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Os humanos já deixaram uma pegada geológica definitiva no planeta? Em caso afirmativo, quando isso aconteceu exatamente? Desde 2009, um grupo de cientistas trabalha arduamente para determinar o início do Antropoceno.

O grupo de trabalho entrega suas conclusões na terça-feira (11) e seus integrantes, basicamente geólogos, acreditam que o Antropoceno já começou, mas agora precisam convencer seus pares.

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Na opinião do grupo, a atividade humana levou o planeta a abandonar a estabilidade da época do Holoceno, iniciada há 11.700 anos, quando terminou a última era glacial.

A temperatura do mundo aumenta e seus sistemas de suporte vital estão falhando.

- A Grande Aceleração -

O conceito de "época dos humanos" foi proposto pela primeira vez em 2002 pelo vencedor do Prêmio Nobel de Química Paul Crutzen, que calculou que ocorreu em meados do século XX.

Coincide com o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, poluição por microplásticos, resíduos radioativos de testes de bombas atômicas e uma dúzia de outros marcadores da crescente influência de nossa espécie no planeta.

Os cientistas chamam isso de Grande Aceleração.

Esse fenômeno, por sua vez, causa sedimentos, detectáveis no fundo de um lago, recife de coral, núcleo de gelo ou de qualquer outro depósito geológico.

Os especialistas selecionaram nove locais, três deles estariam localizados na China, Canadá e Japão. O local específico deve ser anunciado na terça-feira.

O fruto do longo trabalho do grupo de cientistas deve então ser validado por um grupo de cientistas da Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS) e, finalmente, pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS).

As chances disso acontecer são mínimas, segundo quase todos os envolvidos.

Os especialistas discordam se a pegada geológica da humanidade justifica uma nova entrada na Carta Cronoestratigráfica Internacional, a linha do tempo oficial do planeta, que remonta a 4,5 bilhões de anos.

Ao mesmo tempo, confirmar o Antropoceno nos obrigaria a refletir sobre o impacto da humanidade.

Crutzen, que ganhou um Nobel por identificar substâncias químicas criadas por humanos que destroem a camada protetora de ozônio, esperava que o conceito e a realidade do Antropoceno fossem um alerta sobre os desafios futuros.

"Isso pode significar uma mudança de paradigma no pensamento científico", disse ele em um simpósio em 2011.

"É o reconhecimento de que temos pontos de inflexão, que o Holoceno é o único estado capaz de nos apoiar", disse à AFP Johan Rockstrom, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisa do Impacto Climático.

Outros cientistas, no entanto, não estão convencidos.

"As condições que causaram a glaciação (uma dúzia de mini-eras glaciais nos últimos milhões de anos) não mudaram, então podemos esperar que o Holoceno seja apenas mais uma etapa interglacial", disse Phil Gibbard, secretário da UCI.

O planeta, em sua opinião, poderia continuar nesse padrão por mais 50 milhões de anos.

Quanto ao Antropoceno, Gibbard sugeriu chamá-lo de um "evento" que abrange milênios de alterações humanas no meio ambiente.

Na Geologia, observou ele, um evento pode ser qualquer coisa, desde uma única gota de chuva que perfura um pedaço de argila até o Grande Evento de Oxidação que transformou a atmosfera da Terra há cerca de 2,2 bilhões de anos.

Para Jan Zalasiewicz, um geólogo experiente que aceitou o desafio de liderar o Grupo de Trabalho do Antropoceno, isso não é suficiente.

A falta de ratificação formal do conceito, disse ele, deixaria a impressão de que as condições do Holoceno que permitiram o florescimento da civilização humana ainda estão presentes.

"Claramente não estão", disse à AFP.

"Me preocupa que a palavra 'antropoceno' continue significando coisas diferentes para pessoas diferentes. Se isso acontecer, perderá seu sentido e simplesmente desaparecerá", afirmou.

Quando alienígenas ou nossos descendentes distantes vasculharem camadas e mais camadas de sedimentos daqui a 500 mil anos na tentativa de decodificar o passado da Terra, vão encontrar evidências inusitadas da mudança abrupta que subverteu a vida meio milhão de anos antes: ossos de frango.

Essa é a conclusão de cientistas cujas descobertas fornecem provas de que a rápida expansão dos apetites e atividades humanas alteraram tão radicalmente os sistemas naturais, que empurraram o planeta para uma nova época geológica, o Antropoceno, ou a “era dos humanos”.

Haverá outras pistas reveladoras de uma ruptura de escala planetária no século XX: o repentino aumento de CO2, metano e outros gases do efeito estufa; detritos radioativos de testes de bombas nucleares; microplásticos onipresentes; e a difusão de espécies invasivas.

Mas os ossos de frango podem estar entre as descobertas mais reveladoras, contando a história de diversas formas. Para começar, elas são uma invenção humana.

“A carne de frango moderna é irreconhecível se comparada a seus ancestrais ou versões selvagens”, disse Carys Bennett, uma geóloga e a principal autora de um estudo publicado em 2017 na Royal Society Open Science que mostra como o animal serve como “espécie marcadora” do Antropoceno.

“O tamanho do corpo, o formato do esqueleto, a química do osso e a genética são todos diferentes.”

Sua própria existência, em outras palavras, é evidência da capacidade humana de manipular a natureza e interferir nos processos naturais.

- “Sinal claro” -

As origens da galinha doméstica moderna estão nas florestas do Sudeste Asiático, onde seu antepassado, o galo-banquiva (Gallus gallus), foi domesticado pela primeira vez cerca de 8 mil anos atrás.

Essa espécie há muito tempo é valorizada por sua carne e seus ovos, mas sua reprodução modificada até a criatura roliça e de vida curta encontrada nos supermercados só começou após a Segunda Guerra Mundial.

"Geralmente, são necessários milhões de anos para que ocorra a evolução, mas aqui levou apenas décadas para produzir uma nova forma de animal", afirmou à AFP Jan Zalasiewicz, professor emérito de paleobiologia da Universidade de Leicester.

No ano passado, o Grupo de Trabalho do Antropoceno, presidido por ele por mais de uma década, determinou que o Holoceno - que começou há 11.700 anos com o fim da última era glacial - deu lugar ao Antropoceno no meio do século XX.

Nesta quinta-feira, vai anunciar qual local na Terra melhor exemplifica essa mudança.

Outra linha de evidência é a onipresença do frango de corte: virtualmente em qualquer lugar na Terra em que há seres humanos, haverá também abundantes restos da fonte de proteína animal favorita da nossa espécie.

Hoje, há cerca de 33 bilhões dessas aves incapazes de voar ao redor do mundo, de acordo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

A biomassa das galinhas domésticas é mais de três vezes maior que a de todas as espécies de pássaros selvagens combinadas.

Pelo menos 25 milhões são abatidas todos os dias, seja para fazer tikka masala na Índia, yakitori no Japão, poulet yassa no Senegal ou nuggets do McDonald’s em qualquer lugar.

E ainda que muitas sociedades evitem comer carne bovina ou suína, quantas culturas no mundo não incluem frango em seu cardápio?

“Frangos são um símbolo de como nossa biosfera mudou e agora é dominada pelo consumo humano e o uso de recursos”, disse Bennett, anteriormente pesquisadora na Universidade de Leicester e agora representante da Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) no Reino Unido.

“O imenso número de ossos de frango distintos descartados em todo o mundo deixará um sinal claro no futuro registro geológico”, acrescentou.

A população mundial chegará aos 8 bilhões de habitantes em meados de novembro e continuará aumentando, embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado, segundo a ONU, que destaca uma maior diversidade geográfica entre algumas regiões do mundo.

Desaceleração

A ONU estima que neste 15 de novembro haverá no planeta 8 bilhões de pessoas, mais de três vezes mais que os 2,5 bilhões de 1950.

Mas a "mensagem-chave" é que "o ritmo de crescimento da população mundial diminuiu radicalmente desde o auge da década de 1960", disse à AFP Rachel Snow, do Fundo de População das Nações Unidas.

Esse crescimento passou de 2,1% entre 1962 e 1965 para menos de 1% em 2020 e pode cair para cerca de 0,5% até 2050.

9 bilhões e depois 10 bilhões?

Devido ao número de pessoas em idade fértil e à crescente expectativa de vida, a população continuará aumentando. Até 2030, são esperadas 8,5 bilhões de pessoas, 9,7 bilhões em 2050, antes de atingir o "pico" de 10,4 bilhões na década de 2080 que será seguido por uma estagnação até o final do século, segundo projeções da ONU.

Mas nem todos concordam com essas previsões. Um estudo do IHME (Institute for Health Metrics and Evaluation, dos Estados Unidos) publicado em 2020 prevê que o pico acontecerá muito mais cedo, em 2064, mas com 9,7 bilhões, e que será seguido por um declínio para 8,8 bilhões até 2100.

"Estamos abaixo (da ONU) porque temos um modelo de fecundidade muito diferente", que prevê 1,66 filho por mulher em 2100, explica à AFP o principal autor Stein Emil Vollset, que estima que o crescimento vai parar nos "9-10 bilhões".

Fecundidade em queda

Em 2021, a taxa média de fecundidade era de 2,3 filhos por mulher, em comparação com a média de 5 em 1950, segundo a ONU, que prevê 2,1 até 2050.

"Atualmente, a maioria das pessoas vive em um país com uma taxa de fecundidade abaixo da taxa de reposição populacional" de 2,1, diz Rachel Snow.

Cada vez mais velhos

Um dos principais pontos do crescimento populacional é o aumento da expectativa de vida: 72,8 anos em 2019, nove anos a mais do que em 1990. E a ONU prevê 77,2 anos até 2050.

O resultado é que, aliado à baixa fecundidade, os maiores de 65 anos representam 10% da população em 2022 e 16% em 2050.

Um envelhecimento que repercute no mercado de trabalho, nos regimes de aposentadoria, nos cuidados aos idosos, entre outros.

"Cada vez mais países estão nos pedindo para ajudá-los a entender como poderiam fazer para aumentar sua população", diz Rachel Snow.

Diversidade sem precedentes

Os dados globais escondem uma enorme diversidade demográfica.

Mais da metade do crescimento populacional até 2050 ocorrerá em 8 países, segundo a ONU: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia.

A idade média também ilustra essa diversidade: 41,7 anos na Europa, comparados aos 17,6 na África Subsaariana.

"No passado, os países não tinham uma grande diferença de idade, (eram) muito mais jovens; no futuro, os países terão idades parecidas, mas acima de tudo (serão) velhos", mas neste exato momento da história, "o mundo está muito dividido", afirma Rachel Snow.

Diferenças que podem desempenhar um papel nas relações geopolíticas, dizem alguns especialistas.

Índia vai superar a China

Os países mais populosos do planeta, China e Índia, vão trocar de lugar no pódio a partir de 2023, segundo a ONU.

A população da China e seus 1,42 bilhão de habitantes em 2022 começará a diminuir, caindo para 1,3 bilhão em 2050, antes de chegar aos 800 milhões no final do século.

Por outro lado, a população indiana, de 1,41 bilhão em 2022, apesar de a taxa de natalidade ser inferior à taxa de reposição, continuará crescendo e terá 1,66 bilhão em 2050, quando se tornará o país mais populoso do planeta, à frente da China.

Em terceiro lugar estão os Estados Unidos, mas empatados com a Nigéria, com 375 milhões de habitantes.

Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conseguiram realizar um transplante inédito de neurônios humanos em cérebros de ratos jovens. O objetivo do experimento é estudar fisiologicamente alguns distúrbios psiquiátricos complexos, como a esquizofrenia, com a possibilidade de, até mesmo, testar alguns tratamentos.  

Para isso, os autores da pesquisa utilizaram mini modelos 3D do cérebro humano chamados organóides, técnica desenvolvida na última década a partir de células-tronco para funcionar como um modelo simplificado do córtex humano. Isso inclui a conexão e a integração com o tecido circundante do córtex de cada rato, de forma a funcionar como o próprio cérebro do roedor. De acordo com os pesquisadores, a grande dificuldade de estudar as doenças psiquiátricas em animais é que eles não as sofrem da mesma maneira que os seres humanos, ao passo que estes não podem, naturalmente ser sujeitos a determinados experimentos vivos.  

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Além disso, em culturas desse tecido cerebral humano feitas em placas de Petri, os neurônios não atingem seu tamanho característico em um cérebro humano real. Segundo o principal autor do estudo e professor de Psiquiatria e Ciências Comportamentais em Stanford, Sergiu Pasca, ao transportar os órgãos 3D em cérebros de ratos bebês, descobriu-se que os organoides podem se tornar bastante grandes e vascularizados.  

Sustentados pela rede sanguínea do pequeno roedor, eles chegaram a ocupar até um terço do hemisfério do cérebro de cada animal. A equipe usou a ferramenta em organóides de pacientes com uma doença genética chamada Síndrome de Timothy. A conclusão foi de que, nos cérebros dos ratos, os organoides cresceram mais lentamente e com menor atividade do que aqueles nos cérebros de pacientes saudáveis.

  Nesta terça-feira (14), o novo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Eduardo Figueiredo, teria impedido membros do Comitê Estadual de Prevenção e Combate a Tortura (CECPT) e do Conselho Estadual de Direitos Humanos de acessar a unidade prisional de Itaquitinga, no interior do estado. É o que denuncia uma nota de repúdio publicada pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), instituição que atua há 40 anos na Defesa dos Direitos Humanos e compõe o CECPT.

De acordo com o Gajop, ambas as instituições fariam uma inspeção na referida unidade prisional com o objetivo de apurar graves denúncias referentes a violações de direitos humanos como prática de tortura e maus tratos, revista vexatória de familiares, ameaças de morte, esquema de corrupção e extorsão, circulação de armas de fogo e facas na posse de presidiários. O CEPCT é um organismo autônomo, deliberativo e consultivo, ligado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado de Pernambuco, criado com a finalidade de erradicar e prevenir a tortura, outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes, no estado.

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“Infelizmente, diante desta situação, Eduardo Figueiredo demonstra que está dando continuidade às práticas do seu antecessor, o sr. Pedro Eurico, ao tentar impedir a atuação de representantes do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura e dos conselheiros de Direitos Humanos, assumindo uma postura de inviabilizar o controle social realizado pela sociedade civil. Pedimos ao Governo do Estado de Pernambuco que reveja a condução dos gestores da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, entendendo a importância dessa pasta para toda a sociedade Pernambucana. Enquanto organização da sociedade civil, não iremos admitir que posturas como essa desrespeitem o papel fundamental de controle social realizado com tanto compromisso e responsabilidade. Não iremos admitir que a postura dessa pasta seja ‘mais do mesmo’”, diz trecho da nota de repúdio.

O laboratório norte-americano Moderna começou a testar nesta quinta-feira (19) uma vacina contra o HIV baseada na tecnologia do RNA mensageiro (mRna), o mesmo tipo da vacina anti-Covid.

A fase 1 dos testes em humanos, publicada formalmente no registro do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, envolverá 56 pessoas que têm entre 18 e 50 anos e que não são portadoras do vírus. Como toda ação inicial, o estudo visa verificar a resposta imune e a segurança da aplicação.

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Ela será administrada em duas versões: metade do grupo receberá duas doses iguais do imunizante mRNA-1644 e a outra metade receberá duas versões diferentes (a mRNA-1644 e a mRNA-1644v2).

Essa primeira fase deve durar cerca de 10 meses.

Caso haja sucesso nessa primeira etapa, mais duas serão necessárias para que as agências sanitárias liberem a aplicação em humanos: a segunda, que vai analisar a resposta das defesas do organismo e a segurança, e a terceira, mais ampla, que testa a real eficácia das doses.

Diferentemente das vacinas "tradicionais", que usam partes de vírus ou o vírus inativado, as da tecnologia com RNA mensageiro "ensinam" as células do corpo a produzir antígeno contra o vírus.

Os estudos com essa tecnologia, que iniciaram no início da década de 1990, ganharam investimentos financeiros bilionários por conta da pandemia de Covid-19. Com isso, tanto o imunizante contra a doença da Moderna como da Pfizer/BioNTech foram aprovados ainda no fim de 2020 nos Estados Unidos.

Ao longo de 40 anos de casos registrados do vírus HIV, a sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana, os investimentos para o desenvolvimento da vacina que causa a Aids e ataca todo o sistema imunológico eram menores - e muitos testes não conseguiram ir adiante.

Mas, também por conta do incentivo ao desenvolvimento das vacinas para o coronavírus Sars-CoV-2, o HIV voltou aos holofotes. Um estudo, iniciado em julho deste ano, quer testar uma nova vacina em mais de seis mil pessoas na África, Américas (incluindo o Brasil) e Europa. Ela usa o método tradicional com um vetor, chamado de "adenovírus 26", que é inofensivo aos seres humanos. Nesse caso, serão quatro doses de imunizantes.

Da Ansa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que, na segunda-feira (28), foi realizada uma reunião com técnicos da agência e do Instituto Butantan para discutir a vacina Butanvac contra a Covid-19. Segundo a agência, o protocolo de pesquisa clínica já está aprovado, mas ainda faltam dados específicos para iniciar os testes em humanos.

Em nota, o órgão regulador afirma que o objetivo da reunião foi avaliar as informações já apresentadas pelo Butantan. "Mas para que a vacina comece a ser aplicada em seres humanos é necessário apresentar dados específicos, que ainda estão sendo gerados pelo Butantan", afirma. Segundo a Anvisa, um exemplo dos dados faltantes se refere à inativação do vírus utilizado na vacina.

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Em 9 de junho, a agência autorizou o início da pesquisa clínica do imunizante. À época, a Anvisa disse que 400 pessoas com mais de 18 anos devem participar da primeira etapa do estudo. Já nas demais, há expectativa que 6 mil voluntários recebam a vacina. A administração da Butanvac, que acontece em duas doses com intervalo de 28 dias, acontecerá no Hospital das Clínicas (FMUSP) e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

No dia 14 de junho, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) afirmou que os testes clínicos da vacina Butanvac deveriam começar até o fim do mês. Segundo Doria, as três fases de testes clínicos devem ser concluídas em 120 dias. Depois disso, os dados são submetidos a uma nova avaliação pela Anvisa.

A assessoria de imprensa do Butantan informou que os dados solicitados pela Anvisa estão sendo providenciados e que, enquanto isso, o pré-cadastro para voluntários continua aberto. Mais de 93,7 mil pessoas se inscreveram no site da Butanvac para participar dos testes da vacina.

Autoridades sanitárias chinesas informaram nesta terça-feira (1°) a detecção do primeiro caso no mundo de gripe aviária H10N3 em humanos. Em nota, a Comissão Nacional de Saúde assegura que até agora nunca houve contágio humano deste vírus, que se trata de uma transmissão "acidental" e que o risco de propagação em larga escala é "muito baixo".

"Nenhum caso humano de H10N3 foi relatado no mundo (até então), e o vírus entre as aves é de baixa patogenicidade. Este caso é uma transmissão ocasional de aves para humanos, e o risco de disseminação em grande escala é extremamente baixo", lê-se no comunicado.

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O paciente é um homem de 41 anos da província oriental de Jiangsu. Ele começou a sentir febre e outros sintomas no dia 23 de abril e foi hospitalizado cinco dias depois, após o agravamento de seu estado.

A comissão afirma que o quadro da pessoa infectada melhorou a ponto de atingir os requisitos para receber alta. Autoridades dizem ter realizado um acompanhamento de emergência em todos os contatos próximos do paciente, entre os quais não foram encontradas "anormalidades".

O H10N3 é um subtipo do vírus Influenza A, também conhecido como vírus da gripe aviária. Yang Zhanqiu, vice-diretor do Departamento de Biologia Patogênica da Universidade de Wuhan, disse ao jornal Global Times que o vírus é normalmente letal para aves.

Ele explicou que o H10N3 pode se espalhar por meio de gotículas respiratórias - processo semelhante ao do Sars-CoV-2, coronavírus causador da covid-19.

Yang disse que provavelmente foi por meio de gotículas que o homem foi infectado. Ele afirmou que não há evidências de que exista a transmissão entre humanos. Além disso, ele ressaltou que o vírus apresenta baixo risco para os humanos.

A comissão pediu aos cidadãos que evitem o contato diário com aves mortas e não abordem as aves vivas, bem como que cuidem da higiene alimentar e consultem imediatamente um médico em caso de sintomas como febre ou problemas respiratórios. (Com agências internacionais).

O rover Perseverance da NASA, que pousou em Marte na quinta-feira (18), é o quinto a completar a jornada ao planeta vermelho, mas quando os humanos chegarão?

"Entre agora e meados de 2030, talvez comecemos a usar os meios que nos permitem ir à lua para enviar astronautas a Marte", disse Steve Jurczyk, administrador interino da NASA, na quinta-feira.

Os grandes desafios tecnológicos estão mais ou menos resolvidos, mas muitos fatores ainda afastam esse objetivo.

- Desafios técnicos -

Uma viagem a Marte deve durar cerca de sete meses e, a princípio, os astronautas passariam 30 dias lá, prevê a NASA. O planeta tem uma temperatura média de 63 ° C abaixo de zero, a radiação é alta e o ar é composto por 95% de dióxido de carbono. A gravidade mal chega a 38% da da Terra.

Mas, graças à "Estação Espacial Internacional, aprendemos muito sobre microgravidade", disse G. Scott Hubbard, um ex-funcionário da NASA que liderou o primeiro programa sobre Marte da agência espacial dos EUA.

No entanto, vários materiais e técnicas ainda precisam ser testados.

O Perseverance carregou vários instrumentos a bordo com o objetivo de preparar futuras missões humanas. Entre essas ferramentas está o MOXIE, do tamanho de uma bateria de carro, cujo objetivo é tentar produzir oxigênio em Marte, sugando CO2, semelhante a uma planta. Esse oxigênio pode ser usado para respirar e também como combustível.

O famoso programa Artemis de volta à Lua, no qual a NASA concentra seus esforços, é como um ensaio para Marte.

A agência quer testar um novo traje espacial, o xEMU, que permitirá maior mobilidade e protegerá os astronautas das baixas temperaturas.

Também será uma oportunidade de instalar uma espécie de usina nuclear na Lua para produzir eletricidade, mesmo durante tempestades de poeira, que podem cobrir o Sol por meses em Marte, impedindo que os painéis solares funcionem.

Qual é o interesse de testar tudo isso na Lua? A possibilidade de envio de equipes de resgate.

Em Marte, se as coisas derem errado e quebrarem, estaremos a anos de casa ", disse à AFP Jonathan McDowell, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Para Laura Forczyk, analista do setor espacial, "é possível" enviar humanos a Marte, "mas por enquanto é mais seguro enviar robôs", para os quais os padrões de segurança exigidos são menores.

- A SpaceX ultrapassará a NASA? -

A SpaceX, do bilionário Elon Musk, pode ultrapassar a agência espacial americana na corrida.

Para a viagem a Marte, a NASA apostou tudo no foguete SLS (Space Launch System), que será testado até o final de 2021, sem humanos a bordo. Um teste do motor do veículo, com acréscimos de custos e atrasos, falhou em janeiro.

Já a SpaceX desenvolve o foguete Starship, com dois protótipos testados recentemente.

Mas, ao contrário das agências de financiamento público, Musk investe seu próprio dinheiro e pode correr riscos. Por isso, "a SpaceX pode ter uma espaçonave pronta antes da NASA", considera G. Scott Hubbard, que chefia um comitê de segurança da empresa.

"No entanto, para ter humanos a bordo, você também precisa de equipamento avançado" para mantê-los vivos, acrescenta ele, e "é nisso que a NASA investiu por décadas".

Em vez de serem concorrentes, a NASA e a SpaceX poderiam se unir para realizar a façanha de levar astronautas a Marte.

A empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva, especializada em vacinas, anunciou nesta quarta-feira (16) que iniciará os testes clínicos em humanos de sua futura vacina contra a Covid-19, pela qual já recebeu pedidos do Reino Unido.

O teste de fase 1/2, que avaliará a segurança e a imunogenicidade (a capacidade para induzir uma resposta imunológica) de três doses diferentes da vacina (baixa, média, alta) entre 150 adultos saudáveis, acontecerá em vários pontos do Reino Unido.

A vacina candidata tem o apoio do órgão de pesquisa do 'National Institut for Health' britânico, informou a empresa em um comunicado.

A seleção da dose ideal da vacina está planejada para o segundo trimestre de 2021 e a empresa espera obter a autorização de comercialização no quarto trimestre.

A vacina candidata da Valneva utiliza a tecnologia do vírus inativado, que consiste em criar uma resposta imunológica nas pessoas com a injeção de um vírus privado de sua capacidade de causar danos.

A "VLA2021" é composta por partículas inativadas do vírus Sars-cov-2, que possuem uma forte densidade de proteínas S (a "chave" que permite ao coronavírus penetrar nas células humanas), conjugadas com dois adjuvantes.

De acordo com informações do Disque 100 e do Ligue 180, as denúncias de violações contra idosos, mulheres, crianças e pessoas com deficiência, feitas até setembro de 2020, cresceram 32,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses deste ano foram contabilizados 237.992 registros, enquanto em 2019 os canais de atendimento registraram 179.051 casos.

No caso dos idosos, por exemplo, o número de denúncias passou de 36.181 para 62.109, apresentando aumento de mais de 70% nos primeiros nove meses deste ano. O recorte que contempla as mulheres, registra um crescimento de 67.880 para 91.043 ligações, correspondente a mais de 34%.

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As denúncias de violações de direitos de pessoas com deficiência foram de 9.778 em para 11.530, um salto de 18%. Quanto às crianças e adolescentes, o aumento foi de 12,4%, de  65.212 queixas para 73.310.

"Parte desse aumento é justificada pela nova metodologia adotada. Antes, havia uma subnotificação. Cada ligação era registrada sob um número de protocolo, que comportava apenas uma denúncia. A partir da unificação da Central de Atendimento do Disque 100 e do Ligue 180, no final de 2019, cada protocolo passou a comportar mais de uma denúncia, que é definida pela relação entre suspeito e vítima", comenta o ouvidor nacional de direitos humanos, Fernando Ferreira.

Segundo Ferreira, cerca de 94% dos atendimentos foram realizados em até 30 segundos. "Nós ampliamos e facilitamos a comunicação do cidadão com a nossa central de atendimento. Fizemos isso antes do previsto em razão da pandemia que enfrentamos, que já sabíamos que demandaria maior atenção com violações de direitos humanos em todo o país ", destaca.

Canais

O Disque 100 e o Ligue 180 podem ser acessados pelo site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) e por outros aplicativos como o Direitos Humanos Brasil. O serviço também está disponível no WhatsApp e no Telegram. As denúncias são gratuitas e anônimas, podendo ser realizadas em qualquer horário de qualquer dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

Das 48 vacinas experimentais contra a Covid-19 que se encontram atualmente em testes clínicos em humanos, apenas 11 entraram na fase 3, a última antes da homologação pelas autoridades, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A seguir um resumo das primeiras vacinas que podem chegar ao mercado.

- "RNA mensageiro", a vanguarda:

Estas são atualmente as vacinas potenciais que parecem as mais avanças e que utilizam uma tecnologia inovadora, que consiste em injetar nas células humanas fragmentos de instruções genéticas chamadas RNA mensageiro, para que produzam proteínas ou "antígenos" específicos de coronavírus. Estas proteínas serão enviadas ao sistema imunológico, que então produzirá anticorpos.

- Pfizer: o grupo farmacêutico americano e seu sócio alemão BioNTech se preparam para solicitar à Agencia de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos uma autorização de utilização de emergência para uma vacina que poderia estar disponível até o fim do ano. As empresas apresentaram há alguns dias resultados provisórios da fase 3 que mostram uma eficácia de "mais de 90%" nos participantes.

- Moderna: a empresa americana de biotecnologia anunciou na segunda-feira que sua vacina tem eficácia de 94,5%. Planeja produzir 20 milhões de doses até o fim do ano.

- Tecnologia do vírus inativado, bem conhecida:

Várias vacinas apostam nesta tecnologia: os agentes infecciosos do SARS-CoV-2 são tratados quimicamente, ou por calor, para perder a nocividade, ao mesmo tempo que conservam a capacidade de provocar uma resposta imunológica. É a forma mais tradicional de vacinação.

- Sinovac: a empresa de biotecnologia chinesa iniciou um teste de fase 3 para a "CoronaVac" com milhares de voluntários, principalmente no Brasil.

- Sinopharm, outro laboratório chinês, tem dois projetos de vacinas com institutos de pesquisas chineses. O país prevê uma capacidade de produção até o fim do ano de 610 milhões de doses por ano de várias vacinas contra a covid-19 e o governo já autorizou o uso urgente de algumas delas.

- A empresa indiana Bharat Biotech começou a recrutar em novembro quase 26.000 pessoas para a sua "COVAXIN", desenvolvida com o apoio do governo, e aposta em uma vacina disponível no primeiro semestre de 2021.

- Vacinas de vetores virais:

As vacinas de "vetor viral" usam como suporte outro vírus mais virulento, transformado para adicionar uma parte do vírus responsável pela covid-19. O vírus modificado penetra nas células das pessoas vacinadas, que fabricam uma proteína típica do SARS-CoV-2, educando seu sistema imunológico a reconhecer o novo coronavírus.

- AstraZeneca, grupo anglo-sueco, e a Universidade de Oxford: sua vacina utiliza como vetor viral um adenovírus. Os resultados do teste de fase 3 são aguardados para as próximas semanas.

- Johnson & Johnson: a empresa americana iniciou dois testes clínicos de sua candidata, composta por um adenovírus modificado, uma de apenas uma dose e a outra com duas doses. Em todo o mundo 90.000 voluntários devem participar da pesquisa. Os resultados devem ser anunciados no primeiro trimestre de 2021.

- CanSino Biological: a empresa chinesa desenvolveu a "Ad5-nCoV" em conjunto com o exército, uma vacina baseada em adenovírus. Os testes de fase 3 começaram no México, Rússia e Paquistão.

- Sputnik V: desenvolvida pelo Centro de Pesquisas em Epidemiologia Gamaleya, em parceria com o ministério russo da Defesa, esta vacina se baseia na utilização de dois vetores virais, dois adenovírus. Os russos anunciaram recentemente uma eficácia de 92%. Porém, o l instituto Gamaleya foi acusado de romper os protocolos habituais para acelerar o processo científico. Várias políticos russos anunciaram que foram vacinados com a Sputnik V.

- Uma vacina de proteína recombinante:

- Novavax: a empresa de biotecnologia americana trabalha em uma vacina chama "subunitária" recombinante. O coronavírus possui em sua superfície algumas pontas (proteínas virais) para entrar em contato com as células e infectá-las. Estas proteínas podem ser reproduzidas e apresentadas depois ao sistema imunológico para provocar uma reação. A Novavax iniciou em setembro o teste clínico de fase 3 no Reino Unido e no fim de novembro deve começar um teste nos Estados Unidos. Dados preliminares são aguardados para o primeiro trimestre de 2021.

Começou nesta segunda-feira (24), em Roma, o primeiro ensaio clínico em humanos de uma vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2 100% italiana.

O estudo é conduzido pelo Instituto Lazzaro Spallanzani, hospital de Roma que é a maior referência em doenças infecciosas na Itália, e, nessa etapa inicial, avaliará a segurança da candidata Grad-CoV2.

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A vacina foi desenvolvida pela empresa de biotecnologia Reithera e utiliza um adenovírus de chimpanzés para apresentar ao organismo a proteína spike, que o Sars-CoV-2 usa para invadir as células humanas.

"Estou emocionada e orgulhosa. Espero poder ser útil a nosso povo", disse a primeira voluntária a receber a dose da imunização.

Na primeira fase dos estudos clínicos, a vacina será aplicada em 90 pessoas, sendo metade entre 18 e 55 anos de idade e a outra metade entre 65 e 85 anos. Cada grupo será subdividido em três, que receberão doses diferentes do medicamento.

O projeto obteve 8 milhões de euros em financiamentos públicos, sendo 5 milhões do governo regional do Lazio e 3 milhões do Ministério da Universidade e da Pesquisa.

Em coletiva de imprensa após o início dos testes em humanos, o governador do Lazio, Nicola Zingaretti, também líder do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, garantiu que a vacina será gratuita se for comprovada sua eficácia.

"Nós acreditamos muito na vacina como bem comum. A vacina italiana será pública e estará à disposição de todos aqueles que precisarem", declarou. O PD integra a coalizão do primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Se a vacina da Reithera se mostrar segura, o estudo clínico partirá para a fase 2, quando se avalia sua capacidade de estimular a produção de anticorpos no organismo.

Já a terceira e última etapa, que é maior e mais longa, avalia se a candidata é eficaz para proteger seres humanos contra o novo coronavírus. É nessa fase que está a vacina de Oxford, tida como a mais promissora contra o Sars-CoV-2.

Segundo o diretor sanitário do Lazzaro Spallanzani, Francesco Vaia, as duas próximas fases devem acontecer "em um país da América Latina onde o vírus está crescendo". "Se tudo ocorrer como programado, nosso desejo é que a produção comece na primavera [no Hemisfério Norte]", acrescentou.

Outra candidata "made in Italy", esta desenvolvida pela Takis Biotech, também deve começar os estudos clínicos em breve. Assim como a Grad-CoV2, a candidata usa adenovírus de chimpanzés para levar a proteína spike ao organismo. 

Da Ansa

Cuba começará na próxima semana os ensaios clínicos em humanos de seu projeto de vacina contra Covid-19, o "Soberana 01", cujos resultados estão programados para fevereiro de 2021, informaram as autoridades sanitárias nesta terça-feira.

O Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba e o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos autorizaram o início dos ensaios em 676 pessoas entre 19 e 80 anos.

O recrutamento de candidatos começará no próximo dia 24 de agosto e terminará no final de outubro.

Essas pessoas não devem ter "alterações clinicamente significativas" e devem dar seu consentimento por escrito para receber a dose, disseram as autoridades.

A conclusão do estudo está prevista para 11 de janeiro e os resultados ficarão prontos em 1º de fevereiro de 2021 e publicados em 15 de fevereiro.

"Embora haja vacinas de outros países, precisamos das nossas para ter soberania", disse o presidente Miguel Díaz-Canel em 19 de maio.

No sábado, as autoridades russas relataram avanços na produção da vacina Sputnik V. Chegaram a manifestar a intenção de produzi-la com Cuba. No entanto, a ilha socialista não se pronunciou oficialmente sobre a oferta.

O chefe da Epidemiologia Cubana, Francisco Durán, disse que a expectativa é que o país tenha acesso à vacina no primeiro trimestre de 2021.

Pesquisadores ocidentais duvidam do produto russo e estão progredindo em vários projetos.

Na América Latina, Argentina e México anunciaram recentemente um acordo para produzir o projetado pela AztraZeneca e a Universidade de Oxford.

O governo cubano costuma ressaltar o desenvolvimento de sua biotecnologia e apontar entre suas conquistas a própria vacina contra hepatite B.

Com 11 milhões de habitantes, a ilha conseguiu conter a nova pandemia do coronavírus, com 3.408 casos, 88 mortos e 2.794 curados até a última segunda-feira.

Um surto recente obrigou as autoridades a reforçar as medidas de prevenção em Havana.

Um estudo elaborado por pesquisadores franceses de diversas instituições, a exemplo da Université Paris-Saclay e da Université de Paris, observou que a hidroxicloroquina mostrou algum efeito antiviral em macacos infectados com o novo coronavírus, mas não apresentou resultado em humanos. Nesta quarta-feira (22), a pesquisa foi publicada na Revista Nature, uma das mais importantes do nicho científico.

Segundo o texto, "a hidroxicloroquina mostrou atividade antiviral em células renais do macaco verde africano, mas não em um modelo de epitélio das vias aéreas humanas reconstituído". Nos animais, os cientistas chegaram a administrar a aplicação da hidroxicloroquina em combinação com a azitromicina. Mesmo assim, ele não teve resultado significativo a ponto de ser considerado eficiente.

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Assim, os pesquisadores colocam que não houve resultado na cura da infecção. "Nossos resultados não apoiam o uso de hidroxicloroquina, isoladamente ou em combinação com azitromicina, como tratamento antiviral para a Covid-19 em humanos", concluiu a equipe.

Outro estudo

Outra pesquisa publicada na mesma edição da revista, de um grupo de pesquisadores alemães e russos, também concluiu que a cloroquina não apresentou qualquer resultado no sentido de inibir a Covid-19. “Estes resultados indicam que a cloroquina tem como alvo uma via de ativação viral que não é operativa nas células pulmonares e é improvável que proteja contra a disseminação da SARS-CoV nos pacientes", frisaram os cientistas.

Após a candidata da Universidade de Oxford, mais uma vacina britânica contra o novo coronavírus começou a ser testada em seres humanos. A medicação foi desenvolvida pelo Imperial College London, universidade do Reino Unido que é referência em medicina e ciência, e entrou na fase de estudo clínico nesta terça-feira (23), com a aplicação nos primeiros voluntários.

A vacina está na fase 1 dos testes em humanos, quando se avalia a sua segurança para os pacientes. A segunda etapa analisa se a candidata estimula a produção de anticorpos no organismo, e a terceira, na qual está a vacina de Oxford atualmente, testa a eficácia contra a doença.

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A candidata do Imperial College será aplicada em duas doses e é baseada na tecnologia de RNA autoamplificante. Os pesquisadores criaram segmentos sintéticos do material genético do coronavírus baseados no código responsável pela produção da proteína spike, usada pelo Sars-CoV-2 para agredir as células humanas.

Esses segmentos são inseridos em moléculas circulares chamadas plasmídeos para produzir o RNA autoamplificante (saRNA), que contém toda a informação necessária para fabricar a proteína spike, porém se degrada em poucas semanas.

O RNA autoamplificante é envolvido em pequenas gotas de gordura para formar a vacina final. Após a injeção, as células absorvem as gotas de gordura e seu conteúdo, e o saRNA se "amplifica", produzindo mais cópias do RNA.

As células então leem as instruções contidas no RNA e fabricam a proteína spike, mas sem reproduzir o coronavírus em si. Quando as células do sistema imunológico entram em contato com a proteína, elas criam anticorpos que servirão para combater o Sars-CoV-2.

"Em menos de seis meses da primeira emergência relatada na China, temos agora duas candidatas promissoras no Reino Unido sendo testadas em seres humanos", disse Fiona Watt, diretora-executiva do Conselho de Pesquisa Médica do país.

A fase 1 do estudo clínico envolverá 15 voluntários entre 17 e 45 anos, partindo de uma dosagem baixa que será aumentada progressivamente. Na fase 2, 300 voluntários receberão duas aplicações em um período de quatro semanas.

Se a vacina se mostrar segura e capaz de estimular uma resposta imunológica, o Imperial College iniciará a fase 3, com um número maior de pessoas. A expectativa da universidade é que a candidata esteja pronta no primeiro semestre de 2021.
    O projeto da vacina recebeu financiamento de 41 milhões de libras do governo britânico e 5 milhões em doações filantrópicas. 

Da Ansa

O diretor de saúde do Instituto Lazzaro Spallanzani, principal referência em doenças infecciosas da Itália, afirmou neste sábado (2) que há um planejamento para iniciar os testes em humanos de uma candidata a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) a partir de julho. Segundo Francesco Vaia, "o Instituto está montando uma área do hospital que será especificamente dedicada à administração da vacina a voluntários saudáveis, em conformidade com todas as garantias de segurança".

"Se os primeiros testes forem bem-sucedidos, em 2021, eles realizarão à administração da vacina em um grande número de pessoas em risco e, espero, que seja para demonstrar sua eficácia", afirmou. De acordo com Vaia, a vacina está em desenvolvimento pela empresa ReiThera, com sede na região metropolitana de Roma, e "diferentemente das vacinas tradicionais, as genéticas não usam um microrganismo inativo ou parte dele, mas o gene que codifica o antígeno do microrganismo que você deseja neutralizar".

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"Para a Sars-Cov-2, pensamos em um gene que codifica uma proteína de superfície que permite a entrada do vírus nas células, o 'spikè'. Uma vez inserido nas células do corpo, esse gene induz a produção da proteína 'spikè', que por sua vez estimula a produção imune contra o coronavírus", explicou. Para esse experimento foi necessária a alocação de 8 milhões de euros, sendo 5 milhões a serem pagos pela região do Lazio, transferidos para o Spallanzani, e 3 milhões a serem pagos pelo Ministério da Universidade e Pesquisa Científica.

O projeto da vacina "made in Italy" ocorre em decorrência de um protocolo entre o governador da região do Lazio, Nicola Zingaretti, o ministro da Saúde, Roberto Speranza, o ministro da Universidade e Pesquisa Científica, Gaetano Manfredi, o Conselho Nacional de Pesquisa e o Instituto Spallanzani.

Da Ansa

Um consórcio de três empresas europeias de biotecnologia e farmacêuticas planeja iniciar os testes em humanos de uma candidata a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) no próximo verão europeu, que começa no fim de junho, na Itália.

O grupo é formado pela Reithera, com sede na região metropolitana de Roma, pela Leukocare, de Munique (Alemanha), e pela Univercells, de Charleroi (Bélgica). "Atualmente, a Reithera está desenvolvendo as atividades preparatórias para iniciar a experimentação clínica de fase 1 e 2 na Itália durante o verão de 2020", diz uma nota do consórcio.

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"A produção em larga escala será iniciada logo depois", acrescenta o comunicado. A possível vacina está sendo desenvolvida a partir da proteína "spike", que o Sars-CoV-2 usa para agredir as células humanas, inserida em um adenovírus de chimpanzés.

O vírus inativo é usado para transportar a sequência genética correspondente à proteína "spike" do Sars-CoV-2. As três empresas do consórcio anunciaram o projeto nesta quinta-feira (23), unindo a experiência da Reithera em vacinas baseadas em adenovírus, a da Leukocare em vacinas de vetores virais e a da Univercells na manufatura em larga escala.

O consórcio também pretende desenvolver uma fórmula que garanta a estabilização da vacina por longos períodos e facilite sua distribuição. Paralelamente, Alemanha e Reino Unido também já autorizaram os testes em humanos de duas candidatas a vacina contra o novo coronavírus, que já contaminou mais de 2,6 milhões de pessoas e deixou 184 mil mortos no mundo todo. 

Da Ansa

Pesquisadores do Instituto Butantan e do Boston Children’s Hospital, da Universidade Harvard (Estados Unidos), estão trabalhando juntos nos testes em humanos de uma nova vacina contra pneumonia, mais barata e abrangente que as versões atualmente usadas no Brasil.

Até agora, acredita-se que o imunizante é capaz de proteger contra todos os sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da doença.

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O trabalho inicial foi conduzido pela pesquisadora do Laboratório Desenvolvimento de Vacinas do Instituto Butantan, Luciana Cezar de Cerqueira Leite, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - Fapesp.

Segundo ela, Os testes clínicos fase I e II foram realizados na África e coordenados nos Estados Unidos pela equipe de Harvard, com apoio das Fundações Bill&Melinda Gates e do Path (Program for Appropriate Technologies in Health).

“Foram mais de dez anos de pesquisa até chegar a essa vacina celular. Inicialmente investigamos proteínas que poderiam ser usadas como alvo. Ao longo do percurso, surgiu a proposta da vacina celular, onde desenvolvemos o processo de produção e mudamos o adjuvante [substância capaz de potencializar a resposta imune] e até a via de administração. Inicialmente, pretendíamos criar uma vacina de administração intranasal, mas percebemos que o produto seria mais eficiente por via intramuscular”, explicou a pesquisadora.

Segundo Luciana, a pesquisa optou por usar uma estratégica diferente para ativar a resposta autoimune da vacina, usando como alvo proteínas comuns a todas os sorotipos do microrganismo, ao invés de usar os polissacarídeos presentes na cápsula bacteriana, como fazem as vacinas hoje disponíveis.  

De acordo com estimativas, existem em todo o mundo mais de 90 sorotipos de Streptococcus pneumoniae que, além de pneumonia, causa doenças como meningite, otite e sinusite.

Os sorotipos são definidos com base na combinação de polissacarídeos presentes na cápsula que recobre o microrganismo. Nas vacinas convencionais, essa combinação de moléculas vai determinar o antígeno que, quando introduzido no organismo, induz a formação de anticorpos.

Já o produto desenvolvido no Butantan é capaz de ativar a resposta imune independentemente do sorotipo da bactéria.

Luciana disse que é importante desenvolver uma vacina contra pneumonia que seja acessível e funcione para todos os sorotipos de pneumoniae.

“No caso específico da pneumonia, insistir na inclusão de novos sorotipos em vacinas conjugadas só aumenta a complexidade e os custos de produção, fazendo com que vacinas que já são caras se tornem ainda menos acessíveis a países em desenvolvimento, como o Brasil”, disse.

Versões

As vacinas pneumocócicas conjugadas disponíveis hoje protegem contra 10 a 13 sorotipos da bactéria. Uma versão não conjugada compreende 23 sorotipos, mas não é eficaz em crianças, sendo usada mais em adultos.

“A primeira geração de vacinas conjugadas era hepta valente, eficaz contra os sete sorotipos mais prevalentes na Europa e nos Estados Unidos. Porém, como a prevalência varia de uma região para outra, não apresentava uma cobertura muito boa para Brasil. Abrangia em torno de 60% apenas”, observou.

Com o tempo, a capacidade de conjugar cepas variadas foi aumentando e surgiram as versões 10-valente e a 13-valente.

“Mas há um problema nessa estratégia. Quando se tira de circulação as bactérias de um determinado sorotipo, outras cepas vão surgindo naturalmente e o imunizante perde eficácia. É a chamada substituição sorotípica”, disse.  

Além de mais abrangente, a vacina celular desenvolvida no Butantan não sofre o problema de substituição sorotípica.

“Outra vantagem está no preço. Embora seja difícil definir valores antes que o imunizante seja aprovado e comece a ser produzido, estima-se algo próximo a US$ 2. Atualmente, a vacina polissacarídica, a 13-valente, custa US$ 60 na rede privada e US$ 15 no Sistema Único de Saúde. Além disso a vacina anterior demora dois anos para ser produzida e a nova pode ser produzida em até dois meses”, reforçou Luciana.

Já foram concluídas a primeira (análise de segurança e toxicidade) e a segunda fase (análise de imunogenicidade) dos ensaios clínicos. “Pretendemos repetir a segunda fase nos Estados Unidos. É nessa etapa que se compara o tipo de resposta imune induzida em populações de diferentes países”, disse.

A terceira fase dos testes clínicos, ainda sem previsão para começar, envolve um número maior de pessoas e testa efetivamente a eficácia da vacina por meio da comparação entre uma população imunizada e outra que recebeu apenas placebo.

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, já realizam testes em humanos para obter uma vacina segura e eficaz contra a chikungunya. O estudo foi apresentado nesta sexta-feira (10), no Rio de Janeiro, pelo infectologista mexicano Arturo Reyes-Sandoval, no Simpósio Desafios e Oportunidades na Pesquisa Clínica em Chikungunya: Produzindo Evidências para Saúde Pública.

A vacina contra o vírus da chikungunya já está em testes em 24 voluntários no Reino Unido e deve passar por uma nova rodada de testagens ao longo do ano que vem, com entre 120 e 150 pessoas no México. Arturo conta que os testes realizados atualmente buscam uma dosagem eficiente para a imunização, que já demonstrou não apresentar efeitos adversos. O estudo no México deve avaliar também a possibilidade de uma vacina que combine a imunização da chikungunya e da zika de forma segura. Caso a pesquisa caminhe no melhor dos cenários, estima, uma vacina contra a doença pode estar disponível em cinco anos.

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O pesquisador afirma que, ao contrário de outros vírus, o da chikungunya tem uma capacidade limitada de mutação, o que permitiu que os pesquisadores mapeassem todas as suas formas registradas e criassem uma vacina com base em uma sequência genética que abrange todas e permitisse precaver futuras mutações.

"Estarmos um passo à frente do vírus", comemora Arturo. Ele afirma que o principal entrave para os avanços no combate à doença eram a falta de conhecimento e de financiamento para as pesquisas. "Historicamente, a grande dificuldade foi a falta de interesse. Agora, a chikungunyua está em muitas partes do mundo e está chegando à Europa. Isso favorece o financiamento."

A presença do vírus no Brasil e a capacidade de instituições como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz fazem com que o país seja um importante parceiro para o futuro das pesquisas desenvolvidas em Oxford, aponta Arturo Reyes-Sandoval. 

"Depois de testarmos no México, considero que o país mais importante para finalizar esse desenvolvimento é o Brasil. O Brasil tem capacidade econômica e instituições fortes para poder produzir a vacina."

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