Aos 30 anos de idade e sete de vida política, a graduada em direito e vereadora do Recife, Marília Arraes (PSB), concedeu entrevista exclusiva a equipe do Portal LeiaJá e analisou o cenário da política local. A dissidente do PSB fez fortes críticas à gestão pessebista no Recife e em Pernambuco e demonstrou interesse político nas eleições 2016.
Com uma postura mais dura e discordante da atuação do PSB desde as eleições de 2014, quando retirou sua pré-candidatura a deputada e anunciou apoio à chapa encabeçada pelo ex-senador Armando Monteiro (PTB), Marília Arraes, prima do–ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos e neta de Miguel Arraes, está grávida de sete meses de seu primeiro filho com o também vereador Felipe Francismar (PSB). A parlamentar contou ao portal a pretensão de saída do PSB e as pretensões políticas para 2016, inclusive, se colocando à disposição para uma possível vaga a um cargo majoritário. Cofira a entrevista:
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LeiaJá - O que mudou da Marília Arraes deste a decisão de criticar o PSB até agora?
Marília Arraes - Bem, na verdade, a mudança foi antes da decisão da gente se posicionar e vários fatores contribuíram para esta mudança. Desde então, a gente vem tomando uma atitude coerente da decisão que tomamos daquela época. Uma atitude critica. Uma mudança deste aquela época para cá. O que mudou na verdade foi antes disso e o que contribui foi exatamente o tempo que passei participando da gestão, e quando eu saí eu passei por um período de reflexão e vi que não tinha condições de continuar com aquele modelo de gestão que o partido prega. Então, não era mais um partido socialista, e inclusive, essa crítica não é somente minha aqui no Recife, é um reflexo nacional de algum tempo para cá.
LeiaJá - O fato ser da família do ex-governador Eduardo Campos influenciou na decisão de criticar a legenda?
Marília Arraes - Tanto eu, quanto o ex-governador, e o próprio Miguel Arraes, procuramos separar bastante a relação familiar da política, tanto no momento da união, quanto no momento de críticas, e todas criticas que fiz foram respeitosas e foram críticas políticas e essa atitude demonstra uma saída de uma zona de conforto que eu estaria. Mas claro que não é fácil, porque há algumas consequências no âmbito familiar, mas o que cabe é o respeito aos pronunciamentos que a gente faz.
LeiaJá - Como a senhora avalia o cenário atual da política no Recife e no Estado?
Marília Arraes - Eu vejo como um cenário atípico que o estado de Pernambuco nunca viveu, principalmente por falta de lideranças. Temos um governador diferente de outros, que é completamente apático. Vimos à crise penitenciária, demissões no setor comercial, industrial, em Suape, a criminalidade aumentando, o Pacto pela Vida ultrapassado, pagamentos atrasados do próprio governo do Estado e a dificuldade de buscar recursos no âmbito federal, não por perseguição, mas por que o governador está aquém e não colocou a cara para população. Então, a gente vive uma situação diferente de todos os gestores anteriores, em que o governador é totalmente apático e você vê um prefeito parecido com ele, mas com outra peculiaridade porque tem arrogância, se mostra como se fosse político há muito tempo, mas falta uma capacidade política. O Recife e Pernambuco estão acéfalos.
LeiaJá - Desde a sua decisão de criticar o PSB até agora, algum socialista lhe procurou para conversar?
Marília Arraes - Nunca. Nem antes, nem depois. Eu tinha procurado anteriormente um diálogo interno, mas a prova que não há diálogo é a própria escolha do governador, quando todos do partido ficam a espera de um nome. Quando não se escolhe entre as lideranças partidárias, mas ficam a espera, isso mostra que: ou você obedece ou você é taxado de opositor. (...) Passei muito tempo querendo dialogar em relação à própria gestão porque eu ocupava um espaço totalmente voltado a questões sociais, e eu presenciava a situação da pasta que eu estava de busca pela justiça social. Gostaria de ter dialogado mais pelo partido, mas nunca fui ouvida, então a forma que eu encontrei de externar essas preocupações e essas críticas, foi da forma que eu fiz.
LeiaJá - Como a senhora avalia essa situação dentro do PSB?
Marília Arraes - Eu acho um pena porque o partido socialista tem uma história e quando se faz uma critica se vê como de forma pejorativa. Afirmaram que eu serei isolada no partido, então é por isso que eu digo: é muito difícil para mim que fui criada dentro partido, contribui muito mais com a formação do partido do que os atuais prefeito e governador e agora, tenho que sair do partido se devo continuar na vida pública.
LeiaJá - Quando a senhora deixará o PSB e para qual partido?
Marília Arraes - A gente tem até setembro para articular, mas não há nada concreto, conversado. De acordo com as últimas declarações ditas na matéria do Diario de Pernambuco ficou claro que não tem condições de dialogar. Foi dito que eu não teria legenda ou concordaria com Geraldo Julio, mas como a lei me dá até setembro, então, quem tem prazo, não tem pressa.
LeiaJá - Como conciliar a vida pessoal com a vida política, principalmente agora, com a gravidez?
Marília Arraes - Eu acho que não é diferente da maioria das mulheres que se dedica a casa e aos filhos. Para mim está sendo muito tranquilo e se encaramos com naturalidade, dará tempo de fazer tudo. A visão é de quem educa e cria os filhos é a família, e tenho certeza que vou contar com o apoio da minha família, e do meu esposo. Estou com 29 semanas (sete meses), nascerá em junho, mas ainda não sei o sexo.
LeiaJá – A senhora faz parte atualmente da bancada da oposição da Câmara do Recife. Como é está do outro lado?
Marília Arraes - É muito natural. Uma das grandes razões para eu ter tomado uma decisão de uma postura crítica, foi ter feito parte do governo, e se você discorda de alguma coisa, você tem que externar. É natural e bastante honesto.
LeiaJá - Irá fiscalizar como manda a oposição?
Marília Arraes - Já estou contribuindo desde o ano passado. Já estamos analisando os projetos que chegam do Executivo. Já critiquei e me se posicionei.
LeiaJá - Vai sair como candidata em 2016?
Marília Arraes - Claro.
LeiaJá - Como vereadora ou outro cargo?
Marília Arraes - Vai depender da construção que a gente fizer neste período, mas estou à disposição para contribuir da melhor forma possível e levar o Recife para outros caminhos. Se for vereadora ou candidata de algum outro cargo, vou fazer o melhor possível, e lembramos que nunca houve prefeita ou vice-prefeita no Recife. Então, a gente está à disposição, mas não tenho nenhuma ambição pessoal, mas há possibilidade de construir um caminho diferente.