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Na última sexta-feira (9), o Restaurante Universitário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) impediu que uma aluna dividisse o almoço com sua filha. O caso veio a público por meio das redes sociais do Sítio Ágatha, em que trabalha Nzinga Cavalcante, estudante do curso de agroecolgia que não pôde compartilhar sua refeição com a pequena Ágatha, de 11 anos.

De acordo com a publicação, Nzinga é mãe solo e frequenta as atividades acadêmicas acompanhada pela criança, pois não tem com quem deixá-la. "Acontecia de Nzinga ou seus amigos comprarem o ticket e colocarem uma quantidade a mais de comida e dividirem com Ágatha, em uma pequena vasilha que ela levava na bolsa e ontem simplesmente negaram a possibilidade dela se alimentar", explica o texto.

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A página também diz que grande quantidade de comida produzida pelo restaurante acaba sendo descartada em caçambas de lixo. "Perguntamos publicamente se essa porção de comida tirada de um prato já pago abalaria a estrutura financeira do @ru.ufrpe e refletimos que mesmo nos tempos de escassez, sempre multiplicamos para dividir nosso alimento com quem chega. Entendemos que todos os lugares possuem regras e que elas são necessárias, mas não temos como entender como conseguem negar comida para uma criança de 11 anos, que acompanha sua mães nas aulas", continua a publicação.

Nos comentários da postagem, o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, prometeu tomar providências para "resolver a situação junto à empresa". "Fui informado do ocorrido ontem a noite quando já não estava mais na universidade. Já me coloquei a disposição da mãe e de outras pessoas que me procuraram, e vamos atuar para resolver a situação junto a empresa. Fiquem tranquilos que estarei pessoalmente atuando neste processo, e na segunda mesmo divulgaremos as providências", escreveu. 

Por meio de sua assessoria de imprensa, a UFRPE informou que o RU é operado por uma empresa privada, que proíbe os alunos de levar comida em vasilhas. A assessoria não soube responder se é permitido o compartilhamento de alimentos no local.

  Nesta terça-feira (14), o novo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Eduardo Figueiredo, teria impedido membros do Comitê Estadual de Prevenção e Combate a Tortura (CECPT) e do Conselho Estadual de Direitos Humanos de acessar a unidade prisional de Itaquitinga, no interior do estado. É o que denuncia uma nota de repúdio publicada pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), instituição que atua há 40 anos na Defesa dos Direitos Humanos e compõe o CECPT.

De acordo com o Gajop, ambas as instituições fariam uma inspeção na referida unidade prisional com o objetivo de apurar graves denúncias referentes a violações de direitos humanos como prática de tortura e maus tratos, revista vexatória de familiares, ameaças de morte, esquema de corrupção e extorsão, circulação de armas de fogo e facas na posse de presidiários. O CEPCT é um organismo autônomo, deliberativo e consultivo, ligado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado de Pernambuco, criado com a finalidade de erradicar e prevenir a tortura, outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes, no estado.

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“Infelizmente, diante desta situação, Eduardo Figueiredo demonstra que está dando continuidade às práticas do seu antecessor, o sr. Pedro Eurico, ao tentar impedir a atuação de representantes do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura e dos conselheiros de Direitos Humanos, assumindo uma postura de inviabilizar o controle social realizado pela sociedade civil. Pedimos ao Governo do Estado de Pernambuco que reveja a condução dos gestores da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, entendendo a importância dessa pasta para toda a sociedade Pernambucana. Enquanto organização da sociedade civil, não iremos admitir que posturas como essa desrespeitem o papel fundamental de controle social realizado com tanto compromisso e responsabilidade. Não iremos admitir que a postura dessa pasta seja ‘mais do mesmo’”, diz trecho da nota de repúdio.

 Sem nunca ter dirigido, uma mulher de 51 anos entrou dentro de um caminhão desgovernado e evitou um acidente no município de Garça, no interior de São Paulo. O caso aconteceu na última quinta (2), mas só teve as imagens, gravadas por câmeras de segurança da área da Avenida Faustina, divulgadas na sexta (3).

As gravações mostram o momento em que um caminhão que estava estacionado começa a descer a via em marcha à ré. É quando a autônoma Elaine Leme Saada aparece correndo e ingressa na cabine com o veículo em movimento. O feito ganhou destaque ao ser publicado nas redes sociais da estudante Samyra Suelen Leme Saada, filha de Elaine.

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"Quando vi novamente, percebi que minha mãe quase caiu, ela poderia ter se ferido com gravidade. Mas, depois do susto, quis destacar a alma heróica da minha mãe. Mesmo tropeçando, não sabendo dirigir caminhão e correndo muitos riscos, ela foi corajosa o suficiente para parar o caminhão e evitar um acidente. Ela merece todo o reconhecimento e orgulho", disse a estudante, em entrevista ao G1.

Por sua vez, Elaine conta que não lembra o que a fez tomar a rápida atitude de tentar entrar no caminhão. "Pensei que estivesse com a pressão alta e vendo coisas, mas, quando percebi que ele estava descendo e ganhou velocidade, larguei minha bolsa e o capacete e corri feito uma louca para fazer algo. Estava de sandália e ainda escorreguei enquanto tentava subir na cabine, que é alta. Não gosto nem de lembrar", conta.

Depois da façanha de parar o veículo, Elaine relatou que “travou” dentro da cabine, sem sequer conseguir se mexer. Nervosa, ela precisou ser retirada do local por populares. Ninguém se feriu.

 Ao longo da semana, repercutiu nas redes sociais a foto de um celular destruído por um disparo de arma de fogo. Na última quinta-feira (7), o aparelho impediu que um tiro atingisse seu proprietário, na cidade de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A imagem foi divulgada pelo médico do Hospital Universitário (HU), que atendeu o homem.

Não demorou para que a capinha do aparelho, com um desenho do super-herói Hulk, viralizasse nas redes sociais. O G1 conversou com o profissional de saúde, Pedro Carvalho, que informou que a bala passou de raspão no quadril da vítima, atingindo apenas o celular.

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“Quando o SAMU entrou com o paciente, ele estava consciente, acordado, conversando, e muito assustado. Ele não tinha sangue, não tinha nenhuma marca de ferimento. O cirurgião passou assumir o caso, passou a examinar e o paciente relatou que estava doendo no local do quadril. Quando ele foi ver o celular estava na frente, ficou com uma dor no impacto, mas não havia nada, sequer penetrou a pele. O paciente foi embora em poucos minutos", explicou o médico.

Por meio de nota, a Polícia Militar de Pernambuco informou que o homem sofreu uma tentativa de assalto, na zona rural de Petrolina. Policiais do 5º Batalhão foram acionados para o local, onde os suspeitos não se encontravam mais. “As Guarnições fizeram diligências no local, mas ninguém foi identificado”, diz o posicionamento.

O tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) confirmou a cassação, em primeira instância, do canal de televisão de número 32 em São Paulo, que é operado pela Spring Televisão S/A e já foi utilizado pela MTV Brasil. A decisão inviabiliza o projeto da TV Jovem Pan, que contava com a concessão para se concretizar.

Os juízes do TRF-3 já haviam considerado que a Abril Radiodifusão S/A, antiga dona do canal 32 de São Paulo, atuou ilegalmente ao comercializar a concessão de canais correspondentes à antiga MTV Brasil, por se tratar da passagem de um bem público a uma instituição privada.

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“Desse modo, impõe-se o acolhimento do pedido de declaração judicial da invalidação, caducidade e nulidade da concessão do serviço de radiodifusão outorgado à ré Abril Radiodifusão S.A., em razão da transferência inconstitucional ou ilegal, objeto da outorga do referido serviço público à empresa Spring Televsão S.A”, diz trecho da decisão.

O acordo entre os grupos de comunicação foi firmado em 2013, tendo sido questionado pelo Ministério Público dois anos depois. A anulação do negócio foi definida em um julgamento realizado em agosto de 2020.

Há cerca de 30 dias, pescadores e agricultores do Engenho Ilha, no Cabo de Santo Agostinho, estão sendo impedidos, pelo Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros- Suape, de acessar as terras e o mangue dos quais tiram seu sustento. Segundo os trabalhadores, não houve qualquer diálogo com a comunidade a respeito do cerco. A nova denúncia, em plena pandemia de Covid-19, acentua o conflito fundiário entre as 305 famílias que vivem no local, segundo os relatos dos trabalhadores, há pelo menos quatro gerações e a empresa, que alega reivindicar a área para promover conservação ambiental.

“Mais uma vez Suape interfere nos nossos modos de vida e modos de produção e em plena pandemia, quando passamos necessidades básicas, sofrendo com desemprego. Estamos sendo impossibilitados de manter nossa soberania alimentar. Além disso, as pessoas estão desesperadas, porque esse cercamento representa para nós uma iminência de expulsão, já que existe uma proposta de uma unidade de conservação no Engenho Ilha, mas sem que nada tenha sido resolvido. Do nada Suape chega e cerca tudo”, comenta a presidente da Associação de Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, Vera Lúcia Melo.

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Em março de 2020, o LeiaJá esteve no Engenho Ilha e observou a existência de casas e instalações demolidas, segundo a população, pela segurança privada de Suape. Na ocasião, os trabalhadores que vivem no local relataram conviver com uma série de intimidações de agentes da empresa, contra a qual chegaram, inclusive, a registrar boletins de ocorrência. 

“Parecia que não tinha ninguém”

Morador do Engenho Ilha há 50 anos, José Artur dos Santos confirma que não foi avisado sobre a instalação do cercamento, assustando-se ao se deparar com ele. “Como é que vai ficar? Não trataram nada, passou com o carro parecia que não tinha dono. Eu tô ‘incrível’, não sei nada ainda”, comenta.

Camponês Ivanildo Silva cobra atitude do MPPE. (Reprodução/Whatsapp)

Já o camponês Ivanildo Silva, cobra intervenção do Ministério Público Estadual no caso: “estou vendo as coisas arbitrárias que Suape está fazendo na área do Engenho Ilha, a gente quer que o MP tome uma providência, porque eles estão tirando o direito de ir e vir dos agricultores e pescadores. Quero que faça alguma coisa por nós”, apela.

Representações

Em 2018, o Fórum Suape, que presta auxílio jurídico à comunidade do Engenho Ilha, através do ofício 21/2018, entrou com uma representação no Ministério Público Federal denunciando a empresa. No documento, a organização aponta que, na atualização de seu Plano Diretor, Suape passou a considerar o terreno que compreende o Engenho Ilha como uma Zona de Preservação Ecológica (Zpec), isto é, área cuja finalidade deve ser de promover a compensação ambiental pelos impactos causados pela estrutura do complexo.

“Acontece que o regime dessas Zpec’s, para abrigar projetos de reflorestamento e implementar unidades de conservação, é bastante restritivo à presença de comunidades. O plano diretor de Suape é muito categórico em dizer que na Zpec não será permitida nenhuma forma de ocupação, nenhum tipo de uso ou exploração. Partindo disso, Suape está expulsando o pessoal, destruindo lavouras e posses, dizendo que nessa área não pode ter nada”, explica Luísa Duque, advogada do Fórum Suape.

De acordo com ela, a ampliação das áreas de Zpec para 60% do total de 13,5 mil hectares de Suape está relacionada a uma transação judicial realizada no âmbito de uma ação civil pública ajuizada pelo MPF e pelo MPPE, acerca da ausência de ações de compensação ambiental da empresa. “Entramos com a representação de 2018 para chamar o MPF e o MPPE [Ministério Público de Pernambuco] para a responsabilidade. Foram eles que entraram com ação civil pública, foram eles que assinaram a transação judicial, o acordo com Suape sem procurar saber se na área existiam famílias, que estão lá há muito tempo, antes mesmo da aquisição do Engenho Ilha por Suape”, frisa a advogada.

Vera Lúcia Melo, presidente da Sociedade de Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos. (Rafael Negrão/cortesia)

Agora, diante do cercamento em curso, o Fórum Suape encaminhou um novo ofício (n° 05/2021), relatando a presença das cercas ao longo da faixa de mangue às margens dos Rios Pirapama e Jaboatão, áreas conhecidas como Martim, João Grande e Cajá. Questionado pela reportagem do LeiaJá, o MPF declarou que recebeu a denúncia, contendo fotografias e vídeos com depoimentos dos moradores da região prejudicados.

“Diante do informado, após determinação do Despacho nº 398/2021, foi expedido o ofício nº 348/2021, endereçado à presidência do Complexo Industrial Portuário de Suape a fim de que a empresa esclareça os fatos. Portanto, ressalta-se que o Ministério Público Federal acompanha o caso e busca apurar a notícia do recente cercamento das margens dos Rios Pirapama e Jaboatão, no intuito de aferir a legalidade da medida e adotar as providências cabíveis”, diz o posicionamento do MPF.

A reportagem também procurou Suape, que alegou que o cercamento “não impede a circulação da comunidade” e que teria deixado “várias aberturas de passagens” para a população. Apesar das queixas da comunidade, a empresa afirmou ainda que “está aberta ao diálogo com todas as comunidades do território, mas tem encontrado dificuldade com a liderança do Engenho Ilha, que, inclusive, não demonstra interesse em receber atividades e projetos socioambientais que vêm sendo implantados em outras comunidades com muito sucesso e trazendo melhor qualidade de vida para inúmeras famílias”.

Vera Lúcia Melo, indiretamente citada pela nota, comenta que não houve nenhuma proposta de estudo ambiental por parte de Suape com o Engenho Ilha. “Sinceramente? Não queremos nada com Suape, porque a gente sabe a forma que eles agem conosco: derrubando, impedindo, tirando nosso sossego e nossa paz”, lamenta.

Leia a nota de Suape na íntegra:

“O cercamento do Engelho Ilha tem o objetivo de proteger o patrimônio ambiental. A área está em processo de criação de Unidade de Conservação junto à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, por meio da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), com limites propostos, por isso necessita de cercamento. No entanto, a medida não impede a circulação da comunidade, já que as cercas foram instaladas no contorno da reserva João Grande e há várias aberturas de passagens, não obstruindo o acesso comunitário.

A criação da UC está prevista nos autos da Ação Civil Pública nº 010033.53.2010.4.05.8300 e proteger a área também é uma obrigação legal de Suape, conforme instituído pelo Plano Diretor – SUAPE 2030 (Decreto nº 37.160, de 23 de setembro de 2011), uma vez que se trata de uma Zona de Proteção Ecológica (ZPEC). Vale salientar que o local já recebeu outras ações de proteção ambiental, anteriormente.

Em relação à comunicação, a empresa Suape está aberta ao diálogo com todas as comunidades do território, mas tem encontrado dificuldade com a liderança do Engenho Ilha, que, inclusive, não demonstra interesse em receber atividades e projetos socioambientais que vêm sendo implantados em outras comunidades com muito sucesso e trazendo melhor qualidade de vida para inúmeras famílias. Contudo, a empresa se mantém à disposição para qualquer esclarecimento à comunidade e reafirma seu compromisso com a sustentabilidade do território”.

Segundo posseiros, três casas foram demolidas nas últimas semanas. (Rafael Negrão/cortesia)

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À sombra da pandemia da Covid-19, que já soma mais de 20 mil casos em Pernambuco, o Complexo Industrial Portuário de Suape vem intensificando, nas últimas três semanas, as demolições de casas e o confisco de bens de posseiros residentes no Engenho Ilha, localizado no Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana do Recife. É o que denuncia a população do local, que já havia sido visitado pelo LeiaJá em março, quando destroços de estruturas residenciais e alojamentos- necessários para estocagem de equipamentos e produtos produzidos pelos agricultores- foram observados pela reportagem. Agora, os posseiros descumprem o isolamento social preventivo, preconizado pelo próprio Governo de Pernambuco, na tentativa de defender seu patrimônio da ação da empresa pública.

Com 305 moradores, o Engenho Ilha é uma área de conflito fundiário entre posseiros- que habitam o local há décadas e vivem da agricultura- e o Complexo de Suape, concessionária das terras, que deseja retirar a comunidade para reduzir seu passivo relacionado à compensação ambiental. Até o momento,contudo, nenhuma indenização foi paga pela empresa. De acordo com a presidente da Sociedade dos Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, Vera Lúcia Melo, boa parte da população do Engenho Ilha é composta por idosos, com grande número de diabéticos e hipertensos.

“Muita gente que é grupo de risco para a Covid-19 e deveria estar dentro de casa descansando, mas precisa sair para defender o que é nosso. Diante das ações truculentas de Suape, tivemos casos de pessoas com os sintomas da doença presentes em aglomerações de posseiros. A população é obrigada a ficar em estado de alerta, porque a movimentação do vigilantes é intensa, com ofensivas duas vezes ao dia e muita agressividade”, comenta.

Vera coloca que a Sociedade vem realizando um trabalho educativo de prevenção ao novo coronavírus junto aos agricultores da região. “Passamos todas as informações e a população está obedecendo, todos utilizando máscaras e tentando ficar em casa. Acontece que para a vigilância de Suape, que rodeia diretamente os terrenos, não há quarentena, então como podemos ter?”, completa.

Vera lembra que boa parte da população do Engenho Ilha é composta por idosos. (Rafael Negrão/cortesia)

Segundo os posseiros a abordagem da vigilância privada da empresa vem sendo intimidatória. Membro do Departamento Jurídico do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (SINDESV-PE), Carlos Gomes, defende que Suape utiliza indevidamente os profissionais de segurança particular, terceirizados da empresa Servi-san. “O vigilante é treinado e formado para tomar conta do patrimônio a que presta serviço. Ele não tem autorização para se meter em conflitos da empresa, para ir até a casa daquele posseiro. Suape alega que a terra é deles e o trabalhador fica no meio dos conflitos da empresa”, explica.

A Polícia Federal, por meio da Delegacia de Controle de Segurança Privada (Delesp), é o órgão responsável por fiscalizar a atuação dos serviços de segurança privada. Em 2011, a instituição chegou a realizar diligências na área, verificando o envolvimento de vigilantes na derrubada de imóveis. Como consequência, a empresa “Servi-san Vigilância e Transporte de Valores foi autuada e, ao final, cancelada punitivamente”. Diante dos novos incidentes a reportagem voltou a contactar a instituição, que, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não pode iniciar as diligências na área sem que alguma denúncia seja formalizada pelos posseiros.

No dia 2 de fevereiro de 2015, foi aberto pela 3ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Cabo de Santo Agostinho, do Ministério Público, um procedimento preparatório voltado para a atuação de milícias armadas a serviço de Suape. A ação- que levou em consideração os relatos líderes comunitários dos Engenhos Massangana, Vila Tatuoca, Boa Vista, Ilha, Serraria, Tabatinga e Algodoais- notificou a empresa a se manifestar em um prazo de 15 dias. A despeito das fotografias e evidências anexadas ao documento, Suape negou envolvimento nas ações criminosas. “Precipuamente, reitera-se que inexiste por parte desta Empresa Pública, quer por seus funcionários ou prestadores de serviços, qualquer ato truculento ou fora da legalidade, sobretudo quanto ao tratamento dispensado às famílias residentes no Complexo", respondeu a empresa, em 20 de março de 2015.

“Só paro quando morrer”

Posseiros relatam visitas diárias da vigilância de Suape. (Rafael Negrão/cortesia)

Aos 34 anos, o apicultor Luciano Plácido da Silva nunca morou em outro lugar que não o Engenho Ilha, onde herdou o ofício do pai. “Minha área é fria, os manguezais fazem flor para as abelhas, assim como os coqueiros que eu havia plantado. Suape, se aproveitando de que eu estou em casa, de quarentena, foi até o meu sítio e derrubou 80 pés de coqueiros, levou minhas estacas. Como vou trabalhar? Tenho clientes de 15 anos”, questiona. Agora desempregado, Luciano está vivendo das sobras do meu coletado no último verão, mas se preocupa com suas abelhas, que foram deixadas no local, dentro de caixas. “Tenho medo do que eles voltem no sítio e toque fogo nelas. Além disso, tem pessoas que têm o hábito de passear por aquelas terras e, como o terreno teve as cercas retiradas, podem correr risco de vida caso cheguem perto das abelhas, que são de um espécie africana agressiva. Se alguém morrer? Como vai ficar?”, comenta.

Luciano destaca que as abordagens da vigilância de Suape costumam ser agressivas, motivo pelo qual tem medo de voltar ao sítio. “Já soube que os vigilantes, depois da derrubada, apareceram lá algumas vezes, perguntando por mim. Eles são bem agressivos, não respeitam a gente. Eu amo as abelhas, estar cultivando. Não sei o que vou fazer”, desabafa.

A história da agricultora Ademildes Maria de Melo com o Engenho Ilha começou há 40 anos, quando seu pai resolveu transformar um terreno tomado por mato em sustento para a família. Aos 61 anos, ela se mantém cuidando da casa e plantando frutas e macaxeira no local, a maior parte destinada à subsistência da família. “Eu gosto muito de trabalhar na terra, só paro quando morrer. Queria que deixassem a gente trabalhar em paz, estamos ajudando a população, produzindo alimentos saudáveis”, apela. Ademildes diz que teve sua casa derrubada por Suape nas ações ocorridas este mês e que, antes disso, já havia tido uma horta de melancias destruída por agentes da empresa. “Você pensa que eu desanimo? Planto de novo. Eles vêm ao sítio todos os dias, tiram foto de tudo, da gente”, completa.

Plantações também são destruídas na área. (Rafael Negrão/cortesia)

Na intervenção mais recente da empresa, a agricultora diz que foi obrigada a romper o isolamento social mesmo estando com suspeita de estar acometida pela Covid-19, para tentar defender as terras. “Tive febre, até agora ainda não sinto nem gosto nem cheiro de nada, além do problema de pressão que tenho. Já gastei tanto nesse sonho, essa terra é minha e já lutei muito por ela. Vou desistir?”, argumenta.

Longevidade da Comunidade

O LeiaJá teve acesso à ata de fundação da Sociedade dos Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, que data de 22 de maio de 1988, sendo um indício da longevidade da ocupação dos trabalhadores na área. Outro documento, um termo de recebimento da Associação dos Agricultores de Suape, atesta, em dois de novembro de 1990, que a então Diretoria de terras e Cartografia (DTC) da Secretaria de Agricultura do Estado de Pernambuco chegou a concluir um estudo topográfico na área denominada de Suape- II, correspondente aos engenhos Ilha, Cedro, Jurissaca e Boa Vista.

Apesar disso, Suape deu a entender, em resposta ao LeiaJá, que a ocupação no Engenho Ilha é recente. A empresa alegou que desconhece quaisquer ações em propriedades alheias na área, onde “invasões seriam constantes”, e que tem “obrigação de atuar com o que se chama desforço imediato, ou seja, coibir as invasões no território do Complexo, no momento em que elas estão acontecendo, ação prevista no Código Civil (artigo 1.210)”. Leia o posicionamento na íntegra:

"Por lei, Suape tem a obrigação de atuar com o que se chama desforço imediato, ou seja, coibir as invasões no território do Complexo, no momento em que elas estão acontecendo, ação prevista no Código Civil (artigo 1.210). Conforme a Diretoria de Patrimônio e Gestão Fundiária, é o que ocorre no Engenho Ilha, onde as tentativas de invasões são constantes. Há, inclusive, processos de reintegração de posse na Justiça, pois, uma vez que sejam identificadas moradias já instaladas, não há atuação direta de Suape sobre elas, apenas juridicamente. Desconhecemos qualquer ação sobre propriedade alheia no local. E mantemos aberto à população canal de denúncia, via email (canaldedenuncia@suape.pe.gov.br) ou telefone: 3527.5005".

A situação do Engenho Ilha é tratada pelo Ministério Público Federal (MPF), onde há um um inquérito civil público instaurado pela Procuradoria da República, no município do Cabo de Santo Agostinho. “Nesse inquérito, existe um parecer antropológico, elaborado pela equipe técnica do MPF, constatando que se trata de uma comunidade muito antiga, de pessoas que estão na área desde até antes do surgimento de Suape. Então não é verdade a informação de que a ocupação é recente”, comenta a advogada do Fórum Suape Luísa Duque. Assim, não caberia a utilização do desforço imediato por parte de Suape, porque trata-se de um instituto aplicável apenas em casos de posses não consolidadas. “Esse instituto assegura ao possuidor o direito de proteger a sua posse com a sua própria força, mas, no caso do Engenho Ilha, Suape pode até ter adquirido a terra, mas quem exerce de fato a posse são aquelas famílias. Uma coisa é propriedade, outra é posse”, comenta a advogada.

Além disso, Luísa afirma que desconhece o pedido de reintegração de posse feito por Suape. “O simples fato de ter ajuizado uma reintegração de posse não é o suficiente para dar o direito de avançar sobre a posse dos posseiros. É preciso que haja uma decisão judicial e que o posseiro seja intimado dessa decisão, coisa que não aconteceu. Dessa forma, ainda que fossem posses novas, esses atos não estariam justificados e não perderiam o seu caráter ilegal e criminoso”, conclui.

Nesse sábado (21), a Vigilância Sanitária acionou policiais militares de Pernambuco do 2º BPM para verificar a situação de um casamento, com público esperado de 200 pessoas, que ocorreria em uma casa de festas localizada em São Sebastião, na cidade Carpina, na Mata Norte do Estado. No local, vigilância sanitária, PM, além de equipes da Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros observaram que o espaço não possuía alvará de funcionamento ou dos próprios bombeiros.

A casa de eventos foi penalizada com sua interdição e o cancelamento do evento. A ação fez parte do trabalho, feito em conjunto pela PM com outros órgãos, de prevenção ao coronavírus. Em decorrência da disseminação da doença no Estado, o governador Paulo Câmara proibiu, no dia 17 de março, a realização de eventos para mais de 50 pessoas. 

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A cidade santa hindu de Benarés, norte da Índia, teve de suspender as tradicionais incinerações às margens do rio Ganges por causa das inundações causadas por fortes chuvas de monção. Mais de 100.000 pessoas tiveram de abandonar suas casas nos últimos dias nos estados de Uttar Pradesh e de Bihar por culpa de chuvas que já causaram a morte de vinte pessoas.

Com a cheia do Ganges, os "ghats", escadas de acesso ao rio, e as plataformas onde são feitas as cremações foram submersas, obrigando as famílias a incinerar os corpos de seus parentes nos telhados do imóveis. Benarés, ou Varanasi, é considerada pelos fiéis hindus um lugar privilegiado para incinerar seus mortos, cujas cinzas são jogadas no Ganges.

Também foram suspensas as incinerações em outra cidade santa de Uttar Pradesh, Alahabad, onde foram acesas fogueiras que levam ao rio.

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