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A polícia sul-africana investigam a morte de 21 pessoas em uma boate na cidade de East London. Os cadáveres foram encontrados na manhã deste domingo (26). Segundo as autoridades, a maioria das vítimas é de jovens menores de 13 anos. Nenhum dos corpos apresentava sinais de ferimentos e o caso é tratado como um mistério.

Os jovens teriam participado de uma festa para comemorar o fim dos exames escolares de inverno. O jornal local Daily Dispatch informou que os corpos estavam espalhados pelas mesas e cadeiras sem quaisquer sinais visíveis de violência - a possibilidade de briga foi descartada pela polícia. A emissora de TV SABC informou que as mortes resultaram de uma possível debandada em massa do local, mas a causa exata ainda é desconhecida.

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Identificação

"Neste momento, não podemos confirmar a causa da morte", disse Siyanda Manana, porta-voz do departamento de saúde. "Vamos realizar autópsias o mais rápido possível para desvendar a causa. As vítimas foram levadas para necrotérios, onde serão identificadas por parentes."

O dono da boate, Siyakangela Ndevu, disse que foi chamado ao local no início da manhã de ontem. "Ainda não sei dizer o que aconteceu. Quando fui chamado, me disseram que o lugar estava muito cheio e algumas pessoas estavam tentando forçar a entrada. No entanto, vamos ouvir o que a polícia diz."

Possibilidades

Nas redes sociais, alguns usuários mencionaram a possibilidade de intoxicação por gás ou um envenenamento coletivo. "É assustador e incompreensível perder 20 jovens assim", disse Oscar Mabuyane, chefe do governo da Província de Cabo Oriental, local da tragédia.

Uma garota de 17 anos, que se identificou apenas como Lolly, que mora perto da boate, disse que o local era conhecido como ponto de encontro de adolescentes. "Todo mundo agora quer fechar o lugar, porque eles vendem álcool para filhos menores de idade. Todo mundo está com raiva e triste com o que aconteceu", disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A África do Sul é uma ótima opção para brasileiros que buscam aventura e uma rica diversidade cultural, além de um custo de vida bastante acessível. Mesmo diante do estigma dos países africanos, após a Copa do Mundo de 2010, a África passou por mudanças e isso influenciou de forma positiva na economia do país.

“A África do Sul é um destino onde você encontrará lindas praias e se você ama safari, lá tem os melhores. A moeda sul africana é inferior ao real, então compensa muito para brasileiros irem para lá por essa questão também”, explica Karen Akina, fundadora da agência Soul África.

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O país é um belo exemplo de que vida urbana e natureza podem andar lado a lado, além dos safaris e animais selvagens, a África do Sul conta com grandes metrópoles como Cidade do Cabo, Joanesburgo e Porto Elizabeth.

Vale ressaltar que, por se tratar de um país diverso, alguns brasileiros podem encontrar dificuldade de se comunicar. Ao todo, a África do Sul possui 11 dialetos oficiais. Segundo Akina, as línguas mais faladas são inglês, afrikaans, zulu e xhosa.

Visto de trabalho

Karen explica que brasileiros que desejam trabalhar no país vão precisar do visto CSWV (Critical Skills Work Visa).

É necessário destacar que para conseguir o visto, o brasileiro terá que se inscrever pessoalmente em uma embaixada ou consulado da África do Sul , não sendo necessário marcar uma consulta com antecedência.

“Você precisará preencher o formulário de inscrição em todas as suas partes com a maior precisão possível. Finalmente, você deve trazer com você uma série de documentos comprovativos que comprovem que você é elegível para este tipo de autorização de trabalho”, explica Karen Akina.

Como conseguir emprego 

“Para saber as vagas mais requisitadas, você tem que entrar no site do consulado semanalmente e consultar se alguma empresa está procurando algum cargo para critica skills, as áreas mais requisitadas costumam ser na área de engenharia, agronomia e T.I”, destaca.  

Sites como Linkedln e Bosch são meios de buscar por oportunidades de emprego e se candidatar às vagas.

Melhores cidades 

As maiores cidades são ótimas opções para quem busca uma grande variedade de emprego e de introdução a cultura local.

“As escolas de intercâmbio, a maioria está localizada na cidade de Cape Town, onde tem fácil acesso para ir para a praia, montanhas e a vida noturna é bem animada. Os trabalhos voluntários ficam localizada em torno de uma hora de Cape Town”, conta a Karen.

Adaptações e perspectivas

Segundo a fundadora da Soul África, um dos grandes problemas encontrados para os brasileiros é em relação a comida local.

“A comida sul africana é bem apimentada e a dificuldade em adaptação que [o brasileiro] terá em qualquer país; a questão do fuso horário é algo que também pode acontecer. Mas o clima da África do sul é bem parecido com o clima do Brasil a única diferença é em relação que lá venta bastante por conta das montanhas”, finaliza.

As inundações devastadoras que atingem a África do Sul há cinco dias deixaram quase 400 mortos e 41 mil atingidos, segundo um novo balanço divulgado nesta sexta-feira (15), enquanto a busca macabra pelos muitos desaparecidos continua.

A maioria das vítimas foi registrada na região de Durban, cidade portuária de Kwazulu-Natal (KZN) voltada para o Oceano Índico, onde se concentraram as intensas chuvas que começaram no último fim de semana.

"Um total de 40.723 pessoas foram afetadas. Infelizmente, o número de mortos continua aumentando e o último balanço é de 395 mortos", disse o escritório de gestão de desastres da província de Kwazulu-Natal em comunicado.

Helicópteros do exército e mais de 4.000 policiais foram mobilizados para os trabalhos de busca e resgate, já que pelo menos 55 pessoas continuam desaparecidas. Porém, cinco dias após a catástrofe, os socorristas têm pouca esperança de encontrar sobreviventes.

"A fase intensa do resgate terminou parcialmente. Atualmente, nosso trabalho consiste principalmente na recuperação de corpos", disse à AFP Travis Trower, membro das equipes de resgate.

O presidente Cyril Ramaphosa, que esteve em Mpumalanga (nordeste) para o feriado da Páscoa, lamentou uma catástrofe "nunca vista antes no país".

As previsões meteorológicas indicam tempestades e risco de inundações localizadas no fim de semana da Páscoa. Novas tempestades também devem afetar as províncias vizinhas de Free State (centro) e Eastern Cape (sudeste), onde "já foi registrada uma morte", segundo Ramaphosa.

- 'Devastação' -

As chuvas, que atingiram níveis jamais vistos em mais de 60 anos, derrubaram pontes e estradas, e isolaram grande parte desta região costeira do Oceano Índico. Mais de 250 escolas foram afetadas e milhares de casas foram destruídas.

Pela manhã, voluntários com luvas e sacos de lixo começaram a limpar as praias de Durban, que costumam estar cheias de famílias e turistas nesta época do ano.

"É minha praia, para onde levo meus filhos e passamos nossos fins de semana", explica Morne Mustard, um cientista da computação de 35 anos, que é um dos voluntários da popular praia de Umhlanga.

Ele sobreviveu ao dilúvio e conta que foi uma "devastação absoluta, um espetáculo horrendo", listando todo tipo de objetos e detritos carregados pelas águas em direção à praia.

Cerca de 4.000 casas foram destruídas e mais de 13.000 apresentam danos, deixando milhares de pessoas desabrigadas, segundo o Ministério de Habitação. As autoridades anunciaram a abertura de cerca de 20 abrigos de emergência, que recebem mais de 2.100 pessoas.

Em algumas áreas, a água e a eletricidade foram cortadas por vários dias. Pessoas desesperadas foram vistas tentando extrair água dos canos destruídos e as autoridades declararam estado de catástrofe.

No dia anterior, houve protestos esporádicos exigindo ajuda. Em comunicado, as autoridades de Durban pediram "paciência", explicando que os esforços de socorro foram desacelerados "devido à magnitude dos danos nas estradas".

As autoridades locais pedem doações de alimentos não perecíveis, água engarrafada e qualquer coisa que sirva para aquecer. Também houve saques e imagens de câmeras de vigilância compartilhadas nas mídias sociais mostraram pessoas assaltando as prateleiras dos supermercados.

A região da África Austral sofre regularmente tempestades violentas durante a temporada de ciclones, que vai de novembro a abril. Mas a África do Sul geralmente é poupada desses eventos climáticos extremos que se formam sobre o Oceano Índico.

Um passageiro clandestino foi encontrado no compartimento de rodas de um avião de carga na Holanda após um voo de 11 horas. A aeronave partiu da África do Sul, fez escala em Nairóbi, no Quênia, e pousou em Amsterdã.

"O homem foi encontrado vivo na seção do 'nariz' e foi levado ao hospital em condição estável [...] é bastante notável que o homem ainda esteja vivo", disse a porta-voz da Polícia Militar Real Holandesa, Joanna Helmonds, à France Presse.

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A polícia holandesa o capturou no aeroporto de Schiphol. A identidade, nacionalidade e idade do homem não foram repassadas.

O incêndio que destruiu grande parte da sede do Parlamento da África do Sul foi controlado nesta terça-feira (4), informaram os bombeiros, enquanto um suspeito que foi preso no domingo nas proximidades do edifício compareceu perante à Justiça.

Zandile Christmas Mafe, um homem de 49 anos, foi levado perante o tribunal correcional, que convocou uma audiência para 11 de janeiro. Até lá, o suspeito permanecerá sob custódia.

Ao chegar ao tribunal, o homem tirou a máscara e se virou para as câmeras da imprensa, observaram os jornalistas da AFP.

Seu advogado disse que o homem nega estar envolvido no incidente e se declara inocente. A Promotoria, por sua vez, disse que se opõe à liberdade condicional.

De acordo com a acusação, a que a AFP teve acesso, o suspeito é acusado de ter entrado à força no edifício, localizado no centro da Cidade do Cabo, "ateado fogo aos edifícios do Parlamento" e "roubado computadores, laptops, pratos e documentos".

A sala, forrada de madeira e com poltronas de couro, onde sentavam-se os deputados e onde o presidente faz seu discurso à nação todos os anos, ficou completamente destruída.

A área danificada é a parte mais recente do complexo legislativo, que é composto por três edifícios de diferentes épocas.

Os bombeiros tiveram que recuar no domingo diante da intensidade do incêndio, mas à noite conseguiram controlar as chamas.

Na tarde de segunda-feira, o fogo foi reavivado e à noite os bombeiros tiveram que enfrentar fortes ventos na cidade portuária, até que conseguiram "controlá-lo pouco antes da meia-noite", segundo informou à AFP o porta-voz do corpo de bombeiros da cidade, Jermaine Carelse.

Na manhã desta terça-feira, "pouco antes das 05h00" (00h00 de Brasília), o fogo voltou a ganhar corpo, mas "os bombeiros conseguiram apagá-lo", explicou o porta-voz.

Horas depois, quatro caminhões ainda estavam posicionados no local, enquanto uma dezena de bombeiros acompanhava a evolução da situação.

O incêndio começou na madrugada de domingo na ala mais antiga do impressionante edifício, cujo telhado foi completamente destruído.

Segundo os investigadores, o incêndio começou com dois focos distintos e o sistema automático de extinção de incêndios não funcionou corretamente, pois a água havia sido cortada.

Nas imagens captadas por câmeras de vigilância, o suspeito é visto dentro do prédio por volta das 02h00. "Mas os seguranças só perceberam a sua presença às 6h00, mais ou menos, quando olharam para as telas, alertados pela fumaça", disse à AFP a ministra de Obras Públicas, Patricia De Lille.

"As câmeras funcionavam. O problema é que ninguém estava prestando atenção a elas durante esta noite fatídica", explicou à imprensa. "Isso também está sendo investigado. Como não não perceberam que havia alguém no prédio? Há realmente uma falha de segurança", ressaltou.

O Parlamento sul-africano está sediado na Cidade do Cabo desde 1910, enquanto o governo está localizado em Pretória.

Desmond Tutu, que morreu no domingo passado aos 90 anos e cujo funeral é realizado neste sábado (1°), foi considerado a consciência moral da África do Sul, um pessoa que ajudou a derrubar o apartheid e depois empregou sua energia a serviço da reconciliação do país e dos direitos humanos.

Até o fim da vida, o arcebispo anglicano emérito, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1984, impôs sua sinceridade para denunciar injustiças e os excessos do poder, independente do alvo da crítica.

Tutu nunca deixou de criticar o governo sul-africano, incluindo o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o principal movimento que lutou contra o regime racista do apartheid e que administra o país desde 1994.

Os grandes temas da política internacional também não escaparam de suas críticas. Ele atacou a própria Igreja para defender os direitos dos homossexuais, defendeu um Estado palestino e afirmou em setembro de 2012 que o ex-presidente americano George W. Bush e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair deveriam ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional de Haia pela guerra do Iraque.

Mas foi em seu próprio país que seus comentários provocaram maior impacto. No fim de 2011, quando Pretória não concedeu a tempo um visto para o Dalai Lama, a quem havia convidado para seu aniversário de 80 anos, ele acusou o governo de ceder às pressões da China.

"Nosso governo é pior que o governo do apartheid", disse. "É escandaloso que aqueles que sofreram sob um regime de opressão façam agora este tipo de coisa", acrescentou.

Também protestou contra as más condições das escolas sul-africanas, que continuam muito ruins para a maioria dos alunos negros depois de anos de governos do ANC.

"Se Nelson Mandela visse isto, ele choraria", afirmou.

O arcebispo emérito da Cidade do Cabo era conhecido pela sinceridade, humildade, energia contagiante e, sobretudo, pelo humor.

Ao ser questionado sobre seu papel como consciência moral da nação, ele sorriu e disse: "Você me vê na frente de um espelho dizendo: garoto, você é um ícone, sabia disso? Penso que nenhum homem ao qual concedem esta honra considera que isto é realmente o que as pessoas veem nele. Simplesmente você segue o seu caminho e faz o que pensa que é justo".

Com o mesmo humor, ele agradeceu a família, que o ajudou a manter os pés no chão.

"Recentemente minha mulher colocou um cartaz no quarto que dizia: você tem o direito de ter opiniões erradas. Está vendo... estão aqui para desinflar a grande opinião que tenho de mim", afirmou com uma gargalhada.

- "Nação Arco-Íris" -

Desmond Tutu ganhou fama durante o apartheid, ao organizar passeatas pacíficas para denunciar a segregação e lutou pela adoção de sanções econômicas internacionais contra o regime branco de Pretória.

Com a chegada da democracia em 1994, ele criou o termo "Nação Arco-Íris" para descrever a África do Sul e presidiu durante 30 meses a Comissão da Verdade e Reconciliação, criada para ajudar o país a superar os traumas das atrocidades do apartheid.

"O ressentimento e a revolta são ruins para a pressão arterial e a digestão", declarou na época.

Desmond Tutu atacava as incoerências da África dos Sul atual, com críticas públicas ao ex-presidente Thabo Mbeki por sua gestão na luta contra a aids ou aos problemas judiciais do também ex-presidente Jacob Zuma.

Ele também chamou a atenção dos compatriotas para a violência na sociedade e lamentava a "perda do senso de certo ou errado". Tutu defendeu os imigrantes durante os episódios de violência xenófoba de 2008 na África do Sul.

Nascido em 7 de outubro de 1931 em Klerksdorp, a duas horas de Johannesburgo, Desmond Tutu sofreu poliomielite na infância. Marcado pela experiência, ele queria fazer faculdade de Medicina, mas sua família não teve condições de pagar pelos estudos.

Ordenado sacerdote da Igreja Anglicana aos 30 anos, ele estudou e ensinou no Reino Unido e no Lesoto antes de se estabelecer em Joanesburgo em 1975.

Ordenado sacerdote da Igreja anglicana aos 30 anos, Tutu estudou e foi professor no Reino Unido e em Lesoto antes de se estabelecer em Johannesburgo em 1975.

Cada vez mais conhecido na luta contra o apartheid, seu trabalho foi premiado com o Nobel da Paz em 1984.

Nomeado arcebispo em 1986, Desmond Tutu foi a primeira pessoa negra a comandar a Igreja anglicana sul-africana.

Um câncer de próstata, diagnosticado em 1997, quase acabou com sua carreira, mas este homem de grande vitalidade continuou a ser uma das grandes figuras da sociedade civil sul-africana, apesar da aposentadoria oficial da vida pública.

Lutador incansável pelos direitos humanos e a democracia, Desmond Tutu vivia desde 2010 praticamente afastado dos eventos públicos. Uma de suas últimas aparições aconteceu em maio de 2021, quando foi vacinado contra a covid-19.

A missa de requiem para Desmond Tutu na catedral anglicana da Cidade do Cabo, onde pregou incansavelmente contra o regime racista do apartheid, permitiu que seus familiares e todos os sul-africanos se despedissem neste sábado (1º) de seu amado arcebispo pela última vez.

Sob um céu cinzento e uma garoa fina, familiares, amigos, mas também a viúva do último presidente branco do país, FW de Klerk, e muitos religiosos, chegaram ao templo esta manhã para o funeral do religioso, falecido aos 90 anos.

"Papai diria que o amor que todos demonstraram (esta semana) é reconfortante", disse sua filha Mpho aos participantes. "Agradecemos por vocês tê-lo amado tanto".

O presidente Cyril Ramaphosa deve fazer o elogio fúnebre após a comunhão e entregar à viúva de Tutu, "Mama Leah", como os sul-africanos a chamam afetuosamente, uma bandeira nacional.

De fato, o arcebispo, que morreu em 26 de dezembro e carinhosamente apelidado de 'The Arch', queria uma cerimônia simples e havia descrito em detalhes a missa que desejava.

O caixão em que permaneceu na Catedral de São Jorge nos dois dias anteriores, para que milhares de pessoas pudessem vir homenagear sua memória, foi feito de pinho claro. Ele havia pedido "o mais barato possível", em um país onde os funerais costumam ser uma demonstração de opulência.

Sem alças de ouro, tem simples pedaços de corda para carregá-lo, lembrando o cinto dos frades franciscanos, com um buquê de cravos brancos em cima.

O arcebispo Tutu não queria nenhuma outra flor na igreja.

Um amigo próximo, o ex-bispo Michael Nuttall, foi escolhido pelo falecido para fazer o sermão. Quando Tutu era arcebispo, Nuttall era seu "número dois".

O relacionamento deles, "sem dúvida tocou uma veia sensível no coração e na mente de muitos: um dinâmico líder negro e seu adjunto branco nos últimos anos de apartheid não era pouca coisa", lembrou no altar. "Fomos um exemplo do que poderia ser nosso país dividido."

- Conexão -

Ele também lembrou que Nelson Mandela descreveu Tutu como "a voz dos que não têm voz", uma voz "às vezes estridente, muitas vezes terna, nunca assustada e raramente desprovida de humor".

Estiveram presentes amigos íntimos, como a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e a viúva de Nelson Mandela, Graça Machel - ambas falaram na missa -, Letsie III, o rei do vizinho Lesoto, além de um representante do Dalai Lama, que não pôde comparecer devido à sua idade avançada e às restrições da covid.

"A amizade deles era única", disse Ngodup Dorjee à AFP. "Sempre que se encontravam, riam. A única explicação é uma conexão cármica no passado", acrescentou.

A semana foi marcada por homenagens ao arcebispo Tutu em todo o país e no exterior. Os sul-africanos recordaram sua tenacidade diante do regime opressor de Pretória.

Aos poucos, ele se tornou a voz de Nelson Mandela, preso em Robben Island. A polícia e o exército o ameaçaram. Apenas sua batina o salvou da prisão.

"Eles o queriam morto, mas por algum motivo que não podemos explicar, nunca aconteceu. Ele entrava na igreja, rezava a missa e ia embora", disse à AFP Mathabo Dlwathi, de 47 anos.

Durante as manifestações, "era um escudo para nós", lembra Panyaza Lesufi, hoje um alto funcionário do ANC, partido histórico que permanece no poder.

A viúva de Mandela, Graça Machel, falou da "coragem indescritível" necessária para enfrentar o regime.

Para o seu funeral, o pastor Tutu escolheu, para sua última mensagem, a passagem do Evangelho segundo João em que Jesus se dirige aos seus discípulos depois da última ceia. Uma mensagem de amor.

"Meu mandamento é este: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."

A África do Sul, país onde a nova variante de Covid-19 foi detectada em novembro, anunciou ter superado o pico da onda causada pela ômicron sem notar um aumento significativo nas mortes, enquanto muitos países vivenciam recordes de infecções.

"Segundo os nossos especialistas, a ômicron atingiu o seu pico sem se traduzir numa mudança significativa ou alarmante no número de hospitalizações", comentou nesta sexta-feira (31) o ministro na Presidência, Mondli Gungubele, garantindo que o governo se manteria vigilante.

O toque de recolher noturno, em vigor há quase dois anos, 21 meses para ser mais preciso, foi reduzido para de meia-noite às 4 da manhã. E, na véspera das comemorações do Ano Novo, finalmente foi levantado.

"Nossa esperança é que esse levantamento continue", disse o ministro durante uma coletiva de imprensa virtual. "Procuramos encontrar um equilíbrio entre a vida das pessoas, seu sustento e o objetivo de salvar vidas", disse, lembrando que a economia sul-africana continua fortemente afetada pela pandemia.

Ao manter a máscara, o distanciamento e acelerar a vacinação - aquém das metas, com apenas 15,6 milhões de pessoas totalmente vacinadas para uma população de 59 milhões - o ministro espera que "o toque de recolher não volte nunca mais".

Na quinta-feira, a presidência informou que "todos os indicadores sugerem que o país certamente ultrapassou o pico da quarta onda" da pandemia causada especialmente pela nova variante, muito mais contagiosa.

"Foi constatado um aumento marginal no número de mortes em todas as províncias", acrescentou a presidência.

Na última semana, as novas infecções caíram quase 30% em relação à semana anterior, passando de 127.753 para 89.781. Também houve queda de internações hospitalares em oito das nove províncias.

"Embora a variante ômicron seja altamente transmissível, as taxas de hospitalização têm sido menores do que nas ondas anteriores", disse a presidência.

Já detectada em uma centena de países, a ômicron tem uma velocidade de transmissão maior que a delta, mas, ao mesmo tempo, parece causar menos risco de hospitalização, de acordo com os primeiros estudos na África do Sul e no Reino Unido.

Mesmo assim, cientistas alertam que sua alta infectividade pode neutralizar essa aparente baixa virulência, causando também uma onda significativa de internações e mortes.

"A velocidade com que a quarta onda ligada à ômicron cresceu, atingiu o pico e caiu é desconcertante. Um pico em quatro semanas e uma queda vertiginosa em duas", tuitou Fareed Abdullah, do Conselho Sul-Africano de Pesquisa Médica.

Enquanto muitos países multiplicam suas restrições a esta variante, o governo sul-africano decidiu suspender o toque de recolher vigente entre meia-noite e 04h00 da manhã, uma exigência do setor de lazer antes da virada de ano.

Mesmo assim, a presidência alerta que "o risco de aumento de infecções continua alto, dada a forte transmissibilidade da variante ômicron".

A África do Sul é oficialmente o país mais atingido no continente africano, com mais de 3,4 milhões de casos e 91.000 mortes. Menos de 13.000 casos foram registrados nas últimas 24 horas, metade do pico de 26.000 alcançado nesta última onda.

Duas doses da vacina produzida pela Janssen, o braço farmacêutico da Johnson & Johnson (J&J), reduziram em 85% o risco de internação por complicações relacionadas à variante Ômicron do coronavírus, conforme mostraram resultados preliminares de estudo conduzido pelo Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul.

A diminuição na necessidade de hospitalização aconteceu entre pacientes que tomaram a injeção de reforço de um a dois meses após a primeira. Nos casos em que o intervalo entre as doses foi de até duas semanas, a redução do risco caiu para 63%. Quando a diferença foi entre 14 e 27 dias, a queda foi de 84%, de acordo com os testes.

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Os pesquisadores analisaram a eficácia do imunizante em 69.092 profissionais de saúde que foram vacinados entre 15 de novembro e 20 de dezembro de 2021, quando a Ômicron se tornou a variante dominante na África do Sul.

Moradores de Soweto, onde Desmond Tutu morou durante o apartheid, prestaram homenagens ao arcebispo nesta quarta-feira (29), em frente à antiga casa do incansável crítico do regime racista, que morreu no domingo aos 90 anos.

“Ele costumava me dizer: 'Vá para a escola. Lute pelos seus direitos sabendo exatamente pelo que está lutando'”, disse à AFP Linda Malinda, hoje com 63 anos. Ela continua ocupando a casa onde vivia então com seus pais, a poucos passos da residência deste expoente da luta contra o apartheid.

Naquela época, o mais famoso arcebispo anglicano do mundo foi o primeiro negro a servir como reitor da Diocese de Joanesburgo. Há 20 anos, ele largou o jaleco de professor para protestar contra a precariedade educacional das crianças negras e contra a aplicação do princípio da separação racial nas escolas.

"Eles aprenderam inglês o suficiente para entender as ordens que seriam dadas a eles", disse ele em uma entrevista em 1995.

Neste dia de verão do sul, várias dezenas de pessoas se reuniram para uma cerimônia religiosa em frente à sua antiga casa. Uma placa em uma das pontas da fachada lembra que o "herói dos direitos humanos" morava ali.

Um pequeno pódio foi instalado nesta rua inclinada, onde os dois ícones da luta pela liberdade - Desmond Tutu e Nelson Mandela - viviam a algumas dezenas de metros um do outro. Uma placa indica a direção da "Calçada dos Prêmios Nobel".

Santidade

Vários grupos de turistas, ao passarem, pararam e aproveitaram para deixar um recado no registo de condolências, sobre uma mesa: “Obrigado pelo que fizestes pela humanidade”, “Obrigado por ter sido a voz dos sem voz", "Descanse em paz"...

Poucos minutos antes do início da cerimônia, os últimos representantes da Igreja chegaram, apressados. O coral do Orlando Pirates, time de futebol local, cantou uma primeira música.

Após a sua estada em Soweto, Desmond Tutu mudou-se para a Cidade do Cabo, onde realizou marchas pacíficas contra o regime. Mas foi neste município que ele se destacou na luta.

De seu púlpito, denunciou a violência praticada pela polícia contra as crianças durante os protestos de Soweto de junho de 1976, que foram severamente reprimidos. Aos poucos, ele se tornou a voz de Nelson Mandela, preso na Ilha Robben. A polícia e o exército o ameaçaram.

“Levantávamos de manhã e se víssemos os caminhões militares, sabíamos que ele iria celebrar a missa”, disse Mathabo Dlwathi, de 47 anos.

“Há alguma santidade nele”, resumiu um de seus sucessores na paróquia de Joanesburgo, o Rev. Xolani Dlwathi. Até o funeral, no próximo sábado, várias outras cerimônias estão planejadas.

"The Arch", arcebispo em inglês, como foi apelidado, será sepultado na Catedral de São Jorge na Cidade do Cabo. Seus restos mortais ficarão em uma capela ardente na quinta e na sexta-feira para que o público possa visitá-lo.

O arcebispo anglicano Desmond Tutu, um símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, morreu neste domingo (26) aos 90 anos, anunciou o presidente Cyril Ramaphosa.

"O falecimento do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro capítulo de luto na despedida de nossa nação a uma geração de destacados sul-africanos, que nos legou uma África do Sul libertada", afirmou o presidente do país em um comunicado.

Ramaphosa expressou "em nome de todos os sul-africanos" sua "profunda tristeza com a morte" de uma figura essencial da história sul-africana.

"Desmond Tutu era um patriota sem igual; um líder de princípios e pragmatismo que deu sentido ao ensinamento bíblico de que a fé sem obras está morta", completou.

"Um homem de intelecto extraordinário, integridade e invencibilidade contra as forças do apartheid, ele também era terno e vulnerável em sua compaixão por aqueles que sofreram opressão, a injustiça e a violência sob o apartheid, e pelas pessoas oprimidas ao redor do mundo", recordou Ramaphosa.

Após a chegada da democracia em 1994 e da eleição de seu amigo Nelson Mandela como presidente, Desmond Tutu, que criou o termo "Nação Arco-Íris" para a África do Sul, presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação (CVR), criada com a esperança de virar a página do ódio racial.

O "Arch", diminutivo de arcebispo em inglês, tinha problemas de saúde há vários meses e não falava mais em público, mas nunca esquecia de acenar para as câmeras durante suas aparições.

Com seu sorriso famoso ou com um olhar curioso por trás da máscara, ele ainda chamava a atenção do público, como quando foi vacinado contra a covid-19 ou durante uma cerimônia religiosa para celebrar os seus 90 anos.

- Perda "incomensurável" -

A Fundação Mandela afirmou que a morte de Tutu é uma "perda incomensurável".

"Para tantas pessoas na África do Sul e no mundo inteiro, sua vida foi uma bênção", afirmou a fundação, que o chamou de pensador, líder e pastor.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, expressou "profunda tristeza" pels morte do arcebispo sul-africano.

"Foi uma figura chave na luta contra o apartheid e na luta para criar uma nova África do Sul. E será lembrado por sua liderança espiritual e bom humor irreprimível", escreveu Johnson no Twitter.

Desmond Tutu ganhou fama nos momentos mais complicados do apartheid quando, como líder religioso, comandou passeatas pacíficas contra a segregação e para pedir sanções contra o regime de supremacia branca.

Ao contrário de outros ativistas da época, sua posição o salvou de ser preso e sua luta pacífica foi reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz em 1984.

Fiel a seus compromissos, Desmond Tutu foi um duro crítico dos sucessivos governos do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês), movimento e partido que lutou contra o apartheid antes de chegar ao poder. Também criticou o ex-presidente Thabo Mbeki, assim como a corrupção e as falhas na luta contra a aids.

Em todas as áreas criticou o 'status quo' em temas como raça, direitos dos homossexuais e, inclusive, expressou apoio ao movimento a favor da morte assistida.

E encarou a morte de frente.

"Eu me preparei para minha morte e deixei claro que não desejo ser mantido vivo a qualquer custo", afirmou em um artigo publicado no jornal The Washington Post em 2016.

"Espero ser tratado com compaixão e ter permissão para passar à próxima fase da jornada da vida da maneira que escolhi", completou.

A África do Sul homenageou neste domingo (12) Frederik de Klerk, seu último presidente branco que morreu no mês passado aos 85 anos e que foi quem libertou Nelson Mandela e encaminhou o país a deixar o apartheid e se tornar uma democracia.

Devido ao fato de o funeral do ex-líder ter sido uma cerimônia privada poucos dias depois de sua morte em 11 de novembro, a homenagem deste domingo foi presidida por um retrato e várias flores brancas.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi cumprimentado em sua chegada pela viúva Elita Georgiadis, pouco antes do início do hino nacional interpretado pela orquestra filarmônica da Cidade do Cabo.

"Era geralmente mal interpretado devido ao seu excesso de correção", disse a viúva para as cerca de 200 pessoas reunidas na igreja protestante Groote Kerk, uma das mais antigas do país.

"Nunca esquecerei deste homem que me hipnotizou, que me fez querer ajudá-lo a conseguir esta enorme tarefa que teve pela frente", acrescentou.

Em fevereiro de 1990 em um inesperado discurso ao Parlamento, De Klerk anunciou a libertação do inimigo número um do regime do apartheid Nelson Mandela, a legalização de seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC) e de outros partidos que lutaram contra a segregação.

Apesar de este político ter feito parte do Partido Nacional, que lançou o apartheid em 1948, sua visão pragmática o convenceu da necessidade de uma mudança. Nas primeiras eleições democráticas em 1994, Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul.

Apesar de uma reputação positiva no exterior, De Klerk gera divisão na África do Sul e muitos consideram que sua figura continua sendo inseparável dos crimes do apartheid e que se tivesse vivido por mais tempo poderia ter enfrentado suas responsabilidades.

Diante do aumento de casos de Covid-19 devido à variante ômicron, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa convocou a população a se vacinar o mais rápido possível.

A África do Sul, oficialmente o país mais afetado do continente, superou os três milhões de casos na semana passada, com uma taxa de 25% casos positivos, em comparação com 2% há quinze dias.

A variante ômicron foi detectada pela primeira vez na África do Sul no final de novembro.

"Enfrentamos uma taxa de contágio sem precedentes desde o início da pandemia", afirmou o presidente Ramaphosa em sua carta de informações semanal.

"Convoco todos os sul-africanos a irem se vacinar sem demora", acrescentou, destacando que esta nova forma do vírus é a principal responsável pela nova onda.

Desde que a nova variante foi detectada, o governo se questiona sobre a necessidade de tornar a vacinação obrigatória. Algumas empresas privadas já impuseram a vacina para seus funcionários.

Cerca de 14,8 milhões de sul-africanos estão totalmente vacinados - quase 25% da população - enquanto as autoridades estabeleceram a meta de vacinar 70% da população até o fim do ano.

Neste fim de semana vários centros de vacinação foram abertos no país: em shoppings, pontos de ônibus, igrejas, aeroportos, centros esportivos etc.

Em meio ao pânico mundial provocado pelo surgimento da variante ômicron, a África do Sul cogita decretar a obrigatoriedade da vacina anticovid, apesar de muitas resistências, que dividem o mercado de trabalho e provocam um debate entre especialistas em Direito.

Na semana passada, uma equipe de cientistas sul-africanos anunciou a detecção de uma nova variante de Covid-19.

Várias dúvidas persistem sobre a origem desta mutação do coronavírus, mas a reação foi imediata: muitos países fecharam suas fronteiras.

No domingo, o presidente Cyril Ramaphosa anunciou que uma equipe de especialistas trabalharia na "possibilidade de tornar obrigatória a vacinação para certas atividades e em locais específicos".

Há menos de um ano, ele afirmou que "ninguém seria obrigado" a tomar a vacina contra Covid-19.

Após a declaração do presidente, advogados e acadêmicos começaram a apresentar seus argumentos na imprensa, incluindo conceitos como a integridade física e liberdade de opinião com a preponderância do interesse comum, de acordo com a Constituição.

Esta democracia jovem, desigual na realidade, tem uma das legislações mais progressistas do mundo: a Constituição, implementada após a queda do apartheid, foi concebida visando a criação de uma sociedade mais justa.

O presidente recebeu um apoio inesperado, o da poderosa COSATU, maior central sindical do país, com dois milhões de afiliados e que é ligada ao partido governante Conselho Nacional Africano (ANC).

"Nossa posição mudou", afirmou na segunda-feira o sindicato, ao explicar que agora é favorável à vacinação obrigatória.

Antes da mudança, os sindicatos haviam, de maneira unânime, afirmado que não aceitariam a medida, impopular entre muitos de seus afiliados. Alguns chegaram a ameaçar levar o caso, se necessário, ao Tribunal Constitucional, principal instância jurídica do país.

Alegando o respeito às liberdades, cidadãos e partidos políticos já haviam entrado com ações judiciais no início da pandemia para anular as medidas de confinamento, a proibição do consumo de bebidas alcoólicas e de cigarros, assim como a suspensão das reuniões religiosas.

Menos de 25% dos 59 milhões de sul-africanos estão vacinados com as duas doses contra a covid, uma taxa maior que de outras partes da África, mas muito abaixo da média global. O país registrou três milhões de casos quase 90.000 mortes.

A Holanda anunciou neste sábado (27) que está analisando se 61 pessoas procedentes da África do Sul que deram positivo à Covid-19 estão afetadas pela nova variante omicron, que está provocando o isolamento mundial do sul da África, cujos líderes lamentaram estarem sendo "castigados".

Além disso, na Alemanha as autoridades informaram que já existe um possível primeiro caso dessa variante nova e muito contagiosa, em uma pessoa que retornava da África do Sul. Seria o segundo país europeu a confirmar a presença da omicron em seu território, depois da Bélgica.

Na sexta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou que o risco de que a nova variante da covid-19 se espalhe pela Europa é "de alto a muito alto".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que essa variante é "preocupante" assim como a atualmente dominante delta e as detectadas anteriormente, alfa, beta e gama.

Segundo as autoridades de saúde holandesas, os 61 passageiros que deram positivo viajaram em dois aviões procedentes da África do Sul, nos quais havia outros 531 passageiros que deram negativo. Por enquanto, estão em quarentena em um hotel nos arredores do aeroporto de Amsterdã.

"Os resultados positivos serão examinados rapidamente para ver se estão relacionados com a nova e preocupante variante", explicaram.

Na Alemanha, o ministro para Assuntos Sociais da região de Hesse (oeste), Kai Klose, disse que é "muito possível que a variante omicron tenha chegado" ao país, já que os testes realizados na sexta-feira com este viajante revelaram "várias mutações típicas da omicron".

"Essa pessoa foi isolada em seu domicílio devido a esses grandes indícios. O sequenciamento ainda não foi concluído", acrescentou.

- "Castigados" -

Também na República Tcheca, o primeiro-ministro Andrej Babis disse que estão estudando o caso suspeito de uma mulher que deu positivo ao chegar ao país após ter passado por Namíbia e viajado para a República Tcheca via África do Sul e Dubai.

A nova mutação fue notificada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro. Desde sexta-feira, cada vez mais países suspendem as viagens com a África do Sul, Zimbábue, Namíbia, Lesoto, Essuatini (ou Suazilândia), Moçambique e, em alguns casos, Malawi.

Neste sábado, o governo sul-africano se disse "castigado" por ter detectado a nova variante e lamentou que sua excelência científica por tê-la descoberto acabe penalizando o país.

"Essas proibições de viagem castigam a África do Sul pela sua capacidade avançada no sequenciamento de genomas e em detectar mais rapidamente as novas variantes. A excelência científica deveria ser aplaudida e não castigada", disse o governo em um comunicado.

"Vemos também que há novas variantes detectadas em outros países. Nenhum desses casos tem relação recente com o sul da África. E a reação com esses países é radicalmente diferente da gerada pelos casos no sul da África", lamentou o ministério das Relações Exteriores neste comunicado.

Na sexta-feira, a OMS disse que poderia levar várias semanas para determinar se a nova variante provoca mudanças na transmissibilidade ou gravidade da covid-19, assim como na eficácia das vacinas, e alertou contra a imposição de restrições de viagens enquanto a evidência científica é escassa.

- Novas vacinas ou mais vacinas? -

Os laboratórios Pfizer/BioNTech informaram que estão estudando urgentemente a eficácia de sua vacina contra essa nova variante e que teriam dados "em duas semanas no mais tardar".

Neste sábado, o cientista britânico que liderou as pesquisas sobre a vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, Andrew Pollard, afirmou que é possível criar uma nova contra a variante omicron "muito rápido".

O professor considerou que é "altamente improvável" que esta nova variante se propague com força entre a população já vacinada.

O coronavírus deixa mais de 5,18 milhões de mortos em todo o mundo desde sua aparição na China no final de 2019, embora a OMS estime que os números reais possam ser muito maiores.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a nova variante deve incentivar o resto do mundo a doar mais vacinas às nações mais pobres, destacando que seu país "já doou mais vacinas para outros países que todos os demais países juntos" e "é hora" de se igualar à sua "generosidade".

Cerca de 54% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina anticovid, mas nos países de baixa renda essa proporção é de apenas 5,6%, segundo o portal Our World in Data.

A Organização Mundial da Saúde decidiu incluir a cepa B.1.1.259 do coronavírus como uma "variante preocupante", após análise do Grupo Técnico Consultivo sobre a Evolução do Vírus SARS-CoV-2 realizada nesta sexta-feira, 26. A variante, detectada pela primeira vez na África e já presente em ao menos três continentes, foi nomeada "Omicron" pela OMS.

De acordo com o grupo consultivo, a cepa Omicron foi reportada pela África do Sul à OMS no última dia 24, e sua primeiro infecção conhecida data de uma amostra coletada em 9 de novembro. Em comunicado, o órgão multilateral destaca que a variante possui um grande número de mutações, "algumas das quais preocupantes", e apresentou alta risco de reinfecção em comparação com outras variantes classificadas como preocupantes, segundo evidências preliminares.

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De acordo com a OMS, o surgimento da Omicron coincide com um momento de alta abrupta nos casos de covid-19 na África do Sul, e testes PCR realizados no país indicam uma maior capacidade de disseminação da cepa. Por isso, a entidade recomenda que os países aprimorem a vigilância sobre novos casos, emitem novas informações sobre a variante a uma base de dados pública e promovam estudos sobre a cepa, em nações onde há capacidade de investigação clínica.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou, nesta sexta-feira (26), a adoção de medidas restritivas de caráter temporário em relação aos voos e viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, em decorrência a nova variante identificada como B.1.1.529.

Em nota publicada, a agência retoma a avaliação feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que analisa nova variante com maior taxa de transmissibilidade e provavelmente relacionada ao aumento contínuo de infecções pela covid-19 nos referidos países, cuja cobertura vacinal ainda encontra-se baixa.

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Nesse sentido, a Anvisa recomenda a suspensão imediata dos voos procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue e suspensão, em caráter temporário, da autorização de desembarque no Brasil de viajantes estrangeiros com passagem pelos países nos últimos 14 dias.

Ainda, a agência faz a recomendação de quarentena, logo após o desembarque no Brasil, para viajantes brasileiros e seus acompanhantes legais, com origem ou histórico de passagem pelas seis nações nos últimos 14 dias que antecedem a entrada no País.

A Anvisa pontua que os critérios para implantação e monitoramento da quarentena de viajantes em território brasileiro não estão sob o escopo de competência da agência, "devendo a operacionalização para cumprimento efetivo da medida ser, previamente, disciplinada pelo Ministério da Saúde em colaboração com as autoridades de saúde estaduais e municipais". "Até que as medidas restritivas sugeridas nesta Nota Técnica sejam implementadas, a Agência recomenda que seja reforçado o monitoramento, por parte das autoridades de saúde, de viajantes procedentes dos países citados, com desembarque no Brasil."

Na declaração, o órgão regulador também destaca a recomendação de se evitar viagens não essenciais, em especial à África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

O laboratório alemão BioNTech, parceiro da Pfizer na produção de vacinas contra o coronavírus, informou, nesta sexta-feira (26) que espera ter, em até duas semanas, os primeiros resultados dos estudos que vão determinar se a nova variante da Covid-19 identificada na África do Sul é capaz de escapar da proteção oferecida pelo imunizante.

Com alto número de mutações, essa cepa tem colocado autoridades, mercado e cientistas em alerta. Entre quinta-feira (25) e sexta-feira (26) houve queda das bolsas e países como Reino Unido e Israel impuseram novas restrições a viajantes vindos da África do Sul.

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Segundo a BioNTech, essa cepa, chamada de B.1.1.529, "difere claramente das variantes já conhecidas porque tem mutações adicionais na proteína spike". Ainda não há, porém, confirmação científica de que a variante esteja ligada a escape vacinal nem que seja mais transmissível.

Se for considerada uma variante de preocupação pelo Organização Mundial da Saúde (OMS), ela deve ser chamada de Nu, a próxima letra grega - esse alfabeto é usado para nomear essas mutações.

A Pfizer e a BioNTech tem se preparado para adaptar seu imunizante em menos de seis semanas caso apareça uma variante resistente ao produto.

A entrega das primeiras doses ajustadas, conforme as empresas, poderia ser feito em cerca de cem dias.

A Pfizer é um dos quatro imunizantes usados na campanha nacional de vacinação do Brasil, junto de Coronavac, AstraZeneca e Janssen. Ainda não existem informações sobre o desempenho dessas outras marcas ante a nova cepa identificada.

Segundo a Rede para Vigilância Genômica da África do Sul, a variante já foi identificada em amostras coletadas de 12 a 20 de novembro em Gauteng, Botswana e em Hong Kong, de um viajante sul-africano. "Podemos fazer algumas previsões sobre o impacto das mutações nesta variante, mas ainda é incerto, e as vacinas continuam a ser a ferramenta crítica para nos proteger", disse a instituição.

Nesta sexta-feira, 26, o governo sul-africano fará uma sessão de urgência com a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a evolução do vírus. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

No momento em que países da Europa apertam restrições para conter o salto de casos do novo coronavírus, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira que "está vindo uma outra [onda] de Covid". A apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, no entanto, o chefe do Executivo descartou a possibilidade de fechar aeroportos do Brasil para tentar reduzir o contágio da doença.

"Tem que aprender a conviver com o vírus", repetiu o presidente.

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"Não vai vedar, rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto, o vírus não entra? Já está aqui dentro", declarou Bolsonaro a um simpatizante, ao ser questionado sobre a chance de restringir a entrada de estrangeiros no País.

O apoiador citou a quarta onda de Covid-19 na Europa, mas o presidente minimizou. "Você está vendo muita Globo".

A partir desta sexta-feira, o Reino Unido começa a impor barreiras aéreas contra a África do Sul e mais cinco países vizinhos depois de cientistas sul-africanos anunciarem a descoberta de uma nova cepa do coronavírus.

Regiões da Alemanha, além de França, Itália e Áustria, têm ampliado restrições sanitárias, e Portugal voltou a exigir máscaras em espaços fechados.

Na quinta-feira, Bolsonaro, depois de se contrapor sistematicamente a medidas sanitárias para conter a Covid-19, se disse contrário à realização do carnaval em 2022. Capitais brasileiras mantêm sob dúvidas a realização da festa em 2022. Dentre as grandes cidades, só o Rio de Janeiro confirmou o Carnaval no ano que vem.

Bolsonaro conversou com apoiadores antes de embarcar para Guaratinguetá, em São Paulo, onde participa no período da manhã de cerimônia de conclusão do curso de formação de sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica. À tarde, segue para o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, o presidente vai comparecer à cerimônia de formatura do 76º Aniversário da Brigada de Infantaria Paraquedista.

O governo da África do Sul publicou comunicado, no qual reforça a importância de que a população local se imunize contra a Covid-19. A administração diz que as vacinas continuam a ser o meio mais eficaz de combater o vírus e casos graves da doença, mas também defende o uso de máscaras em locais públicos, para evitar a disseminação do problema.

"Vamos acabar com o poder da nova variante nos vacinando para limitar o número de mutações, e salvar nosso verão porque as vacinas enfrentam as variantes", diz o texto.

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Em outro comunicado, o governo sul-africano comenta o fato de que o Reino Unido decretou na quinta-feira (25) um veto a voos do país, por causa da nova variante.

O texto nota que Londres tomou a decisão antes mesmo de a Organização Mundial de Saúde (OMS) analisar e se pronunciar sobre a gravidade da nova cepa e diz que estará em contato com o país para tentar reverter a decisão.

Outras nações anunciaram decisões na mesma linha.

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