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Ao menos 12 pessoas morreram e aproximadamente 148 mil ficaram desabrigadas em decorrência das inundações no Mianmar, de acordo com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).

A área mais atingida é Pegu (centro), em que 94 mil pessoas estão abrigadas em 157 centros. No fim de semana passado, o coordenador humanitário da ONU em Mianmar, Kunt Ostby, advertiu sobre a "destruição de propriedades, infraestrutura e colheitas" ocasionadas pelas enchentes e disponibilizou ao Governo auxílio para ajudar as vítimas.

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Apesar das pressões internacionais, a justiça de Mianmar manteve as acusações contra dois jornalistas da agência de notícias Reuters detidos há quatro meses por "violação de segredos de Estado" quando investigavam um massacre de muçulmanos rohingyas.

"O tribunal decidiu rejeitar o recurso da defesa para libertar os acusados", anunciou o juiz Ye Lwin durante a audiência celebrada em Yangum assistida por centenas de jornalistas e diplomatas.

"Após ter escutado as testemunhas, o tribunal avaliou que os relatos têm fundamento", destacou o juiz, rebatendo os argumentos da defesa.

Wa Lone, que completou 32 anos nesta quarta-feira (11), e Kyaw Soe Oo, 27, são acusados pela polícia de possuir documentos relacionados às operações das forças de segurança no estado de Rakhine (oeste), onde o exército organizou uma campanha de repressão contra a minoria rohingya.

Os dois jornalistas foram denunciados por atentar contra os "segredos de Estado" durante suas investigações e correm o risco de ser condenados a até 14 anos de prisão. "Pergunto ao governo: Onde está a verdade? Onde está a justiça? Onde estão a democracia e a liberdade?", questionou Wa Lone antes de ser levado de volta à prisão.

"Os que cometeram o massacre de Inn Din foram condenados a 10 anos de prisão. Por querer verificar a informação podemos ser condenados a 14 anos de prisão", completou.

Fora do tribunal, parentes dos jornalistas não conseguiram conter as lágrimas. A esposa de Kyaw Soe Oo compareceu com a filha do casal.

Na terça-feira, o exército birmanês anunciou que sete militares foram condenados a 10 anos de prisão pelo massacre de rohingyas na localidade de Inn Dinn, objeto da investigação dos jornalistas.

O julgamento secreto dos militares não tem precedentes desde o início da crise que provocou a fuga de 700.000 muçulmanos rohingyas do oeste de Mianmar para Bangladesh. Os rohingyas tentavam escapar de uma operação do exército birmanês qualificada de "limpeza étnica" pela ONU. O exército admitiu que os militares cometeram execuções "extrajudiciais".

Pouco depois da detenção dos jornalistas em dezembro de 2017, o exército reconheceu que soldados e civis budistas mataram prisioneiros no dia 2 de setembro. "Por quê os dois jornalistas continuam na prisão se sua investigação estava correta?", questionou o advogado Than Zaw Aung.

Os repórteres conseguiram fotos das mortes de 10 moradores de Inn Dinn. Os rohingyas, muçulmanos, são alvos de um forte movimento budista em Mianmar que os considera uma ameaça para o predomínio de sua religião no país.

O governo civil da vencedora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi parece ser refém do ódio anti-rohingya estimulado durante décadas pela junta militar birmanesa. Sob pressão internacional desde agosto de 2017, quando começou a crise dos rohingyas, o governo civil birmanês é acusado de atentar contra a liberdade de imprensa.

A ONU e vários governos pediram a libertação dos jornalistas. A advogada Amal Clooney, casada com o ator americano George Clooney, integra a equipe de defesa dos jornalistas, mas não estava presente na audiência desta quarta-feira. A próxima audiência acontecerá no dia 20 de abril.

O presidente de Mianmar, Htin Kyaw, anunciou sua aposentadoria nesta quarta-feira (21), uma medida que coloca um representante militar do país, ao menos temporariamente, em uma posição de Poder Executivo. O anúncio foi feito na página do Escritório da Presidência de Mianmar no Facebook. Ele disse que deixará o cargo porque, aos 71 anos, gostaria de descansar.

A declaração afirma que o governo de Kyaw será preenchido dentro de sete dias úteis, de acordo com a Constituição. O presidente, que assumiu o cargo em 2016, foi o primeiro civil a assumir o posto em Mianmar nas primeiras eleições livres desde o golpe militar de 1962. Fonte: Associated Press.

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Três bombas explodiram neste sábado em Sittwe, capital do Estado de Rakhine, em Mianmar. Os explosivos tinham como alvo edifícios usados por órgãos e autoridades do país - um deles foi colocado em frente à residência de um integrante do alto escalão do governo, segundo fontes locais. Um dos dispositivos deixou um policial ferido. Outros três acabaram não explodindo.

A população de Mianmar é majoritariamente budista e as ações militares contra a minoria muçulmana Rohingya contam com respaldo popular. Os Rohingya vivem em campos de refugiados fora da Sittwe, onde parte dos budistas também reside. Desde agosto, cerca de 700 mil Rohingya tiveram de abandonar cidades de Rakhine e vilas para escapar da violência militar na região. Fonte: Associated Press.

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O processo de repatriação dos refugiados rohingyas para Mianmar não começará nesta terça-feira (23), como haviam estabelecido as autoridades bengalis e birmanesas no fim do ano passado - afirmou uma fonte do governo de Bangladesh nesta segunda (22).

"Não fizemos os preparativos necessários para repatriar essas pessoas a partir de amanhã. Ainda é necessário muita preparação", declarou à AFP Kalam Azad, do Departamento de Ajuda aos Refugiados e de Repatriação de Bangladesh.

Em 23 de novembro, os dois países assinaram um acordo, estabelecendo o regresso dos refugiados rohingyas. Desde outubro de 2016, mais de 750 mil deles chegaram a Bangladesh.

Essas repatriações tinham de começar "em dois meses", ou seja, no máximo até 23 de janeiro.

Cerca de um milhão de muçulmanos vivem hoje em gigantescos acampamentos de refugiados no sul de Bangladesh. Pelo menos 655.000 deixaram Mianmar no final de agosto para fugir da campanha de repressão do Exército.

O governo de Mianmar recusou a entrada da relatora recomendada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, segundo informou a organização nesta quarta-feira (20). O motivo da ida da relatora seria para fazer um acompanhamento sobre a condição em que vive o país, já que a região está em crise humanitária por causa repressão contra a minoria muçulmana rohingya.

"O Governo de Mianmar informou à relatora especial Yanghee Lee que nega qualquer acesso ao país e cooperação enquanto durar seu mandato", disse o Escritório de Direitos Humanos da ONU em anúncio.

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Era esperado que Lee fosse para Mianmar em janeiro para analisar questões relacionadas aos direitos humanos no país, inclusive os abusos praticados contra os rohingyas, no estado de Rakain.

Mais de 620 mil integrantes de minoria mulçumana escaparam para Bangladesh, onde se encontram como refugiados, em razão de uma onda de violência em que, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, ao menos 6,7 mil rohingyas foram assassinados nos primeiros 30 dias de conflito, que teve início em agosto.

 

Por Beatriz Gouvêa

Um porta-voz da presidência de Mianmar afirmou nesta segunda-feira (18) que o presidente Htin Kyaw autorizou a prisão na semana passada de dois repórteres da agência de notícias Reuters por suposta violação de segredos de Estado. Os jornalistas, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, foram detidos no dia 12, acusados de violar a legislação que prevê pena de até 14 anos de prisão por obter "documentos secretos importantes" de dois policiais.

Os policiais trabalhavam no Estado de Rakhine, onde abusos atribuídos em grande medida aos militares levaram mais de 630 mil muçulmanos rohingya a fugir para o vizinho Bangladesh. O porta-voz presidencial disse que o caso será conduzido conforme o previsto na lei.

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Htin Kyaw foi escolhido presidente pela líder de facto do país, Aung San Suu Kyi, um aliado próximo dela. Suu Kyi não pode ser eleita presidente, pelas regras da Constituição local.

Grupos de defesa do jornalismo questionam qual é o paradeiro da dupla detida. Os familiares dos jornalistas não tiveram autorização para vê-los, até agora. Fonte: Associated Press.

Dois jornalistas da agência de notícias Reuters foram detidos em Mianmar sob acusação de estarem na posse de "importantes documentos de segurança", informou o governo birmanês nesta quarta-feira.

Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27 anos, estavam desaparecidos desde terça-feira à noite, segundo a agência.

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Ambos foram detidos em virtude de uma lei de segredos de Estado e foram acusados ​​de quererem enviar "documentos de segurança importantes sobre as forças de segurança no estado de Rakine para agências estrangeiras fora do país", de acordo com uma declaração do ministério da Informação.

O estado de Rakine é o epicentro dos confrontos entre as forças de Mianmar e os muçulmanos rohingyas, que fizeram com que mais de 620 mil membros dessa minoria fugissem para Bangladesh desde agosto.

O ministério publicou uma foto na qual os dois jornalistas aparecem algemados junto com uma série de documentos.

"Estamos tentando reunir mais informações sobre as circunstâncias da prisão e sobre sua situação atual", informou a responsável pela comunicação da Reuters, Abbe Serphos.

Apesar da chegada ao poder em 2016 de Aung San Suu Kyi, Prêmio Nobel da Paz, ao governo birmanês, o primeiro civil em décadas, as ONGs afirmam que não houve progressos na liberdade de imprensa. Várias regiões permanecem inacessíveis aos jornalistas, como o estado de Rakine.

Após uma etapa diplomaticamente complicada em Mianmar, o Papa Francisco chegou nesta quinta-feira (30) a Bangladesh, para onde centenas de milhares de rohingyas fugiram para escapar da violência no país vizinho. O avião do pontífice pousou em Dacca às 14H45 locais (6H45 de Brasília), procedente de Yangun.

Francisco permanecerá na capital de Bangladesh até sábado à tarde, quando retornará para Roma. Bangladesh, que tem uma população de 160 milhões de pessoas, é um dos países mais pobres do mundo e um dos mais expostos às mudanças climática.

Há três meses o país também precisa administrar a chegada em massa de rohingyas procedentes de Mianmar.

Mais de 620.000 pessoas desta minoria muçulmana apátrida entraram no país desde o fim de agosto para fugir da violência do exército birmanês, que a ONU chamou de "limpeza étnica".

Os rohingyas vivem na miséria, em acampamentos que chegam ao tamanho de cidades, onde dependem da distribuição de alimentos.

A crise humanitária, uma das mais graves no século XXI, é o pano de fundo da visita do pontífice de 80 anos.

Antes da viagem, o papa celebrou na manhã desta quinta-feira uma última missa que reuniu centenas de fiéis na catedral Santa Maria de Yangun.

Para a minúscula comunidade de 380.000 católicos bengaleses, a visita papal, a primeira desde a realizada por João Paulo II em 1986, é motivo de orgulho.

A mensagem da viagem do papa a Bangladesh, um país onde 90% da população é muçulmana, está destinada a todas as religiões, afirmou no início da semana o arcebispo de Dacca, o cardeal Patrick D'Rozario.

"O papa não vem apenas pelos católicos, e sim para a nação inteira. Para todos neste país, sem importar sua fé, suas crenças e sua cultura", disse o cardeal.

- Delegação rohingya -

As palavras de Francisco sobre a crise humanitária dos rohingyas são muito esperadas em Bangladesh. O papa expressou antes da viagem a preocupação com estas pessoas "torturadas e assassinadas por suas tradições e sua fé".

Mas a diplomacia pesou na visita a Mianmar e o papa não abordou a questão frontalmente.

O clero local o aconselhou a não pronunciar a palavra "rohingya", tabu neste país que considera que as pessoas desta minoria são estrangeiros.

Francisco, preocupado em não atiçar os ânimos de uma pública marcada pelo nacionalismo budista e as críticas da comunidade internacional, fez apenas referências à violência.

Em Mianmar, o papa fez apelos aos birmaneses pelo "respeito a todo grupo étnico" e a "superar todas as formas de incompreensão, de intolerância, de preconceito e de ódio".

Durante a viagem a Bangladesh, Francisco não visitará os gigantescos acampamentos de refugiados do sul, que ficam a uma hora de avião Dacca, mas se reunirá na sexta-feira com uma delegação de refugiados rohingyas, um dos principais momentos da visita de três dias.

"O papa deve ser nossa ponte. Deve pedir nossos direitos, nossa cidadania. Caso contrário, este tipo de visita não serve para nada", disse Azim Ullah, representante rohingya que vive no acampamento de Balukhali.

Em sua maioria pobres e analfabetos, muitos rohingyas não sabem quem é o papa.

Para receber o pontífice, as autoridades reforçaram a segurança em Dacca, onde acontecerá uma missa ao ar livre.

O desaparecimento de um padre católico desde segunda-feira provoca preocupação, mas a polícia afirmou ter quase certeza de que o caso não está vinculado ao extremismo islâmico.

O êxodo desse grupo muçulmano é o motivo maior da delicada visita do papa Francisco a Mianmar e a Bangladesh, mas, nos acampamentos onde os rohingyas se abrigam no sul bengali, os refugiados muçulmanos se perguntam: "mas quem é o Papa?".

Dos quase 900 mil muçulmanos rohingyas de Mianmar que encontraram abrigo no vizinho Bangladesh, apenas um punhado já ouviu falar do chefe da Igreja Católica.

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Quando a AFP mostra uma foto do jesuíta de 80 anos, as hipóteses emergem: um rei rico, um astro americano, um político de Bangladesh, ou um líder muçulmano.

"Acho que já o vi na imprensa, mas o que ele faz? É importante?", pergunta Nurul Qadar, de 42 anos, que faz parte da maré humana de mais de 620 mil pessoas que fugiram desde o final de agosto da violência em Mianmar, qualificada pela ONU de limpeza étnica.

Considerados estrangeiros em um país onde 90% da população é budista, os rohingyas são marginalizados e têm acesso limitado ao sistema escolar.

Vivendo em uma sociedade pobre e rural, onde o universo é muitas vezes limitado à aldeia e a seus arredores, seus meios de abertura para o mundo são reduzidos. Sem educação, muitos deles são analfabetos.

Imã rohingya no grande campo de deslocados de Kutupalong, Hassan Arraf é uma das poucas pessoas entrevistadas pela AFP a conhecer o papa. Referindo-se a sua reputação de homem próximo ao povo, ele espera que a aura do pontífice possa mudar suas vidas.

"O modo como (os birmaneses) nos torturam, nenhuma religião no mundo permite. Ele é um grande líder de outra religião, mas acredito que seja um homem sábio", diz à AFP.

"Acho que ele será capaz de entender o que estamos passando. E poderá pedir ao governo de Mianmar para resolver essa questão e pacificar a região", acrescentou.

- 'Símbolo de reconciliação' -

Nos últimos meses, o papa falou sobre a situação dos rohingyas, "torturados e mortos por causa de suas tradições e fé". Mas em seu primeiro discurso oficial em, Mianmar na terça-feira, o argentino evitou pronunciar a palavra "rohingya", tabu nesse território agitado pelo nacionalismo.

Sua agenda em Bangladesh - de quinta-feira até sábado - não inclui deslocamento para os grandes acampamentos de refugiados no extremo sul do país, perto da fronteira com Mianmar. Uma ausência que muitos refugiados lamentam.

"Se sua visita é sobre nós, ele deveria ter vindo aqui para nos encontrar e conversar. Deveria ver como vivemos, como mal sobrevivemos", disse Hami Tusang, em uma fila à espera da distribuição de alimentos no campo de Balukhali.

O homem logo atrás, Azim Ullah, diz que lamenta que o papa não possa testemunhar o sofrimento dos rohingyas.

"Sendo um líder tão poderoso, ele deveria ver o que passamos. Todas as coisas horríveis que possam vir à sua cabeça, nós já experimentamos", desabafou, imitando um gesto de degola.

"Ele deveria ser nosso porta-voz. Deveria exigir os nossos direitos, a nossa cidadania (em Mianmar). Caso contrário, tais visitas são inúteis", considerou.

Durante sua viagem, primeira visita de um papa a Bangladesh desde 1986, o pontífice se reunirá na sexta-feira em Dhaka com uma pequena delegação de refugiados rohingyas.

"Ele vem como um espírito e um símbolo de reconciliação", disse à AFP James Gomes, diretor regional da Caritas, entidade humanitária da Igreja Católica.

"Esperamos que sua visita tenha um impacto muito positivo e crie uma boa solução entre os dois países", completou.

O papa Francisco celebrou nesta quarta-feira (29) uma missa para mais de 150 mil pessoas em Mianmar, diante de uma multidão de católicos emocionados com a primeira visita de um pontífice ao país, uma viagem marcada pela sombra da fuga dos rohingyas.

"Sou testemunha de que a Igreja aqui está viva", disse o papa à comunidade católica, que tem 700.000 pessoas - pouco mais de 1% da população - em um país de 51 milhões de habitantes, em sua maioria budistas.

Os católicos birmaneses esperavam há meses a chegada de Francisco e peregrinos de todos os pontos de Mianmar viajaram à Rangum, capital econômica do país, para a missa campal. Para assistir à missa, alguns foram obrigados inclusive a dormir nos cemitérios das igrejas.

"Jamais sonhei em poder vê-lo na minha vida", disse Meo, uma mulher de 81 anos da minoria akha, que veio do estado de Shan para a missa. Assim como ela, muitos peregrinos viajaram até a cidade a partir das zonas de conflito em regiões situadas nas fronteiras do país, e inclusive da Tailândia e do Vietnã.

"Nunca vi tantos católicos", contou Gregory Than Zaw, um homem de 40 anos da etnia karen, que viajou cinco horas de ônibus para chegar a Rangum com um grupo de 90 peregrinos de sua aldeia.

O Papa saudou a multidão, em sua maioria sentada tranquilamente no chão, de um "papamóvel" antes de oficiar a missa, que marcou o terceiro dia de visita ao país. A multidão celebrou sua chegada agitando bandeiras de Mianmar.

"Venho como peregrino para escutar e aprender com vocês. E para oferecer algumas palavras de esperança e consolo", disse o pontífice no início da homilia.

Francisco também fez um apelo ao perdão, inclusive no caso de Mianmar, um país que tem vários conflitos internos, onde "muitos têm feridas da violência, feridas visíveis e invisíveis". Durante a quarta-feira, o papa se reunirá com líderes religiosos budistas em um dos templos mais venerados do país. Até o momento, a viagem havia registrado um tom mais político.

Na terça-feira, Francisco pediu "respeito a todos os grupos étnicos", mas evitou pronunciar a palavra "rohingya" e não fez menção direta ao êxodo dessa minoria muçulmana vítima de perseguições para Bangladesh.

Em um discurso pronunciado diante das autoridades civis do país na capital, Naypyidaw, o Papa também defendeu um "compromisso pela justiça e respeito aos direitos humanos".

Francisco também se encontrou com a líder birmanesa e vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, mas não citou diretamente a crise dos rohingyas, que chamou a atenção mundial nos últimos meses.

Desde o final de agosto, mais de 620.000 rohingyas chegaram a Bangladesh, fugindo dos abusos, assassinatos e torturas cometidos pelo Exército birmanês e por milícias budistas.

A ONU considera a situação um caso de tentativa de "limpeza étnica".

Uma jovem turista americana morreu nesta terça-feira ao cair de um pagode (templo) em Mianmar, na cidade de Bagan, onde turistas se amontoam no alto das construções para ver o pôr do sol.

"Ela caiu acidentalmente do pagode de Wuttanathaw quando assistia ao pôr do sol", anunciou nesta quarta-feira o departamento do Interior.

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A jovem de 20 anos morreu quando era transferida para o hospital de Mandalay, grande cidade próxima de Bagan.

No ano passado, Mianmar restringiu o acesso aos principais pagodes de Bagan, para protegê-los dos turistas.

Mas os pagodes menores como o de Wuttanathaw, de onde a jovem americana caiu, são de acesso livre.

Em agosto de 2016, um terremoto de magnitude 6,8 danificou muitos dos mais de 2.000 pagodes e edifícios construídos entre o X e o XIV séculos nesta joia arqueológica de Mianmar, localizado no centro do país.

Em Mianmar, na Ásia, um urso passou por uma cirurgia de remoção de língua, que estava tão grande que se arrastava pelo chão. A doença que atingiu Nyan htoo, como é chamado o animal, ainda é um mistério para os pesquisadores, mas a suspeita é de que o animal sofreu de elefantíase - o que seria o primeiro registro da doença em ursos. 

Nyan htoo foi resgatado ainda filhote com seu irmão por um monastério em Mianmar. Os dois animais seriam vendidos ilegalmente na China. 

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De acordo com a Universidade de Edimburgo, na Escócia, em junho de 2017 foi constatado que o urso sofria de uma doença misteriosa responsável por aumentar sua língua monstruosamente. Ele, agora com um ano e seis meses, estava constantemente sendo ferido por seus dentes e passava boa parte do tempo deitado com a cabeça apoiada nas barras da jaula para suportar o peso adicional.

Uma especialista em bem-estar animal e cirurgiã veterinária da Universidade de Edimburgo, Heather Bacon, trabalhou no caso junto com uma enfermeira veterinária do Centro de Resgate de Ursos no Vietnã e Romain Pizzi, especialista em cirurgia veterinária no Reino Unido. O procedimento contou com apoio das instituições de caridade Fundação Winton pelo Bem-Estar dos Ursos e Liberte os Ursos.

A equipe viajou até Mianmar, onde foi feita a amputação da língua do animal. Ao todo, foram removidos três quilos de tecido em uma cirurgia que durou quatro horas.

"Graças ao entusiasmo e compaixão de todos envolvidos neste projeto colaborativo único, nós conseguimos uma tangível melhora na qualidade de vida de Nyan htoo e esperamos continuar nosso trabalho em Mianmar para promover melhoras no bem-estar animal e treinamento veterinário", disse Heather Bacon após a cirurgia.

Os especialistas suspeitam de elefantíase por ser uma doença comum nas pessoas de Mianmar, apesar de nunca ter sido registrada em ursos. "Esta foi uma bem incomum condição médica, nunca antes vista em qualquer espécie de urso, mas nós não iríamos desistir de Nyan htoo. Agora ele poderá comer muito mais confortavelmente, dormir em posições mais naturais e se mover mais livremente pelo resto de sua vida", pontuou Caroline Nelson, enfermeira veterinária do Centro de Resgate de Ursos no Vietnã.

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Em frente a eles, o rio, intransitável. Para milhares de rohingyas que não conseguem atravessá-lo por falta de meios, nem retornar às suas cidades por não terem comida, a odisseia em direção a Bangladesh termina nesta costa.

Alguns esperam há uma semana, outros há duas, em frente à foz do rio Naf, fronteira natural entre Mianmar e Bangladesh.

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"Queremos ir a Bangladesh. Se ficarmos aqui, morreremos de fome. Mas não temos dinheiro" para pagar os atravessadores, explica uma mulher rohingya à AFP, em uma das únicas visitas a esta zona do conflito, fechada pelo Exército birmanês, que o governo organizou para alguns embaixadores da região e para a imprensa.

Mais de meio milhão de rohingyas (de um total de um milhão que vivem em Mianmar) conseguiram fugir para Bangladesh desde o final de agosto para escapar do que as Nações Unidas chamam de limpeza étnica.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), quase um refugiado a cada cinco chega em Bangladesh em um estado de "desnutrição grave". E apesar das promessas do governo birmanês, a ajuda humanitária, da qual a maioria dos rohingyas depende, é distribuída a conta-gotas.

Na praia de areia preta de Gaw Du Thar Ya, os mais pobres esperam um milagre, olhando para a margem de Bangladesh, a poucos quilômetros do estuário.

Neste campo improvisado, há um grande número de crianças, várias delas recém-nascidas, que suas mães tentam proteger como podem, com guarda-chuvas, sob um sol escaldante.

Os vilarejos vizinhos foram reduzidos a cinzas e restam apenas as paredes de uma mesquita.

No distrito de Maungdaw, no coração da zona de conflito entre os rebeldes rohingyas e o Exército birmanês, dezenas de aldeias foram queimadas e muitas outras abandonadas. As cadeiras no chão refletem a pressa com que os habitantes tiveram que deixar suas casas.

A crise começou após o ataque a postos de polícia pelos rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), que desencadeou uma forte ofensiva do Exército birmanês.

Os primeiros refugiados que chegaram em Bangladesh explicaram que fugiam dos combates e dos abusos do Exército birmanês, mas aqueles que estão chegando agora falam da fome.

"Agora somos obrigados a comer o arroz que havíamos jogado fora", diz Khin Khin Wai, de 24 anos, que vive na aldeia de Ah Nout Pyin. Ao seu lado, crianças tocam a barriga pedindo comida, enquanto a delegação passa.

Esta pequena aldeia, em meio a arrozais, está agora cercada pelos povos da etnia rakhine, budistas.

Mas mesmo antes da crise, os rohingyas não podiam se locomover sem a autorização deles.

De qualquer forma, "os ônibus não circulam mais, não podemos sair do nosso povoado", lamenta, afirmando que não recebem ajuda humanitária há semanas.

- Fome como arma -

Nesta região remota, 74% da população vive abaixo da linha de pobreza e grande parte dela sobrevive graças à ajuda humanitária internacional.

"Estamos enfrentando uma situação muito complexa. As poucas aldeias que podiam nos fornecer ajuda foram atacadas porque receberam comida", explica um funcionário humanitário, que pediu anonimato.

Nas últimas semanas, as intimidações desse tipo por parte dos budistas se multiplicaram, de acordo com numerosos testemunhos coletados pela AFP.

Para os refugiados recém-chegados em Bangladesh, a fome é a nova arma dos habitantes budistas desse grupo étnico.

Sentado sob uma árvore, em frente ao gigantesco campo de refugiados de Balukhali, Rafir Ahmed está exausto após a viagem.

Em sua aldeia no distrito de Buthidaung, explica este agricultor de 50 anos, os rohingyas foram proibidos de fazer compras no mercado vizinho. Sua família, de oito filhos, teve que sobreviver com os poucos suprimentos de peixe e arroz que puderam carregar na fuga.

"Felizmente, os vizinhos nos deram comida, é graças a eles que nós sobrevivemos", disse ele.

Refugiados rohingyas, desesperados com a explosão de violência em Mianmar, desde 25 de agosto, não param de chegar a Bangladesh. O número é assustador: desde o sábado retrasado, cerca de 125 mil imigrantes cruzam as fronteiras na tentativa de abrigo. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que os milhares dessa minoria muçulmana - em um país de maioria budista - estão chegando a campos de refugiados já superlotados. Mais de 20 mil continuam na fronteira de Bangladesh com o estado de Rakain.

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A violência em Mianmar rompeu após os ataques  do Arakan Rohingya Salvation Army (ARSA) contra cerca de 30 delegacias de polícia. Há relatos de dezenas de famílias massacradas e povoados inteiros incendiados. Desde 2012 Rakain é palco de violência, mas a última foi considerada a mais devastadora de todas.

Segundo a agência de notícias AFP, nos últimos dias tem se visto o surgimento de centenas de refúgios precários no entorno dos acampamentos oficiais para refugiados. Confira, abaixo, uma galeria de imagens registradas nesta terça-feira (5) no país.

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Com informações da AFP

Uma multidão de budistas linchou um membro da minoria muçulmana rohingya e feriu outros seis em Mianmar - anunciou a Polícia do país asiático nesta quarta-feira (5).

O incidente aconteceu ontem, quando sete rohingyas deixavam, sob escolta policial, o campo onde viviam e seguiam para a capital regional do estado de Rajin (oeste).

Mais de 100 mil pessoas, rohingyas em sua maioria, vivem em campos de deslocados do estado de Rajin desde a explosão de confrontos inter-religiosos que deixaram centenas de mortos em 2012.

Essa comunidade é considerada pela ONU como uma das minorias mais perseguidas no mundo. Seus membros podem deixar esses campos apenas a conta-gotas e depois de obter autorização.

"Um muçulmano morreu, e os outros seis ficaram feridos. Dois continuam no hospital", disse um policial à AFP, pedindo para não ser identificado.

O gatilho da violência foi uma discussão acalaorada no porto de Sittwe entre esse grupo de rohingyas e um empresário local sobre um barco à venda.

"Houve uma briga no cais do porto", relata o jornal oficial "Global New Light of Myanmar".

"Alguém jogou uma pedra, que foi fatal", acrescentou o jornal.

O veículo não diz se as vítimas são rohingyas muçulmanos, já que, no país, o tema é tratado como tabu.

Liderado pela ex-membro da oposição Aung San Suu Kyi, o governo birmânes rejeita as acusações da ONU sobre possíveis "crimes contra a humanidade" cometidos pelo Exército desde o fim de 2016 contra a minoria muçulmana.

Vistos como estrangeiros em Mianmar, os rohingyas são apátridas e não têm direitos. Alguns vivem no país há várias gerações.

Mianmar e Tailândia, países-chave no tráfico de drogas no Sudeste Asiático, queimaram nesta segunda-feira (26) drogas num valor de cerca de 1 bilhão de dólares. "Esta é a maior queima de drogas da história de Mianmar", declarou um comandante da polícia birmanesa, referindo-se a incineração realizada no Dia Internacional de combate ao Abuso e ao Tráfico Ilícito de Drogas.

Mianmar continua a ser um dos maiores produtores de drogas do mundo, um legado de décadas de governo militar que deixou o tráfego prosperar. As autoridades queimaram ópio, heroína, cannabis e metanfetamina num valor de 385 milhões de dólares.

Na Tailândia, as autoridades queimaram drogas no valor de 589 milhões de dólares. A região do Triângulo Dourado, na fronteira do Laos, Tailândia e Mianmar, foi por muito tempo a principal área de produção de ópio e heroína, até ser substituída pelo Afeganistão.

Após acidente aéreo confirmado na última quarta-feira (7), o exército de Mianmar informou que 62 corpos, dos mais de 100 existentes no avião, foram resgatados. A confirmação deste número foi dada na manhã desta segunda-feira (12). A queda da aeronave foi anunciada depois do seu desaparecimento, por volta das 7h.

Conforme informações, a causa do acidente ainda não foi esclarecida. A aeronave conduzia soldados, familiares e a tripulação e se tratava de um voo semanal. Dentre os mais de 60 resgatados, estão nove crianças. Ainda na semana passada, algumas vítimas já tiveram cerimônia de cremação e outras estão passando por processo de reconhecimento por parte da família. 

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Um avião militar que havia desaparecido por volta das 7h, quando voava de Myeik para Yangon, teve seus destroços encontrados no oceano em Mianmar, na manhã desta quarta-feira (7). Não havia sinal da aeronave desde as 7h da manhã – a aproximadamente 32 quilômetros a leste da cidade de Dawei - e horas depois seus restos foram localizados, de acordo com a agência de notícias AFP.

Os destroços do Shaanxi Y-8, construídos na China, já foram retirados da água. Durante uma entrevista do general Myat Min Oo à AFP, a autoridade informou que o avião transportava 90 passageiros, incluindo familiares dos militares e mais 14 membros da tripulação.

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Informações dão conta de tempo bom para a aviação e ainda não se sabe os motivos do acidente que aconteceu exatamente após a perda de contato. Um funcionário do aeroporto de Myeik, em entrevista ao canal Kyaw Kyaw Htey, acredita que tenha ocorrido uma falha técnica.

 

Milhares de ratos invadiram as aldeias de uma ilha do sudoeste de Mianmar, um caso interpretado por algumas pessoas como sinal precursor de uma catástrofe, informou nesta terça-feira (6) uma autoridade local.

Desde o final de semana, os habitantes da ilha de Haingyi, uma das principais do delta de Irrawaddy, sofreram com a invasão de roedores e as autoridades, impotentes, optaram por oferecer 50 kyats (quatro centavos americanos) por cada um que matassem.

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"Mais de 4.000 ratos morreram desde que atacaram as aldeias", declarou à AFP o deputado local Phyo Zaw Shwe. "Tradicionalmente, acredita-se que estes animais são um presságio de intempéries, por isso as pessoas temem possíveis inundações ou terremotos".

Vários estudos de cientistas japoneses demonstraram que os ratos e as ratazanas são sensíveis às ondas eletromagnéticas como as que costumam ser observadas antes de terremotos de grande magnitude. Nos últimos dias, não foi registrada nenhuma atividade sísmica significativa em Mianmar.

Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram os moradores recolhendo cadáveres de ratos para empilhá-los. Alguns foram enviados para laboratórios em busca de eventuais doenças, mas até o momento não se sabe o resultado.

Os moradores matam os ratos "com paus, estilingues e pedras", conta um habitante da aldeia de Than Cho Tan à imprensa local.

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