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O violão. Essa é a primeira coisa que se escuta no início do disco “Change Of Plans”, de Lucas Imbiriba. O que é natural, afinal ele é um virtuose em seu instrumento. Mas a voz, essa certamente pega de surpresa. Solto para cantar, para ir além da música erudita e do instrumental que o destacaram pelas salas de concerto europeias, ele encanta com sua voz em “All Love”, primeira faixa do disco cujo repertório ele volta a tocar em Belém, no seu novo CD.
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“Change Of Plans”, segundo Lucas, destaca-se justamente por ser um disco que reúne canções dos mais variados gêneros – do mais romântico ao mais dançante. Depois de dois CDs de música instrumental e um de rock com sua antiga banda, a Lucas Cesar Expedition, ele segue com repertório ainda mais diversificado. E chama atenção o fato de Lucas migrar do inglês para o português na maior parte do disco. Conheça um pouco mais do cantor na entrevista abaixo, concedida a Luisa Mitschein.
Como foi o seu começo de carreira, quando começou seu interesse pela música?
O meu interesse pela música começou ainda na infância, ao ver os ensaios da banda de rock do meu irmão mais velho, Miguel. Era um power trio e eles quebravam tudo com guitarras distorcidas e bateria frenética. Eu não tinha noção de estilo na época, mas acho que eles tocavam trash metal autoral. Batiam cabeça por horas e era legal de assistir. Mas esse mesmo irmão era fascinado por Vivaldi, Bethoven, e fazia a gente escutar música clássica e uma variedade de estilos musicais como flamenco e rock progressivo. Acho que isso foi bem positivo na minha aproximação à música.
Quais suas maiores inspirações para se tornar um músico?
As maiores inspirações que eu tive pra me tornar um músico foram inicialmente minha família, que é muito musical, todos tocam algum instrumento, e posteriormente uma série de músicos e influências musicais que foram aparecendo na minha vida. Incialmente, Paco de Lucia, Iron Maiden, Mettalica, Salomão Habib, uma mistura de influência. Grandes nomes da MPB como Djavan, Caetano, Gil, Chico, Seu Jorge e muitos outros nomes que não caberiam em uma página.
Você é formado? Se não tivesse escolhido a música, o que escolheria?
Eu sou formado em violão erudito pela Escola Superior de Música da Catalunya, em Barcelona, e tenho dois mestrados, um em Violão e outro em Artes, pelas umiversidades de Augsburg (Alemanha) e Salzburg (Áustria), respectivamente. Se não tivesse escolhido a carreira de músico teria feito ou História ou Sociologia.
Quem mais te incentivou a seguir em frente com essa profissão?
As pessoas que mais me incentivaram nessa carreira foram meu irmão Miguel e minha mãe, incialmente. Posteriormente, toda a minha família e professores me incentivaram. Mas confesso que ter o incentivo da família desde os 12 anos de idade foi muito importante na minha formação como músico.
Você já morou fora do Brasil? Onde? Fez sucesso onde morava?
Eu morei em Barcelona, na Espanha, em Augsburg e depois em Munique, Alemanha. Durante os meus anos de estudo, ganhei vários concursos de violão e acabei fazendo uma carreira musical pela Europa. Entrei em uma agência musical na Alemanha e fiz muitos concertos e shows de 2008 pra cá.
Quando foi o lançamento do seu primeiro CD e qual foi o sentimento?
Em 2005 lancei o primeiro CD. Foi uma sensação boa, mas eu não fiquei muito feliz com a mixagem. Era de música instrumental contemporânea, e depois vi que essa não era muito a minha praia. Agora, quando eu lancei meu primeiro CD de rock foi uma enorme felicidade!
Quantos CDs você lançou e o que cada um significou na sua vida?
Eu lancei quatro CDs, dois instrumentais e dois de rock autoral. O segundo CD instrumental foi bem legal, pois resumia uma fase da minha vida e eu fiquei feliz de registrar aquilo que eu tinha estudado por anos e fazia tão bem. Já os dois de rock, "Lucas Cesar Expedition" e "Change of Plans", foram motivos de grande felicidade. Só gostaria de ter tido mais grana e mais tempo de estudo pra ter feito um trabalho melhor, mas confesso que ficou bem legal com o pouco de recurso que tínhamos. Eu gostaria de regravar algumas músicas desses álbuns autorais e ainda esse ano estarei realizando uns remixes.
Você já viajou para apresentações fora do Brasil?
Já toquei em mais de 20 países, entre eles Estados Unidos, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Áustria, Itália, Grécia, Rússia, Finlândia, Suécia, Suíça e por cruzeiros transatlânticos pela Ásia e América Latina.
Em quais projetos você está envolvido no momento?
Atualmente estou desenvolvendo dois projetos na Escola de Música da UFPA, um de criação de arranjos de canções populares para violão solo e outro de shows e concertos de música paraense e brasileira. Além desses projetos, estou com um grupo de rock e a gente toca pela noite de Belém. Com esse projeto, estou tentando beber o máximo possível das influências musicais dos anos 70 pra, quem sabe, compor um novo álbum autoral de rock.
O que você quis mostrar com o seu útilmo CD?
O meu último CD resume uma fase musical que vai de 2011 a 2013. Ele é bem variado estilisticamente falando. Tem rock, reggae, balada pop e até sertanejo universitário. Mas ele fala sobre uma vontade que eu tinha de voltar pro Brasil, por isso ele traz várias influências e temas braseiros em suas canções. Foi uma experiência muito interessante.
Qual futuro você espera para daqui a dez anos?
Espero ser mais pleno do que hoje. Eu vivo uma fase de transição enorme por ter voltado ao Brasil. É algo muito diferente da vida que eu tinha na Europa, mas muito boa em vários sentidos. Eu espero que nos próximos anos eu consiga cada vez mais criar uma ponte entre o Brasil e o exterior pra poder fazer minhas turnês musicais, solidificando uma carreira internacional. Em dez anos espero ter uma agenda fixa de shows pelo mundo, mas sobretudo espero ser muito feliz e constituir uma família.