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Apesar de dedicar toda a sua carreira à pesquisa do uso da tecnologia na educação, Paulo Blikstein acha que a lição da pandemia é valorizar mais o professor. Não que o especialista em educação e ciência da computação da Universidade Columbia, em Nova York, defenda crianças em bolhas analógicas. "A tecnologia é uma ferramenta muito poderosa de criação, de motivação e empoderamento", explica Blikstein - criador do primeiro programa acadêmico de educação maker do mundo, o FabLearn. "Mas não adianta pegar uma aula tradicional, da qual o aluno já não gosta muito, e colocar numa telinha de celular de 5 centímetros."

Para ele, não existe mais a discussão sobre se a tecnologia vai estar na escola e, sim, como. E a resposta são vídeos que as crianças possam fazer com celular sobre problemas da sua comunidade, fotos da vegetação da região, entrevistas com a família, projetos de robótica e programação. "Tem essa coisa messiânica de que o ensino híbrido vai nos salvar, que vai recuperar um ano e meio fora da escola. O que vai de fato recuperar é o contato de alunos com professores, a ressocialização na escola", diz ele, que assina um relatório sobre o assunto feito para uma parceria entre o grupo D3e, Todos Pela Educação e laboratório Transformative Learning Technologies, de Columbia.

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Blikstein diz ainda se preocupar com a segurança dos dados dos estudantes, já que grandes empresas de tecnologia entraram em massa nas escolas durante a pandemia, sem legislação no País. "Imagina se tivesse um sujeito da empresa X sentado em cada sala de aula, anotando tudo o que acontece com as crianças, tirando foto delas, vendo suas notas, seria um escândalo. Mas como é tudo pelo computador, a gente acha que tudo bem."

Com a volta às aulas neste segundo semestre, a tecnologia vai estar cada vez mais presente na escola?

No Brasil, alunos de escolas particulares e de algumas regiões voltam em situação melhor, por estarem em situação de privilégio. Tiveram aprendizado diferente com pais, família e internet. Mas tem um contingente muito grande de crianças sem condições de conectividade, sem quarto, mesa, computador. Eles voltam não só tendo perdido o ano como esquecido muitas coisas.

E qual a saída para isso?

São necessárias políticas públicas planejadas e realistas para recuperá-los. Vejo muito essa visão messiânica, dizendo que a gente vai usar o ensino híbrido para recuperar perdas de um ano e meio. Não tem tecnologia nenhuma para recuperar o estar longe da escola. E, sim, o contato dos alunos com professores, a ressocialização.

O ensino híbrido não funciona?

O ensino híbrido virou uma jabuticaba, as pessoas estão fazendo uma grande confusão. Tem algumas modalidades híbridas de educação que funcionam. Por exemplo, fazer projetos na sua comunidade, na sua casa, trazer dados de fora para a escola, assistir a um vídeo ou até a uma aula numa quantidade em torno de 10% do tempo da presencial. Entrevistar pessoas em casa ou pelo zoom. Se for um ensino criativo e híbrido, tudo bem, mas se for mais do mesmo, um pouco online e outro na sala de aula, não tem sentido nenhum.

Qual será a solução, se todas as crianças ainda não puderem estar na escola todos os dias por causa dos protocolos?

Deveríamos estar pensando em fazer projetos. Vamos pedir para a criança usar o celular para tirar fotos da comunidade, fazer um vídeo dos problemas, tirar foto da vegetação, fazer filme sobre os pratos que sua mãe cozinha, projetos que dialoguem com a vida dela, dos familiares. Há mil possibilidades de uma educação mais relevante, que também usa tecnologia e é pouco aproveitada. Ao contrário, o que se está fazendo é pegar a aula tradicional, de que o aluno já não gosta muito, e colocar numa telinha de 5 centímetros do celular. Mandar o aluno ficar horas vendo isso e depois fazer um monte de exercícios é pedir para ele se desmotivar, sair da escola.

Em um relatório recente você diz que não se discute mais se a tecnologia vai estar na escola, mas, sim, como. É disso que está falando?

Sim. Antigamente, o computador entrava na escola quando o governo falava que ia fazer salas de informática, o governo tinha esse monopólio de colocar a tecnologia. Hoje ela já está na escola, por alunos que já têm celular ou por empresas que fazem projetos com escolas. Não é mais o "se", tem de pensar no "como". Os alunos têm celular, então vamos mandar fazer pesquisas de campo. Tem de usar de forma interessante, não é pra ler PDF ou fazer prova de múltipla escolha no tablet.

O que fica de lição da pandemia para a tecnologia?

O que fica de lição é que, primeiro, tem de levar a sério essa desigualdade de conectividade e acesso. A escola não tinha internet, mas isso nunca tinha sido posto à prova. É uma lição de casa enorme conseguir oferecer para as crianças o mesmo ponto de partida.

O que se aprendeu, no caso?

Ela mostrou para algumas empresas que achavam que as crianças iam ficar em casa e aprender no seu próprio ritmo... isso foi um desastre. A gente não quer esse mundo dos utopistas da tecnologia, a gente quer o mundo em que as crianças vão para a escola, se sujem e convivam, aprendam de outras pessoas, conversem com outras crianças. A escola não é só lugar de aprender o conteúdo, mas de ser cidadão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Prefeitura do Recife iniciou a entrega, nesta quarta-feira (28), de 42 mil tablets para os estudantes da rede municipal. A distribuição dos materiais, prevista para ser concluída até o fim de agosto, faz parte da implementação do EducaRecife, programa de ensino híbrido, que busca incentivar os estudantes a continuarem a formação básica, mesmo com as medidas de distanciamento devido à pandemia do novo coronavírus.

A primeira fase contemplará mais de 1.700 alunos da educação especial. A primeira remessa de materiais foi dada aos alunos da Escola Municipal Mário Melo, no bairro de Campo Grande, na Zona Norte da cidade. Os contemplados foram os estudantes da Educação Especial, estudantes com deficiência e transtorno de espectro autista, envolvendo a Educação Infantil, as turmas do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental e as turmas do Se Liga.

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Na ocasião, o Prefeito João Campos também entregou à unidade de ensino equipamentos do tipo chromebooks. “Todo aluno do 4º ao 9º ano irá receber e todos os alunos da Educação Especial. O tablet virá com todas as ferramentas necessárias para a aprendizagem e a internet será paga pela prefeitura para utilização de todas as plataformas educacionais”, destacou o chefe do executivo municipal.

O EducaRecife tem como eixo o acesso gratuito à internet para estudantes e professores da rede, e a plataforma, ainda sem data de lançamento, fornecerá a conexão. O secretário de educação, Fred Amancio, analisa os benefícios da ação. “Estes equipamentos irão apoiar a aprendizagem dos estudantes para além da sala de aula. Eles poderão acompanhar as aulas ao vivo e gravadas, mas também acessar diversos aplicativos e conteúdos pedagógicos”, diz o secretário Fred Amancio.

Na cerimônia também foram entregues notebooks do modelo Chromebook para as escolas. A gestão adquiriu 1844 equipamentos para distribuir nas escolas e creches da rede municipal. “Todas as unidades educacionais da rede terão chromebooks para as salas de aula. Este equipamento vai dar apoio pedagógico para os nossos professores. Ele poderá, por exemplo, mostrar vídeos e apresentações aos estudantes, fazer pesquisas e consultas durante a aula e uma série de outras atividades que poderão deixar a aula ainda mais dinâmica, utilizando a tecnologia para apoiar o trabalho em sala de aula e contribuir com a aprendizagem dos estudantes”, diz o secretário.

A Prefeitura do Recife lançou, nesta segunda-feira (28) o programa 'Educa Recife', que busca promover o ensino híbrido na rede municipal de ensino. De acordo com o prefeito João Campos (PSB), foram investidos R$ 55 milhões.

O ensino remoto se tornou comum no País devido às restrições e medidas de distanciamento e segurança impostas para combater o novo coronavírus. Entre as atividades apresentadas no lançamento está a criação da Escola Municipal para Aulas Digitais, especialmente para o programa.

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Foram inaugurados quatro novos estúdios para gravação e transmissão das aulas, onde será preparada uma programação de mais de 14 horas diárias de aulas em cinco canais digitais abertos. Além disso, o programa oferece acesso à internet gratuita para alunos e professores, bem como houve distribuição de 42 mil tablets para os estudantes.

A plataforma para acompanhamento das aulas conta também com uma equipe de 45 professores apenas para o ensino digital. Os conteúdos ainda terão recursos de acessibilidade, como tradutor para língua brasileira de sinais (Libas) e legendas.

As turmas de graduação presencial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) iniciam, na próxima segunda-feira (24), o semestre letivo 2020.2. Por causa da pandemia da Covid-19, as atividades acadêmicas continuarão a ser realizadas de forma híbrida.

Para dar início ao semestre, a UFPE realizará um evento de abertura a partir das 9h, em seu canal no YouTube, que contará com a presença do reitor Alfredo Gomes e do vice-reitor Moacyr Araújo. Também participarão docentes, técnicos administrativos, gestores e discentes da instituição.

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A Universidade informa que para este semestre estão sendo ofertados 4.036 componentes curriculares e 7.465 turmas, incluindo EAD. Os cursos de graduação presencial podem ministrar as disciplinas de maneira exclusivamente remota ou de forma híbrida, a depender das especificidades.  

“É importante que os estudantes tenham o compromisso com o próprio processo de aprendizagem para que façam o seu melhor durante o semestre 2020.2. Ainda estamos enfrentando as adversidades geradas pela pandemia e nos reinventando quanto à melhor forma de ensinar e avaliar neste contexto. Assim, iremos construir juntos, professores, estudantes e técnicos, um semestre de qualidade para os processos de ensino, aprendizagem e avaliação”, disse, por meio de nota, a pró-reitora de Graduação, Magna do Carmo Silva.

 

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) se posicionou, nesta terça-feira (2), contra a portaria nº1.030 do Ministério da Educação (MEC); por ela, as instituições de ensino públicas deveriam voltar às aulas presenciais em janeiro de 2021, mesmo diante da pandemia da Covid-19.

A UFPE, por sua vez, não concordou com a proposta do MEC e garantiu que seguirá a decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). No dia 27 de novembro, a Universidade aprovou o calendário acadêmico com o formato híbrido.

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Leia, a seguir, a nota na íntegra da UFPE:

Diante da Portaria n° 1.030, publicada pelo Ministério da Educação (MEC) no Diário Oficial da União de hoje (2), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) informa que reafirma a sua autonomia e seguirá a decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que aprovou, na última sexta (27), o calendário acadêmico-administrativo do ensino de graduação presencial para os exercícios de 2020 e 2021 no formato híbrido (Resolução nº 23/2020). A proposta deste calendário foi construída com ampla participação da comunidade acadêmica.

Reafirmamos o compromisso da UFPE com a proteção da saúde de sua comunidade (estudantes, técnicos e docentes), com as medidas de enfrentamento à Covid-19 e as diretrizes para retomada das atividades, pautada nos princípios de biossegurança e defesa da vida.

Diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o segmento da educação, assim como muitos outros, teve que se adaptar repentinamente a uma nova realidade de execução de suas tarefas. O ensino remoto foi imposto em respeito à recomendação de distanciamento social, a fim de evitar a disseminação da doença. Mas, e para o ano de 2021? Qual será o modelo de ensino que está sendo planejado pelos cursinhos pré-vestibulares? Presencial, híbirido ou remoto?

Fernandinho Beltrão, proprietário da Academia Fernadinho Beltrão, sediada no Recife, conta, ao LeiaJá, que sobre o planejamento para o ano de 2021 do preparatório, a instituição informou já no mês de julho deste ano que no ano seguinte, não haverá atividades presenciais. “No mês de julho, nós já anunciamos que em 2021 não haverá nenhuma atividade presencial de sala de aula ou secretaria na Academia. Na Academia, tudo será remoto. Nenhuma atividade pedagógica será realizada na Academia. Então, desde julho que nós estamos com todo planejamento. Então, a gente decidiu que independente de vacina, independente de remédio, 2021 todo será remoto, para que a gente possa planejar. Porque aula presencial pode e deve ter 45 minutos a uma hora e meia, aula on-line pode e deve ter de 15 a 20 minutos, é bem diferente. É bem diferente fazer aulas menores em maior quantidade do que aulas maiores em menor quantidade”, revela o professor de biologia.

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“Segunda coisa, as aulas presenciais pressupõem uma ideia que tem que levar em conta transporte público, tem que levar em conta cantina, tem que levar em conta temperatura da sala”, pondera Beltrão. Fernandinho diz que, pelo fato de a Academia já trabalhar com aulas ao vivo, eles não foram afetados; tratou-se de uma questão de adaptação. “Na Academia, a gente já faz todas as aulas transmitidas ao vivo há seis anos, por isso que a pandemia não pegou a gente. Era a pandemia chegando e a gente 10 quilômetros na frente. Nós estamos hoje a 300 quilômetros de dianteira, porque a gente já tinha isso. A gente já caminhava nesse sentido fazia muito tempo. Desde 1999, quando ainda se usava VHS, a gente já tinha aulas todas em vídeo. Então, assim, para este ano não foi difícil, foi adaptação. Para o ano que vem, aí a gente precisa ter planejamento, não dá para planejar vai e vem, não faz sentido. As provas têm que ser provas que durem de 45 minutos a uma hora. Não dá para o aluno eletronicamente, para treino, fazer prova desse jeito aí. Por outro lado, você pode fazer muito mais", relata.

"Por exemplo, em 2021, o planejamento da gente – e vai ser executado – é fazer mais ou menos 20 simulados por semana. Todos os dias têm simulado. Então, o aluno pode ter uma, duas ou três provas por dia. Ele faz se quiser. Por exemplo, ele vai ter 36 aulas na segunda-feira, 36 na terça, 36 na quarta, 36 na quinta. São aulas pequenas com temas previamente conhecidos. O aluno conhece os temas das aulas do ano inteiro de cada professor", continua Fernando Beltrão.

Já o proprietário do Espaço Conexão Cursos e pré-Enem, Everaldo Chaves, conta que o planejamento para o ano de 2021 se volta à modalidade híbrida. “Nós estamos planejando o ano de 2021 com a possibilidade de iniciarmos o ano letivo com aulas presenciais ou a depender da gravidade, do crescimento da pandemia, a gente iniciar o ano com aulas remotas. Então, na realidade, o planejamento ele está sendo híbrido, a gente está tendo que imaginar o ano presencialmente ou remotamente até a vacina ser aplicada em larga escala”, diz.

O gestor do Colégio e Curso Especial, Ozias Fonteles, conta que o planejamento para o ano de 2021 do pré-vestibular começou neste mês de novembro, mas que ainda há dúvidas quanto à procura por este tipo de curso. “Iniciamos o planejamento e a formatação, a precificação e a estruturação do planejamento agora em novembro, mas ainda com muitas dúvidas e interrogações a respeito de como vai ser o interesse, a procura por determinado tipo de curso. Então, nós optamos aqui a ofertar os dois modelos, o presencial e o remoto, visto que por experiências feitas nas semanas anteriores com os professores, o híbrido gera muitas dificuldades no momento da aula. Porque o híbrido tanto o professor tem que atender aos alunos que estão no momento na sala como os que estão em casa, da mesma forma. Isso aí requer operador, requer tempo para as perguntas tanto para quem está em casa como para quem está na sala de aula. Então, o modelo ainda não está funcionando redondo, vamos dizer assim", conta.

De acordo com Fernandinho, alguns resultados positivos - como economia de custos, principalmente por parte de alunos menos favorecidos economicamente - foram importantes na decisão de optar pela modalidade totalmente remota em 2021. “Na verdade, desde maio para junho, a gente resolveu que este ano (2020) a gente não voltaria e no ano que vem também não. Primeiro, pelos resultados, que a gente começou a perceber que estava havendo um grande avanço, inclusive nos alunos mais excluídos, que passaram a economizar transporte, roupa e lanches. Muito mais vantajoso para este grupo. Os meninos do interior, de outras cidades... Tudo isso fez com que a gente partisse para decidir 2021 totalmente on-line, totalmente não presencial. Todas as aulas são ao vivo, sempre. E não com presença de alunos”, assegura.

Everaldo Chaves, por sua vez, acredita que o ensino híbrido será adotado pelos cursinhos no próximo ano e que tanto docentes quanto discentes viram que é possível aprender de forma remota. “Acredito que a tendência é ensino híbrido, eu acho que a pandemia, ela trouxe mudanças e quebras de paradigmas para a educação. Tanto os professores quanto os alunos perceberam que é possível, sim, aprender remotamente. Então, eu acredito que os cursos presenciais, eles vão ficar cada vez mais otimizados, buscando suporte no ensino remoto”, avalia.

Quando perguntado se os alunos foram consultados a respeito do modelo a ser adotado em 2021 e qual é a modalidade mais aceita pelos estudantes, Fernandinho afirma que tanto os alunos como seus pais são ouvidos na Academia e que o modelo remoto é o mais aceito pelos estudantes. “Os alunos e os pais dos alunos são sempre muito ouvidos na Academia, todos os pais e todos os alunos têm acesso a todos os WhatsApp de todos os diretores. A gente conversa demais, justamente percebendo dos alunos que eles precisavam de ajuda. Ajuda é planejamento. Por exemplo, neste ano, nós não demos férias no mês de abril, que quase todos os colégios do Brasil deram. Também não demos em julho, também não vamos dar em dezembro nem janeiro, porque tem que cumprir o planejamento. É o jeito. É assim que funciona. Então sim (sobre o modelo remoto ser o que os alunos mais preferem), todos eles, é unanimidade", explica o docente de biologia.

Everaldo conta que, quando consultados  - em cenário de pandemia - acerca da modalidade de ensino a ser adotada no próximo ano - a maioria dos estudantes optou pelo ensino remoto. “Eles foram consultados. Em momento de pandemia, sem sombra de dúvidas, ensino remoto 70% dos alunos optaram. É tanto que agora eu voltei com ensino presencial e nem 10% dos alunos compareceram às aulas presenciais. A maioria preferiu se manter no remoto. Mas em um cenário normal, sem pandemia, o ensino presencial, ele ainda prevalece em meio aos estudantes de ensino médio, sobretudo os alunos mais novos”, explica.

Por meio de consulta para saber qual o modelo de ensino os alunos prefeririam estudar no próximo ano, Ozias conta que metade dos seus estudantes quer voltar ao ensino presencial, enquanto a outra metade prefere continuar no modelo remoto. “Fizemos uma pesquisa aqui através do Google Formulários e 50% já querem voltar ao modelo presencial e 50% ainda estão receosos e gostariam de continuar no modelo a distância (EaD). Mas tudo isso também deixando claro que o aluno ele precisa do contato da tutoria, do tira dúvidas e com a continuidade de simulados, aulões e essa tutoria on-line”, comenta Ozias. 

Em relação à sua expectativa quanto ao modelo de ensino a ser adotado no próximo ano pelo cursinho, Fernandinho conta que espera que os resultados sejam superiores aos que o cursinho sempre obteve. “A expectativa é que os resultados sejam muito, mas muito melhores do que o que a gente sempre teve. A gente sempre teve resultado bom. A Academia é não só mais antiga, mas o maior cursinho da cidade e a gente tem tido resultados fantásticos, mas a tendência é que seja melhor, é que ele abra um espaço de resultados nacionais. Agora, a gente sim pode fazer preparação como estamos fazendo preparação para a Universidade Estadual do Ceará (UECE), para a Universidade de Pernambuco (UPE), para a Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), para a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Estadual Paulista (UNESP), a Universidade Estadual de Londrina (UEL), para a Universidade de São Paulo (USP). Ou seja, a gente consegue abrir um leque muito maior, porque faz um planejamento para ela. Então assim, a aceitação dos estudantes foi impressionante, foi muito melhor do que a gente poderia imaginar e os resultados, a expectativa é de uma coisa grandiosa, é de uma coisa muito boa. Avalie que o aluno não vai precisar perder oito, dez, doze horas por semana de transporte para os cursinhos. Ou o povo do interior, não precisa gastar dinheiro alugando apartamento em Recife. Fique em casa, agora sim é fique em casa. Ele vai gastar com a internet de qualidade em casa, com construir um estudiozinho para ele em casa”, finaliza.

Sobre sua expectativa no que diz respeito ao modelo de ensino a ser adotado no próximo ano no pré-vestibular, Everaldo afirma ser positiva. “Expectativa é, sem sombra de dúvidas, boa, porque a pandemia nos obrigou a conhecer outras ferramentas de ensino que nós professores e alunos percebemos que surtem efeito, então isso vai acabar otimizando muito a sala de aula, o ensino presencial. Por exemplo, meu curso tem três horas e meia, mas a partir do ano que vem vai ter duas horas presenciais, essa uma hora e meia, ela vai ser jogada para o ensino remoto. Então dá para otimizar o ensino presencial”, analisa.

Sobre a sua expectativa sobre o modelo de ensino de 2021, Ozias diz: “Minha expectativa em relação ao modelo é que 50% dos alunos vão optar pelo presencial e 50% vão optar em continuar pelo EaD, até por questões de preço também. Vamos dizer assim, o EaD hoje, ele está 50% mais barato do que o curso presencial. Agora, alguns cursos de ponta vão apenas adotar o modelo totalmente a distância, outros cursos vão adotar o híbrido. Mas eu acredito que o modelo misto, presencial ao mesmo tempo e on-line, acredito que possa, a gente possa estar atendendo melhor à expectativa dos alunos”.

A respeito dos modelos de ensino que podem vir a ser adotados pelos cursinhos pré-vestibulares em 2021, o professor de redação Diogo Xavier, que leciona no Squadrão Aula Show, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, diz que o ensino remoto é o modelo que ele acha mais adequado, considerando o cenário atual de pandemia. “Acredito que é mais viável investir no remoto, com algumas atividades híbridas, como monitorias e simulados presenciais para os que optarem pela modalidade, e remotos para quem não puder ou quiser. Ainda há risco de lockdown, de nova onda de contaminação, portanto começar as aulas mesmo de forma híbrida e depois ter que mudar a modalidade seria mais estressante para o fera. Eu acredito ser melhor já começar o preparo se acostumando com a forma remota”, pondera.

Já o professor de literatura Talles Ribeiro, que já atuou nos Caras de Pau do Vestibular e no Curso Nobre, acredita que essa não será uma escolha dos cursinhos e que as coisas ficarão sujeitas ao desenvolvimento da pandemia. No entanto, ele acredita que o ensino híbrido será o modelo mais adequado. “Acredito que isso não será uma escolha dos cursinhos. Nem dos professores, nem dos alunos. Tudo vai ficar a cargo de como a pandemia se desenvolverá. Mas acredito que o sistema híbrido deverá ser a melhor solução. O ensino presencial é insubstituível com a mesma qualidade”, diz Ribeiro.

Diogo Xavier e Talles Ribeiro indicam, ainda, quais são os benefícios e desafios de cada tipo de ensino adotado. “De todas as modalidades, acredito que para a maioria dos alunos o rendimento é melhor na forma presencial, a interação é mais frequente, é mais fácil manter o foco. O ensino híbrido, da forma como algumas escolas estão adotando, com a transmissão on-line da aula dada em sala, fisicamente, acredito ser um paliativo, não vejo como tão produtivo. Isso porque dividir a atenção entre os alunos que estão presentes fisicamente e os que acompanham por conferência torna a aula menos fluída, mais trabalhosa. Mas, em um contexto pós-pandemia, um ensino híbrido em que as aulas sejam parte presenciais e parte remotas ou gravadas, ambas para todos os alunos, pode potencializar o rendimento e até ajudar a sanar dificuldades. Já a modalidade remota, com um trabalho desde o início do ano letivo ou do preparo para o vestibular, e orientações a respeito de disciplina, planejamento, autonomia, pode ser adotada, mesmo após a pandemia, como uma modalidade para os alunos que optarem estudar integralmente em casa. É flexível, segue a realidade do estudante e tem muito potencial”, explica Xavier.

“O desafio para o presencial é a própria pandemia. O medo, o desgaste emocional. Tudo isso influenciará no rendimento dos alunos e professores. Já no híbrido, acredito que a maior dificuldade seja a adaptação. É confuso para o aluno entender quando, como e por que deve-se ir presencialmente ou ficar em casa. Porém, o remoto acredito que é o que carrega consigo mais desafios. Primeiro, por causa do acesso. O senso comum diz que todos os jovens hoje em dia são 'ligados' na internet, no mundo digital... Mas não é bem assim, durante a quarentena mais rígida ficou evidente a dificuldade que muitos alunos têm em usar as ferramentas digitais. Ademais é sabido que a internet não chega a todos e quando chega, não chega com a mesma qualidade”, acrescenta Ribeiro.

Entre os modelos presencial, híbrido ou remoto, o que permite melhor interação e rendimento dos alunos é o presencial, na opinião de Diogo: “Acredito que a modalidade presencial é mais interativa que as demais. Vivemos uma época multiconectada, em que estamos ligados simultaneamente a vários aparelhos e aplicativos. Em casa, muitas vezes o aluno ouve a aula enquanto olha as redes sociais, ou lava os pratos, por exemplo. Nessa situação, poucos interagem. Na sala de aula, fisicamente, é mais fácil haver a interação. Mas acredito que, com  orientação e autodisciplina dos estudantes, é possível tornar o ensino remoto ainda mais interativo e produtivo”. 

Estão abertas as inscrições para o 1º Congresso Nordestino de Educação Híbrida e Tecnologias Educacionais (CNEaD). Com a participação de 11 institutos federais, o evento será realizado on-line, gratuitamente, de 14 a 16 de dezembro deste ano.

“Educação Híbrida – o caminho para o futuro” é o tema do Congresso, cuja proposta central é debater assuntos relacionados à educação a distância. “A ideia é compartilhar experiências, sobretudo em tempos de pandemia, proporcionando troca de descobertas de novos conhecimentos e ferramentas tecnológicas que poderão revolucionar o modelo de educação no Brasil. A programação conta com temáticas divididas em três eixos: Metodologias Ativas e Ensino Híbrido; Tecnologia, política, sociedade e cultura; além de Práticas pedagógicas no Ensino Remoto emergencial”, informou o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).

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Até 30 de outubro, estudantes, pesquisadores e professores podem inscrever trabalhos no evento. Os resultados deverão ser anunciados em 17 de novembro e, até 24 do mesmo mês, os autores selecionados enviarão seus artigos acadêmicos.

Na página do Congresso, o público pode acessar mais detalhes a respeito das atividades previstas. O endereço virtual também traz informações acerca da programação completa.

Na tarde desta quarta-feira (1º), o Ministério da Educação (MEC) realizou uma coletiva de imprensa na qual foram anunciadas ações para apoio ao retorno às aulas presenciais em universidades e institutos federais. Entre as medidas, estão a elaboração de um protocolo com normas de biossegurança e a aquisição de pacotes de internet para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica terem acesso ao ensino remoto e híbrido (parte presencial, parte a distância). 

Internet móvel

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De acordo com o secretário Secretário Executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, o projeto do Ministério é dar apoio às universidades e institutos oferecendo pacotes de dados de internet móvel (3g e 4g) para acesso dos alunos a sites específicos para fins educativos. As limitações de navegação a sites considerados impróprios deverá ser definida pelas instituições de ensino. 

“O MEC defende o retorno às aulas e entendemos que Institutos Federais e universidades vão ter que compartilhar ensino presencial e a distância, porque o afastamento seletivo vai ter que continuar existindo, mas as atividades têm que continuar”, afirmou Vogel. 

A previsão é que o processo licitatório para definição da empresa que prestará o serviço seja feito na próxima semana, com implementação do serviço a partir de 20 de julho para um quantitativo de 400 mil a 1 milhão de alunos com renda familiar per capita de até 1,5 salários mínimos. 

A estimativa do alcance da iniciativa foi feita através de pesquisas junto às instituições de ensino e, segundo Wagner Vilas Boas de Souza, secretário de Educação Superior do ministério, “será muito mais barato do que o particular adquirir o plano ou se cada universidade ou instituto fosse adquirir [os planos de internet]”. Ele afirmou, ainda, que as universidades e institutos poderão utilizar recursos próprios para ampliar a oferta para um número maior de estudantes. 

A razão para que o enfrentamento à falta de acesso à internet por parte de estudantes de baixa renda tenha sido o fornecimento de pacotes de dados é que, segundo o secretário executivo, “mais de 90% dos alunos têm algum equipamento que acessa a internet, o maior gargalo não é o equipamento, é a internet”.

Ainda segundo Antonio Paulo Vogel, a maioria dos alunos contemplados, cerca de 40%, é da região Nordeste do país. O modelo no momento será implementado apenas para o ensino superior, mas com a possibilidade de que secretários de educação básica busquem adotar estratégias semelhantes.

Nelson Simões, diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), defende a discussão de uma estratégia para conectividade nos domicílios dos estudantes, uma vez que a rede móvel tem limitações de alcance e cobertura fora de áreas urbanas. Questionado pelo LeiaJá sobre como será feita a prestação do serviço de conectividade e da parte remota do ensino híbrido a alunos que residem em áreas remotas e distantes dos centros urbanos, como zonas rurais, ele afirmou não ter “uma resposta técnica”, alegando, em seguida, que esses estudantes “possivelmente” terão que se deslocar para ter acesso à internet.

“Banda larga fixa ainda tem uma penetração bastante limitada às áreas urbanas. Nas áreas rurais é um pouco pior o cenário, a gente tem uma cobertura menor. São áreas que não têm acesso à telefonia e possivelmente isso vai implicar que as pessoas que vivem nessas áreas e já têm estratégias se desloquem a um centro mais urbano, a pontos que podem ser abertos de rede wi-fi”, declarou.

Protocolo de biossegurança 

O MEC também divulgou um protocolo de biossegurança com orientações gerais para o retorno às atividades de ensino presenciais. O documento, segundo o secretário de Educação Superior, Wagner Vilas Boas de Souza, foi elaborado em parceria com entidades de ensino superior e equipes de saúde e “não é uma regra engessada, é uma diretriz". "Trata de medidas protetivas pessoais e coletivas, atividades laborais, transporte coletivo, entre outros”, acrescentou.

O secretário esclarece, ainda, que apesar de ter sido elaborado e pensado para as universidades e institutos federais, o protocolo também pode servir para auxiliar universidades privadas e secretários de educação estaduais e municipais, no que couber, a formular diretrizes para o retorno na educação básica.

O secretário explica também que tanto universidades quanto institutos federais têm autonomia para definir o momento do retorno de suas atividades, baseados, entre outras situações, nas determinações das autoridades sanitárias de cada região do País. Assim, segundo ele, não há previsão de data para retorno das atividades e a decisão não será centralizada no ministério. 

“Não consigo falar uma data de volta às aulas, eu, MEC, não tenho esse poder. Cada rede de ensino vai definir suas datas. Cada um vive suas dificuldades e potenciais, não tem como de forma centralizada definir uma data. Cada instituição de ensino e cada universidade”, disse Wagner Vilas Boas de Souza. 

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Na manhã desta quinta-feira (18), a Academia Pernambucana de Ciências (APC) realizou um evento virtual reunindo os reitores Pedro Falcão, da Universidade de Pernambuco (UPE), Alfredo Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Marcelo Carneiro Leão, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Durante as discussões acerca das ações de enfrentamento à Covid-19 promovidas pelas instituições, entrou em pauta o retorno às aulas presenciais e foi mencionada a possibilidade de um modelo de ensino híbrido no pós-pandemia, com parte dos estudantes em sala de aula e os demais no ensino remoto. 

“Vamos fazer o esforço para retomar as atividades de forma remota. Isso requer planejamento para ser sincronizada e harmonizada com atividades presenciais e aí o ensino híbrido passa a entrar na pauta. Estamos trabalhando com a ideia de semestre suplementar, que deve acontecer por mais ou menos dois meses, com poucas disciplinas para estudantes e professores experimentarem essas atividades”, explicou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. 

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Na mesma linha, o reitor da UPE, Pedro Falcão, conta que além de a universidade ter mantido ativos os cursos de seus polos EAD, a instituição também avalia a implementação do ensino híbrido. “Foi montada uma proposta de ensino híbrido para que a gente consiga chegar a uma proposta nesse pós pandemia”, disse ele. 

Marcelo Carneiro Falcão, reitor da UFRPE, explica que a universidade prevê a instituição de um semestre emergencial com a oferta de disciplinas remotas e não-obrigatórias enquanto os estudantes aguardam a entrada do semestre 2021, como forma de reduzir o número de alunos em sala de aula no momento da retomada das atividades presenciais e evitar a exclusão de estudantes sem acesso à internet e equipamentos eletrônicos. 

“As pessoas que conseguem o acesso remoto poderão realizar e no retorno presencial a gente não vai ter condição de colocar 60, 70 pessoas numa sala. O que a gente vem trabalhando é um semestre emergencial na execução e oferta, as disciplinas vão ter que ter características possíveis de serem feitas remotamente, não obrigatoriedade para que o aluno que não tiver condições não se prejudique e possa fazer no retorno presencial e reduza o quantitativo de alunos”, declarou o reitor. 

Propostas de retomada de atividades

Ao analisar a conjuntura da pandemia no país e no Estado, o reitor Marcelo Carneiro Leão, da UFRPE, avalia que as aulas presenciais não devem ser retomadas até o final de 2020. “A volta às atividades presenciais seria uma irresponsabilidade tremenda. Acredito que não teremos um retorno de atividade presencial pelo menos até o final deste ano. Na pós-graduação a gente tem uma outra dinâmica, o número de alunos é menor, existe possibilidade de criar outras dinâmicas. Na graduação é diferente”, afirmou ele.  

Segundo Marcelo, a UFRPE instituiu vários grupos de trabalho que têm a missão de elaborar uma proposta para retomada de atividades que vai ser apresentada e discutida com a comunidade acadêmica da universidade. Sugestões estão sendo recebidas por e-mail e uma primeira proposta será sistematizada para posteriormente ficar 10 dias aberta a críticas e sugestões.

“Uma comissão refinará essa minuta. Reuniremos conselhos para que possamos tomar uma decisão conjunta com olhar para ensino pesquisa extensão e esperamos votar essa proposta e voltar no dia 15 de agosto um novo funcionamento da UFRPE. Pedi que em todas as discussões duas variáveis estivessem presentes: preservação da vida humana e animal tem que estar presente, e que as discussões sejam inclusivas”, disse o reitor da UFRPE. 

Alfredo Gomes, da UFPE, vai no mesmo sentido e afirma buscar soluções remotas não só no âmbito da universidade, mas em consonância com outras instituições de ensino pernambucanas.  “No meu entendimento, atividades presenciais não devem acontecer esse ano, claro que temos que avaliar esse processo, mas isso está sendo baseado no Grupo de Trabalho Covid e as atividades de aulas de forma remota estão na nossa pauta, porque vivemos um contexto de imprevisibilidade e não temos como anunciar outra situação. Espero fazer isso se for viável, construir junto com a universitas, de forma harmônica com o estado e pensar nisso talvez para o início de agosta e não podemos fazer de forma que prejudique estudantes professores ou técnicos”, declarou o Alfredo. 

O reitor também destacou que o Colégio de Aplicação da UFPE (Cap) seguirá o mesmo caminho de ensino remoto que o restante da Universidade no momento em que essa decisão for tomada para os cursos de graduação. “O Cap vai retornar concomitantemente com a graduação de forma remota tão logo a gente aprove essa questão com o conselho e os estudantes terceiranistas não vão perder o ano. Enem e Sisu é uma questão mais ampla, o calendário é puxado para frente, porque tem a ver com a retomada dos cursos e semestres”, afirmou ele.

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Liz Honorato Parente tem 8 anos e um conhecimento sobre pássaros de deixar os adultos boquiabertos. Reconhece alguns pelo formato do bico, tonalidade da penugem e até forma de voar. O estudo dessas aves é o tema da pesquisa individual que desenvolve na escola Lumiar, na região central de São Paulo, onde cursa o primeiro ciclo do ensino fundamental. Durante a aula, a garota recebe as orientações, mas toda a exploração é feita fora dos muros do colégio: tanto em vídeos e textos na internet como nos parques da capital.

Já comum na faculdade, o ensino híbrido (blended learning) - modalidade de aprendizagem que combina ensino presencial e a distância - tem ganhado cada vez mais espaço na educação básica. O crescimento é resultado dos avanços tecnológicos e, nas escolas de educação básica, surge principalmente como ferramenta para implementação da metodologia.

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"A Lumiar reconhece o estudante em toda a sua potencialidade e organiza o currículo com atividades que o levam a desenvolver uma gama de competências fundamentais, como autonomia e responsabilidade", diz Fabia Apolinario, gerente de implementação pedagógica. "Nesse aspecto, quando pensamos em ensino híbrido, criamos oportunidades para que essa criança ou adolescente possa coplanejar os objetivos de aprendizagem e as etapas de suas atividades."

Para os especialistas, o formato é um amadurecimento de uma vocação já bem brasileira. "O Brasil tem uma tradição forte na questão da lição de casa, que já caracteriza uma atividade a distância. O que o modelo híbrido faz é incentivar um pouco mais isso, mas desta vez com atividades mais atrativas e com maior protagonismo das ações coletivas", afirma João Mattar, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional.

"Além disso, o ensino híbrido já é um aperitivo para quem, talvez, vá escolher um curso superior totalmente a distância. Não faz sentido deixar o aluno ficar até seus 17 anos em modelos totalmente presenciais."

Para trabalhar o tema "cultura" com alunos de ensino médio no colégio Mary Ward, a professora de leitura e letramento Elaine Cristine Fernandes da Silva organizou a turma em grupos relacionados a tópicos como cultura popular, cultura erudita e cultura de massa e deu aos alunos a tarefa de buscar as referências, deixando os momentos em sala de aula para mediar o andamento dos trabalhos.

Cada grupo produzirá um blog, que será visto e comentado pelos colegas. "Isso é metodologia ativa. O professor se torna um mediador e os alunos têm mais chance de, por meio da tecnologia, gerir o próprio aprendizado. Isso enriquece muito o repertório deles", diz a educadora.

Um dos pioneiros no uso do ensino híbrido no ensino fundamental, o colégio Dante Alighieri tem até um case sobre o assunto. Em 2009, quando o surto de H1N1 obrigou muitas escolas a suspender as aulas, a escola manteve a aplicação do conteúdo pela plataforma online.

Por uma questão curricular, a coordenação também marcou aulas de reposição in loco. "Mas, quando no meio tempo a Diretoria Regional de Educação viu os relatórios da produção dos alunos online, liberou o Dante para cancelar as presenciais, pois o currículo estava em dia. A partir disso, passamos a respeitar mais a plataforma e ampliar seu uso", conta a diretora, Valdenice Minatel.

Formação de professores

Para que o uso do ensino híbrido na educação básica ganhe escala é preciso não apenas investir nas ferramentas, mas também na formação dos professores que vão administrá-las. A Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) oferece uma oficina quinzenal gratuita e online para ensinar o uso de metodologias ativas a professores das redes pública e privada.

"Explicamos como usar as plataformas e pedimos que os professores tragam casos concretos que têm em sala de aula para trabalharmos propostas juntos", explica Alan Cordeiro Fagundes, responsável pela atividade.

Outras instituições oferecem a própria estruturação de uma disciplina para o formato híbrido. A CS Plus, startup criada pela escola de programação e robótica Super Geeks, auxilia a instalar o ensino de Ciência da Computação nas escolas.

"Instalamos nossa plataforma, treinamos os professores e oferecemos suporte no dia a dia para que possam trabalhar programação sem a necessidade de serem programador seniores", explica Marco Giroto, fundador da Supergeeks.

Uma das escolas atendidas é o Colégio CEM, em Concórdia, a 466 km de Florianópolis. A escola transformou Ciência da Computação em disciplina obrigatória da pré-escola ao ensino médio. "Várias outras escolas estão no procurando, até porque cultura digital é uma das competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)."

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