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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o inquérito das milícias digitais, que investiga a atuação de grupos organizados na internet para atacar a democracia.

O despacho cita que há "diligências ainda pendentes", sem especificar quais. É a nona vez que o prazo para conclusão da investigação é estendido.

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"Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, com a realização das diligências ainda pendentes, nos termos previstos no art. 230-C, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal , prorrogo por mais 90 (noventa) dias a presente investigação", escreveu o ministro.

Moraes atendeu a pedido do delegado Fábio Alvarez Shor, que conduz o inquérito e pediu, em dezembro, mais tempo para concluir o caso.

A investigação das milícias digitais foi aberta a partir do compartilhamento do material colhido no inquérito dos atos antidemocráticos. Na ocasião, o caso precisou ser arquivado por determinação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Antes de encerrá-lo, porém, Moraes autorizou o intercâmbio de provas e mandou rastrear o que chamou de "organização criminosa".

A suspeita é a de que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenham se organizado nas redes sociais para incentivar ataques contra as instituições democráticas. A Polícia Federal (PF) também investiga se a articulação da base bolsonarista envolveu dinheiro público. O ex-presidente está entre os investigados.

Em um relatório parcial da investigação, remetido ao STF em fevereiro de 2022, a PF afirmou que os elementos colhidos até então corroboravam a hipótese de uma "atuação orquestrada" para promover desinformação e ataques contra adversários e instituições com objetivo de "obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos".

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Twitter, Telegram, Instagram, Rumble e Discord bloqueiem os perfis do influenciador Monark sob pena de multa diária de R$ 100 mil. Monark também foi proibido de disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral.

A multa em caso de descumprimento nesse caso é de R$10 mil.

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O ministro já havia determinado a suspensão dos perfis de Monark devido a conteúdos que instigaram os atos golpistas de 8 de janeiro, mas o influenciador criou novas contas.

No Rumble, onde ele criou um novo canal que já tem 287 mil seguidores, Monark publicou um vídeo levantando suspeitas sem fundamento sobre a higidez e transparência do sistema eleitoral e fala de um suposto esquema com participação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fraudar as eleições. No Instagram, o novo perfil tem 104 mil seguidores. No Twitter, 20,5 mil.

"Assim, se torna necessária, adequada e urgente a interrupção de eventual propagação dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática mediante bloqueio de contas em redes sociais, com objetivo de interromper a lesão ou ameaça a direito", afirmou Moraes na decisão.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta segunda-feira, 27, o inquérito sobre o papel de autoridades nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

A decisão atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF). Moraes deu mais 60 dias para a conclusão da investigação e pediu um relatório parcial do trabalho desenvolvido até o momento.

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Os investigados no inquérito são:

- O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que foi afastado do cargo na investigação;

- O ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que está preso preventivamente por suspeita de conivência com os manifestantes bolsonaristas;

- O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, que também chegou a ser preso preventivamente no inquérito, mas foi colocado em liberdade depois que o relatório da intervenção na Segurança do DF descartou omissão;

- O ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança, Fernando de Sousa Oliveira, que ocupava interinamente o comando da pasta no dia do ataque, cobrindo férias de Torres.

Todos já prestaram depoimento à Polícia Federal e contestaram a hipótese de que houve omissão ou facilitação dos protestos. Ibaneis Rocha, Anderson Torres e Fernando Oliveira negaram ter sido informados sobre o risco de protestos violentos. Eles citaram um protocolo de ações integradas preparado para o dia 8 de janeiro e afirmaram que não tinham como atribuição cuidar de atividades operacionais.

Já o chefe da Polícia Militar afirmou que as operações foram preparadas com base em informações passadas pelo setor de Inteligência da corporação.

Além da investigação sobre os atos golpistas, o ministro Alexandre de Moraes também prorrogou o inquérito das milícias digitais. A apuração foi aberta em julho de 2021 e mira a atuação de grupos organizados na internet para espalhar ataques e notícias falsas contra as instituições democráticas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos investigados.

Chefiado por Flávio Dino, o Ministério da Justiça quer acelerar o processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pasta procurou a Interpol e os Estados Unidos para cumprir o mandado de prisão preventiva que pesa contra ele, expedido em 2021. O blogueiro, criador do canal "Terça Livre", está foragido no país norte-americano.

Ao Estadão, a pasta declarou que a lei é "para todos" e que acionará "mecanismos de cooperação internacional para que as ordens do Supremo Tribunal Federal sejam cumpridas, independente do destinatário". O ministério afirmou que não comenta casos concretos.

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O mandado de prisão preventiva contra Allan dos Santos partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido da Polícia Federal. O blogueiro é investigado no inquérito que apura a disseminação de notícias falsas na internet e a existência de milícias digitais que organizam ataques às instituições democráticas, aos poderes de Estado e aos ministros da Corte.

Em novembro do ano passado, o Supremo ordenou ao Ministério das Relações Exteriores o cancelamento do passaporte de Allan dos Santos. Já houve, também, pedido para que o nome do investigado seja incluído na lista de Difusão Vermelha da Interpol, que contém procurados internacionais, mas a solicitação ainda não foi atendida.

A bancada do PSOL na Câmara pediu nesta quinta-feira, 1º, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia sejam incluídos no rol de investigados do inquérito das milícias digitais.

Moraes é relator da investigação que se debruça sobre grupos organizados na internet para espalhar notícias falsas e ataques antidemocráticos.

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O pedido é assinado pelos deputados Sâmia Bomfim (SP), Vivi Reis (PA), Fernanda Melchionna (RS), Ivan Valente (SP), Áurea Carolina (MG), Glauber Braga (RJ), Luiza Erundina (SP) e Talíria Petrone (RJ).

Os parlamentares mencionam o vídeo em que Carla Zambelli incita generais das Forças Armadas a não reconhecerem o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na gravação, ela questiona se os militares "vão querer prestar continência a um bandido" no dia 1º de janeiro, data da posse.

"Dia 1º de janeiro, senhores generais quatro estrelas, vão querer prestar continência a um bandido ou à nação brasileira? Não é hora de responder com carta se dizendo apartidário. É hora de se posicionar. De que lado da história vocês vão ficar?", afirma.

A representação também cita o vídeo em que Silas Malafaia cobra uma reação do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra decisões de Moraes.

"Senhor presidente Jair Messias Bolsonaro, o senhor é o presidente em exercício, o senhor tem poder de convocar as Forças Armadas para colocar ordem na bagunça que esse ditador fez", disse, em referência a Moraes. "Presidente Bolsonaro, como o senhor vai passar para a história? Omisso? Covarde? Ou como alguém que usa o seu poder legal", completou o pastor.

Os deputados do PSOL afirmam que as "intenções de ruptura democrática" são "nítidas" e que as manifestações extrapolam a liberdade de expressão. "Existe um modus operandi articulado pela extrema-direita - e pelo Presidente da República - no Brasil: atacar as instituições, incitar a violência e manter um clima constante de guerra: tudo isso para manter seus seguidores radicalizados e engajados", afirmam.

O pedido também cita a "instabilidade social e política" causada por protestos contra o resultado da eleição organizados desde o segundo turno próximo a quartéis do Exército e em rodovias pelo País. Os parlamentares afirmam que Carla Zambelli e Malafaia podem ser enquadrados no artigo 359 do Código Penal, que dispõe sobre crimes contra a instituições democráticas, por "tentar abolir o Estado Democrático de Direito" (pena de até oito anos de reclusão) e "tentar depor o governo legitimamente constituído" (até 12 anos de prisão).

A bancada do PSOL também pede a quebra dos sigilos telefônico e de mensagem da deputada e do pastor para averiguar se eles tiveram participação em atos antidemocráticos contra o reconhecimento da vitória de Lula nas urnas.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (7) prorrogar por mais 90 dias o inquérito das milícias digitais. A investigação se debruça sobre a atuação de grupos organizados na internet para espalhar ataques contra a democracia.

O despacho cita que há "diligências em andamento", sem especificar quais. A investigação foi aberta em julho do ano passado e já havia sido prorrogada quatro vezes.

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"Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (6 de outubro de 2022), o presente inquérito", escreveu o ministro.

A investigação das milícias digitais foi aberta a partir do compartilhamento do material colhido no inquérito dos atos antidemocráticos. A suspeita é que apoiadores do presidente tenham se organizado nas redes sociais para incentivar ataques contra as instituições democráticas. A Polícia Federal (PF) também investiga se a articulação da base bolsonarista envolveu dinheiro público. O presidente Jair Bolsonaro (PL) está entre os investigados.

Mais cedo, Bolsonaro voltou a subir o tom contra Moraes e disse que o ministro está "o tempo todo usando a caneta para fazer maldade".

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu, por unanimidade, condenar o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos - atualmente nos Estados Unidos, foragido da Justiça - a um ano, sete meses e um dia de detenção por calúnia. A sentença foi dada no âmbito de uma notícia-crime movida pela cineasta Estella Renner. A avaliação dos magistrados foi a de que Allan dos Santos imputou crime a Estella ao mencionar nominalmente a cineasta em vídeo e afirmar: "Esses filhos da puta que ficam querendo colocar maconha na boca dos jovens".

As declarações que levaram à sentença foram proferidas em vídeo publicado por Allan dos Santos no dia 12 de setembro de 2017, abordando a exposição "Queermuseu - cartografias da diferença na arte brasileira", promovida pelo Santander Cultura.

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Ao analisar o caso, o desembargador Jayme Weingartner Neto, relator do caso, ponderou que Allan dos Santos estava consciente da gravidade e ofensividade de suas palavras. Segundo o desembargador, 'resplandece, diante da trama linguística e das expressões concretas', a prática da calúnia. A avaliação do magistrado foi a de que também houve difamação, mas o delito acabou 'absorvido' pelo crime mais grave.

O entendimento foi acompanhado pelos demais integrantes da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e o acórdão lavrado nesta quarta-feira, 27.

"Neste contexto, belicoso, rude, grosseiro, pontuado por palavras de calão, em si injuriosas, dizeres embaralhados, tenho que o querelado (Allan dos Santos) insinua, ao menos, que a querelante (Estella Renner), na parceria com o Instituto Alana, em projetos culturais voltados à infância, estaria induzindo ou instigando [o público alvo] ao uso indevido de droga. No substrato fático recortado e no seu horizonte de contextualização, a expressão "colocar maconha na boca dos jovens" assume o significado de agir de modo a estimular o uso indevido de droga", afirmou ao votar por condenar o blogueiro bolsonarista.

COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS FLÁVIA RAHAL E GUILHERME CARNELÓS, QUE DEFENDEM ESTELLA

"A condenação de Alan dos Santos escancara a forma virulenta e infundada com que o blogueiro se dirigiu à Estela Renner. Suas ofensas criminosas foram repudiadas pelo Poder Judiciário, em decisão que repara a agressão por ela sofrida e distingue liberdade de expressão de fake news".

Em mais um discurso enfático contra a desinformação, o ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir o Tribunal Superior Eleitoral nas eleições 2022, detalhou nessa segunda-feira (11) como se dão ofensivas contra o Judiciário e seus integrantes em meio aos 'ataques à democracia' capitaneados pelas chamadas milícias digitais. O magistrado relatou que ameaças às instituições e a pessoas que as integram 'não acontecem duas ou três vezes', mas 'dez vezes por dia', 'diuturnamente', e condenou o 'discurso do ódio', que vai 'elevando a temperatura, gerando violência e conturbando a relação com o Poder Judiciário'.

As ponderações se deram durante palestra ministrada na sede do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo - maior colégio eleitoral do País -, no encerramento do 6º Curso de Pós-Graduação em Direito Eleitoral e Processual Eleitoral da Escola Judiciária Eleitoral Paulista (EJEP). A indicação sobre o 'discurso de ódio' ocorreu em meio à exposição que o ministro fez sobre o funcionamento das milícias digitais e o papel da Justiça Eleitoral em combatê-las, com 'firmeza e serenidade', de modo a garantir ao eleitor a 'liberdade do voto'.

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"Não só combater atividades ilícitas, crimes praticados pelas milícias digitais, garantindo a liberdade do eleitor em escolher seu candidato, qualquer seja, para que ele possa escolher com liberdade. Só se escolhe com liberdade aquele que tem informações corretas, não sofre coações, não é bombardeado por mentiras, discurso de ódio, notícias fraudulentas, preparadas para fraudar determinado objetivo, a veracidade das eleições, atentar contra a democracia", frisou.

O pronunciamento focado em desinformação se deu em meio a uma sucessão de violências no cenário político - ataques com 'bombas' de estrumes até o assassinato a tiros do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu. Durante a palestra no TRE-SP, Alexandre não fez citação direta a nenhum episódio, mas dissertou sobre o cenário de uma 'máquina de informações fraudulentas', milícias digitais, discurso de ódio e de violência, e de incentivo a atentados contra a democracia.

Antes da palestra, em meio à repercussão sobre a morte do guarda municipal Marcelo Arruda por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o ministro escreveu, neste domingo, 10, que a 'intolerância, a violência e o ódio são inimigos da Democracia e do desenvolvimento do Brasil'. "O respeito à livre escolha de cada um dos mais de 150 milhões de eleitores é sagrado e deve ser defendido por todas as autoridades no âmbito dos 3 Poderes", afirmou.

Ao explicar sobre os ataques das milícias digitais aos pilares da democracia, entre eles o poder Judiciário independente e autônomo, Alexandre apontou a tentativa dos grupos de deslegitimar e tentar fazer curvar os integrantes de tal poder usando a desinformação. Como exemplo, relatou ter exibido às autoridades que participaram do evento nesta segunda - como os presidentes do Tribunal Regional Eleitoral e do Tribunal de Justiça de São Paulo - vídeo em que um homem se identifica como 'pastor' e diz que 'Deus mandasse um vírus para comer a coluna dos ministros do STF para que rastejassem'.

"Discurso de ódio", definiu. "Tem pessoas que vão até aquele local querendo um apoio e acabam sendo induzidas para isso, são contaminadas. É assim que funciona o discurso de ódio, pegando pessoas que acabam tendo uma dependência emocional com quem está falando. E isso vai elevando a temperatura, gerando violência, conturbando a relação com o poder Judiciário", completou.

Ainda com relação à tentativa de deslegitimar o Judiciário, Alexandre explica que há uma estratégia de personalização por trás dos ataques. "Não adianta atacar o Judiciário, o Supremo. Tem que atacar pessoalmente alguém, mostrar o inimigo a ser destruído. Não é só algo abstrato, o Judiciário. É o juiz a, o juiz b, o juiz c. Eles representam tudo o que tem de ruim. Aí você consegue a história. Por meio das milícias digitais e das fake news, levar o ódio das pessoas a outras pessoas" ressalta.

Dissecando a lógica dos ataques, Alexandre diz as pessoas 'não odeiam instituições'. "Ninguém fala 'ah vamos apedrejar o TRE'. 'Não, vamos apedrejar o juiz tal, cpf, decisões, opiniões", indica.

Segundo o ministro, a Justiça Eleitoral sempre atuou no combate a certos tipos de desinformação, mas tal atuação ganha outras proporções no pleito que se avizinha - "é algo diferente e muito mais importante do que foi em outras eleições", relatou. Hoje há no cenário uma 'máquina de informações fraudulentas', milícias digitais, discurso de ódio, de violência e de incentivo a atentados contra a democracia, diz Alexandre. O magistrado pondera que há uma tentativa de se colocar em risco a democracia - 'algo que se pretende e não se conseguirá', segundo ele.

Ainda de acordo com o ministro, um outro pilar da democracia atacado pelas milícias digitais é o sistema eleitoral. Alexandre ponderou que a ofensiva contra as urnas eletrônicas se dá por que tal mecanismo é o usado no País. "Nos EUA, foi o voto por correio. Em outros países foi o voto por escrito. O ataque das milícias digitais é a democracia, não é a uma forma ou outra de escolha dos representantes, é a própria existência da escolha dos representantes pelo povo", indicou.

Ao reforçar que o combate à desinformação nas eleições 2022 será 'firme', Alexandre lembrou de decisões do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal. A mais recente delas, proferida pela 2ª Turma da Corte máxima que manteve a cassação do deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil-PR) por espalhar notícias falsas. Segundo Alexandre, a 2ª Turma reafirmou o entendimento da corte eleitoral - e se não fosse por meio de tal colegiado, 'seria pelo plenário (do Supremo) para garantir que o eleitor tinha a liberdade de escolher seu voto'.

O influenciador bolsonarista Allan dos Santos, considerado foragido da polícia brasileira nos Estados Unidos, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que baniu sua participação em redes sociais em 2021 e segue com perfis em diferentes plataformas.

Com usuários removidos no YouTube, no Twitter e na Twitch na semana passada, o blogueiro divulga contas no Instagram e no Telegram ativas desde março. Nas plataformas, Allan dos Santos afirma que "não irá desistir" e segue fazendo reiterados ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

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Os perfis estão divulgados no link anexo em seu perfil verificado no Gettr, rede social criada pelo ex-assessor do ex-presidente americano Donald Trump, Jason Miller, e no próprio Instagram, com quase 100 mil seguidores. Ao Estadão, o Instagram informou que não comentará o caso.

No Telegram, apesar de não assinar as mensagens, Allan dos Santos indica um canal com pouco mais de mil seguidores que republica seus conteúdos e também reproduz ataques ao ministro Alexandre de Moraes.

O blogueiro já ensaiou um retorno ao YouTube com ataques ao Supremo Tribunal Federal e a Moraes no dia 8 passado, um domingo. No vídeo do novo canal, Allan anunciava a volta às redes sociais e defendia que "não há democracia onde há presos políticos".

A conta foi banida no dia seguinte, um usuário alternativo foi criado horas depois e foi excluído entre a segunda-feira, 9, e a terça-feira, 10. À reportagem, o YouTube disse que todos os conteúdos na plataforma precisam seguir as diretrizes de comunidade, e que "quando não há violação à política de uso do YouTube, a análise final sobre a necessidade de remoção de conteúdo cabe ao Poder Judiciário, nos termos do Marco Civil da Internet".

Na Twitch, plataforma de transmissões ao vivo de propriedade da Amazon, o blogueiro tentou realizar "lives". Poucas milhares de pessoas foram alcançadas na quarta-feira e na quinta-feira da semana passada.

Procurada pela reportagem, a empresa não respondeu, mas o perfil está indisponível "devido a uma violação das diretrizes da comunidade ou dos termos de serviço da Twitch" desde, pelo menos, segunda-feira, 16.

No Twitter, Allan dos Santos disse que iria voltar com o seu blog, Terça Livre, depois de Elon Musk anunciar a intenção em reverter o banimento da conta de Donald Trump, excluída após a invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro do ano passado. A reportagem procurou o Twitter sobre a situação do blogueiro - a plataforma não respondeu, mas o perfil foi removido no dia seguinte.

Pedido de prisão

Alexandre de Moraes ordenou, em outubro do ano passado, a prisão preventiva do dono do canal Terça Livre, no âmbito do inquérito das milícias digitais. Ele está foragido nos Estados Unidos desde então.

O processo da extradição de Allan dos Santos foi marcado por acusações de servidores do Ministério da Justiça, que relataram ter sofrido pressão interna para impedir que o blogueiro seja trazido de volta ao Brasil. A Polícia Federal apura se houve tentativa de interferência indevida no procedimento.

Na representação encaminhada ao Supremo, a delegada da Polícia Federal Denisse Dias Rosas Ribeiro pediu a prisão preventiva do blogueiro com base na prática frequente dos crimes de ameaça, ataques contra a honra e incitação à prática de crime, assim como a participação em organização criminosa.

Em janeiro deste ano, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, participou de um evento com a presença de Allan dos Santos nos Estados Unidos.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias para o Ministério da Justiça prestar informações sobre o andamento do pedido de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.

A ordem é para o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, detalhar as medidas adotadas para garantir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em outubro do ano passado contra o blogueiro. Dono do portal Terça Livre, Allan dos Santos foi colocado na lista de difusão vermelha da Interpol - sistema de alerta para captura de foragidos internacionais.

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O blogueiro é investigado em duas apurações conexas: o inquérito das milícias digitais, que mira a atuação de grupos organizados na internet para promover ataques e desinformação; e o inquérito das fake news, que se debruça sobre ofensas, ameaças e notícias falsas contra autoridades.

Embora tenha sido bloqueado nas redes sociais por ordem judicial, o blogueiro tem criado perfis alternativos a cada vez que uma conta é derrubada. Em um deles, Allan dos Santos se disse vítima de 'perseguição' ao comentar nesta segunda a decisão de Moraes.

Interferência

O processo da extradição de Allan dos Santos foi atravessado por acusações de servidores do Ministério da Justiça, que relataram ter sofrido pressão interna para impedir que o blogueiro seja trazido de volta ao Brasil. A Polícia Federal apura se houve tentativa de interferência indevida no procedimento.

As suspeitas foram ampliadas depois que a delegada federal Silvia Amelia da Fonseca, responsável por enviar toda a documentação do caso ao Ministério de Relações Exteriores, foi exonerada do cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). A medida foi vista internamente como uma represália por ter dado andamento ao procedimento.

O secretário de Justiça chegou a ser ouvido pela PF e, em depoimento, disse que solicitou informações sobre o processo de extradição com o objetivo de 'dar cumprimento à decisão judicial'. Ele negou ter tentado interferir no caso.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira, 18, para receber a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e torná-lo réu por incitação ao crime, homofobia e calúnia.

A maioria foi formada em menos de 12 horas da abertura do julgamento no plenário virtual - plataforma que permite aos ministros incluírem os votos online sem necessidade de reunião do colegiado. A análise segue até a próxima sexta-feira, 25.

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Até o momento, votaram para receber a denúncia o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, e os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Cármen Lúcia.

A denúncia foi oferecida em agosto do ano passado pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo com base em entrevistas e publicações do ex-deputado. A PGR imputa os seguintes crimes:

- Incitação ao crime: entrevista concedida em 24 de maio de 2021 ao canal do Youtube Rádio 94 FM em que o ex-deputado incentivou a invasão do Senado Federal na esteira da CPI da Covid;

- Incitação ao crime: entrevista concedida em 23 de julho de 2021 ao canal do Youtube Jornal da Cidade Online em que Roberto Jefferson incentivou incendiar o prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e voltou a atacar a CPI da Covid ao dizer que a comissão parlamentar 'tem que acabar no amor ou no terror'. "Essa CPI tem que terminar no pescoção e jogar todo mundo dentro daquele lago em frente ao Congresso Nacional", declarou na ocasião;

- Calúnia: entrevista concedida em 26 de julho de 2021 à Jovem Pan News em que Roberto Jefferson acusou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de prevaricação por 'não ter dado andamento' a pedidos de impeachment contra os ministros do STF;

- Incitação ao crime: na mesma entrevista à Jovem Pan News o ex-deputado voltou a pregar agressões contra os senadores da CPI da Covid;

- Homofobia: a PGR também viu homofobia do ex-deputado ao comparar a população LGBT a drogados e traficantes, ainda na entrevista à Jovem Pan, e em publicação feita nas redes sociais em agosto de 2021.

Em seu voto, Moraes classificou como 'gravíssimas' as declarações do ex-deputado. Para o ministro, Roberto Jefferson 'atentou fortemente' contra a democracia.

"[As declarações] não só atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança do Senado Federal e de seus parlamentares, em especial os integrantes da CPI da Pandemia, como se revestem de claro intuito visando a impedir o pleno exercício das atividades investigativas conferidas ao Parlamento nacional", escreveu.

Como não tem direito ao foro por prerrogativa de função, o ex-deputado vai responder ao processo na Justiça Federal do Distrito Federal.

Roberto Jefferson está preso preventivamente desde agosto do ano passado no âmbito do inquérito das milícias digitais, que investiga a atuação uma rede articulada para promover pautas antidemocráticas na internet.

A Polícia Federal (PF) voltou a relacionar, nessa quinta-feira (10), as investigações em curso contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao inquérito das milícias digitais. O chefe do Executivo passou a ser formalmente investigado nesta última frente, que se debruça sobre ataques antidemocráticos e disseminação de notícias falsas, depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o compartilhamento de provas contra ele.

Em relatório parcial da investigação das milícias digitais, a delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro cita como "eventos relacionados" outros dois outros inquéritos que atingem Bolsonaro: o que apura a live feita no dia 29 de julho do ano passado para questionar a segurança das urnas eletrônicas e o que se debruça no vazamento de uma investigação sigilosa da PF sobre uma tentativa de ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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"Por se tratar de investigação do que se supõe ser a atuação de organização criminosa, também se encontram no escopo deste inquérito outros eventos relacionados a esse grupo", escreve a delegada ao listar os inquéritos que têm o presidente como principal investigado.

O documento afirma ainda que as investigações contra Bolsonaro "possuem correlação e revelam semelhança no modo de agir" e "aderência ao escopo descrito na hipótese criminal".

Para a Polícia Federal, os elementos colhidos até o momento corroboram a suspeita de uma "atuação orquestrada" da organização criminosa investigada nas milícias digitais para promover desinformação e ataques contra adversários e instituições. O objetivo, segundo o relatório, seria "obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos".

O Planalto também foi implicado em outro trecho do documento, o que descreve em detalhes o modus operandi dos investigados. Segundo as conclusões parciais da PF, o grupo se valeria da estrutura do chamado "gabinete do ódio" para operacionalizar ataques e promover fake news.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acolheu pedido da defesa do ex-deputado Roberto Jefferson, na segunda-feira (24), e converteu a prisão preventiva do ex-presidente do PTB em domiciliar. Ao fundamentar a decisão, o ministro citou dispositivo do Código de Processo Penal que prevê a substituição da prisão preventiva pela domiciliar em caso de detento "extremamente debilitado por motivo de doença grave". Jefferson está com Covid-19.

Segundo os autos, o aliado do presidente Jair Bolsonaro se negou a receber a vacina contra a doença causada pelo Sars-Cov-2.

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O ministro do STF impôs uma série de medidas cautelares que deverão ser cumpridas por Jefferson, sob pena de retorno ao presídio de Bangu, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de qualquer comunicação exterior, inclusive com vedação de sua "participação" nas redes sociais - seja em sua conta, de partidos políticos ou de quaisquer outras pessoas.

Além disso, o petebista está proibido de receber visitas, não pode conceder quaisquer entrevistas e não pode se comunicar com quaisquer investigados do inquérito das milícias digitais.

Decisão

Ao proferir a decisão, Alexandre destacou que a imposição das medidas cautelares era necessária uma vez que, durante o tempo que ficou preso, Jefferson usou sua assessoria pessoal e "laranjas" para "manter a divulgação das mais variadas ofensas ao STF, com notório propósito de atingir a honorabilidade dos integrantes da corte e ameaçar a sua segurança, bem como se manifestar, indevidamente, em relação a outras autoridades e instituições do Estado Democrático de Direito".

"Mesmo após ter recebido o excepcional benefício do tratamento médico fora da unidade prisional, o custodiado utilizou a ocasião para divulgar vídeo contendo ofensas aos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Em face da perpetuação da conduta criminosa do detento, a Procuradoria-Geral da República, se manifestou, em 13/12/2021, pela manutenção da prisão preventiva", registrou o ministro.

A defesa de Jefferson já pediu por diversas vezes a substituição da prisão preventiva do petebista, sendo que todas solicitações até o momento haviam sido indeferidas por Alexandre de Moraes. Recentemente, o ministro do Supremo autorizou que o aliado do presidente Jair Bolsonaro deixasse Bangu para realizar exames no Hospital Samaritano Barra. Os advogados do ex-deputado juntaram aos autos relatório médico que sustentava que o petebista precisa de acompanhamento rotineiro.

No entanto, apesar de substituir a preventiva do político, Alexandre rechaçou as alegações da defesa de insuficiência de condições de tratamento médico na penitenciária, destacando que somente foi necessária a autorização para a realização de alguns exames externos. A direção do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, informou ao juízo em duas oportunidades (11 e 22 de janeiro) que "possui ampla condição de realizar os tratamentos necessários para sua saúde, inclusive tendo afirmado estar o 'paciente sem indicação de atendimento médico de urgência'".

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendeu requerimento da Procuradoria-Geral da República e determinou que a Polícia Federal colha os depoimentos de 14 pessoas que tiveram contato com o ex-deputado Roberto Jefferson no dia em que ele gravou vídeo em que afirma 'orar em desfavor do Xandão'. Na ocasião, o ex-presidente do PTB estava no Hospital Samaritano Barra, onde passou por um cateterismo. Depois foi transferido de volta à Bangu, onde preso preventivamente por ordem dada no âmbito do inquérito das milícias digitais.

Em despacho publicado nesta sexta-feira, 14, o ministro registrou que, conforme indicado pelo Ministério Público Federal, a oitiva das pessoas que tiveram contato com Jefferson nos dias 13 e 14 de outubro (data em que teria sido gravado o vídeo) é 'indispensável' para possibilitar a identificação do responsável pela divulgação da gravação.

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Entre as pessoas que serão ouvidas pela PF - em até 15 dias, segundo o despacho de Alexandre - estão cinco visitantes do ex-presidente do PTB, sua mulher, além de três enfermeiras, duas técnicas e três integrantes da vigilância privada. Os nomes foram listados pela PGR e remetidos ao Supremo Tribunal Federal no último dia 7, em petição assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo.

A relação de nomes foi elaborada com base nas informações prestadas pelo Hospital Samaritano Barra, após ordem expedida por Alexandre em outubro de 2020. Em resposta, o diretor do Hospital onde Jefferson ficou internado apresentou 136 registros de entrada de visitantes ao ex-presidente do PTB, durante o período de internação.

No vídeo gravado pelo ex-deputado - divulgado pelo portal Metrópoles - Jefferson afirma 'orar em desfavor do Xandão', apelido que usa para se referir a Alexandre de Moraes, e diz que 'Xandão não tem misericórdia de ninguém', enquanto lê trechos da Bíblia. Ele finaliza o vídeo dizendo que 'a tirania se esmaga bem'.

Dias após a divulgação do vídeo, o ex-presidente do PTB foi enviado de volta ao presídio, mas a defesa segue insistindo para que o ex-deputado seja colocado em liberdade. Em dezembro, Alexandre negou mais uma vez o pedido apontando que a prisão continua 'necessária e imprescindível' para o andamento das investigações.

Em um movimento mais recente, a defesa pediu uma nova transferência de Jefferson a um hospital particular, agora em razão de sintomas respiratórios. No último dia 11, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o diretor do Complexo Penitenciário de Bangu informe se o hospital interno tem estrutura para oferecer exames solicitados pela defesa do petebista.

Sob suspeita de usar a estrutura da sigla e recursos do fundo partidário para disparar notícias falsas e atacar instituições democráticas nas redes sociais, Jefferson é investigado no inquérito das milícias digitais, que se debruça sobre a atuação de grupos bolsonaristas na internet. A suspeita é que apoiadores do presidente tenham se organizado para investir contra a democracia. A apuração também investiga se a articulação recebeu dinheiro público.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu prorrogar por mais 90 dias o inquérito das milícias digitais. O prazo para conclusão da investigação já havia sido estendido em outubro, mas chegaria ao fim neste mês.

No despacho, o ministro diz que a decisão foi tomada considerando a 'existência de diligências em andamento'.

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A investigação foi aberta em julho do ano passado depois que o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos. Na prática, as duas apurações estão relacionadas, uma foi instaurada a partir da outra, e ambas atingem aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O inquérito das milícias digitais se debruça sobre a atuação de grupos bolsonaristas na internet. A suspeita é que apoiadores do presidente tenham se organizado nas redes sociais para incentivar ataques contra as instituições e a democracia. A apuração também investiga se a articulação recebeu dinheiro público.

Um dos principais reveses sofridos pelo Planalto na investigação ocorreu no mês passado, quando a delegada federal Denisse Dias Rosas, responsável pelo caso, sugeriu que o próprio presidente seja investigado por promover desinformação sobre o sistema eletrônico de votação. A investigação também pegou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos, e o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso em agosto.

A Polícia Federal concluiu que o presidente Jair Bolsonaro (PL) agiu deliberadamente para promover desinformação sobre o sistema eletrônico de votação.

A afirmação consta no relatório final do inquérito sobre a live realizada por Bolsonaro no dia 29 de julho, transmitida simultaneamente pelas redes sociais e pela TV Brasil, para questionar a segurança das urnas. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela delegada federal Denisse Dias Rosas.

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"Este inquérito permitiu identificar atuação direta e relevante do Exmo. Sr. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro na promoção da ação de desinformação", diz um trecho do relatório.

A PF sugere que o presidente seja investigado no inquérito das milícias digitais - o mesmo que pegou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). A delegada ainda propõe o envio do caso para a Controladoria-Geral da União e para o Ministério Público Federal.

Depois de ouvir os envolvidos na organização da live, incluindo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, a PF entendeu que o processo de preparação foi feito de 'maneira enviesada' para promover uma 'teoria conspiratória'.

"Houve vontade livre e consciente dos envolvidos em promover, apoiar ou subsidiar o processo de construção da narrativa baseada em premissas falsas ou em dados descontextualizados", aponta.

A Polícia Federal diz que o grupo investigado atua 'com dolo, consciência e livre vontade' na produção e na divulgação de 'narrativas sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto, com o propósito de promover mais adesão de apoiadores e outros difusores aos interesses dessa organização'.

"Restou caracterizado pelas narrativas das pessoas envolvidas que a chamada live presidencial foi um evento previamente estruturado com o escopo de defender uma teoria conspiratória que os participantes já sabiam inconsistente", segue a PF.

O blog Terça Livre, canal ligado ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, encerrou suas atividades, informou um de seus fundadores.

Italo Lorezon, um dos fundadores do blog, publicou em suas redes sociais um agradecimento aos seus seguidores, informando que o canal havia encerrado suas atividades na noite de sexta-feira, 22. O anúncio foi feito após decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das milícias digitais - uma delas pedindo a prisão preventiva de Santos.

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O ministro ainda determinou que o Ministério da Justiça dê início imediato ao processo de extradição do militante de extrema direita, que está nos Estados Unidos. A Embaixada dos EUA foi comunicada sobre a decretação das medidas. A decisão, tomada no dia 5, a pedido da Polícia Federal, também indica que o nome do blogueiro bolsonarista seja incluído na lista de Difusão Vermelha da Polícia Internacional (Interpol), para "viabilizar sua prisão, neste País ou em outro".

A Procuradoria-Geral da República foi contra a medida.

O canal do Terça Livre no YouTube foi removido da plataforma neste mês, enquanto contas ligadas ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, colega de Lorenzon, também foram bloqueados ou excluídos recentemente. O perfil do blogueiro bolsonarista no Instagram foi bloqueado, e, na semana passada, uma conta do Twitter de Santos também foi suspensa.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB e aliado do presidente Jair Bolsonaro alvo do inquérito das milícias digitais, volte ao cárcere tão logo receba alta do Hospital Samaritano Barra. O político terminou o tratamento médico e recebeu o aval para deixar o hospital no último dia 5, mas permanece no local.

A decisão foi dada nesta quarta-feira (13), após o hospital questionar a Polícia Federal sobre os procedimentos para transferência do político. Alexandre manteve a prisão preventiva de Jefferson que deverá retornar à penitenciária onde estava custodiado antes de seu tratamento médico, em Bangu.

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O magistrado determinou que o hospital envie imediatamente ao STF a documentação referente à alta do presidente do PTB, registrando que o político será escoltado para o cárcere pela Polícia Federal, com a devida retirada da tornozeleira eletrônica.

No despacho, o ministro do Supremo apontou que o 'quadro fático' descrito na decisão que manteve a preventiva de Roberto Jefferson permanecia o mesmo, 'não havendo razões, neste momento processual, a indicar a possibilidade de revogação da prisão preventiva, ainda que mediante imposição de medidas cautelares diversas'.

Intimada a se manifestar, a defesa do político alegou que a situação de Jefferson continuava 'instável', apesar de o político ter condições aptas a receber a alta médico-hospitalar. Nessa linha, os advogados do presidente do PTB ainda reforçaram o pedido para substituição da preventiva por prisão domiciliar.

Roberto Jefferson havia sido transferido ao hospital samaritano após decisão dada por Alexandre de Moraes no início de setembro. Na ocasião, o magistrado levou em consideração as alegações da defesa sobre o quadro de saúde do político, parecer favorável da Procuradoria-Geral da República e ainda um relatório médico da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro. O documento indicou que o presidente do PTB estava 'com quadro de infecção urinária, além de reclamar de dores na lombar' e que havia 'insuficiência, por ora, do tratamento médico recebido no hospital penitenciário'.

Na ocasião, apesar de autorizar o tratamento médico de Jefferson, Alexandre manteve a prisão preventiva do presidente do PTB por considerar a medida 'necessária e imprescindível à garantia da ordem pública e à instrução criminal'. O ministro lembrou que, mesmo após o ex-deputado ser preso no início daquele mês, 'continuou a praticar condutas criminosas, inclusive, continuando a incitar a população para que pratique crimes contras os Poderes da República, incitando graves agressões a senadores e a Ministros do STF, notadamente nos atos previstos para o 7 de Setembro'.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira, 11, prorrogar por mais 90 dias dois inquéritos que incomodam o Planalto: o que apura se houve tentativa de interferência indevida do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal e o que investiga se a base bolsonarista articulou ações contra a democracia na internet.

"Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior, o presente inquérito", escreveu o ministro.

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A primeira investigação foi aberta a partir de acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro ao deixar o governo, em abril do ano passado. Na semana passada, Moraes determinou que Bolsonaro seja interrogado dentro de 30 dias. A decisão foi tomada depois que o presidente se antecipou ao julgamento no STF sobre a modalidade do interrogatório e comunicou que se apresentará pessoalmente diante dos investigadores. Ao tribunal, a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa os interesses do Planalto, disse que a mudança de posição teve como motivação a 'plena colaboração' com as apurações.

O depoimento de Bolsonaro é uma das últimas pendências para a conclusão da investigação, que ficou quase um ano parada em meio ao impasse sobre o depoimento do presidente. A suspeita lançada por Moro é a de que o chefe do Executivo quis substituir encarregados por postos de comando na Polícia Federal em uma tentativa de blindar familiares e aliados de apurações.

No mês passado, o delegado Felipe Alcântara de Barroso Leal foi afastado do caso ao tentar aprofundar o que chamou de 'novas lacunas investigativas'. Ele mirou a produção de um relatório que teria sido produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente, no caso das rachadinhas e mudanças internas na Polícia Federal, incluindo a exoneração de Alexandre Saraiva da chefia da superintendência da PF no Amazonas após a apresentação de uma notícia-crime contra o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, por suposta atuação em favor de madeireiros.

A investigação das milícias digitais, por sua vez, foi aberta em julho a partir do compartilhamento do material colhido no inquérito dos atos antidemocráticos. A suspeita é que apoiadores do presidente tenham se organizado nas redes sociais para incentivar ataques contra as instituições e a democracia. A apuração também investiga se a articulação da base bolsonarista envolveu dinheiro público.

No dia 7 de setembro, quando foram ao Aeroporto Internacional de Brasília em meio a uma passagem pelo Brasil que rendeu encontros com bolsonaristas e com o próprio presidente Jair Bolsonaro, o ex-assessor do ex-presidente norte-americano Donald Trump, Jason Miller, e o empresário Gerald Brant foram abordados pela Polícia Federal para prestar depoimento. Investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais, e acuados pela PF, eles pediram ajuda ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para arranjar um advogado. Em meio ao depoimento da dupla, o assessor especial da Presidência, Filipe Martins, apareceu para socorrê-los.

Por serem representantes de uma plataforma de rede social de extrema-direita criada para driblar mecanismos de controle contra crimes virtuais, Miller e Brant entraram na mira das investigações e tiveram suas intimações para depoimento autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Eles já estavam no Brasil e haviam se reunido com Bolsonaro nos dias anteriores à abordagem. Segundo a decisão que autorizou os depoimentos, Miller e Brant são ligados a Steve Bannon, homem de confiança de Trump e um dos artífices das fake news norte-americanas que foram copiadas pelo bolsonarismo.

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Assim que abordados no aeroporto, o empresário e o ex-assessor de Trump interromperam os federais para pedir que fosse solicitado um advogado. Enquanto Miller conversou com um servidor da embaixada norte-americana no Brasil, Brant afirmou aos agentes que pediu seu defensor diretamente ao deputado federal Eduardo Bolsonaro. A advogada Milena Ramos Camara compareceu naquela mesma manhã, quando se deu início do depoimento da dupla. Em meio às declarações dos norte-americanos, o assessor da Presidência Felipe Martins apareceu. A advogada disse à PF que Martins era um 'amigo' e que resolveria 'questões de honorários advocatícios'. Ela chegou a pedir aos agentes para que a presença de Martins não fosse registrada pela PF.

Em depoimento, Brant afirmou ser o presidente da empresa de rede social, e disse estar no Brasil para participar da Conferência de Ação Política Conservadora. Ele se recusou a revelar quem lhe convidou. Já Miller preferiu ficar em silêncio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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