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O prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus foi declarado culpado nesta segunda-feira(1°) de infringir a legislação trabalhista em Bangladesh, informou um promotor à AFP.

"O professor Yunus e três de seus colegas da Grameen Telecom foram declarados culpados em virtude da legislação trabalhista e condenados a seis meses de prisão", declarou Khurshid Alam Khan.

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No entanto, os quatro foram imediatamente colocados em liberdade sob fiança enquanto aguardam a apelação.

Yunus, de 83 anos, é reconhecido por tirar milhões de pessoas da pobreza graças a seu pioneiro banco de microcréditos, mas a primeira-ministra, Sheikh Hasina, o acusa de "tirar sangue" dos pobres.

Em agosto, 160 personalidades mundiais, entre elas o ex-presidente americano Barack Obama e o ex-secretário geral da ONU Ban Ki-moon, publicaram uma carta conjunta na qual denunciaram o "contínuo assédio judicial" a Yunus.

Os signatários, entre eles mais de 100 premiados com o Nobel, afirmaram temer por "sua segurança e liberdade".

Hasina, que se apresenta à reeleição nas legislativas deste mês, tem feito duros ataques verbais contra o internacionalmente respeitado prêmio Nobel da Paz 2006, considerado um potencial rival político por sua crescente popularidade.

-"Não tem fundamento" -

Os quatro condenados foram acusados de violar leis ao não criarem um fundo de assistência aos funcionários da Grameen Telecom, uma das empresas sociais fundadas por Yunus. Eles negan todas as acusações.

Dezenas de pessoas organizaram uma pequena concentração em apoio a Yunus na porta do tribunal.

"Me castigaram por um crime que não cometi", disse o prêmio Nobel da Paz a jornalistas. "Se querem chamar isso de justiça, podem fazê-lo", acrescentou.

Yunus enfrenta mais de cem processos separados nos tribunais de Bangladesh por infrações trabalhistas e supostas propinas, ligados às empresas sociais que criou em seu país para gerar empregos e prestar serviços aos pobres.

No mês passado, assegurou a jornalistas que não se beneficiou de nenhuma das mais de 50 empresas que fundou.

"Não eram para meu benefício pessoal, seja o banco Grameen ou muitas outras organizações", afirmou Yunus.

Outro de seus advogados, Khaja Tanvir, declarou à AFP que o caso "não tem fundamento, é falso e está motivado" politicamente.

"O único objetivo do caso é assediá-lo e humilhá-lo perante o mundo", afirmou.

Irene Khan, ex-secretária-geral da Anistia Internacional e atual relatora especial da ONU participou da leitura de sentença nesta segunda-feira.

"Um ativista social e prêmio Nobel que trouxe honra e orgulho ao país está sendo perseguido por motivos frívolos", afirmou.

Críticos acusam os tribunais de Bangladesh de endossar as decisões do governo de Hasina, que provavelmente será reeleita na próxima semana em votações boicotadas pela oposição.

A Anistia Internacional acusou seu governo de "instrumentalizar a legislação trabalhista" quando Yunus foi julgado em setembro e pediu o fim imediato de seu "assédio".

Os julgamento contra Yunus são "uma forma de represália política por seu trabalho e sua dissidência", afirmou.

A temporada de Prêmios Nobel começa na próxima semana com o otimismo da humanidade em baixa devido à guerra na Ucrânia e a multiplicação de conflitos, o que pode deixar vaga este ano a posição emblemática de laureado pela Paz, segundo analistas.

O primeiro prêmio, de Medicina, será anunciado na segunda-feira (2) em Estocolmo, e o da Paz será revelado na sexta (6) em Oslo. Exceto se o Comitê do Nobel decidir ressaltar a gravidade da situação internacional sem atribuí-lo a ninguém.

Uma prova da tensão: a Fundação Nobel voltou atrás recentemente em sua decisão de convidar os embaixadores da Rússia e de Belarus à cerimônia de premiação em Estocolmo em dezembro, após uma onda de indignação provocada pelo anúncio.

"Em muitos sentidos, seria apropriado que o comitê não entregasse nenhum prêmio este ano", declarou à AFP o professor sueco de Relações Internacionais Peter Wallensteen. "Seria uma boa maneira de destacar a gravidade da situação mundial", insistiu.

A última vez que os cinco membros do Comitê deixaram a posição vaga aconteceu em 1972, em plena guerra do Vietnã. Porém, não encontrar um laureado entre as 351 candidaturas recebidas este ano seria considerado um fracasso.

"É muito difícil imaginar um cenário como esse", explicou o secretário do Comitê do Nobel, Olav Njølstad, à AFP.

"Não diria que é impossível, [mas] o mundo realmente necessita de algo que indique uma direção correta. É muito necessário que o Prêmio Nobel da Paz seja concedido também neste ano", afirmou.

- A luta das mulheres iranianas?

Quem poderia ser um candidato para o aguardado prêmio?

Alguns analistas indicam as mulheres iranianas, protagonistas de uma onda de manifestações após a morte da jovem Mahsa Amini, detida por supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica.

As ativistas Masih Alinejad e Narges Mohammadi ou a Aliança para a Democracia e a Liberdade no Irã são consideradas potenciais laureadas.

Outros candidatos possíveis seriam as organizações que investigam os crimes de guerra cometidos na Ucrânia e o próprio Tribunal Penal Internacional.

Especialistas não descartam os ativistas que lutam para mitigar as consequências da mudança climática, após um ano marcado por condições extremas e o verão mais quente já registrado.

"Acredito que a mudança climática seria uma escolha excelente para o Prêmio Nobel da Paz este ano", considerou o diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), Dan Smith.

Ele mencionou, entre outros, o movimento 'Fridays For Future', impulsionado pela ativista sueca Greta Thunberg, e o cacique Raoni Metuktire, símbolo da luta contra o desmatamento e a favor dos direitos indígenas no Brasil.

No ano passado, o prêmio foi concedido em conjunto à ONG russa Memorial - dissolvida pela Justiça russa -, ao ucraniano Centro de Liberdades Civis e ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski.

- "Refletir a época" -

Em relação ao Prêmio Nobel de Literatura, os nomes que circulam incluem a autora e crítica russa Lyudmila Ulitskaya, a escritora chinesa Can Xue, o britânico Salman Rushdie, a autora americana-caribenha Jamaica Kincaid e o dramaturgo norueguês Jon Fosse.

Os críticos esperam que a Academia confirme sua promessa de apostar na diversidade após o escândalo #MeToo, que sacudiu a instituição sueca em 2018.

No ano passado, a Academia premiou a escritora feminista francesa Annie Ernaux. Foi a 17ª mulher a receber o prêmio desde 1901, quando foi concedido pela primeira vez.

Desde o escândalo, a instituição premiou três mulheres (Ernaux, a poeta americana Louise Gluck e a escritora polonesa Olga Tokarczuk) e dois homens (o austríaco Peter Handke e o tanzaniano Abdulrazak Gurnah).

"Nos últimos anos, houve uma maior consciência sobre o fato de que não podemos permanecer em uma perspectiva eurocêntrica, é necessário mais igualdade e que o prêmio deve refletir a época", disse à AFP Carin Franzen, professora de Literatura da Universidade de Estocolmo.

A promessa de aumentar a diversidade não foi totalmente atendida, já que é preciso voltar a 2012, com o escritor chinês Mo Yan, para encontrar um premiado que não seja europeu ou americano.

A temporada do Nobel começará com os prêmios científicos (Medicina, Física e Química) e terminará na segunda-feira, 9 de outubro, com o de Economia, o único que não foi criado pelo sueco Alfred Nobel (1833-1896).

Um tribunal de Belarus condenou nesta sexta-feira (3) o ativista pró-democracia Ales Bialiatski, um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2022, a 10 anos de prisão, informou sua organização de defesa dos direitos humanos.

A ONG Viasna afirmou que outros dois ativistas julgados ao lado de Bialiatski, Valentin Stefanovitch e Vladimir Labkovitch, foram condenados a nove e sete anos de prisão, respectivamente.

Os três foram detidos após as históricas manifestações contra a polêmica reeleição, em 2020, do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko.

Bialiatski, de 60 anos e fundador da Viasna em 1996, e os outros dois ativistas foram acusados de financiar "atividades que violam gravemente a ordem pública", segundo a ONG.

A líder opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya criticou a condenação. "Devemos fazer todo o possível para lutar conra esta injustiça vergonhosa", escreveu no Twitter.

Bialiatski venceu o Nobel da Paz por sua defesa dos direitos humanos. Ele dividiu o prêmio com a ONG russa Memorial e a organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis.

Do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao presidente ucraniano, boa parte das candidaturas propostas ao Prêmio Nobel da Paz de 2023, cujo prazo termina nesta terça-feira (31), está relacionada com a guerra na Ucrânia, ainda que não seja garantia de favoritismo.

Entre os indivíduos e as organizações indicados ao Comitê Norueguês do Nobel, os poucos nomes divulgados publicamente são personalidades envolvidas no conflito que teve início há quase um ano, ou opositores do presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo os estatutos da premiação, as lista de indicações permanece em sigilo por pelo menos 50 anos, mas os milhares de patrocinadores (congressistas e ministros de todos os países, ex-premiados, acadêmicos, entre outros) são livres para revelar a identidade de seus candidatos.

O prêmio de 2023, que anualmente indica centenas de nomes, será anunciado no início de outubro.

- "Trabalho exemplar" -

Um deputado populista norueguês de direita deu a entender que nomeará o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que se tornou um símbolo da resistência à invasão russa iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

O mesmo político submeteu a candidatura de seu compatriota Jens Stoltenberg, que, segundo ele, "merece o prêmio por seu trabalho exemplar como secretário-geral da Otan em um período difícil para a aliança: a ofensiva brutal e não provocada contra um pacífico país vizinho", disse.

Também está na lista o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, indicado pelo líder do Senado do Paquistão por seus esforços de paz "antes e durante a guerra russo-ucraniana".

Opositores ao governo de Putin também estão concorrendo: Alexei Navalny, ativista anticorrupção preso na Rússia após ser vítima de uma tentativa de envenenamento, e o jornalista Vladimir Kara-Mourza, também detido após sobreviver a dois envenenamentos.

"Hoje sabemos que a base desta guerra é um regime russo construído sobre a corrupção e a opressão", disse o deputado norueguês que atua no "combate político" pelo fim dos conflitos na Ucrânia, sendo citado pela agência NTB.

As duas últimas edições de Nobel tiveram críticas reconhecidas ao presidente russo.

No ano passado, foram premiados a organização não-governamental russa Memorial, que teve sua dissolução ordenada pela Justiça russa; o Centro Ucraniano para as Liberdades Civis; e o ativista bielorrusso Ales Bialiatski, que está detido.

Em 2021, foi outro crítico do Kremlin, o jornalista Dmitri Muratov, editor-chefe da Novaya Gazeta, que recebeu o título junto com sua colega filipina Maria Ressa. Ambos são reconhecidos como figuras importantes na liberdade de imprensa ameaçada nos dois países.

O diretor do Instituto de Pesquisa sobre a Paz de Oslo, Henrik Urdal, considera improvável que o prêmio fique na Europa pela terceira vez seguida.

"No ano passado, foi difícil para o comitê olhar para além da Ucrânia por causa da importância e da difusão do conflito... Mas também é essencial destacar outras questões internacionais em outras partes do mundo", acrescentou.

Nos últimos anos, aumentou a especulação sobre a possibilidade de um Nobel da Paz para os defensores do meio ambiente.

A deputada norueguesa ligada à causa Lan Marie Berg anunciou, nesta terça-feira (31), que apresentou a candidatura de jovens ativistas ambientais, a sueca Greta Thunberg, que concorre ao prêmio há vários anos, e a ugandense Vanessa Nakate.

O presidente da Memorial, ONG russa ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, condenou, neste sábado (10), a "guerra insensata e criminosa" do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, ao receber a prestigiosa honraria em Oslo, também concedida a um ativista bielorrusso e uma organização ucraniana.

Sob a Presidência de Putin, "resistir à Rússia equivale ao fascismo", uma distorção que dá "justificativa ideológica à guerra insensata e criminosa de agressão contra a Ucrânia", afirmou Yan Rachinski em seu discurso de aceitação.

A diretora da ONG ucraniana Centro para as Liberdades Civis (CCL), coganhadora do prêmio, afirmou, ao receber o Nobel, que a paz na Ucrânia não pode ser alcançada "depondo as armas" frente à Rússia.

"O povo da Ucrânia quer a paz mais do que ninguém no mundo", declarou Oleksandra Matviichuk, durante a cerimônia do Nobel.

"Mas a paz para um país atacado não se consegue depondo as armas. Isso não seria paz, mas ocupação", acrescentou.

Com uma eleição altamente simbólica a favor da "coexistência pacífica", o Prêmio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira (7) a um trio de representantes da sociedade civil da Ucrânia, Rússia e Belarus, três dos principais atores do conflito ucraniano.

O prêmio foi atribuído ao ativista bielorrusso preso Ales Bialiatski, à ONG russa Memorial - cuja dissolução foi ordenada pelas autoridades russas - e ao Centro ucraniano pelas Liberdades Civis.

"O Comitê Nobel norueguês deseja honrar três defensores excepcionais dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos três países vizinhos que são Belarus, Rússia e Ucrânia", disse sua presidente, Berit Reiss-Andersen.

Como os especialistas esperavam, o comitê do Nobel quis enviar uma mensagem contra a guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa na mais séria crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.

Os cinco membros do Comitê do Nobel, porém, evitaram criticar diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, que iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro e que comemora nesta sexta-feira seu 70º aniversário.

"Este prêmio não é dirigido contra Vladimir Putin, nem por seu aniversário nem em qualquer outro sentido, exceto pelo fato de que seu governo, como o governo de Belarus, constitui um governo autoritário que reprime ativistas de direitos humanos", afirmou Reiss-Andersen.

Além disso, ela instou Belarus a libertar Ales Bialiatski, presidente fundador do Centro Viasna para a Defesa dos Direitos Humanos ("Primavera"), preso desde 2021, após as manifestações massivas do ano anterior contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, considerada fraudulento pelos países ocidentais.

- Crimes de guerra -

"Nossa mensagem é exortar as autoridades bielorrussas a libertar Bialiatski", disse Reiss-Andersen. "Mas há milhares de presos políticos em Belarus e temo que meu desejo não seja muito realista".

A esposa de Ales Bialiatski, Natalia Pinchuk, declarou à AFP que estava "cheia de emoção" e aplaudiu "o reconhecimento do trabalho de Ales, seus colaboradores e sua organização".

Por sua vez, a chefe do Centro ucraniano para as Liberdades Civis, Alexandra Matviïtchuk, pediu a criação de um tribunal internacional para julgar o presidente russo, Vladimir Putin.

"É necessário criar um tribunal internacional e levar Putin, o presidente bielorrusso Alexander) Lukashenko e outros criminosos de guerra à justiça", declarou no Facebook.

Mais cedo, sua organização disse estar "feliz" por receber este prêmio altamente simbólico, segundo uma das líderes da ONG, Olexandra Romantsova, acrescentando que ainda há "muito trabalho pela vitória".

Desde a invasão russa da Ucrânia, a organização intensificou seus esforços para identificar e documentar crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças russas contra civis ucranianos.

Já a presidência da Ucrânia expressou que "o povo ucraniano é hoje o principal construtor da paz, na qual devemos existir sem agressão".

Outro assessor da presidência ucrânia, Mikhaïlo Podoliak, comentou, porém, que "o Comitê do Nobel tem um entendimento interessante de 'paz' se representantes de dois países que atacam um 3º recebem juntos o Prêmio Nobel".

A organização Memorial, a maior em defesa dos direitos humanos na Rússia, recebeu a ordem de dissolução da Suprema Corte em dezembro de 2021.

Além de montar um centro de documentação sobre as vítimas do stalinismo, Memorial coleta e arquiva informações sobre a repressão e violações de direitos humanos na Rússia.

Logo após o anúncio do prêmio, a ONG denunciou o processo aberto contra ela na Rússia. "Enquanto o mundo inteiro nos parabeniza pelo Prêmio Nobel, está ocorrendo um processo no tribunal de Tverskoi [em Moscou]" contra o grupo, denunciou.

- "Poder da sociedade civil" -

A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, considerou no Twitter que "o prêmio é um importante reconhecimento para todos os bielorrussos que lutam pela liberdade e pela democracia".

Os premiados "demonstram o verdadeiro poder da sociedade civil na luta pela democracia", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Twitter.

No ano passado, o Nobel da Paz premiou dois jornalistas defensores da liberdade de expressão, a filipina Maria Ressa e o russo Dmitri Muratov, cujos respectivos meios de comunicação estão ameaçados.

O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 900.000 dólares) a serem divididos entre os vencedores.

Será entregue em uma cerimônia em Oslo em 10 de dezembro, aniversário da morte do criador dos prêmios, o inventor e filantropo sueco Alfred Noble, falecido em 1896.

É o único dos prêmios Nobel entregue em Oslo, já que os demais são concedidos em Estocolmo.

A temporada do Nobel deste ano terminará na próxima segunda-feira, com o anúncio do vencedor do prêmio de Economia.

Veja a seguir a relação dos dez últimos agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, anunciado nesta sexta-feira (7), em Oslo.

- 2022: O ativista de direitos humanos bielorrusso Ales Bialiatski, a organização russa Memorial e o Centro Ucraniano para as Liberdades Civis "pelos seus esforços impressionantes para documentar crimes de guerra, violações de direitos humanos e abusos de poder".

- 2021: os jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dimitri Muratov (Rússia), "por seus esforços para proteger a liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e a paz duradoura".

- 2020: Programa Mundial de Alimentos (PMA), da ONU, por "seus esforços na luta contra a fome, sua contribuição para melhorar as condições de paz nas zonas de conflito e por ter impulsionado os esforços para não transformar a fome em uma arma de guerra".

- 2019: Abiy Ahmed, primeiro-ministro etíope, pela reconciliação entre seu país e a Eritreia.

- 2018: O ginecologista Denis Mukwege (República Democrática do Congo) e a yazidi Nadia Murad, por seus esforços para pôr fim ao uso da violência sexual como arma de guerra.

- 2017: Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), por sua luta para abolir este armamento.

- 2016: Juan Manuel Santos, por ter contribuído para pôr fim a meio século de guerra interna na Colômbia.

- 2015: Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia, que permitiu salvar a transição democrática tunisiana.

- 2014: Malala Yousafzai (Paquistão) e Kailash Satyarthi (Índia), por seu combate contra a exploração infantil e dos jovens e pelo direito de todos à educação.

- 2013: Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), por seus esforços para erradicar esse tipo de armamento de destruição em massa.

A vencedora do Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai, que foi baleada pelo Talibã paquistanês em um ônibus escolar, casou-se nesta terça-feira (9) durante uma cerimônia particular em Birmingham, Reino Unido, segundo anunciou nas redes sociais.

“Hoje é um dia lindo na minha vida. Asser (Malik) e eu nos casamos para sermos parceiros para a vida toda”, escreveu ela no Twitter, junto com algumas fotos de ambos.

"Fizemos uma pequena cerimônia nikah em casa, em Birmingham, com nossas famílias. Por favor, enviem suas orações. Estamos entusiasmados em trilhar o caminho que nos espera juntos", acrescentou.

Uma cerimônia nikah é o primeiro passo em um casamento islâmico.

Ativista pela educação feminina, Malala foi vítima de um ataque do Talibã no Paquistão em 2012, quando tinha apenas 15 anos.

Uma das balas atingiu sua cabeça e ela teve que ser evacuada entre a vida e a morte para um hospital de Birmingham, onde acabou se recuperando.

Agora com 24 anos, a Nobel de 2014, a mais jovem na história a receber este prêmio, concluiu seus estudos na Universidade de Oxford e continua a lutar pela educação de meninas com sua ONG Malala Fund.

A cerimônia de entrega do prêmio Nobel da Paz, que se realizou de forma remota em 2020 devido à pandemia, será celebrada este ano no formato presencial em dezembro, em Oslo, anunciou nesta terça-feira (26) o Comitê Nobel.

"Os dois contemplados com o prêmio Nobel da Paz, Maria Ressa e Dimitri Mouratov, e o representante do ganhador no ano passado, o Programa Mundial de Alimentos, estarão presentes", destacou à AFP por e-mail o secretário do Comitê Norueguês do Nobel, Olav Njolstad.

Em 8 de outubro, o prestigioso prêmio foi para dois jornalistas investigativos, a filipina Maria Ressa e o russo Dimitri Mouratov, reconhecendo, assim, pela primeira vez, o papel da imprensa independente.

A cerimônia de gala será celebrada tradicionalmente em 10 de dezembro, aniversário da morte em 1896 do fundador dos prêmios, Alfred Nobel.

No mesmo dia, uma segunda cerimônia é realizada em Estocolmo para entregar os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Economia.

Estes prêmios serão, sim, entregues aos contemplados em seu país de origem, por causa da pandemia, segundo a Fundação Nobel.

A vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, que foi baleada pelos talibãs paquistaneses quando era estudante, pediu aos novos governantes do Afeganistão que permitam que as meninas voltem para a escola.

Há um mês, os talibãs, que retomaram o poder em agosto no país, proibiram as alunas de retomarem o ensino médio, enquanto os meninos foram autorizados a voltar às aulas.

Os talibãs disseram que vão permitir o retorno das meninas, depois de garantirem a segurança e a segregação estrita, conforme sua ultraconservadora interpretação da lei islâmica. Muitos duvidam, no entanto, de uma mudança de posição.

"Para as autoridades talibãs (...) revoguem a proibição, de facto, da educação de meninas e reabram imediatamente as escolas de ensino médio para elas", convocaram Malala e várias ativistas afegãs pelos direitos das mulheres, em uma carta aberta divulgada no domingo (17).

Malala pediu aos líderes das nações muçulmanas que deixem claro para os talibãs que "a religião não justifica impedir que as meninas frequentem a escola".

"O Afeganistão é agora o único país do mundo que proíbe a educação de meninas", disseram as signatárias, entre elas, Shaharzad Akbar, chefe da Comissão de Direitos Humanos afegã do último governo apoiado pelos Estados Unidos.

Elas também pediram aos líderes mundiais do G20 que forneçam fundos urgentes para um plano educacional para as crianças afegãs.

Malala Yousafzai foi baleada por militantes do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), o irmão ideológico do Talibã afegão, em sua cidade natal, no Vale do Swat, quando estava em um ônibus escolar, em 2012.

Agora, com 24 anos, ela defende a educação das meninas. Seu Fundo Malala, uma organização sem fins lucrativos, já investiu US$ 2 milhões no Afeganistão.

O porta-voz do presidente filipino, Rodrigo Duterte, disse nesta segunda-feira (11) que o fato de a jornalista crítica do governo Maria Ressa ter ganhado o Prêmio Nobel é uma prova de que "a liberdade de imprensa está viva" no país.

A cofundadora do portal de notícias Rappler e o jornalista russo Dmitri Muratov receberam o Prêmio Nobel da Paz na última sexta-feira (8) por seus esforços para "proteger a liberdade de expressão".

Desde que Duterte assumiu o poder, em 2016, Ressa e Rappler foram alvo de várias acusações penais e de investigações que, de acordo com os advogados deste veículo de imprensa, constituem assédio, por parte do Estado, ao trabalho. Entre outras pautas do site, está a cobertura da sangrenta guerra do governo contra o tráfico de drogas.

Duterte já classificou o Rappler de "sucursal de notícias falsas", e Ressa foi vítima de assédio nas redes.

"É uma vitória para uma filipina, e estamos muito felizes", declarou o porta-voz de Duterte, Harry Roque, em entrevista coletiva.

"A liberdade de imprensa está viva, e a prova é o Prêmio Nobel de Maria Ressa", completou Roque.

Veículos da imprensa e grupos de direitos humanos das Filipinas aplaudiram o prêmio, considerando-o um "triunfo", em um país classificado como um dos mais perigosos do mundo para jornalistas.

Ex-jornalista da CNN e autora de "How to Stand Up to a Dictator" ("Como enfrentar um ditador", em tradução livre), Ressa, de 58 anos, está sendo processada em sete casos diferentes.

No momento, encontra-se em liberdade sob fiança. Ela espera a decisão sobre um recurso apresentado por sua defesa, após ser condenada por difamação em junho passado. Se for considerada culpada neste caso, ela corre o risco de ser condenada a uma pena de até seis anos de prisão.

Outros dois casos de difamação on-line foram arquivados há alguns meses.

Ainda assim, o porta-voz de Duterte rejeitou a ideia de que Ressa seja um problema para o governo, insistindo em que "ninguém nunca foi censurado nas Filipinas".

"Maria Ressa ainda tem de limpar seu nome nos nossos tribunais", completou Roque, que a chamou de "criminosa condenada".

- Escudo -

Em declarações à AFP no sábado (9), Ressa disse confiar em que o prêmio será uma espécie de escudo protetor para ela e para outros jornalistas filipinos, que sofrem ataques físicos e cyberbullying.

"Esse 'nós contra eles' não foi criado por jornalistas. Foi criado pelas pessoas que estão no poder, que estão comprometidas com uma forma de governar que divide a sociedade", afirmou, descrevendo o prêmio como uma "dose de adrenalina".

"Espero que permita que os jornalistas façam bem seu trabalho, sem medo", acrescentou.

Durante anos, Maria Ressa destacou a violência que acompanha a campanha antidrogas iniciada por Duterte. Segundo organizações de direitos humanos, esta política já deixou dezenas de milhares de mortos. Em setembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) autorizou sua investigação.

O Rappler é um dos meios de comunicação que publicam imagens hediondas dos assassinatos e questionam seu embasamento jurídico.

Outros veículos pagaram caro pela cobertura desta política, como a rádio ABS-CBN, que perdeu sua licença no ano passado.

Maria Ressa acredita, no entanto, que a independência do Rappler permite que se defenda.

"Não temos outras empresas para proteger, então é fácil para nós nos defendermos", explicou.

A jornalista filipina Maria Ressa declarou neste sábado (9) que seu prêmio Nobel da Paz é para "todos os jornalistas do mundo" e os exortou a continuar lutando pela liberdade de imprensa.

"Isso é realmente para todos os jornalistas do mundo", disse Ressa, em declarações à AFP. A jornalista é uma das vozes mais críticas do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

"Precisamos de ajuda em muitas frentes. É muito mais difícil e perigoso ser jornalista hoje", afirmou.

Ressa, cofundadora do veículo online Rappler, e o jornalista russo Dimitri Muratov, editor-chefe do jornal Novaya Gazeta, receberam o Nobel da Paz na sexta-feira (9) por seus esforços pela "liberdade de expressão".

O reconhecimento de Ressa foi visto como um "triunfo" por organizações humanitárias e pela mídia em um país que é considerado um dos mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo.

Maria Ressa, de 58 anos, ex-jornalista da CNN, tem sido alvo de várias investigações e processos judiciais nos últimos anos e tem sofrido intenso cyberbullying, especialmente desde que Duterte chegou ao poder em 2016.

O Rappler publicou artigos críticos ao chefe de Estado, principalmente por sua luta sangrenta e polêmica contra o tráfico de drogas.

- Escudo -

Ressa confia que o prêmio será uma espécie de escudo protetor para ela e outros jornalistas filipinos, que sofrem ataques físicos e cyberbullying.

"Esse 'nós contra eles' não foi criado por jornalistas, foi criado pelas pessoas que estão no poder, que estão comprometidas com uma forma de governar que divide a sociedade", disse, descrevendo o prêmio como uma "dose de adrenalina".

"Espero que permita que os jornalistas façam bem o seu trabalho, sem medo", acrescentou.

Durante anos, Maria Ressa destacou a violência que acompanha a campanha antidrogas iniciada por Duterte, que segundo organizações de direitos humanos já deixou dezenas de milhares de mortos e que o Tribunal Penal Internacional (TPI) autorizou em setembro a investigar.

O Rappler é um dos meios de comunicação que publica imagens hediondas de assassinatos e questiona seu sustento jurídico.

Outros veículos pagaram caro por essa política, por exemplo, a rádio ABS-CBN, que perdeu sua licença no ano passado.

Mas Ressa acredita que a independência do Rappler permite que se defenda. "Não temos outras empresas para proteger, então é fácil para nós nos defendermos", comentou.

A Nobel da Paz é acusada em sete casos diferentes, todos descritos como "ridículos" pela jornalista, determinada a ganhá-los um a um.

Ela está atualmente em liberdade sob fiança e aguarda recurso após ser condenada por difamação em junho, em um caso em que corre o risco de sete anos de prisão.

Dois casos de difamação online foram rejeitados há alguns meses e Ressa, autora de "How to Stand Up to a Dictator" ("Como enfrentar um ditador", em tradução livre) espera ir à Noruega para receber seu Nobel.

"O maior desafio sempre foi superar o medo", disse. "Ser destemida não significa não ter medo, mas simplesmente saber como lidar com isso", acrescentou ela.

"Às vezes eu digo que realmente teria que agradecer ao presidente Duterte porque você sabe quem é até o momento em que tem que lutar por isso", disse Ressa. "E agora eu sei quem eu sou".

Ressa afirmou que a campanha eleitoral nas Filipinas, que começou este mês com a inscrição de candidatos para mais de 18 mil cargos, será um momento "crítico" e afirmou que seu país está muito perto de ter "democracia apenas no nome".

As eleições vão eleger o sucessor de Duterte, que é proibido pela Constituição de concorrer a um segundo mandato de seis anos.

As pesquisas colocam sua filha Sara e o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, que leva o nome do pai, entre os favoritos. Por enquanto, Sara Duterte negou que queira aparecer.

Os jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dimitri Muratov (Rússia) ganharam o Prêmio Nobel da Paz, concedido nesta sexta-feira (8), por sua luta pela liberdade de expressão em seus respectivos países - anunciou o Comitê do Nobel.

Ressa e Muratov foram reconhecidos "por seus esforços para proteger a liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e a paz duradoura", declarou a presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo.

Dimitri Muratov, de 59 anos, é um dos fundadores e editor-chefe do jornal russo Novaya Gazeta e "defende, há décadas, a liberdade de expressão na Rússia, em condições cada vez mais difíceis", destacou o júri.

Ex-jornalista da rede americana CNN e cofundadora do site de notícias Rappler, Maria Ressa, de 58, foi alvo, nos último anos, de várias investigações, processos judiciais e intenso cyberbullying. O Rappler já publicou matérias críticas da gestão do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, abordando, inclusive, sua sangrenta e polêmica luta contra o narcotráfico.

"Nada é possível sem fatos", afirmou Ressa em entrevista on-line transmitida pelo Rappler, acrescentando que "um mundo sem fatos significa um mundo sem verdade e sem confiança".

A jornalista disse ter-se emocionado ao saber da premiação e garantiu que o Rappler "apenas continuará fazendo o que sempre fez".

"É o melhor momento para ser jornalista", frisou Ressa.

"Os momentos mais perigosos são também os momentos mais importante", completou.

Em abril, Ressa foi agraciada com o Prêmio Mundial da Liberdade de Imprensa Unesco/Guillermo Cano 2021, criado em memória do jornalista colombiano Guillermo Cano assassinado em 1986.

Em 120 anos de história, o Nobel da Paz nunca havia reconhecido o trabalho de uma imprensa independente que força as autoridades a prestarem contas e contribui na luta contra a desinformação.

"As reportagens que nos ajudam a ficar informados e a ter uma ideia dos assuntos da atualidade em tempo real são essenciais para um bom debate público e para as instituições democráticas", afirmou recentemente o diretor do Instituto de Pesquisas para a Paz de Oslo, Henrik Urdal.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) celebrou o anúncio, "um sinal poderoso, um chamado à ação".

"Neste momento, dois sentimentos dominam: alegria e urgência", disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, a jornalistas, na sede da organização em Paris.

"Alegria, porque é uma mensagem maravilhosa e poderosa a favor do jornalismo. Uma bela homenagem a dois jornalistas (...) que representam o conjunto de jornalistas no planeta, que assumem riscos para favorecer o direito à informação".

"E, depois, um sentimento de urgência, porque o jornalismo se fragilizou, porque o jornalismo está sendo atacado, porque as democracias também (estão sendo atacadas), porque a desinformação e os rumores enfraquecem tanto o jornalismo quanto as democracias, e porque chegou a hora de agir", acrescentou.

- Dedicado aos jornalistas assassinados -

Depois de receber a notícia do Nobel, Muratov, editor-chefe do principal jornal independente russo, Novaya Gazeta, dedicou-o ao seu jornal e a seus seis jornalistas e colaboradores assassinados desde 2000.

"Não posso levar o crédito por isso. É da Novaya Gazeta. É dos que morreram defendendo o direito das pessoas à liberdade de expressão", afirmou Muratov, citando os nomes dos seis profissionais assassinados, como Anna Politkovskaya, informou a agência russa de notícias TASS.

"Como não estão conosco, (o Comitê do Nobel) decidiu, visivelmente, que eu deveria dizer isso para todo mundo (...) Esta é a verdade, é para eles", completou.

Muratov explicou que não conseguiu atender o telefone quando recebeu a ligação do Comitê do Nobel, porque estava trabalhando e ainda não teve tempo de ler o texto do anúncio.

De acordo com o jornal, uma parte do valor recebido pelo prêmio será destinado a um fundo de caridade que ajuda crianças com doenças raras. Esta organização, Krug Dobra (O Círculo da Bondade, em tradução livre), foi fundada em janeiro por iniciativa do presidente russo, Vladimir Putin.

Criada em 1993, a Novaya Gazeta costuma ser alvo de ataques e intimidações.

Pouco antes, o Kremlin elogiou a "coragem" e o "talento" do repórter.

"Felicitamos Dimitri Muratov. Trabalha sem cessar, seguindo seus ideais, mantendo-os. Tem talento e coragem", disse o porta-voz da Presidência, Dimitri Peskov à imprensa.

Este ano, havia 329 candidatos na disputa. Entre os favoritos, estavam, por exemplo, a oposição bielorrussa, a ativista do clima Greta Thunberg e outras organizações dedicadas a proteger a liberdade de imprensa da repressão e da censura, como a já citada RSF, ou o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Acertar o vencedor, ou vencedores (no máximo três), não é fácil, diante do sigilo mantido por 50 anos sobre a lista de indivíduos e organizações na disputa.

Ainda não se sabe se os ganhadores poderão se deslocar para Oslo para receber o prêmio, devido à pandemia da covid-19 e à situação em seus respectivos países.

Composto de um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de 10 milhões de coroas (980.000 euros), o prêmio costuma ser entregue em 10 de dezembro, data de aniversário da morte de Alfred Nobel (1833-1896), seu criador.

Depois do Prêmio da Paz, o único anunciado na capital norueguesa, os membros do Nobel voltam para Estocolmo para fechar a temporada de anúncios com a última categoria, a de Economia, na próxima segunda-feira (11).

O médico congolês Denis Mukwege, Prêmio Nobel da Paz de 2018, reivindicou nesta sexta-feira (10) a criação de um tribunal penal internacional para a República Democrática do Congo, país mergulhado na violência há mais de 25 anos.

"Apesar do estado de sítio instaurado nos Kivus e em Ituri" desde o início de maio, "a situação em termos de segurança não parece melhorar nessas províncias", afirmou Denis Mukwege em um comunicado, referindo-se "com horror aos recentes massacres".

Estes ataques deixaram dezenas de mortos nos territórios de Beni e Irumu.

As populações "vivem com medo e terror", apesar de a ONU ter mobilizado suas forças na região, a Monusco, para apoiar o Exército congolês.

Segundo ele, "esta situação trágica e escandalosa não pode continuar".

"Diante do fracasso das soluções políticas e de segurança, estamos convencidos de que o caminho para a paz duradoura exigirá o recurso a todos os mecanismos de justiça de transição", convocou.

Nesse sentido, afirmou que o presidente congolês, Felix Tshisekedi, deve "solicitar, de forma expressa, às Nações Unidas que estabeleça um tribunal penal internacional para a República Democrática do Congo e apoie a criação de câmaras especializadas mistas para fazer justiça às vítimas de os crimes mais graves".

"Os líderes de todo mundo tomarão a palavra em breve" na Assembleia Geral da ONU, lembrou Mukwege, estimulando Tshisekedi a "pedir a ajuda das Nações Unidas e a adoção de uma resolução do Conselho de Segurança para implementar, sem demora, uma equipe de investigadores".

Segundo Mukwege, um médico que atua em Kivu do Sul, esses investigadores terão de "exumar as numerosas valas comuns no leste do país e coletar e preservar as provas de atos suscetíveis de constituir crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes de genocídio".

É preciso "pôr fim à cultura de impunidade que alimenta os conflitos no nosso país desde os anos 1990", concluiu.

"Paz e erradicação da fome são indissociáveis" - reagiu nesta sexta-feira (9), no Twitter, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz 2020.

"Profundos agradecimentos a @PrixNobel que concedeu ao Programa Mundial de Alimentos o #PrixNobeldelapaix 2020. É um poderoso lembrete para o mundo de que a paz e a erradicação da fome são indissociáveis", tuitou o Programa.

Nas palavras de seu diretor-executivo, David Beasley, o PMA está "profundamente honrado" com esse reconhecimento.

Receber o Prêmio Nobel da Paz é um "momento de orgulho", reagiu o porta-voz do PMA, Tomson Phiri, alguns segundos após o anúncio do Comitê Nobel da Noruega.

"Uma das belezas das atividades do PMA é que não fornecemos alimentos apenas para hoje e amanhã, mas também damos às pessoas os conhecimentos necessários para se sustentarem nos dias que se seguem", disse Phiri em uma entrevista coletiva em Genebra, logo após saber, ao vivo, que sua organização havia sido premiada.

"Este Prêmio Nobel da Paz é um reconhecimento aos esforços feitos" pela organização "em todo mundo", acrescentou o porta-voz.

Ele destacou que, embora a pandemia da covid-19 tenha paralisado o setor aéreo, dificultando o deslocamento, o PMA conseguiu continuar a fazer seu trabalho.

"A questão da desnutrição aguda severa não é apenas uma questão de falta de nutrição. E, em países em conflito, (...) você também precisa de paz, de estabilidade. Todo o restante se torna menos intimidador quando você tem paz ", disse ele, citando Sudão do Sul, Síria, Iêmen e Afeganistão.

"Estamos presentes em áreas de conflito, estamos presentes em áreas que não estão em conflito, também estamos em países em desenvolvimento. Ajudamos muitos governos a desenvolver políticas nacionais, trabalhamos em inúmeros setores para ajudar os países que podem estar em necessidade", detalhou.

O porta-voz também explicou que o PMA é 100% financiado por contribuições voluntárias, observando que, em 2020, os doadores repassaram cerca de US$ 8 bilhões, um valor recorde.

Phiri apontou, porém, que "este orçamento foi estabelecido antes que a pandemia chegasse, e continuamos a pedir aos doadores que continuem a nos ajudar".

O Prêmio Nobel da Paz foi concedido, nesta sexta-feira (9), ao Programa Mundial de Alimentos (ou Programa Alimentar Mundial) da ONU - anunciou o Comitê Nobel norueguês, destacando que a necessidade de soluções multilaterais é "mais visível do que nunca".

O PMA (ou PAM) foi recompensado por "seus esforços de luta contra a fome, por sua contribuição para a melhoria das condições de paz nas zonas atingidas por conflitos e por ter desempenhado um papel de liderança nos esforços, visando a impedir o uso da fome como arma de guerra", declarou a presidente do Comitê Nobel, Berit Reiss-Andersen.

Este é o 12º Prêmio Nobel da Paz concedido a uma organização ou personalidade da ONU, ou que seja ligada às Nações Unidas. O PMA foi fundado em 1961, tem sede em Roma e é financiado exclusivamente por doações voluntárias.

A agência diz que distribuiu 15.000 rações de alimentos no ano passado e ajudou 97 milhões de pessoas em 88 países. Os números podem parecer altos, mas representam apenas uma fração muito pequena das necessidades do mundo.

O Programa se define como "a maior organização humanitária" em um mundo onde 690 milhões de pessoas, ou seja, uma em cada 11, sofreram de falta crônica de alimentos em 2019. Números que, sem dúvida, pioraram este ano com a pandemia dos novo coronavírus.

No total, 211 indivíduos e 107 organizações foram candidatos ao Prêmio Nobel da Paz em 2020.

O prêmio, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e dez milhões de coroas suecas (em torno de US$ 1,1 milhão) será entregue formalmente em 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, empresário e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896), se as condições sanitárias permitirem.

No ano passado, o Nobel da Paz foi concedido ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, por seus esforços para se aproximar do ex-irmão inimigo Eritreia.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta quinta-feira (24) a visita de Kailash Satyarthi, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2014.

Ativista pelos direitos das crianças, o indiano já se encontrou com Lula outras vezes, em 2013 e 2016, no Instituto. É o segundo Nobel da Paz a visitar Lula na prisão. O primeiro foi o argentino Adolfo Perez Esquivel. "Condenam Lula porque ele tirou 36 milhões de brasileiros da miséria extrema, da fome, da marginalidade, da grave situação que vive o povo do Brasil. Ele dedicou sua vida a seu povo, e não se serviu do povo. Logicamente, esperamos que o comitê do Nobel o considere”, declarou Esquivel após a visita em janeiro deste ano.

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Mais tarde, às 16h, também visitam Lula o vice-presidente do PT, Márcio Macedo, e o deputado federal José Guimarães.

A Academia Sueca concedeu ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, de 43 anos, o Prêmio Nobel da Paz pelos seus esforços para alcançar a paz na Eritreia. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (11) em Oslo, na Noruega.

“O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, foi este ano galardoado com o Prêmio Nobel da Paz pelos esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional e, em particular, pela sua iniciativa decisiva para resolver o conflito fronteiriço com a vizinha Eritreia”, afirmou o Comitê, em nota.

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A Etiópia e a Eritreia são inimigos de longa data, tendo travado uma guerra na fronteira entre 1998 e 2000 e restaurado as relações apenas em julho de 2018, após décadas de hostilidade.

O júri destacou o “importante trabalho [de Ahmed] para promover a reconciliação, a solidariedade e a justiça social”.

O prêmio também visa a reconhecer "todas as partes interessadas que trabalham pela paz e reconciliação na Etiópia e nas regiões leste e nordeste da África", acrescenta o comunicado.

"Abiy Ahmed Ali iniciou importantes reformas que proporcionam a muitos cidadãos a esperança de uma vida melhor e de um futuro melhor", diz ainda a nota.

Desde que assumiu o cargo de primeiro-ministro da Etiópia, em abril de 2018, após três anos de protestos nas ruas, Abiy anunciou uma série de reformas que tinham como objetivo mudar o país, onde vivem cerca de 100 milhões de pessoas.

As medidas, que fizeram aumentar as esperanças do povo etíope, passaram por uma liberalização parcial da economia controlada pelo Estado e por uma reforma nas forças de segurança.

O Comitê Norueguês do Nobel acredita que é agora que os esforços de Abiy Ahmed merecem reconhecimento e precisam de incentivo.

“Este reconhecimento é uma vitória para todo o povo etíope, e é também uma motivação para fortalecer a nossa determinação em tornar a Etiópia – o novo horizonte da esperança – uma nação próspera para todos”, disse o gabinete do primeiro-ministro do país.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao médico congolês Denis Mukwege e à ativista de direitos humanos Nadia Murad, devido aos esforços dos dois para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras em todo o mundo.

*Emissora pública de televisão de Portugal

 Ambientalistas e antropólogos lançaram uma campanha de candidatura do chefe indígena Raoni ao Prêmio Nobel da Paz de 2020, em reconhecimento à sua luta para a preservação da Amazônia e das comunidades locais.

De acordo com a Fundação Darcy Ribeiro, que endossa a candidatura, "a iniciativa reconhece os méritos de Raoni Metuktire enquanto líder de renome mundial, que, do alto de seus 90 anos, dedicou sua vida à luta pelos direitos dos indígenas e pela preservação da Amazônia".

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O regulamento do Prêmio Nobel da Paz estipula que a indicação pode ser feitas por membros de Assembleias Nacionais por professores de universidades.

Raoni, que pertence ao povo Caiapó e é ícone dos povos indígenas da Amazônia, tornou-se mundialmente conhecido na década de 1980 como um defensor do meio ambiente. Aos 89 anos de idade, Raoni foi recebido recentemente pelo presidente da França, Emmanuel Macron, durante o G7 de Biarritz, e pelo papa Francisco, em Roma.

O índio tem denunciado as queimadas na Amazônia e acusado o governo de Jair Bolsonaro de ser um dos responsáveis pelos incêndios. Por sua vez, o governo de Bolsonaro nega que tenha encorajado uma campanha de queimadas e culpa a temporada de secas pela situação.

Da Ansa

A adolescente sueca Greta Thunberg, idealizadora de uma greve estudantil para pedir ações contra as mudanças climáticas, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz 2019, informou nesta quinta-feira (14) um dos três políticos que lançaram a iniciativa.

"Indicamos Greta Thunberg porque a mudança climática, se não for freada, será a principal causa das guerras, dos conflitos e do fluxo de refugiados futuros", afirmou à AFP o deputado norueguês Freddy André Øvstegård.

"Greta Thunberg lançou um movimento de massas no que vejo, talvez, a principal contribuição para a paz", acrescentou.

A jovem sueca de 16 anos se transformou numa figura de destaque na luta contra as mudanças climáticas, e convocou uma "greve mundial" de estudantes nesta sexta-feira (15) para pedir ações mais concretas para uma luta eficiente contra o fenômeno.

Em fevereiro, Greta Thunberg foi a Bruxelas para apoiar protestos dos jovens na capital belga, e pediu à União Europeia (UE) que redobrasse suas metas de redução de gases de efeito estufa.

A adolescente apresentou suas propostas durante um discurso de dez minutos no Comitê Econômico e Social Europeu, um organismo que representa a sociedade civil em Bruxelas, onde suas palavras foram bem recebidas.

Ela ganhou destaque internacional ao discursar durante a 24ª conferência da ONU sobre o clima, em dezembro passado, na Polônia.

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