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A Covid-19 continua a contabilizar vítimas e uma nova subvariante, conhecida como EG 5 ou Eris, já se espalhou nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. A cepa é uma evolução da Ômicron e carrega a característica de ser mais infecciosa.

Os sintomas gerais são os mesmos da Covid-19: tosse, febre, falta de ar, cansaço, dores no corpo, perda do olfato e do paladar, e dor de cabeça. No entanto, a EG 5 se aproxima muito mais de uma gripe ou resfriado comum, com coriza, espirro e tosse seca.

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Ela foi mais percebida nos Estados Unidos, sendo identificada em 17,3% dos casos de Covid confirmados entre a metade de julho e o início de agosto. Também foram relatados casos da cepa na Grã-Bretanha, Índia e Tailândia. Segundo a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, cerca de 12% das amostras avaliadas no fim de julho foram classificadas como EG 5.

Apesar da preocupação com sua transmissibilidade, a subvariante se mostra suscetível às vacinas contra o coronavírus. Por isso, ainda é importante obedecer as etapas de imunização, com os reforços em dia.

Com a quarta onda da Covid-19 na Europa e o avanço da variante Ômicron, governos têm cancelado festas de réveillon pelo Brasil. Salvador, Fortaleza, Florianópolis, João Pessoa e Belo Horizonte são exemplos de cidades que cancelaram eventos públicos de ano-novo. A descoberta da nova cepa do vírus impulsionou os planos de evitar aglomerações, que já ocorriam ao longo do mês - mais de 70 municípios paulistas já haviam desistido do carnaval, entre elas São Luiz do Paraitinga. Guarujá entrou na lista ontem.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou aos governos ontem alerta em que aponta risco global "muito alto" da Ômicron. Mas destacou haver poucas evidências concretas sobre se a nova cepa é mais transmissível ou escapa das vacinas. No Brasil, há dois casos suspeitos em investigação: um homem vindo da África do Sul, que chegou em Guarulhos, e uma mulher vinda do Congo, que buscou atendimento médico em Belo Horizonte.

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"Diante da chegada de uma nova variante do coronavírus e do aumento de casos na Europa, estou tomando a decisão de cancelar o Virada Salvador deste ano", escreveu o prefeito soteropolitano, Bruno Reis (DEM), nas redes sociais. O evento costuma reunir mais de 250 mil pessoas. Reis prevê adiar ao máximo a decisão sobre o carnaval - ele quer bater o martelo com o governador baiano, Rui Costa (PT). Pressionado por empresários do setor, Costa já sinalizou cautela. "Países estão fechando cidades quando aparecem cinco casos", disse, no dia 18.

Na sexta, o governo do Ceará informou o cancelamento da tradicional Festa da Virada, na Praia de Iracema, em Fortaleza. "Até chegamos a considerar a possibilidade de realizar nossa tradicional festa da virada, se a situação permitisse", disse o prefeito José Sarto (PDT). "O cenário internacional é preocupante."

Florianópolis vai ter queima de fogos, mas não shows musicais. Por outro lado, a capital catarinense prevê festividades natalinas, com público. O Estado suspendeu a exigência de máscaras em local aberto desde a semana passada.

João Pessoa cancelou a festa, mas o acesso às praias está liberado. Belo Horizonte disse não planejar festa pública de réveillon. Guarujá, que já havia cancelado a virada, decidiu ontem suspender o carnaval.

MAIS ESTADOS

A Prefeitura de São Paulo informou, em nota, que "o réveillon (na Avenida Paulista) já está sendo planejado e a realização do evento está condicionada ao quadro epidemiológico". Afirmou ainda que, na primeira semana de dezembro, serão apresentados dados para guiar a decisão sobre o uso de máscara ao ar livre. Na semana passada, o Estado disse prever o fim da exigência no dia 11, mas as prefeituras podem ser mais restritivas.

A decisão sobre o carnaval do paulistano também continua em aberto. Ontem, a Prefeitura informou ter aprovado 440 blocos de rua, mas a confirmação do evento só deve ocorrer no fim deste mês.

No Rio, o secretário estadual da Saúde, Alexandre Chieppe, afirmou que a nova variante "em nada altera o plano do Estado". Os planos de carnaval e réveillon, assim como o acesso de turistas, estão mantidos até que, porventura, seja identificado "algum fato novo ou informação de risco".

Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) diz que, com ou sem Ômicron, "todos que puderem suspender aglomerações" devem adotar a medida. "Não podemos baixar a guarda", defende. Levantamento da CNM, feito de 16 a 19 de novembro, aponta que, de 2.362 gestores ouvidos, 97,8% pretendiam continuar com a máscara obrigatória em locais privados e 88,6% disseram mantê-la em espaços públicos. (Colaboraram Bruno Luiz e Sofia Aguiar)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo após o presidente Jair Bolsonaro colocar-se de maneira contrária ao fechamento de fronteiras aéreas para conter a nova variante do coronavírus, o governo brasileiro decidiu seguir a orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e vai restringir voos de países africanos com surto da cepa Omicron. A medida foi anunciada há pouco pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em uma rede social.

A decisão abrange passageiros vindos de África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue e foi tomada pelo grupo interministerial formado pelas pastas da Saúde, Casa Civil, Justiça e Infraestrutura.

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"O Brasil fechará as fronteiras aéreas para seis países da África em virtude da nova variante do coronavírus. Vamos resguardar os brasileiros nessa nova fase da pandemia naquele país. Portaria será publicada amanhã e deverá vigorar a partir de segunda-feira", publicou o ministro no Twitter.

A cepa Omicron do coronavírus foi detectada pela primeira vez na África do Sul. Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a variante como "preocupação". O Ministério da Saúde do Brasil também emitiu alerta sobre a nova mutação.

O temor de especialistas é a possibilidade de uma cepa ainda mais transmissível e que possa escapar da proteção oferecida pelas vacinas existentes até o momento.

Pela manhã, a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro minimizou o impacto de um fechamento de fronteira aérea para conter a covid-19. "Não vai vedar, rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto o vírus não entra? Já está aqui dentro", declarou o presidente, ao ser questionado sobre a chance de restringir a entrada de estrangeiros no País.

O apoiador citou a quarta onda de covid-19 na Europa, mas Bolsonaro minimizou. "Você está vendo muita Globo."

A Moderna informou nesta sexta-feira, 26, que testa a efetividade de três candidatos a imunizantes contra a variante omicron do coronavírus, identificada na África do Sul. Em comunicado, a farmacêutica revelou estar atualizando a estratégia para lidar com as mutações do vírus.

Segundo a empresa, as doses de reforço da vacina atualmente disponíveis têm 50 microgramas. A companhia esta "trabalhando rapidamente" para testar a habilidade desse nível de proteção para neutralizar a nova cepa e os resultados devem ser divulgados nas próximas semanas, de acordo com a nota.

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Os estudos avaliam três possíveis frentes para o combate à nova variante. A primeira delas trata do aumento da dose de reforço de 50 microgramas para 100 microgramas. A segunda pesquisa analisa dois candidatos à vacina que buscam se antecipar às mutações. A terceira opção trata de um reforço específico para a omicron, conhecida como mRNA-1273.529.

"As mutações na variante omicron são preocupantes e, por vários dias, estamos agindo o mais rápido possível para executar nossa estratégia para lidar com essa variante", disse o CEO da MOderna, Stéphane Bancel, CEO da Moderna.

Questionado sobre medidas a serem tomadas no Brasil para evitar a disseminação da nova cepa do coronavírus pelo País, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não tem o poder de decidir e contou ter discutido eventual quarentena obrigatória para argentinos que viajarem para o Brasil de avião. "Tem que se preparar. O Brasil não aguenta um novo lockdown. Não adianta se apavorar. Eu conversei com o almirante Barra (Torres), que é da Anvisa, conversei com o Ciro (Nogueira), que é chefe da Casa Civil, discutindo Argentina", disse"

"Quem vem da Argentina de carro para cá, sem problemas, quem vier de avião tem que ficar quatro dias em quarentena. Carnaval, por exemplo, eu não vou (tomar decisão). Eu não tenho o comando (das decisões) na pandemia. Eu fiz minha parte e continuo fazendo. A decisão foi dada pelo Supremo (Tribunal Federal) aos governadores e prefeitos", afirmou Bolsonaro à imprensa durante evento militar no Rio de Janeiro, na tarde desta sexta-feira, 26.

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O presidente não deixou claro se apoia ou é contrário a eventual quarentena aos argentinos.

Bolsonaro voltou a defender a PEC dos Precatórios, em discussão no Senado. "Dívidas de até R$ 600 mil a gente vai pagar, nenhum pobre que há 20, 30, 40 anos tem dinheiro para receber, vai ficar sem receber. Quem tem pra receber mais de 600 mil, que só Deus sabe como aparece esse precatório, nós vamos parcelar", afirmou.

Bolsonaro esteve no Rio na tarde desta sexta-feira para participar da solenidade de comemoração do 76º aniversário da Brigada de Infantaria Paraquedista, na Vila Militar (zona norte do Rio) e de homenagem a quatro turmas cujas formaturas estão completando 25 e 50 anos. Durante sua carreira militar, a partir de 1982 e por quatro anos, Bolsonaro serviu nessa Brigada.

A Organização Mundial da Saúde decidiu incluir a cepa B.1.1.259 do coronavírus como uma "variante preocupante", após análise do Grupo Técnico Consultivo sobre a Evolução do Vírus SARS-CoV-2 realizada nesta sexta-feira, 26. A variante, detectada pela primeira vez na África e já presente em ao menos três continentes, foi nomeada "Omicron" pela OMS.

De acordo com o grupo consultivo, a cepa Omicron foi reportada pela África do Sul à OMS no última dia 24, e sua primeiro infecção conhecida data de uma amostra coletada em 9 de novembro. Em comunicado, o órgão multilateral destaca que a variante possui um grande número de mutações, "algumas das quais preocupantes", e apresentou alta risco de reinfecção em comparação com outras variantes classificadas como preocupantes, segundo evidências preliminares.

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De acordo com a OMS, o surgimento da Omicron coincide com um momento de alta abrupta nos casos de covid-19 na África do Sul, e testes PCR realizados no país indicam uma maior capacidade de disseminação da cepa. Por isso, a entidade recomenda que os países aprimorem a vigilância sobre novos casos, emitem novas informações sobre a variante a uma base de dados pública e promovam estudos sobre a cepa, em nações onde há capacidade de investigação clínica.

Um estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia constatou que a carga viral de pacientes contaminados pela cepa P.1 do novo coronavírus (SARS-CoV-2), uma variante provavelmente desenvolvida no Amazonas, é bem maior do que em pacientes com outras cepas que circulam no Amazonas. O SARS-CoV-2 é o vírus que causa a covid-19.

O artigo que divulga os dados da pesquisa, realizada entre março de 2020 e janeiro deste ano, foi assinado por 29 especialistas, mas ainda falta ser oficialmente publicado. O texto está disponível na plataforma Research Square, que permite que artigos sejam debatidos por especialistas antes da publicação em uma revista científica.

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De acordo com o estudo, a pessoa infectada com a P.1 pode ter até dez vezes mais vírus em seu organismo do que as contaminadas por outras variantes. E esse pode ter sido o motivo que levou a cepa de Manaus a se espalhar tão rápido pelo Amazonas.

A carga viral de P.1 não varia entre homens idosos e adultos de outras idades. Também não houve diferença na carga viral de homens e mulheres, por isso ela pode ser igualmente transmissível por qualquer pessoa acima de 18 anos. E isso é diferente do que acontece com as outras cepas, em que os homens idosos têm uma carga viral mais alta.

Segundo o pesquisador Felipe Naveca, o aumento da quantidade de vírus no nariz e na garganta amplia a possibilidade de transmissão. No entanto, ter uma maior carga viral não necessariamente piora a situação da covid-19 no paciente.

Evolução da cepa

A P.1 teria evoluído de uma outra cepa que circulava pelo Amazonas - a chamada B.1.1.28 - em novembro de 2020 e foi detectada pela primeira vez em Manaus em 4 de dezembro. Foi necessário um tempo inferior a dois meses para que a nova variante passasse a ser a causadora da maior parte dos casos de covid-19.

“O problema do vírus ficar circulando muito tempo, quando houve também uma queda do distanciamento social, favoreceu o surgimento da P.1”, explicou Naveca.

Quanto mais o vírus circula, maiores são as chances de ele sofrer novas mutações que podem ser, inclusive, resistentes às vacinas produzidas atualmente. Para Naveca, estudos ainda estão sendo feitos sobre a eficácia da vacina contra a variante P.1, mas ainda não há conclusão.

 

A Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu manter todo o município com classificação de "risco alto" para a Covid-19, apesar de três das 33 regiões administrativas da cidade terem apresentado melhoras nos índices. O motivo foi a confirmação de mais três casos da doença ocasionados pelas novas variantes do coronavírus. Com isso, já são sete casos confirmados na capital.

De acordo com a Prefeitura, os novos casos da variante P1 foram identificados em um homem de 54 anos, que residia no centro e morreu em um hospital da rede privada no dia 21, e em duas mulheres - uma moradora do Recreio dos Bandeirantes, de 71 anos, e outra do Parque Anchieta, de 21. Ambas estão curadas. Todos eles tinham históricos de viagens recentes, dois deles a Manaus e um a São Gabriel da Cachoeira, também no Estado do Amazonas.

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Do total de sete casos confirmados até agora, seis são da variação P1 e um da B.1.1.7, de origem britânica. Três deles não tinham histórico recente de viagem, e por isso foram considerados casos de transmissão dentro do próprio Rio.

"Com a possibilidade dessas novas variantes, decidimos manter o risco alto, com restrições para toda a cidade. A gente não pode afrouxar, se tranquilizar neste momento", disse o prefeito Eduardo Paes (DEM). "A realidade que vemos no Brasil é muito complexa. A chance de (as variantes) chegar no Rio não é pequena, tem uma chance grande", completou.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reuniu nesta quinta-feira, 25, representantes de secretarias de saúde de Estados e municípios para alertar sobre uma fase mais grave da pandemia, com aumento de casos e internações por todo o País. "Na nossa visão estamos enfrentando a nova etapa dessa pandemia. Tem hoje o vírus mutado. Ele nos dá 3 vezes mais a contaminação", disse Pazuello, sem citar a fonte que detalha o cálculo do poder de contágio da nova cepa do Sars-CoV-2.

O general já afirmou em mais de uma ocasião que a variante identificada em Manaus é três vezes mais contagiosa, mas este dado não é confirmado em notas técnicas do ministério. "No momento, não há evidências científicas para determinar a mudança na infecvidade ou patogenicidade da variante de atenção P.1 no Brasil, seu impacto no diagnóstico laboratorial ou eficácia da vacina, sendo necessárias investigações mais detalhadas", diz nota técnica assinada no dia 23 pelo diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Laurício Monteiro Cruz.

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Pazuello afirmou que o avanço da doença pode "surpreender" gestores de saúde. "Não está centrado apenas no Norte e Nordeste", disse Pazuello. "Precisamos estar alerta e preparados", declarou. O ministro, porém, não citou a importância de medidas básicas contra a pandemia, como evitar aglomerações.

Apesar da alta de internações, o presidente Jair Bolsonaro, Pazuello e lideranças políticas de Brasília têm ignorado as recomendações médicas e lotado reuniões no Planalto e Congresso, onde o uso de máscaras é raro. O ministro também sugeriu que foi pego de surpresa pelo aumento de casos, ainda que especialistas alertassem sobre o risco de a pandemia ficar ainda mais descontrolada por causa de aglomerações e festas de Natal e réveillon. "Até o final do ano passado estávamos observando situação de estabilidade em número de casos e óbitos no país como um todo", declarou o ministro.

O militar fez uma declaração à imprensa no Ministério da Saúde ao lado dos presidentes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Bezerra. Pazuello disse que a ideia da fala era mostrar o "SUS unido".

Os presidentes dos conselhos fizeram declarações em tom de alarme e preocupação. Lula disse que o País vive o momento mais duro da pandemia. Já Bezerra afirmou que é preciso voltar a orientar a população a seguir medidas contra o vírus.

"Todos os Estados têm criado mais leitos, mas apenas criar mais leitos não adianta. Precisa de ajuda da sociedade. Tem de entender que não é hora de fazer festa. O que a doença precisa é de pouco ar, ambiente fechado", disse Lula, titular da Saúde do Maranhão, que afirmou que 15 Estados estão com mais de 90% dos leitos ocupados.

Pazuello se recusou a responder à imprensa após o pronunciamento. Sem transmissão, a fala de Pazuello foi feita em um auditório fechado, em plena pandemia. O ministro anunciou que o governo federal voltará a realizar o financiamento de leitos de UTI de forma antecipada, com depósitos a cada mês para viabilizar o uso destes espaços. O repasse para leitos tem sido uma reclamação de secretários e a gestão João Doria (PSDB) chegou a levar o pleito por mais verbas à Justiça. Sem dar detalhes, o general também citou a possibilidade de mais remoções de pacientes de locais em colapso, mas o presidente do Conass afirmou que os Estados estão "no limite".

'Não deixamos ninguém para trás', diz ministro

Pazuello disse ainda que a vacinação no País está "tendendo à estabilidade em termos de produção e quantidade de doses". Ele voltou a afirmar que metade da população "vacinável" deve receber o imunizante até metade do ano -- menores de 18 anos, por exemplo, ainda não recebem as doses. Ele estimou que a população total que pode ser imunizada é de 160 a 170 milhões de pessoas. O general também disse que a compra das vacinas da Pfizer e Janssen pode ser viabilizada com mudanças na legislação para que a União assuma riscos de efeitos colaterais dos produtos.

Pazuello disse ainda que há três ações "prioritárias" do governo para enfrentar a fase mais aguda da pandemia. A primeira seria o "atendimento imediato" de pacientes em unidades básicas de saúde. Desde o começo da pandemia, o governo falava em "tratamento precoce" e estimulava o uso de medicamentos sem eficácia, como a cloroquina. Mas Pazuello deixou de usar estes termos no momento em que o governo passou a ser investigado pelo estímulo à prescrição de fármacos de eficácia contestada.

Pazuello também citou a nova forma de financiamento de leitos de UTI como uma medida contra esta nova etapa da pandemia. Além destes dois pontos, o general afirmou que é prioridade fortalecer a campanha de vacinação. "Temos quase 1 ano de pandemia. Acredito que o governo federal, o SUS como um todo, não deixamos nada para trás. Não deixamos nada nem ninguém para trás", disse. O Brasil ultrapassou esta semana a marca de 250 mil mortos pela doença e é o segundo país com mais óbitos pela covid.

A nova cepa da covid-19, originária do Estado do Amazonas, - considerada pelos pesquisadores como mais contagiosa - foi encontrada, agora, em Belém. Oito pacientes foram diagnosticados na capital paraense com a variante P.1. Diante da descoberta, medidas mais severas de isolamento social poderão ser adotadas nos próximos dias. No entanto, está afastada a hipótese de lockdown até o momento.

Das oito pessoas que testaram positivo para a P.1, cinco são de Manaus. Um manauara morreu, dois belenenses tiveram sintomas leves e outros cinco apresentaram o estágio mais grave da doença.

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Os casos foram confirmados pelos pesquisadores do Laboratório de Genética Humana e Médica (LGHM), da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Instituto Vale. Os especialistas que acompanham o estudo da evolução do novo coronavírus garantem que a variante achada no começo do ano, em Manaus, tem potencial para infectar pessoas que já tiveram a covid-19. Contudo, a análise aguarda um laudo mais conclusivo.

A nova variante já responde por cerca de metade das novas infecções na capital do Amazonas. Casos da nova cepa também foram detectados em São Paulo em pacientes com histórico de viagem ou residência em Manaus.

Segundo os pesquisadores, a genotipagem do vírus foi realizada em estudo que colheu amostras de 80 pacientes na capital paraense. Ou seja, por essa amostragem, ao menos, 10% dos pacientes com covid-19 em Belém, podem estar com a infecção pela P.1. Do total, 14 pacientes foram diagnosticados com a cepa P.2, que é proveniente do Rio de Janeiro.

Na próxima semana, os pesquisadores partirão para a segunda fase do estudo, com uma amostragem de mil pacientes que estiveram em contato com as pessoas diagnosticadas com a variante. A transmissão comunitária da nova cepa foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), isso quer dizer que, mesmo que a pessoa não tenha tido contato com alguém do Estado vizinho, pode ter sido infectada por um belenense.

Prefeito descarta novo bloqueio total

Em coletiva à imprensa no início da tarde desta sexta-feira, 5, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), falou dos casos e também descartou um novo bloqueio total das atividades na cidade. No entanto, ele reconhece que a decisão será tomada em conjunto com o governo do Estado e com especialistas em saúde pública. Para Edmilson, até agora, não há necessidade de ser decretado lockdown, porém, ele pede que as medidas já impostas no decreto estadual publicado na semana passada sejam respeitadas para garantir a prevenção da população.

"Esta decisão não pode ser só minha. Vamos conversar com a equipe técnica de saúde. Espero que não tenhamos que endurecer as medidas, mas não posso garantir ainda", disse o prefeito. "Não vou me acovardar se avaliarem que medidas mais rígidas são necessárias, mas da minha parte, não tem (o bloqueio total)", declarou Edmilson.

Secretaria estadual emite recomendações

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), por meio da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS), emitiu nota técnica com recomendações para ações de prevenção, em portos e aeroportos do Pará, indicadas a passageiros oriundos de Manaus e da região Oeste do Estado. A partir desta sexta-feira, 47 profissionais da Vigilância Sanitária cumprirão revezamento para fazer a barreira sanitária no Aeroporto Internacional de Belém pelos próximos 30 dias. Esse será o primeiro momento da ação, que ainda será extensiva aos portos.

A medida foi necessária após a confirmação de dois casos da nova cepa da covid-19, identificados pelo Instituto Evandro Chagas, no município de Santarém, no último dia 29 de janeiro. A variante, que circula no Amazonas, foi apontada como uma das razões para o colapso no sistema de saúde do Estado vizinho. Os objetivos dessas medidas sanitárias são garantir a preservação de vidas e impedir o avanço da covid-19 em território paraense.

No Aeroporto Internacional de Belém, os passageiros oriundos do Amazonas e da região do Baixo Amazonas passaram a ser submetidos à entrevista pelas equipes da Sespa, em que esclarecerão se tiveram contato prévio com pessoas suspeitas e/ou doentes e se apresentaram sintomas nos últimos sete dias.

Os dois primeiros casos da variante brasileira da covid-19 no Pará foram confirmados no dia 29 de janeiro, em Santarém, na região do baixo-amazonas. A região está em lockdown desde o dia 1º de fevereiro. Os pacientes são um homem de 58 anos e uma mulher de 26 anos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a cepa da covid-19 P.1, localizada inicialmente no Brasil, já se encontra no total em ao menos oito países, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão.

A informação consta do Boletim Epidemiológico Semanal da entidade, o qual aponta que são necessários mais estudos para avaliar se essa variante traz mudanças na transmissibilidade, na severidade da doença ou para a imunização dos pacientes.

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A OMS nota que, a partir de investigações preliminares em Manaus, houve um aumento na proporção de casos da cepa, conhecida como P.1, de 52,5% em dezembro do ano passado para 85,4% do total de casos na cidade em janeiro deste ano.

Os números geram temores sobre seu possível potencial maior de transmissão ou de propensão a reinfecções, adverte a entidade.

A vacina da Covid-19 desenvolvida pela Pfizer e a BioNTech protegerá contra a nova variante do coronavírus identificada no Reino Unido, de acordo com um artigo publicado por cientistas das duas farmacêuticas nesta terça-feira (19). O documento reafirma as descobertas publicadas no início deste mês em outro artigo escrito por cientistas da Pfizer, que também indicou proteção do imunizante contra a nova cepa. Enquanto o estudo anterior testou um vírus feito em laboratório que tinha uma mutação chave presente na variante do Reino Unido, a nova pesquisa testou um vírus feito laboratório com todas as mutações.

A nova cepa do coronavírus do Reino Unido, uma das que surgiram em todo o mundo nos últimos meses, se espalhou rapidamente em partes da Europa e agora está presente nos Estados Unidos. O novo estudo, que ainda não foi revisado por pares, alerta que os cientistas devem continuar a procurar por novas cepas do vírus e observou que não se sabe exatamente quais resultados de laboratório podem indicar uma perda de proteção no mundo real. Fonte: Dow Jones Newswires.

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A nova variante do coronavírus identificada em Manaus (a mesma detectada em viajantes japoneses que estiveram no Amazonas) tem maior potencial de transmissão e, segundo análises preliminares, pode já estar disseminada pela capital amazonense. É o que mostra um estudo conduzido por cientistas do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde), que conta com pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP.

Na pesquisa, publicada no site virological.org e ainda sem a revisão de outros especialistas, foram sequenciados os genomas do vírus presente em 31 amostras recolhidas de pacientes infectados entre 15 e 23 de dezembro em Manaus.

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Dessas, 13 (ou 42%) correspondiam à nova variante, batizada pelos pesquisadores de P1. Nas amostras de pacientes da cidade analisadas anteriormente, até novembro, essa linhagem nunca havia sido identificada, o que reforça a hipótese que ela surgiu em dezembro.

A P1 é derivada de uma das variantes predominantes no País, a B.1.1.28. É provável que ela tenha maior poder de transmissão por causa da mutação N501Y, que provoca alterações na proteína spike do vírus. "A nova linhagem contém uma composição única de mutações definidoras de linhagem, principalmente três mutações de importância biológica conhecida, como E484K, K417N/T e N501Y. Estas mutações ocorrem na proteína spike, responsável pela entrada do vírus nas células humanas e poderiam causar um aumento de transmissão", disse Lucas Augusto Moyses Franco, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da USP e colaborador do grupo Cadde.

A mesma mutação está presente nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul. "A gente ainda não pode afirmar o papel dessa variante na explosão de casos recente no Amazonas. Acredito que ela seja um dos fatores, junto com a temporada de vírus respiratórios, que começa em novembro, e o relaxamento das medidas de distanciamento", afirmou Felipe Naveca, virologista e pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia).

Uma das mutações citadas por Franco, a E484K, gera preocupação por já ter sido associada em outros estudos a um potencial de escapar de anticorpos. Isso precisa ser melhor estudado, mas, segundo especialistas, é mais provável que esse escape favoreça reinfecções, mas não atrapalhe a ação das vacinas contra a covid.

"O que pode acontecer é os anticorpos produzidos pelo paciente numa primeira infecção não darem conta de impedir uma segunda. Mas os anticorpos produzidos pela vacina são diferentes. É uma imunidade mais robusta, mais abrangente e, provavelmente, mais duradoura", explicou a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19. Ela diz que já estão sendo feitos estudos para verificar se vacinas já lançadas têm eficácia contra as novas variantes.

Os especialistas alertam que, embora ainda não haja confirmação, a nova linhagem pode já estar em outros Estados brasileiros e ressaltam a importância das medidas de proteção. "A variante pode ser mais transmissível, mas não é só ela a responsável pelo aumento de casos. As medidas de contenção continuam as mesmas: máscara, distanciamento, lavagem das mãos, e os governos devem restringir as flexibilizações feitas", disse Mellanie.

Perda de controle

O colapso do sistema de saúde de Manaus e a morte de pessoas por asfixia pela falta de oxigênio foram mencionados ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um chamado para que países não descuidem da prevenção à covid-19. "O que está acontecendo em Manaus é um alerta a muitos países. Não deixem que uma falsa sensação de segurança baixe a guarda de vocês. Se vocês construíram uma infraestrutura, com leitos de UTI, oxigênio, não desativem, a pandemia não acabou ainda", afirmou a diretora-geral assistente da OMS, Mariangela Simão.

O diretor executivo da entidade, Mike Ryan, disse que a situação na cidade se deteriorou significativamente e que todo o sistema parece estar implodindo. Ele ressaltou que essa não é uma condição somente de Manaus, mas também de outros Estados, como Amapá e Rondônia. E apontou que a maior parcela de responsabilidade ainda é do relaxamento da população. Nós precisamos ser capazes de aceitar, como indivíduos, como comunidades e governos, nossa parte da responsabilidade para o vírus sair do controle", enfatizou.

O Ministério da Saúde informou, nesta sexta-feira (15), que um novo caso de reinfecção por Covid-19 registrado no País, em Manaus, deu-se por contaminação de uma nova variante do coronavírus identificada no Estado do Amazonas. De acordo com a pasta, uma mulher foi diagnosticada com Covid-19 pela primeira vez em 24 de março do ano passado e, novamente, em 30 de dezembro, com exame positivo de RT-PCR. Na segunda análise, observou-se que o vírus tinha um padrão de mutações compatível com a variante do vírus Sars-CoV-2 que foi identificada no Japão em quatro turistas do País que tinham recentemente voltado do Amazonas.

Análise feita na Fiocruz-Amazônia sobre o genoma do vírus encontrado nos japoneses revelou se tratar de uma nova variante do coronavírus que surgiu no Amazonas entre dezembro e janeiro, que foi denominada provisoriamente de B.1.1.28 (K417N/E484K/N501Y). O caso da mulher de Manaus reinfectada foi analisado também pela Fiocruz, que constatou se tratar da mesma variante.

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Um alerta foi enviada pela fundação ao Ministério da Saúde no dia 12, informando que havia identificado a nova variante em uma mulher de 29 anos que já havia sido infectada nove meses antes. O Estado fez também uma notificação no dia 13 e o ministério confirmou nesta sexta-feira. De acordo com a pasta, este é o segundo caso de reinfecção observado no Brasil por uma nova cepa. O primeiro foi na Bahia, mas com a variante identificada na África do Sul.

"A informação foi compartilhada, como parte da rotina da vigilância epidemiológica, com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) e com toda a Rede do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (Cievs). O Ministério da Saúde recomendou aos Estados, Distrito Federal e municípios o contínuo fortalecimento das atividades de controle da Covid-19, a ampliação do sequenciamento de rotina dos vírus Sars-CoV-2, a investigação de surtos e o rastreamento de contatos de todo caso de Covid-19", informou a pasta.

Há uma preocupação de que a nova cepa identificada no Amazonas seja um dos motivos para a explosão recente de casos em Manaus, que culminou nesta quinta-feira (14), com o esgotamento dos estoques de oxigênio em hospitais da cidade e com a morte de pacientes por asfixia. A Fiocruz-Amazônia está investigando se nova cepa está circulando na região em grande quantidade e se ela é mais contagiosa que as 11 variantes anteriores que tinham aparecido na região.

Um outro estudo feito pela estudo feito por pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde), que conta com a participação do Instituto de Medicina Tropical (IMT) e da Faculdade de Medicina da USP, revelou que a nova linhagem identificada em Manaus estava presente em 42% dos pacientes infectados testados na cidade.

O grupo analisou 31 amostras que deram positivo em teste de RT-PCR coletadas entre 15 e 23 de dezembro. A nova linhagem foi identificada em 13 dessas amostras, segundo estudo publicado como pré-print (ainda sem revisão de pares) na publicação Genomic characterisation of an emergent sars-cov-2 lineage in Manaus: preliminary findings.

Eram 19 horas da quarta-feira (13) quando o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, divulgou um alerta nas redes sociais, para órgãos do governo e até para a Câmara e o Senado. Manaus, segundo ele, tinha se tornado a "capital mundial da pandemia de Covid-19".

No alerta, Orellana adverte: "o caos sanitário e humanitário em que a cidade mergulhou durante a segunda onda, traduzido pelo pico explosivo de mortalidade e de internações em leitos clínicos e de UTI no início de janeiro, não deixa qualquer dúvida sobre a extensão da tragédia anunciada." Foi o 13.º alerta que ele divulgou desde agosto.

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Na manhã desta quinta-feira (14), Orellana viu seus temores se concretizando. Por pelo menos cinco horas, boa parte dos hospitais da cidade ficou sem oxigênio e pacientes morreram asfixiados. "Leitos viraram câmaras de asfixia", comparou.

Em entrevista ao Estadão, o pesquisador afirmou que desde agosto havia sinais de que a situação ia piorar se não fosse interrompida a circulação do vírus. Ele criticou a divulgação de um estudo segundo o qual Manaus poderia ter atingido a imunidade de rebanho. E afirmou que uma nova cepa do coronavírus, identificada em turistas japoneses após viagem à Amazônia, é a explicação mais plausível para a explosão atual de casos.

Você vem defendendo há meses que Manaus deveria decretar um lockdown. Como anteviu tão cedo o colapso de ontem?

Começamos a visualizar os primeiros sinais da segunda onda na primeira quinzena de agosto. A curva (de óbitos) estabilizou e começou a subir. Muitos ignoraram. Em setembro a situação piorou. Estávamos em contato com Ministério Público, Defensoria Pública e Secretaria de Saúde e recomendamos o lockdown. Fomos muito criticados mas conseguimos convencer o ex-prefeito (Arthur Virgílio Neto, que propôs a medida ao governador Wilson Lima). Mas não durou 24 horas a decisão. Depois que o presidente Bolsonaro classificou a medida como absurda, o governador a descartou totalmente. E tivemos um agravante sério de má ciência quando pesquisadores publicaram que Manaus tinha atingido a imunidade de rebanho. Fizemos um comentário do artigo apontando os erros, mas ele nunca foi retratado. Isso circulou pelo meio político, nas mesas de bar. A partir dali a população relaxou e o final da história é esse.

Quanto esta cepa do coronavírus identificada em turistas japoneses pode ter colaborado com essa explosão de casos?

Acreditamos que esta nova cepa é a explicação mais plausível para um crescimento tão explosivo. Essa disseminação que estamos vendo só pode ser porque ela se propaga muito mais rapidamente que todas as 11 variantes que circularam antes. E a pior consequência é a possibilidade de se ela disseminar Brasil afora. Estamos mandando o vírus para outros Estados.

Como a notícia chegou a você?

Eu estava trabalhando normalmente quando recebi uma mensagem, depois uma ligação, vídeos, fotos. Era uma avalanche de informações que vinham das pessoas em quem confio, dentro dos hospitais. Pessoas que estavam 20 minutos seguidos em cima dos pacientes, fazendo ventilação manual… Depois de algumas horas os hospitais foram provisoriamente supridos, mas não sabemos como vai ser amanhã. Podemos ter nova avalanche de internações. É um caos absoluto.

Como ficou o clima na cidade?

O governo do Estado colocou polícia na frente de hospitais. Dezenas de pessoas foram a óbito em menos de cinco horas. Literalmente os leitos se tornaram câmaras de asfixia. Isso não é uma imagem artística. Essa é uma das maiores tragédias recentes da história da saúde pública mundial.

O Brasil registrou um caso de reinfecção pelo coronavírus (SARS-CoV-2) com a mutação E484K. A paciente de 45 anos que vive em Salvador é o primeiro caso catalogado no mundo. A descoberta foi feita por pesquisadores brasileiros e publicada em versão preprint e aguarda revisão por pares na revista científica The Lancet Infectious Diseases.

Segundo pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), a paciente não tinha comorbidades e foi infectada pela primeira vez em 20 de maio e adoeceu pela segunda vez em 26 de outubro, com um quadro mais severo. Nas duas vezes o diagnóstico foi dado através de testes RT-PCR e após a segunda ocorrência, quatro semanas depois, a paciente passou por um teste de IGg com confirmação de anticorpos. 

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“Trata-se do primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 no Estado da Bahia, confirmado por sequenciamento. Foi observada, na sequência genética do vírus presente no segundo episódio, a mutação E484K, que é uma mutação identificada originalmente na África do Sul e tem causado muita preocupação no meio médico, pois ela pode dificultar a ação de anticorpos contra o vírus. Esta mutação foi recentemente identificada no Rio de Janeiro, mas é a primeira vez, em todo o mundo, em que é associada a uma reinfecção por SARS-CoV-2”, explicou Bruno Solano, pesquisador à frente do estudo, realizado na unidade regional do Instituto, no Hospital São Rafael, em Salvador, ao jornal Correio Brasiliense. 

A descoberta foi feita através do isolamento dos vírus em laboratório, permitindo que os pesquisadores analisassem o genoma das cepas do primeiro e segundo episódios de infecção e comparar ambos, associando-os com outras sequências de vírus encontrados no país. Isso permitiu concluir que as duas infecções ocorreram em um intervalo de 147 dias com linhagens distintas de vírus em cada uma, com a nova mutação presente no segundo episódio. 

“A descoberta serve de alerta e reforça a necessidade de manutenção das medidas de controle da pandemia, com distanciamento social e a necessidade de acelerar o processo de vacinação, para reduzir a possibilidade de circulação desta e de possíveis futuras linhagens que, ao acumular mutações, podem vir a se tornar mais infectantes, inclusive para indivíduos que já tiveram a doença”, destaca o pesquisador.

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Uma nova cepa de coronavírus, distinta da detectada recentemente na África do Sul e na Inglaterra, mas que "compartilha algumas mutações com esta última, foi descoberta na Nigéria, país de maior população da África, com 200 milhões de habitantes.

Depois do anúncio, discreto, durante a semana pelo Centro Africano de Excelência para a Genômica das Doenças Infecciosas (Acegid), com sede em Ede, sudoeste da Nigéria, o Centro Africano de Controle de Doenças (CDC) - agência de saúde da União Africana - organizou uma reunião de emergência.

Mas o professor Christian Happi, biólogo molecular que participou no sequenciamento genético da nova variante, pediu para não "extrapolar" a descoberta, em uma entrevista à AFP.

O Acegid analisou no início do mês 200 mostras do vírus e duas delas, obtidas de pacientes em 3 de agosto e 9 de outubro, apresentam mutações genéticas.

"Não temos ideia nem certeza se esta variante tem relação direta com o aumento de casos na Nigéria atualmente", disse o professor.

O país tinha mais de 82.000 casos registrados no sábado e 1.246 mortes, números relativamente baixos, mas o número de testes realizados no país é insignificante.

Apesar do cenário, o número de contágios registra aceleração.

Graças ao sequenciamento genético do vírus, uma operação de rastreamento sofisticada que apenas 12 laboratórios conseguem executar no continente africano, o professor Happi e sua equipe mostraram a evolução da mutação.

"Não sabemos de onde vem a nova variante. Acreditamos que é independente, que se produz na Nigéria. Não acredito que é importada", disse o biólogo.

O ex-professor de Harvard, especializado em doenças infecciosas, recordou, no entanto, que "os vírus sofrem mutações e mudam" de forma natural.

"O importante não é a mutação, e sim a transformação da proteína 'spike', a parte do vírus que permite o acesso às células do corpo e que tornaria esta mutação infecciosa", explicou.

O Acegid trabalha com o Centro de Doenças Infecciosas da Nigéria (NCDC), organismo de saúde pública nacional, para tentar explicar o aumento recente de casos de Covid-19 e se este pode ser motivado pela nova cepa.

Mas uma coisa parece correta: a taxa de mortalidade relativamente baixa na Nigéria, em comparação com os países ocidentais, não aumentou recentemente.

"Peço que as pessoas não extrapolem. Existe uma tendência a extrapolar com as novas variantes do vírus", disse o professor. "Nada prova, por exemplo, que a cepa encontrada na Inglaterra teria os mesmos efeitos na Nigéria e vice-versa.

"Se há algo que a Covid-19 nos ensinou é que em tudo que acreditávamos saber sobre este vírus, estávamos equivocados", recordou Happi.

"Alguns previram que um terço da população da África morreria, mas não podemos aplicar as pesquisas e os números reunidos na Europa e nos Estados Unidos e aplicá-los aqui: somos geneticamente diferentes, nossa saúde imunológica é diferente”, insistiu.

Até o momento, a África registra 2,4 milhões de casos de Covid-19, ou seja, 3,6% do total mundial, segundo o balanço da AFP. O continente confirmou pouco mais de 57.000 mortes, número menor que a França (59.072).

O número reduzido de testes de diagnóstico pode colocar em dúvida as estatísticas, mas também é certo que nenhum país observou um aumento excessivo da mortalidade, o que seria indício de propagação do vírus.

Dizimada, parcialmente confinada e com medo da nova cepa do vírus que se propaga por vários países, a União Europeia (UE) recebeu, neste sábado (26), as primeiras doses de suas vacinas contra o coronavírus, que já matou mais de 540.000 pessoas na região, e os Estados membros iniciarão as campanhas no domingo.

Neste sábado, as tão aguardadas doses do fármaco, produzido pelos laboratórios Pfizer (EUA) e BioNTech (Alemanha), foram entregues em hospitais de vários países, como França, Espanha e Itália.

Como já aconteceu nos Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Suíça, Costa Rica e México, as primeiras doses serão aplicadas em idosos e profissionais da saúde. Cada país estabelecerá suas prioridades.

As vacinas, um dos bens mais apreciados do momento em todo o planeta, chegam aos países em caminhões frigoríficos que partiram da fábrica da Pzifer em Puurs, nordeste da Bélgica, e são escoltadas pelas forças de segurança.

Na Espanha, um caminhão levou transportou um carregamento ao centro de armazenamento da Pfizer em Guadalajara.

As autoridades do país, que registrou mais de 50.000 mortes provocadas pelo novo coronavírus, esperam vacinar até junho do próximo ano entre 15 e 20 milhões de pessoas, de uma população de 47 milhões.

Na Itália, onde as vacinas chegaram na sexta-feira, a primeira vacinada será uma enfermeira de 29 anos em um hospital de Roma. Na região norte também será imunizada Annalisa Malara, a médica que identificou o paciente zero do país.

A Itália é a nação mais enlutada na Europa por esta pandemia, com 71.000 óbitos, mas de acordo com as pesquisas apenas 57% da população pretende ser vacinada.

Os cientistas calculam que imunidade coletiva será alcançada quando entre 75 e 80% da população estiver vacinada.

Na França, onde mais de 62.000 pessoas morreram vítimas da Covid-19, as primeiras doses serão aplicadas em duas casas de repouso.

"Esta vacina é a chave que permitirá que retomemos as nossas vidas. Esta notícia deve nos animar", disse o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, neste sábado.

- Nova cepa se propaga -

Depois de uma espécie de trégua de Natal em que os austríacos foram autorizados a esquiar, o país inicia neste sábado o terceiro confinamento.

O governo estabeleceu um toque de recolher até 24 de janeiro, com algumas flexibilizações a partir de 18 de janeiro para quem for submetido a um teste de antígenos. Novas restrições também entram em vigor neste sábado na Escócia e Irlanda do Norte.

Desde 20 de dezembro, os moradores de várias regiões da Inglaterra respeitam um confinamento para tentar frear uma nova variante do vírus, a princípio mais contagiosa, que acelerou as infecções. Neste sábado, 24 milhões de pessoas, ou seja 40% da população, deve permanecer em casa.

Os casos de pessoas contaminadas por esta nova cepa do vírus continuam sendo detectados em vários países da Europa. Ao menos quatro casos foram registrados em Madri em pessoas que retornaram do Reino Unido ou que tenham relação com passageiros procedentes deste país.

Os primeiros casos foram confirmados na sexta-feira na Alemanha e França.

Após a confirmação da mutação do vírus, que só pode ser detectada se a sequência do genoma do vírus for analisada após um teste de PCR, muitos países fecharam as portas com o Reino Unido e alguns ainda mantêm as restrições em suas conexões aéreas, marítimas ou terrestres.

A situação provocou o caos nos sistemas de abastecimento e grandes engarrafamentos de caminhões nas fronteiras. Milhares de motoristas passaram o Natal bloqueados em seus veículos na área do porto inglês de Dover. Todos devem apresentar resultado negativo em um teste de Covid-19 para entrar na Europa continental.

No momento, a Europa é a região do mundo com propagação mais rápida do vírus, com a média de 250.000 novos casos por dia na semana passada.

- O "extraordinário" êxito da China -

Em todo o mundo, a pandemia matou mais de 1,75 milhão de pessoas e provocou quase 80 milhões de contágios.

Na China, onde a pandemia teve início nos últimos dias de 2019, os dirigentes do Partido Comunista (PCC) celebraram neste sábado o que chamaram de êxito "extraordinário" no combate à Covid-19, oficialmente erradicada em seu território, poucos dias antes da chegada ao país de uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tentará determinar as origens do coronavírus.

Na América Latina, a Bolívia anunciou uma aceleração do número de casos nas principais cidades.

O país registra desde março 153.000 contágios e pouco mais de 9.000 mortes por coronavírus. Nos últimos dias, a Bolívia contabilizou mais de 1.000 casos por dia.

Um primeiro caso da nova cepa de Covid-19 que surgiu no Reino Unido foi detectado nessa sexta-feira (25), na localidade de Tours, centro da França, anunciou o Ministério da Saúde francês.

O primeiro caso positivo confirmado na França da nova variante do vírus foi detectado em um francês residente no Reino Unido e que está assintomático, informou o Ministério em um comunicado, no qual informou que o contagiado foi isolado em quarentena.

Após ter chegado "de Londres em 19 de dezembro (...), recebeu atendimento médico em um hospital e no dia 21 testou positivo", informou o ministério, assegurando que se trata do "primeiro contagiado pela variante VOC 202012/01", em território francês.

Segundo o previsto no protocolo implantado após a descoberta no sudeste da Inglaterra desta cepa, possivelmente mais contagiosa, foi solicitado um "sequenciamento" do vírus que contagiou o cidadão francês ao Centro Nacional de Referência de Vírus e Infecções Respiratórias (CNR), que confirmou nesta sexta a infecção por esta variante.

"As autoridades sanitárias procederam ao 'contact-tracing' (rastreamento de contatos) dos profissionais de saúde que cuidaram do paciente e das pessoas com as quais teve contato para que façam um isolamento estrito", acrescentou em um comunicado.

Além deste caso, "até agora, vários amostras positivas que poderiam evocar a variante VOC 202012/01 estão em curso de sequenciamento nos laboratórios do CNR", acrescentou o ministério.

A nova cepa da Covid-19 é "entre 50% e 74%" mais contagiosa, afirmou um estudo médico divulgado nesta quinta-feira (24), que alertou sobre as consequências dela na mortalidade no Reino Unido.

"De acordo com os dados preliminares disponíveis", a variante da Sars-Cov-2, suspeita de ter causado o grande aumento no número de casos no sudeste da Inglaterra nas últimas semanas, "poderia ser entre 50% e 74% a mais contagiosa", informou o biólogo Nick Davies, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM), um dos autores.

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A estimativa, divulgada na internet e que ainda não confirmada por nenhuma revista científica, coincide com a de "50% a 70%" informada na segunda-feira em entrevista coletiva por cientistas que assessoram o governo britânico.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, falou no fim de semana passado sobre uma transmissão 70% maior, e as autoridades britânicas informaram à Organização Mundial da Saúde (OMS) que a nova cepa é entre 40% e 70% mais transmissível.

Detectada pela primeira vez em setembro no Reino Unido, esta variante chamada VOC 202012/01 carrega 22 mutações no genoma da Covid-19.

Uma delas afeta a proteína spike do coronavírus, com a qual o vírus se agarra às células humanas para penetrá-las, facilitando as contaminações.

Os pesquisadores do LSHTM "não encontraram elementos no momento que indiquem que as pessoas infectadas com esta mutação têm um risco maior de serem hospitalizados ou morrer".

Embora a nova cepa não seja mais perigosa que as anteriores, o provável "aumento significativo" no número de casos pode afetar o número de mortos, que pode "ser maior em 2021 do que em 2020", segundo o estudo.

As autoridades britânicas já anunciaram no último fim de semana novas restrições, como um reconfinamento em Londres e no sudeste da Inglaterra.

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