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O procurador-geral da República Augusto Aras defendeu, nessa quinta-feira (26), que a cassação de candidaturas deve atingir toda a chapa eleitoral do partido beneficiado por 'laranjas', pessoas que se lançam candidatas apenas para garantir o cumprimento de cotas. A manifestação foi enviada em uma ação movida pelo Solidariedade (SD).

O ponto em discussão é a exigência legal de que ao menos 30% das candidaturas dos partidos devem ser femininas e a punição prevista a quem usar 'laranjas' para burlar a lei. A legenda pede que seja dada interpretação de que somente as candidaturas laranja e aqueles que se beneficiaram delas devem ter os registros cassados. Para Aras, esse cenário é ineficiente e levaria ao fim da política pública afirmativa.

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"Isso porque, se o indeferimento do registro recair apenas sobre as candidaturas laranjas, correr o risco de ser descoberto passa a valer a pena. É um incentivo para que os partidos infratores se beneficiem da própria torpeza", afirmou. "Nesse sentido, tudo continuará como antes: poucas mulheres se candidatam verdadeiramente aos cargos eletivos e um menor número delas é eleita".

A manifestação de Aras segue entendimento firmado em agosto do ano passado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). À época, a Corte cassou o mandato de seis dos 11 vereadores da Câmara de Valença do Piauí (PI) que se beneficiaram de cinco candidatas classificadas como laranjas, pois tiveram votação inexpressiva, não praticaram atos de campanha e nem tiveram gastos declarados nas prestações de conta.

O Solidariedade alegou que manter a punição a toda a chapa poderia até reduzir o número de mulheres eleitas, pois atingiria candidatas que não tem relação com as laranjas. Aras, no entanto, destacou que tal cenário 'pode ocorrer ou não, a depender das circunstâncias de cada eleição'.

"Como também pode ocorrer, em consequência da referida cassação de registro, a eleição de um número maior de mulheres de outro partido político. O importante aqui não são os números concretos de cada certame eleitoral, mas a adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito da política pública como um todo", afirmou.

O entendimento firmado pelo TSE no ano passado deve seguir de referência para a análise de casos semelhantes, como a investigação sobre candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais e em Pernambuco. Foi nesta investigação que o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público Eleitoral em outubro de 2019.

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira, 11, Operação Títeres, para investigar um esquema de candidaturas "laranjas" montado por um grupo em Roraima para fraudar e desviar recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha durante as eleições 2018.

As campanhas sob apuração são de candidatas pelo PSD e que receberam recursos tanto da própria sigla como do MDB, que fazia parte da coligação. Segundo fontes informaram ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-senador Romero Jucá e o ex-governador de Roraima Rodrigo Jucá, seu filho, estão na mira dos investigadores, que consideram que ambos administravam o dinheiro e escolhiam quais as candidaturas receberiam mais recursos.

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Em nota, a Polícia Federal disse que uma das candidatas investigadas teria recebido R$ 105 mil e obtido apenas nove votos. A PF não informou o número total de candidatas sob investigação e os valores totais envolvidos.

Os agentes cumprem seis mandados de busca e apreensão na capital do Estado, Boa Vista. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de Roraima. Os crimes sob investigação são a apropriação de valores de financiamento eleitoral, falsidade ideológica eleitoral e associação criminosa.

Segundo a PF, as investigações tiveram início após a constatação de que candidatas a deputadas federais e estaduais obtiveram um índice de "custo de votos" vinte vezes superior à média brasileira.

O desvio de recursos públicos para campanhas eleitorais, usando principalmente candidaturas "laranjas", é alvo de 221 inquéritos conduzidos pela Polícia Federal.

Outros 12 já foram concluídos, com o indiciamento de investigados. Entre eles, o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) e o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), presidente nacional da legenda. Eles são apontados como beneficiários de esquema em Minas e em Pernambuco, respectivamente, em que candidaturas femininas "laranjas" nas eleições 2018 serviram para desvio de recursos do financiamento eleitoral.

Em Roraima, os investigadores da Títeres identificaram que, apesar dos recursos recebidos, algumas candidatas obtiveram número irrisório de votos, entre elas uma que teria recebido quase R$ 105 mil e obtido só nove votos.

A corporação suspeita que os recursos das candidaturas "laranjas" tenham sido destinados a candidatos que efetivamente disputariam as eleições ou utilizados para pagamentos de empresas de fachadas e serviços que não teriam sido executados.

A Polícia Federal indicou ainda que apesar das candidatas investigadas serem de um partido, a maior parte dos recursos destinados a elas seria proveniente de uma outra legenda. Ambos participavam de uma mesma coligação à época.

"A autorização e execução da transferência de recursos do Fundo de Financiamento Especial de Campanha dependeria da presidência estadual dos partidos, bem como deles também dependeriam a escolha de candidatos e a aprovação de suas respectivas prestações de contas", afirmou a PF.

A Títeres apura os crimes de participação em associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral apropriação de valores do financiamento eleitoral. As penas de tais delitos, somadas podem chegar a 14 anos, informou a PF.

O nome da operação, segundo a Polícia Federal, faz referência aos fantoches movidos por meio de cordas ou pelas mãos dos controladores.

Defesas

Procurada, a defesa de Romero Jucá afirmou que não tem conhecimento de qualquer investigação sobre o ex-senador envolvendo candidaturas laranjas. O espaço está aberto para manifestações de citados.

O desvio de recursos públicos para campanhas eleitorais, usando principalmente candidaturas "laranjas", já rendeu 221 inquéritos conduzidos pela Polícia Federal neste ano. O número representa 12,5% do total de investigações sobre caixa 2, o crime mais denunciado nas disputas políticas. A quantidade de inquéritos, no entanto, tende a aumentar, já que Ministérios Públicos de sete Estados avaliam outras 140 notificações de irregularidades.

As irregularidades ocorreram na eleição de 2018, a primeira em que as legendas tiveram de repassar, obrigatoriamente, 30% dos fundos partidário e eleitoral para mulheres. Há a preocupação de que a prática se repita na eleição municipal do ano que vem, quando os partidos devem ter acesso a R$ 3,8 bilhões de fundo eleitoral, mais que o dobro do destinado na campanha passada.

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A PF concluiu, até agora, 12 inquéritos que apontaram a apropriação de verba do financiamento eleitoral. A existência de um "laranjal" nas eleições de 2018 também chamou a atenção do Ministério Público. Os dois casos mais célebres atingem mulheres que entraram no páreo por vagas de deputadas estadual e federal em Minas Gerais e em Pernambuco.

Elas são suspeitas de fazer parte de esquemas arquitetados para construir candidaturas de fachada, com o objetivo de irrigar outras campanhas e beneficiar o presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, que comandava o partido em Minas no ano passado. Ambos negam as acusações.

No Mato Grosso do Sul, a candidata a deputada estadual Gilsienny Arce Munhoz (Republicanos) foi acusada de ser "laranja". Para receber 491 votos - ou 0,04% dos válidos -, ela gastou R$ 761 mil, sem comprovar o uso da maior parte dessa verba, de acordo com a investigação. A denúncia do MP incluiu também o presidente regional do partido, pastor Wilton Acosta, e outras três pessoas.

Gilsienny negou ter cometido qualquer irregularidade e disse que não pode ser chamada de "laranja". "Foi a primeira vez que concorri e muitos homens não tiveram essa quantidade de votos". Na visão dela, se houve algum desvio, foi pelas outras pessoas denunciadas. Já o pastor Wilton afirmou que vai esperar os detalhes da investigação, mas disse que sua prestação de contas foi aprovada.

Há, ainda, investigações abertas em São Paulo, Ceará, Tocantins e Mato Grosso.

Crescimento

Além dos casos investigados pela PF, o número de processos que apuram a existência de candidaturas "laranjas" tende a aumentar nos próximos meses. Nos Estados, promotores começaram a se debruçar sobre prestações de contas recentemente rejeitadas por tribunais regionais eleitorais. Somente no Rio Grande do Sul, por exemplo, 79 notificações de irregularidades foram distribuídas para análise. No Mato Grosso do Sul, há outros nove casos que podem resultar em abertura de inquérito.

Em São Paulo, a Procuradoria Regional Eleitoral possui 38 apurações de fraudes em prestação de contas, tendo como alvo candidatas de 12 partidos, entre eles, DEM, PT e PSDB. Além disso, quatro ações de impugnação de mandato tramitam em segredo de Justiça.

Os esquemas de "laranjas" têm sido enquadrados em um artigo do Código Eleitoral que define como crime a apropriação de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, tanto pelo candidato quanto pelo administrador da campanha. A pena é de 2 a 6 anos e multa superior ao dos condenados por caixa 2.

A estratégia de lançar candidaturas "laranjas" de mulheres se intensificou a partir de 2018. No diagnóstico do procurador regional eleitoral em Pernambuco, Wellington Saraiva, houve "desvirtuamento da imposição legal" de que partidos devem destinar 30% do fundo às mulheres.

"O que estamos presenciando são esquemas derivados do fato de que não temos presença feminina estimulada pelos partidos. Então, quando os partidos adotam postura que, no fundo é machista, de desestimular candidaturas femininas, eles indicam mulheres apenas para preencher os critérios legais e desviam valores para candidaturas masculinas ou para benefício de dirigentes", disse Saraiva. "A meu ver, é consequência de uma cultura política retrógrada, viciada."

Núcleos de combate

As investigações contra supostas "laranjas" mostram que o fenômeno das candidaturas femininas de fachada ganhou ampla dimensão nas últimas eleições e, na visão de integrantes do Ministério Público, precisa ser alvo de atenção para que não se repita em 2020.

O repasse de ao menos 30% das verbas dos fundos eleitoral e partidário foi imposto por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Antes, a exigência era apenas de que os partidos lançassem 30% de candidaturas femininas.

O procurador regional da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, que chefiou o Ministério Público Eleitoral de São Paulo até setembro, disse que, dada a complexidade do tema, há núcleos em formação em várias unidades do País para apurar possíveis desvios de recursos com a apresentação de concorrentes de fachada.

O professor de Direito Eleitoral Diogo Rais, da Universidade Mackenzie, disse que é grande o risco de o fenômeno se ampliar nas eleições de 2020. "Pode piorar no sentido de que, na campanha municipal, a gente tem dez vezes mais candidatos do que na geral", argumentou Rais.

Já para a professora Luciana Ramos, da FGV Direito de São Paulo, as candidaturas laranjas "ganharam novas cores" e se diversificaram. "Antes, havia candidatas que não recebiam recursos e não faziam campanha. Agora, os partidos não estão permitindo alguém com zero voto e zero reais, mas mexem com o dinheiro dessas campanhas. Estamos chamando de candidatos 'laranja' 2.0", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O desembargador Alexandre Victor de Carvalho, do Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG), proibiu novos inquéritos contra o ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo. Em decisão liminar, o magistrado também mandou suspender "eventuais novos inquéritos policiais eventualmente instaurados" sob o argumento de que o ministro, que presidiu o PSL em Minas, estaria sendo alvo de duplas investigações sobre os mesmos fatos.

"Não se mostra razoável, em um Estado Democrático de Direito que se tolere a imposição de investigação criminal duplicada em afronta ao princípio do ne bis in idem", advertiu o desembargador, em decisão tomada no dia 14 passado. "Neste caso, o inquérito policial perderia seu papel de garantidor para assumir um papel arbitrário, já que nitidamente estaria eivado de injustiça."

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O magistrado indeferiu o pedido de suspensão provisória da ação penal nº 0600005-59.2019.6.13.0026, em curso na 26ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, "posto que a decisão do atual processo em nada interfere naqueles autos". "O objeto desse writ é impedir que mais de um inquérito seja instaurado para a apuração dos mesmos fatos."

No dia 4, após mais de sete meses de investigação, Marcelo Álvaro foi denunciado pelo Ministério Público eleitoral pelo uso de candidaturas femininas de fachada para acessar recursos do fundo eleitoral em 2018.

Oficialmente, a Procuradoria Eleitoral atribui ao ministro suposta violação aos artigos 350 e 354-A do Código Eleitoral. O artigo 350 compreende "omitir ou inserir declaração falsa para fins eleitorais". O artigo 354 prevê "apropriar-se de recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral".

A Procuradoria também imputou ao ministro o artigo 288 do Código Penal - associação criminosa.

A Procuradoria aponta para um suposto esquema de pagamentos realizados a favor de diversas empresas, dentre elas a I9 Minas Assessoria Ltda e a Bless Comunicação Visual, que não teriam sido devidamente contabilizados nas prestações de contas de Marcelo Álvaro perante a Justiça Eleitoral, relativamente à sua candidatura a deputado federal no pleito de 2018.

Segundo a acusação, "tais recursos seriam supostamente oriundos de desvios das verbas destinadas às candidaturas femininas laranjas". Além da denúncia, a Procuradoria pediu novo inquérito contra o ministro, o que foi acolhido pelo juiz de primeira instância.

Ao recorrer ao TRE de Minas, a defesa do ministro informou que, ao final das investigações, a Polícia Federal apresentou o Relatório Conclusivo nos autos do IPL 241/2019, "registrando o início, o meio e o fim do apuratório, sendo esse documento, em cotejo com o ato coator, a prova pré-constituída e cabal da dupla persecução penal caracterizadora da flagrante ilegalidade em face do paciente".

A defesa argumentou que, "não obstante o fim das investigações com os indiciamentos dos envolvidos, a autoridade policial sugeriu, o Ministério Público requereu e a autoridade coatora deferiu a instauração de um segundo inquérito policial para apurar os mesmos supostos indícios de pagamentos não contabilizados, realizados pelos mesmos envolvidos às mesmas empresas fornecedoras no mesmo contexto fático e com a mesma tipificação legal" - artigos 350 e 354-A do Código Eleitoral combinado com artigo 288 do Código Penal.

Ao vetar taxativamente a instauração de novas investigações contra o ministro, o desembargador Alexandre Victor de Carvalho alertou. "Impende esclarecer a dupla face de garantia oferecida pelo princípio do ne bis in idem: de um lado, tal princípio possui abrangência nitidamente material, a conferir ao acusado o direito de não ser punido duas vezes pelo mesmo fato; de outro lado, fala-se no aspecto processual, pelo qual se assegura ao réu o direito de não ser processado duas vezes pelo mesmo fato criminoso."

"Importante distinção entre os aspectos material e processual do princípio em comento reside nos efeitos e no momento em que se opera essa regra", seguiu o magistrado do TRE de Minas. "Sob a ótica da proibição de dupla persecução penal, a garantia em tela impede a formação, a continuação ou a sobrevivência da relação jurídica processual, enquanto que a proibição da dupla punição impede tão somente que alguém seja, efetivamente, punido em duplicidade ou que tenha o mesmo fato, elemento ou circunstância considerados mais de uma vez para definir-se a sanção criminal."

O desembargador destacou que o Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida pelo Pleno, "afirmou que a incorporação do princípio do ne bis in idem ao ordenamento jurídico brasileiro, ainda que sem o caráter de preceito constitucional, vem complementar o rol dos direitos e das garantias individuais já previsto pela Constituição Federal de 1988, em razão de que a interpretação constitucional sistemática leva à conclusão de que se impõe a prevalência do direito do indivíduo à liberdade em detrimento do poder-dever do Estado-juiz de acusar".

Defesas

A reportagem fez contato com o advogado Willer Tomaz, que defende o ministro, mas o mesmo não se manifestou sob alegação de que os autos estão sob segredo de Justiça.

No habeas corpus apresentado ao TRE, a defesa de Marcelo Álvaro Antônio indicou que o Ministério Público requisitou a instauração de um segundo inquérito policial para apurar os mesmos "indícios de pagamentos não contabilizados". Segundo os advogados, haveria manifesto "constrangimento ilegal" no pedido, por configurar "dupla persecução penal", ou seja, duas investigações sobre o mesmo ato.

O fato de uma operação da Polícia Federal desta terça-feira (15) ter como um dos alvos o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), logo depois de uma troca pública de críticas entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o deputado federal, tem feito com que outros parlamentares aguardem uma espécie de reação de Bivar contra Bolsonaro. 

No Twitter, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que a lei da ação e reação também vale para o meio político. “Não existe ação sem reação. Isso vale na física e na política. A reação de Luciano Bivar à ação da PF - sem entrar no mérito disso - vai mostrar ao Brasil quem é o verdadeiro Jair Bolsonaro? Veremos”, escreveu ao comentar o caso.

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Já para a deputada do PSOL, Sâmia Bomfim (SP), Bivar pode causar problemas a Bolsonaro se decidir falar sobre as candidaturas laranjas. “Luciano Bivar certamente conhece cada laranja podre do laranjal do PSL. O chefe da legenda de aluguel que abrigou Bolsonaro e uma legião de aventureiros pode causar muitos problemas ao presidente se decidir colaborar com a justiça”, observou a parlamentar. 

Na ótica do parlamentar também psolista, Ivan Valente (SP) “quando a esmola é muita, o santo desconfia”. “A justiça levou dois meses para autorizar as buscas na casa do Bivar, que saiu exatamente no meio da guerra civil.  Não sejamos ingênuos: Bolsonaro instrumentaliza a PF para resolver a briga no PSL. Imagine quando Bivar abrir o bico”, salientou.

Na semana passada, após o indiciamento do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, diante do eventual 'laranjal' do PSL, um desentendimento entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar veio à tona depois que o presidente da República orientou um dos seus apoiadores a esquecer o partido e afirmar que o deputado federal estava "queimado para caramba".  

As declarações geraram reação crítica de Bivar e especulações de um desembarque de Jair Bolsonaro do PSL, o que ainda não chegou a acontecer oficialmente, mas o presidente solicitou uma auditoria nas contas internas do partido

Nesta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a operação Guinhol, para investigar suspeitas de candidaturas laranjas do PSL de Pernambuco nas eeleições. Foram nove mandados autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), sendo um deles em um endereço de Bivar. O advogado de defesa do parlamentar, Ademar Rigueira, a ação não tem fundamento.

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça-feira (15), mandados de busca e apreensão em endereço ligado ao deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), no Recife. A ação faz parte da Operação Guinhol que investiga a prática de candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018. O parlamentar pernambucano é presidente nacional do PSL, mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a PF, ao todo foram nove mandados autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), atendendo a um pedido do Ministério Público Eleitoral.

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O inquérito policial foi instaurado após uma solicitação do TRE para apurar a possível prática de crimes previstos no Código Eleitoral e Penal, pois, segundo nota da polícia, representantes do PSL em Pernambuco teriam ocultado, disfarçado ou omitido movimentações de recursos financeiros oriundos do fundo partidário, especialmente os destinados às candidaturas de mulheres.

Os mandados que atingem Luciano Bivar e outros nomes ligados ao deputado buscam, segundo a PF, esclarecer se teria havido desvio nos recursos destinados para candidaturas de mulheres. De acordo com a legislação, deve ser destinado ao menos 30% dos valores do Fundo Partidário para as campanhas de postulantes do sexo feminino.

Segundo a PF, o nome da Operação Guinhol faz referência a um marionete, personagem do teatro de fantoches criado no século 19 diante da possibilidade de candidatas terem sido utilizadas exclusivamente para movimentar transações financeiras escusas.

Candidaturas laranjas

Denúncias de candidaturas laranjas no pleito de 2018 têm maculado o PSL. Em Pernambuco, a investigação iniciou após uma reportagem publicada em fevereiro pelo jornal Folha de São Paulo que apontava suspeitas de irregularidades nas contas de Maria de Lourdes Paixão, que concorreu a uma vaga de deputada federal.

Lourdes recebeu R$ 400 mil do fundo eleitoral e obteve apenas 247 votos. Dos R$ 400 mil, R$ 380 mil foram utilizados para imprimir nove milhões de santinhos e quase dois milhões de adesivos às vésperas da eleição, em outubro do ano passado. O valor que a então candidata recebeu foi o terceiro maior repasse do PSL no país.

Há suspeitas de candidaturas laranjas do partido também em Minas Gerais. O que causou, inclusive, o indiciamento do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, acusado dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

O caso de Minas, gerou desconfortos no governo do presidente Jair Bolsonaro. O primeiro foi com Gustavo Bebianno, que presidiu o PSL na época das eleições no lugar de Luciano Bivar. Bebianno era ministro da Secretaria-Geral da Presidência, mas foi demitido após as primeiras denúncias de candidaturas laranjas e, por isso, desentender-se com o filho do chefe do Executivo Federal, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (PSC). 

Celeuma entre Bivar e Bolsonaro

Na semana passada, após o indiciamento do ministro do Turismo diante do eventual 'laranjal' do PSL, um desentendimento entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar veio à tona depois que o presidente da República orientou um dos seus apoiadores a esquecer o partido e afirmar que o deputado federal estava "queimado para caramba".  

As declarações geraram reação crítica de Bivar e especulações de um desembarque de Jair Bolsonaro do PSL, o que ainda não chegou a acontecer oficialmente, mas o presidente solicitou uma auditoria nas contas internas do partido.  

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ingressou com um requerimento pedindo que o Senado convoque o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), para prestar esclarecimentos sobre o caso das candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais. 

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o documento foi protocolado na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização, Controle e Defesa do Consumidor. O ministro foi indiciado pela Polícia Federal na semana passada sob a suspeita dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

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No requerimento, Randolfe aponta que Marcelo Álvaro Antônio já chegou a ser convidado pela comissão para esclarecer sobre o assunto, mas não compareceu e nem disponibilizou outra data para o encontro com os senadores. 

"Consequentemente, com a prisão de seu assessor especial no Ministério do Turismo, assim como de membro do PSL, do qual é presidente em Minas Gerais, torna-se inevitável e imperativo a convocação do S. Exª para dar as devidas explicações a respeito do caso, uma vez que as acusações são extremamente graves", argumenta o senador no pedido. 

"O ministro deve isso ao Congresso e à sociedade brasileira. (...) É importante que o Ministro coloque às claras o obscurantismo que ronda as eleições do PSL, esclarecendo à República sobre o que tomou parte neste processo eleitoral, dando a sua versão dos fatos", conclui o documento. 

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio (PSL), afirmou nesta segunda-feira, 7, que não pretende se afastar do cargo após ser denunciado pela Procuradoria Eleitoral de Minas Gerais pelo uso de candidaturas laranjas em 2018 e diante da possibilidade da abertura de uma nova investigação, agora por caixa 2.

"Quem não deve não teme", afirmou Álvaro Antonio em entrevista à Rádio Itatiaia. "Por que me afastaria, se tenho a consciência tranquila? Não vejo problema nenhum, caso abra essa segunda investigação para caixa 2. Sempre zelei por observar as regras da lei eleitoral. Portanto, estou absolutamente tranquilo em relação a esses fatos".

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Álvaro Antônio foi denunciado na sexta-feira pela Procuradoria e também foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito da Operação Sufrágio Ostentação por falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita. De acordo com as investigações, o ministro, então candidato a deputado federal, articulou um esquema de lançamento de candidaturas femininas sem a intenção de elegê-las, apenas para acessar recursos do fundo eleitoral.

Na sexta-feira, o promotor de Justiça Fernando Abreu, autor da denúncia, admitiu a possibilidade de novas investigações em relação ao esquema, sem detalhar quais seriam. Na edição desta segunda-feira, o jornal Folha de S. Paulo afirma que a Polícia Federal sugeriu uma apuração sobre possível caixa 2 envolvendo o ministro.

Na entrevista, Álvaro Antonio afirmou que, "se houve algum delito" na campanha, "não passou pela executiva estadual" - ele era presidente do PSL em Minas Gerais. "Não passou pela executiva estadual. Portanto, na minha opinião, deve-se identificar. Se houve algum delito por qualquer um por parte do partido, que se identifique e puna-se individualmente".

Álvaro Antonio afirmou que respeita o trabalho da PF, do MP e da Justiça, mas reclamou de ter sido denunciado, segundo ele, com base na chamada teoria do domínio do fato. "É uma teoria muito cruel. É como se o office-boy aqui da Rádio Itatiaia, que é uma função nobre, cometesse qualquer delito na rua e o presidente da rádio fosse responsabilizado por isso". A reportagem entrou em contato com o PSL nacional, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu a uma denúncia feita em reportagem do jornal Folha de São Paulo apontando que a campanha dele e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que concorreu à Câmara dos Deputados em 2018, teriam sido beneficiadas com o esquema de candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais. 

A informação foi publicada nesse domingo (6). De acordo com a reportagem, um depoimento do ex-assessor parlamentar de Álvaro Antonio, Haissander Souza de Paula, dado à Polícia Federal (PF) e uma planilha apreendida em uma gráfica sugerem o suposto desvio. Haissander, que ficou preso por cinco dias, disse à PF que "acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro".

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Já sobre a planilha, o jornal observa que uma nomeada como "MarceloAlvaro.xlsx", há referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão "out", o que significa, segundo os investigadores, pagamento "por fora".

O presidente negou as acusações e disse que a Folha de São Paulo “avançou a todos os limites, transformou-se num panfleto ordinário às causas dos canalhas” e “com mentiras, já habituais, conseguiram descer às profundezas do esgoto”.

“Não usei dinheiro do fundo partidário. Foram R$ 1,7 bi distribuídos aos partidos. Arrecadei na internet R$ 4 milhões e usei apenas a metade. Tentei doar a sobra de R$ 2 milhões para a Santa Casa de Juiz de Fora, mas a legislação não permitiu”, explicou em publicação nas redes sociais. 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, também usou o Twitter para defender o presidente. “O presidente Jair Bolsonaro fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje não reflete a realidade. Nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o presidente neste inquérito de Minas. Estes são os fatos”, escreveu.

Ainda de acordo com a Folha, a PF sugeriu a abertura de uma segunda investigação sobre as candidatas laranjas do PSL, agora especificamente sobre as contas de campanha do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O auxiliar do presidente foi indiciado, na semana passada, sob a suspeita dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) não respondeu, nesta sexta-feira (4) se vai manter no cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, denunciado por suposto uso de candidaturas de fachada para acessar recursos do fundo eleitoral no pleito de 2018.

Questionado sobre o ministro ao retornar ao Palácio da Alvorada, no fim da tarde, Bolsonaro repetiu três vezes "sem comentários" e reclamou da imprensa: "Não tem coisas boas para perguntar? 'Ralo' o dia todo e não tem uma coisa boa para perguntar?".

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Depois de conversar por cerca de 10 minutos com apoiadores na entrada da residência oficial, o presidente voltou a se dirigir aos jornalistas, mas para se justificar. "Pessoal, me desculpa aí. Eu estou com a cabeça quente", declarou.

O ministro do Turismo foi indiciado pela PF e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais nesta sexta-feira por supostamente ter se beneficiado de candidaturas de fachada. "O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo", disse mais cedo o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros.

França

Na porta do Alvorada, o presidente afirmou que a imprensa "perdeu a oportunidade" de conversar com um casal de franceses que estava misturado entre os seus apoiadores. "Não queremos que o que está acontecendo lá (na França) aconteça no nosso país", disse.

Na conversa com Bolsonaro, traduzida por um terceiro apoiador, os franceses criticaram o presidente da França, Emmanuel Macron, e a imigração islâmica ao País europeu, segundo pessoas que acompanharam o diálogo.

Os jornalistas e os apoiadores de Bolsonaro ficam separados por uma grande na entrada do Alvorada. O presidente costuma parar diariamente pela manhã e, às vezes, ao fim de tarde, no local para tirar fotos com seus fãs e responder a perguntas da imprensa.

A candidata derrotada a deputada federal pelo PSL, Cleuzenir Barbosa, que denunciou o esquema de candidaturas laranjas no diretório mineiro do partido do presidente Jair Bolsonaro, disse esperar que Marcelo Álvaro Antônio vire réu no caso. O ministro foi denunciado nesta sexta-feira, 4, pelo Ministério Público pelos crimes de falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita.

"Achei que a justiça está sendo feita, e espero que em breve esse senhor vire réu e pague pela bandidagem que cometeu", afirmou.

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Cleuzenir não está entre os onze denunciados pela procuradoria eleitoral. As investigações apontaram que a então candidata não repassou os recursos que recebeu pela candidatura. Em fevereiro, Cleuzenir denunciou esquema de candidaturas femininas laranjas, usadas para burlar a legislação do fundo eleitoral. A aposentada se mudou para Portugal após a repercussão do caso.

As investigações apontaram que o PSL mineiro apresentou candidaturas de mulheres para preencher a cota exigida por lei de 30% de candidatas femininas, mesmo sem ter a intenção delas serem eleitas. O objetivo era acessar recursos do fundo eleitoral e repassar os valores para outros candidatos. À época, Marcelo Álvaro Antônio era o presidente do diretório do PSL de Minas Gerais e, de acordo com o Ministério Público, teria consciência das fraudes.

"Uma vez que a composição da diretoria do partido era praticamente toda ligada a seu gabinete, se chegou à conclusão de que todas as informações da campanha passavam diretamente dos seus assessores para que pudesse ser desenvolvida toda a estrutura dos crimes que foram praticados", afirmou o promotor Fernando Abreu. "Havia anuência do presidente do PSL".

Segundo Abreu, a candidatura do hoje ministro a deputado federal em 2018 foi uma das principais beneficiadas pelo esquema. Pelo menos R$ 192,9 mil foram desviados no esquema.

Além de Marcelo Álvaro Antônio, a promotoria encaminhou denúncia contra outras dez pessoas, entre elas Haissander de Paula, ex-assessor do ministro, Mateus Von Rondon, assessor especial preso em junho deste ano, e Roberto Silva Soares, assessor do ministro. O trio atuava como intermediários do esquema, fazendo a ligação entre o partido e as gráficas e o direcionamento dos pagamentos.

O deputado estadual Professor Irineu (PSL), eleito no ano passado, também foi denunciado como beneficiário do esquema.

Defesas

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, informou que "ainda não foi notificado oficialmente da decisão, mas reafirma sua confiança na Justiça e reforça sua convicção de que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada. Assim como vem declarando desde o início da investigação, que teve como base uma campanha difamatória e mentirosa, o ministro reitera que não cometeu qualquer irregularidade na campanha eleitoral de 2018. O ministro está focado em seu trabalho à frente do Ministério do Turismo e segue sua agenda normalmente."

O deputado estadual Professor Irineu disse que "recebeu com surpresa a notícia do seu indiciamento, hoje pela manhã, por parte da Polícia Federal. O deputado destaca que sua prestação de contas de campanha foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).

Apesar da surpresa, o deputado estadual manifesta sua confiança e respeito à Polícia Federal e ao Ministério Público, e se mantém tranquilo com relação ao desdobramento das apurações.

O deputado segue com a serenidade da lisura de todos os seus atos."

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu manter o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, no cargo. Marcelo foi indiciado pela Polícia Federal, nesta sexta-feira (4), sob a suspeita dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. 

“O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”, disse o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, ao site G1. 

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O indiciamento foi no caso do suposto esquema de candidaturas laranjas do PSL, mesmo partido do presidente, em Minas Gerais. O ministro é apontado como o líder do esquema que desviou recursos públicos. Cabe agora ao Ministério Público decidir se acata ou não o indiciamento e, caso sim, oferecer a denúncia à Justiça. 

As candidaturas laranjas no PSL em Minas Gerais foram reveladas por uma matéria do jornal Folha de São Paulo, de fevereiro deste ano. De acordo com a reportagem, a direção nacional do partido repassou R$ 279 mil para quatro candidatas do Estado, a pedido de Marcelo Álvaro Antônio. 

Contudo, mesmo estando entre as 20 que mais receberam recursos do partidos, elas juntas conquistaram pouco mais de 2 mil votos. As quatro já foram indiciadas pela Polícia Federal. O ministro já chegou a negar qualquer irregularidade.

A Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle (CTFC) ouve na próxima terça-feira (3) o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Ele vai prestar esclarecimentos sobre as denúncias de candidaturas de "laranjas" filiados ao PLS para desviar recursos eleitorais. A audiência pública está marcada para as 10h.

O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele registra que a imprensa nacional publicou em fevereiro uma série de reportagens sobre sete candidatas aos cargos de deputadas estaduais e federais em Minas Gerais e Pernambuco. Juntas, elas receberam quase R$ 1 milhão, mas obtiveram baixo desempenho nas urnas.

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De acordo com Randolfe Rodrigues, “a reduzida quantidade de votos é um forte indicativo” de que as candidaturas foram registradas apenas para cumprir a determinação legal de 30% de candidaturas e de recursos destinados para a participação feminina nas eleições. Uma das candidatas registrou boletim de ocorrência em que acusa assessores do então presidente da Comissão Executiva Estadual do PLS em Minas Gerais, e atual ministro, Marcelo Álvaro Antônio de cobrar a devolução de metade do valor repassado.

 

*Da Agência Senado

O juiz Waldemar Claudio de Carvalho, da 14ª Vara Federal Cível de Brasília, negou nesta quinta-feira, 11, um pedido para afastar do cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL). A solicitação foi feita em ação popular e citou a investigação da Polícia Federal sobre o esquema "conhecido como 'laranjal' do Partido Social Liberal".

Na decisão, o magistrado afirma que "a Constituição da República prevê, em seu art. 84º, I, a competência privativa do Presidente da República para nomear e exonerar Ministros de Estado". Segundo o juiz, os autores da ação não indicaram "qualquer fraude no ato de nomeação - este sim um ato concreto -, mas sim desejam a sua desconstituição com base em suas conclusões acerca das notícias veiculadas em diversos meios de comunicação".

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"A alegada lesividade à moralidade administrativa pela omissão em afastar o ocupante do cargo não restou evidenciada nos presentes autos, pois os autores não apresentam qualquer indício de prova suficiente para que se admita, ao menos, a sua presunção", afirmou Waldemar Claudio de Carvalho.

"Isso porque a petição inicial está embasada em ilações feitas pelos autores populares a partir de reportagens jornalísticas, insuficientes à caracterização de violação à moralidade administrativa."

No dia 1º de julho, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro vai aguardar a conclusão das investigações da Polícia Federal para decidir se mantém no cargo ou exonera o ministro do Turismo - a PF indiciou o assessor do ministro no caso de candidaturas laranjas.

Durante a investigação, a Polícia Federal chegou a prender Mateus Von Rondon, assessor especial e dois ex-auxiliares do ministro do Turismo, na segunda fase da Operação Sufrágio Ostentação - que investiga supostas candidaturas laranjas do PSL em Minas nas eleições 2018. A Justiça Eleitoral em Minas mandou soltar von Rondon, e os dois ex-auxiliares do ministro - Roberto Soares e Haissander Souza, ambos coordenadores de campanha de Álvaro Antônio para Câmara em 2018.

Von Rondon, Soares e Souza, foram indiciados pela PF por falsidade ideológica, uso indevido de verba e associação criminosa, com pena máxima de nove anos e três meses de prisão, no total.

A PF também indiciou as quatro mulheres apontadas como laranjas do PSL. Em depoimentos ao longo das investigações, todas permaneceram em silêncio. O indiciamento foi por falsidade ideológica, aplicação irregular de verba e associação criminosa. O inquérito será enviado para o Ministério Público, para apresentação, ou não, de denúncia.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio (PSL), declarou, nesta quarta-feira (3), ter “a consciência 100% tranquila" diante das investigações sobrecandidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. O auxiliar do presidente Jair Bolsonaro presidiu a legenda no Estado e há a suspeita de que quatro candidatas aos cargos de deputadas estaduais e federais nas eleições de 2018 foram de fachada. 

"O que eu posso afirmar é que, à frente do partido [PSL] em Minas Gerais, sempre agi estritamente dentro da legislação eleitoral. Jamais orientei ou sentei com qualquer candidato, orientei qualquer pessoa em meu nome. Então, minha consciência ela é 100% tranquila", disse, em conversa com jornalistas em Mato Grosso do Sul, ao participar da reinauguração do aeroporto de Bonito.

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"Não tenho dúvida que, num breve espaço de tempo, vai ser comprovada a minha lisura à frente do partido no estado de Minas Gerais. Permaneço tranquilo, trabalhando focado na geração de emprego e renda. O turismo é uma importante vertente da economia, e o trabalho continua absolutamente tranquilo, problema nenhum", acrescentou.

Na última segunda-feira (1º), dois assessores e um ex-assessor do ministro foram indiciados pela Polícia Federal suspeitos de envolvimento no caso. 

Já no dia 27 de junho, um assessor especial do ministro, Mateus Von Rondon, foi preso pela Polícia Federal em Brasília. Além dele, um dos coordenadores  da campanha de Álvaro Antônio à Câmara dos Deputados em 2018, Roberto Silva Soares, e um ex-assessor do ministro na Câmara dos Deputados, Haissander Souza de Paula também foram detidos. 

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, foi taxativo, na tarde desta quinta-feira, 27, ao afirmar que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, poderá deixar o cargo, caso as investigações da Polícia Federal comprovem a participação dele no esquema envolvendo candidaturas de laranjas do PSL em Minas Gerais. Nesta quinta, o assessor especial do ministro, Mateus Von Rondon, foi preso em Brasília. Contudo, Mourão pediu cautela para que Álvaro Antônio não seja linchado antes do "desenlace da investigação".

"Óbvio que se houver alguma culpabilidade dele neste processo, o presidente não vai ter nenhuma dúvida em substituí-lo. Mas vamos lembrar que sempre que a gente colocar a culpabilidade na frente dos acontecimentos as coisas não funcionam corretamente. Então, não vamos linchar a pessoa antes de todos os dados serem esclarecidos", afirmou.

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Em Porto Alegre, Mourão participou da posse da nova presidência do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Após cerimônia, ele reforçou que o caso envolvendo a prisão de laranjas do PSL não trará reflexos na articulação do Palácio do Planalto com o Congresso em meio às discussões sobre a reforma da Previdência. "Eu julgo que não até porque ele não é nenhum encarregado da articulação política", mencionou o general. Ainda sobre o episódio, o presidente em exercício reforçou que o caso será examinado internamente após retorno de Jair Bolsonaro do Japão.

Hamilton Mourão também comentou os resultados negativos apontados contra o governo após divulgação da pesquisa Ibope nesta quinta-feira. "Toda vez que você está no Executivo, com uma série de reformas para tocar frente e enfrentando uma situação difícil, principalmente na questão econômica, é óbvio que é normal esta queda na popularidade e da avaliação do governo", admitiu.

O estudo feito pelo Ibope e divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que a avaliação positiva (ótimo e bom) de Bolsonaro passou de 35% em abril para 32% em junho, mostrando uma tendência de queda. Além disso, a avaliação negativa (ruim e péssimo), por sua vez, subiu de 27% para 32% no mesmo período.

Já sobre o documento divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o impacto das mudanças climáticas, que considerou o presidente Bolsonaro um "fracasso", Mourão rebateu. "Na minha visão pessoal, a ONU está se perdendo ao logo do tempo e em determinadas discussões. O presidente Bolsonaro é um líder reconhecido aqui dentro do nosso país", considerou.

Por fim, Mourão ainda reforçou que o episódio envolvendo a prisão de um militar com 39 quilos de cocaína em um avião da FAB, na Espanha, não arranha em nada a imagem do governo perante a população. "Este episódio é lamentável e fica muito claro que aquela tripulação não tem nada a ver com a tripulação do presidente da República", pontuou.

Por sua vez, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, também participou da cerimônia, mas preferiu deixar o TRF-4 em silêncio, sem atender a imprensa.

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quinta-feira, dia 27, Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio (PSL), em operação que investiga um suposto esquema de candidaturas laranja pelo partido nas eleições do ano passado em Minas Gerais. Marcelo Álvaro Antonio era presidente da legenda no Estado à época. A prisão ocorreu em Brasília.

Em Minas, a Polícia Federal também prendeu Roberto Silva Soares. Robertinho, como é conhecido, foi preso em Ipatinga, no leste de Minas Gerais. Ele atuava como coordenador da campanha eleitoral de Álvaro Antonio a deputado federal.

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A operação foi batizada de Sufrágio Ostentação. As candidaturas laranja teriam sido de mulheres. O objetivo, ainda segundo as investigações, seria o de acessar fundos eleitorais e utilizar os recursos para pagamento de despesas de outras candidaturas.

O delegado de Polícia Federal Marinho Rezende, responsável pelas investigações sobre o suposto esquema de 'candidaturas laranja' do PSL, afirmou haver "indícios concretos" de que candidatas do partido "faltaram com a verdade" nas prestações de contas que enviaram à Justiça Eleitoral.

O esquema funcionaria com o repasse de recursos do fundo eleitoral exclusivo para mulheres para outras disputas, inclusive de concorrentes homens. Nesta segunda-feira, 29, a PF fez buscas na sede do PSL em Minas.

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"Esse é o indício concreto que a gente acha que está amplamente comprovado. Que aquelas prestações de contas não refletem a verdade que efetivamente ocorreu em termos de gastos de recursos", disse o delegado.

"Essas candidatas, que a gente inicialmente relatou, essas quatro, a gente viu que os recursos são, como eu disse, desproporcionais ao potencial eleitoral das mesmas. Então, os indícios são bem fortes de que elas faltaram com a verdade na prestação de contas junto à Justiça Eleitoral".

Entre as quatro candidatas (duas a deputada estadual e duas a federal), a primeira a fazer denúncia sobre o esquema foi Cleuzenir Barbosa.

Defesas

O Ministério do Turismo informou, em nota. "O ministro Marcelo Álvaro Antônio reitera que o partido seguiu rigorosamente o que determina a legislação eleitoral."

Ele afirma que segue à disposição da Polícia Federal para prestar todas as informações necessárias, "pois há mais de um mês se ofereceu espontaneamente para prestar depoimento às autoridades do caso".

"O ministro reforça sua confiança no trabalho isento, sério e justo das autoridades. O que vem me atingindo há cerca de 3 meses é resultado de uma disputa política local, cujos interesses são prejudicados com minha presença no Ministério do Turismo", afirma o ministro.

Marcelo Álvaro Antônio esclareceu, ainda, que já entregou ao Ministério Público de Minas "as provas das verdadeiras motivações das supostas denúncias".

"Sigo confiante de que a verdade prevalecerá", finaliza.

Cleuzenir Barbosa afirmou: "Minhas contas estão 100 por cento corretas."

O PSL de Minas, em nota, disse tratar "com naturalidade as buscas e apreensões realizadas pela operação da Polícia Federal e que entende a ação como uma etapa normal das investigações em andamento, com a qual vem espontaneamente colaborando".

O texto diz ainda que "o partido permanece na confiança do trabalho técnico e isento da PF, acreditando que não há participação de dirigentes do partido em qualquer esquema envolvendo candidatas-laranja em Minas Gerais".

O partido afirma que "em relação às perguntas específicas recebidas por e-mail deste jornal, o partido informa que todas as gráficas contratadas para produção de material de campanha (doação estimada) nas eleições do ano passado emitiram a correspondente nota fiscal, e todas constam da prestação de contas do partido ao TRE, cujo acesso é público", e que "o PSL de Minas não tem conhecimento de qualquer gráfica de propriedade do irmão da pessoa de Roberto Soares".

Na terça-feira (19), a partir das 10h, a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado prevê ouvir Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. 

A audiência pública interativa para ouvir Bebianno foi sugerida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele quer que o ex-ministro preste informações sobre as denúncias de uso de candidaturas laranjas para desvio de recursos eleitorais.

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Na justificativa do requerimento, Randolfe lembra que a imprensa noticiou recentemente o uso, pelo Partido Social Liberal (PSL), de candidaturas laranjas de mulheres em Minas Gerais e Pernambuco. O objetivo seria o desvio de recursos públicos.

Randolfe diz que essas candidatas tiveram poucos votos, mas receberam recursos significativos destinados para suas campanhas. O senador suspeita que essas candidaturas de mulheres serviram apenas para “cumprir a determinação legal de 30% de candidaturas e de recursos destinados para a participação feminina nas eleições proporcionais”

O senador também afirma que Bebianno era presidente do PSL e chefiava o diretório nacional da legenda à época da liberação dos recursos eleitorais.

“Este convite será uma oportunidade para que o ministro coloque às claras o obscurantismo que ronda as eleições do PSL, esclarecendo à República sobre o que tomou parte neste processo eleitoral: não é adequado que mande ameaças veladas ou nomeie interlocutores na imprensa para tratar em off de assuntos desta magnitude. É a oportunidade para que o ministro, acima de tudo, escolha como deseja entrar para a história: enxotado do Planalto e recolhido ao voto de silêncio, ou cumpridor dos seus deveres para com a nação, repondo sua versão dos fatos”, afirma Randolfe na justificação de seu requerimento.

Bebianno também será questionado sobre os fatos que levaram a sua exoneração e sobre as declarações feitas à imprensa do seu trabalho na campanha eleitoral que elegeu o presidente Jair Bolsonaro.

*Da Agência Senado

Duas professoras, de universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido, elaboraram uma pesquisa inédita que revela a quantidade de candidaturas laranjas que cada partido lançou para a Câmara dos Deputados nas eleições brasileiras de 2018.

O material, divulgado pela BBC News Brasil, foi preparado por Malu Gatto, da University College Longon, e Kristin Wyllie, da James Madison University. Ele detalha o uso de candidaturas laranjas para burlar a lei de cotas femininas e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de exigir que seja destinado 30% dos recursos do fundo de campanha para candidaturas de mulheres.

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De acordo com as duas pesquisadoras, essas laranjas são pessoas que entram na disputa não com a real intenção de ganhar, mas com o objetivo de servir a outros tipos de interesses dos partidos, como repassar dinheiro a candidatos homens. A pesquisa aponta que 35% de todas as candidaturas femininas para a Câmara de Deputados no ano passado não chegaram a alcançar 320 votos.

Os números apontam que o PSL, legenda do presidente Jair Bolsonaro, tem 16% de possíveis candidatas laranjas. Já o PT, partido do ex-presidente Lula, tem 11%. Mas há partidos com porcentagens bem maiores, como é o caso do PROS, que há 40% de candidaturas femininas suspeitas.

Entre os critérios adotados pelas pesquisadoras para uma candidatura ser classificada como laranja, está receber menos de 1% dos votos obtidos pelo candidato eleito menos votado no Estado.

As estudiosas pontuaram que, na maioria dos casos, as laranjas são mulheres filiadas aos partidos que concordam em ter o nome registrado na eleição e sabem que a candidatura não é real. Ou seja, elas estão cientes de que não haverá qualquer empenho da legenda ou recursos para que sejam eleitas.

Os partidos que encabeçam a lista dos que mais utilizaram possíveis candidaturas femininas como laranja são o PSC, com 37%; o PODE, com 35%; o PTB, com 34% e o PCdoB, com 31%. Já o Novo é a legenda com menor percentual, com apenas 2% de candidaturas suspeitas.

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