O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelas avaliações da educação brasileira, divulgou nesta terça-feira (24) um comunicado à impressa esclarecendo que é impossível afirmar que há disparidade entre as notas dos candidatos das duas aplicações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), uma vez que os percentuais de acerto não são divulgados. As primeiras provas foram aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro, enquanto que a segunda aplicação ocorreu nos dias 3 e 4 de dezembro, apenas para os candidatos que tiveram os locais de prova ocupados em protesto contra a PEC do Teto.
Após estudantes questionarem suas notas do Enem, o Inep explicou que dois alunos podem ter a mesma quantidade de acertos em uma prova e ter médias de proficiência diferentes, uma vez que os itens podem ter parâmetros diferentes de dificuldade. O comunicado ainda diz que os candidatos não ficam com seu cartão de resposta e é comum a marcação errada desses cartões.
##RECOMENDA##Em 2016, duas provas foram aplicadas em todo o País por conta das ocupações das escolas, além da prova para pessoas privadas de liberdade (PPL). Segundo o Inep, esta não foi a primeira vez que o Enem teve provas diferentes, apesar de serem equivalentes. “As diferenças entre os grupos de alunos avaliados nas três aplicações do Enem em 2016 não interferem nos resultados, pois o cálculo das proficiências é processado em uma única base de dados. A nota é resultado da relação entre o participante e o item, e não entre o participante e o grupo”, diz o comunicado.
No final, o esclarecimento ainda afirma que a necessidade da segunda aplicação do Enem em 2016 não afetou os resultados de nenhum grupo especificamente. Ou seja, o grau de dificuldade das três provas aplicadas em 2016 – 1ª e 2ª aplicações e PPL – é garantido pelos parâmetros dos itens e pela aplicação da Teoria de Resposta ao Item. O comunicado está disponível no site do Inep.
Explicação do Inep sobre o TRI
Desde 2009, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) é utilizada para calcular os resultados dos candidatos. Essa metodologia permite comparar estudantes que fazem diferentes provas, uma vez que considera cada item e seus parâmetros estabelecidos em pré-testes.
Na aplicação dos pré-testes são detectados três parâmetros: grau de dificuldade, grau de discriminação e potencial de acerto ao acaso. A partir desses parâmetros podem ser escolhidos diferentes itens para compor diversas versões de provas com características métricas equivalentes em todas elas. Garantindo que todas os candidatos sejam avaliados igualmente entre varias versões de prova.
A TRI não contabiliza apenas o total de acertos. Apesar de existir uma relação entre o número de acertos e a proficiência, esta não é apenas o percentual de itens acertados. Isso explica o fato de estudantes com o mesmo percentual de acertos poderem obter proficiências diferentes, dependendo do padrão de questões acertadas.
Quem compara os resultados dos alunos a partir do percentual é a Teoria Clássica de Testes (TCT). Diferentemente da TRI, a TCT considera a totalidade da prova, e não os itens em separado. Ou seja, quanto mais questões o aluno acertar, maior será a sua nota. O fato de a TCT ser amplamente utilizada nas escolas brasileiras e, por isso, ser de maior conhecimento e de mais fácil entendimento pelos alunos, tende a confundir os candidatos quando recebem seus resultados do Enem. Ainda mais porque a maioria das escolas, mesmo em simulados para o Enem, continua utilizando a TCT (quantidade de acertos ou porcentagem) para a correção.