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A empresa de turismo espacial Virgin Galactic anunciou nesta quinta-feira (3) que a pesquisadora Kellie Gerardi, 32, que faz sucesso na rede social TikTok, será enviada ao espaço para realizar estudos por alguns minutos na ausência de gravidade.

Com mais de 400 mil seguidores no aplicativo chinês de vídeos curtos, Kellie é autora de um livro que busca popularizar a ideia de um espaço acessível para todos.

O auge da indústria espacial comercial "muda por completo a situação, é um ponto de inflexão na possibilidade de os pesquisadores realizarem estudos na ausência de gravidade", disse à AFP a pesquisadora, que trabalha no Instituto Internacional de Ciências Aeronáuticas estudando os efeitos do espaço sobre o corpo humano.

O primeiro experimento de Kellie em órbita consistirá em colocar sensores debaixo de sua roupa para colher dados biométricos. O dispositivo foi testado a bordo da Estação Espacial Internacional, mas nunca durante as fases de decolagem e aterrissagem. O segundo teste terá como objetivo estudar o comportamento dos líquidos no espaço.

Dessa forma, a Virgin Galactic reafirma sua ambição de voar para o espaço mais além de levar clientes endinheirados, que podem pagar mais de US$ 200 mil pelo prazer de fazer uma viagem diferente. O objetivo é transportar cientistas que desejarem avançar em suas pesquisas nessa área.

A nave Virgin Galactic ainda está em fase de testes, mas a empresa, que não divulgou a data do voo, promete iniciar as operações comerciais regulares no começo de 2022. Questionada se não ficará no espaço por um período muito curto, de alguns minutos, Kellie foi contundente: "É um sonho."

Até agora, a pesquisadora pôde apenas embarcar em voos parabólicos, que lhe proporcionaram alguns segundos de microgravidade. Esses voos são realizados em aeronaves convencionais, que se inclinam fortemente em direção ao céu e logo mudam de sentido, apontando o nariz para o solo.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já encontraram a variante P.1 do novo coronavírus (covid-19), descrita pela primeira vez no Amazonas, em mais cinco estados: Pará, Paraíba, Roraima, Santa Catarina e São Paulo, segundo nota divulgada nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Casos provocados pela nova variante P.1 também já foram confirmados pelas secretarias estaduais de Saúde da Bahia, do Ceará e de Pernambuco.

Até o momento, não há dados que relacionem essa variante a quadros mais graves da covid-19, porém as mutações identificadas nela são semelhantes às das variantes encontradas no Reino Unido e na África do Sul, e têm potencial de facilitar a transmissão. 

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No texto divulgado nesta sexta-feira pelo instituto, a  pesquisadora Paola Cristina Resende ressalta que "é importante lembrar que as linhagens P.1 e P.2 já foram associadas a casos de reinfecção no país. Por isso, é fundamental a continuidade das medidas de prevenção, como a utilização de máscara de proteção, a higienização frequente das mãos e evitar aglomerações". 

Em todo o país, especialistas da Rede Genômica Fiocruz integram um esforço que já sequenciou quase 3,6 mil amostras coletadas no Brasil, sendo 1.035 em São Paulo, 726 no Rio de Janeiro, 340 no Amazonas, 306 Rio Grande do Sul, 167 na Paraíba, 150 em Pernambuco e as demais em outros estados.

Um balanço desse trabalho aponta que mais de 60 linhagens do vírus já foram encontradas no país, porém predominam a B.1.1.33 e a B.1.1.28, que circulam no Brasil desde março. O surgimento de linhagens diversas é um processo comum nos vírus, e, na maior parte dos casos, as mudanças implicam pequenas diferenças no material genético.

Foi a B.1.1.28 que, após mutações, deu origem à variante P.1, encontrada no Amazonas, e à P.2, descrita pela primeira vez no Rio de Janeiro. Ambas são consideradas "variantes de preocupação" e apresentam modificações na proteína spike, estrutura do vírus que se conecta às células humanas. No caso da P.1, há três mutações relacionadas à proteína (K417N, E484K e N501Y), e, na P.2, uma mutação (E484K).

No Amazonas, a variante P.1 foi apontada como a causadora de 91% dos casos da covid-19 que tiveram seu material genético sequenciado em janeiro. A variante se tornou a dominante no estado, tomando o lugar da B.1.1.28.

De forma semelhante, a variante P.2 também tem ampliado sua presença no Rio de Janeiro, que antes tinha predomínio da B.1.1.33. A nova variante também já foi identificada em outros estados, como em Rondônia, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira (10) por pesquisadores da Fiocruz no estado. 

Entre os objetivos dos pesquisadores estão entender a dispersão das linhagens do coronavírus no território nacional e identificar se as mutações recém descritas podem afetar a resposta induzida pelas vacinas.

Em nota publicada na quarta-feira pela Fiocruz Rondônia, o infectologista Juan Miguel Villalobos-Salcedo destacou a necessidade de conter a circulação do vírus. "Quanto mais casos ativos tivermos em uma população, mais chances nós temos de propagar a doença e, consequentemente, mais possibilidades teremos de provocar novas mutações do vírus".

 

De acordo com a socióloga Maria das Dores Campos Machado, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora do pentecostalismo, os grupos religiosos são compostos de diferentes perspectivas e há inúmeras lideranças com viés mais progressista, o que explica o pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro formulado por líderes evangélicos e católicos.

"A primeira coisa a ser dita é que a esfera religiosa reflete o que está acontecendo na sociedade como um todo. Os grupos religiosos são heterogêneos e têm diferentes perspectivas no seu interior", afirmou ao Estadão. A pesquisadora afirma ainda que o agravamento da crise do coronavírus pode inclusive afetar o apoio que o presidente recebe, desde 2018, das lideranças mais conservadoras.

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O que significa um pedido de impeachment que tem como autores líderes evangélicos e católicos?

A primeira coisa a ser dita é que a esfera religiosa reflete o que está acontecendo na sociedade como um todo. Os grupos religiosos são heterogêneos e têm diferentes perspectivas no seu interior. O que a gente viu em 2018 foi um alinhamento de conservadores evangélicos, católicos e judeus em torno da candidatura do Bolsonaro e que vêm sustentando o presidente. Você tem padres e pastores que vão na porta do Palácio do Planalto cumprimentar o Bolsonaro ou fazer discursos a favor dele. Os grupos religiosos têm diferentes perspectivas. No caso específico desse movimento (pelo impeachment), você tem aí vozes dissidentes com relação aos conservadores.

Pode dar exemplos?

Não podemos esquecer que tanto o movimento evangélico quanto os católicos têm uma ala progressista que é minoritária mas que aparece em vários momentos da história brasileira. O PT foi criado com apoio de católicos e da ala progressista da CNBB. Há grupos como as Católicas pelo Direito de Decidir, as evangélicas que lutam pela igualdade de gênero, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, há a Teologia Negra, um grupo preocupado com racismo estrutural. Você tem feministas evangélicas, e você tem minorias que são vozes dissidentes. E provavelmente é desse campo que vem essa mobilização de impeachment de Bolsonaro. É reflexo de uma mobilização maior que está acontecendo na sociedade brasileira.

O agravamento da crise de covid-19 pode afetar o apoio que pastores evangélicos dão a Bolsonaro desde a eleição de 2018?

Eu acho que sim, porque são vidas que estão sendo perdidas e isso mexe com famílias e com diferentes lideranças que vão, de uma certa forma, sentir isso dentro de suas comunidades. Então ele corre o risco de perder o apoio nesse meio. Embora a gente saiba que há também lideranças fisiológicas e que só largam o poder no último minuto. Mas existe sim uma possibilidade de ele perder popularidade, como aconteceu com Trump nos EUA. Ele caiu de 82% do apoio evangélico dos Estados Unidos nas eleições de 2016 e isso foi para 76% em 2020. Isso pode acontecer aqui no Brasil.

Existe clima para a abertura hoje de um processo contra o presidente no Congresso?

Eu acho que é importante que isso seja colocado e que a sociedade civil tome o máximo de iniciativa nesse sentido porque o presidente tem sido extremamente relapso e inconsequente. E a gestão dele tem sido muito maléfica para a população mais pobre e com menos recursos. A situação de Manaus, Pará e que está chegando em Rondônia... Está havendo um espraiamento do número de mortes e sem nenhuma preparação. Acho que essa é uma questão extremamente importante e acho que todos os grupos da sociedade que podem se manifestar nesse sentido deveriam fazê-lo. E acho muito saudável que comece a aparecer essas cisões também por parte dos grupos religiosos e a manifestação deles no espaço público com relação a isso.

Ethel Maciel, pesquisadora e enfermeira com pós-doutorado em epidemiologia que participou da elaboração do Programa Nacional de Imunização (PNI) junto ao Ministério da Saúde, fez críticas e se disse desrespeitada por representantes da pasta.

A primeira queixa foi em relação ao documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministério que citou seu nome (e o de outros cientistas) sem autorização e, nesta quarta-feira (16), elevou o tom das críticas após uma reunião do ministério. 

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Além de ter sido citada de modo inapropriado, Ethel afirmou nem ela nem os demais profissionais que estão assessorando o Ministério da Saúde viram o documento enviado ao STF, apesar de seus nomes serem citados. Ela se pronunciou através do Twitter na última sexta-feira (12), quando alegou também que a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) elaborou uma nota pública sobre o tema. 

Ethel deu entrevista ao canal Globo News afirmando ter ficado incomodada com a exclusão de certos grupos prioritários no programa de vacinação. "Algumas discussões que nós tínhamos feito em dias anteriores, com documentos técnicos e evidências científicas sobre as populações prioritárias, mais vulneráveis, que precisariam entrar, não estavam ali. Inclusive algumas que a gente já tinha acordado, como as populações privadas de liberdade, foram retiradas", criticou ela. 

“Então aquilo realmente foi um choque, eu me senti bastante desrespeitada por ter o meu nome em um documento que foi ao STF que eu sequer vi antes, até para dizer se eu gostaria de ter meu nome ali ou não", afirmou a pesquisadora. 

Já nesta quarta-feira (16), Ethel fez uma postagem alegando que a equipe foi chamada a uma reunião. “Fomos convidados para uma reunião sobre o plano de vacinação amanhã às 8h - 9h. O mesmo plano de vacinação que ninguém sabe qual é e que teoricamente será lançado às 10h. O que pensar sobre isso?” questionou a pesquisadora. Também nesta quarta o governo fez um comunicado com informações sobre o PNI sem que houvesse comunicação sobre o evento. 

"A gente foi convidado para uma reunião. Esperava até que a gente tivesse formalmente um pedido de desculpas depois de tudo que aconteceu. A gente esperou segunda-feira, terça, e aí a reunião foi desmarcada. Foi remarcada para hoje de manhã. Por razões que eu tinha outros compromissos, eu não pude participar e também fiquei assim 'mas pra que, né?'. E aí fiquei sabendo também pela imprensa do lançamento do plano. A gente também não foi avisado que esse plano seria lançado. Eu já participei de diversos governos, em outros planos de combate a doenças. Eu trabalho com doenças infecciosas há 25 anos e nunca tinha vivido essa situação. Então parece inacreditável, mas essa é a história", disse Ethel. Após as críticas, o governo federal retirou os nomes dos pesquisadores do documento final de elaboração do PNI. 

Termo de consentimento

Nesta semana o governo anunciou que pedirá a algumas pessoas para assinar um termo de consentimento antes da aplicação de vacinas que foram registradas apenas para uso emergencial, medida criticada por Ethel, explicando que após a aprovação do imunizante, a medida não é necessária. 

O termo de consentimento livre, que a gente chama, é um termo utilizado nas pesquisas clínicas, tanto de fase um, de fase dois e de fase três. Então isso é comum num protocolo de pesquisa. Numa situação de campanha vacinal, ainda que o registro seja emergencial na Anvisa, a Anvisa tem que avaliar sim todos os riscos e benefícios. A Anvisa só pode liberar qualquer composto, seja vacina ou medicamento, se ele for seguro e eficaz. E quando a Anvisa libera, a Anvisa tem que garantir pra sociedade que essa vacina é segura e eficaz", declarou Ethel.

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As autoridades dos Estados Unidos suspeitam que uma cidadã chinesa acusada de esconder seus vínculos com o Exército de seu país para obter um visto esteja refugiado no consulado chinês em São Francisco para evitar ser preso, segundo documentos judiciais.

O caso, que Pequim chamou de "perseguição política" nesta quinta-feira, está em um contexto de crescente tensão entre as duas potências e somou uma nova frente diplomática nesta semana, depois que Washington ordenou o fechamento do consulado chinês em Houston.

A missão no Texas foi apontada como o "coração" de uma rede de espionagem, e o presidente Donald Trump disse na quarta-feira que não descarta fechar outras unidades diplomáticas chinesas em solo americano.

De acordo com documentos judiciais, Juan Tang, pesquisadora chinesa de câncer que participava de um intercâmbio acadêmico na Universidade Californie Davis, foi acusada em 26 de junho de "fraude" em seu pedido de visto. As autoridades emitiram uma ordem para sua prisão.

Para obter seu visto, Tang disse que nunca teve nenhum vínculo com as Forças Armadas chinesas, mas os investigadores norte-americanos descobriram fotos dela usando uniforme militar e que ela trabalhava em um hospital militar.

O documento judicial sobre o caso de outra investigadora chinesa, Song Chen, também acusada de fraude para obter o visto, diz que a polícia federal (FBI) interrogou Tang em 20 de junho e revistou sua casa. Depois disso, a mulher teria se refugiado no consulado chinês em San Francisco.

O arquivo menciona o caso de Tang para justificar a recusa da promotoria em conceder a Chen, que está detida, liberdade sob fiança, considerando que ele apresenta um risco de fuga do país.

Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse nesta quinta-feira de manhã que não tinha informações sobre a situação de Tang.

Wenbin afirmou, contudo, que o governo dos Estados Unidos "monitorou, assediou e prendeu arbitrariamente estudantes e acadêmicos chineses" no país, sob a presunção de culpa, que classificou de "pura perseguição política".

"A China tomará as medidas necessárias para salvaguardar a segurança e os direitos legítimos dos cidadãos chineses", acrescentou.

Washington acusa Pequim de prejudicar sua economia roubando propriedade intelectual, sinais que se tornaram mais intensos com a chegada de Trump à Casa Branca, que usou esse argumento para justificar uma guerra tarifária com o gigante asiático.

Nesta semana, o Departamento de Justiça acusou dois hackers chineses de violarem os sistemas de computadores de centenas de empresas ocidentais e de tentar roubar dados sigilosos de pesquisas ligadas ao desenvolvimento de uma vacina de COVID-19.

Ex-diretora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo e uma das coordenadoras do grupo brasileiro responsável pelo sequenciamento genético do coronavírus, Ester Sabino passou por várias áreas em 30 anos de carreira. “As minhas linhas de pequisa são bastante divergentes”, diz. O ponto em comum em todos os trabalhos é a busca pelo suporte material adequado para conseguir bons resultados. “Ciência não se faz sem recursos”, afirma.

Por isso, em vez de seguir com foco em uma especialização, a pesquisadora optou por guiar a carreira pelas necessidades apresentadas de tempos em tempos, traduzidas em disponibilidade de dinheiro nacional ou estrangeiro. “Aqui no Brasil, eu acho que a gente muda muito de acordo com o recurso. Eu faço pesquisa sob demanda. Então, muitas vezes, trabalho com assuntos muito diferentes. Porque, se é uma oportunidade de ter o recurso para fazer, eu vou estudar”, explica.

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Do HIV à zika

Foi assim que no início da década de 1990 Ester começou desenvolvendo pesquisas relacionadas ao HIV. “Era onde tinha mais recursos para trabalhar. Inclusive, a bolsa com que fui para os Estados Unidos era americana, focada em HIV. Eu gostava de vírus, queria trabalhar com vírus, foi quando consegui”, conta. 

Do HIV, a pesquisadora passou a atuar com doenças transmissíveis pelo sangue, seguindo para o caminho dos estudos sobre doenças tropicais na USP, com uma investigação sobre Doença de Chagas. Tornou-se diretora do instituto, quando começaram a se abrir portas por causa de nova epidemia de uma doença que também pode ser transmitida pelo sangue, apesar do principal vetor, assim como a Chagas, ser um inseto: a zika.

“Quando teve a epidemia de zika surgiram muitas oportunidades e recursos de fora para fazer pesquisa. Como a gente no instituto tem dificuldade em conseguir recursos, fui atrás. Eu já era diretora, tinha uma equipe trabalhando com essa questão. Com isso, conseguimos alguns recursos de fora”, explica sobre os rumos de sua carreira. 

O sequenciamento do genoma do coronavírus foi feito em uma estrutura que estava preparada para investigar doenças transmitidas por mosquitos, como a zika, a dengue e a febre amarela. Dessa vez, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), além da parceria com instituições do Reino Unido. A repercussão dos primeiros resultados da pesquisa surpreendeu a pesquisadora. A equipe conseguiu fazer o mapeamento genético do vírus em apenas 48 horas, enquanto a média mundial é de cerca de 15 dias.

Repercussão inesperada

“Eu confesso que foi mais do que eu imaginava. Talvez tivesse alguma notícia no jornal. Mas não imaginei que tivesse a repercussão que teve”, comenta Ester sobre as manchetes direcionadas ao trabalho. “Na carreira científica, tenho outros trabalhos muito mais interessantes”, acrescenta.

Ela explica que mesmo sendo um bom resultado, é somente o começo do trabalho. “Esse aqui é um pedacinho. Vão ser necessários pesquisadores do mundo inteiro para tentar combater essa doença”, ressalta.

Ao observar um trabalho cientificamente pequeno, em comparação com outros feitos durante sua carreira, ganhar tanto destaque, Ester passou a refletir sobre como divulgar o desenvolvimento de pesquisas. “O que eu percebo é que o cientista tem que começar a aprender a falar com o público. E a gente tem que fazer com que o público se interesse por ciência e o jovem se interesse pelo cientista”, destaca.

O interesse pela ciência pode fazer cientistas amanhã, mostra o exemplo de Ingra Morales Claro, uma das doutorandas que compõe o grupo de pesquisa responsável pelo sequenciamento do coronavírus. “Eu sempre quis a área de pesquisa. Desde pequena eu falava que queria ser cientista”, conta sobre como escolheu o curso de biomedicina, graduação que concluiu em 2015 na Universidade Federal de Alfenas. 

Ingra chegou a trabalhar na iniciativa privada, mas assim que pôde se candidatou a uma vaga de aprimoramento na Faculdade de Medicina da USP. Entrou no grupo coordenado pela professora Ester, onde conseguiu publicações em revistas científicas importantes. Assim, foi aprovada para fazer um doutorado sem passar pela etapa do mestrado. 

A pesquisa é sobre o uso da tecnologia nanopore, o scanner com poros em escala nanométrica – um milímetro por milhão – usado no sequenciamento do vírus. Para desenvolver o trabalho passou uma temporada na Universidade de Birmingham, para onde deve voltar para mais um ano de estudos nos próximos meses. “O meu projeto lá era desenvolver uma tecnologia mais barata, menos complexa e mais rápida, utilizando a tecnologia nanopore”, resume.

Para Ingra, a repercussão vem em boa hora, ajuda a população e o Poder Público a entenderem a importância do investimento em ciência. “É muito bom isso para a gente mostrar que tem incentivo da Fapesp e tem pesquisadores muito bons aqui”, ressalta.

Na disputa por influência em torno do presidente Jair Bolsonaro, é a pauta conservadora nos costumes que tem mais simpatizantes na base mais fiel do novo governo. A conclusão é da pesquisadora Camila Rocha, de 34 anos, que passou os últimos quatro anos estudando a formação do grupo político que convergiu nas eleições de 2018 e assumiu o poder. A tensão entre "anti-progressistas", ultraliberais no Ministério da Economia e militares, segundo ela, deve continuar.

Em sua tese de doutorado em Ciência Política, apresentada na última terça-feira (5) na Universidade de São Paulo (USP), Camila mostra que o processo de formação da nova direita ocorre há mais de dez anos, na maior parte do tempo ignorado pelas instituições tradicionais. "Menos Marx, mais Mises": Uma gênese da nova direita brasileira deve virar livro pela editora Todavia ainda no primeiro semestre deste ano.

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"Do ponto de vista ideológico, o conservadorismo com certeza fala mais alto porque a maior parte da população ainda é refratária a um discurso 'ultraliberal'", diz Camila. Para ela, a "pressa" de ministros afinados com o discurso antiesquerdista do presidente deve "atropelar" as premissas da política tradicional.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

O que chamou atenção nesse primeiro mês de governo?

Entre avanços e recuos, eles (governo) realmente estão tentando implementar as pautas que prometeram durante a campanha. Em relação à (reforma da) Previdência, há uma articulação forte para votação ocorrer logo, e eles também conseguiram entregar o decreto que facilitou o acesso a armas de fogo. O Ministério do Meio Ambiente também cortou vínculo com órgão com quem se relacionavam antes.

Houve também várias declarações polêmicas da Damares (Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos), sinalizando qual deve ser o tom do governo em questões ideológicas, e a denúncia contra o Flávio Bolsonaro - mas em relação a isso é difícil prever quais serão os desenvolvimentos

A despeito desses incidentes todos, a impressão que eu tenho é que, de fato, eles estão tentando se acomodar na estrutura governamental e tentando já anunciar os movimentos que devem ocorrer no governo.

Há uma preocupação maior do governo em entregar resultados à base eleitoral, em comparação com outras gestões?

Com certeza há uma preocupação maior nesse sentido. Isso até pode parecer um pouco desastrado para uma parcela da população. Por exemplo, o anúncio de que iriam 'despetizar' o governo, tirando todas as pessoas identificadas com a esquerda. Essa é uma das preocupações principais (em relação à base eleitoral).

Há uma certa pressa dos membros do governo que se pautam mais por questões mais ideológicas, que acaba atropelando algumas prerrogativas da política tradicional.

Como essa disputa entre diferentes alas do governo pode se desenvolver daqui para frente?

Eles estão fazendo um esforço de tentar, na medida possível, acomodar algumas dessas tensões. Por exemplo: Bolsonaro dá uma declaração sobre a instalação de uma base (militar) americana. Os militares reagiram e o governo recuou. A questão da Previdência valer para os militares ou não, também, apesar de isso não estar completamente definido.

Muito provavelmente essas tensões vão permear, ao menos, o primeiro ano de governo até se chegar a acordos mínimos. Eu acho que é possível eles chegarem a esse tipo de acordo, mas tudo vai depender da aprovação inicial do governo nesse primeiro ano. É nisso que eles vão prestar muita atenção, com certeza. Se a população começar a rejeitar a maior parte dos anúncios, vai ter de haver algum tipo de mudança.

A avaliação que ficou da eleição presidencial é de que o Bolsonaro foi eleito por uma "onda" de direita. Foi isso que ocorreu?

Não gosto muito desse termo "onda" porque acho que é muito pouco explicativo. Porque "onda" parece que é uma coisa que veio do nada e que você não sabe exatamente para onde vai, o que aconteceu.

E eu acho que na verdade o que aconteceu foi um processo paulatino de construção de uma nova direita e que Jair Bolsonaro e as pessoas que os acompanharam fazem parte desse processo que começou há mais de 10 anos, a partir da internet, de fóruns, debate, comunidades na internet e foi ganhando capilaridade na sociedade civil. No mundo "fora da internet", com o tempo, também. E foi um processo que foi sendo construído de forma bastante enraizada na sociedade civil, eu diria.

Isso aconteceu também em concomitância com tudo que estava ocorrendo nos governos do PT, na Lava Jato e tudo mais. Esses processos foram se encontrando. Mesma coisa em relação a junho de 2013. As pessoas pensavam: 'meu Deus, aconteceu junho de 2013'. Não. Desde de 2011 começaram a acontecer várias manifestações no Brasil inteiro e as (mesmas) pessoas participaram depois da campanha pró-impeachment, em 2015, 2016.

Você diz que essa construção paulatina começa no auge do lulismo. Escândalos de corrupção favoreceram esse agrupamento?

Enormemente. Acho que o mais importante foi o mensalão. Ali acelerou um processo. Quando o (ex-presidente) Lula foi eleito era um clima muito de desconfiança e teve a "carta aos brasileiros" justamente para tentar quebrar essa desconfiança, de que não seria um governo extremista.

Estava todo mundo em stand-by, o pessoal de centro e da direita. O governo estava com uma abordagem bastante ortodoxa em relação à economia, mas quando vem o mensalão as pessoas ficam muito impactadas.

Alguns que eu entrevistei, militantes de direita falaram: 'eu votei no Lula, confiei que eles iam fazer uma gestão ética'. Quando aconteceu o mensalão foi aquele choque. Uma das primeiras organizações disso que eu chamo de nova direita, que é o Endireita Brasil, surgiu justamente na esteira do mensalão. A ideia deles era, em 2006, fazer uma coisa parecida com o que o MBL fez na campanha pró-impeachment, ou seja, pedir o impeachment do Lula por conta do mensalão.

Só que não tinha clima. O Lula foi reeleito. O governo estava explodindo de popularidade e as pessoas que não encontravam como se expressar, expressar essa raiva, essa indignação contra o que tinha acontecido, começaram a se organizar na internet.

Boa parte de anúncios de ministros e políticas públicas foram feitos via Twitter. É o reflexo de um grupo que se consolidou no meio digital?

Eu acho que sim. Para os políticos, ideólogos, é um canal de comunicação direta, sem nenhum tipo de interferência. Você fala diretamente. O que num certo sentido seria mais crível. Inclusive foi assim que esse processo todo ele se construiu muito também em cima de uma espécie de "aqui a gente vai falar a verdade", 'aqui a gente não vai ter nenhum tipo de mediação'.

Até que ponto a pauta liberal ou ultraliberal foi influente na eleição do Bolsonaro?

Diria que ele foi eleito com uma série de fatores mas, do ponto de vista ideológico, o conservadorismo com certeza fala mais alto porque a maior parte da população ainda é refratária a um discurso "ultraliberal". Estou usando um termo que eles mesmo usam para se denominar. Para essa militância ultraliberal, eles são diferentes dos neoliberais.

Os neoliberais entendendo principalmente os economistas que trabalharam durante as gestões do FHC e até durante a primeira gestão do ex-presidente Lula. Basicamente eles (ultraliberais) são muito mais radicais.

Para os neoliberais, é 'vamos ver o que a gente vai privatizar, o que a gente não vai'. Para os ultraliberais é simples: privatiza tudo. Tudo que você puder, você privatiza porque o mercado é sempre a melhor solução para qualquer problema social e econômico. Eles estavam muito coesos em torno disso.

Quando o Bolsonaro foi para o Partido Social Cristão no começo de 2016, já com essa intenção de se eleger presidente, tinha um militante ultraliberal, o Bernardo Santoro. O Santoro foi presidente de uma tentativa de formação de um partido ultraliberal no Brasil, o Líber. Também era militante da internet, mas na época ele estava no Instituto Liberal do Rio de Janeiro. E ele foi conselheiro econômico do Pastor Everaldo.

Quando a família do Bolsonaro chega no partido, o Bernardo está lá. Em 2016, o Eduardo Bolsonaro se inscreve na 1ª turma de pós-graduação em economia austríaca do Instituto Mises. O Flávio Bolsonaro sai para prefeito do Rio de Janeiro em 2016 e o Bernardo é o coordenador de campanha. Então uma coisa começou a se formar.

O Jair saiu do PSC, foi para o Patriota, o Bernardo foi junto e se tornou secretário-geral do Patriota. Já no final de 2017 o Rodrigo Constantino sugere para o Bolsonaro que o Paulo Guedes seria um nome interessante para o Ministério da Fazenda. Então o Bolsonaro começa a frequentar esses circuitos, interagir com essas pessoas, esses ideólogos, se aproximar. Porque tinha muita desconfiança (em relação a) um militar, uma visão desenvolvimentista, nacionalista.

A crítica ao globalismo não é uma contradição à própria proposta liberal?

Existem essas tensões importantes e esse, por exemplo, é um ponto de tensão importante.

Olavo de Carvalho tem uma influência clara e já conhecida sobre o que se poderia chamar de "bolsonarismo". Como avalia o papel dele na formação desta nova direita e do novo governo?

Muito grande. Tem várias denominações, como o 'parteiro da nova direita', o 'guru da nova direita', que acho que se aplicam com certeza porque o Olavo de Carvalho atuou, de certa forma, em uma espécie de vanguarda para as pessoas principalmente em relação ao discurso do que chamam de hegemonia esquerdista.

Como os militares se inserem no contexto da nova direita?

Esse é outro elemento que também foi fonte de tensão nesse processo de consolidação da nova direita por dois motivos: o principal acho que é econômico, porque no Brasil depois do governo Castelo Branco, que foi um governo liberal do ponto de vista econômico, o regime começou a tomar essa direção desenvolvimentista. Claro, um desenvolvimentismo conservador, de direita, e que para uma pessoa que se diz liberal na economia foi uma catástrofe completa.

Dado que Jair Bolsonaro teve uma trajetória militar, veio desse tipo de pensamento nacionalista, desenvolvimentista. Isso sempre foi um motivo de desconfiança para os ultraliberais.

Não saberia falar, em termos ideológicos, como hoje as Forças Armadas no Brasil estão organizadas, como estão pensando isso. Mas, ao que parece, por enquanto eles estão aderindo a esse projeto 'ultraliberalismo para dentro e para fora a gente se alinha com Estados Unidos e pode se dizer nacionalista'.

Na sua tese você cita o que o Timothy Power classificou a direita como "envergonhada".Em que momento essa direita perdeu a vergonha?

Começou a perder a vergonha de se dizer de direita quando as manifestações pró-impeachment ganharam expressão.

Até que ponto a questão religiosa tem a ver na formação dessa nova direita e no sucesso eleitoral do Bolsonaro?

O pastor é conservador, mas não quer dizer que ele vai ser assim na política, que ele vai ter uma agenda coerentemente de direita. Então acho que essa coerência também foi se montando à medida que esses grupos foram estabelecendo laços e criando uma agenda.

Houve um esforço de coordenação de forças. Mas isso foi importante não só do ponto de vista das alianças políticas, mas principalmente do ponto de vista eleitoral, com certeza. É só lembrar a Marina, por exemplo, que derreteu. Teve menos de 1% dos votos

A pesquisadora Giselle Gomes lança, nesta sexta-feira (20), o livro “Quadrilha Junina: Comunicação para o desenvolvimento”. A obra mostra que as manifestações populares propiciam diferentes abordagens no campo acadêmico, fomentando pesquisas. Em sua abordagem, a autora detalha aspectos culturais e sociais da Quadrilha Tradição e do bairro do Morro da Conceição, na periferia da Zona Norte do Recife.

Entre os objetivos do livro, está a busca pelo entendimento sobre como as culturas populares e as manifestações locais ajudam no processo de desenvolvimento local. A autora dá voz a uma comunidade silenciada a partir do modelo hegemônico, que hierarquiza culturas e que estabelece critérios de práticas sociais, que exclui, marginaliza e silencia os contextos populares. Com ela aprendemos que os contextos populares são cenários em que populações que vivem em condições de desigualdade social, política e econômica são a grande maioria. Essas populações têm acesso muito restrito (incompleto, desigual e desnivelado) aos bens materiais e imateriais”, detalha a assessoria de imprensa da autora.

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O lançamento desta sexta-feira será realizado às 19h, na praça do Morro da Conceição. Também haverá outro evento de lançamento neste sábado (21), às 16h, no empório Grão Cheff, bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife. Os encontros são gratuitos e abertos ao público.

Em São Paulo, no dia 4 de agosto, será realizada mais uma sessão de lançamento, desta vez em Lins. O evento está marcado para 19h, na Galeria Serra Azul, no Jardim Ariano. O livro “Quadrilha Junina: Comunicação para o desenvolvimento” possui 128 páginas e custa R$ 40.

Serviço

Lançamento do livro Quadrilha Junina: Comunicação para o desenvolvimento - R$ 40,00 - 128 páginas

Onde: Praça do Morro da Conceição

Quando: 20 de julho, sexta-feira

Horário: 19h

Onde: Empório Grão Cheff, rua da Hora, 497 - Espinheiro, Recife

Quando: 21 de julho, sábado

Horário: 16h

 

Uma pesquisadora do renomado Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos EUA, criou um dispositivo chamado Intrepid que é capaz de detectar e prevenir agressões sexuais. A invenção se trata de um adesivo inteligente que pode ser colado em qualquer peça de roupa.

O adesivo é conectado ao smartphone do usuário via Bluetooth. Para usá-lo, a pessoa precisa baixar um aplicativo e inserir nele cinco contatos de confiança que serão alertados em qualquer caso de emergência.

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A invenção usa informações do meio ambiente para detectar sinais de agressão, como tentativas de remover uma roupa. Nesses casos, o dispositivo enviará uma mensagem ao usuário perguntando se o ato foi desejado ou não, e emite um alerta em caso de resposta negativa ou se for ignorado.

Segundo a desenvolvedora, Manisha Mohan, 70 pessoas testaram o adesivo, que sobrevive até a máquinas de lavar. "Em nome da segurança, muitas vezes as mulheres ouviram que precisam parar de trabalhar ou ficar em casa. Acho que em vez de pedir que elas se isolem, devemos dar mais segurança", informou.

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A escritora, pesquisadora e professora da Universidade de Pernambuco (UPE) Selma Vasconcelos é candidata à cadeira de numero seis da Academia Pernambucana de Letras, ocupada anteriormente pelo escritor Cyl Gallindo. A eleição acontece no dia 29 de abril, na sede da própria Academia.

A candidata se dedica à literatura desde os anos 80 quando teve os primeiros poemas publicados nos cadernos literários do Diário de Pernambuco, colunas de Paulo Chaves e do eminente crítico literário Cesar Leal. Ainda, naquela década, fundou juntamente com a jornalista Ariadne Quintela, o Jornal Tempo-mulher dedicado a produção literária feminina (13/05/1986). Deu continuidade a sua intensa atividade publicando regularmente, até os dias atuais, artigos assinados nos jornais e revistas literárias locais e de outros estados, como a Agulha revista de cultura (CE), Revista oficina de letras (Recife), Espiral (RN), Revista da Academia pernambucana de Medicina e o Jornal da Paraíba.

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Autora de vários livros, Selma Vasconcelos pretende lançar mais duas obras, sendo uma deles a coletânea de todos os seus artigos publicados denominada No Curso da história e a outra João Cabral de Melo Neto- tempo espanhol sobre o registro do ativismo político-cultural, na Espanha, do então embaixador brasileiro em terras espanholas.

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