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A pandemia do novo coronavírus fez mudar a rotina de trabalho de milhares de pessoas. As medidas restritivas de distanciamento impostas como forma de proteção ao vírus tornaram as casas dos trabalhadores em escritórios e ambientes de trabalho. Segundo a pesquisa 'Gestão de Pessoas na Crise Covid-19', feita pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em abril de 2020 já havia sido registrado que 46% das pequenas, médias e grandes empresas no País adotaram o formato de trabalho remoto.

Com a mudança de ambiente, e o trabalhador diante de diferentes situações exercendo suas funções de casa, surgem dúvidas quanto ao que pode ser configurado acidente de trabalho. Para compreender os diferentes conceitos de trabalho remoto, e entender o que pode ser considerado acidente de trabalho, o LeiaJá conversou com a advogada Anna Carolina Cabral, advogada especialista em direito do trabalho.

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Anna Cabral apresenta, a princípio, o conceito de trabalho remoto, que é um termo que engloba tanto o ‘home office’ quanto o teletrabalho, todos dentro da “atuação por meio telemático”, nomenclatura utilizada na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). “O teletrabalho é uma expressão mais generalista, que é prevista pela CLT. Inclusive, o teletrabalho foi uma inovação oriunda da reforma trabalhista de 2017, que, numa tentativa de adequação às novas rotinas de trabalho, trouxe uma previsão com normas que se referiram à essa forma de trabalhar. E o home office, numa tradução literal, é o trabalho prestado em sua casa”, ela explica.

A advogada diferencia o teletrabalho do home office pela possibilidade de fiscalização das jornadas de expediente. O teletrabalho foi compreendido em lei a partir de 2017, com a reforma trabalhista. Nela, o empregado não tem como ser fiscalizado por meio da batida de ponto, visto que ele pode exercer sua função em ambiente externo, como um vendedor visitando um possível cliente. Quando a gente fala home office, não é necessariamente teletrabalho, porque ele pode ser fiscalizado. O empregado que trabalha da sua casa pode logar e fazer a batida de ponto remotamente. Isso não descaracteriza o trabalho em home office, mas não é teletrabalho para os fins da lei”.

Acidente de trabalho

Segundo Anna Carolina Cabral, a lei trabalhista destaca como acidente de trabalho aquele que ocorreu em virtude do labor. “Se o empregado estava prestando atividade ao seu empregador, e isso causou um acidente em virtude dessa atividade, ela pode ser considerada como acidente de trabalho. E outra coisa, é importante também ser verificado que exista uma culpa do empregador por aquela atividade, aquele acidente especificamente”, ela ressalta. No entanto, com a configuração do trabalho em home office, isso pode ser discutido e interpretado de outra forma, como exemplifica a advogada. “O empregado está trabalhando de home office, aí ele vai na cozinha, por exemplo, escorrega no chão molhado, e naquele momento ele está atendendo uma ligação ou respondendo um e-mail, e sofreu o acidente. Isso seria considerado acidente de trabalho? Logicamente que não, porque não foi um acidente ocorrido em virtude da atividade. O descuido é um acidente doméstico, ele estava em casa, e sofreu o acidente. Não pode ficar atribuindo ao empregador a culpa por aquele acidente”, esclarece.

Por outro lado, a advogada trabalhista faz uma ressalva quanto às novas compreensões do que pode ser considerado acidente de trabalho, visto que “as pessoas desenvolveram doenças que impactaram diretamente a ergonomia”. “Na medida que o patrão manda um empregado trabalhar em casa, e prestar um serviço para ele, para fazer com que aquela produtividade, dentro da sua casa, seja destinada para o empregador, o mesmo tem a obrigação também de conscientizar o empregado sobre as normas de medicina de segurança do trabalho. Ou seja, é importante que o empregador faça treinamento, envie material e faça com que o empregado assine um termo de responsabilidade, fazendo com que aquele empregado se responsabilize e cumpra as normas de segurança do trabalho”, destaca Cabral.

Além dos cuidados individuais com a saúde e da preservação do conforto do empregado trabalhando de sua casa, a advogada alerta que é preciso atentar a outros tipos de acometimentos que podem ser considerados como acidentes de trabalho, como transtornos e crises que atingem a saúde mental do profissional. “Vimos casos de patrão cobrando de forma exacerbada a entrega de resultados, em cima do empregado o tempo todo, ‘cadê você, que eu não estou vendo on-line?’. Esse tipo de postura que, se houver uma configuração de certo assédio moral, que possa prejudicar a saúde mental do empregado, em virtude do trabalho home office, sim, ele pode ser considerado como acidente de trabalho. Porque um acidente de trabalho não é somente aquele acidente que você cai e machuca. É também a doença laboral, a doença em virtude do trabalho pode ser caracterizada em acidente de trabalho por ter havido prejuízo à saúde do empregado”, ela alerta.

Acidente de percurso

A advogada ainda faz uma ressalva sobre a mudança que ocorreu após a reforma trabalhista de 2017, que mudou a compreensão da lei quanto ao acidente de percurso. “O que a gente chama de acidente de percurso e horas ‘in itinere’ é o período que o empregado está à disposição no percurso de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Era o que a legislação chamava de horas ‘in itinere’. Com a reforma trabalhista em 2017, esse percurso do trabalho como tempo de disposição ao empregador deixou de ser configurado dessa forma. Então, não é mais considerado como tempo de disposição ao empregador, nesse intervalo aí, trabalho em casa, para o trabalho”, ela esclarece. No entanto, a advogada ressalta que a lei trabalhista entra em conflito com a Lei Previdenciária nº 8.213/91, que discorre acerca do acidente de trabalho, visto que ela não retirou o acidente de percurso como acidente de trabalho.

“Então, vamos supor que ocorreu um acidente de trabalho no percurso de casa para o trabalho. Em virtude da própria legislação trabalhista, que não reconhece mais esse tempo à disposição, não seria configurado como acidente de trabalho. Mas aí o empregado deu entrada com o pedido de benefício no INSS e lá no dispositivo, e no campo de identificação do tipo de acidente, pela própria lei de 8.213/91, é identificado como acidente de percurso. Então, como se resolve isso? Para fins de responsabilização do empregador, eu diria que não se aplica. Mas para fins da legislação previdenciária, inclusive porque ainda há previsão, eu diria que caberia uma boa discussão em virtude da configuração do acidente de trabalho”, reforça.

Por fim, a advogada reflete sobre a importância de compreender os limites que podem ser aceitos nessa nova forma de trabalho, assim como é fundamental que o trabalhador e o patrão conheçam seus direitos e deveres. “Ambos precisam ter em mente que sem saúde, não há trabalho. Ser empregado doente pode trazer uma repercussão para o resto da vida dele, pela redução da capacidade laborativa, e para o empregador, ter um empregado doente significa que não vai ter produtividade. Então, eu acho que há um interesse em comum entre as duas partes envolvidas na relação do trabalho”, ela finaliza.

O gigante tecnológico Apple suspendeu, nesta segunda-feira (9), sua atividade comercial com a Pegatron, uma empresa terceirizada de Taiwan importante para a produção de seu iPhone, por violações dos direitos trabalhistas em seu programa de estudantes e pelas tentativas de acobertar as irregularidades - informou a agência de notícias Bloomberg.

"A Pegatron omitiu, indevidamente, os estudantes em seu programa e falsificou documentos para encobrir violações do nosso Código de Conduta", inclusive mediante a emissão de permissões de trabalho noturnas, ou de horas extras falsas, disse a Bloomberg, citando um comunicado da Apple.

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Consultada pela AFP, a empresa Pegatron, que cota em Taipei, admitiu em um e-mail que alguns trabalhadores estudantes nas fábricas das cidades de Xangai e Kunshan, no sudeste da China, haviam sido obrigados a trabalhar em condições que não atendiam aos parâmetros estabelecidos pela Apple.

O trabalho dos estudantes é autorizado, mas desde que sob estrita supervisão, afirmou a Apple, que disse não ter descoberto evidências de trabalho forçado durante a investigação feita há duas semanas.

A Pegatron admitiu para a AFP que "alguns estudantes foram reconhecidos como trabalhadores noturnos, fazendo horas extras e ocupando postos não relacionados com sua especialidade, ou de acordo com as normas e as regulações locais".

A empresa taiwanesa é um parceiro importante na produção do iPhone e ajuda a fornecer peças para o último modelo da Apple, o iPhone 12.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reproduziu mais declarações polêmicas a respeito das norma regulamentadoras do trabalho. Na tradicional live transmitida nessa quinta-feira (9), em sua página do Facebook, Bolsonaro ironizou as multas trabalhistas e disse que é preciso "facilitar a vida dos patrões para dar emprego". 

Bolsonaro começou falando das multas aplicadas em donos de empresas que possuem banheiros coletivos usados por trabalhadores. Segundo ele, só para os sanitários havia mais 40 itens. "Até a altura da pia, se tivesse um centímetro abaixo ou a acima, multa no cara”, ironizou. 

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O presidente enalteceu o trabalho do deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN),  dizendo que o parlamentar está fazendo uma “lipoaspiração” nas normas. De acordo com o presidente, o deputado diminuiu o número de itens relacionados à segurança para aplicar no caso dos banheiros. De mais de 40 pontos, agora são 4.

Um exemplo dado por Bolsonaro foi sobre multas direcionadas as corporações da região Norte do Brasil que trabalham no corte de folhas de carnaúba para a produção da cera de matopiba. 

"O cara desce uma palmeira daquelas, de cem metros, pega um banheiro químico borbulhando de fezes, fecha a porta e tá (sic) oitenta graus. Vira um micro-ondas, e para fazer xixi. Tem cabimento isso? Tem cabimento multar por causa disso?” citou.

De acordo com Bolsonaro, um empresário teve que pagar uma multa de mais de R$ 100 mil por não disponibilizar um banheiro adequado. “Assim não dá para produzir no Brasil. O pessoal chega lá no carro blindado com ar-condicionado para multar os caras”.

O presidente finalizou justificando a demissão de trabalhadore que, na opinião dele, não são mandados embora por maldade. Além disso, recomendou que quem estiver reclamando “vá ser patrão”. "O patrão quando manda embora não é por maldade, é porque a pessoa não está trabalhando, está dando prejuízo, ou quer contratar alguém melhor”, defendeu.

Ao falar das relações trabalhistas em café da manhã com empresários no Chile, o presidente Jair Bolsonaro disse que a legislação deve "beirar a informalidade".

"A equipe econômica nossa também trabalha uma forma de desburocratizar o governo, desregulamentar muita coisa. Tenho dito à equipe econômica que na questão trabalhista nós devemos beirar a informalidade porque a nossa mão-de-obra é talvez uma das mais caras do mundo", disse Bolsonaro.

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O presidente também demonstrou preocupação com a ideologização nas escolas e na imprensa. "Nos preocupa também, começou no governo Fernando Henrique e se agravou nos governos Lula e Dilma, a questão ideológica que tomou conta das universidades e inclusive das escolas de ensino fundamental e também da grande mídia. É difícil encontrar um jornalista da grande imprensa que possa discutir conosco de igual para igual. Sempre tem um viés de esquerda nas discussões e parece que eles não querem enxergar ou foram doutrinados demais", afirmou.

Depois do café com empresários, Bolsonaro segui para o Palácio La Moneda onde participa de uma reunião bilateral com o presidente com o presidente do Chile, Sebástian Piñera.

A Seara Alimentos, empresa que pertence ao grupo JBS, está sendo processada e pode ser multada em mais de R$ 29 milhões por mais de 50 acidentes que levaram até à morte de dois funcionários por irregularidades trabalhistas. De acordo com Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, o caso é muito grave, envolvendo até a queda de um funcionário em água aquecida a 90ºC por falta de equipamento de proteção. 

A unidade de São Gonçalo dos Campos, no interior da Bahia, é investigada pelo MPT pelo descumprimento de leis trabalhistas de saúde e segurança ao longo de anos. De acordo com o órgão, esta atitude levou à ocorrência de acidentes que resultaram em duas mortes, além de fraturas, traumas, queimaduras, perda de visão, esmagamento e contusão. 

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A primeira investigação se deu no ano de 2008, após a empregada Janete Gomes de Souza sofrer acidente enquanto manejava um equipamento sem capacitação e proteções devidas, resultando em uma lesão na cabeça. Em 2013 ocorreu o acidente que levou à morte de Valmir Nascimento Fernandes, que trabalhava no elevador quando foi imprensado. No ano passado, Osmar Brandão Cazumbá estava limpando uma máquina quando caiu e foi esmagado, vindo a óbito.

Segundo o gerente do Projeto Nacional Frigoríficos, do MPT, o procurador Sandro Sardá, os acidentes ocorrem devido à atitude da empresa de submeter os empregados a jornadas de trabalho exaustivas e noturnas além do que a lei permite, potencializando os riscos de doenças e acidentes. 

Tentativas de acordo

O MPT afirma que apresentou, na última quinta-feira (30) uma ação civil pública à Justiça do Trabalho após várias tentativas mal sucedidas de firmar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). O objetivo do ministério ao tentar estabelecer um acordo era que a Seara se comprometesse a regularizar o seu ambiente de trabalho sem a necessidade da abertura de um processo judicial. 

O MPT afirma, no entanto, que o Grupo JBS afirmava que a assinatura do termo não seria possível. De acordo com a procuradora Silvia Valença, depois de tentar chegar a um acordo oito vezes a investigação não poderia mais ser aumentada diante da gravidade do caso. A primeira audiência sobre o caso está marcada para o próximo dia 31 de janeiro. 

Processo 

O Ministério Público do Trabalho (MPT) pede que a justiça conceda uma liminar contra a Seara Alimentos e o Grupo JBS, obrigando a empresa a regularizar a situação trabalhista e a realizar exames médicos com funcionários expostos a material de risco e altos níveis de ruído.  Além disso, o MPT também pede que a justiça fixe uma multa de R$10 mil e R$100 mil por cada um dos 25 itens do processo e uma multa de R$ 29 milhões por danos morais coletivos. 

*Com informações do MPT

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A deputada federal Luciana Santos (PCdoB) foi uma das pessoas a discursar no final do ato contra a nova lei trabalhista nesta sexta-feira (10). A manifestação saiu da Praça do Derby, no centro do Recife, e seguiu até a sede do Ministério do Trabalho e Emprego, na Zona Norte do Recife. 

“Não é só em Pernambuco, é um ato num Brasil todo, uma luta contra uma sentença de morte que é a reforma dessa lei trabalhista”, disse Luciana. A parlamentar classificou a agenda do governo federal como “nefasta”.

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Além dela, representantes de centrais sindicais também discursaram para o público presente, sempre destacando a continuidade das lutas e manutenção de união entre categorias. A nova lei trabalhista passa a vigorar no próximo sábado (11).

Entre os participantes da manifestação, estavam representantes de categorias como policiais rodoviários federais, policiais civis, enfermeiros, rodoviários, funcionários do Departamento de Trânsito (Detran), funcionários da Chesf, entre outras. 

Os representantes das centrais sindicais que organizaram uma manifestação nesta sexta-feira (10), no Recife, garantiram novamente que haverá luta contra "a retirada dos direitos dos trabalhadores", que está acontecendo no que chamam de "governo golpista". A afirmação foi feita, na tarde desta quinta-feira (9), durante coletiva de imprensa realizada na sede da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), no bairro de Santo Amaro.

Os sindicalistas explicaram que, a partir das 9h, na Praça do Derby, haverá uma assembleia com a presença das centrais e trabalhadores. Também contaram que, após a assembleia, é possível que seja realizada uma caminha da praça até a Superintendência Regional do Trabalho, localizado na Agamenon Magalhaes. Eles destacaram que diversos municípios de Pernambuco também vão se reunir para protestarem. Já há confirmação de atos nos municípios de Escada, Caruaru, Petrolina, Vitória de Santo Antão e Limoeiro como exemplos.

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O ato, que acontece no Dia Nacional de Mobilização em Defesa dos Direitos, será realizado um dia antes de entrar em vigor a nova legislação trabalhista [n 13.467/17].

O vice- presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, afirmou que a nova lei ataca os direitos dos trabalhadores. "Dizendo que os sindicatos não servem de nada, além de atacar a Justiça do Trabalho, o próprio ministro do Trabalho chegou a dizer isso. Tentam fragilizar o movimento sindical para, em seguida, fazer um profundo ataque. É um ataque profundo aos direitos", disse.

Rocha ressaltou que o povo conseguiu acabar com a escravidão. "E, por isso, é nas ruas que a gente vai se manter. Tenho certeza que a gente vai continuar na luta", afirmou. 

O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Helmiton Bezerra, disse que mais de 100 países fizeram uma reforma trabalhista, mas que não foi apontado desenvolvimento e retomada de emprego", alertou. Helmiton também disse que, a partir de sábado, haverá empregos cada vez mais precário e sem salário garantido. "Vamos ter muita precarização. É falso os argumentos que estão sendo apresentados pelo governo. O Brasil está voltando 70 anos rasgando as conquistas históricas", cravou.

O governo deve anunciar na próxima semana uma série de propostas para mudanças nas regras trabalhistas. O pacote, que ainda está em discussão, prevê a criação da modalidade de contratação por hora trabalhada, com jornada flexível.

Sob esse regime de jornada intermitente, o trabalhador poderá ter mais de um patrão, que poderá acioná-lo a qualquer hora do dia, sem necessidade de cumprir horário comercial. Os direitos trabalhistas serão pagos proporcionalmente.

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Na última segunda-feira (12), o Broadcast - serviço em tempo real do Grupo Estado - antecipou que o projeto que regulamenta o trabalho intermitente pode ser votado, em caráter terminativo, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado na quarta-feira (21).

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, porém, disse ao Estado que essa questão ainda não está pacificada e que o governo só vai avançar nos temas a respeito dos quais houver um "amplo entendimento" entre os trabalhadores e os empregadores.

A jornada intermitente vem sendo estudada como uma maneira de estimular a geração de empregos, mas encontra resistência entre movimentos sindicais, que veem na iniciativa uma forma de precarização dos direitos trabalhistas.

Segundo Nogueira, entre os temas em que já há consenso está o aumento do prazo dos contratos temporários - de 90 dias para 180. Outro item é estabelecer a jornada parcial de 25 horas de trabalho, com direito a cinco horas extras, e da possibilidade de a convenção coletiva deliberar sobre a forma como a jornada semanal vai ser executada.

O anúncio dessas novas medidas será feito junto com a edição da medida provisória para transformar o Programa de Proteção ao Emprego em uma ação permanente do governo, que passará a ser chamado de Programa Seguro Emprego. Não há definição, ainda, sobre se essas outras mudanças serão feitas via MP ou projeto de lei. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As dificuldades de fornecimento de combustível continuavam nesta segunda-feira (23)  na França, onde refinarias e depósitos de gasolina estavam bloqueados pelas greves contra o projeto de reforma da lei trabalhista do Executivo socialista. "Cinco das oito refinarias francesas estão em greve, paralisadas ou em processo de paralisação", indicou à AFP Emmanuel Lépine, dirigente do braço petróleo do sindicato CGT.

Dos 189 depósitos de combustível bloqueados pelos trabalhadores do setor há vários dias, muitos foram desbloqueados pela força pública, confirmou à AFP Eric Sellini, coordenador CGT do grupo Total, que não indicou o número preciso de depósitos bloqueados no país.

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Classificando os bloqueios de "ilegítimos", o ministro das Finanças, Michel Sapin, ressaltou na segunda-feira a vontade do governo de utilizar "todos os instrumentos" de que dispõe pra pôr fim aos mesmos.

"Vamos seguir evacuando um certo número de locais, em particular os depósitos", afirmou no domingo o primeiro-ministro Manuel Valls a partir de Tel Aviv, onde realiza uma visita.

O bloqueio das estruturas petrolíferas criou problemas de abastecimento nos postos de combustível, principalmente no noroeste do país. O fenômeno foi agravado pelos motoristas que, temendo a falta de combustível, se dirigiram aos postos para encher seus tanques, levando as autoridades a implementarem medidas de racionamento.

Um total de 1.500 postos de combustível, dos 12.000 existentes na França, sofriam com falta total ou parcial de combustível, segundo o secretário de Estado de Transportes, Alain Vidalies.

O governo superestimou em 40% a redução nas despesas públicas com a alteração das regras de concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários para 2015, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Dos R$ 18 bilhões da economia prevista com as medidas, R$ 7 bilhões que viriam com as restrições ao pagamento do abono salarial devem ficar fora da conta neste ano.

O Ministério do Trabalho avisou a equipe econômica que pode haver uma batalha judicial se as novas exigências entrarem em vigor a partir do segundo semestre para o pagamento do abono salarial referente a um direito adquirido em 2014. O abono, cujo orçamento para este ano chega a R$ 20 bilhões, é um salário pago a quem ganhou até dois salários mínimos no ano anterior.

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Com as negociações entre o governo e as centrais sindicais para aliviar as restrições colocadas no pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial, a economia esperada com essas medidas pode ser menor, colocando em xeque o "Plano Levy" de ajuste das contas públicas.

Fontes da área econômica informam que o governo já sabia que a economia com as alterações nos benefícios sociais neste ano não chegaria a R$ 18 bilhões, ou 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), como anunciado em 30 de dezembro - embora as alterações tenham sido definidas ainda na gestão do ex-ministro Guido Mantega.

A equipe da presidente vendeu a reformulação nas regras como parte essencial para o cumprimento da meta de superávit primário, a economia para o pagamento dos juros da dívida, de 1,2% do PIB neste ano - ou R$ 66,3 bilhões.

O próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem usado esse número em conversas com investidores como trunfo para recuperar a confiança na economia brasileira. A equipe de Mantega era criticada por "maquiar" previsões econômicas, o que afetou a credibilidade da política fiscal.

Credibilidade

O impasse em torno do abono salarial é mantido em sigilo pela área técnica do governo por comprometer a credibilidade das medidas. Mesmo assim, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, admitiu à reportagem que as regras só entrarão em vigor em 2016.

"O objetivo (da mudança nas regras do abono) é fazer com que se complemente o que foi acordado entre as centrais e o (ex-presidente) Lula. Mas isso só vai entrar em vigor no ano que vem", disse Dias.

O ministro informou que o ex-presidente Lula firmou um pacto com as centrais sindicais de que adotaria a política de valorização do salário mínimo, mas, em contrapartida, mudaria as regras para a concessão do abono. "A razão pela qual o abono salarial foi criado ia se perder. Foi discutido, foi discutido, mas nunca chegou a ser modificado", disse Dias.

Na área técnica do governo há uma discussão sobre a legalidade de mudar as regras de um benefício relacionado ao tempo de trabalho de 2014. Pelas regras antigas, era necessário trabalhar apenas um mês com carteira assinada no ano anterior para ter direito ao abono. Pelas novas regras, o tempo mínimo de trabalho passa a seis meses. Como o pagamento, que começa em julho está atrelado ao tempo de trabalho em 2014, o ministério teme que quem trabalhou até cinco meses no ano passado recorra à Justiça do Trabalho para receber o benefício.

Além disso, o calendário de pagamento do abono salarial é definido pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que reúne centrais sindicais, patrões e governo. "Em 2015, será pago o direito adquirido em 2014, com as regras de 2014", sustenta o presidente do Codefat, Quintino Severo, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Outra mudança no abono que também só deve ser colocada em prática em 2016 é o pagamento proporcional ao tempo trabalhado no ano-base, da mesma forma que o 13º salário.

Pela regra antiga, quem trabalhasse um mês teria direito ao salário mínimo integral. Na nova configuração, o salário mínimo será dividido por 12 e pago de acordo com a quantidade de meses trabalhados no ano anterior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo Dilma Rousseff vai propor ao Congresso mudanças nas leis trabalhistas para criar duas novas formas de contratação: a eventual e por hora trabalhada. A proposta vai beneficiar o setor de serviços, que é o que mais emprega no País, estimulando a formalização de trabalhadores que hoje não têm carteira assinada. A alteração faz parte do Plano Brasil Maior, como é chamada a nova política industrial.

"Estamos formatando a proposta", disse o ministro do Trabalho, Paulo Roberto dos Santos Pinto. "Vamos concluir o mais rapidamente possível."

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As mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) podem dar mais dinamismo ao mercado e, na prática, permitir carteira assinada para quem trabalha dois dias por semana ou três horas por dia, por exemplo, com direito a pagamento de férias, 13.º salário e FGTS.

Para reduzir as eventuais críticas, o governo pretende vender as mudanças na CLT como uma "modernização" do marco regulatório do mercado de trabalho. Também será repetido que as mudanças não representarão perdas de direitos trabalhistas.

Em janeiro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, defendeu a ideia em Nova York. "Podemos avançar nesse campo sem comprometer um único direito trabalhista já conquistado. As propostas feitas pela classe empresarial às quais eu tive acesso preservam os direitos que os trabalhadores brasileiros têm", afirmou o ministro, petista histórico e próximo de Dilma há quatro décadas.

Modalidades

As mudanças permitirão que as empresas contratem um empregado que só vai receber quando for chamado para alguma atividade. Esse mecanismo deve beneficiar, por exemplo, as empresas que realizam shows, curta-metragens, ou mesmo serviço de buffet.

No caso do "horista", o contrato deve ajudar na complementação de pessoal em bares, restaurantes e eventos sazonais, como Natal e feriados. Com isso, o governo acredita que o trabalhador poderá usar o horário livre para investir em qualificação.

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