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Quem transita diariamente pela avenida Pedro Miranda, entre as travessas do Chaco e Curuzu, em Belém, já deve ter se perguntado sobre uma pequena livraria, localizada entre um bar e uma ótica, que chama atenção pelas pilhas de livros amontoados. É a livraria Belém-Pará Cultural, do professor aposentado Luís Fernando da Silva, de 74 anos.
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Os sebos se mantêm vivos na capital paraense. Há quatro anos, o professor Luís Fernando comercializa livros novos e usados, no bairro da Pedreira. É um senhor simples e espirituoso. Para ele, “os livros são como filhos”.
A paixão de Luís Fernando pela leitura começou na universidade e continua viva. Aos 12 anos, ele foi morar na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou em uma livraria por mais de um ano. Foi daí que nasceu o desejo de abrir seu próprio estabelecimento. “No Rio, eu trabalhei na livraria Freitas Bastos, que também era uma editora. Depois, fui seguindo minha trajetória. Já agora, depois que me aposentei, para não ficar na ociosidade eu criei essa livraria”, disse seu Fernando.
Das 8h30 até às 19h30 ele usufrui da companhia de poucos visitantes e compradores. “Eu passo o dia aqui trabalhando, arrumando. Não é fácil, é difícil. Tenho que pegar (os livros) e colocar cada um no lugar”, relata.
A quantidade chega a mais de cinco mil livros guardados no sebo. Para conseguir chegar a esse número, Fernando revela que comprou e ganhou boa parte do acervo. São livros de literatura, filosofia, história, matemática, ciências, psicologia, autoajuda, livros religiosos e muito mais.
Apesar dessa infinidade de textos, temas, assuntos, Fernando recomenda duas leituras, segundo ele excepcionais. Uma delas é o livro “O universo numa casca de noz”, do físico Stephen Hawking. “Ele guiará o leitor através do microcosmo quântico e do macrocosmo universal, discutindo as extraordinárias leis que regem o cosmos e as principais teorias hoje debatidas — o que também conta a saga de Hawking e dos físicos mais importantes de todos os tempos atrás do grande objetivo da ciência: a Teoria de Tudo. Para isso, serão apresentados conceitos caros à física teórica, como a supergravidade, a teoria quântica, a teoria-M, a holografia e a dualidade”, informa a sinopse.
A outra dica são os livros da escritora Helena Blavatsky. “É um conhecimento muito grande. Além de ser um livro difícil, você precisa ficar procurando no dicionário. Tem termos filosóficos, altamente secretos, que não são do conhecimento popular. Você precisa ter um certo conhecimento para poder compreender”, falou o livreiro.
O médico José Macedo Filho, 70 anos, que frequenta o espaço, já realizou várias compras. “Para quem gosta de ler, esse lugar é importante demais. Nesse tipo de livraria a gente encontra muita coisa boa, desde que procure”, comentou.
Nesses tempos em que muitas livrarias estão fechando por falência, ou amargando grave crise financeira, os pequenos sebos resistem. Segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL), a última pesquisa sobre o comportamento do varejo do mercado no Brasil registrou uma “retração”, no período de 2019, em comparação com 2018.
Para o livreiro Luís Fernando, a crise nas vendas de livros e incentivo à leitura está ligada à irresponsabilidade do governo. “A educação no país, aqui no Pará principalmente, está falida. Lamentavelmente os governantes falharam com a educação. Enquanto não se investir em educação vai continuar desse jeito”, desabafou.
Por Sandy Brito.