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Após a escolha do filme brasileiro ‘Pequeno Segredo’ para concorrer ao Oscar 2017, conforme informação divulgada nesta segunda-feira (12), pelo Ministério da Cultura (MinC), o diretor pernambucano do filme Aquarius, Kleber Mendonça Filho, revelou, por meio de sua página oficial no Facebook, que a não indicação de seu filme já era esperada. Em companhia da atriz Sonia Braga, no Canadá, Kleber ressaltou que o filme mostra a realidade do Brasil, na maneira mais honesta possível, fator que possibilita mais de 200 mil espectadores nos cinemas brasileiros a assistirem seu filme. Confira o texto na íntegra:

“Soube aqui no Festival de Toronto da decisão via Ministério da Cultura de não indicar AQUARIUS como candidato brasileiro ao Oscar. Estou numa tarde de entrevistas e já vendo o tipo de reação que tem surgido na imprensa e redes sociais. É bem possível que a decisão da comissão esteja em total sintonia com a realidade política do Brasil, ou seja, é coerente e já esperada. Para além de decisões institucionais via Governo Brasileiro, AQUARIUS tem conquistado internacionalmente um tipo raro de prestígio, e isso inclui distribuição comercial em mais de 60 países enquanto já se aproxima dos 200 mil espectadores nos cinemas brasileiros, com um tipo de impacto popular também raro. Mais ainda, é um filme que já faz parte da cultura e desse tempo, num ano difícil no nosso país. No final das contas, AQUARIUS é um filme sobre o Brasil, que está no filme da maneira mais honesta possível. Talvez seja exatamente esta honestidade que tenha feito de AQUARIUS um filme forte como agente cultural, social e produto da nossa indústria do entretenimento. Sonia está aqui do lado, poderosa como Clara. Ela manda beijos! (Toronto, 12 Setembro 2016)”.

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A escolha foi realizada em meio a polêmicas entre a equipe de Aquarius e o atual governo brasileiro, iniciada após um protesto no Festival de Cannes, em que o elenco definiu, por meio de cartazes, o processo de Impeachment do Brasil como um golpe de estado. O protesto chegou a ocasionar a retirada de outros filmes à disputa, em solidariedade ao diretor pernambucano, bem como a classificação indicativa de Aquarius, que após muita reclamação, foi reduzida de 18 para 16 anos.

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O EstreiaJá desta semana traz os primeiros lançamentos do mês de setembro: O Sono da Morte, Star Trek 3 e o longa pernambucano Aquarius. O primeiro da lista, dirigido por Mike Flanagan, é um filme de terror, e traz a história de um casal que perde o filho e acaba adotando outro, Cody, vivido pelo ator Jacob Tremblay, mas ele tem uma peculiaridade: tudo que sonha torna-se realidade e os pesadelos se tornam mortais.

Quem está volta é a franquia Star Trek, com o filme "Star Trek: Sem Fronteiras". O enredo mostra a tripulação da Enterprise, que está no terceiro ano da missão de exploração do espaço. Neste período, a nave é atacada e eles acabam em um planeta desconhecido, onde o grupo acaba sendo dividido em duplas.

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E, por fim, Aquarius, filme do pernambucano Kleber Mendonça Filho, que conta a história de Clara - interpretada pela atriz Sonia Braga. Moradora que vive em um prédio no bairro de Boa Viagem, no Recife, ela vive um dilema, pois uma construtora quer levantar um arranha-céu no lugar do seu prédio e a sua personagem resiste, já que naquele lugar moram muitas lembranças de sua vida.

Saiba tudo sobre os lançamentos da semana conferindo o EstreiaJá, que é apresentado por Rodrigo Rigaud e publicado toda semana no LeiaJá:

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O Departamento de Políticas de Justiça, da Secretaria Nacional de Justiça, reduziu a classificação do filme Aquarius, de 18 para 16 anos. O filme do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, que estreia nacionalmente nesta quinta-feira (1º) nos cinemas, teve a classificação do longa alterada para 18 ainda no mês de agosto, durante o pré-lançamento.

Mesmo com a justificativa de o filme conter uma ‘situação sexual complexa’, em seu conteúdo, o diretor, na época, se posicionou contra a reclassificação, em entrevista ao Portal LeiaJá. "Eu acho um absurdo. Não só pela falta de análise do filme pelo que ele é. Você tem Boi Neon e Para minha amada morte, que são filmes mais fortes, e eles foram classificados para 16 e 14 anos. Acho que é uma questão de dois pesos e duas medidas", disse Kleber Mendonça.

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Após a justiça voltar atrás, o cineasta comemorou o feito, postando no twitter: “Justiça seja feita”. Durante o Festival de Cannes, em maio de 2016, o cineasta Kleber Mendonça Filho, acompanhado dos atores do filme e da equipe do longo, aproveitou o espaço para expressar repúdio ao que chamaram de ‘golpe de Estado’ na presidência do país. Com faixas e cartazes, eles denunciaram o afastamento de Dilma Rousseff como um retrocesso para o país.

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A equipe do EstreiaJá esteve na coletiva de imprensa de “Aquarius”. A ocasião reuniu integrantes do novo longa de Kleber Mendonça Filho, que também marcou presença no encontro. O programa desta semana apresenta um balanço do que rolou na coletiva e ainda entrevistas com as estrelas do filme, dentre elas a icônica atriz Sônia Braga e a pernambucana Maeve Jenkings.

Saiba mais sobre Aquarius e confira os bate-papos assistindo o EstreiaJá na íntegra abaixo. O programa é apresentado pelo jornalista e crítico de cinema Rodrigo Rigaud. 

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A equipe do filme “Boi Neon” emitiu na tarde desta quarta-feira (24  uma nota, por meio da página oficial no Facebook, alegando a decisão de não submeter o filme à comissão brasileira que indica o representante ao Oscar 2017. Entre as justificativas, o elenco ressaltou que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Audiovisual, tem agido de maneira injusta sobre as declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, depois do protesto no tapete vermelho, no Festival de Cannes. Confira a nota oficial na íntegra:

"Decidimos tornar pública a nossa decisão de não submeter o filme BOI NEON à comissão brasileira que indica o representante nacional ao OSCAR 2017. É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes. Aquarius foi o único filme latino-americano na competição oficial de Cannes,tendo sido aclamado pela crítica internacional. Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de imparcialidade questionável."

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Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o diretor do longa, Gabriel Mascaro, salientou ter desconforto em participar de um processo seletivo de interesse público que demonstra imparcialidade questionável, referindo-se à indicação antecipada de Marcos Petrucelli como júri. O que ocorre é que Petrucelli já integrou o júri em outros festivais de cinema, e mostrou-se notoriamente crítico aos trabalhos do diretor de Aquarius, Kleber Mendonça Filho, chegando a se referir a ele como “Aquele diretor”. Mascaro ressaltou que espera que sua atitude, como diretor, encoraje outros filmes brasileiros a pensar na legitimidade do processo. 

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Às vésperas de seu lançamento em circuito nacional, o filme Aquarius - do pernambucano Kleber Mendonça Filho - enfrentou um embate com o Ministério da Justiça. O órgão classificou o longa para a faixa etária de 18 anos. A decisão foi contestada pela distribuidora da produção, mas o pedido foi negado. Aquarius estreia em todo o Brasil no próximo dia 1° de setembro. 

Sob a alegação de haver uma "situação sexual complexa" em seu conteúdo, a produção foi julgada imprópria para menores de idade. A Vitrine Filmes, que distribui o longa, entrou com recurso para que a classificação fosse revista para 16 anos, mas teve o pedido negado. Por telefone, o diretor Kleber Mendonça Filho falou ao Portal LeiaJá sobre a decisão: "Eu acho um absurdo. Não só pela falta de análise do filme pelo que ele é. Você tem Boi Neon e Para minha amada morte, que são filmes mais fortes, e eles foram classificados para 16 e 14 anos. Acho que é uma questão de dois pesos e duas medidas", disse.

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Mendonça explicou ainda sobre o conteúdo sexual do longa: "Existe um material de sexualidade muito breve no filme e ele é parte integrante da história. Além do que é muito rápido" - são três os momentos em que há imagens com teor sexual na produção. Quando perguntando se a medida poderia ter alguma relação com o protesto realizado pelo elenco do longa quando de seua participação no Festival de Canne, em maio deste ano, o diretor concluiu: "Considerando o absurdo desta decisão, acho que há espaço para alguém achar isso sim. Isso já passou pela minha cabeça". Finalizando, o cineasta lamentou a classificação recebida: "Faz parte da história do cinema filmes serem controvertidos. Mas eu só queria que ele fosse '18 anos' por questões justas".

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Memórias são ferramentas para que o amanhã não seja, simplesmente, uma versão corrompida do hoje e este, por sua vez, uma variação nonsense do ontem. A vida é contínua porém finita, assim as pessoas, suas memórias e os instrumentos que as despertam. Conservá-los - pessoas, memórias, instrumentos… - pode custar fortunas, ou partir para níveis em que o capital é apenas o primeiro empecilho à resistência.

Em “Aquarius”, Sônia Braga é Clara, que resiste a um câncer, à perda do marido, à distância dos filhos, ao passar dos anos. Conserva amigos, parentes, discos, livros, quadros, essência. No passado e presente, vive no prédio que dá nome ao filme. Nem todos, entretanto, estão interessados na conservação do Aquarius. Na verdade, só Clara se mantém como moradora do local, enfrentando as ardilosas estratégias da construtora que, após comprar os apartamentos de todos os demais inquilinos, vê em Clara a resistência solitária à construção do “Novo Aquarius” e, assim, à derribada do “velho”.

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Kléber Mendonça Filho novamente mira nas agruras do desenvolvimento urbano, desigual e desumano, enquanto sua câmera foca em primeiro plano uma personagem universal e sua vicissitudes. Em tela, Clara é a locomotiva que move toda a narrativa. A tensão é deflagrada por sua posição ante os atentados ao maior patrimônio material de sua memória. Suas reações não são previsíveis. Seus embates com Diego (Humberto Carrão, surpreendentemente bem em cena), pupilo da construtora, carregados de ideologia, são apenas reflexos do chamado à resistência que lhe salta a pele. Do vociferar às lágrimas, dos olhares suspeitos aos gemidos de tesão, Sônia Braga enche a tela de um talento embasbacante. Isso sob o olhar sensível de Kléber, que fotografa a atriz com farto deslumbre, transposto nas imagens por Pedro Sotero e Fabricio Tadeu.

E se em “O Som ao Redor” os fotógrafos exalaram o acinzentado da cidade empoeirada pelas máculas do passado, neste os mergulhos são mais profundos, principalmente no azul que, de antemão, toma de assalto os olhos do público no próprio Aquarius. O prédio também revela o excelente trabalho de direção de arte no longa. O apartamento de Clara é projetado em duas épocas diferentes e a sutileza e precisão na passagem do tempo acontece justo pela verossimilhança dos cenários construídos e da acuidade na representação da personagem: que objetos específicos ainda guarda, do passado? Como se veste depois de tudo o que viveu? Quais cicatrizes carrega? 

Grande parte das demais peças do elenco que orbitam em torno de Sônia, em linhas gerais, representam esteriótipos e tem funções de escada para a personagem. Alguns são extremamente acessórios, como Roberval (Irandhir Santos), o salva-vidas, e o jornalista Geraldo Bonfim (Fernando Teixeira). Encantadora, porém, mostra-se a relação entre Clara o sobrinho Tomás (Pedro Queiroz). Mais próximo a ela do que seus próprios filhos, Tomás ativa as memórias da tia com seu interesse no que ela viveu, ouviu, ouve e produz. Julia (Julia Berna) parece ser uma exata mescla entre os dois personagens e, turista do Rio de férias em Recife, surge como um espectador desavisado, encantado e consternado com o que vê e ciente de que o passado guarda o sentido de quem se é no presente.

O roteiro de Kléber é sinônimo de como se comporta o olhar de sua câmera. Constantemente viva, sejam em planos que se encerram ou começam em zoom, movimentos laterais ou planos aéreos, a imagem em Aquarius estuda a personagem ou a desenvolve a partir do ambiente - há muitos plongées no filme, mergulhos profundos nos cenários e situações. As diferentes facetas de Recife também invadem a tela na captura das peculiaridades de cada novo local apresentado (Brasília Teimosa, Pina, Boa Viagem são apenas alguns destes). Assim, a narrativa se descola da personagem de Clara ao passo em que ela se afasta de quaisquer padrões impostos, ou lugares comuns, para crescer como voz que “clama no deserto” (ou no/por Aquarius, metáfora de toda uma nação), política, denunciativa, voraz.

E se o filme é do diretor de “O Som ao Redor”, mais uma vez este garante um trabalho especial à trilha sonora e aos efeitos de som do filme. As músicas são responsáveis ainda por embalar ou preludiar os estados de humor da protagonista. Entre estas estão composições do Gilberto Gil, Roberto Carlos, Ave Sangria, Alcione, Queen, dentre (muitas e boas) outras.

“Aquarius” consegue ser, ao mesmo tempo, seco e sensível, como um bom representante do neorrealismo italiano, com elementos discursivos e imagéticos do cinema da nouvelle vague. E se há passagens do roteiro nas quais os diálogos parecem se alongar demais, não há nada “errado” em tela, muito pelo contrário, sobrepõe-se uma rica leitura (absurda de tão real) de um povo que, lentamente, atenta contra a memória de si mesmo e estranha quem renega tal dissabor. Mas Kléber Mendonça Filho resiste. Clara resiste. Sônia Braga resiste. Nós resistimos.

Nota: 4 / 5

Na noite desta sexta-feira (19), o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho participou de coletiva de imprensa para lançar o filme Aquarius. Em entrevista ao Portal LeiaJá, o cineasta destacou a essência do seu trabalho e a importância do processo democrático estabelecido na sociedade, abordada na obra. “Consigo observar alguns elementos de outros filmes que já fiz, mas, o principal, que posso exaltar, é o olhar da vida em uma 'sociedade democrática', onde diariamente temos que lidar com conflitos e resolver problemas”, explicou o cineasta.

Segundo o diretor Kleber, a personagem principal, Clara, que é interpretada por Sônia Braga, vive um dilema de dizer não, e para o diretor esse ato é uma forma das pessoas se defenderem e resistirem ao autoritarismo que vai de encontro aos seus direitos democráticos. “Esse dilema, essa história, ela pode acontecer em qualquer cidade e em qualquer lugar e é este dilema que apresento”, contou.

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Para Kleber Mendonça Filho, as imagens e o som têm igualmente a mesma importância e que, além disso, no cinema é necessário mostrar. “Trabalho a imagem e o som dando a mesma importância para os dois. Algumas pessoas pensam que o som em um trabalho é simplesmente para o filme não ser mudo, mas não é assim. Quanto aos enquadramentos, procuro trabalhar de forma com contemple e mostre o que é primordial para a essência do personagem”, completou.

Em relação aos comentários feitos pelo jornalista Marcos Petruccelli, Kleber foi direto e conclusivo. “O grande problema é quando a pessoa extrapola a ‘linha’ da democracia, que é criminosa, de inventar mentiras. As pessoas devem entender que tudo pode ser visto de maneiras diferentes”, finalizou. O trabalho, que tem estreia nacional no Brasil apenas no dia 1º de setembro, vai ter sua pré-estreia neste sábado (20) às 19h30, no Cinema São Luiz - área central do Recife.  

Com informações de Rodrigo Rigaud

Nesta sexta-feira (19), o cineasta Kleber Mendonça externou, em carta aberta e publicação na Folha de São Paulo, a insatisfação quanto ao posicionamento de um dos integrantes da Secretaria do Audiovisual (SAV), que vai compor a comissão do Oscar. A pessoa em questão é o jornalista Marcos Petruccelli que, segundo o diretor pernambucano, vem proferindo comentários inverídicos, quanto à equipe do filme Aquarius, e se colocando contra o longa a partir de posicionamento político.

A contenda teria começado quando a equipe do filme aproveitou o espaço no Festival de Cannes para expressar o repúdio ao que intitulou ‘Golpe de Estado’ de Michel Temer, após a saída da presidente Dilma Rousseff para o julgamento do processo de impeachment. Além disso, eles também se posicionaram contra a extinção do Ministério da Cultura.

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Segundo o diretor Kleber Mendonça, “o posicionamento estridente do senhor Petruccelli em relação a esse filme parece ter como base a sua insatisfação pessoal com o protesto democrático e que terminou sendo divulgado em mídia mundial, realizado por dezenas de trabalhadores do audiovisual brasileiro e pela equipe de ‘Aquarius’ no Festival de Cannes, onde o filme teve sua première em competição". "Foi naquele momento do mês de maio que, vale lembrar, o MinC passou alguns dias extinto - decisão do governo interino que, depois, voltou atrás, ressuscitando a pasta”, completou. Confira a carta:

Por quê estou defendendo ponto de vista ligado à participação na disputa pelo Oscar, esta "coisa de Hollywood"?. Esta pergunta me tem sido feita ao longo das últimas semanas. A questão aqui não é Oscar, Goya ou Framboesa. A questão é defender um processo democrático.

A escolha do filme para representar um país no Oscar deve ser estratégica para o cinema do país. As comissões montadas pela Secretaria do Audiovisual para a seleção de um filme devem respeitar o processo democrático executado pelo Ministério da Cultura, órgão federal que defende, estimula e divulga a cultura brasileira. Antes de discutir o Oscar, o que ele é e representa, é importante defender a seriedade dos processos de seleção públicos para que a comissão, escolhida democraticamente por entidades ligadas ao audiovisual, possa fazer o trabalho corretamente.

Como muitos já sabem, há duas semanas começou a circular a informação de que o jornalista paulista Marcos Petruccelli anunciara nas suas redes sociais o convite, realizado pelo Secretário do Audiovisual do atual governo interino, o pernambucano Alfredo Bertini, para compor a comissão que irá escolher o filme brasileiro para o Oscar.

Tecnicamente, Petruccelli seria um nome adequado. É jornalista da área de entretenimento, atua na Radio CBN, e acredito que o mesmo padrão técnico aplica-se aos outros nomes da comissão, pessoas ligadas ao cinema e à cultura, livres para tomar suas decisões.

No entanto, a questão que vem sendo levantada pela imprensa e redes sociais, e que me trazem a esse posicionamento, é que o jornalista em questão vem atacando, por questões políticas suas, já há três meses, "Aquarius", filme escrito e dirigido por mim, e que o jornalista membro oficial da comissão já informou não ter visto.

O posicionamento estridente do Sr. Petruccelli em relação a esse filme parece ter como base a sua insatisfação pessoal com o protesto democrático e que terminou sendo divulgado em mídia mundial, realizado por dezenas de trabalhadores do audiovisual brasileiro em Cannes e pela equipe de Aquarius no grande festival, onde o filme teve sua première em competição. Foi naquele momento do mês de maio que, vale lembrar, o Ministério da Cultura passou alguns dias extinto - decisão do Governo interino que depois voltou atrás, ressuscitando a pasta.

Se esse comportamento do jornalista já faz da sua participação nesta comissão algo constrangedor para a SaV, a questão torna-se ainda mais séria quando alguns desses ataques sugerem publicamente mentiras sobre a equipe de mais de 30 profissionais de “Aquarius” ter ido a Cannes "de férias”, suas estadias que teriam sido pagas pelo dinheiro público com orçamento ("no chute" do Sr. Petrucelli) de “500” euros por dia. Esse é um comportamento irresponsável num momento político onde fatos já têm sido tão ignorados e distorcidos na mídia.

Este jornalista, que deveria ter intimidade com a área na qual trabalha, não parece entender que um filme como Aquarius, feito em Pernambuco, existe através de uma união de profissionais do cinema, trabalhadores do audiovisual que fazem parte de uma comunidade criativa relativamente pequena.

Para completar, parte importante dessa mesma equipe também estava em Cannes para apresentar um segundo filme pernambucano (na prestigiosa Semana da Crítica), O Delírio é a Redenção dos Aflitos, de Fellipe Fernandes, assistente de direção de Aquarius. Caso raríssimo de dois filmes pernambucanos e brasileiros, em Cannes, em mostras de enorme prestígio. É motivo para celebrar dois trabalhos bem feitos, de maneira honesta.

Em Aquarius, nossa equipe trabalhou durante 15 semanas, sete de preparação e oito de filmagem. Esses profissionais quiseram celebrar o longa e o curta, em Cannes. Com a seleção dos dois filmes, essa equipe fez esforços pessoais para ir à França, pois Cannes que é um encontro mundial de profissionais de cinema.

Para que fique claro, com a exceção da minha pessoa e Sonia Braga (despesas pagas pelos co-produtores franceses) e três apoios publicados em Diário Oficial da Agência Nacional de Cinema publicados (previsto, reconhecido, oficializado para profissionais brasileiros a trabalho em grandes festivais internacionais de cinema) para integrantes da nossa equipe de produção, as mais de 30 pessoas da equipe (demais atores, técnicos, produtores) usaram seu próprio dinheiro, parcelando passagens aéreas e dividindo hospedagem. Não há nada de sinistro nisso. Sinistra é a má fé de um personagem primitivo com acesso à internet, sem senso de informação.

É triste ter que corrigir com fatos, puros e simples, o tipo de mentira destrutiva que um comunicador tem espalhado de forma tão irresponsável. E essa pessoa está numa comissão que deveria defender os interesses do país, para julgar um filme que ele mesmo vem caluniando da forma mais torpe imaginável.

É esse tipo de postura sombria que, infelizmente, tem marcado as discussões políticas no nosso país, transformando qualquer artista brasileiro em criminosos instantâneos, sem provas de nada, e onde a defesa democrática de um ponto de vista sobre o Brasil é algo a ser descartada com ódio e sem diálogo.

Esse ano, a Academia de Hollywood tomou medidas novas para democratizar a opinião e o poder de voto dos seus membros, convidando cerca de 600 novos nomes de todo o mundo (uma dezena deles brasileiros, incluindo Anna Muylaert, Rodrigo Teixeira e Lula Carvalho), mulheres e homens de múltiplas culturas. Ironicamente, é nesse momento que o processo de seleção de um filme brasileiro para essa mesma Academia comece já tão errado.

Independente da escolha dessa comissão, Aquarius estará nos festivais de Toronto e Nova York em setembro, depois da estreia em Cannes com recepção espetacular da mídia internacional, ganhar o festival de Sydney e contar já com distribuição em mais de 60 países, em todas as plataformas (cinema, TV e VOD, incluindo Netflix em quatro territórios incluindo Ásia). É um filme sobre amar as pessoas, estar com elas. É também sobre a defesa de um ponto de vista, de uma opinião baseada em fatos e em experiência de vida através do respeito à história de cada um, e como isso choca-se com o poder. Ou seja, Aquarius está em casa.

KLEBER MENDONÇA FILHO

Roteirista e Diretor de Aquarius, filme brasileiro.

 

A 44ª edição do Festival de Cinema de Gramado inicia no dia 26 de agosto. A programação foi divulgada na manhã desta quarta (20) e terá como filme de abertura Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. A protagonista do longa, Sônia Braga, será a grande homenageada deste ano com o Troféu Oscarito. 

A produção de Kleber Mendonça será exibida fora de competição no festival. Ainda estão na programação longas como Elis (Hugo Prata), Barata Ribeiro, 716 (Domingos Oliveira), O Roubo da Taça (de Caito Ortiz), El Mate (Bruno Kott), O Silêncio do Céu (Marco Dutra) e Tamo Junto (Matheus Souza), que disputarão o prêmio Kikito de melhor filme. 

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Sônia Braga, que vive Clara em Aquarius, é a grande homenageada desta edição pela sua trajetória no cinema nacional. Ao lado dela, também receberá homenagens o ator Tony Ramos, que receberá o Troféu Cidade de Gramado. 

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Entre agosto e setembro de 2015, foi rodado no recife o filme Aquarius, segundo longa metragem de Kléber Mendonça. Agora, foram divulgadas imagens com bastidores e curiosidades sobre a produção em um making of. Este é o primeiro de uma série de cinco vídeos que serão divulgados até a estreia comercial do longa, no dia 1° de setembro. 

Aquarius já rodou importantes festivais de cinema do mundo tendo uma expressiva participação em Cannes - concorrendo ao prêmio Palma de Ouro - e no festival de Sidney, no qual venceu na categoria de Melhor Filme. O longa chegará às telonas pernambucanas com antecedência, estreando na cidade no dia 20 de agosto.

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No making of do longa, o público vai descobrir detalhes como o número de horas em que foi feito (850), quantidade de personagens da história (42) e de semanas de trabalho (12). O vídeo pode ser visto no YouTube.  


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Finalmente, após percorrer por vários festivais e estar entre as produções cinematográficas que concorreram no Festival de Cannes, o filme 'Aquarius', do pernambucano Kléber Mendonça, será exibido na capital pernambucana. A confirmação foi feita pela Fundação do Patrimônio Artístico de Pernambuco (Fundarpe), nesta quinta-feira (7).

O filme será apresentado, pela primeira vez, no dia 20 de agosto, no Cinema São Luiz - equipamento cultural histórico. Já o lançamento nacional acontece duas semanas depois, no dia 1º de setembro. Com ‘Aquarius’, Kléber Mendonça já conquistou várias premiações, como no Festival de Gramado, a 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e festivais internacionais como Copenhague e Roterdã.

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Sinopse: O segundo longa do cineasta Kléber Mendonça aborda a história de Clara, que mora em prédio antigo à beira mar do bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e vive cercada de recordações e objetos antigos. Enquanto ela revive os momentos, várias construtoras apresentam propostas para comprar o local e demolir para erguer um novo empreendimento.  

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O aclamado filme Aquarius, do diretor Kleber Mendonça, acaba de ganhar trailer e data de estreia no Brasil. O longa, que disputou a palma de Ouro em Cannes e desbancou os demais concorrentes vencendo o Festival de Cinema de Sydney, na Austrália, chega às telonas brasileiras no dia 1° de setembro.

Protagonizado por Sônia Braga, Aquarius conta a história de Clara, moradora de um prédio na Avenida Boa Viagem, no Recife, cobiçado por uma grande construtora. Ela é a última moradora do imóvel e se recusa a vender o seu apartamento para que o edifício não seja demolido. Enquanto passa por todo tipo de assédio e ameaça por parte dos possíveis compradores, Clara passeia pelas lembranças e memórias afetivas construídas no lugar onde viveu boa parte de sua vida. 

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Aquarius, do diretor Kleber Mendonça Filho, levou o prêmio de melhor filme no 63º Sydney Film Festival, na Austrália. A passagem do longa pelo país foi bem menos polêmica do que sua estreia no Festival de Cannes, em abril. Apesar de não ter levado a premiação europeia, o filme foi bastante elogiado pela crítica. 

Em entrevista ao The Sydney Morning Herald, o presidente do júri do festival, o produtor Britânico Simon Campo, revelou que a decisão foi unânime. “Aquarius é uma indicação de obrigação e relevância sobre o Brasil contemporâneo e o poder de um indivíduo defender o que acredita”, disse.

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Em sua conta oficial no Facebook, Kleber Mendonça Filho agradeceu a premiação. “Mensagem informa que AQUARIUS ganhou prêmio de Melhor Filme no 63º Sydney Film Festival, uma honra e tanto para mim e toda a equipe. Thank you Australia!”, publicou o diretor, juntamente com a foto de Sônia Braga, protagonista do seu filme.

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O filme pernambucano Aquarius não foi premiado no Festival de Cannes. Na tarde deste domingo (22), os grandes vencedores foram anunciados e "I, Daniel Blake”, uma implacável narrativa sobre a injustiça social na Inglaterra, ganhou a Palma de Ouro. O resultado, entretanto, não apagou o sentimento de satisfação do cineasta pernambucano e diretor da obra, Kleber Mendonça Filho, que logo após o evento de premiação tratou que engrandecer os caminhos que serão traçados pelo longa.

Através do Facebook, Kleber Mendonça Filho apontou fatores que abrilhantam a obra pernambucana, mesmo sem a conquista da Palma de Ouro. “Tivemos 9 dias indescritíveis no Festival de Cannes apresentando Aquarius em première mundial e em competição. Prêmios não são matemáticos, por mais que a imprensa, a crítica e cinéfilos defendam seus filmes amados. Fica uma experiência intensa de repercussão, imprensa espetacular, discussão emotiva e política em torno do filme e do Brasil, do amor e da história. E esse filme pernambucano em parceria com a França e rodado na praia do Pina começa uma longa carreira até agora programada em 18 países (Sydney Australia daqui a 2 semanas). E começa também o percurso até o Brasil, em especial ao Recife. Obrigado a todos! Aquarius”, escreveu o diretor do filme.

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Kleber Mendonça Filho ganhou a atenção da mídia não só por Aquarius. No festival realizado na França, o cineasta fortaleceu sua posição política em apoio à Dilma e contra o fim do Ministério da Cultura. Confira:

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Vários filmes são considerados favoritos a ganhar a Palma de Ouro que será atribuída neste domingo, entre eles o brasileiro "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, encerrando uma edição da mostra francesa, marcada por surpresas muito aplaudidas e vaias a diretores que decepcionaram.

"Toni Erdmann", de Maren Ade, que pertence à nova geração de cineastas alemães, conquistou antecipadamente os corações na Croisette. Falta ver se o júri de nove membros, comandado pelo diretor de "Mad Max", o australiano George Miller, confirma o veredicto dos aplausos e das boas críticas.

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A reta final da competição trouxe novos competidores e, segundo a maioria dos assistentes, após a projeção deste sábado de "Elle", do holandês Paul Verhoeven, último dos 21 filmes em disputa, o jogo ficou indefinido.

Entre os outros favoritos, a poesia de "Paterson", do americano Jim Jarmusch, cativou Cannes; mas também o cinema romeno encantou com dois filmes muito elogiados: "Sieranevada", de Cristi Puiu, e "Bacalaureat", do e Cristian Mungiu, já premiado em 2007.

O universo feminino de "Julieta", de Pedro Almodóvar, uma Sonia Braga combativa em "Aquarius", do brasileiro Kleber Mendonça Filho, o amor interracial de "Loving", de Jeff Nichols, e o cinema social de Ken Loach em "Yo, Daniel Blake", arrancaram aplausos.

O cinema brasileiro já comemorou neste sábado o Olho de Ouro de melhor documentário, concedido a "Cinema Novo", de Eryk Rocha, sobre o movimento cinematográfico surgido nos anos 1960 no Brasil e liderado pelo pai do diretor, Glauber Rocha. Já vários diretores de primeiro plano decepcionaram com seus filmes, a começar por Sean Penn e sua ridicularizada história de amor entre voluntários na África, contada em "The Last Face", o filme mais vaiado da competição.

A comédia familiar "It's only the end of the world", de Xavier Dolan, foi apedrejada pela crítica internacional, mas agradou a francesa. Também dividiram opiniões o thriller erótico e canibal do dinamarquês Nicolas Winding Refn, em "The Neon Demon", "Personal Shopper" de Olivier Assayas, e "American Honey" de Andrea Arnold.

'Last, but not least'

"Elle", thriller mordaz de Paul Verhoeven - que assina "Instinto Selvagem" -, e "The Salesman", um drama social iraniano, encerraram neste sábado com chave de ouro a 69ª edição do Festival de Cannes. No longa do cineasta holandês, Isabelle Huppert, de 63 anos, interpreta uma mulher violentada que pouco a pouco entra em um jogo perigoso e perverso com seu agressor.

À imprensa, Huppert disse não se preocupar com a reação que os espectadores podem ter ao descobrir a relação particular que ela terá com seu estuprador, a quem não denuncia ou afasta de sua vida quando descobre sua identidade. "Não é um proclame sobre uma mulher violentada, que acaba aceitando-o. Não quer dizer que aconteça com todas as mulheres do mundo. Acontece com essa mulher em particular como indivíduo", disse Huppert.

A atriz, que para muitos críticos atuou no papel de sua vida, é apontada como uma das favoritas ao prêmio de interpretação feminina, que já ganhou em duas edições anteriores. O filme também obteve boas críticas da imprensa. O jornal francês L'Express aplaudiu "a ambiguidade perversa" deste thriller, que chegou a arrancar risadas dos espectadores. Já em "The Salesman", o iraniano Asghar Farhadi conta a história de um casal de atores de teatro que ensaiam a peça "Morte de um caixeiro viajante", de Arthur Miller, e precisa, deixar o apartamento em que vivem em Teerã, que ameaça desabar.

O diretor se questiona, através desta história marcada pela vingança, sobre a violência, que o protagonista considera estar no direito de exercer. "Há tempos queria fazer um filme sobre uma peça de teatro", explicou à AFP Asghar Farhadi, de 44 anos, ganhador de um Oscar com "A Separação" (2011). "Há um paralelismo muito forte entre a atuação na peça de teatro e o que está em jogo para os personagens do filme", disse o diretor.

Julia Roberts descalça e outras musas de Cannes

Da constelação que passou pelo tapete vermelho, uma das imagens que ficará gravada será a de uma deslumbrante Julia Roberts subindo descalça e desafiadora a escadaria do Palácio dos Festivais. Também abriu caminho uma nova geração de atrizes, de Kristen Stewart a Elle Fanning, passando por Blake Lively e a cubana Ana de Armas, assim como veteranas, como Sonia Braga, sorridente e bem resolvida aos 65 anos.

Em um registro mais rebelde que o de Julia Robers, os roqueiros 'bad boys' Iggy Pop e Jim Jarmusch também desafiaram o protocolo do tapete vermelho, fazendo gestos obscenos com o dedo médio ao posar para as câmeras.

Crise brasileira na Croisette

Ao lado de Sonia Braga, o elenco de "Aquarius" aproveitou a exposição mundial em Cannes para protestar com cartazes contra o governo do presidente interino Michel Temer. Os demais cineastas brasileiros presentes ao festival, cujo cinema foi em boa parte subvencionado pelos governos anteriores, se somaram ao protesto contra o que denominaram de "golpe de Estado" de Temer e a extinção do ministério da Cultura.

A política chilena também marcou presença na Croisette com "Neruda", de Pablo Larraín, sobre a perseguição ao poeta em seus anos de militância comunista, nos anos 1940. Já o chileno Alejandro Jodorowsky apresentou em Cannes um aplaudida "Poesía sin fin", a segunda parte de sua saga autobiográfica.

Almodóvar, Luis XIV e a volta por cima da Espanha

A Espanha fez um retorno retumbante nesta 69ª edição, com a quinta participação de Almodóvar na disputa pela Palma de Ouro.

Mas o destaque ibérico não se limitou ao consagrado diretor de "Julieta", que conseguiu superar sem maiores danos a má fase por sua citação no escândalo dos "Panama Papers". A nova geração também defendeu as cores da Espanha, especialmente na participação do galego Oliver Laxe, grande prêmio da Semana da Crítica, com sua aventura épica e espiritual em "Mimosas".

O catalão Albert Serra cativou Cannes com "La muerte de Luis XIV", trazendo o lendário ator francês da Nouvelle Vague Jean-Pierre Léaud na pele do Rei Sol, uma escolha elogiada pela imprensa, do New York Times à mídia francesa, que se referiu ao filme como uma obra-prima.

O cineasta Kleber Mendonça Filho repercutiu as informações que circularam na internet afirmando que seu o Ministério da Educação (MEC) não sabia o que fazer com seu cargo público de coordenador do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Em entrevista à Carta Capital, Kleber afirmou que se o ministro da educação, Mendonça Filho, discordasse da importância e do bom trabalho feito pelo cineasta na Fundaj, ele colocaria seu cargo à disposição.

Sobre seu cargo na Fundaj, Kleber contou que está à frente do cinema desde 1998 e inicialmente sua política inicial era de formação de público. “A ideia é exibir filmes do mundo inteiro que defendemos como importantes para a cultura dentro de uma ideia fora do mercado”, explicou.

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Kleber Mendonça disse que educação, cultura e saúde são as três áreas essenciais que o Estado deve bancar. “A saúde é a saúde; a educação traz uma compreensão da sociedade, traz dignidade, da mesma maneira que a cultura também traz dignidade”, comentou o cineasta.

Sobre o ato realizado no Festival de Cannes, em que o diretor e o elenco do filme Aquarius se manifestaram contra o atual governo e indicaram como um “golpe”, Kleber explicou que a ação foi despretensiosa. “O pequeno gesto às vezes toca no nervo que incomoda e aí ele se torna muito grande, mas foi um pequeno gesto. E, inclusive, despretensioso. Não tinha megafone, não tinha microfone, ninguém tirou a roupa, só papel A4. É a força dos fatos, na verdade”, disse Kleber.

Confira a entrevista de Kleber Mendonça Filho:

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Em apoio ao ato realizado pela equipe do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, no Festival de Cannes, um evento criado no Facebook propõe a recepção do diretor e do elenco. A ideia sugere que Kleber e os atores do longa sejam recepcionados, no Aeroporto Dos Guararapes, no Recife, com tapete vermelho, no dia 29 de maio.

O evento diz que a recepção também é uma forma de homenagem à projeção do cinema pernambucano e brasileiro no mercado internacional. “Por conta dessa competência do cineasta e elenco, a repercussão do manifesto no tapete vermelho em Cannes levou aos quatro cantos do mundo o alerta de que o Brasil já sofreu um golpe no estado democrático de direito. Vamos todos receber nossos artistas e heróis nacionais da cultura e da arte com uma calorosa recepção pacífica e cultural”, consta na página do evento.

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Na rede social, dos 1,6 mil convidados, 405 demonstraram interesse e 156 confirmaram presença no evento. A recepção será realizada das 18h às 20h. O Aeroporto Internacional dos Guararapes está localizado na Praça Ministro Salgado Filho, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife.

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O cargo de coordenador na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Recife, ocupado pelo diretor do filme Aquarius, Kleber Mendonça Filho, não é discussão atual na pauta do Ministério da Educação e Cultura (MEC), segundo informações da assessoria de imprensa do ministro Mendonça Filho. A pasta ainda reitera que o cineasta “é livre para expressar sua opinião em um país democrático”. 

A discussão do cargo de Kleber não está em pauta no MEC porque o novo presidente da Fundaj ainda não foi definido, segundo informações da assessoria do ministro, e que na gestão de Mendonça, não existe política de “caça às bruxas”. O debate sobre o cargo de Kleber Mendonça Filho foi levantado após a polêmica acerca da manifestação da equipe do filme Aquarius contra o governo do presidente interino, Michel Temer.

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A Fundação Joaquim Nabuco afirmou que não irá se pronunciar sobre a situação do cargo do coordenador do local. Kleber Mendonça Filho ainda se encontra na França, no Festival de Cannes. Nossa reportagem não conseguiu contato com o diretor.

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A atitude do elenco do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, em Cannes, de protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff com cartazes nesta terça-feira (17), não agradou a alguns brasileiros. No Twitter, um dos assuntos mais comentados do momento é a hashtag #BoicoteAquarius. Na polêmica, os internautas que apoiam a ideia de não assistir ao filme e alegam que o dinheiro gasto com a obra poderia ter sido utilizado para outros fins e criticam a situação econômica atual do país.

“Dilma cortou 10 bi da educação. Os supostos intelectuais ficaram quietos. Ué.”, comentou um internauta. “Golpe é Dilma em cinco anos ter acabado com 23 mil leitos do SUS.”, criticou outro.

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Os apoiadores do boicote, ainda, criticam a atitude dos artistas em Cannes. “Saúde e educação pública estão um lixo e não vi nenhuma plaquinha.”, escreveu um usuário da rede social. “Deveriam fazer cartazes dos 11 milhões de desempregados no país e das pessoas que estão morrendo nos hospitais.”

Confira alguns Tweets sobre o assunto:

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