os dias atuais faz sucesso. Por isso, o mês de novembro é chamado 'Mês da Vitrola'.

Os apreciadores do vinil não se restringem a ouvir apenas gravações antigas de grupos que não tiveram, de fato, opção por gravar em diferentes formatos. Pelo contrário, novos bandas do cenário musical, tanto brasileiro quanto internacional, tem lançado tiragens de seus projetos em vinil, com gravadoras que se especializaram apenas nesse formato. "Fundei a Assustado Discos em 2011 e o intuito inicial era trabalhar apenas com raridades musicais de alguns artistas. Entretanto, ao longo da minha caminhada, abri o selo a diversas possibilidades de gravações, que vão desde registros raros até lançamentos", explica Rafael, que é colecionador e possui mais de 3 mil discos. Nomes da música internacional como Daft Punk, David Bowie e Arctic Monkeys lançaram materiais inéditos que receberam tiragens em vinil e fizeram bastante sucesso entre os fãs: Random Access Memories, The Next Day e AM, respectivamente.

No cenário regional, a banda Mundo Livre S/A celebrou 20 anos do álbum Samba Esquema Noise e relançou a bolacha em vinil. O grupo decidiu relançar o disco no formato de vinil em uma parceria entre a banda, a produtora Zero Neutro e o selo Assustado Discos. "Eu acho que o vinil compartilha muito da minha opinião de que um material fonográfico tem que ser valorizado por inteiro, até porque foi gasto dinheiro, tempo e dedicação. Daí quando o grupo se deu conta dessa tendência de um retorno de interesse pela midia física, decidimos relançar nosso disco em vinil", conta Fred Zero Quatro, vocalista e compositor da Mundo Livre. 

Vendas de vinil desde 1997 até 2013 em dólares

Não só gravadoras e músicos têm tido resultados positivos com a volta do vinil. Vendedores têm notado o aumento da procura tanto pelas bolachas quanto pelas vitrolas. Ainda de acordo com dados da empresa Conversion, a Trapemix, empresa especializada na venda de produtos retrô, registra um crescimento de 57% na comercialização de vitrolas. No Recife, os comerciantes dos sebos localizados na avenida Dantas Barreto, no centro da cidade, têm notado o aumento das vendas dos LPs e das agulhas. Na barraca de Elvis do Nordeste, que trabalha com o comércio de vinis há mais de 30 anos, os LPs são constantemente procurados. "Acho isso ótimo como vendedor e como apreciador. Apesar de ser menos compacto, o vinil tem uma qualidade muito melhor", conta Elvis.

Nos sebos, os preços dos vinis variam de acordo com a raridade do produto e, de acordo com os comerciantes, os ícones da música brasileira e internacional são o que mais saem. Os reis do brega (Reginaldo Rossi), do rock (Elvis Presley) e do baião (Luiz Gonzaga) são os ícones que mais vendem. Os preços entre R$ 2 até R$ 150, com discos raros.

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O músico Edvande Fumanxú, de 23 anos, conta que faz compra de vinis mensalmente. "Sempre tive vontade de ter uma vitrola. Assim que ganhei, estabeleci uma meta de sempre comprar os LPs. Pra mim, ouvir música é um momento sagrado, além disso, o chiado do vinil faz com que pareça que você está presente na hora da gravação e isso é uma das coisas que mais me contagia", conta.

O retorno do vinil não é resultado de saudosistas que insistem em não utilizar novas tecnologias. Pelo contrário, os que consomem música neste formato afirmam que a qualidade do som e o contato com a mídia física são as principais causas. "Acho que as coisas acabam sendo meio cíclicas, do mesmo jeito que a mídia digital é prática, ela também é descartável, sem contar que com o LP você tem a possibilidade de ouvir um disco inteiro. Acredito que uma obra é pensada por inteira e não por faixas", explica Rafael Cortes.

No Recife é realizada anualmente a Feira do Vinil, que reúne colecionadores, admiradores e empresários do ramo da música. Durante o evento, é possível trocar, vender e  comprar LPs. Em 2013 foi realizada a 8ª edição do evento.

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Neste ano, o funcionalismo público deve oferecer um maior número de vagas para a carreira pública, comparado com os últimos cinco anos. Só na administração federal são esperadas 47 mil oportunidades, para substituir os cargos comissionados ou para o preenchimento de novas vagas.

Para muitos, a rotina de preparação em um concurso público, muitas vezes, começa antes mesmo do lançamento do edital. Afinal de contas, a concorrência é grande, e quem começa a estudar primeiro pode sair na frente na colocação de uma vaga.

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Como algumas matérias são comuns em muitos concursos, estudá-las antes da abertura o edital pode ser um fator positivo, já que a concorrência é grande.

O sonho de ser aprovado em um concurso público, para muitos, é poder conquistar a garantia de estabilidade no emprego, além de obter ótimos salários. Pra quem entrou na onda dos concurseiros, sabe muito bem que ninguém é aprovado da noite para o dia.

Para quem deseja encarar o desafio, precisa entender que esta é uma tarefa que exige muita determinação, foco, e organização na sua rotina de estudos. Carla Patrícia, Relações Públicas e produtora cultural, afirma que costuma comprar as apostilas pela internet e estuda em casa. “Antes de sair o edital, verifico os conteúdos que caíram nas edições anteriores, compro a apostila e separo o horário da manhã para estudar as matérias, afirmou”.

O comerciante Marcelo Dias, dono de duas lojas, diz que a procura por livros de português, matemática e raciocínio lógico são alguns dos mais requisitados pelos concurseiros. “Há 24 anos trabalho com livros, a procura é muito boa, principalmente na minha outra loja, que fica próxima à Rua do Príncipe”, relatou.

Em algumas lojas na Praça do Sebo , que fica na Rua da Rosa, os clientes podem realizar o pagamento usando cartão de crédito.

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