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A junta militar de Mianmar anunciou nesta quinta-feira (11) novas acusações de corrupção contra a ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi, acusada de ter recebido subornos no total de US$ 600.000, além de 11 quilos de ouro.

"Tomamos conhecimento de que a própria Aung San Suu Kyi aceitou US$ 600.000 e 11,2 quilos de ouro. A comissão anticorrupção iniciou uma investigação", disse nesta quinta em Naypyidaw o secretário de Comunicação da junta, Zaw Min Tun.

Detida desde o golpe militar de 1º de fevereiro, Aung San Suu Kyia foi acusada no início de março de violação da lei de telecomunicações e de "incitação da desordem pública".

Antes ela já havia sido acusada de importação ilegal de walkie-talkies e de não ter respeitado as restrições provocadas pela pandemia de Covid-19, acusações consideradas extravagantes pelos analistas internacionais.

A próxima audiência de seu julgamento está prevista para 15 de março.

O Conselho de Segurança da ONU condenou "firmemente", nesta quarta-feira (10) a repressão em Mianmar, onde centenas de policiais e soldados lançaram uma operação em Yangon contra trabalhadores ferroviários em greve e oponentes da junta militar golpista.

O documento, adotado por seus 15 membros - entre eles a China e a Rússia - critica os militares de uma forma sem precedentes e e pede "maior contenção", embora não mencione a palavra "golpe" ou possíveis sanções.

O Conselho de Segurança, que "condena firmemente a violência contra manifestantes pacíficos, incluindo mulheres, jovens e crianças", pede às partes que "busquem uma solução pacífica", de acordo com o texto acordado pela AFP.

O documento elaborado pelo Reino Unido, uma ex-potência colonial, também pede "a libertação imediata de todos os detidos arbitrariamente" desde 1º de fevereiro, quando os generais derrubaram o governo civil de Aung San Suu Kyi.

Aproveitando a divisão até então na comunidade internacional, que enfrentou vetos de Moscou e Pequim, tradicionais aliados da junta militar, os generais mantiveram a repressão.

Centenas de policiais e veículos militares foram mobilizados ao redor da área de moradia dos funcionários da estação Ma Hlwa Gone, na zona leste da capital econômica do país.

"Bloqueiam as portas (dos apartamentos) e as destroem para entrar", contou à AFP uma familiar de um funcionário, que pediu anonimato por temer represálias

De acordo com a mulher, que expressou sua preocupação "pelos trabalhadores" e suas famílias, cerca de 800 funcionários participam do movimento de desobediência civil nesta estação.

- "Centenas de detenções" -

Médicos, professores, funcionários de empresas de energia elétrica e das ferrovias pararam de trabalhar desde o golpe de Estado.

Os principais sindicatos convocaram a "paralisação total da economia" para tentar interromper as atividades no país e aumentar a pressão sobre os militares.

A junta ordenou que o retorno dos funcionários ao trabalho em 8 de março e ameaçou os grevistas de demissão e represálias.

Desde o golpe de Estado, o país é cenário de protestos diários. Na quarta-feira, uma forte presença policial e militar foi visível em Yangon, onde barricadas improvisadas foram incendiadas por manifestantes.

No bairro de Okkalapa, foram feitas "centenas de detenções", segundo um salva-vidas. “Alguns manifestantes foram espancados, há feridos”, acrescentou.

“Pedimos às forças de segurança que se retirem da área, libertem os detidos e permitam que as pessoas saiam com segurança”, tuitou a embaixada dos Estados Unidos, relatando que jovens foram cercados naquela área de Yangon.

A junta parece mais determinada do que nunca a impor o regime, com operações em edifícios residenciais, hospitais, universidades, detenções em larga escala e o uso de munição letal.

Ao menos 60 civis morreram e quase 2.000 pessoas foram detidas desde fevereiro, segundo a Associação para a Assistência aos Presos Políticos.

- Refugiados na Índia -

Os militares também executaram operações contra meios de comunicação independentes e revogaram as licenças de operação. Quase 20 jornalistas foram detidos.

O exército nega envolvimento na morte de manifestantes e justifica o uso da força alegando fraudes nas eleições legislativas de novembro, vencidas por ampla margem pelo partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND).

Os deputados que não reconhecem a legitimidade da junta, e que criaram um comitê para representar o governo civil, são acusados de "alta traição", delito que pode ser punido com a pena de morte ou uma sentença de 22 anos de detenção, advertiram os militares.

Dois líderes da LND morreram quando estavam em detenção nos últimos dias.

Nesse contexto, pelo menos 136 birmaneses se refugiaram na Índia desde o golpe e dezenas de outros aguardam na fronteira para fazê-lo, anunciaram as autoridades indianas.

O golpe gerou condenações e sanções de Washington e da União Europeia, mas, indo contra a maré, o Sri Lanka convidou o novo ministro das Relações Exteriores de Mianmar para falar sobre cooperação econômica.

"Não atirem contra as crianças!". A irmã Ann Rose Nu Twang se ajoelha, abre os braços em cruz e implora às forças birmanesas. Em vão, no mesmo dia, 8 de março, três manifestantes pró-democracia foram mortos.

Não se sabe com certeza de onde vieram os tiros, mas a polícia e o exército não hesitam em usar munição real desde que começaram as manifestações pacíficas contra o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, em 1º de fevereiro.

Neste 8 de março, centenas de pessoas, principalmente membros da etnia Kachin, tomaram as ruas de Mytkyina (norte), palco de manifestações desde o golpe. Entre os manifestantes, havia inúmeras birmanesas que se manifestavam pelo Dia Internacional da Mulher.

Mas no início da tarde, o ambiente se degradou.

A polícia e o Exército lançaram gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para tentar dispersar a multidão, que responde lançando projéteis. Ao longe, é possível ouvir várias explosões.

Os manifestantes se protegem atrás de barricadas erguidas às pressas com folhas, placas de madeira e tijolos.

Entre a multidão, a freira Ann Rose Nu Twang, de 45 anos, se aproxima das forças de segurança.

Ela se ajoelha e dois policiais fazem o mesmo, juntando suas mãos em sinal de respeito pela religiosa. Já outros permanecem indiferentes, de acordo com imagens divulgadas por um veículo local, o Myitkyina News Journal.

"Eu supliquei que não atirassem [...], que em vez disso me matassem. Levantei as mãos em sinal de perdão", conta a freira à AFP.

- "Não tive medo" -

Não muito longe do local, outro grupo de policiais começou a atirar, conta.

Algumas imagens divulgadas nas redes sociais mostram manifestantes imóveis e cobertos de sangue. Um deles está estirado de bruços no chão, com a cabeça meio arrancada.

"Foi um momento de pânico. Estava no meio e não podia fazer nada", explica, apesar de ressaltar: "não tive medo".

Outras duas freiras chegam para apoiá-la. "Parem, estão torturando e matando as pessoas. É por isso que as pessoas estão com raiva e protestam", diz uma delas.

Três manifestantes morreram. Nesta terça-feira, uma das vítimas, Zin Min Htet, foi enterrada e uma multidão compareceu para prestar uma última homenagem, reunindo-se em volta de seu caixão, coberto de flores, e fazendo a saudação dos três dedos, símbolo da resistência.

O ato de coragem de Ann Rose Nu Twang foi muito compartilhado nas redes sociais do país, que é majoritariamente budista.

Em 28 de fevereiro, a religiosa havia chamado a atenção ao ficar de joelhos em frente às forças de segurança para pedir prudência.

Ao menos 60 civis perderam a vida desde o golpe e mais de 1.800 foram detidos, segundo a Associação de Assistência aos Presos Políticos.

O Estado nega qualquer envolvimento da polícia ou do exército na morte dos civis, e defende que as forças de segurança devem "conter os distúrbios tal e como dita a lei".

Um manifestante foi morto nesta sexta-feira (5) em Mianmar, a última vítima até o momento da repressão da junta militar ao movimento pró-democracia, enquanto o Conselho de Segurança da ONU deve se reunir a portas fechadas em Nova York para tentar encontrar uma solução à crise que se agrava a cada dia.

Apesar do medo de represálias, protestos ocorreram em várias cidades do país nesta sexta.

Um grupo de várias centenas de engenheiros manifestou-se nas ruas de Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, gritando "libertem nossa líder!" e "não trabalhem para o exército!".

Um homem de 26 anos que ajudava nas barricadas erguidas na cidade para desacelerar o avanço das forças de segurança morreu após ser baleado no pescoço, disseram equipes médicas à AFP.

A morte ocorre dois dias após o dia mais letal da repressão, com pelo menos 38 vítimas fatais de acordo com a ONU, enquanto cenas das forças de segurança atirando nas multidões e imagens de corpos ensanguentados circulam nas redes sociais.

Em Yangon, a capital econômica do país, o distrito de San Chaung foi, como nos dias anteriores, palco de um enfrentamento, pacífico em sua maior parte, com a polícia: os manifestantes se protegendo atrás de barricadas improvisadas construídas com pneus velhos, sacos de areia e arame farpado.

Na cidade de Bago, a nordeste de Yangon, um pequeno grupo saiu em passeata com os três dedos erguidos em sinal resistência, brandindo cartazes que diziam "não aceitaremos o golpe militar".

De acordo com a polícia local, nove birmaneses se refugiaram na Índia na quarta-feira, incluindo três policiais que disseram às autoridades do estado de Mizoram (leste), na fronteira com Mianmar, que estavam fugindo para não ter que participar da repressão em seu país.

- Canais do exército no Youtube fechados -

A Junta tem procurado evitar que informações sobre a repressão sejam publicadas. Desta forma, aumentou o número de cortes da Internet e baniu o Facebook, de longe a rede mais popular no país.

Mas vídeos ao vivo e imagens vazam diariamente, e a própria Junta sofreu banimento na internet nesta sexta, quando o YouTube anunciou que havia fechado vários canais militares.

Muitas partes do país também sofreram cortes de energia nesta sexta-feira, embora não esteja claro se esta foi uma medida deliberada, já que o país tem infraestrutura pouco confiável. Diversas agências governamentais atribuíram as interrupções a uma "falha do sistema".

Mas, apesar dos protestos internacionais cada vez mais fortes, a Junta parece mais determinada do que nunca a extinguir a contestação em Mianmar desde o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.

Em um relatório divulgado quinta-feira, Thomas Andrews, um especialista independente comissionado pela ONU, ressalta que "mesmo que o futuro de Mianmar seja determinado por seu povo, a comunidade internacional deve agir urgente e decisivamente para apoiá-lo".

O relator especial das Nações Unidas recomenda, portanto, ao Conselho de Segurança, que se reúne a portas fechadas hoje para discutir a situação neste país, "impor um embargo global sobre as armas", como já faz os europeus e Canadá, e pedindo ainda "sanções econômicas específicas" contra os generais birmaneses.

- 54 civis mortos -

Pelo menos 54 civis foram mortos desde o golpe de Estado, de acordo com a ONU.

Entre eles, quatro menores de idade, incluindo um adolescente de 14 anos, segundo a ONG Save the Children.

Também há dezenas de feridos.

O exército, por sua vez, relatou a morte de um policial. Procurado, não respondeu a várias solicitações da AFP.

"O uso de força letal (...) mostra quão pouco as forças de segurança temem ser responsabilizadas por seus atos", disse Richard Weir, da ONG Human Rights Watch.

"Continuaremos a agir contra a Junta", alertou, por sua vez, o porta-voz da diplomacia dos Estados Unidos, Ned Price, em um tuíte após o anúncio de novas sanções americanas na quinta-feira.

China e Rússia, tradicionais aliadas do exército birmanês, não condenaram oficialmente o golpe de Estado, considerando a crise como "um assunto interno" do país.

O dia desta quarta-feira (3) foi "o mais sangrento" registrado em Mianmar desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, com "38 mortos", afirmou a emissária da ONU para este país, a suíça Christine Schraner Burgener, que pediu "medidas muito duras" contra o exército.

"Temos agora mais de 50 mortos desde o início do golpe de Estado e vários feridos", declarou em coletiva de imprensa virtual com jornalistas da ONU.

A emissária afirmou que mantém contato com todas as partes em Mianmar, incluindo os militares. Esses últimos indicaram que planejam eleições "em um ano", acrescentou.

Questionada sobre as condições impostas pelos militares para uma possível visita sua à Mianmar, que a ONU exige há um mês, Schraner respondeu que disseram a ela que seria bem-vinda, mas "não agora", porque precisam resolver alguns problemas antes.

Por outro lado, Schraner destacou que os Estados-membros da ONU e o Conselho de Segurança - que se reúne na sexta-feira a pedido da Grã-Bretanha - "têm que tomar medidas muito duras" contra o exército birmanês.

"Tive uma discussão com o exército e adverti que os Estados-membros e o Conselho de Segurança poderiam tomar medidas enormes e fortes. A resposta foi: 'Estamos acostumados com sanções e sobrevivemos a elas no passado", explicou.

"Cabe aos Estados-membros tomar as decisões certas", insistiu ela, argumentando que China e Rússia, principais aliados de Mianmar, não podem mais alegar que o golpe era um assunto interno.

As forças de segurança birmanesas continuaram disparando balas reais contra os manifestantes nesta quarta-feira, desafiando todas as condenações internacionais. A junta militar intensificou sua repressão desde o golpe que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro.

A ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi, já processada por violar obscuros regulamentos comerciais e sanitários, foi acusada nesta segunda-feira (1°) de dois outros crimes, enquanto o país permanece sob tensão após o dia mais mortal de repressão desde o golpe de Estado.

A prêmio Nobel da Paz foi processada hoje por violar uma lei de telecomunicações e por "incitar a desordem pública", disse à AFP o advogado Nay Tu, membro de sua equipe de defesa, após a audiência, na qual Aung San Suu Kyi participou por videoconferência.

Ela já havia sido acusada de importar ilegalmente walkie-talkies e violar as restrições ao coronavírus, motivos considerados estranhos por observadores internacionais.

Fora de comunicação desde sua prisão, ela está "aparentemente com boa saúde", disse seu principal advogado, Khin Maung Zaw, que viu sua cliente por videoconferência pela primeira vez e que ainda não teve permissão para se encontrar com ela. Uma nova audiência está marcada para 15 de março.

As novas acusações surgem um dia após um dia particularmente sangrento de repressão.

Pelo menos 18 pessoas morreram no domingo, de acordo com as Nações Unidas, com base em "informações confiáveis".

A AFP conseguiu confirmar, a partir de fontes independentes, dez mortos, mas alguns relatos falam de um número de vítimas superior ao anunciado pela ONU.

Apesar do medo de represálias, os manifestantes voltaram às ruas nesta segunda-feira.

Perto da famosa prisão de Insein, em Yangon, as forças de segurança atiraram contra os manifestantes que protestavam contra as prisões do dia anterior, de acordo com uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

No momento, não foi possível determinar se os tiros foram disparados com munição letal ou com balas de borracha.

"Estamos unidos", gritavam os manifestantes.

Em outras partes da capital econômica, alguns manifestantes ergueram barricadas improvisadas com pedaços de madeira, sofás e bambus.

A polícia disparou balas de borracha na tentativa de dispersar alguns deles, segundo a mídia local, que reportou vários feridos.

Após quase um mês de mobilização pró-democracia com manifestações diárias e uma campanha de desobediência civil, a resposta das autoridades foi especialmente sangrenta no domingo.

- "Munição letal" -

Três manifestantes foram mortos em Dawei, no sul do país, após serem alvos de "munição letal", segundo um socorrista.

Moradores saíram às ruas da cidade costeira na manhã desta segunda-feira para colocar flores vermelhas e acender velas em frente aos retratos das vítimas.

"O exército birmanês é uma organização terrorista", disse o proeminente ativista Thinzar Shunlei Yi no Facebook.

O exército não respondeu aos pedidos de comentários da AFP, mas a mídia estatal advertiu no domingo que "medidas severas serão inevitavelmente tomadas" contra "multidões anárquicas".

Cerca de 30 manifestantes morreram desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, de acordo com a AAPP, uma ONG que ajuda presos políticos.

O exército afirma que um policial foi morto enquanto tentava impedir uma manifestação.

O uso de armas letais pela polícia e pelo exército contra manifestações pacíficas, em sua maioria, gerou uma nova onda de protestos internacionais.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, condenou no Twitter a "violência abominável das forças de segurança birmanesas".

"O uso de força letal (...) e as prisões arbitrárias são inaceitáveis", declarou, por sua vez, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Dias antes, o embaixador birmanês na ONU, Kyaw Moe Tun, rompeu com os generais golpistas, pedindo o "fim do golpe militar" e o "retorno do poder do Estado ao povo". Ele foi destituído pela Junta.

Os numerosos protestos internacionais e o anúncio de sanções por parte dos Estados Unidos e da União Europeia não foram capazes de influenciar os militares.

"O mundo deve intensificar sua resposta. Palavras de condenação são bem-vindas, mas não são suficientes", comentou o relator especial da ONU, Tom Andrews, explicando que nesta segunda publicaria uma lista de opções que proporá ao Conselho de Segurança.

- Centenas de prisões -

Enquanto isso, as ondas de prisões continuam. Mais de 1.100 pessoas foram presas, acusadas ou condenadas desde o golpe, de acordo com a AAPP.

Uma mídia oficial relatou 571 prisões apenas no domingo.

Nos últimos dias, vários jornalistas foram presos, incluindo um fotógrafo da agência Associated Press.

O país vive uma onda de manifestações e uma campanha de desobediência civil desde o golpe que derrubou Aung San Suu Kyi.

As últimas revoltas populares, de 1988 e 2007, foram reprimidas com sangue pelo exército, que permaneceu no poder por quase 50 anos desde a independência do país em 1948.

A polícia de Mianmar usou balas de borracha neste sábado para dispersar manifestantes em Yangon, depois que o embaixador do país na ONU rompeu com o regime e fez um discurso contra a junta militar.

O país é cenário de uma onda de manifestações a favor da democracia desde que um golpe de Estado militar derrubou a líder civil Aung San Suu Kyi no dia 1 de fevereiro.

Não foi possível determinar se os agentes também usaram munição letal. A polícia perseguia manifestantes e jornalistas no cruzamento Myaynigone.

Na sexta-feira também foram registrados confrontos no mesmo ponto.

Centenas de manifestantes da etnia Mon retornaram ao local na manhã de sábado para celebrar o Dia Nacional Mon. Outros grupos étnicos minoritários também se uniram para protestar contra o golpe de Estado.

A polícia compareceu ao local para liberar a área, perseguindo os manifestantes e jornalistas, que buscaram abrigo em edifícios próximos.

Entre os detidos neste sábado estão três jornalistas.

"O que a polícia está fazendo? Está protegendo um ditador louco!", gritaram os manifestantes, que improvisaram barricadas em ruas estreitas para impedir o avanço da polícia.

Repórteres exibiram ao vivo as imagens caóticos no Facebook, inclusive o momento em que foram ouvidos disparos.

"Vamos tentar encontrar outra forma de protestar, claro que temos medo da repressão", disse Moe Moe, de 23 anos, usando um pseudônimo.

"Queremos lutar até vencer", completou.

As forças de segurança birmanesas dispersaram nesta sexta-feira (26) em Yangon centenas de manifestantes que exigiam o retorno da democracia e a libertação de Aung San Suu Kyi, em um novo dia de tensões após o golpe de Estado no país.

Mianmar continua mergulhada em uma onda de protestos, com manifestações que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas, desde que os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro.

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A enviada da ONU a Mianmar, Christine Schraner Burgener, condenou "energicamente" as recentes ações da junta militar, inclusive seu "inaceitável" uso da força letal, disse nesta sexta à Assembleia Geral da ONU, reunida em sessão especial sobre a situação neste país do sudeste asiático.

A polícia e o exército intervieram com rigor em algumas localidades, mas em Yangon, a capital econômica, até agora tinham conseguido dispersar os protestos com importantes contingentes, sem o uso excessivo da força.

No entanto, nesta sexta, os agentes da tropa de choque foram ao encontro dos manifestantes, embora a maioria deles estivesse sentada no chão e repetisse lemas a favor da democracia.

Seis manifestantes foram detidos, entre eles um jornalista japonês independente, que "levou um golpe na cabeça com um cassetete, mas usava um capacete", relatou o assistente do jornalista no Facebook.

Os manifestantes ergueram barricadas com mesas e arame farpado para barrar a intervenção policial.

"O fracasso da ditadura é a nossa causa, nossa causa!", gritavam os manifestantes.

- Polícia atira pedras -

Também houve protestos em Mandalay, a segunda cidade mais populosa do país.

Milhares de pessoas se concentraram no centro da cidade, muitas vestidas de branco e usando máscaras e chapéus vermelhos, cor da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi.

Ao final do protesto, a polícia usou estilingues para atirar pedras contra os manifestantes. Cinco deles ficaram feridos, um deles gravemente, informou o médico Thet Htay.

Em Yangon, o clima está tenso desde a quinta-feira, quando foi autorizada uma concentração pró-militar em uma região do centro da cidade que no geral fica vetada às manifestações.

O número de mortos desde o golpe de Estado subiu para cinco e são 720 os detidos desde então, segundo uma associação de ajuda aos presos políticos, inclusive um economista australiano, Sean Turnell, assessor de Aung San Suu Kyi.

De acordo com o jornal estatal Mirror Daily, as forças de segurança usaram granadas de dispersão e atiraram munição real para o alto para dispersar os protestos.

- "Reverter essa situação inadmissível" -

Enquanto a tensão permanece nas ruas de Mianmar, a comunidade internacional continua denunciando o uso da força por parte da junta militar.

"Não há justificativa para as ações dos militares e devemos continuar pedindo para reverter essa situação inadmissível, esgotando todos os canais bilaterais e multilaterais para voltar a encaminhar Mianmar no rumo da democracia", disse nesta sexta a enviada da ONU a Mianmar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em videoconferência.

Além disso, o embaixador birmanês na ONU, Kyaw Moe Tun, expressou uma oposição categórica aos militares e exigiu o fim do golpe de Estado.

"Precisamos da ação mais enérgica possível da comunidade internacional para pôr fim imediatamente ao golpe militar", disse, com voz embargada, à Assembleia Geral.

A União Europeia e os Estados Unidos já tinham aumentado a pressão sobre a junta com o anúncio no começo desta semana de novas sanções econômicas contra líderes do governo militar.

O Facebook fechou todas as contas que ainda estavam abertas e eram vinculadas ao exército de Mianmar, ao citar o uso por parte da junta militar de "violência letal" contra os manifestantes pró-democracia, anunciou a plataforma em um comunicado.

A decisão, com efeito imediato, é aplicada aos militares e às entidades controladas pelas Forças Armadas no Facebook e Instagram. Também proíbe qualquer publicidade.

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"Os eventos desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, incluindo a violência letal, precipitaram a necessidade desta proibição", afirma o Facebook em um comunicado.

"Pensamos que os riscos de autoriza o Tatmadaw (nome do exército birmanês) no Facebook e Instagram são muito grandes", completa a nota.

Nas últimas três semanas, os militares intensificaram o uso da força para tentar enfraquecer a mobilização a favor da democracia em Mianmar, onde milhares de pessoas desafiam o golpe de Estado com protestos diários nas ruas.

O número de mortes desde o golpe de Estado subiu para cinco na quarta-feira, após o falecimento de um homem de 20 anos que não resistiu aos ferimentos sofridos em Mandalay (centro).

O exército utilizou o Facebook para divulgar suas acusações de fraude nas eleições de novembro, que foram vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi.

A repressão dos militares birmaneses aos manifestantes que protestavam contra o golpe fez sua primeira vítima fatal nesta sexta-feira (19), com a morte de uma mulher por um disparo.

Mya Thwate Thwate Khaing foi baleada na cabeça em 9 de fevereiro, em uma manifestação contra o golpe de Estado, em NaiPyidó, capital administrativa de Mianmar. Os confrontos explodiram nessa data, quando as forças de segurança começaram a atirar balas de borracha contra os manifestantes.

Os médicos do hospital da cidade disseram à AFP que pelo menos duas pessoas foram gravemente feridas por balas reais: uma delas, a jovem que faleceu nesta sexta.

Boa parte do país se rebelou quando a junta militar derrubou a então chefe do governo civil, Aung San Suu Kyi, em 1º de fevereiro. Desde então, ela é mantida em prisão domiciliar.

A organização dAmnistia Internacional concluiu, após análise das imagens à sua disposição, que “a polícia alvejou de forma imprudente os manifestantes”.

A irmã da menina, Poh Poh, lançou um apelo emocionado aos jornalistas: "Por favor, juntem-se ao movimento de protesto para que triunfe."

“Eles podem derrubar uma jovem, mas não podem roubar a esperança e a determinação de um povo determinado”, escreveu no Twitter o enviado especial da ONU para os direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews.

As cerimônias fúnebres da jovem serão no domingo.

- Sanções internacionais -

As pressões se multiplicaram sobre os militares, que até agora ignoraram as inúmeras condenações e sanções internacionais.

O Reino Unido, uma ex-potência colonial, anunciou na quinta-feira (18) que aplicará sanções a três generais birmaneses por "graves violações dos direitos humanos".

O Canadá, por sua vez, punirá nove oficiais militares birmaneses e acusou a junta de ter realizado "uma ação sistemática de repressão por meio de medidas legislativas coercitivas e do uso da força".

O chefe da junta, general Min Aung Hlaing, tornou-se um pária internacional, após a ofensiva contra os muçulmanos rohingya em 2017.

Na semana passada, o presidente americano, Joe Biden, anunciou que Washington bloqueará o acesso dos generais a um fundo de US$ 1 bilhão nos Estados Unidos.

- Cortes de Internet -

Apesar da dura repressão, continuam as convocações de desobediência civil com inúmeras manifestações e greves no país.

Mianmar sofreu cortes de Internet pela quinta noite consecutiva, informa uma entidade especializada instalada no Reino Unido, acrescentando que houve uma retomada do serviço nesta sexta, às 9h locais.

Nesse horário, centenas de pessoas já estavam reunidas nas grandes avenidas de Yangon, a maior cidade do país, com retratos de Aung San Suu Kyi nas mãos, e clamando por "liberdade para nossa líder".

Na remota região de Sagaing, os manifestantes marcharam pela cidade de Monywa, com três dedos das mãos levantados, símbolo de rebelião.

A junta continua prendendo aliados da ex-chefe de governo, assim como funcionários que participam do movimento de protesto.

A Associação de Ajuda a Presos Políticos (AAPP), com sede em Yangon, relatou mais de 520 detenções desde o golpe militar de 1º de fevereiro.

Os militares justificam seu golpe, alegando que houve fraude nas eleições legislativas de novembro vencidas, em massa, pela Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi.

A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, de 75 anos, que não é vista desde sua prisão domiciliar, está sendo acusada por motivos não políticos, como a importação ilegal de walkie-talkies e de ter violado "a lei sobre a gestão de catástrofes naturais". Deve comparecer à Justiça em 1º de março.

A manifestante de 20 anos ferida por um tiro na semana passada nos protestos em Mianmar faleceu nesta sexta-feira (19) e se tornou a primeira vítima fatal da repressão dos generais, anunciou o hospital em que estava internada.

Mya Thwate Thwate Khaing foi atingida por um tiro na cabeça em 9 de fevereiro, durante uma manifestação contra o golpe de Estado em Naypyidaw, a capital administrativa de Mianmar.

Os confrontos explodiram quando as forças de segurança começaram a atirar balas de borracha contra os manifestantes. Os médicos do hospital afirmaram na ocasião à AFP que pelo menos duas pessoas ficaram gravemente feridas depois que foram atingidas por munição letal, uma delas a jovem falecida nesta sexta-feira.

"Confirmamos a morte às 11 horas desta manhã", declarou uma fonte médica à AFP. O corpo foi levado ao Instituto Médico Legal de Naypyidaw para ser examinado, pois "é um caso de injustiça".

"Vamos manter (a causa da morte) registrada e mandar uma cópia para as autoridades. Vamos buscar justiça e seguir adiante", acrescentou o médico, que pediu anonimato.

A fonte disse ainda que os funcionários do hospital enfrentaram uma grande pressão desde que Mya Thwate Thwate foi internada na Unidade de Terapita Intensiva. "Alguns já deixaram o hospital por culpa da pressão", completou.

O porta-voz militar, agora vice-ministro da Informação, Zaw Min Tun, confirmou esta semana que Mya foi vítima de tiros e anunciou que as autoridades continuariam investigando o caso.

Mya se tornou um símbolo de resistência para os manifestantes, que pedem a libertação da ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi, o fim da ditadura e a reforma da Constituição de 2008, muito favorável ao exército.

Hackers atacaram nesta quinta-feira (18) sites governamentais administrados pela junta militar em Mianmar, em resposta ao bloqueio noturno da Internet estabelecido pelas autoridades militares e ao aumento das detenções.

Um grupo que se apresenta como "Hackers de Mianmar" atacou várias páginas do governo, incluindo a do Banco Central, o site de propaganda do Exército birmanês, o endereço do canal público MRTV, da autoridade portuária e o site da agência de segurança alimentar e de saúde.

A ação virtual aconteceu um dia depois das manifestações que reuniram dezenas de milhares de pessoas no país para protestar contra o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi em 1o de fevereiro.

"Lutamos por justiça em Mianmar", afirmou o grupo de hackers em sua página do Facebook. "É como uma grande manifestação diante dos sites do governo", completaram.

Em Yangon, os motoristas bloquearam os tráfego nesta quinta-feira, pelo segundo dia consecutivo, em uma tentativa de impedir o avanço das forças de segurança.

Carros e ônibus ficaram parados ao redor de uma ponte do distrito de Dagon Norte, enquanto os manifestantes pediam para que as pessoas não seguissem até o trabalho e se unissem ao movimento de desobediência civil.

- Centenas de detenções -

Na segunda maior cidade do país, Mandalay (centro), a polícia e o Exército dispersaram os manifestantes que bloqueavam o tráfego ferroviário, de acordo com testemunhas. Uma fonte dos serviços de emergência afirmou que as forças de segurança abriram fogo, mas não tinha condições de saber se eram balas de borracha, ou munição letal.

Quatro condutores de trem foram detidos na cidade, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP), que tem sede em Yangon. O grupo denunciou mais de 500 detenções desde o golpe militar no primeiro dia do mês.

Onze funcionários do Ministério das Relações Exteriores foram detidos nesta quinta-feira por participação no movimento de protesto, informou uma fonte da pasta à AFP.

Um policial, que pediu anonimato, afirmou que pelo menos 50 funcionários do governo foram detidos nos últimos quatro dias.

O canal de televisão estatal MRTV também anunciou ordens de detenção contra vários atores, cineastas e um cantor, acusados de utilizar sua popularidade a serviço do movimento de protesto.

Os militares intensificaram as ameaças desde o golpe de 1o de fevereiro, quando acabaram com 10 anos de frágil transição democrática.

- Tráfego de internet reduzido -

Na quarta-feira à noite, a junta militar impôs uma espécie de toque de recolher na Internet que reduziu o tráfego a 21% do nível habitual, segundo o observatório NetBlocks, grupo que registra as restrições na rede e tem sede no Reino Unido.

O medo de represálias está presente entre os habitantes do país, que viveu quase 50 anos sob ditadura militar desde sua independência em 1948.

As forças de segurança já usaram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os manifestantes em várias ocasiões.

Uma mulher de 20 anos, atingida na cabeça na semana passada - provavelmente com munição letal - teve a morte cerebral anunciada. Um policial faleceu na terça-feira, devido aos ferimentos que sofreu durante um protesto em Mandalay.

Apesar do medo, os apelos por desobediência civil prosseguem: médicos, professores, controladores aéreos e trabalhadores do sistema ferroviário estão em greve contra o golpe.

Em Naypyidaw, a capital administrativa, a ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi, de 75 anos, está em prisão domiciliar.

Suu Kyi, já processada por infringir uma obscura norma comercial ao importar "ilegalmente" walkie-talkies, enfrenta uma nova acusação por violar "a lei sobre a gestão de desastres naturais", segundo seu advogado, que ainda não conseguiu falar com a cliente. A audiência está prevista para 1o de março.

Os generais ignoram as críticas internacionais e as sanções anunciadas por Washington. Eles contam com dois apoios importantes na ONU: China e Rússia, países que consideram a crise atual "um assunto interno" birmanês.

A junta militar governante em Mianmar continuou a intensificar sua repressão aos protestos em massa contra o golpe neste domingo (14), com prisões noturnas e ameaças contra quem abriga os ativistas.

O período democrático de 10 anos do país terminou abruptamente há quase duas semanas com a tomada do poder pelos militares, que derrubaram e prenderam a chefe de governo Aung San Suu Kyi.

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No domingo, pelo nono dia consecutivo, milhares de birmaneses foram às ruas.

Em Yangon, principal cidade do país, eles se reuniram em vários locais, inclusive perto do famoso templo Shwedagon, para exigir o retorno da democracia e a libertação de sua líder.

O conselho liderado pelo general Min Aung Hlaing publicou uma lista de sete dos ativistas que buscam ativamente promover os protestos.

"Se você encontrar algum dos fugitivos mencionados ou se tiver alguma informação sobre eles, dirija-se à delegacia de polícia mais próxima", disse um comunicado à mídia estatal no domingo.

Desde o início do movimento, os militares já prenderam cerca de 400 políticos, ativistas e civis, entre jornalistas, médicos e estudantes.

- Poderes de emergência para as forças de segurança -

Presa novamente em 1º de fevereiro, a chefe de governo não foi vista desde então, embora seu partido diga que ela estava "bem de saúde", mantida incomunicável em uma residência em Naipyidó, capital administrativa de Mianmar.

No sábado, Min Aung Hlaing concedeu poderes de emergência às forças de segurança, que podem conduzir buscas domiciliares sem mandado ou deter pessoas por curtos períodos sem permissão de um juiz.

A situação em Mianmar foi alvo de inúmeras condenações internacionais nas últimas duas semanas, mas elas não tiveram efeito sobre os militares.

A Junta afirma ter assumido o poder de acordo com a Constituição e ordenou aos jornalistas do país que parassem de falar sobre isso como um "governo golpista".

"Alertamos (...) jornalistas e meios de comunicação para não escreverem com o objetivo de causar desordem pública", disse o Ministério da Informação em nota enviada ao clube de correspondentes estrangeiros no sábado.

Também pediu aos jornalistas que sigam a "ética da mídia" ao noticiar os eventos no país.

Houve manifestações de solidariedade aos birmaneses na vizinha Tailândia, que abriga uma grande comunidade de trabalhadores imigrantes do país, assim como nos Estados Unidos, Japão e Austrália.

Mas os aliados tradicionais do exército birmanês, incluindo a Rússia e a China, pedem que não se interfira nos "assuntos internos" de Mianmar.

Os militares no poder em Mianmar desde o golpe de Estado ordenaram a libertação de mais de 23.000 prisioneiros nesta sexta-feira (12), após a detenção nos últimos dias de pessoas próximas à chefe de Governo deposta Aung San Suu Kyi e de altos funcionários eleitorais.

As grandes anistias de prisioneiros para liberar espaço em estabelecimentos superlotados são frequentes e anunciados em datas importantes do calendário birmanês. Esta sexta-feira é feriado no país.

"O conselho de administração do Estado (...) suspendeu a pena de 23.314 pessoas detidas em prisões, centros de detenção e campos", anuncia o jornal estatal Global New Light of Myanmar, usando o termo oficial para designar o governo militar birmanês.

O jornal também afirma que 55 presos estrangeiros serão libertados.

As duas ordens têm a assinatura do chefe da junta, o general Min Aung Hlaing.

Não foram divulgados detalhes sobre os prisioneiros liberados.

Aung San Suu Kyi e outras figuras políticas foram detidas durante operações realizadas no dia 1 de fevereiro, quando o exército deu golpe de Estado.

As Forças Armadas denunciam fraude nas eleições de novembro, que o partido de Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND), venceu por ampla maioria.

Desde então, a vencedora do Nobel da Paz de 1991 não foi vista em público. De acordo com membros da LND, ela está em prisão domiciliar, mas se encontra "bem de saúde".

Desde o golpe de Estado, o novo regime prendeu mais de 200 pessoas, segundo uma ONG de defesa dos presos políticos.

Entre estas pessoas está o australiano Sean Turnell, assessor econômico do governo derrubado de Aung San Suu Kyi.

A LND confirmou na quinta-feira a detenção de diretores da Comissão Eleitoral,

Além disso, policiais realizaram uma operação esta semana na sede do partido em Yangon.

burs-gle/del/ybl/erl/GM/fp

Os birmaneses protestavam nesta quinta-feira (11) pelo sexto dia consecutivo contra o golpe militar que derrubou Aung San Suu Kyi, apesar da proibição de reuniões e de uma nova onda de prisões.

O medo de represálias é palpável, dois dias após o uso da força pela Polícia que deixou vários feridos, dois deles em estado grave. Uma jovem levou um tiro na cabeça e sua situação é crítica.

As prisões continuam. Mais de 200 pessoas - membros da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi, e ativistas - foram presos desde o golpe de 1º de fevereiro, segundo uma ONG humanitária.

Novas prisões ocorreram esta madrugada, incluindo a do vice-presidente da câmara baixa do Parlamento, e de várias autoridades locais.

Apesar disso, os manifestantes continuam a tomar as ruas para exigir a libertação dos detidos, o fim da ditadura e a abolição da Constituição de 2008, que é muito favorável ao Exército.

"Não vá para o escritório!", gritava um grupo de manifestantes em frente ao Banco Central de Mianmar em Yangon, a capital econômica, respondendo aos apelos por "desobediência civil".

"Protestaremos até que Aung San Suu Kyi (ex-chefe de fato do governo civil) e Win Myint (ex-presidente da República) sejam libertados", declarou à AFP um funcionário do banco.

No início da tarde, dezenas de milhares de manifestantes marcharam pela cidade, incluindo homens de saias. "Não nos retiraremos até que a democracia esteja de volta", dizia um cartaz.

Membros das etnias karen, rakhine ou kachin, em roupas tradicionais, aderiram aos protestos. "Nossos grupos étnicos devem se unir para lutar contra a ditadura militar", observou Saw Z Net, um karen, enquanto algumas minorias estão há décadas em conflito com os militares.

- "Libertação imediata" -

A escalada de violência contra os manifestantes foi condenada internacionalmente.

O presidente americano, Joe Biden, anunciou na quarta que seu governo reduziria o acesso dos generais birmaneses a US$ 1 bilhão em fundos nos Estados Unidos e que revelaria novas sanções ainda esta semana.

"Mais uma vez, peço aos militares que libertem imediatamente todos os líderes políticos eleitos democraticamente e ativistas", acrescentou Biden. Mianmar é seu primeiro dossiê diplomático importante desde sua eleição.

A União Europeia também poderia adotar novas sanções, advertiu Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia.

Elas poderiam ter como alvo o chefe do Exército, Min Aung Hlaing - autor do golpe -, e outros generais, já sancionados pelos abusos contra a minoria muçulmana rohingya em 2017.

Poderosos conglomerados controlados pelo Exército também poderiam ser visados, depois que as sanções contra eles foram levantadas durante o frágil parêntese democrático de 10 anos, encerrado abruptamente pelo golpe.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU se reúne na sexta-feira para discutir a crise. A posição de Pequim e Moscou, tradicionais aliados do Exército birmanês nas Nações Unidas, será examinada de perto.

Desde 6 de fevereiro, os birmaneses vão às ruas para protestar. Este movimento não tem precedentes desde o levante popular de 2007, a "Revolução Açafrão" liderada pelos monges e violentamente reprimida pelos militares.

Mas as multidões têm diminuído nos últimos dias. As autoridades proibiram reuniões de mais de cinco pessoas em Yangon, Napypidaw, a capital administrativa, e outras cidades, e impuseram toque de recolher.

- Novas prisões -

O risco de repressão é real no país, que já viveu quase 50 anos sob o jugo dos militares desde sua independência em 1948.

O relator especial da ONU para Mianmar, Tom Andrews, condenou o uso da força. "Eles não podem roubar a esperança e a determinação de um povo", escreveu.

Um projeto de lei sobre cibersegurança que permite aos militares banir sites e forçar as redes sociais a entregar dados de usuários foi enviado a empresas de telecomunicações que operam no país, de acordo com a ONG MIDO.

A junta contesta a regularidade das eleições legislativas de novembro, vencidas de forma esmagadora pela NLD, embora os observadores internacionais não tenham constatado nenhum problema importante.

Na realidade, os generais temiam que sua influência diminuísse após a vitória de Aung San Suu Kyi, que poderia querer mudar a Constituição.

Muito criticada pela comunidade internacional por sua passividade durante os crimes contra os rohingyas, a Nobel da Paz, em prisão domiciliar há 15 anos por sua oposição à junta, continua adorada em seu país.

Ela estaria "com boa saúde", em prisão domiciliar em Naypyidaw, segundo seu partido.

Em resposta ao golpe militar ocorrido em 1º de fevereiro em Mianmar, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em pronunciamento nesta quarta-feira, 10, que deve bloquear acesso a US$ 1 bilhão em fundos do país asiático mantidos em solo americano, além de controlar exportações e ativos que beneficiem o governo da antiga Birmânia.

O líder da Casa Branca pediu uma resposta internacional coordenada ao episódio e exigiu a libertação imediata de presos políticos, como a líder Aung San Suu, eleita democraticamente em novembro. Biden afirmou, ainda, que vai assinar, junto a outros países, decreto com sanções aos militares envolvidos no golpe, e que pode ainda anunciar medidas adicionais.

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De acordo com o democrata, o "mundo está assistindo" os direitos humanos serem desrespeitados em Mianmar e, por isso, seu governo deve agir junto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo ele, "é inaceitável tirar a democracia de uma nação" e os resultados da última eleição no país asiático devem ser respeitados.

Os birmaneses voltaram às ruas nesta quarta-feira (10), pelo quinto dia consecutivo, apesar da violenta repressão e do ataque noturno do exército contra a sede do partido de Aung San Suu Kyi, o que mostra a determinação dos generais golpistas a ignorar os pedidos de retorno da democracia.

Dezenas de milhares de pessoas, de acordo com várias estimativas, protestaram nesta quarta-feira (10) no centro de Yangon, a capital econômica do país, apesar do aumento da repressão na véspera.

"Faremos qualquer coisa para rejeitar o governo militar", declarou à AFP Kyaw Kyaw, funcionário de um hotel.

"Não queremos a ditadura. Tenho um pouco de medo depois da repressão de ontem", disse o estudante Khin Nyein Wai.

Milhares de pessoas também se reuniram em Naypyidaw, capital administrativa de Mianmar, na região central do país.

No estado de Kayah, leste, alguns policiais se uniram aos manifestantes, segundo a imprensa local.

A ONU condenou na terça-feira o uso "desproporcional" e "inaceitável" da força pelo exército, que no dia 1 de fevereiro executou um golpe de Estado que acabou com 10 anos de experimento democrático.

- Mulher ferida a tiros -

O relator especial das Nações Unidas para Mianmar, Tom Andrews, condenou o uso da força e afirmou que a polícia abriu fogo contra uma mulher em Naypyidaw, que foi ferida por um tiro. Nas redes sociais, muitas pessoas compartilharam as imagens que mostram esta ação policial.

"Podem atirar contra uma mulher, mas não podem roubar a esperança e a determinação de um povo", escreveu nesta quarta-feira Tom Andrews. "O mundo se solidariza com os manifestantes de Mianmar".

Um médico de um hospital de Naypyidaw afirmou que a jovem Mya Thwe Thwe Khin, ferida na cabeça, está no CTI porque "precisa de ajuda para respirar e continua inconsciente".

Na terça-feira, um médico afirmou que as forças de segurança usaram munição letal, a julgar pelos ferimentos sofridos por dois jovens hospitalizados em estado crítico.

Em Mandalay (centro), segunda maior cidade do país, a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes que exibiam bandeiras da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi.

A LND, os militares executaram uma operação na sede do partido em Yangon.

"A ditadura militar entrou e destruiu o quartel general da LND às 21H30", informou o partido em sua página do Facebook, enquanto em várias cidades do país as forças de segurança reprimiam as manifestações com jatos de água e tiros de balas de borracha.

Um membro da LND, Soe Win, declarou nesta quarta-feira à AFP que um segurança viu a operação pelo sistema de vigilância por controle remoto, mas não foi capaz de intervir por causa do toque de recolher.

Durante a manhã, funcionários constataram que as fechaduras foram forçadas. Dentro da sede, cabos da rede de energia elétrica e do servidor foram roubados, equipamentos foram retirados e documentos bancários sumiram do cofre. Soe Win afirmou que o partido pretende denunciar a operação à polícia.

- Condenação internacional -

As autoridades proibiram na segunda-feira todas as reuniões com mais de cinco pessoas em Yangon, Napypydaw e outras cidades e decretaram um toque de recolher.

Nos últimos dias, centenas de milhares de manifestantes saíram às ruas do país para pedir a libertação dos detidos, o fim da ditadura e a abolição da Constituição de 2008, muito favorável ao exército.

Desde o golpe de Estado, o número de pessoas detidas alcança 190, de acordo com uma ONG que ajuda presos políticos.

Os ventos de protesto não eram observados no país desde 2007, quando a "revolução do açafrão", liderada por monges, foi violentamente reprimida pelos militares.

O risco de repressão é real em um país que viveu quase 50 anos sob a ditadura militar desde sua independência em 1948.

O golpe de Estado foi condenado pelos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e outros países.

A Nova Zelândia suspendeu as relações militares e políticas de alto nível com Mianmar, o primeiro país a adotar medidas para isolar a junta birmanesa.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU celebrará na sexta-feira uma sessão especial para examinar os acontecimentos. O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu a libertação dos detidos.

A polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo nesta terça-feira (9) contra os manifestantes que protestavam contra o golpe de Estado militar em várias cidades de Mianmar.

Em Naypyidaw, a capital, as forças de segurança atiraram para o alto como advertência e depois usaram balas de borracha contra os manifestantes, afirmou à AFP um morador da cidade, que mencionou feridos.

Em Mandalay, segunda maior cidade do país, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que protestava contra o golpe executado no dia 1 de fevereiro.

As forças de segurança "usaram gás contra os manifestantes que exibiam bandeiras da Liga Nacional pela Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, deposta após o golpe, informou um morador da cidade. A fonte disse ainda que habitantes das proximidades ajudaram os manifestantes com água.

Milhares de manifestantes saíram novamente às ruas de Mianmar nesta terça-feira, desafiando os militares, que na segunda-feira proibiram as reuniões com mais de cinco pessoas.

As principais empresas de telecomunicações de Mianmar começaram a bloquear o acesso ao Facebook no país, nesta quinta-feira (4), obedecendo ordens dos militares que tomaram o poder após um golpe de Estado contra o governo civil. De acordo com uma carta do Ministério das Comunicações e Informação tornada pública, a plataforma, assim como Messenger, Instagram e WhatsApp, devem permanecer bloqueados até pelo menos o próximo domingo, dia 7, por uma questão de "estabilidade".

"Atualmente, as pessoas que estão perturbando a estabilidade do país estão espalhando notícias falsas e desinformação e causando mal-entendidos entre as pessoas usando o Facebook", argumentou a pasta, uma das 24 cujos ministros foram exonerados e substituídos por militares.

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Ao menos duas empresas, a estatal MPT e a norueguesa Telenor Asa, confirmaram a interrupção do acesso às redes sociais determinado pelo regime. Os militares também anunciaram que vão bloquear serviços de VPN, provedores de internet privados que podem ajudar a driblar as proibições.

A Telenor expressou "grande preocupação" com a ordem dos militares que, segundo a empresa, foi enviada a todas as operadoras de telefonia móvel e provedores de serviços de internet na última quarta-feira (3). Clientes da Telenor que tentarem acessar os sites e aplicativos bloqueados serão direcionados a uma página que afirma que a proibição é decorrente de uma determinação das autoridades.

"Embora a diretiva tenha base legal na lei de Mianmar, a Telenor não acredita que o pedido seja baseado na necessidade e na proporcionalidade, de acordo com a lei internacional de direitos humanos", informou a empresa.

Andy Stone, porta-voz do Facebook, pediu que as autoridades do país "restaurem a conectividade para que as pessoas em Mianmar possam se comunicar com suas famílias e amigos e acessar informações importantes". A empresa de Mark Zuckerberg disse que está tratando a situação em Mianmar como uma emergência e adotando medidas temporárias para se proteger contra danos, como a remoção de conteúdo que elogia ou apoia o golpe militar.

As redes sociais, nas quais vêm crescendo o engajamento nas campanhas de desobediência civil, têm sido o principal canal de oposição ao golpe no país que possui um histórico de reações violentas a protestos de rua. Em 1988, milhares de manifestantes desarmados foram mortos pelas Forças Armadas durante a repressão a grupos que pediam o fim do regime militar.

Nesta quinta, contudo, as duas maiores cidades do país foram palcos de pequenas manifestações contra os militares. Em Rangoon, um grupo com pouco mais de dez pessoas protestou e se dispersou rapidamente. Em Mandalay, cerca de 20 pessoas utilizaram cartazes para pedir a libertação dos líderes civis do país. O ato foi transmitido pelo Facebook que, em algumas regiões, ainda pode ser acessado. De acordo com grupos de ativistas, três pessoas foram presas durante os protestos, e o número total de detidos desde a tomada de poder é de ao menos 147.

Antes desta quinta, os protestos haviam se limitado a panelaços e buzinaços. "Estamos acostumados a fazer o máximo de barulho possível para expulsar os espíritos malignos de casas e vilas. Aqui os demônios são os militares", disse à agência de notícias AFP Thinzar Shunlei Yi, que criou um grupo de desobediência civil após o golpe.

A participação mais significativa do movimento de resistência está concentrada na classe de profissionais da saúde. Médicos, enfermeiros e outros funcionários de mais de 70 hospitais públicos e departamentos médicos de 30 cidades pararam de trabalhar. Em resposta, o Exército anunciou nesta quinta-feira que as pessoas poderiam receber tratamento em hospitais militares, embora os grevistas não tenham se recusado a atender casos de emergência.

Muitos dos que continuam em atividade têm usado fitas vermelhas nos uniformes para marcar a oposição ao regime militar usando a cor da Liga Nacional pela Democracia (LND), partido que obteve vitória esmagadora contra a legenda apoiada pelos militares na eleição de novembro.

Entre as lideranças civis detidas pelos militares estão a conselheira de Estado e ganhadora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, e o presidente Win Myint. As acusações contra ambos foram formalizadas nesta quarta-feira, 3.

Suu Kyi, que já passou 15 anos em prisão domiciliar entre 1989 e 2010, pode ser condenada a mais três anos de pena por suposta importação ilegal e uso sem autorização de seis walkie-talkies - uma acusação considerada obscura pela comunidade internacional.

Myint, por sua vez, foi indiciado por crimes contra a lei de gestão de desastres devido a uma suposta violação dos protocolos de combate à propagação do coronavírus. Com 53 milhões de habitantes, Mianmar registrou pouco mais de 140 mil casos e 3.160 mortes por covid-19, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

A LND, partido da conselheira e do presidente, obteve 83% dos votos e conquistou 396 dos 476 assentos no Parlamento de Mianmar. Os militares, entretanto, alegam que houve fraudes no pleito e que, por isso, assumiram o controle do país. O regime diz que o poder será transferido após a "realização de eleições livres e justas". (Com agências internacionais).

O influente exército de Mianmar deu um golpe de Estado nesta segunda-feira (1°) - anunciou a detenção da líder de fato do governo civil, Aung San Suu Kyi, que pediu à população que não aceite" a situação, e proclamou estado de emergência por um ano.

O golpe, sem atos de violência, é "necessário para preservar a estabilidade", afirmaram os militares, que prometeram em um comunicado organizar eleições "livres e justas" ao final do estado de emergência.

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Os militares acusam a Comissão Eleitoral de não ter corrigido as "enormes irregularidades" registradas, segundo o Exército, nas legislativas de novembro, vencidas por ampla maioria pelo partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND), que estava no poder desde as eleições de 2015.

Aung San Suu Kyim o presidente da República, Win Myint, e outros líderes do partido foram detidos em Naypyidaw, a capital do país, informou à AFP Myo Nyunt, porta-voz da LND, poucas horas antes da primeira sessão do Parlamento formado nas eleições de novembro.

Os militares bloquearam as estradas ao redor da capital com tropas armadas, caminhões e veículos blindados de transporte, enquanto os helicópteros militares sobrevoavam a cidade.

Em seu canal de televisão, o Exército anunciou o estado de emergência com duração de um ano e que o ex-general Myint Swe será o presidente em exercício nos próximos 12 meses.

Os militares justificaram o golpe, alegando "enormes irregularidades" nas eleições de novembro que não foram solucionadas pela Comissão Eleitoral.

"Como a situação deve ser resolvida de acordo com a lei, declara-se o estado de emergência", afirma um comunicado.

Algumas horas mais tarde, o Exército se comprometeu a celebrar novas eleições após o estado de exceção.

"Colocaremos em funcionamento uma autêntica democracia pluripartidária", afirmaram os militares em um comunicado no Facebook.

Após sua detenção, Aung San Suu Kyi pediu em uma mensagem à população que "não aceite o golpe de Estado", em uma carta publicada por seu partido.

Os militares atuaram rapidamente para reprimir a dissidência, com restrições às comunicações por Internet e por telefones celulares em todo país.

Em Yangun, a antiga capital do país que continua sendo o centro econômico do país, as tropas assumiram o controle da prefeitura pouco antes do anúncio.

Os bancos fecharam as portas temporariamente, devido à conexão ruim da Internet, informou a Associação de Bancos.

Vários caminhões com simpatizantes do Exército exibindo bandeiras de Mianmar e cantando hinos nacionalistas foram observados em Yangun. Alguns membros da LND afirmaram que as forças de segurança ordenaram que permanecessem em casa.

O ministro-chefe do estado de Karen e outros ministros regionais também foram detidos, segundo fontes do partido.

- "Milhões" de fraudes -

O golpe de Estado provocou uma avalanche de condenações internacionais. Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia criticaram de maneira imediata o golpe, enquanto a China se limitou a pedir às partes envolvidas que "solucionem suas diferenças".

"O governo dos Estados Unidos se opõe a qualquer tentativa de alterar o resultado das recentes eleições (...) vamos adotar ações contra os responsáveis", advertiu a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em um comunicado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, "condenou firmemente" a detenção de Aung San Suu Kyi. "Estes atos representam um duro golpe para as reformas democráticas em Mianmar", completou.

O golpe de Estado aconteceu pouco antes da primeira sessão, programada para esta segunda-feira, do Parlamento formado nas legislativas.

Mianmar saiu há apenas dez anos de um regime militar que governou o país durante quase meio século. Os dois últimos golpes de Estado desde a independência do país em 1948 aconteceram em 1962 e 1988.

Os militares denunciavam há várias semanas mais de 10 milhões de casos de fraudes nas eleições legislativas de novembro.

Eles exigiam que a Comissão Eleitoral comandada pelo governo publicasse a lista dos eleitores para uma verificação, o que não aconteceu.

Os temores aumentaram quando o comandante do Exército, o general Min Aung Hlaing, o homem mais poderoso de Mianmar, declarou que a Constituição poderia ser "revogada" sob certas circunstâncias.

- "Relação complicada"-

O partido de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz de 1991, muito criticada por sua gestão da crise dos muçulmanos rohingyas, mas ainda muito venerada por boa parte da população, obteve uma grande vitória em novembro.

Quase 750.000 membros desta minoria fugiram dos abusos do Exército e das milícias budistas em 2017 e se refugiaram em acampamentos em Bangladesh, uma tragédia que levou Mianmar a ser acusada de "genocídio" na Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal órgão judicial da ONU.

A votação de novembro foi a segunda eleição geral desde 2011, quando a junta militar foi dissolvida.

Em 2015, a LND venceu por ampla maioria, mas se viu obrigada a compartilhar o poder com o Exército, que controla três ministérios cruciais (Interior, Defesa e Fronteiras).

Exilada durante muito tempo no Reino Unido, Aung San Suu Kyi, de 75 anos, retornou a Mianmar em 1988 e se tornou a principal figura da oposição ante a ditadura militar.

Ela passou 15 anos em prisão domiciliar antes de ser libertada pelo Exército em 2010.

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