O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mobiliza seus apoiadores neste sábado (13) e reza em Santa Sofia, a basílica transformada em museu em Istambul, a 24 horas das decisivas eleições de domingo, nas quais enfrenta uma oposição unida pela primeira vez.
É nesta basílica bizantina do século IV, convertida em mesquita em 2020, que o chefe de Estado encerrará uma campanha de injúrias e ameaças veladas feitas tanto por ele quanto por seus correligionários contra seu maior rival, Kemal Kiliçdaroglu.
"Todo o Ocidente ficou atordoado! Mas eu fiz", gritou ele para seus apoiadores, neste sábado, sobre a conversão da Santa Sofia.
Reeleito nas urnas desde 2003, Erdogan, de 69 anos, prometeu na sexta-feira respeitar o resultado das eleições presidencial e legislativas, para as quais são convocados 64 milhões de eleitores.
"Chegamos ao poder pela via democrática, com o apoio do nosso povo. Se nossa nação tomar uma decisão diferente, faremos o que a democracia exige", afirmou, visivelmente irritado, em entrevista transmitida à noite pela televisão, simultaneamente, na maioria dos canais do país.
O medo de excessos violentos persiste nas grandes cidades, após uma série de incidentes ocorridos na reta final de uma campanha bastante polarizada, obrigando seu adversário a usar um colete à prova de balas debaixo do terno em suas últimas reuniões de campanha.
- "Prontos para a democracia?" -
Kiliçadraoglu, que voltou para Ancara, conclui sua campanha neste sábado com uma visita simbólica ao mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk, fundador da Turquia moderna.
Ao contrário do poder autocrático "de um só homem" (Erdogan), seu principal adversário, de 74 anos, propõe, em caso de vitória, uma direção colegiada, cercada de vice-presidentes que representem os seis partidos da coalizão que ele dirige, indo da direita nacionalista à esquerda liberal.
"Estão prontos para a democracia? Para a paz reinar neste país? Eu estou. Prometo isso a vocês", declarou, ontem, em seu último grande comício em Ancara.
"Eu prometo" é o slogan de sua campanha e o refrão das canções de seus apoiadores.
Kiliçadraoglu promete o retorno ao Estado de direito e ao regime parlamentar, a separação dos poderes e a libertação das dezenas de milhares de presos políticos, entre juízes, intelectuais, militares e funcionários públicos, acusados de "terrorismo", ou de "insulto ao presidente ".
A popularidade do chefe de Estado, que destaca as grandes conquistas e o desenvolvimento de seu país desde 2003, foi prejudicada pela virada autoritária da última década, por uma economia em crise e por uma inflação de cerca de 40% em um ano, conforme dados oficiais contestados.
Erdogan reconhece ter dificuldade para atrair os mais jovens, dos quais mais de 5,2 milhões votarão pela primeira vez. Outra incógnita é o impacto do terremoto que devastou parte do sul da Turquia, deixando pelo menos 50 mil mortos e três milhões de desaparecidos.