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A Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) usam a crise que assola o Ministério dos Esportes por conta das acusações contra o ministro Orlando Silva para reconquistar espaço que havia sido ocupado pelo governo na definição de leis da Copa do Mundo de 2014 e impor suas exigências.

Na semana considerada como a mais crítica para a definição do Mundial no Brasil, o governo não foi sequer convidado a participar dos encontros em Zurique que começam hoje. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ainda levará propostas que driblam a posição do governo e a situação fragilizada de Orlando Silva já abre espaço para que as posturas defendidas pelo governo enfrentem uma dura resistência.

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Como o Estado revelou ontem, a cúpula da Fifa teme que o novo escândalo envolvendo o Ministério dos Esportes cause problemas para a definição de leis fundamentais para a Copa. A manobra da Fifa e da CBF, portanto, é a de isolar Orlando Silva e reduzir sua influência. Segundo fontes na Fifa, essa estratégia já começou a ser implementada.

Nesta semana, a Fifa anunciará as sedes da Copa, a agenda de jogos e a Copa das Confederações. Apesar de toda a pressão política, o governo federal sequer foi convidado a participar das reuniões.

Em Zurique, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, já vinha evitando ter de negociar com o ministro. Agora, a tendência é de que seu peso nas decisões seja reduzido. Valcke não entendeu até hoje porque o ministro apresentou um projeto da Lei Geral da Copa no início do ano e, meses depois, modificou a proposta.

Na Fifa, Orlando Silva é visto como um obstáculo aos interesses da entidade. Não por acaso, a crise no ministério chegou a ser comemorada em Zurique.

Sem poder. Na prática, medidas que foram sugeridas pelo ministério já começam a ser desafiadas. Ao contrário do que o ministro indicou à presidente Dilma Rousseff, a Fifa não irá aprovar nove sedes para a Copa das Confederações de 2013. Fontes na entidade garantem que serão apenas cinco ou seis e que levar o torneio para Cuiabá ou Manaus encareceria ainda mais o evento. A Copa das Confederações jamais deu lucros para a Fifa e a meta agora é a de reduzir custos.

Na Fifa, o alto escalão acusava Orlando Silva de tentar ampliar o torneio, justamente para garantir benefícios financeiros e políticos a outras prefeituras.

Outra posição defendida pelo governo e que passa a ser minada é a da meia-entrada para os ingressos da Copa. Teixeira vai propor que essa exigência do governo seja limitada a apenas alguns jogos e setores do estádio.

Teixeira, que na última reunião entre a presidente Dilma e Valcke não foi chamado a participar, dá agora seu troco no governo. Em Zurique, a polêmica envolvendo o governo brasileiro chamou a atenção dos parceiros comerciais da Fifa. A entidade já recebeu consultas de seus patrocinadores, querendo saber de que forma as suspeitas no Brasil afetam seus planos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Belenos Govannon/Especial para o LeiaJá

A Marcha Contra a Corrupção, reuniu, no início da tarde desta quarta-feira (12), em torno de 500 pessoas na avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, segundo a Polícia Militar.

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O protesto, organizado entre usuários do Facebook e outras redes sociais, aconteceu de forma pacífica e sem grandes transtornos ao trânsito nas proximidades da Praça de Boa Viagem, onde os manifestantes se concentraram.

No percurso de dois quilômetros até o edifício Acaiaca, os manifestantes gritaram palavras de ordem e exibiram faixas e cartazes com frases de protesto — a  aprovação do projeto Ficha Limpa e o fim do voto secreto no Congresso Nacional são as principais reivindicações. A Marcha Contra a Corrupção é um movimento nacional, que reuniu maior número de participantes na cidade de Brasília (DF).

“Tenho vergonha de discutir política com estrangeiros, com turistas. A imagem do Brasil é, nessa área, muito ruim, lá fora”, comentou o engenheiro civil Eduardo Monteiro (47 anos), um dos manifestantes. Para ele “a articulação foi muito fraca e o horário foi mal escolhido, devendo ter acontecido pela manhã".

Partidarismo - Apesar de ser uma manifestação apolítica, membros da oposição local aproveitaram a mobilização para colocar urna em frente ao edifício Acaiaca, na tentativa de fazer uma votação sobre a atuação do Prefeito João da Costa (PT), do Recife. A ação gerou indignação nos organizadores da Marcha, como Karlos Bungenstab, que interpretou a ação como uma "tentativa de confundir o movimento nacional, que é apartidário".

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e cardeal arcebispo de Aparecida, d. Raymundo Damasceno Assis, condenou a corrupção política no País e convocou os brasileiros a denunciarem. O desabafo foi feito durante as festividades no Santuário Nacional de Aparecida. "Não podemos concordar com nenhuma forma de corrupção, pois os recursos são da população", afirmou. "A Igreja pede que as denúncias sejam investigadas", apelou.

De acordo com o cardeal, as redes sociais estão exercendo um importante papel na mobilização contra a corrupção e criticou os deputados. "O Congresso está fazendo mais uma reforma eleitoral do que política".

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Presente na celebração mais importante o dia, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também comentou as recentes denúncias de corrupção feitas pela mídia. Segundo ele, se o País não apressar uma reforma política, a situação pode piorar. "O modelo atual leva a distorções muito graves", afirmou.

Alckmin participou da missa solene realizada no Santuário Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba, acompanhado da esposa, Lu Alckmin. O governador, natural de Pindamonhangaba, disse que seu pai morou em Guaratinguetá, cidade vizinha a Aparecida, e por isso acompanhou a construção da Basílica Nova e acompanha a missa principal todos os anos.

A Polícia Militar (PM) elevou para 20 mil pessoas a estimativa do número de participantes da segunda edição da Marcha contra a Corrupção, em Brasília, na manhã de hoje. O primeiro levantamento dava conta de 13 mil manifestantes que percorreram a Esplanada dos Ministérios, do Museu da República até a Praça dos Três Poderes e depois seguiram mais alguns metros até o Ministério do Exército, onde ocorreu a dispersão.

Mesmo assim, o volume de participantes foi inferior à contagem feita pela PM na primeira edição do evento, em 7 de Setembro. Na ocasião, foram contabilizadas as participações de 25 mil pessoas. De acordo com o tenente Marcos Braga, o outro evento acabou ganhando adesão de última hora da população de Brasília, que saiu de suas casas para assistir ao desfile militar.

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Os três pontos principais do protesto, que também foi realizado em outras 18 cidades, são a regulamentação da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a aprovação do projeto de lei que estabelece o voto aberto dos parlamentares no Congresso, e a preservação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de órgão de controle externo do Judiciário. Não houve incidentes durante a manifestação e apenas casos isolados de contravenção, como a entrada de três adolescentes no espelho d'água do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Uma das organizadoras do evento, a autônoma Lucianna Kalil,explicou que, desta vez, além das redes sociais, houve distribuição de panfletos para que as pessoas tomassem conhecimento do movimento. Durante a manifestação, foram colhidas assinaturas dos participantes para um abaixo-assinado a favor da aprovação do projeto Ficha Limpa. Lucianna disse que ainda não há previsão de que um novo ato ocorra no próximo feriado, em 2 de novembro.

Formada basicamente por jovens estudantes, a manifestação ganhou a simpatia de populares que passavam de carro cumprimentando a iniciativa. O casal de namorados de 17 anos, Ivan Gustavo e Tainá Queiroz, ambos estudantes, compareceram ao evento neste feriado. "A corrupção existe no mundo todo. O que queremos é o fim da impunidade", disse ele. A empresária aposentada Márcia Borges, também resolveu sair de casa para mostrar sua indignação hoje. "Sempre paguei muitos impostos e acho que precisamos lutar pelo nosso País", defendeu.

Uma mancha negra constituída por cerca de 13 mil pessoas, de acordo com estimativas da Polícia Militar (PM), percorreram aproximadamente um quilômetro na Esplanada dos Ministérios, do Museu da República, em Brasília, até a Praça dos Três Poderes, na manhã de hoje. Os três pontos principais do protesto dos participantes da 2ª edição da Marcha contra a Corrupção, realizada também em outras 18 cidades, são a regulamentação da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a aprovação do projeto de lei que estabelece o voto aberto dos parlamentares no Congresso, e a preservação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de órgão de controle externo do Judiciário.

Com bicicletas, vassouras, nariz de palhaço e roupas de presidiários, ou empunhando faixas, os manifestantes fizeram uma pequena pausa no percurso, em frente ao Congresso Nacional, onde foi cantado o hino nacional. O número de manifestantes está menor do que o estimado pela polícia militar na primeira edição do evento, em 7 de setembro, quando a PM contou 25 mil pessoas.

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O tenente Marcos Braga, da PM do Distrito Federal, explicou que naquela ocasião o evento ganhou apoio de última hora da população de Brasília, que saiu de suas casas para assistir ao desfile de 7 de setembro. Desta vez, os manifestantes carregam uma faixa com uma pizza de 15 metros de diâmetro. Aos grados, gritam: "Não sou otário, do meu bolso é que sai o seu salário", "Ô Dilma, presta atenção, o brasileiro não quer mais corrupção", "Voto secreto não, eu quero é ver a cara do ladrão".

No dia 7 de setembro, milhares de brasileiros foram às ruas protestar contra a corrupção no Brasil (só em Brasília, foram 25 mil pessoas).  Por trás desse movimento não estavam grandes lideranças políticas ou sindicais. O motor da ação foi a Internet, com o uso de ferramentas como o Facebook para organizar os eventos.

Como a corrupção ainda está longe de acabar, os usuários de redes sociais já prometem uma nova rodada de protestos, desta vez para o feriado do dia 12/10.  O blog Varre Brasil,  que faz parte do movimento Unidos contra a corrupção, traz uma lista com quase 20 cidades, onde devem acontecer manifestações, a partir das 14 horas.

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O movimento conta com vários grupos no Facebook, como o Dia Do Basta , o  Brasil unido contra a corrupção e o Ética já. Entre as bandeiras dos participantes estão o fim do voto secreto no Congresso,  a defesa da lei da Ficha Limpa nas próximas eleições e classificação da corrupção como crime hediondo. 

Em São Paulo, onde o movimento deve acontecer na Avenida Paulista, a expectativa dos organizadores é reunir 5 mil pessoas.

 

A ONG Rio da Paz colocou no gramado da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, 594 vassouras nas cores verde e amarela como forma de protesto contra a corrupção. As vassouras representam 513 deputados federais e 81 senadores e ficarão fincadas no local até as 15 horas. A intenção é entregar um exemplar para cada parlamentar.

A ONG é a mesma que realizou o protesto na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na semana passada. A ideia surgiu depois que o senador Pedro Simon (PMDB) disse que gostaria de receber uma vassoura em Brasília. Além de pedir a limpeza da corrupção no País, a ONG A ONG pede ao Congresso que se envolva na luta do povo brasileiro pelo fim da corrupção e a aprovação do fim do voto secreto. Depois, ainda no Rio, um ato idealizado a partir das redes sociais com o apoio de mais de 33 mil usuários no Facebook, conseguiu reunir cerca de 2,5 mil pessoas na Cinelândia, de acordo com a Polícia Militar.

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As recentes revoltas no mundo árabe, apelidadas de Primavera Árabe, contagiaram 2000 pessoas ou 4000 mil pessoas no Rio de Janeiro. Segundo relatos, três jovens cariocas decidiram imitar as ações dos jovens árabes (Mas não foram só jovens!) e convocaram através das redes sociais uma macha contra a corrupção na República brasileira.

A expectativa quanto ao sucesso da passeata era grande. Os seus organizadores e parte da imprensa especularam que cerca de 30 mil pessoas poderiam participar da passeata. Ontem à noite, na Rádio CBN, após a passeata, escutei: “Segundo a Polícia Militar, 2000 pessoas participaram. Segundo os organizadores, 4000 pessoas participaram”. Conclusão: 26000 ou 24000 pessoas deixaram de ir à passeata contra a corrupção.

Os cientistas sociais precisam perguntar sempre: qual é a razão de dado evento? Neste caso, por que apenas 4000 mil (Optei por ficar com a contagem dos organizadores) pessoas foram à passeata contra a corrupção? Uma causa óbvia: em várias regiões do Brasil, as quatro estações não existem de fato. Por exemplo: no Rio de Janeiro e em Recife só existem verão e inverno. Portanto, não é possível existir uma primavera brasileira ou uma primavera carioca.

Outra causa: qual é o tamanho do interesse brasileiro em enfrentar a corrupção? Em surveys, certamente, a maioria dos brasileiros vai afirmar que não admitem atos de corrupção.

Em pesquisas qualitativas, é possível identificar, ao cruzar os resultados da pesquisa qualis com a pesquisa quanti, que boa parte dos brasileiros é tolerante com a corrupção. Portanto, é politicamente correto ser contra atos de corrupção. Mas isto não significa que o indivíduo não pratique ou tolere atos de corrupção.

Não esqueçam: o Brasil é o País do “Jeitinho brasileiro”. Como bem mostra a antropóloga Lívia Barbosa, os brasileiros buscam costumeiramente o “jeitinho” para superar etapas burocratas e para conquistar vantagens. Portanto, estas práticas são caracterizadas como corrupção.

O Brasil é também um País hierárquico. Diante do conflito, como bem argumenta Roberto DaMatta, o “Sabe com quem está falando?” pode ser utilizado e, infelizmente, prevalecer. “O sabe com quem está falando?” é mais uma prática social caracterizada como corrupção.

Não tenho dúvidas de que somos solidários, principalmente em festividades como Natal e ano Novo. Nestas festas, damos presentes, praticamos filantropia. Somos plurais, igualitários e tolerantes, em particular no Carnaval. No Carnaval, os foliões se abraçam, se beijam, bebem e gritam, independente da profissão, da cor e da classe social.

Após os festejos do final de ano e o Carnaval, os brasileiros, ou melhor, partem deles, voltam a ser o que são: batalhadores (Características das classes C e D), estatistas sonhadores e hierárquicos (Características das classes B e A) e desprovidos de responsabilidades públicas (Características de todas as classes).

É óbvio que as características sugeridas por classes estão se transformando (Mutação de valores) em razão do desenvolvimento econômico dos últimos 20 anos. Entretanto, estas transformações ainda não foram suficientes para possibilitar a reunião de um grande contingente de pessoas contra a corrupção. Afinal, a corrupção atinge todos os brasileiros. Portanto, todos devemos agir contra ela.

A Marcha Contra a Corrupção, convocada pelas redes sociais na internet, ofuscou o desfile comemorativo do 7 de Setembro, em Brasília, historicamente marcante por causa da participação do presidente da República e das Forças Armadas.

Cerca de 25 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, caminharam ontem por uma via da Esplanada dos Ministérios para protestar contra a série de escândalos que marcam a política contemporânea brasileira. No mesmo momento, a presidente Dilma Rousseff estreava, do outro lado da rua, no papel de primeira mulher presidente a comandar a cerimônia nacional do Dia da Pátria.

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A forte segurança do 7 de Setembro impediu o contato de integrantes da marcha com participantes do desfile oficial. O sucesso do protesto ocorreu uma semana após congresso do PT demonstrar que não apoia nenhum tipo de "faxina" anticorrupção no governo e de considerar que esses movimentos eram parte de uma "conspiração midiática" e uma forma de promover a "criminalização generalizada" da base aliada ao Planalto.

A marcha evitou as referências partidárias. Membros do PSOL tentaram levar bandeiras do partido, mas foram impedidos de seguir adiante com os adereços. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ensaiou entrar na marcha, mas, advertido, preferiu apenas acompanhá-la discretamente.

Vestidos de preto, com narizes de palhaço, faixas e cartazes, os manifestantes criticaram a absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), na semana passada, o voto secreto no Congresso, os recentes escândalos de corrupção no governo e a manutenção do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no comando do Legislativo. Pediram até a destituição de Ricardo Teixeira da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Exigiram, ainda, a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa - que depende de julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma faixa vinculava o nome do ditador líbio Muamar Kadafi à política brasileira, lembrando que qualquer um pode se candidatar, independentemente da ficha criminal. "Kadafi, não importa o seu passado, no Brasil você pode ser deputado."

Em oito meses de gestão, Dilma foi obrigada a trocar Antonio Palocci, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi por conta do envolvimento deles em suspeitas de corrupção na Esplanada.

O protesto começou tímido no Museu Nacional de Brasília, por volta de 9h, com 2 mil pessoas, mas foi engrossando com a adesão de quem foi ao desfile oficial. No fim, ao meio-dia, na Praça dos Três Poderes, a marcha chegou a 25 mil pessoas, segundo balanço da PM. A rede social Facebook foi a principal ferramenta de convocação, observou Luciana Kalil, 30, uma das organizadoras do protesto.

Ministros

Em um desfile rotineiro e de público reduzido, o 7 de Setembro em Brasília chamou a atenção mais pela presença de quase todos os ministros no palanque presidencial, prestigiando a estreia de Dilma Rousseff - primeira mulher presidente da República - no comando da comemoração nacional do Dia da Pátria. Pelo menos 32 ministros foram à festa, que teve um esquema de segurança reforçado por conta das manifestações contra a corrupção.

Dilma foi ao desfile acompanhada da filha Paula e do neto Gabriel, de um ano. Apesar da presença maciça dos ministros, foi notada a ausência do vice-presidente Michel Temer, que viajou para Natal. Também não compareceram à cerimônia os presidentes do Congresso, senador José Sarney, e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, que cobra do Executivo e do Congresso a aprovação de um reajuste salarial de quase 15% para o Judiciário. Ao contrário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma não prestigiou a tradicional exibição da Esquadrilha da Fumaça. Assim que o último batalhão militar passou à frente do palanque presidencial, Dilma foi embora, sendo seguida pelos demais ministros. O neto Gabriel deixou o palanque às 10h05, depois de brincar muito com a avó e com a faixa presidencial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar de não terem visto nem ouvido os manifestantes da Marcha Contra a Corrupção, as autoridades que estavam em Brasília no desfile do 7 de Setembro, ao lado a presidente Dilma Rousseff, consideraram o protesto como parte do jogo democrático. Blindados pelos tapumes que tomaram todo o quarteirão em frente ao palanque oficial, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), e o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, classificaram o ato como "legítimo" e "ocorrência natural em uma democracia".

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, cuja pasta foi um dos alvos da "faxina" e dos manifestantes, esquivou-se de falar sobre o protesto alegando que "não viu nada". Ele disse que não estava constrangido com a manifestação. Passos, que ocupou o cargo de secretário-executivo da pasta durante todo o governo do ex-presidente Lula (2003-2010), disse que "as questões internas do ministério já estão encaminhadas e sendo cuidadas pela Controladoria Geral da União (CGU), pelas auditorias, pelas comissões de sindicância e processos administrativos e disciplinares". A CGU deve divulgar amanhã um primeiro balanço das auditorias feitas nos contratos do Ministério dos Transportes.

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Marco Maia lembrou que já participou de muitas manifestações pelo país afora e que a marcha de hoje, na Esplanada dos Ministérios, era "importante para a democracia brasileira" e, por isso, deveria ser "respeitada e apoiada". Pelo fato de o desfile e o protesto dividirem a mesma avenida, mas em sentidos diferentes, o presidente da Câmara disse que isso era um exemplo de convivência pacífica e democrática. "Que bom que vivemos em um país democrático, onde as pessoas podem expressar suas opiniões e posições de forma livre, respeitando a segurança e a liberdade de ir e vir das pessoas", disse Marco Maia.

Para Maia, não há nenhum constrangimento para o governo da presidente Dilma. "O governo tem sido o maior batalhador no combate aos malfeitos, que as denúncias sejam investigadas. Não vejo nenhum constrangimento, ao contrário, reforça a politica que o governo tem feito de combate à corrupção", afirmou. José Eduardo Cardozo, da Justiça, compartilha da mesma opinião de Marco Maia. "É um dever dos nossos governantes, de todas as pessoas que atuam no mundo público, ter respeito pela coisa pública e combater a corrupção".

Homenageados pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que lançou hoje manifesto pela ética na política, senadores integrantes da frente suprapartidária de combate à corrupção cobraram mobilização, especialmente de estudantes e trabalhadores, em favor das medidas adotadas pela presidenta Dilma Rousseff. Os empresários fluminenses também pediram mais engajamento. Atos públicos contra a corrupção acontecerão amanhã em todo o País.

"A gente não vê uma declaração da UNE, da CUT, da Força Sindical. As instituições da sociedade civil que lutaram pelas Diretas e tantas coisas da redemocratização parecem alienadas. Vemos engajamento da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Já é alguma coisa. Os partidos também não dizem 'esta (a luta contra a corrupção) é uma das nossas causas'. Nós estamos aqui em caráter individual", disse Cristovam Buarque (PDT-DF).

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Os dez senadores da frente anticorrupção estiveram no Rio para o lançamento do Manifesto do Empresariado Brasileiro em Favor de Ética na Política, que anunciou "apoio incondicional às medidas de combate à corrupção levadas a cabo pela presidente Dilma Rousseff". "É necessário que toda a sociedade civil se posicione, incluídas as principais entidades representativas dos trabalhadores", diz o texto. Outro trecho rejeita o "falso dilema entre ética e governabilidade": "Não é possível ser ético pela metade. Não há meia democracia."

No discurso feito em nome dos parlamentares, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que, quando a frente suprapartidária começou a se formar, em julho passado, "a presidenta Dilma parecia refém de um processo nada adequado à vida nacional", mas manteve a decisão de "afastar as pessoas que estavam corroendo a estabilidade institucional e política de seu governo".

O senador Pedro Taques (PDT-MT) também citou a falta de mobilização de algumas instituições. "A UNE, a CUT não estão debatendo a corrupção. É importante debatermos crise internacional, programas governamentais, um novo financiamento para a saúde. Mas não adianta debatermos só isso, porque o dinheiro vai ser roubado", afirmou Taques, autor de projeto que inclui a corrupção no rol de crimes hediondos.

Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) reconheceu que a central não discutiu medidas de apoio às ações anticorrupção. "Acho que é uma causa importante, mas não conversamos sobre isso na Força Sindical. Estamos muito preocupados com questões trabalhistas que ainda não aconteceram no governo Dilma. Além disso, acho que essa discussão deu uma diminuída. Depois das enrascadas em que a presidente Dilma entrou, não sei se ela vai manter este embate tão violento", disse Paulinho.

A assessoria de imprensa da UNE informou que a divulgará amanhã uma Carta dos Estudantes Brasileiros em que abordará vários temas de interesse do País.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se reuniram nesta segunda-feira (5) com senadores do movimento contra a corrupção e a impunidade para pensar formas de engajar a sociedade na questão. Uma das ações destacadas foi a Marcha contra a Corrupção, que ocorrerá na próxima quarta-feira (7) em Brasília, paralelamente às comemorações da Independência do Brasil.

De acordo com Rodrigo Montezuma, organizador da marcha, a expectativa é que o evento reúna 30 mil pessoas. “Nosso objetivo já foi alcançado, que era ter mais inscrições que a Corrida da Cerveja. Temos 22 mil pessoas confirmadas pelas redes sociais, e acreditamos que mais pessoas irão aparecer na hora”.

Para o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, é importante que as entidades e os políticos aproveitem este momento de mobilização social para chamar a atenção para temas de combate à corrupção que ainda geram baixo engajamento popular. Entre esses temas, estão o fim do voto secreto no Congresso Nacional, a celeridade no julgamento de casos de corrupção, o fim de emendas parlamentares individuais, a redução de cargos comissionados, a transparência nos gastos públicos e a declaração imediata da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, que aguarda julgamento definitivo no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ideia é que essas demandas componham uma carta de princípios que deve ser elaborada pelo grupo. “Na mobilização pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, já tínhamos uma lei em tramitação para dar um respaldo jurídico à demanda. Agora queremos que essas demandas também não fiquem em um campo vago. Queremos a mobilização popular na Marcha contra a Corrupção, mas estamos preocupados com o day after, em como colocar esses projetos para andar”, disse Ophir.

O senador Pedro Taques (PDT-MT), um dos que participaram do encontro, lembrou que várias das reformas que estão sendo reclamadas pela sociedade já tramitam pelo Congresso, mas que não há interesse político em votá-las. “Nosso grande desafio é descobrir formas de despertar a sociedade para que ela pressione por mudanças”.

O encontro de hoje é a continuação de uma campanha iniciada no mês passado, quando foi lançado o portal Observatório da Corrupção. A ideia é que o grupo anticorrupção seja ampliado e tenha a participação de líderes estudantis, líderes sindicais e representantes da sociedade organizada.

A "faxina" nos ministérios colocada em prática pela presidente Dilma Rousseff está servindo de inspiração para as pessoas se mobilizarem nas redes sociais. Depois de uma brincadeira pela internet ter conseguido reunir centenas de pessoas para um "churrasco-protesto" contra a desistência do governo de São Paulo de construir um metrô em Higienópolis, o Facebook está sendo palco da organização de uma nova leva de manifestações, desta vez contra a corrupção. E os protestos já têm dia para acontecer: quarta-feira, 7 de setembro, feriado de Independência do Brasil.

Há pelo menos dez diferentes grupos incentivando as pessoas a irem às ruas no dia em que foi declarada a Independência do Brasil. Mais de 75 mil pessoas já confirmaram presença em eventos espalhados por todo o País. Apesar de fazer algumas semanas que esse tipo de movimento começou a pipocar na rede social, foi somente nos últimos dias que os diversos grupos iniciaram um esforço para tentar unificar os eventos.

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O blog Brasil+Ético tem reunido informações sobre os protestos. Para isso, publicou um Calendário Geral de Manifestações Anticorrupção, que tem sido atualizado periodicamente. Ronaldo da Cruz, brasileiro que mora na Espanha há dez anos, conta que criou o site para divulgar uma carta de apoio à presidente Dilma após ler notícias sobre a "faxina" que acontecia por aqui.

Só na cidade de São Paulo há mais de cinco manifestações agendadas. O ponto de encontro da maioria delas será o vão do prédio do Masp, na Avenida Paulista. No Rio também haverá pelo menos quatro movimentos diferentes pela cidade. Em Brasília há o registro de outras quatro passeatas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A opinião pública representa o conjunto de opiniões de variados indivíduos. Neste conjunto, é possível identificar indivíduos com opiniões semelhantes. As pesquisas de opinião pública identificam as opiniões dos indivíduos. Os órgãos de comunicação e as interações entre indivíduos possibilitam a formação da opinião pública.

Diante de escândalos de corrupção, a seguinte assertiva surge: a opinião pública está apática, pois ela não se manifesta. Para os formuladores da afirmação mostrada, opinião pública apática é aquela que “não vai às ruas”. Os indivíduos “ficam em casa observando os fatos”.

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Tenho a hipótese, e esta já era uma preocupação de Tocqueville, de que nas sociedades capitalistas os indivíduos estão fortemente preocupados com o seu bem-estar. Se os indivíduos estão bem economicamente, eles não se preocupam com casos que não interferem em sua vida diretamente.

Então, a hipótese mostrada possibilita a existência de outra: parte da opinião pública brasileira crer que a corrupção não afeta o seu dia a dia. A causa desta hipótese, caso seja verdadeira, pode ser: 1) Os brasileiros crêem que as instituições são incapazes de combater a corrupção; 2) A corrupção é um fenômeno social que faz parte do cotidiano social e institucional. Portanto, não tem solução.

Outro ponto a se destacar: na era FHC, MST, movimentos sindicais e UNE atuavam sistematicamente. Eles levavam parte das opiniões dos indivíduos para a esfera pública. E possibilitavam dimensão social a esta parte da opinião. Na era Lula, estes movimentos optaram pelo silêncio. Foram variados os escândalos de corrupção na era Lula, mas foram escassas as manifestações destes movimentos.

Parte da opinião pública brasileira não está em estado de letargia comunicacional. Apesar do silêncio dos movimentos sociais, ela, através das redes sociais, manifesta os seus respectivos descontentamentos. Além disto, a imprensa sugere uma agenda à opinião pública. E esta agenda é bem aceita por ela.

Uma indagação fundamental: por que as recentes ações de Dilma contra a corrupção não possibilitaram o aumento da sua aprovação no eleitorado? Duas hipóteses: 1) Indivíduos não acreditam nas ações de Dilma; 2) O enfrentamento à corrupção não é uma forte variável, assim como o bem-estar econômico, que influencia os indivíduos a admirarem presidentes.

Portanto, tenho a hipótese que: parte da opinião pública não sofre de apatia. Apenas alguns temas não lhe incentivam fortemente. Este é o caso da corrupção!

O ativista indiano Anna Hazare concordou em encerrar uma greve de fome por leis mais rígidas contra a corrupção na Índia, segundo um comunicado divulgado neste sábado.

Hazare, de 74 anos, decidiu encerrar a greve, iniciada há 11 dias, depois de garantir concessões do governo indiano em seu projeto de lei contra a corrupção. O ativista tem a simpatia de milhões de indianos, principalmente da emergente classe média local, cansada da rotina de corrupção e dos escândalos que assolam o governo.

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A greve será encerrada na manhã de domingo, segundo o porta-voz de Hazare, Vibhav Kumar. As informações são da Associated Press e Dow Jones.

Depois de perder quatro ministros num prazo de dois meses e dez dias - três deles por suspeita de envolvimento em irregularidades e outro por falar mal dos colegas -, a presidente Dilma Rousseff verá nesta terça-feira (23) mais três auxiliares diretos darem explicações no Congresso. Todos, por suspeita de desvio de conduta. São eles: Pedro Novais (Turismo), Paulo Bernardo (Comunicações)e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário).

Hoje, Bernardo e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foram obrigados a divulgar nota sobre o uso de jatinhos privados na campanha eleitoral, em mais um dia de tensão na Esplanada.

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Para aumentar a crise, as cobranças por uma faxina para valer, que seja igual para todos os partidos, começaram a aparecer na base aliada. A vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), exigiu ontem o afastamento do ministro do Turismo, Pedro Novais, cuja indicação foi bancada pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

"O Pedro Novais precisa sair. Ele tem uma história política e de vida e para reafirmá-la não pode ficar nessa de não sabia. Pra mim, ele participa, ele tem responsabilidade no que aconteceu no Ministério do Turismo. Se eu vou montar uma equipe e tem pessoas assim, eu não aceito", disse Rose de Freitas.

A oposição promete ser dura com os ministros. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), cobrou uma faxina séria por parte da presidente. Para ele, levando-se em conta as notícias divulgadas no final de semana, Dilma está fazendo uma "limpeza de fachada", porque dá tratamento diferente aos ministros que cometeram deslizes. Nogueira verbaliza as queixas do PR, que teve a cúpula dos Transportes degolada assim que foi publicada a primeira notícia com suspeitas de irregularidades cometidas por dirigentes do setor, todos vinculados ao partido.

Ao contrário do que ocorreu com o PR, quando as denúncias atingiram o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que é do PMDB, a presidente Dilma deu todo apoio a ele. Rossi saiu somente quando não havia mais como sustentá-lo.

Jatinho

Agora, há denúncias de que o ministro Paulo Bernardo utilizou jatinhos de uma empresa que presta serviços ao governo. Bernardo falará hoje na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara sobre radiodifusão digital, mas a oposição quer sitiá-lo com perguntas sobre o uso de jatinhos privados na campanha eleitoral do ano passado. Reportagem da revista Época do fim de semana afirmou que, quando ministro do Planejamento, Bernardo viajou em aviões da Construtora Sanches Tripoloni, que presta serviços ao governo, principalmente na área de infraestrutura.

Em nota oficial divulgada hoje, o ministro assegurou que jamais viajou em aviões de empresas que prestam serviço ao governo. Mas admitiu que, nos finais de semana, durante a campanha eleitoral, utilizou aeronaves de várias companhias - embora não tenha condições de dizer de quais. Paulo Bernardo disse que todas as viagens foram pagas pela coligação dos partidos em campanha no Paraná.

"A crise ética parece não ter fim, surgem novas denúncias semanalmente e pouco ou quase nada tem sido feito de prático", afirmou o líder do PSDB.

"A presidente precisa definir se vai mesmo tomar as medidas necessárias ou permanecer refém de um ministério corroído por fraudes. Ministério montado conjuntamente por seu antecessor e ela, é importante lembrar", alertou o tucano.

Turismo

O ministro Pedro Novais fala hoje na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado a respeito da investigação feita pela Operação Voucher da Polícia Federal, que prendeu 36 pessoas suspeitas de desvio de dinheiro de convênios do ministério.

Para explicar denúncias de venda irregular de lotes destinados a assentamentos, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, falará na Comissão de Agricultura do Senado. Ele estará acompanhado do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa Lacerda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A "faxina" no governo da presidente Dilma Rousseff, que já derrubou quatro ministros em dois meses e doze dias, causa extremo desconforto no PT. Dirigentes do partido, senadores, deputados e até ministros temem que, com a escalada de escândalos revelados nos últimos meses - especialmente nas pastas dos Transportes, do Turismo e da Agricultura -, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva acabe carimbado como corrupto. Todos os abatidos na Esplanada foram herdados de Lula.

Em conversas a portas fechadas, petistas criticam o estilo de Dilma, a "descoordenação" na seara política e o que chamam de "jeito duro" da presidente. Uma das frases mais ouvidas nessas rodas é: "Temos de defender o nosso projeto e o Lula." Mesmo os que não pregam abertamente a volta de Lula na eleição de 2014 dizem que Dilma está comprando brigas em todas as frentes - do Congresso ao movimento sindical -, sem perceber que, com sua atitude, alimenta o "insaciável leão" do noticiário e incentiva o tiroteio entre aliados.

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Na avaliação de petistas, o poderoso PMDB - que na quarta-feira perdeu o ministro da Agricultura, Wagner Rossi - não é confiável e acabará dando o troco a qualquer momento.

Dilma chamou ministros e dirigentes do PT para uma conversa no domingo à noite, no Alvorada. A presidente pediu o encontro para ouvir a avaliação de auxiliares sobre a crise na base.

Ela contou ali sobre a reunião com Lula na semana anterior, admitiu a necessidade de se reaproximar dos partidos que compõem a coligação e avisou que teria um tête-à-tête no dia seguinte com o vice-presidente Michel Temer e com os líderes do PMDB na Câmara e no Senado. Àquela altura, a situação de Rossi era considerada complicada, mas ainda não havia sido divulgada a notícia do uso do jatinho de uma empresa que tem negócios com o governo pelo então ministro, afilhado de Temer.

Com receio da reação de Dilma - conhecida pelo temperamento explosivo -, alguns ministros pontuaram, com todo o cuidado, os problemas de relacionamento no Congresso após as demissões e citaram o PMDB e o PR. As alianças para as eleições municipais de 2012 também entraram na conversa. Diante de Dilma, no entanto, ninguém rasgou o verbo e muito menos criticou o estilo adotado por ela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) inaugurou na tarde desta segunda-feira uma série de discursos em apoio às ações da presidenta Dilma Rousseff no combate à corrupção. Simon, Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia (PP-RS) encabeçam uma frente pluripartidária de senadores que decidiu defender, publicamente, as iniciativas de Dilma contra a corrupção.

"Não é alinhamento automático, é apoio a ações de governo", definiu Ana Amélia. No final de seu pronunciamento, ela pediu à presidenta que "não ceda a pressões de grupos determinados e prossiga em sua decisões. Ela tem o tem o direito e dever de intervir em ministérios quando e sempre que considerar necessário", concluiu. Tanto Ana Amélia, quanto Simon e Cristovam assinaram requerimentos de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) contra o governo Dilma. No caso, pedindo a investigação da evolução patrimonial do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci.

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No entanto, esse grupo passou a defender a criação de uma frente suprapartidária em apoio a Dilma depois que partidos da base aliada ao governo ameaçaram retaliar a presidente devido à "faxina" contra a corrupção que ela deflagrou, começando pelo Ministério dos Transportes e, depois, atingindo o Ministério da Agricultura. Neste caso, entretanto, Dilma dá sinais de que preservará o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, do PMDB. Por esse motivo, o PR acusa a presidenta de "tratamento diferenciado", já que não poupou o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, que havia sido indicado pelo PR para o cargo.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) - que também assinou CPIs contra o governo - destacou que Dilma não precisa de uma base em defesa do governo, "mas em defesa do Brasil". E acrescentou: "quantas vezes a presidente tomar a iniciativa de apoiar a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e a sua Polícia Federal, de apoiar todos os mecanismos de combate à corrupção, terá de nós integral apoio".

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), não estava presente à sessão e nem o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), um dos principais aliados do governo. Só o líder do PT, Humberto Costa (PE), estava no plenário da Casa.

O vice-presidente da República, Michel Temer, convidou políticos aliados do PMDB para um almoço no Palácio do Jaburu nesta quarta-feira (3). No encontro devem ser discutidas as acusações de corrupção no ministério da Agricultura feitas por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR). O ministério é ocupado por Wagner Rossi, indicação de Temer.

O líder do governo e o vice-presidente conversaram sobre o tema no final de semana. Jucá disse a Temer que não concordava com a posição do irmão e pediu desculpas pelas declarações. Ele também já se desculpou com a presidente Dilma Rousseff pelo episódio. Os dois se reuniram nesta terça. Segundo interlocutores de Temer, o vice-presidente acreditou em Jucá e os dois estão "em paz". Não se sabe, porém, se o líder do governo estará no almoço.

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No PMDB o sentimento é de arrependimento pela indicação de Oscar Jucá Neto para ocupar um cargo de direção na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal vinculada à pasta da Agricultura. A nomeação foi feita em junho e ele foi demitido na semana passada, depois de ter autorizado um pagamento irregular no valor de R$ 8 milhões.

Lideranças lembram que houve muita resistência à indicação porque Oscar já tinha tido problemas quando trabalhou na Infraero, durante o governo Lula. Ele foi demitido em abril de 2009 por ordem do então ministro da Defesa, Nelson Jobim. Na ocasião, Jucá apoiou o irmão e fez duros ataques a Jobim. Agora, porém, o líder do governo procura se afastar de Oscar.

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