A presidenta Dilma Rousseff passou o dia reunida com sua equipe e apoiadores que vieram manifestar posição contrária ao impeachment. Seis governadores estiveram no Palácio do Planalto, em um trabalho que envolve não somente posicionamento público, mas também “corpo a corpo” junto às bancadas estaduais para garantir os votos necessários para barrar o processo no próximo domingo (17).
Analisando que o cenário dos últimos dias melhorou para Dilma, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), esteve no gabinete da presidenta acompanhado do deputado Waldir Maranhão (PP-MA), primeiro vice-presidente da Câmara, que segundo Dino, alterou sua posição e agora vai votar contra o impeachment.
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O governador informou que no Maranhão, três deputados que eram “dados como certo a favor” do afastamento de Dilma foram revertidos nesta sexta-feira (15). Ele disse ter encontrado a presidenta “tranquila e firme”, de “quem não cometeu nenhum crime” e com a “convicção” de que há votos suficientes para derrubar o processo.
"Nós [Dilma e eu] circunscrevemos a uma análise de que o clima melhorou muito nos últimos dias. Há um entendimento claro e muito nítido de que a suposta avalanche que haveria na direção do apoio ao impeachment não se verificou. Waldir Maranhão esteve comigo reiterando que há uma posição clara de vários deputados do PP sob liderança dele e de outros, de seguir a manutenção de apoio ao governo. Este é um caso bastante emblemático, até porque ele foi eleito na chapa do líder desse processo golpista que é o atual presidente da Câmara", disse, referindo-se ao deputado Eduardo Cunha.
Flávio Dino disse que ele e outros governadores estão na reta final de um trabalho de diálogo com parlamentares alertando para as consequências de um resultado favorável ao impeachment, classificado pelos governistas de golpe. "Nós acreditamos que haveria uma situação muito grave de uma dualidade de poderes, porque nós teríamos o governo da presidenta Dilma de um lado, por, pelo menos, mais 30 dias. De outro um hipotético futuro governo. Depois, teríamos ainda um longo processo de tramitação no Senado. Nós teríamos a paralisação completa das instituições no nosso país, emendando ainda com as eleições municipais. Ou seja, aquilo que a população precisa para a solução de seus problemas seria postergado no mínimo para 2017", disse.
Além de Dino, parlamentares e governadores da Paraíba, Amapá, Ceará e Piauí, a presidenta também se reuniu com deputados federais da Bahia, bancada na qual 70% dos votos serão contrários ao impeachment, segundo o Planalto.
O vice-líder do governo na Câmara, deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), também se reuniu com a presidenta para, junto com outras lideranças da base, fazer um levantamento dos votos, bancada a bancada. Sem revelar a lista que guardava em seu paletó, o deputado disse que o governo já ultrapassou os 172 votos necessários para derrubar o processo.
O Planalto também aposta em abstenções e ausências. De acordo com um aliado, a previsão atual é de que 20 deputados não compareçam no plenário no domingo, e, com isso, dificultem os 342 votos necessários para aprovar o prosseguimento do impeachment. Queimada a “gordura” nos últimos dias com debandada de alguns partidos da base aliada, hoje o número que circulou nos bastidores do Planalto é que Dilma possui 180 votos.
"Temos ainda 36 votos a trabalhar. É o voto do deputado que ainda a essa altura está indeciso. Portanto estamos bem acima da margem de erro. Lógico que sentamos com a presidente, e pegamos [os votos] do Acre ao Rio Grande do Sul. A presidente ficou hiperfeliz, agradeceu a todos nós. Disse que efetivamente estamos defendendo democracia", afirmou.
Acusando a oposição de mentir quando garante ter números para aprovar o processo, Sílvio Costa afirmou que planeja anunciar no domingo, antes do início da votação, quantos votos o governo possui em cada estado para provar que tem o apoio necessário. "Minha opinião é que é hora de buscar votos. Neste momento, vamos respeitar o contraditório, a opinião pública, agora vamos buscar voto no plenário", disse.