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A governadora Raquel Lyra e a vice-governadora Priscila Krause receberam, na manhã desta terça-feira (24), no Palácio do Campo das Princesas, o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes.

Durante o encontro foram debatidos alguns projetos de melhoria da instituição, a exemplo da interiorização do Parque Tecnológico, ampliação do Complexo de Convenções, Eventos e Entretenimento da UFPE, a produção de fármacos – medicamentos na área oncológica, em parceria com o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), além de temas relativos à sustentabilidade.

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“A ciência e a tecnologia são fundamentais para o desenvolvimento de Pernambuco e do nosso país. A Universidade Federal possui vários centros de excelência onde foram colocadas possibilidades de parcerias, algumas já existem e outras precisam ser fortalecidas. O Governo de Pernambuco está à disposição para que possamos fazer do nosso Estado um lugar inovador, que possa gerar novas oportunidades para o nosso povo”, afirmou Raquel Lyra.

O reitor da UFPE destacou a importância do diálogo com o Governo do Estado. “Tivemos uma reunião muito proveitosa. Que possamos ter o desdobramento com equipes mais específicas para analisar as questões trabalhadas e aprofundar essa parceria, que é muito importante para a Universidade Federal e acredito que também para o Governo de Pernambuco”, ressaltou Alfredo Gomes.

Também participaram do encontro os secretários estaduais Fernando Holanda (chefe da Assessoria Especial) e Diogo Bezerra (Projetos Estratégicos), o vice-reitor da UFPE, Moacyr Neto; a pró-reitora de pós-graduação, professora Carol Leandro; a diretora do Centro de Convenções, Mariana Brayner, e a secretária-executiva da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento, Maira Pitta.

Da Assessoria

Na noite da última terça-feira (13), o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, publicou um vídeo informativo nas redes sociais da instituição em que pede para os docentes da universidade não apliquem avaliações para os alunos. Para o reitor, é importante que os professores tenham empatia com os estudantes que estão sem receber bolsas e auxílios estudantis.

“Gostaria ainda de pedir aos professores e às professoras para evitar a realização de avaliações e de provas neste momento. Nós precisamos trabalhar uma postura de muita empatia e de acolhimento dos nossos estudantes durante este momento”, diz o reitor.

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No mesmo vídeo, o reitor também anunciou a liberação de cerca de 8.830 bolsas, o que corresponde a todas as bolsas de assistência estudantil, de monitoria, de iniciação científica e do programa ProMulti e do NucLi.

A UFPE, assim como outras universidades públicas de ensino do país, foi afetada pelos cortes orçamentários na educação realizados pelo governo federal no início de dezembro. Segundo o reitor Alfredo Gomes, ainda restam o pagamento de aproximadamente 800 bolsas relativas à extensão, à STI e também ao programa de estágio.

A Universidade Federal de Pernambuco também afirma que continua no esforço de pressionar e cobrar o Ministério da Educação e o Governo Federal para liberação de recursos e que sua prioridade número um é o cuidado com os estudantes.

Presente no ato em defesa da educação e contra os cortes orçamentários, realizado nesta quinta-feira (9) na área externa da Faculdade de Direito do Recife, o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, falou com exclusividade ao LeiaJá sobre a situação da instituição.

Em reunião, realizada remotamente com a presença de reitores de universidades e institutos federais na última terça-feira (7), ele ressaltou que, devido ao bloqueio dos recursos, a UFPE poderá fechar as portas em outubro. Questionado sobre qual seria o orçamento ideal para a manutenção do calendário acadêmico, da pesquisa e extensão, serviços de conservação dos prédios e contratos com terceirizadas, o reitor foi categórico.

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"Nós precisaríamos, por exemplo, para terminar o semestre com toda uma tranquilidade razoável de uma aporte de, aproximadamente, R$ 30 a R$ 40 milhões. Este corte de 7,2% retira do nosso orçamento R$ 12,2 milhões. Então, isso vai afetar os contratos de manutenção, transporte, vigilância, o pessoal terceirizado, a limpeza, dentre outras atividades".

Alfredo Gomes frisou que todas as instituições de Pernambuco sofreram consequências das intensas chuvas no Recife e Região Metropolitana. "Tiveram [as instituições] processos de infiltração, muita água entrou nos prédios. Então, a gente precisa de um aporte extra de recursos para fazer frente a essas necessidades de estrutura", aponta.

À reportagem, ele ressalta que com a redução do orçamento será inevitável não ter demissões de terceirizados. "Nós precisamos reduzir, reajustar os contratos. Quando você reduz o orçamento, você força a universidade a rever contratos e demitir as pessoas que estão dentro das empresas terceirizadas”, explica.

Pesquisa e extensão

A redução dos recursos para a UFPE, de acordo com o reitor, também terá impacto nas áreas de pesquisa e extensão. Ao LeiaJá, Alfredo Gomes admite que a instituição está realizando cortes "em quase todos os editais da universidade". Além disso, como forma de reajustar as contas, o lançamento de editais está diminuindo, até mesmo, os já publicados. "Então, terá impacto na redução de bolsas que vão para as áreas de pesquisa, de extensão, pós-graduação".

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) anunciou, nesta terça-feira (15), que retomará as atividades presenciais, aulas e setor administrativo, a partir da próxima segunda-feira (21). Em vídeo, o reitor da instituição, Alfredo Gomes, ressaltou que a volta ao modelo presencial cumpre a resolução 28/2021 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).

"A Universidade Federal está fazendo todo o esforço para que as melhores condições de convivência com a pandemia se materializem e que nós possamos ter um excelente semestre em face da conjuntura em que vivemos no momento", disse.

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A retomada é direcionada aos cursos que não optaram pela modalidade remota. Os estudantes que elegeram permanecer on-line, devido à crise sanitária, devem enviar, à UFPE, a documentação necessária. Já os técnicos administrativos voltam ao presencial com, pelo menos, 50% da carga horária.

Durante live, promovida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na tarde desta quinta-feira (1º), o ex-BBB e economista Gilberto Nogueira falou de sua trajetória acadêmica e do tempo que foi aluno da instituição. Em conversa com o reitor, Alfredo Gomes, Gil do Vigor defendeu o sistema de cotas e enalteceu a ciência e a pesquisa.

“Eu entrei na universidade sem muita perspectiva. Estudar em uma universidade federal, para mim, era um sonho muito distante. Em 2010, eu prestei vestibular, fiz o Enem, me inscrevi no sistema de cotas, que é extremamente importante valorizar isso. Cota não é esmola! A cota foi colocada para tentar suprir um problema que existe em nossa sociedade [...] Infelizmente, na nossa educação, ainda tem gente que vive em uma competição injusta, desleal, que é o pobre”, criticou o economista.

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Ao falar sobre o assunto, o Alfredo Gomes confirmou o compromisso dessa política de ação afirmativa também na pós-graduação. “Teremos 30% das vagas [mestrado e doutorado] destinadas a pessoas pretas, pardas, indígenas quilombolas, e pessoas trans”, afirmou o reitor da UFPE.

Em outro momento da conversa, Gil, que realizará PhD em universidade nos Estados Unidos, foi questionado se o “Brasil está lascado”. Com bom-humor, ele respondeu que a educação mudará esse cenário. Ele também aproveitou a live para agradecer aos professores e enaltecer as pesquisas afirmando que elas salvam vidas.

 "Os professores têm um papel muito importante, eles têm um papel incrível. Os alunos falam mal, mas, depois, vão entender a importância. Eu tenho o prazer em dizer isso, todo professor é importante, até aquele que você tem um ranço, ele vai ter um papel importante na sua vida”, enalteceu o ex-BBB.

O ex-BBB e economista Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, participa de live promovida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nesta quinta-feira (1º), juntamente com o reitor da instituição, Alfredo Gomes. O bate-papo será transmitido, às 15h, no perfil da Ascom UFPE no Instagram.

Na ocasião, o reitor e Gil do Vigor conversarão sobre a situação das universidade públicas, diante dos cortes no orçamento, e das novas cotas na pós-graduação da instituição.

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Participante da última edição do reality show da Rede Globo, Gilberto é graduado em ciências econômicas e mestre em economia pela UFPE. Em 2019, ele iniciou o doutorado também em economia. Durante o confinamento, Gil foi selecionado em dois programas de PhD nos Estados Unidos.

Na quarta-feira da última semana, dia 26 de agosto, o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão (PRTB), participou virtualmente de uma aula magna, e defendeu que estudantes de universidades federais que tenham boas condições financeiras paguem mensalidades para ajudar a custear programas de inserção de estudantes de baixa renda em instituições particulares de ensino superior. 

Mourão foi questionado sobre medidas de financiamento pensadas pelo Governo Federal para a inclusão de 83% da população brasileira em idade universitária no ensino superior, levando em consideração que boa parte desse percentual não dispõe de recursos para pagar pelos estudos, quando respondeu que o governo criará linhas de crédito para atender à população que não consegue ingressar no ensino superior. Em seguida, citou o pagamento de mensalidades em universidades federais como um “pensamento de longa data”. 

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“Nós temos dentro da universidade federal, gente que poderia pagar seus custos, que está recebendo ensino gratuito de graça e, posteriormente, não devolvendo nada para o País”, disse o vice-presidente, usando como exemplo seus filhos, que segundo ele, foram alunos de universidades federais e poderiam pagar. 

“Temos que pensar, hoje, seriamente e sem preconceitos. Ver o que seria um recurso para aqueles jovens que precisam de financiamento, e pagar uma universidade privada. Seria uma compensação muito justa isso aí”, afirmou o general, completando que, em sua visão, “uns 60% dos que frequentam universidade federal têm condições de pagar". "Um pagamento que fizessem serviria para que mais alunos ingressassem no setor privado e, consequentemente, para que aumentássemos o percentual de jovens no ensino superior”, complementou Mourão.

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Perfil dos alunos das universidades federais

Apesar de ter apontado um percentual de estudantes com renda que permitiria o pagamento de mensalidades, o vice-presidente não esclareceu se sua fala era baseada em alguma estimativa oficial, nem explicou se há encaminhamentos no Governo para tentar instituir pagamento de mensalidades em universidades federais. 

A fala de Mourão contrasta com a V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das Instituições Federais de Ensino Superior de 2018, realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que coletou dados de 420 mil estudantes de graduação das 63 universidades federais do Brasil, constatando que 70,2% dos alunos (294.840 estudantes) têm renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, o que configura vulnerabilidade socioeconômica.

A primeira edição da pesquisa realizada pela Andifes data de 1996, quando o percentual de alunos em situação de vulnerabilidade era de 44,3%. “Percebe-se que, a partir de 2014, ocorre salto e os estudantes nessa faixa de renda passam a ser 66,2% do total de estudantes da graduação”, defende a Associação. A mesma pesquisa aponta que na série histórica, desde que foi iniciada a política de cotas, o número de estudantes que ingressam nas instituições por meio de ações afirmativas cresceu de 3,1% em 2005 para 48,3%, em 2018.

Diante da afirmação de Hamilton Mourão, o presidente da Andifes, Edward Madureira, afirmou ao LeiaJá que baseada em seus dados, a Associação se coloca contra a cobrança de mensalidades nas universidades federais e solicitará audiência com o vice-presidente. 

“Somos contrários à cobrança e temos estudos que demonstram isso (a impossibilidade da proposta). Vamos solicitar uma audiência com o vice-presidente para mostrar os nossos estudos e as nossas argumentações. Estudos apontam a incapacidade de as famílias brasileiras assumirem despesas com educação superior nas universidades públicas. A maior parte dos estudantes destas instituições, segundo ele, é de baixa renda. A última pesquisa da Andifes, publicada no ano passado e com dados de 2018, mostrou que 70,2% dos estudantes de universidades e institutos federais estão na faixa de renda mensal per capita de até 1,5 salário mínimo”, disse Madureira por meio de nota.

Severino Mendes Júnior, pró-reitor de Gestão Estudantil da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), afirmou ao LeiaJá que a política de cotas ajudou a mudar o perfil dos estudantes das universidades federais, inserindo pessoas de baixa renda que antes não conseguiam ter acesso ao ambiente universitário. Nesse novo cenário, ele também destacou a relevância do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), como aliado do sistema de cotas, para ajudar a garantir não apenas a entrada, mas a permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica nos seus cursos.  

“Setenta por cento dos alunos matriculados nas instituições públicas do Brasil são vulneráveis. Na UFRPE, são 80%. Temos pesquisa sobre o desempenho dos alunos que recebem políticas de assistência, e é bem melhor que os que não recebem. Existe uma retórica na academia que essas pessoas têm desempenho baixo e não conseguem acompanhar, mas os dados provam o contrário. A sociedade contemporânea não sobrevive mais sem assistência estudantil”, explicou o pró-reitor.

“O maior ataque é ao princípio de educação pública para todos”

Marcelo Carneiro Leão, reitor da UFRPE  Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens/Arquivo

Sobre a afirmação do vice-presidente da República, o professor Marcelo Carneiro Leão, reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), disse que se permite discordar e “com todo o respeito, a visão que ele [Mourão] está é uma visão de 30 anos atrás”. Para ele, “fazer justiça social com cobrança de mensalidade é uma posição equivocada”, pois deixa na mão dos governantes a decisão sobre quem paga, e quanto. 

“É muito complicado, ‘vamo cobrar mensalidade dos mais ricos’, qual é a renda familiar que a gente vai estabelecer? O governante entra diz que é R$ 2 mil, tiver uma renda familiar de mais de 2 mil você paga. Aí entra outro governante mais bonzinho e diz não, é a partir só de R$ 5 mil, um governante menos alinhado com questões sociais diz ‘a partir de R$ 500 tem que pagar’”, opina o reitor.

Para o docente, há formas mais eficientes de garantir o acesso de estudantes de baixa renda ao ambiente universitário, como realizar mudanças na matriz tributária (de impostos) do País, para que o valor arrecadado pelo poder público com a parcela mais rica da população ajude a financiar o orçamento das universidades públicas.

“Os 10% mais ricos do Brasil pagam em média algo em torno de 21% de tributação, quanto mais se ganha percentualmente se paga menos, alterar este formato, enquanto os 10% mais pobres pagam 32% (...) No lugar de ficar brigando pontualmente a cada governo, se a gente mudasse a matriz tributária, resolveria essa questão social e os mais ricos financiariam mais a universidade pública para que os mais pobres pudessem também estudar, como é agora na realidade das nossas universidades. Se a gente quer fazer justiça social na universidade, devia ser na manutenção da gratuidade e na alteração da tributação onde os mais ricos pagarão mais impostos e financiarão mais o funcionamento da universidade”, sugere o gestor da UFRPE. 

O reitor também destacou a perda histórica de orçamento que as universidades já vêm sofrendo há vários anos, que pode ser agravada pela nova proposta orçamentária apresentada pelo Governo Federal para o ano de 2021, que pode cortar recursos do Ministério da Educação (MEC) e consequentemente das universidades, em um momento no qual a pandemia de Covid-19 exigirá ainda mais investimentos e a assistência estudantil, diante da perda de renda e desemprego, se faz mais necessária que nunca para atender aos estudantes de baixa renda. 

“A gente está anualmente com redução no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Ele se mantém nominalmente no mesmo valor, mas a inflação está comendo, cada ano eu perco poder de ajuda aos nossos estudantes. A gente precisa diante desses 70% de alunos com vulnerabilidade, se a gente quiser levar educação para toda a população, principalmente classes menos favorecidas e mais pobres, a gente tem que buscar ampliar o PNAES, que é um programa que dá bolsas, auxílios, subsidia o restaurante universitário, uma série de ações para esses jovens terem acesso à universidade pública. A gente tem que aumentar o investimento. Eu não acredito que um país vá crescer e se desenvolver sem investimento em educação, para mim tem que ser o maior pilar de desenvolvimento, educação e saúde”, disse o reitor. 

Questionado sobre os riscos de uma possibilidade como a cobrança de mensalidades em universidades públicas ser levantada por uma pessoa que está em um alto cargo de comando e decisão do governo do país, o reitor Marcelo Carneiro Leão diz que há risco ao modelo de universidade pública tal qual o concebemos hoje. “Eu acho que o maior ataque é ao princípio de educação pública para todos. Quando a gente fala em diminuir orçamento e aluno pagar, a gente está indo de encontro ao que a gente prega, que é educação pública de qualidade e inclusiva, que não é gasto, é investimento. A gente tem pesquisas em todo o mundo que mostram que quanto maior a escolaridade das pessoas na sociedade, o PIB aumenta numa proporcionalidade. Se a gente quer fazer com que o país cresça, e cresça para todos, que aí é uma visão de mundo, na hora que você vai de encontro à educação pública e não ao encontro dela, vai privilegiar quem de fato pode pagar por essa educação. Se conseguiu inverter isso precisa ser mantido. O único caminho é educação e não é opinião é história da humanidade”, afirmou o professor.

“O projeto de universidade pública é um projeto de país”

Alfredo Gomes, reitor da UFPE  Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, afirmou sua posição contrária ao pagamento de mensalidades nas universidades federais e públicas de modo geral, apresentando dados sobre os estudantes. “Eu particularmente, assim como muitos outros colegas, somos contrários ao pagamento de mensalidades nas universidades públicas, federais. Temos hoje aproximadamente 1,3 milhão de matrículas nas universidades. Dessas, 900 mil são de estudantes abaixo de 1,5 salário per capita familiar. E 400 mil alunos aproximadamente são de famílias de até meio salário mínimo. Afinal de contas, de onde vem os dados para dizer que tem uma grande maioria que pode, portanto, custear a universidade?”, questionou ele. 

O reitor destaca também outro fato muito importante no contexto de pandemia de Covid-19 que o país está atravessando. “A situação demanda financiamento por parte do Estado, a gente precisa continuar defendendo o orçamento público das universidades para garantir esse projeto. A universidade pública realiza 95% da pesquisa no Brasil, são questões muito importantes quando nós pensamos em um projeto de país, em um projeto de sociedade, de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação na educação que passam necessariamente pelas nossas instituições”, avalia o gestor da UFPE.

Diante dessa realidade, ele criticou a postura do vice-presidente Hamilton Mourão ao defender o pagamento de mensalidades nas universidades federais e alega que a maioria dos alunos tem condições financeiras para isso. “Estamos nesse ponto de vista de que a universidade pública, gratuita, financiada por recursos do Estado por meio dos impostos, deve permanecer. O projeto de universidade pública é um projeto de país. Desde 2013 temos a introdução do sistema de cotas na universidade. Funcionou muito bem e permitiu o ingresso em cada turno e curso de estudantes provenientes de escolas públicas. A situação demanda financiamento por parte do Estado, a gente precisa continuar defendendo o orçamento público das universidades para garantir esse projeto”, disse o professor Alfredo.

Ele continua: "Desde os anos 80 você tem defensores dessa tese e ela não ganha materialidade em termos de políticas. É uma figura que ocupa um cargo altíssimo na República, mas é necessário ter cuidado e tratar devidamente a questão com zelo, com respeito à história, à grande contribuição que as universidades públicas federais prestam a esse país”, disse o reitor da UFPE. 

“A gratuidade está na Constituição”

Iago Montalvão, presidente da UNE Foto: Reprodução/Instagram

O estudante de economia da Universidade de São Paulo (USP), Iago Montalvão, é presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e também se opõe à ideia de pagamento de mensalidades em universidades federais. Ele alega que além das questões que envolvem a necessidade de ampliação à assistência estudantil diante da mudança de perfil socioeconômico dos alunos causada pela política de cotas, a imposição de qualquer tipo de pagamento em uma instituição pública significaria uma tributação dupla para ao alunos. 

Iago justifica a afirmação explicando que tanto a construção quanto a manutenção e investimento das universidades é feita com dinheiro de impostos, já pagos pela sociedade. “Quando você paga imposto, espera um serviço público em troca. Imagina quanto dinheiro público você não investiu numa universidade pública para ela chegar a esse patamar durante os anos, as décadas?. Isso foi entregue à sociedade de forma gratuita, porque ela já pagou o serviço quando pagou o imposto”, explicou o estudante. 

Além disso, é uma preocupação do presidente da UNE a dificuldade de determinar quem deveria pagar, e quais valores, uma vez que há diferentes perfis socioeconômicos ao analisar universidades e cursos diferentes, segundo ele. A terceira e última razão de sua discordância é que segundo Iago, ideias como essa abrem espaço para um precedente que ele classifica como “perigoso”, de criação de um sistema de ensino pago nas instituições públicas. 

Iago lembra também que a gratuidade do ensino está na Constituição Federal. No Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto - Seção I, um trecho do Art. 206 determina: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”. 

A afirmação de Hamilton Mourão, na opinião do presidente da UNE, não tem base na realidade das universidades e nem seria uma ideia de nova medida do governo, mas algo pensado no momento do evento pelo próprio vice-presidente. “Minha tese é que o que ele está dizendo veio da cabeça dele, não veio de um aprofundamento, de um debate. A maior prova disso é que na reforma tributária [do governo Bolsonaro] uma das coisas que eles fazem é deixar de isentar universidades comunitárias filantrópicas, não lucrativas, para que elas deixem de oferecer determinadas bolsas para os estudantes. Ele fala, mas na prática está fazendo outra coisa. Mesmo no ponto de vista do projeto privatista, eles estão em conflito com todo mundo”, afirmou o estudante.

Apontando a falta de projeto de qualquer tipo para a área da educação no governo Bolsonaro, Iago afirma que, em sua opinião, o que o governo tenta fazer de forma planejada é promover o descrédito das universidades públicas perante a sociedade. “O que eles querem é criar uma polêmica em torno da universidade pública, do papel da universidade pública. Aí sim eu concordo que há um projeto conjunto de desmoralização da universidade pública. Vai usar vários artifícios para chegar a esse objetivo, vai dizer que só planta maconha, que só tem gente rica que está lá e poderia pagar, há uma tentativa muito incisiva de tentativa de desmoralização da universidade pública, porque é um ambiente onde não se encaixa o tipo de pensamento que eles representam no governo”, afirmou ele. 

Questionado sobre possíveis impactos da hipotética implementação de uma medida como a que o vice-presidente da República sugeriu, o presidente da UNE aponta o aumento da desigualdade social e consequências que viriam em decorrência dele.  “Aquele jovem que nunca teria perspectiva de ter uma profissão melhor remunerada, ao entrar na universidade, cria essa perspectiva. Não ter uma universidade pública com acesso gratuito para que essa juventude de baixa renda possa ter acesso, prejudicaria muito a redução de desigualdades e uma série de outros fatores vem em decorrência disso. Índice de criminalidade, violência, tudo isso seria fruto de uma medida como essa”, afirmou o presidente da UNE. 

Na manhã desta quinta-feira (18), a Academia Pernambucana de Ciências (APC) realizou um evento virtual reunindo os reitores Pedro Falcão, da Universidade de Pernambuco (UPE), Alfredo Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Marcelo Carneiro Leão, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Durante as discussões acerca das ações de enfrentamento à Covid-19 promovidas pelas instituições, entrou em pauta o retorno às aulas presenciais e foi mencionada a possibilidade de um modelo de ensino híbrido no pós-pandemia, com parte dos estudantes em sala de aula e os demais no ensino remoto. 

“Vamos fazer o esforço para retomar as atividades de forma remota. Isso requer planejamento para ser sincronizada e harmonizada com atividades presenciais e aí o ensino híbrido passa a entrar na pauta. Estamos trabalhando com a ideia de semestre suplementar, que deve acontecer por mais ou menos dois meses, com poucas disciplinas para estudantes e professores experimentarem essas atividades”, explicou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. 

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Na mesma linha, o reitor da UPE, Pedro Falcão, conta que além de a universidade ter mantido ativos os cursos de seus polos EAD, a instituição também avalia a implementação do ensino híbrido. “Foi montada uma proposta de ensino híbrido para que a gente consiga chegar a uma proposta nesse pós pandemia”, disse ele. 

Marcelo Carneiro Falcão, reitor da UFRPE, explica que a universidade prevê a instituição de um semestre emergencial com a oferta de disciplinas remotas e não-obrigatórias enquanto os estudantes aguardam a entrada do semestre 2021, como forma de reduzir o número de alunos em sala de aula no momento da retomada das atividades presenciais e evitar a exclusão de estudantes sem acesso à internet e equipamentos eletrônicos. 

“As pessoas que conseguem o acesso remoto poderão realizar e no retorno presencial a gente não vai ter condição de colocar 60, 70 pessoas numa sala. O que a gente vem trabalhando é um semestre emergencial na execução e oferta, as disciplinas vão ter que ter características possíveis de serem feitas remotamente, não obrigatoriedade para que o aluno que não tiver condições não se prejudique e possa fazer no retorno presencial e reduza o quantitativo de alunos”, declarou o reitor. 

Propostas de retomada de atividades

Ao analisar a conjuntura da pandemia no país e no Estado, o reitor Marcelo Carneiro Leão, da UFRPE, avalia que as aulas presenciais não devem ser retomadas até o final de 2020. “A volta às atividades presenciais seria uma irresponsabilidade tremenda. Acredito que não teremos um retorno de atividade presencial pelo menos até o final deste ano. Na pós-graduação a gente tem uma outra dinâmica, o número de alunos é menor, existe possibilidade de criar outras dinâmicas. Na graduação é diferente”, afirmou ele.  

Segundo Marcelo, a UFRPE instituiu vários grupos de trabalho que têm a missão de elaborar uma proposta para retomada de atividades que vai ser apresentada e discutida com a comunidade acadêmica da universidade. Sugestões estão sendo recebidas por e-mail e uma primeira proposta será sistematizada para posteriormente ficar 10 dias aberta a críticas e sugestões.

“Uma comissão refinará essa minuta. Reuniremos conselhos para que possamos tomar uma decisão conjunta com olhar para ensino pesquisa extensão e esperamos votar essa proposta e voltar no dia 15 de agosto um novo funcionamento da UFRPE. Pedi que em todas as discussões duas variáveis estivessem presentes: preservação da vida humana e animal tem que estar presente, e que as discussões sejam inclusivas”, disse o reitor da UFRPE. 

Alfredo Gomes, da UFPE, vai no mesmo sentido e afirma buscar soluções remotas não só no âmbito da universidade, mas em consonância com outras instituições de ensino pernambucanas.  “No meu entendimento, atividades presenciais não devem acontecer esse ano, claro que temos que avaliar esse processo, mas isso está sendo baseado no Grupo de Trabalho Covid e as atividades de aulas de forma remota estão na nossa pauta, porque vivemos um contexto de imprevisibilidade e não temos como anunciar outra situação. Espero fazer isso se for viável, construir junto com a universitas, de forma harmônica com o estado e pensar nisso talvez para o início de agosta e não podemos fazer de forma que prejudique estudantes professores ou técnicos”, declarou o Alfredo. 

O reitor também destacou que o Colégio de Aplicação da UFPE (Cap) seguirá o mesmo caminho de ensino remoto que o restante da Universidade no momento em que essa decisão for tomada para os cursos de graduação. “O Cap vai retornar concomitantemente com a graduação de forma remota tão logo a gente aprove essa questão com o conselho e os estudantes terceiranistas não vão perder o ano. Enem e Sisu é uma questão mais ampla, o calendário é puxado para frente, porque tem a ver com a retomada dos cursos e semestres”, afirmou ele.

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Nessa quarta-feira (26), o LeiaJá apurou a informação de que membros da comunidade acadêmica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) elaboraram um requerimento e um abaixo-assinado virtual intercedendo ao reitor, professor Alfredo Gomes, pela liberação de trabalhadores terceirizados que seguem exercendo atividades não consideradas essenciais, como serviços de jardinagem e limpeza de espaços vazios, durante a suspensão das aulas e atividades acadêmicas em decorrência da pandemia de COVID-19.

Questionada pela nossa reportagem, a Universidade Federal de Pernambuco afirmou que o requerimento elaborado por membros da comunidade acadêmica ainda não foi recebido pela instituição. A UFPE alegou fazer “esforços nas tratativas junto a empresas e contratos, mantendo diálogo com as prestadoras de serviço para medidas que visem a preservação da saúde e dos salários dos trabalhadores frente à situação de emergência sanitária, econômica e social do país”.

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Também foi dito que “desde o dia 16 de março, após a suspensão das atividades acadêmicas de forma conjunta pelo Consórcio PE Universitas, entre as primeiras medidas adotadas pela UFPE, encontra-se que gestores de contratos devem notificar as empresas quanto às recomendações adotadas pela Instituição, referenciando o quadro de risco aumentado e vulnerabilidades conforme recomendações das autoridades sanitárias”. O anúncio dessa medida foi feito por meio de comunicado oficial da Universidade sobre medidas adotadas para prevenção ao coronavírus no dia 13 de março. 

O LeiaJá voltou a questionar a universidade sobre o motivo de, mesmo havendo negociações junto às empresas prestadoras de serviços há muitos dias, persistir o problema e ainda haver trabalhadores terceirizados exercendo funções que, durante uma pandemia, não são necessárias. Também perguntamos qual tem sido a postura de tais empresas nas tratativas com a UFPE e aguardamos resposta para atualização desta reportagem.

Professores, técnicos, estudantes, pesquisadores e diretórios acadêmicos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fizeram um requerimento ao reitor da instituição, professor Alfredo Gomes, para que a Universidade negocie, junto às empresas que lhe prestam serviço, a liberação de funcionários terceirizados que seguem realizando atividades que não são indispensáveis, como a limpeza de espaços que estão fechados. O objetivo é que os trabalhadores terceirizados, assim como os servidores concursados, possam permanecer em suas casas para prevenção do contágio pelo novo coronavírus (SARS-COV-2).

O documento também requer que as empresas com as quais a UFPE tem contratos de terceirização determinem a permanência dos funcionários em casa e lhes dê orientações sobre a prevenção à Covid-19. Além disso, o texto solicita “que seja ajustada a manutenção de salários e benefícios recebidos por tais trabalhadores, na íntegra” para evitar enriquecimento indevido das empresas contratadas, uma vez que a UFPE continuará pagando o mesmo valor estipulado nos contratos de prestação de serviços.

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O fornecimento de máscaras, luvas, álcool gel e orientações sobre a lavagem das mãos adequada e frequentemente para os funcionários que permanecerem desempenhando atividades essenciais nas dependências do campus também está entre os pontos levantados pelo requerimento.

Um abaixo-assinado online e aberto ao público em geral, criado pela professora do curso de direito Liana Cirne, já reuniu mais de 1.250 assinaturas com o objetivo de pressionar o reitor a negociar a liberação dos funcionários junto às prestadoras de serviços. Atualmente, a UFPE mantém contratos com as empresas Preserve Liserve, Futura Portaria e Serviços, RPL - Engenharia e Serviços e com a CBL - Arquitetura e Engenharia.

O LeiaJá procurou a UFPE em busca de mais informações e de um posicionamento a respeito do requerimento feito pelos membros da comunidade acadêmica. Confira a nota da instituição:

A UFPE tem depositado esforços nas tratativas junto a empresas e contratos, mantendo diálogo com as prestadoras de serviço para medidas que visem a preservação da saúde e dos salários dos trabalhadores frente à situação de emergência sanitária, econômica e social do País. Desde o dia 16 de março, após a suspensão das atividades acadêmicas de forma conjunta pelo Consórcio PE Universitas, entre as primeiras medidas adotadas pela UFPE, encontra-se que gestores de contratos devem notificar as empresas quanto às recomendações adotadas pela Instituição, referenciando o quadro de risco aumentado e vulnerabilidades conforme recomendações das autoridades sanitárias. Questões como essa têm sido uma preocupação desde o início na expedição de comunicados junto às empresas prestadoras de serviço. A instituição está agindo nesse sentido.

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